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NATALIA SOARES QUINETE
EXTRAÇÃO DE POLUENTES ORGANOCLORADOS
PERSISTENTES EM FRAGMENTOS REMANESCENTES
DA MATA ATLÂNTICA, RJ: COMPARAÇÃO DE MÉTODOS
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Erthal Santelli
Universidade Federal Fluminense UFF
Dissertação apresentada ao curso de Pós-
Graduação em Química da Universidade
Federal Fluminense (UFF) como parte dos
requisitos para a obtenção do título de Mestre
em Química. Área de concentração: Química
Analítica.
Niterói, Agosto de 2005
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Ficha Catalográfica
Q 72 Quinete, Natalia Soares
Extração de Poluentes organoclorados persistentes em fragmentos
remanescentes da Mata Atlântica, RJ: comparação de métodos/ Natalia
Soares Quinete Niterói: [s.n.], 2005
135 f.
Dissertação (mestrado em química) Universidade Federal
Fluminense, 2005.
1. Cromatografia gasosa. 2. Compostos organoclorados Análise
química. 3. Poluentes orgânicos persistentes. 4. Análise química de
poluentes. I. Título.
CDD 543.896
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NATALIA SOARES QUINETE
EXTRAÇÃO DE POLUENTES ORGANOCLORADOS PERSISTENTES
EM FRAGMENTOS REMANESCENTES DA MATA ATLÂNTICA, RJ:
COMPARAÇÃO DE MÉTODOS.
Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em
Química da Universidade Federal Fluminense (UFF) como
parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre
em Química. Área de Concentração: Química Analítica.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr.Ricardo Erthall Santelli Orientador
Universidade Federal Fluminense
Prof
a
. Dr
a
. Silvana Vianna Rodrigues
Universidade Federal Fluminense
Prof. Dr.Delmo Santiago Vaitsmam
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Prof. Dr. Josino Costa Moreira
Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz
Niterói, Agosto de 2005
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Este Trabalho foi realizado sob orientação de Ricardo Erthal Santelli e
com auxílios financeiros fornecidos pela CAPES, pelo Projeto de
Cooperação Brasil Alemanha BLUMEN (“Ecologia e Conservação da
Biodiversidade em Áreas Agrícolas no Domínio da Mata Atlântica, RJ”),
BMBF e CNPq e ao Parque Nacional de Serra dos Órgãos.
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Agradecimentos:
Gostaria de agradecer ao Prof. Dr. Ricardo Erthal Santelli pela sua
orientação essencial para o desenvolvimento desta dissertação e pela
oportunidade que me deu para que eu pudesse realizar este mestrado.
À Elba dos Santos que foi não só uma orientadora como também uma
amiga, me ajudando em todos os momentos, tendo especial e efetiva
colaboração no desenvolvimento desta dissertação.
Ao CAPES pela bolsa concedida.
Aos meus pais Sérgio e Neuza pelo apoio e amor.
Ao meu querido namorado Rodrigo Magalhães pela compreensão, apoio
e amor em todos os momentos da minha vida.
À minha linda priminha e que adoro demais: Marcela Quinete.
Aos meus irmãos e a todos os meus familiares do Rio, SP e MG que de
alguma forma estiveram presentes.
Às minhas melhores amigas: Carolina Freire e Juliana Manta, que
estiveram comigo desde a época do colégio.
Às minhas amigas e companheiras do mestrado: Ana Luísa Badinni,
Kellen Dutra, Priscila Silly e Verônica Salim.
Aos professores da Pós-Graduação em Química da UFF pelos
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ensinamentos e conhecimentos passados durante o curso.
Ao INT por ter disponibilizado de suas instalações para o
desenvolvimento desta tese.
À Irene Alelluia por ter tornado possível a minha estadia no INT e quem
sempre procurou me ajudar em todos os momentos.
A todos os funcionários da DIMA/ INT que me acolheram com muito
carinho e que sempre estiveram presentes quando precisei: Márcio
Leocadio, Viridiana Leitão, Lúcia Helena e Patrícia.
Às minhas companheiras de laboratório: Marta Mello, Daniella
Fernandes e Sílvia, um agradecimento muito especial !!!
Aos bolsistas PCI/ INT Débora e Cristiano por estarem comigo durante o
percurso da minha tese.
Às minhas amigas e colegas da UFF que estudaram comigo por 5 anos:
Drika, Mille, Dani, Cadu, Érica, Cíntia, Arroz, e muitos outros.
Gostaria de agradecer a todos os amigos e colegas que eu tenha
esquecido de mencionar, mas que de alguma forma contribuíram e que
estiveram presentes durante este momento da minha vida !!!!
Muito Obrigada a todos!!!
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RESUMO
EXTRAÇÃO DE POLUENTES ORGANOCLORADOS PERSISTENTES EM
FRAGMENTOS REMANESCENTES DA MATA ATLÂNTICA, RJ: COMPARAÇÃO
DE MÉTODOS.
Poluentes orgânicos persistentes (POPs) são substâncias geradas por processos
naturais e antrópicos que são encontrados em todos os compartimentos ambientais
(solo, água, ar e biota). Os POPs tem meia-vida prolongada, são lipofílicos e
hidrofóbicos. Essas características fazem com que esses compostos se acumulem e
se magnifiquem na cadeia trófica.
Os POPs são normalmente estáveis a degradação, mas podem volatilizar de solos e
áreas contaminadas sob condições ambientais favoráveis. Devido a este fato, estão
sujeitos ao transporte à longa distância, antes de serem novamente re-depositados.
Conseqüentemente, podem acumular-se em áreas bem distantes de onde foram
inicialmente usados ou emitidos. A Legislação Ambiental Brasileira ainda é bastante
incipiente com relação às medidas de monitoramento da contaminação e gestão de
solos. Apenas normas para disposição de resíduos estão disponíveis. Neste sentido,
o trabalho desenvolvido teve por objetivo realizar um estudo preliminar sobre a
presença dos poluentes organoclorados persistentes a e ß - HCH, lindano (?- HCH),
alacloro, heptacloro, metolacloro, aldrin, endrin, dieldrin, a e ß endosulfan, DDT e
seus isômeros em solos de fragmentos da Mata Atlântica (Parque Nacional da Serra
dos Órgãos - PARNASO) e em uma Micro-Bacia da região Serrana do Rio de
Janeiro (Micro-Bacia do Córrego Sujo contribuinte do Rio Preto), comparando-se
métodos de extração distintos. Foi realizada a extração dos POPs do solo por
Soxhlet, ultrasom e microondas, seguida de etapa de clarificação (C
18
e/ou Florisil)
dos extratos das amostras para eliminação de interferentes da matriz, para posterior
análise por cromatografia a gás acoplada com detector de captura de elétrons (ECD)
para a identificação e quantificação dos POPs.
A metodologia desenvolvida para a determinação de poluentes organoclorados
persistentes em solos foi baseada nos procedimentos da US-EPA e validada de
acordo com orientações sobre validação de métodos de ensaio químico do
INMETRO. Foram obtidos os limites de detecção e quantificação tanto para o
8
instrumento quanto para o método, para as diferentes matrizes sólidas e métodos de
extração. A recuperação dos organoclorados em matrizes fortificadas utilizando os
métodos de extração por Soxhlet, ultrasom e microondas apresentaram valores
compreendidos entre 70 e 130 %, considerados aceitáveis para a análise de
resíduos orgânicos em amostras ambientais. Observou-se para alguns analitos
recuperações acima de 130 %, o que pode ser atribuído à contribuição da matriz,
que apresenta elevados teores de matéria orgânica (8- 17 %).
Foi realizado o estudo de recuperação dos analitos em solo de referência certificado
(ERM
®
- CC007), mostrando resultados satisfatórios. Verificou-se que a extração
assistida por radiação microondas, por ser a técnica mais energética, apresentou
maiores valores de recuperação.
A confirmação do indicativo de presença dos analitos de interesse nas amostras foi
obtida pela troca da fase estacionária.
Os resultados obtidos mostraram que os solos, coletados nas diversas áreas de
estudo, apresentaram baixas concentrações de agrotóxicos organoclorados, e por
isso estas áreas não foram consideradas como impactadas.
Palavras Chaves: Poluentes Orgânicos Persistentes, POPs; organoclorados;
Solos; Material de referência certificado, Soxhlet; Ultrasom; Extração assistida por
radiação microondas, GC/ECD, Validação.
9
ABSTRACT
EXTRACTION OF PERSISTENT ORGANOCHLORINE POLLUTANTS IN
REMAINING FRAGMENTS OF MATA ATLÂNTICA, RJ: COMPARISON OF
METHODS.
Persistent Organic Pollutants (POPs) are toxic substances of natural and anthropic
origin that are ubiquitous pollutants in all environmental compartiments (soils, waters,
air and biota). POPs have long half-lives in soils, sediments, air or biota and are
hydrophobic and lipophilic. These characteristics confer persistence on the chemicals
in biota, which accumulate and magnify in foodchains.
POPs are normally stable and have the propensity to form a gas under appropriate
environmental temperatures. Hence, they may volatilise from soil and contamined
areas into the atmosphere. Because of their resistence to breakdown reactions in air,
they can travel long distances (are subject to long-range atmospheric transport)
before being re-deposited. Therefore, could acummulate in an area far removed from
where they use or emmited. The Brazilian Environmental Legislation is still incipient
regarding monitoring measures of the contamination and soil management. In this
way, the main aim of this work was to perform a preliminary study to investigate the
presence of the persistent organochlorine pollutants a and ß - HCH, lindane (?-
HCH), alaclor, heptaclor, metolaclor, aldrin, endrin, dieldrin, a and ß endosulfan, DDT
and isomers, in soils of remaining fragments of Mata Atlântica in the National Park of
Serra dos Órgãos and in the region of Córrego Sujo catchment basins, tributary of
Rio Preto. It was performed the extracion of POPs from soils using Soxhlet aparatus,
ultrasound and microwave radiation energy, following by a cleanup step (C
18
and/or
Florisil) to eliminate matrix interferences, and further analysis by gas chromatography
equipped with electon-capture detection (ECD) for identification and quantification of
the POPs.
The developed method for the determination of persistent organochlorine pollutants
in soils was based in US-EPA recommended procedures and validated according to
INMETRO instructions. It was obtained the detection and quantification limits for the
instrument and method for the different soils matrix and extraction methodologies.
Recoveries results obtained from spiked samples employing soxhlet, ultrasound and
10
microowave assisted extraction methods showed values between 70 and 130 %,
considered acceptable for trace analysis in environmental samples. It could be
observed for some of the analyte recoveries values higher than 130 %, which can be
related to matrix contribution, due to high organic carbon contents (8- 17 %).
It was also performed a recovery study in certified reference material (ERM
®
- CC007)
that showed good results. It was verified higher recoveries results when the
microwave assisted extraction technique was used.
In order to confirm the presence of analytes of interest in the analysed samples the
exchange of estacionary phase was carried out.
The obtained results showed low concentration of organochlorine compounds in the
soils sampled in the studied areas. It could be concluded that this area is not
considered of environmental concern.
Keywords: Persistent Organic Pollutants, POPs; Organochlorine; Soils; Certified
reference material, Soxhlet; Ultrasound; Microwave assisted extraction, GC/ECD,
Validation.
11
INDÍCE
RESUMO
ABSTRACT
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................................8
2.1 POLUENTES ORGÂNICOS PERSISTENTES (POPs) ....................................8
2.2 ORIGEM E FONTE DOS POPs............................................................................9
2.3 AGROTÓXICOS....................................................................................................12
2.4 AGROTÓXICOS ORGANOCLORADOS...........................................................12
2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS ORGANOCLORADOS................13
2.6 IMPACTO NO AMBIENTE...................................................................................14
2.7 DANOS CAUSADOS PELOS POPs..................................................................16
2.7.1 EFEITOS NA SAÚDE HUMANA.................................................................16
2.7.2 EFEITOS NA VIDA SELVAGEM................................................................16
2.8 MOBILIDADE DOS POPs....................................................................................17
2.8.1 INTRODUÇÃO DE POLUENTES PERSISTENTES NO SOLO............17
2.8.2 PERSISTÊNCIA E MOBILIDADE NO SOLO............................................17
2.8.3 PROCESSO DE DESTILAÇÃO GLOBAL.................................................20
2.8 ESPÉCIES ESTUDADAS....................................................................................22
2.9 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO................................................................................27
2.9.1 EXTRAÇÃO POR SOXHLET......................................................................28
2.9.2 EXTRAÇÃO ASSISTIDA POR ULTRA-SOM ...........................................30
2.9.3 EXTRAÇÃO ASSISTIDA POR RADIAÇÃO DE MICROONDAS...........34
2.10 MÉTODOS DE CLARIFICAÇÃO OU “CLEAN-UP”.........................................37
2.10.1 EXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA (SPE)......................................................37
2.10.2 EXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA EM COLUNA DE FLORISIL ...............38
2.11 CROMATOGRAFIA A GÁS.................................................................................38
2.12 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO...........................................................43
2.12.1 ESPECIFICIDADE E SELETIVIDADE.......................................................44
2.12.2 EXATIDÃO E TENDÊNCIA (BIAS).............................................................44
2.12.2.1 Material de referência certificado (MRC).......... .........................45
2.12.3 PRECISÃO.....................................................................................................45
12
2.12.3.1 Recuperação.......... ....................................................................45
2.12.4 LINEARIDADE...............................................................................................46
2.12.5 SENSIBILIDADE............................................................................................46
2.12.6 LIMITE DE DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO.........................................47
2.12.7 FAIXA DE TRABALHO E FAIXA LINEAR DE TRABALHO....................47
2.12.8 INCERTEZA DE MEDIÇÃO.........................................................................48
2.12.9 ROBUSTEZ....................................................................................................48
3. JUSTIFICATIVA.............................................................................................................49
4. OBJETIVOS ...................................................................................................................50
5. MATERIAIS E MÉTODOS ...........................................................................................51
5.1 ÁREA DE ESTUDO...............................................................................................51
5.2 PLANEJAMENTO E COLETA DAS AMOSTRAS............................................54
5.3 MÉTODOS ANALÍTICOS.....................................................................................56
5.3.1 LAVAGEM E DESCONTAMINAÇÃO DE VIDRARIAS ...........................56
5.3.2 PRÉ-TRATAMENTO DAS AMOSTRAS....................................................57
5.3.3 FRAÇÕES GRANULOMÉTRICAS DO SOLO..........................................57
5.3.4 PADRÕES E REAGENTES.........................................................................58
5.4 MÉTODOS MULTIRESÍDUOS DE DETERMINAÇÃO DE POLUENTES
ORGANOCLORADOS EM SOLOS................................................................................59
5.4.1 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO........................................................................59
5.4.1.1 Extração por Soxhlet..................................................................59
5.4.1.2 Extração Assistida por Ultrasom................................................60
5.4.1.3 Extração Assistida por Radiação de Microondas.......................61
5.4.2 CLARIFICAÇÃO/ “CLEANUP” DO EXTRATO .........................................63
5.4.2.1 Extração em Fase Sólida (SPE) com discos C
18
........................63
5.4.2.2 Extração em Fase Sólida com Coluna de Florisil.......................65
5.4.3 ANÁLISE CROMATOGRÁFICA..................................................................68
5.4.3.1 Condições Cromatográficas.......................................................68
5.5 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO...........................................................71
5.5.1 CURVA DE CALIBRAÇÃO..........................................................................72
5.5.2 ESTUDO DE RECUPERAÇÃO DO MÉTODO.........................................73
5.5.3 MATERIAL DE REFERÊNCIA CERTIFICADO (MRC)...........................73
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................75
6.1 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO DE DETERMINAÇÃO DE
ORGANOCLORADOS EM SOLOS................................................................................76
6.1.1 SELETIVIDADE: AVALIAÇÃO DA SEPARAÇÃO CROMATOGRÁFICA
..............................................................................................................76
6.1.2 CURVAS DE CALIBRAÇÃO E LINEARIDADE........................................78
13
6.1.3 SENSIBILIDADE............................................................................................81
6.1.4 REPETITIVIDADE.........................................................................................82
6.1.5 LIMITES DE DETECÇÃO (LD) E QUANTIFICAÇÃO (LQ)....................85
6.1.6 RECUPERAÇÃO DOS POLUENTES ORGANOCLORADOS
PERSISTENTES NAS AMOSTRAS DE SOLO.......................................................89
6.1.6.1 Recuperação dos POPs por extração por Soxhlet.....................90
6.1.6.2 Recuperação dos POPs por extração assistida por Ultrasom
..............................................................................................................92
6.1.6.3 Recuperação dos POPs por extração assistida por radiação
Microondas ....................................................................................................93
6.1.6.4 Determinação de POPs em Amostra de Referência Certificada
.........................................................................................................94
6.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS SOLOS................................99
6.3 MÉTODOS DE CLARIFICAÇÃO DE AMOSTRAS........................................100
6.4 DETERMINAÇÃO DE POLUENTES ORGANOCLORADOS NAS
AMOSTRAS DE SOLOS................................................................................................104
6.5 CONFIRMAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS NA DETERMINAÇÃO
DOS POLUENTES ORGANOCLORADOS PERSISTENTES.................................108
7. CONCLUSÕES............................................................................................................117
8. SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES.....................................................................119
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................120
14
INDÍCE DE FIGURAS
Figura 1: Processo de Destilação Global ou “Efeito Gafanhoto”..........................22
Figura 2. Aparelhos Soxhlet: (a) o vapor do solvente passa externamente ao
recipiente contendo a amostra, o que resulta em solvente orgânico
condensado (mais frio) passando pela amostra, o processo de extração é
relativamente lento; (b) o vapor do solvente passa em volta do recipiente
contendo a amostra, o solvente orgânico aquecido (mais quente) permite
uma extração mais rápida.........................................................................................29
Figura 3. Equipamento Soxhlet para extração de várias amostras
simultaneamente.........................................................................................................30
Figura 4. Banhos de ultrasom..........................................................................................33
Figura 5. Sonda ultrasônica.............................................................................................33
Figura 6: Principais componentes de um Forno de Microondas...........................36
Figura 7: Componentes do Cromatógrafo a Gás........................................................43
Figura 8: Localização da região de estudo e dos locais de amostragem do
Parque Nacional da Serra dos Órgãos..................................................................53
Figura 9. Plano de Amostragem nas Subparcelas da Bacia do Rio Paquequer
segundo ABNT NBR 10007:2004.............................................................................54
Figura 10. Amostragem no PARNASO: amostras de 0 - 20 cm de solo...............55
Figura 11. Área de amostragem na Floresta Japonês (micro Bacia do Córrego
Sujo)................................................................................................................................55
Figura 12. Área de amostragem na Fazenda São Luiz (micro Bacia do Córrego
Sujo)................................................................................................................................56
Figura 13. Cromatógrafo a gás Shimadzu, modelo 17 A , com detector ECD e
injetor automático AOC 20i.......................................................................................69
Figura 14: Fluxograma das etapas do processo de validação do método
analítico empregado na determinação de agrotóxicos organoclorados.....72
Figura 15: Cromatograma do solvente hexano...........................................................75
Figura 16: Cromatograma do branco de análise........................................................76
Figura 17. Cromatograma típico obtido na separação multiresíduos dos
analitos organoclorados em estudo nas condições cromatográficas:
coluna DB-15, 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm, Pressão: 85 KPa, Programa de
temperatura: 75-210 ºC (50 ºC/min); 210-216 ºC (0,7 ºC/min); 216-280 (21
ºC/min), Volume de injeção: 1µL (automático) e Modo de injeção: Splitless
(razão 1:20)....................................................................................................................77
Figura 18. Curvas de calibração para cada agrotóxico organoclorado obtidas
15
nas condições cromatográficas da Tabela 6 com injeção automática........82
Figura 19. Exemplo de um cromatograma da amostra do PARNASO com picos
dos analitos de interesse (6, 8 e 12), picos de solventes (1-2), picos de
componentes da matriz (3- 4, 7, 9 e 13) e ruído instrumental (5 e 11)..........89
Figura 20. Estudo da recuperação dos POPs em solo certificado por
diferentes métodos de extração.............................................................................98
Figura 21. Concentrações recuperadas dos POPs em solo certificado pelos
diferentes métodos de extração.............................................................................98
Figura 22. Cromatograma de mistura de padrões OCs nas comdições
cromatográficas da Tabela 34.. .............................................................................111
Figura 23. Cromatograma da amostra das Subparcelas do PARNASO na
coluna DB-17 por extração por Soxhlet..............................................................112
Figura 24. Cromatograma da amostra do T4 na coluna DB-17 por extração por
Soxhlet.........................................................................................................................112
Figura 25. Cromatograma da amostra da TPS na coluna DB-17 por extração
por Soxhlet..................................................................................................................113
Figura 26. Cromatograma da amostra da FSL na coluna DB-17 por extração
por Soxhlet..................................................................................................................113
16
INDÍCE DE TABELAS
Tabela 1. Persistência de Pesticidas Organoclorados no Solo..............................19
Tabela 2. Propriedades físico-químicas dos poluentes organoclorados
persistentes ..................................................................................................................24
Tabela 3: Compostos organoclorados selecionados e seus números de CAS,
graus de pureza e prazos de validade...................................................................59
Tabela 4. Programa de aquecimento adotado na extração assistida por
radiação de microondas............................................................................................63
Tabela 5. Distribuição de agrotóxicos organoclorados nas frações obtidas
após a extração em fase sólida em Coluna Florisil, pelo método da US-
EPA..................................................................................................................................67
Tabela 6. Condições cromatográficas utilizadas para a determinação dos
agrotóxicos organoclorados....................................................................................70
Tabela 7. Tempo de retenção dos agrotóxicos organoclorados de interesse
utilizando as condições apresentadas na Tabela 6...........................................71
Tabela 8. Valores de t
R,
k’, R
S
e a para separação da mistura de padrões
organoclorados em coluna DB-5 e injeção automática....................................78
Tabela 9. Faixas Lineares de Trabalho, Equações da reta e seus respectivos
Coeficientes de Correlação Linear (r) por injeção manual..............................79
Tabela 10. Faixas Lineares de Trabalho, Equações da reta e seus respectivos
Coeficientes de Correlação Linear (r) por injeção automática.......................80
Tabela 11. Valores de Área, t
R
, teste G e repetitividade para o padrão de
Lindano nas concentrações de 1 e 20 µg/L em dias diferentes de análise.83
Tabela 12. Valores de Área, tR, teste G e repetitividade para o padrão de 4,4’-
DDD nas concentrações de 1 e 20 µg/L em dias diferentes de análise........84
Tabela 13. Limites de Detecção e Quantificação Instrumental para os
compostos organoclorados.....................................................................................86
Tabela 14. Limites de Detecção e Quantificação (µg/kg) para as amostras do
PARNASO nos diferentes métodos de extração................................................87
Tabela 15. Limites de Detecção e Quantificação (µg/kg) para as amostras da
Floresta Japonês (FJ) nos diferentes métodos de extração...........................88
Tabela 16. Limites de Detecção e Quantificação (µg/kg) para as amostras da
Fazenda São Luiz (FSL) nos diferentes métodos de extração.......................88
Tabela 17. Recuperação dos POPs para as amostras da Floresta Japonês por
Extração por Soxhlet..................................................................................................90
Tabela 18. Recuperação dos POPs para as amostras da Fazenda São Luiz por
17
Extração por Soxhlet..................................................................................................91
Tabela 19. Recuperação dos POPs para as amostras das Subparcelas do
PARNASO (PN) por Extração em Soxhlet. ..........................................................91
Tabela 20. Recuperação dos POPs para as amostras do PARNASO por
extração assistida por Ultrasom.............................................................................93
Tabela 21. Recuperação dos Poluentes Organoclorados Persistentes para as
amostras do PARNASO, por extração assistida por Microondas.................94
Tabela 22. Faixas Lineares de Trabalho, Equações da reta e seus respectivos
Coeficientes de Correlação Linear (r) para quantificação dos solos
certificados...................................................................................................................95
Tabela 23. Concentrações de a-HCH, ß-HCH, 4,4’ DDE, 2,4’-DDT e 4,4’-DDT
em amostra de referência certificada de solo ERM
®
- CC007..........................95
Tabela 24. Recuperação dos POPS em Solo Certificado por Extração por
Soxhlet...........................................................................................................................96
Tabela 25. Recuperação dos POPs em Solo Certificado por Extração assistida
por Ultra-som................................................................................................................96
Tabela 26. Recuperação dos POPs em Solo Certificado por Extração assistida
por Radiação Microondas.........................................................................................96
Tabela 27. Teores de CHN obtidos por Análise Elementar Automática nos solos
estudados......................................................................................................................99
Tabela 28. Teores de Umidade do Solo.......................................................................100
Tabela 29. Concentração (µg/kg) obtidas antes e após o uso da extração em
Fase Sólida em Coluna de Florisil seguindo procedimento da DAAC para
amostras da FJ..........................................................................................................103
Tabela 30. Influência da etapa de clarificação na concentração (µg/kg) dos
analitos para amostra do PARNASO...................................................................104
Tabela 31. Resultados obtidos na determinação de Poluentes Organoclorados
Persistentes usando extração por Soxhlet........................................................105
Tabela 32. Resultados obtidos na determinação de Poluentes Organoclorados
Persistentes usando extração assistida por ultra-som..................................105
Tabela 33. Resultados obtidos na determinação de Poluentes Organoclorados
Persistentes usando extração assistida por radiação microondas............107
Tabela 34. Condições Cromatográficas utilizadas para determinação dos POPs
organoclorados na coluna DB-17.........................................................................109
Tabela 35. Tempos de retenção obtidos na separação dos POPs
organoclorados estudados utilizando as condições apresentadas na
Tabela 34......................................................................................................................110
Tabela 36. Concentrações (µg/kg) obtidas dos OCs nas amostras de solo da
18
FSL nas condições cromatográficas da Tabela 6, utilizando procedimento
de clarificação por Florisil da US-EPA ..............................................................114
Tabela 37. Concentrações (µg/kg) obtidas dos OCs nas amostras de solo do
T4 e TPS nas condições cromatográficas da Tabela 6, utilizando
procedimento de clarificação por SPE com discos C
18
seguido de Florisil
segundo DAAC .........................................................................................................114
Tabela 38. Concentrações (µg/kg) obtidas dos OCs nas amostras de solo do
PN nas condições cromatográficas da Tabela 6, utilizando procedimento
de clarificação por Florisil do DAAC...................................................................115
19
Lista de Abreviaturas e Símbolos
Abreviatura / Símbolo Descrição
a Fator de separação.
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
ASE Extração acelerada por solvente.
CETESB
Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental.
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente.
CV Coeficiente de variação (desvio padrão relativo).
DAAC
Departamento de Alimentos e Agricultura da
Califórnia
DDT/ DDE/ DDD
Dicloro-difenil-tricloroetano / Dicloro difenil-dicloro
eteno / Dicloro-difenil-dicloroetano.
DPR Desvio padrão relativo
ECD (ou DCE) Detector de captura de elétrons.
FE Fase estacionária.
FEEMA
Fundação Estadual de Engenharia do Meio
Ambiente.
FJ Floresta Japonês.
FSL Fazenda São Luiz
GC (ou CG) Cromatografia a gás.
GC/ECD (CG/DCE)
Cromatografia a gás com detector de captura de
elétrons.
GC/MS (CG/EM)
Cromatografia a gás acoplada com espectrômetro
de massas.
HCB Hexaclorobenzeno.
HCH ou BHC Hexaclorociclohexano.
HPAs (ou PAH) Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos.
IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis.
INMETRO
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial.
20
Abreviatura / Símbolo Descrição
INT / DIMA
Instituto Nacional de Tecnologia/ Divisão de Meio
Ambiente.
k’ Fator de retenção.
K
OC
Coeficiente de adsorção à matéria orgânica no
solo.
K
OW
Coeficiente de partição na água.
LD Limite de Detecção.
LDI Limite de Detecção do instrumento.
LDM Limite de Detecção do Método.
LQ Limite de Quantificação.
LQI Limite de Quantificação do instrumento.
LQM Limite de Quantificação do Método.
MAE Extração assistida por radiação de microondas.
OCs Organoclorados.
PARNASO Parque Nacional da Serra dos Orgãos
PCBs Bifelinas Policloradas.
PCDD/Fs Dibenzo-p dioxinas / Dibenzofuranos policlorados.
PM Peso Molecular.
PN
Amostras das Subparcelas do Rio Paquequer,
PARNASO.
POPs Poluentes Orgânicos Persistentes.
r Coeficiente de correlação linear.
R
S
Resolução.
SD Estimativa do desvio padrão.
SPE (ou EFS) Extração em Fase Sólida.
T
1/2
Tempo de meia-vida.
T4 Transecto 4
TPS Trilha da Pedra do Sino
t
R
Tempo de retenção
US - EPA Environmental Protection Agency, USA.
21
1. INTRODUÇÃO
Existem várias famílias de compostos orgânicos que são classificados como
Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). Eles são assim denominados em função
de sua prolongada meia-vida em todos os compartimentos ambientais: solo,
sedimento, água, ar e biota.
Os POPs são tipicamente hidrofóbicos e lipofílicos. Essa característica faz
com que essas substâncias sejam acumuladas nos tecidos gordurosos de
organismos vivos, que aliada à resistência ao metabolismo leva a magnificação na
cadeia alimentar. Em sistemas aquáticos e solos eles estão fortemente ligados às
partículas do solo, particularmente as de grande teor de matéria orgânica. A química
ambiental e a ecotoxicidade dos POPs é constantemente avaliada em diferentes
áreas do conhecimento. Outra característica de grande impacto para o meio
ambiente é a propensão dessas substâncias entrarem em fase gasosa sob certas
condições ambientais, o que é responsável pela grande capacidade de transporte
desses materiais na atmosfera (Jones e de Voogt, 1999).
Dentre as classes de POPs estão várias famílias de substâncias aromáticas e
halogenadas como as bifenilas policloradas PCB´s, as dioxinas e furanos
(PCDD/Fs-polychlorinated dibenzo-p-dioxins/furans), além dos diferentes agrotóxicos
organoclorados (OCs), como o DDT e seus metabólitos.
As fontes dos POPs são várias e a maioria deliberadamente manufaturada
para um fim específico, como os agroquímicos. Alguns são acidentalmente
introduzidos no ecossistema por serem subprodutos de combustão ou síntese
industrial de outros produtos químicos (PCDD/Fs), ou foram sintetizados com fins
industriais definidos (PCBs).
Desde maio de 2004, os 151 países que aceitaram a Convenção de
Estocolmo precisam desenvolver medidas efetivas para banir de seus cotidianos 12
dos chamados poluentes orgânicos persistentes (POPs). São oito pesticidas: aldrina,
clordano, DDT, dieldrin, endrin, heptacloro, mirex e toxafeno. Dois produtos químicos
industriais PCB (bifenilpoliclorado) e hexaclorobenzeno e dois subprodutos não
deliberados, como as dioxinas e os furanos. Todas essas substâncias, de forma
comprovada por vários estudos médicos, podem causar sérios distúrbios de saúde
em seres humanos e ao meio ambiente. Recentemente, quando a convenção entrou
em vigor em 2001, o Brasil como signatário, baniu do mercado sete pesticidas, dos
22
oito que fazem parte da lista oficial, apenas os DDT e os PCBs tiveram uma
eliminação gradual. No caso do primeiro, o uso era permitido apenas para o
combate aos vetores transmissores da malária (Ziglio e Comegna, 2004).
Os hidrocarbonetos clorados foram usados em larga escala durante as
décadas de 70 e 80. Essas substâncias, também denominadas organoclorados
(OCs), são contaminantes persistentes com a alta capacidade de biomagnificação
na cadeia alimentar.
Compostos organoclorados são constantemente liberados no meio ambiente,
apesar de restrições impostas na sua produção e uso. Sua resistência à degradação
e propriedade de acumulação no solo, sedimentos e organismos vivos são bem
documentados (Deo et al., 1994).
As propriedades inseticidas do Dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) foram
descobertas em 1939 e a partir da segunda guerra mundial, os pesticidas
organoclorados foram intensivamente usados. O DDT foi banido em quase todas as
nações desenvolvidas nos anos 70 devido a sua persistência no meio ambiente,
potencial de bioacumulação e toxicidade.
Evidências do impacto dos organoclorados sintéticos sobre a vida selvagem
foram relatadas a partir dos anos 60 (Parslow e Jefferies, 1973) tendo sido
constatado a existência de forte correlação entre e a concentração de PCB, DDE e
dieldrin na morte em massa de pássaros no mar da Irlanda em 1969. Cooke
evidenciou em 1970 que a diminuição da espessura dos ovos observadas em
determinadas espécies de aves na América do Norte e Grã-Bretanha desde a
Segunda Guerra Mundial, tem sido causada pelo 4,4’-DDE ou outros compostos ou
metabólitos do DDT (Cooke, 1973).
Os POPs são transportados a longas distâncias e se distribuem a todas as
partes do planeta através da circulação global atmosférica, sendo localizado nas
mais remotas áreas, distantes milhares de quilômetros do ponto de emissão. Vários
estudos demonstram a contaminação de regiões remotas do Planeta pelos POPs.
Elevados níveis de pesticidas organoclorados, PCBs, entre outros foram
pesquisados em organismos de diferentes regiões remotas da Antártica e Ártico
(Thomas et al, 1992; Sen Gupta, Sarkar e Kureishey, 1996; Mehlum e Daelemans;
1995; Yoghi, 2002).
Os OCs como o DDT, HCH, aldrin, endrin, heptacloro e mirex foram os
inseticidas mais comuns no controle de pragas na agricultura e vetores de doenças
23
tropicais em áreas urbanas no Brasil. O DDT foi o composto mais utilizado na
agricultura no passado sendo o seu uso proibido para esse fim em 1985.
No Brasil, as primeiras medidas restritivas se deram em 1971, com a Portaria
n.
o
356/71(Brasil, 1971a), que proibiu a fabricação e comercialização de DDT e BHC
para combate de ectoparasitos em animais domésticos no país, obrigando os
fabricantes a recolherem os produtos, mas isentou os produtos comerciais indicados
como larvicidas e repelentes de uso tópico; e com a Portaria nº 357/71(Brasil,
1971b), que proibiu em todo o território nacional o uso de inseticidas organoclorados
em controle de pragas em pastagens. No entanto, o uso do DDT no controle de
doenças endêmicas prolongou-se até os anos 90. Em 1997, Vieira e colaboradores
encontraram níveis elevados de DDT e seus metabólitos em amostras de solo da
área pulverizada em decorrência do surto de leishmaniose na cidade do Rio de
Janeiro em 1990. (Vieira, Torres e Malm, 2001). Torres e colaboradores (2002b)
estudaram a presença de p,p´- DDT em amostras de solo, sedimento e peixes na
Região Amazônica e comprovaram os elevados níveis deste contaminante em
decorrência do seu uso histórico no combate a malária.
Recentes estudos relatam a presença de pesticidas organoclorados na
Região Nordeste do Brasil (Araújo et al., 1998; Tavares et al., 1988). Em São Paulo,
a presença de compostos organoclorados em águas de mananciais, água potável,
solos e sedimentos foram constatados em vários estudos, na região de Bauru
(Rissato et al., 2004), na região da Bacia do Rio Piracibaba (Del Grande, Rezende e
Rocha, 2003), com destaque para a região de Cubatão, onde se localizava a
Rhodia, indústria produtora de pentaclorofenol (Silva, 1998).
Foi reportado por Polese e Ribeiro que o hexaclorobenzeno (HCB), um
fungicida e sub-produto resultante da manufatura de vários hidrocarbonetos
clorados, e o pentaclorofenol (PCF), um inseticida, fungicida e herbicida, foram
despejados por uma companhia química perto de uma área populacional na cidade
de São Vicente, Estado de São Paulo, Brasil (Polese e Ribeiro, 1998).
Segundo trabalho realizado por Japenga (1988), os efeitos da acumulação no
ambiente local dos compostos organoclorados é evidenciado em estudos da
contaminação da população em diferentes regiões brasileiras. Paumgarttem e
colaboradores estudaram a presença de dibenzo-p-dioxinas (PCDDs) e furanos
(PCDFs), bifenilas policloradas (PCBs) e outros organoclorados em leite humano
procedente do Rio de Janeiro. (Paumgarttem et al., 2000). A presença da família do
24
DDT e PCBs foram também verificadas em peixes da Baia da Guanabara por da
Silva et al 2003. (Da Silva et al., 2003).
Lindano (isômero ? do HCH), um inseticida freqüentemente utilizado por
várias década, foi banido devido a sua persistência no meio ambiente e seus efeitos
adversos na saúde humana. Este composto foi produzido em uma área rural na área
metropolitana do Rio de Janeiro entre 1950 e 1955 para ser usado contra vetores de
doenças de Chagas e malária. Durante a produção de lindano, outros isômeros de
HCH, a-, ß- e d- HCH foram separados e descartados a céu aberto, fora da fábrica
sterreicher-Cunha et al., 2003).
Vários problemas, incluindo o banimento de HCH do Brasil, levaram ao
fechamento da planta em 1955; neste processo, grandes quantidades de HCH foram
deixadas em aberto. Durante os anos seguintes, parte dos produtos foram
derramados e entraram no meio ambiente quando os prédios foram demolidos. No
final dos anos 80, evidências foram encontradas que o HCH estava sendo vendido
nos mercados locais como remédio contra piolho (Österreicher-Cunha et al. 2003).
Torres e colaboradores (1999) desenvolveram metodologia para análise de
micropoluentes orgânicos persistentes: inseticidas organoclorados (OCs), bifenilas
policloradas (PCBs) e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) em diferentes
amostras de sedimentos fluviais em dois sistemas hídricos: o rio Paraíba do Sul
Rio Guandu, a mais importante fonte de água potável do estado do Rio de Janeiro e
o Rio Rato, um afluente do rio Tapajós, no estado do Pará.
Outras áreas no Brasil têm sido recentemente investigadas para poluentes
orgânicos. Japenga et al. reportaram a presença de até 80 ppb de DDT, 20 ppb de
PCBs e 1,5 ppm de HPAs em sedimentos costeiros da região do Rio de Janeiro. Na
base do rio Paraná, maiores concentração de HCB (0,5 ppm) e alguns ciclodienos
foram reportados por Tanamati et al. (Torres et al., 1999).
Tomassi (1985) apresentou a primeira avaliação brasileira de níveis de
organoclorados no estuário litorâneo de Santos, Estado de São Paulo. A análise de
resíduos em amostras ambientais foi também conduzida próximo a áreas
importantes de agricultura do Estado do Paraná no Brasil. Foi encontrado que em 43
% das amostras, o HCB pode ser detectado. Em 38 %, aldrin foi encontrado e
resíduos de heptacloro estavam presentes em 18 % das amostras (Tanamati et al.,
1991).
Alguns estudos durante as décadas passadas mostraram que em outras
25
partes do mundo, assim como no Brasil, a contaminação por micro-poluentes
orgânicos, fora dos campos de agricultura, está diretamente relacionada a
urbanização (Luchini et al, 1981; Tomassi, 1985). Existem também alguns exemplos
do uso de radiotraçadores no estudo do destino de pesticidas em solos brasileiros
(Helene et al, 1981; O’Connor et al, 1991). Estes estudos reforçam a importância do
material orgânico e umidade nos processos de sorção e volatilização de
organoclorados sob condições tropicais.
Na área agrícola, em alguns casos é permitida a utilização de alguns
ciclodienos, como Endosulfan, mas apenas depois de uma avaliação especial e
inspeção do problema da colheita.
Um relatório da CETESB, de vinte anos atrás, apresentou concentrações de
organoclorados em sedimentos de fundo da base do rio Paraíba do Sul, acima da
represa do Funil, na ordem de 1.000 vezes maiores que os encontrados no trabalho
realizado por Torres e colaboradores (CETESB, 1978). Dez anos após, esta
contaminação desapareceu virtualmente e nenhum resíduo de PCB ou
organoclorado estava presente nos sedimentos coletados na represa do Funil,
próximo a divisa entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro (Coelho &
Fonseca, 1988). Foram encontrados baixos níveis de inseticidas organoclorados,
sendo mais marcante a presença de PCBs, refletindo a urbanização e o
desenvolvimento industrial do Vale do Rio Paraíba do Sul (Pasin,1988).
Japenga e colaboradores reportaram em 1988 concentrações de micro-
poluentes orgânicos em sedimentos na área litorânea do Rio de Janeiro (Japenga et
al.,1988). Os valores de OCs e HPAs estavam dentro da mesma ordem de
magnitude que os reportados por Torres et al (2002a). O mesmo pode ser dito sobre
os reportados por Lima, trabalhando com amostras centrais da Baia de Guanabara,
próxima a cidade do Rio de Janeiro, em 1996 (Lima, 1996).
Apesar do rio Guandu receber maior parte da sua água do rio Paraíba do Sul,
a presença de micro-poluentes orgânicos é notavelmente diversa, e apenas traços
de pesticidas clorados (HCB) ou HPAs estão presentes em alguns afluentes. Este
trabalho desenvolvido por Torres et al. representa a primeira pesquisa de
concentrações de POPs na mais importante fonte de água para mais de 10 milhões
de pessoas que moram na área metropolitana do Rio de Janeiro. Os resultados
apresentados indicam que contaminantes industriais, principalmente HPAs, estão
alcançando importantes reservatórios que são usados para consumo de água
26
(Torres et al., 2002a).
Desde de meados dos anos 80, a utilização de inseticidas organoclorados
tem sido severamente restrita no Brasil. Entretanto, é de conhecimento a existência
de grandes estoques destes compostos em algumas fazendas, e provavelmente
ainda estão sendo vendidos ao redor do país por vendedores não registrados.
Apenas o DDT e o ?-HCB podem ser usados pelo Ministério da Saúde contra
vetores de doenças tropicais, como a malária, febre amarela, dengue e
leishmaniose, apesar que, desde do final de 1993, o Ministério da Saúde decidiu não
continuar com o uso destes compostos (Torres et al.,2002a/b).
Atualmente, as bifenilas policloradas (PCBs) não são mais produzidas. Desde
a descoberta de Jensen de PCBs (Jensen et al., 1969) em carne de pássaro e peixe,
essas substâncias tornaram-se problema de grande interesse. Nenhum uso aberto é
permitido, podem ser usadas apenas em sistemas fechados como em
transformadores elétricos, como fluido dielétrico. Entretanto, a maioria dos
equipamentos elétricos contém PCBs como fluido dielétrico. Apesar de sua liberação
no meio ambiente não ser freqüente, acidentes envolvendo vazamentos e
contaminação direta de águas superficiais e subterrâneas, especialmente próximo a
instalações elétricas e grandes fundidores têm ocorrido (Torres et al., 1999).
Em 1988, enquanto tentava-se proteger os transformadores elétricos de um
incêndio na casa de fundição de Thyssen, mais de 200 kg de ascarel (um óleo
mineral contendo PCBs) foi despejado no rio Paraíba do Sul por trabalhadores da
fábrica. Todas as plantas de tratamento de água situadas abaixo deste ponto
tiveram que parar a operação de suas bombas.
Apesar da proibição da produção dos POP, os estoques destes poluentes são
inúmeros, uma vez que diversas áreas contaminadas são hoje fontes de emissão
destes compostos para o meio ambiente, contaminando desta forma a população de
entorno, sem que sejam tomadas as medidas necessárias para a remoção do solo
contaminado destes sítios (Da Silva et al., 2003).
De acordo com relatório publicado pelo Programa de Meio Ambiente das
Nações Unidas em 1998, o Brasil não produz industrialmente nenhum dos 10 POPs
seguintes: aldrin, heptacloro, clordano, hexaclorobenzeno, DDT, mirex, dieldrin,
PCBs, endrin e toxafeno. Já as dioxinas e os furanos, por serem considerados sub-
produtos, são produzidos de forma não intencional e sem controle legal. A
contaminação de cal por dioxinas em 1999 na fábrica da empresa Solvay, no
27
Município de Santo André, Estado de São Paulo, ilustra bem essa situação
(Greenpeace Brasil, 2004).
Outro caso semelhante foi a queima de aparas industriais de PVC resultantes
do processo de produção de carros da montadora FIAT, no Município de Formiga,
em Minas Gerais. A queima destes resíduos industriais de PVC em fornos para
fabricação de cal gerou a contaminação da cal (Greenpeace Brasil, 2004).
Além da produção "indireta" de dioxinas e furanos, existe o problema de
importação de alguns dos POPs. O principal deles é o heptacloro, que é utilizado
como conservante para madeira. No banco de dados nacional de importação e
exportação (CACEX), constam no ano de 1998 os registros de importações de 3
persistentes: aldrin (18 kg), DDT (55 kg) e heptacloro (38 ton) (Greenpeace Brasil,
2004).
Segundo a FEEMA (1986), os compostos organoclorados, proibidos pela
Portaria nº 329 de setembro de 1985 (Brasil, 1985) pela sua alta persistência e
toxicidade, não estão sendo utilizados nas culturas, substituídos pelos
organofosforados, ditiocarbamatos e piretróides.
Enquanto que normas governamentais têm sido estabelecidas para controle
de poluição da água por pesticidas, nada existe com relação a poluição do solo,
sendo então importante o desenvolvimento de métodos adequados, precisos e
sensíveis para determinar a extensão de contaminação de solo (Polese e Ribeiro,
1998).
O comportamento destes compostos poluentes no meio ambiente é
determinado por propriedades físico-químicas destes compostos e sua relação com
o processo como adsorção, lixiviação, vaporização e degradação. Para estudar o
destino destes compostos em compartimentos ambientais selecionados, os
poluentes devem ser extraídos de diferentes matrizes (sedimento, solo, ar, água e
biota).
Desta forma, este trabalho contribui para o inventário de POPs em território
nacional, através da determinação de poluentes organoclorados persistentes em
solos de fragmentos da Mata Atlântica, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos,
área de conservação/preservação ambiental.
28
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 POLUENTES ORGÂNICOS PERSISTENTES (POPs)
Os poluentes orgânicos persistentes (POPs) são substâncias geradas por
processo naturais e antrópicos e ocorrem em todos os compartimentos ambientais:
solo, água, ar e biota.
Pela definição, são substâncias orgânicas sintéticas consideradas tóxicas e
com efeitos nocivos ao meio ambiente e ao homem. Resistentes à degradação
química, biológica e fotolítica, afetam a saúde humana e os ecossistemas mesmo
em pequenas concentrações, além da biomagnificação na cadeia alimentar
(Greenpeace Brasil, 2005; Yogui, Santos e Montone, 2003). Sendo também, sujeitos
ao transporte à longa distância, podendo acumular-se em áreas bem distantes de
onde foi inicialmente usado ou emitido. Alguns apresentam efeitos cancerígenos e
causam distúrbios hormonais e nos sistemas imunológico e reprodutivo (Tortoriello,
2004).
Estas substâncias tóxicas são geradas em diversos processos industriais,
entre eles:
Produção do PVC: plástico utilizado em brinquedos, utensílios domésticos,
tubos e conexões, embalagens de alimentos etc;
Produção de papel: através do processo de branqueamento com cloro;
Geração e composição de produtos agrícolas: um grande número de
herbicidas, inseticidas e fungicidas;
Incineração de lixo: doméstico, industrial e hospitalar;
Processos industriais: todos os que empregam cloro e derivados do petróleo.
Dos inúmeros POPs que existem no ambiente foram identificados doze dos
mais persistentes e bioacumuláveis, também conhecidos como a "dúzia suja" (dirty
dozen). São eles, Aldrin, clordano, Mirex, Dieldrin, DDT, dioxinas, furanos, PCBs,
Endrin, heptacloro, BHC e toxafeno. Estes POPs estão controlados através da
Convenção de Estocolmo (2001) que entrou em vigor em 17 de maio de 2004 e
determina a proibição da produção e controle do uso indiscriminado destes
poluentes.
29
Através deste tratado internacional, a maioria destes POPs já foram banidos
ou tiveram seu uso reduzido no mundo. Como signatário do Protocolo de Estocolmo,
o Brasil não produz estes poluentes, porém importava três deles (Heptacloro, DDT e
Aldrin) para uso industrial.
No entanto, os problemas decorrentes da ação dos POPs ainda são
inúmeros. Pode-se observar que existem extensas áreas contaminadas, e por
conseqüência, a população é afetada de forma direta ou indireta, sem que haja o
controle adequado da situação (Ziglio e Comegna, 2004).
Neste sentido, o Brasil ratificou a Convenção de Estocolmo, por meio do
Decreto Legislativo n.º 204 de 07 de maio de 2004 (Brasil, 2004a), que aprova o
texto da Convenção de Estocolmo sobre poluentes orgânicos persistentes.
Entretanto, mesmo após a ratificação, permanece o heptacloro na lista de exceções
1
do Brasil (Greenpeace Brasil, 2005; Coalizão Rios Vivos, 2004).
2.2 ORIGEM E FONTE DOS POPs
Durante e após a Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1940 e 50,
ocorreu uma enorme proliferação destas substâncias. Naquela época era necessário
aumentar a produção de alimentos no mundo, para fazer frente ao crescimento
populacional. Esta necessidade, aliada ao rápido desenvolvimento científico e
tecnológico, promoveu a produção de uma quantidade enorme de poluentes. Entre
eles estão:
HCH
Em 1825, Michael Faraday verificou que o benzeno (C
6
H
6
) reagia com cloro
quando exposto à luz ultravioleta. A luz quebra as moléculas do gás cloro (Cl
2
),
deixando os átomos livres para romper as ligações duplas entre os átomos de
carbono do benzeno, adicionando-se a ele. O produto obtido, o
hexaclorociclohexano, é comercializado com o nome de BHC, e consiste na mistura
de várias substâncias isômeras, isto é, constituídas pelos mesmos tipos e
quantidades de átomos, mas que estão organizados de forma diferente (Nass e
Francisco, 2002).
A lista de exceções é uma solicitação feit
a pelo país signatário da convenção para que a
referida substância não faça parte, por um período, das discussões ou dos planos de ação de
banimento do país em questão.
30
Uma destas substâncias, o lindano, foi separado e utilizado como princípio
ativo de inúmeros produtos utilizados em crianças para combater piolhos e pulgas.
Observou-se que seu uso prolongado causa danos no fígado. Devido à alta
toxicidade, o uso do HCH tem sido bastante combatido desde os anos 1970. O
envenenamento de seres humanos pode ser causado por inalação, ingestão ou
absorção pela pele. A substância tóxica causa desde sonolência até convulsões e
colapsos circulatórios, além do câncer (Nass e Francisco, 2002).
DDT e inseticidas organoclorados
O composto 1,1-bis(4-clorofenil)-2,2,2-tricloroetano, mais conhecido pela sigla
DDT, foi preparado pela primeira vez em 1874, através da reação de condensação
de clorobenzeno com um aldeído, o cloral, ou tricloroetanal. Entretanto, suas
propriedades inseticidas só foram descobertas 65 anos depois, em plena Segunda
Guerra Mundial, tendo um importante papel na vitória dos Aliados, que o utilizaram
largamente em áreas quentes, no combate a doenças transmitidas por mosquitos,
antes de batalhas. Tal descoberta rendeu a Paul Müller o Prêmio Nobel de Medicina
de 1948, pelas milhões de vidas salvas pelo DDT (Nass e Francisco, 2002).
Apenas na década seguinte começou-se a perceber que o DDT persiste no
ambiente mesmo depois de vários anos da aplicação, e que ele se acumula no
organismo de animais superiores. Isto ocorre porque o DDT é pouco solúvel em
água, mas solúvel em gorduras (D’Amato, Torres e Malm, 2002).
Além do DDT, outras substâncias com propriedades inseticidas foram
fartamente utilizadas na agricultura, com efeitos toxicológicos semelhantes, como
aldrin, dieldrin, endrin, heptacloro, clordano, toxafeno e mirex.
Dioxinas
O termo “dioxinas” é a denominação comumente usada, embora não seja a
nomenclatura química correta para a classe química conhecida como dibenzo-p-
dioxinas policlorados (PCDDs) e dibenzofuranos policlorados (PCDFs).
O número de átomos de cloro nestes compostos varia entre 1 e 8, resultando
em 75 diferentes PCDDs e 135 PCDFs possíveis. O congênere (membro do grupo)
mais tóxico destes produtos químicos é o 2,3,7,8 tetraclorodibenzo-p-dioxina (TCDD)
31
(Luscombe, 1999).
As dioxinas constituem uma classe de substâncias orgânicas muito estáveis.
Elas são subprodutos de alguns tipos de indústrias químicas, de incinerações de
lixo, da combustão de madeira, de decomposições de produtos de origem vegetal e
de transformações de herbicidas por processos enzimáticos. O controle de todos
esses processos é bastante complicado, muitas vezes independente da ação
humana, o que dificulta a eliminação de tais compostos (Nass e Francisco, 2002).
Estudos feitos no Canadá revelam que, apenas naquele país, são lançadas
no ar 58,7kg de dioxina por ano, devido a queimadas de florestas. Tal quantidade
parece pequena, mas é preocupante comparada à toxicidade da dioxina (Nass e
Francisco, 2002).
PCBs e furanos
PCBs (bifenilas policloradas) é o nome genérico dado à classe de compostos
orgânicos clorados de alta toxicidade, largamente utilizados na indústria moderna,
resultante da reação do grupo bifenila com cloro anidro na presença de catalisador.
Foram sintetizados inicialmente por volta de 1800 na Alemanha, porém sua
produção em escala industrial foi iniciada a partir de 1922 (Penteado e Vaz, 2001).
Os produtos clorados são líquidos de baixa pressão de vapor, de baixa
inflamabilidade, quimicamente inertes e excelentes isolantes térmicos. Com tantas
características industrialmente interessantes, este é um dos compostos de mais
difícil eliminação. Era utilizado nos equipamentos elétricos contendo Ascarel (nome
comercial do PCB) em transformadores e capacitores como fluído dielétrico. Entre as
décadas de 60 a 80 começaram a ocorrer acidentes, onde a alta toxicidade dos
Ascaréis ficou nítida (Oliveira, 2002).
Como as leis brasileiras não obrigam a substituição de equipamentos
contendo Ascarel estes se tornam fontes de potencial contaminação (Penteado e
Vaz, 2001).
Além de sua toxicidade, podem reagir com o oxigênio do ar produzindo
furanos, moléculas estruturalmente semelhantes às dioxinas e tão tóxicas quanto
elas (Nass e Francisco, 2002).
32
2.3 AGROTÓXICOS
Agrotóxicos, defensivos agrícolas, agroquímicos, praguicidas, pesticidas,
desinfestantes, biocidas são denominações dadas às substâncias ou misturas de
substâncias, naturais ou sintéticas, utilizados na agricultura para o combate de
pragas e tem utilização ampla, incluindo herbicidas, inseticidas, acaricidas,
nematicidas, raticidas, fungicidas e bactericidas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define pesticida ou praguicida como
toda substância capaz de controlar uma praga em seu sentido amplo, que possa
oferecer risco ou incômodo às populações e ao ambiente (SUCEN, 2001).
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
FAO (2003), o termo pesticida ou agrotóxico é usado para designar qualquer
substância ou mistura de substâncias destinadas a prevenir, destruir ou controlar
pragas. Entende-se como praga vetores de enfermidades humanas e de animais,
espécies não desejadas de plantas ou animais, que causam prejuízo ou que
interferem na produção, elaboração, armazenagem, transporte ou comercialização
de alimentos, produtos agrícolas, madeiras ou produtos de madeira. Este conceito
inclui, ainda, as substâncias utilizadas no controle do crescimento de plantas,
desfolhantes, dessecantes, agentes para evitar a queda prematura de frutas e
aquelas aplicadas nas culturas antes e depois da colheita, para proteger o produto
contra a deterioração durante o armazenamento e o transporte.
2.4 AGROTÓXICOS ORGANOCLORADOS
Os agrotóxicos organoclorados são relativamente inertes e apresentam alta
estabilidade que está relacionada às ligações carbono-cloro. Estes compostos são
muito estudados devido à alta toxicidade, baixa biodegradabilidade e
biossolubilidade em tecido lipídico. Alguns destes compostos podem persistir por 15
a 20 anos no solo e parte destes serem arrastados pelas chuvas (por lixiviação) para
o interior dos cursos de água, que também recebem estes compostos através de
efluentes industriais, de esgotos, de sedimentos, da atmosfera e por contaminação
direta durante a aplicação.
O emprego de agrotóxicos orgânicos na agricultura desde 1940 promoveu,
33
um aumento na produtividade possibilitando o atendimento da demanda alimentícia
na maioria dos países. Apesar destes benefícios, o relato de intoxicações por
defensivos agrícolas preocupa as autoridades, especialmente pelo fato de que essas
intoxicações acontecem pela ingestão gradativa destes produtos que contaminam a
água, o solo e uma variedade de alimentos. O uso de muitos destes compostos foi
proibido devido à constatação do efeito cumulativo e prejudicial, que ocorre pela
transferência de pequenas quantidades ao longo das cadeias alimentares (Oviedo,
2002).
2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS ORGANOCLORADOS
As propriedades tóxicas dos pesticidas organoclorados não são semelhantes.
É por isso que o termo geral pesticidas organoclorados” refere-se a muitas
substâncias orgânicas halogenadas que estão sendo usadas na atualidade e que
estavam sendo usadas no passado, em formulações de pesticidas. Tais substâncias
podem ter estruturas químicas muito variadas e consequentemente suas
propriedades físicas e as tóxicas, também diferem amplamente (Patnaik,2003).
Alguns dos pesticidas mais conhecidos desta classe, muitos dos quais aparecem em
listas de poluentes ambientais prioritários da US-EPA, podem ser classificados, de
acordo com suas estruturas, nos seguintes tipos:
1. Hexaclorooctahidronaftaleno (ex: Aldrin, Dieldrin, Endrin, Endrin cetona e
Endrin aldeído);
2. Camfeno clorado (ex: Heptacloro, Clordano, Heptacloro époxido e
Toxafeno);
3. Difeniletano Clorado (ex: DDT, DDD, Metoxicloro e Pertano);
4. Hexaclorociclohexano (ex: Lindano e seus isômeros a, ß e d);
5. Pentaciclodecano clorado (ex: Mirex e Kepono).
Embora as propriedades tóxicas sejam mais ou menos iguais para
substâncias estruturalmente semelhantes, como Heptacloro e o Clordano, o grau de
toxicidade pode variar significativamente com a substituição do cloro no composto.
Na Natureza, o aldrin e heptacloro são transformados, respectivamente em
34
dieldrin e heptacloro epóxido, ambos mais tóxicos e persistentes que seus
precursores (Yoghi, 2002).
Pesticidas organoclorados são altamente lipofílicos. Eles podem penetrar na
membrana celular rapidamente e se distribuir entre os tecidos adiposos e água
extracelular, bem como dentro das células. É conhecido que a maioria dos
pesticidas clorados acumulam-se no tecido adiposo e em outros (Patnaik, 2003).
Alguns pesticidas, como o DDT e os produtos de sua degradação como o p,p’
DDT e o p,p’- DDE têm coeficientes de partição água/octanol muito altos e podem
bioacumular e permanecer no meio ambiente por anos.
Muitos pesticidas organoclorados são neurotoxinas, alguns deles são
altamente tóxicos. Entre eles destacam-se o endrin, lindano, aldrin e dieldrin.
Estruturalmente, aldrin, dieldrin e endrin são muito parecidos. Os dois últimos são
estereoisômeros. Entre os hexaclorociclohexanos, o γ-isômero do lindano é mais
tóxico do que os outros três isômeros: a-BHC, ß-BHC e d-BHC. Estruturalmente,
heptacloro e clordano têm características semelhantes. (Patnaik, 2003).
Entre os sintomas tóxicos agudos causados por pesticidas clorados estão a
dor de cabeça, tonteira, perda de cooordenação motora, náusea, vômito, tremores e
convulsões. Encontrou-se que muitos pesticidas clorados, como DDT, aldrin,
dieldrin, endrin, mirex e kepone mostraram ser teratogênicos em estudos com
animais. Há também, evidências limitadas dos efeitos causadores de câncer destes
e de outros pesticidas clorados em seres humanos. Por causa da alta toxicidade e
potencial carcinogênico, muitos destes compostos não são produzidos ou usados.
(Patnaik, 2003).
2.6 IMPACTO NO AMBIENTE
O emprego de agrotóxicos organoclorados, nas últimas décadas, tem
produzido acumulação de resíduos tóxicos em vários ecossistemas em todo mundo.
A concentração destes compostos tem alcançado níveis tóxicos em vários
organismos terrestres, como pássaros e mamíferos, assim como em organismos
aquáticos. Os resíduos de agrotóxicos organoclorados têm se tornado parte
intrínseca dos ciclos biológicos, geológicos e químicos da Terra e têm sido
detectados no ar, água, solo, plantas, invertebrados marinhos e mesmo, na neve e
35
em pingüins da Antártica e do Ártico onde eles não são empregados (Rissato et al,
2004).
Apesar de parte destes micro-poluentes se acumularem ao longo da cadeia
alimentar, grande parte ainda permanece nos corpos da água podendo contaminá-
la, tornando-a imprópria para consumo.
O impacto na qualidade da água e do solo devido ao uso de agrotóxicos está
associado a diversos fatores tais como o ingrediente ativo da formulação,
contaminantes que existem como impurezas do princípio ativo e aditivos que são
misturados (agentes molhantes, diluentes ou solventes, adesivos, conservantes e
emulsificantes). Os metabólitos resultantes da degradação química, microbiológica
ou fotoquímica do ingrediente ativo são motivos de grande apreensão uma vez que
muitos possuem atividade ecotoxicológica muitas vezes mais intensa que a molécula
original (Hemond e Fechener-Levy, 2000).
A qualidade da água tem recebido considerável atenção nas legislações
ambientais. Por exemplo, a União Européia (EU) preconiza que a concentração de
pesticidas individuais em água potável não deve exceder 0,1 µgL
-1
(EEC,1980). Os
níveis máximos de contaminantes (“Maximum Contaminant Level, MCL”) têm sido
estabelecidos pelo “Environmental Protection Agency (EPA)” para muitos
agrotóxicos, incluindo os organoclorados.
Os sistemas de tratamento alternativo de águas, tais como filtração (usando
carbono ativado granular), poderiam ser utilizados para melhorar a qualidade da
água potável, entretanto, além de custo elevado, muitas vezes não atingem os
padrões satisfatórios de qualidade (Rissato et al, 2004).
Devido à alta complexidade dos processos ambientais, o estudo do impacto
ambiental devido ao uso de agrotóxicos é bastante difícil. Os compartimentos de
maior interesse (campos agrícolas, rios e águas superficiais e subterrâneas) estão
sujeitos a grande variabilidade no espaço e no tempo (Einax et al., 1997).
Diante deste panorama, há necessidade de monitoramento constante dos
níveis de concentração em receptáculos como solos e águas.
O atendimento desta necessidade tem motivado o desenvolvimento de
diferentes métodos analíticos visando a identificação e quantificação de resíduos de
pesticidas nos compartimentos ambientais (Dores e De-Lamonica-Freire, 2001; Del
Grande, Rezende e Rocha, 2003; Rissato et al, 2004).
36
2.7 DANOS CAUSADOS PELOS POPs
2.7.1 EFEITOS NA SAÚDE HUMANA
Os POPs produzem uma ampla gama de efeitos tóxicos, principalmente aos
sistemas reprodutivos, nervoso e imunológico, além de causarem câncer, em
animais e seres humanos. Muitos destes efeitos ocorrem porque alguns poluentes
são capazes de mimetizar ou bloquear determinados hormônios, particularmente
hormônios sexuais. Além de afetar enzimas que controlam as reações bioquímicas
no organismo. Existem POPs que também atingem os neurotransmissores,
substâncias químicas do sistema nervoso, assim como as células do sistema
imunológico (Greenpeace, 2005).
Expor uma gestante a estas substâncias pode provocar a morte do feto e
aborto espontâneo, diminuição de peso e tamanho ao nascimento, alterações de
comportamento e rebaixamento da inteligência. Outras conseqüências são a
depressão do sistema imunológico, redução da resistência óssea e efeitos no
sistema reprodutivo. Muitos poluentes estão associados ao surgimento de alguns
tipos de câncer, como câncer de fígado, no trato digestivo, no pâncreas, no pulmão,
na mama, entre outros (Greenpeace, 2005).
2.7.2 EFEITOS NA VIDA SELVAGEM
Em várias partes do mundo foram relatados o declínio de populações da
fauna selvagem pela presença de POPs. Relacionaram-se estas substâncias com o
aumento do número de deformidades e morte de embriões, a feminilização de
machos, o déficit de desenvolvimento dos órgãos sexuais, a infertilidade e o
comportamento anormal no cuidado com as crias. Algumas espécies de pantera, por
exemplo, apresentaram defeitos reprodutivos e de desenvolvimento e anomalia em
espermatozóides. Afinamentos nas cascas dos ovos do falcão peregrino foram
detectados e uma espécie de truta canadense sofreu morte embrionária
(Greenpeace, 2005).
37
2.8 MOBILIDADE DOS POPs
2.8.1 INTRODUÇÃO DE POLUENTES PERSISTENTES NO SOLO
A introdução de pesticidas no ambiente (solo, água e atmosfera) ocorre
através da dispersão de formulações liquidas e espalhamento de pós, microcápsulas
e grânulos (Hime, Loats e Bailey, 1990). Outros meios a considerar são
derramamentos acidentais, a disposição inadequada de embalagens, a estocagem e
a lavagem de recipientes nos quais se preparam as soluções de pesticidas para
aplicação (De Assumpção, 2000).
Durante a pulverização aérea das culturas, grande parte dos pesticidas
aplicados atinge o solo. Quando a aplicação é foliar, isto é, procurando apenas
atingir a cobertura vegetal, os pesticidas que se acumulam na superfície das folhas
são transportados ao solo após a lavagem das mesmas pelas águas das chuvas.
(De Assumpção, 2000). Existe, também, a prática de aplicação de pesticidas
diretamente no solo para a eliminação de organismos danosos a plantação
(Edwards, 1983).
Segundo Scheunert (1992), o solo comporta-se como um reservatório de
pesticidas persistentes, no qual são submetidos a processos físicos, físico-quimicos
e biológicos. Tais processos governam o comportamento e o destino dos pesticidas
no solo, tornando-os passiveis de absorção por organismos e componentes do solo,
podendo ser transportados para outros compartimentos (água subterrânea e
atmosfera) e/ou sofrerem transformações de natureza química e bioquímica,
gerando outros produtos.
2.8.2 PERSISTÊNCIA E MOBILIDADE NO SOLO
O comportamento do agrotóxico no ambiente é orientado basicamente pelos
processos de retenção, transformação e transporte. Os processos de retenção são
resultantes da interação entre o princípio ativo e a partícula do solo, podendo ser
reversíveis ou não. São freqüentemente descritos como adsorção. (Marchetti e
Luchini, 2004). Esses processos podem retardar ou acelerar o movimento do
produto em diferentes profundidades do solo influenciando, dessa forma, na sua
disponibilidade e interação com outros processos, principalmente os relacionados a
38
transformações bioquímicas e a erosão (Pessoa et al, 2004). Os processos de
transformação podem ser de natureza química (catálise, fotoquímica) ou biológica
(microorganismos), encontrados naturalmente no ambiente ou induzidos. As
transformações bióticas resultam geralmente na degradação da molécula original
tendendo a diminuir a sua toxicidade, muito embora o processo também possa gerar
moléculas mais tóxicas que a original. Os principais processos que favorecem o
transporte de agrotóxicos são volatilização, lixiviação, escoamento superficial (ou
“run-off”) e evaporação (Cheng, 1990). Estes são importantes processos de
transporte, no qual os agrotóxicos alcançam os recursos hídricos subterrâneos
afetando sua qualidade (Marchetti e Luchini, 2004).
Os principais parâmetros de mobilidade do pesticida no solo são: coeficiente
de adsorção à matéria orgânica no solo (K
OC
), meia-vida do produto no solo (T
1/2
), e
solubilidade em água (Filizola et al.,2002).
O K
OC
é fator preditivo da biodisponibilidade do agrotóxico, uma vez que os
produtos hidrofóbicos (insolúveis em água) podem ligar-se reversivelmente ao
material orgânico. O valor K
oc
mede a tendência que um composto químico tem de
sofrer partição entre a fase sólida e a solução do solo no sistema solo-água (Pessoa
et al, 2004). O K
OC
representa a adsorção do pesticida no solo normalizado em
relação ao conteúdo de carbono orgânico, para fornecer uma representação única
de um determinado pesticida para todos os solos (Ferrell, 2002).
A meia-vida (T
1/2
) é o período de tempo decorrido para que metade (1/2) da
concentração inicial de pesticida aplicado ao solo degrade. Este parâmetro é útil
para a comparação da persistência relativa de diferentes agrotóxicos no ambiente.
Assim, são importantes para o entendimento dos seus potenciais de impacto no solo
ou na água (Rao and Hornsby, 2001).
A solubilidade em água é a quantidade máxima do princípio ativo que se
pode dissolver em 100 mL de água, a uma temperatura específica. Desta forma,
esta propriedade determina o equilíbrio de partição pelo controle das concentrações
no meio ar/água, como também as velocidades de evaporação do agrotóxico que
está presente no solo ou na água para o ar, e a de absorção do produto que está
presente na água. Assim, ela é um indicativo da facilidade do composto em sofrer
lixiviação (Blanco, 1979).
Pesticidas não-persistentes têm meia-vida de 30 ou menos dias, enquanto,
pesticidas moderadamente persistentes tem meia-vida de 30 a 99 dias, e pesticidas
39
persistentes tem meia-vida maior que 100 dias.
A persistência de alguns pesticidas organoclorados no solo foi estudada por
Edwards (1966), os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 1 (De
Assumpção, 2000).
Tabela 1. Persistência de Pesticidas Organoclorados no Solo
Pesticida Dose Media
Anual (kg.ha
-1
)
Meia Vida
(anos)
95 % de
Degradação
Faixa (anos)
95 % de
Degradação
media (anos)
Aldrin 1,1 3,4 0,3 1 6 3
DDT 1,1 2,8 2,8 4 30 10
Dieldrin 1,1 3,4 2,5 5 25 8
Endrin 1,1 3,4 2,2 3 20 7
Heptacloro 1,1 3,4 0,8 3 5 3,5
Lindano 1,1 2,8 1,2 3 10 6,5
Observa-se na tabela acima que os pesticidas DDT e dieldrin são os mais
persistentes no solo, seguidos em ordem crescente pelo endrin, lindano, heptacloro
e aldrin. Nash e Woolson (1967), baseados em tratamentos experimentais de solos
com pesticidas, seguidos de analise regular de resíduos, confirmaram a persistência
dos mesmos pesticidas no solo, na mesma seqüência obtida por Edwards.
Segundo Hime et al (1990), no solo, um pesticida persistente não se hidrolisa
nem biodegrada facilmente, possui baixa volatilidade, alto coeficiente de partição e
baixo potencial para mover-se através do perfil do solo.
O estudo da mobilidade de pesticidas no solo permite avaliar a probabilidade
destes virem a contaminar outros compartimentos ambientais (águas subterrânea,
águas superficiais e atmosfera), e também tomar decisões quanto à disposição de
resíduos e selecionar processos de remediação (De Assumpção, 2000).
A contaminação das águas subterrâneas esta ligada à capacidade de
lixiviação dos pesticidas através do perfil do solo, e o transporte para a atmosfera
depende da volatilização dos mesmos a partir da matriz do solo. A volatilização de
pesticidas a partir do solo ocorre através da fração dessorvida e solubilizada nas
águas do solo.
40
Ambos os processos, inclusive a biodisponibilidade, são controlados pela
sorção dos pesticidas pelos componentes do solo (Barcelò & Hennion, 1997). A
importância da matéria orgânica como superfície sorvente hidrofóbica, foi
demonstrada por Bouchard (1989), onde um aumento no teor de matéria orgânica
resulta em aumento da sorção. De acordo com Barcelò & Hennion (1997), a relação
entre mobilidade e sorção de pesticidas pode ser resumida como:
Aumento no teor de argila e de matéria orgânica reduz a mobilidade
Decréscimo no teor de umidade aumenta a sorção e reduz a mobilidade
Aumento de temperatura reduz a sorção e aumenta a mobilidade
2.8.3 PROCESSO DE DESTILAÇÃO GLOBAL
A maior parte dos resíduos produzidos pelas indústrias quando despejados
em rios, quase todos acabam, cedo ou tarde, desaguando nos mares. Devido às
correntes marítimas, as águas de todos os oceanos acabam passando pelos Pólos.
É através deste movimento cíclico e contínuo das águas que os poluentes atingem
os pontos mais distantes e ermos do planeta. Dessa forma, contaminam, ao longo
do percurso, a flora e a fauna marinhas (Greenpeace, 2005).
Desta forma uma pessoa não tem necessariamente que morar ao lado de
uma indústria química para ser contaminada. Sendo este outro grande problema dos
POPs. Uma vez liberados na natureza, podem viajar por correntes aéreas e pela
água para regiões distantes de suas fontes de origem mantendo sua capacidade
contaminante. Os solos também podem ser contaminados, atingindo a produção de
alimentos (Greenpeace, 2005).
Em regiões frias próximas aos pólos, encontramos atualmente, concentrações
surpreendentemente altas de produtos químicos tóxicos e persistentes (com
velocidade de biodegradação muito baixa). Alguns exemplos são os PCBs (bifenilas
policloradas, usadas em transformadores elétricos, equipamentos de resfriamento e
materiais de isolamento) e pesticidas como DDT, Lindano e Toxafeno, que nunca
foram utilizados naquelas regiões (Thomas et al, 1992; Sen Gupta, Sarkar e
Kureishey, 1996; Mehlum e Daelemans; 1995; Yoghi, 2002; Lemos, 2005).
Este fenômeno que está transformando as regiões polares em lixeiras
químicas é denominado "destilação global” (Wania e Mackay, 1997).
41
Alguns POPs são usados ou aplicados em regiões tropicais e temperadas.
Por serem ligeiramente voláteis ou semi-voláteis (evaporarem lentamente) são
transportados pelos ventos na forma gasosa até encontrarem temperaturas mais
baixas. Quando isto ocorre são condensados diretamente na superfície do solo ou
nas partículas presentes em aerossóis, que serão depositadas posteriormente
através da neve ou chuvas (Jones e de Voogt, 1999).
Na realidade, também ocorre evaporação nas regiões mais frias, e o
transporte pelas correntes de ar dos pólos para as regiões tropicais equivale à
corrente inversa. Mas como a condensação e deposição são favorecidas pelas
baixas temperaturas, o balanço final desse processo é o transporte mais intenso
dessas substâncias químicas na direção das regiões polares. Como agravante, tem-
se que, quanto mais baixa a temperatura, mais baixa a velocidade de biodegradação
dos POPs, o que favorece o aumento da concentração desses poluentes nas
regiões mais frias. Atualmente, as grandes concentrações de pesticidas (a-HCH e
toxafeno) encontradas nas águas do mar estão no Oceano Ártico (Wania e Mackay,
1997).
O transporte dos POPs para as regiões polares pode se dar em uma ou em
várias etapas, processo este conhecido como efeito "gafanhoto" (Figura 1), e pode
levar algumas décadas, até que o produto químico seja degradado ou retido de
forma permanente.
Assim como nas regiões onde os POPs foram usados e aplicados, nas
regiões mais frias eles entram nas cadeias alimentares e se acumulam nos peixes,
aves, mamíferos marinhos e no homem.
42
Figura 1: Processo de Destilação Global ou “Efeito Gafanhoto”
2.8 ESPÉCIES ESTUDADAS
A escolha dos agrotóxicos a serem estudados neste trabalho foi baseada na
lista dos poluentes orgânicos persistentes da Convenção de Estocolmo e Roterdã,
na Resolução do CONAMA357 (Brasil, 2005) e Portaria N° 518 (Brasil, 2004b).
Os órgãos responsáveis pela implementação da Política Nacional do Meio
Ambiente no Brasil são o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis) e o CONAMA (Conselho Nacional de Meio
Ambiente) (Brasil, 1981).
O IBAMA tem a finalidade de coordenar, executar e fazer executar, como
órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente, e a preservação, conservação e uso racional, fiscalização, controle e
fomento dos recursos ambientais. Enquanto o CONAMA propõe diretrizes políticas
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais, e delibera, no âmbito
de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
(Brasil, 1989).
A Tabela 1 apresenta algumas propriedades físico-químicas para os
organoclorados selecionados como: o peso molecular (PM), a fórmula estrutural,
Altas Latitudes
Baixas Latitudes
Alta mobilidade
Relativa mobilidade
Médias
Latitudes
ciclos sazonais de
deposição e
evaporação
“Efeito Gafanhoto”
Baixa mobilidade
43
solubilidade, T
1/2
no solo, K
OC
e a solubilidade em água expressa em termos do
coeficiente de partição octanol/água (K
OW
).
A partir destas propriedades pode-se observar que, por exemplo, o alacloro
tem um coeficiente de adsorção no solo relativamente baixo, o que implica que ele
tem potencial de lixiviar, pois quanto maior o K
OC
, mais fortemente o pesticida estará
retido no material orgânico e pouco provável que este irá lixiviar. No entanto, ele
apresenta também uma meia-vida curta, então geralmente ele não irá persistir
tempo suficiente no solo para alcançar águas superficiais.
Estes valores apresentados na Tabela 2 representam valores típicos da
literatura científica e são úteis para comparar diferenças relativas entre pesticidas,
mas não devem ser interpretados como valores absolutos.
44
Tabela 2. Propriedades físico-químicas dos poluentes organoclorados persistentes
Nome Comercial P.M. Fórmula Estrutural Solubilidade Pressão de
Vapor (mPa)
T
1/2
solo
(dias)
Koc
(µg/g)
Kow
(ppm)
Alacloro
269,79
Acet., Et.,
Acet.Et., Éter
2,0 (25ºC)
15 170 240
Aldrin
364,93
Et.
3,1 (20ºC)
28 96.000 0,1
2,4-DDD
320,05
Et, CCl
4
- - - -
2,4-DDE
318,03
Acet., Benz.,
Pir., Eter
-
- - -
2,4-DDT
354,49
Acet., Benz.,
Pir., Eter
-
120 - 0,1
4,4-DDD
320,05
Acet., Benz.,
Pir., Eter
-
- 770.000 -
4,4-DDE
318,03
Acet., Benz.,
Pir., Eter
-
- 440.000 -
45
Tabela 2. Propriedades físico-químicas dos poluentes organoclorados persistentes
Nome Comercial P.M. Fórmula Estrutural Solubilidade Pressão de
Vapor (mPa)
T
1/2
solo
(dias)
Koc
(µg/g)
Kow
(ppm)
4,4-DDT 354,49
Acet., Benz.,
Pir., Eter
0,025 (20ºC) 120 243.000 0,1
Dieldrin
380,93
C
l
C
l
C
l
C
l
C
l
O
C
l
Et.
0,1 (20ºC)
1400 10.700 0,1
a-Endosulfan
406,93
Solv. Org. - 50 8.168 0,32
ß-Endosulfan
406,93
Solv. Org. - 50 8.031 0,32
Endrin
380,91
C
l
C
l
C
l
C
l
C
l
O
C
l
Acet., Benz.,
Et.
20 (20ºC)
- 9.157 -
Heptacloro
373,34
Et.
53 (25ºC)
- 12.000 -
46
Tabela 2. Propriedades físico-químicas dos poluentes organoclorados persistentes
Nome Comercial P.M. Fórmula Estrutural Solubilidade Pressão de
Vapor (mPa)
T
1/2
solo
(dias))
Koc
(µg/g)
Kow
(ppm)
Lindano
290,83
C
l
C
l
C
l
C
l
C
l
C
l
Acet., Benz.,
CHCl
3
4,4 (24ºC)
400 1.080 7,3
a - HCH 290,83
Acet., Benz.,
CHCl
3
- - - -
ß - HCH 290,83
Acet., Benz.,
CHCl
3
- - - -
Metolacloro 283,80
Solv. Org.
4,2 (25ºC)
90 200 530
(The Merk Index, 1996; Ferrell, 2002, The Pesticide Manual; Tomlin, 2003)
Legendas: Acet.= Acetona; Acet.Et.= Acetato de Etila; Benz.= Benzeno; CCl
4
= Tetra Cloreto de Carbono; CHCl
3
= Clorofórmio Et.=
Etanol; Pir.= Piridina; Solv. Org.= Solventes Orgânicos
47
2.9 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO
Geralmente até mesmo os tipos mais simples de amostras não são
adequadas para análise direta, na maior parte dos casos são muito diluídas ou muito
concentradas ou simplesmente incompatíveis com as operações do instrumento
utilizado. Desta forma algumas etapas devem ser realizadas para que a amostra
esteja pronta para detecção sob condições apropriadas.
“Preparo de amostras” é um termo bastante utilizado e envolve uma ou mais
etapas, como a dissolução ou lixiviamento (com amostras sólidas), “clean-up”, pré-
concentração e derivatização antes da detecção (Priego-Capote e Luque de Castro,
2004).
O termo extração é definido como o ato de separar ou de outra forma obter
(como elementos constituintes) uma substância por tratamento com um solvente,
destilação, evaporação, emprego de pressão ou força centrífuga, ou por algum outro
processo químico ou mecânico (Priego-Capote e Luque de Castro, 2004).
Para extrair poluentes orgânicos de polaridade variável de uma matriz que
contém material orgânico é necessário usar solventes orgânicos e misturas de
solventes com polaridade variada. Os métodos de extração mais empregados são o
extrator Soxhlet e o banho de ultra-som. No caso do primeiro, apesar da excelente
recuperação, o tempo de extração e a utilização de grandes volumes de solvente
orgânico tornam essa técnica ambientalmente inadequada e dispendiosa. O ultra-
som é uma alternativa ao Soxhlet, mais rápido e com eficiência de recuperação
comparável, no entanto, ainda utiliza uma quantidade apreciável de solvente e
necessita de várias etapas de preparação do extrato após extração. A técnica de
extração assistida por radiação microondas vem sendo estudada como uma
alternativa na preparação de amostra para a determinação de poluentes orgânicos
de diferentes polaridades em solos com redução do tempo de análise, baixo
consumo de solventes, possibilidade de extrair várias amostras simultaneamente
(até 14 amostras) e alta eficiência de extração (Pino et al, 2000; Xiong, He e Zhang,
2000; Sun & Lee, 2002). Porém as grandes vantagens desta técnica são os efeitos
de pré-concentração, segurança e simplicidade durante a extração (Sun e Lee,
2002).
48
2.9.1 EXTRAÇÃO POR SOXHLET
A extração de poluentes do solo é comumente realizada por métodos de
extração líquido-sólido.
Os métodos de extração líquido-sólido podem ser divididos em processos nos
quais é requerido aquecimento (Soxhlet/Soxtec) e aqueles em que não é fornecido
aquecimento, mas é utilizada alguma forma de agitação ou sonicação (Dean, 1998).
A extração por Soxhlet é um dos métodos mais tradicionais para remoção de
analitos de matrizes ambientais, tendo sido introduzido na metade do século 19 por
Baron von Soxhlet (Dean e Xiong, 2000).
Este método tem sido empregado para a extração de diferentes poluentes
ambientais como hidrocarbonetos (HCs), pesticidas organoclorados (OCs) (Lopez-
Avila et al., 1995; Li et al., 1996/97; Pastor et al, 1997; Lopez-Avila e Young, 1998;
Silgoner et al., 1998), bifenilas policloradas (PCBs), dioxinas e furanos, triazinas
(Xiong et al., 1999) e alquil/aril fosfatos de solos, sedimentos e matrizes de amostras
de esgoto (Shu et al., 2000).
Na extração por Soxhlet são possíveis duas variações no equipamento. A
diferença entre os dois modelos (Figura 2) está no percurso do vapor do solvente,
enquanto que no equipamento (a) o percurso do vapor é externo ao recipiente
contendo a amostra, no (b) o vapor passa em volta do recipiente contendo a amostra
(Dean, 1998).
O modelo utilizado neste trabalho foi o modelo (a). Neste caso, as amostras
sólidas, juntamente com igual quantidade de sulfato de sódio anidro, são colocadas
em um cartucho poroso (celulose) no tubo interior do equipamento (recipiente de
vidro). O aparelho é conectado a um balão de volume adequado contendo o
solvente orgânico apropriado e um condensador de refluxo. O solvente é aquecido,
evapora-se e sobe pelo braço do aparelho, condensando-se no refrigerador e
gotejando sobre o cartucho com a amostra sólida. O tubo possui um pequeno braço
retorcido (sifão), que retorna ao balão. Ao encher o recipiente até a altura da dobra
do sifão, o solvente condensado, contendo os analitos extraídos da amostra, volta
ao balão completamente através do sifão. O solvente evapora-se novamente,
deixando as substâncias dissolvidas no balão.
Assim, os componentes que estavam na matriz passam para a solução. O
processo se repete até o final da extração.
49
Normalmente os analitos extraídos devem possuir maior ponto de ebulição
que o solvente, assim são concentrados no balão, enquanto o solvente puro irá
recircular. Desta forma, assegura-se que somente o solvente puro será utilizado
para extrair os analitos da amostra no cartucho. A desvantagem deste modelo é que
o solvente orgânico está abaixo do seu ponto de ebulição quando passa através da
amostra contida no cartucho (Dean, 1998), o que não é necessariamente um
problema, pois a extração por Soxhlet é normalmente realizada por períodos muito
longos de 6, 12, 18 ou 24 horas (Shu et al., 2000).
Na extração por Soxhlet, apenas uma amostra pode ser extraída por
aparelho, no entanto é possível operar com vários aparelhos ao mesmo tempo,
podendo ser realizadas várias amostras simultaneamente utilizando-se o
equipamento da Figura 3.
Figura 2. Aparelhos Soxhlet: (a) o vapor do solvente passa externamente ao
recipiente contendo a amostra, o que resulta em solvente orgânico
condensado (mais frio) passando pela amostra, o processo de extração é
relativamente lento; (b) o vapor do solvente passa em volta do recipiente
contendo a amostra, o solvente orgânico aquecido (mais quente) permite uma
extração mais rápida.
(a)
(b)
50
Figura 3. Equipamento Soxhlet para extração de várias amostras
simultaneamente.
2.9.2 EXTRAÇÃO ASSISTIDA POR ULTRA-SOM
Ondas sonoras são vibrações mecânicas em um sólido, líquido ou gás e são
intrinsicamente diferentes de ondas eletromagnéticas. O ultra-som tem uma
freqüência maior que a faixa de audição dos seres humanos (10
16
kHz). A menor
freqüência de ultra-som é normalmente de 20 kHz. O ponto final da faixa de
freqüência é limitado apenas pela habilidade de gerar sinais; a freqüência na faixa
de gigahertz (GHz) tem sido usada em algumas aplicações (Luque-García e Luque
de Castro, 2003; Priego-Capote e Luque de Castro, 2004).
Enquanto que as ondas de rádio, as luzes infravermelho, visível e ultravioleta,
raios X e gamma podem passar pelo vácuo, as ondas sonoras precisam de um
meio, pois envolvem ciclos de expansão e compressão viajando através do meio. A
expansão afasta as moléculas enquanto a compressão aproxima. Em um líquido, o
ciclo de expansão produz pressão negativa. Se o ultra-som for bastante intenso, o
ciclo de expansão pode criar bolhas ou cavidades no líquido (Luque-García e Luque
de Castro, 2003; Priego-Capote e Luque de Castro, 2004).
As transformações observadas num meio sob sonicação não são
51
provenientes de interações diretas entre o campo ultra-sônico e as unidades de
partícula (moléculas, íons ou átomos) do meio, mas sim, como conseqüência da
grande quantidade de energia gerada pelo fenômeno da cavitação (Suslick et al.,
1999), que é definido como o fenômeno de formação, crescimento e subseqüente
colapso de microbolhas no centro de um líquido.
A importância da cavitação não está em como são formadas as bolhas e sim
o que acontece quando elas colapsam. Em certo momento, as bolhas não mais
absorvem a energia do ultrasom, então implodem. A rápida compressão adiabática
de gases e vapores dentro das bolhas ou cavidades produz altas temperaturas e
pressões. Suslick et al (1999) estimaram a temperatura destes “pontos quentes” (hot
spots) em torno de 5.000K e pressões da ordem de 1.000 atm. O tamanho das
bolhas é pequeno com relação ao volume total do líquido, então o aquecimento que
produzem é rapidamente dissipado sem nenhuma mudança apreciável nas
condições ambientais (a taxa de resfriamento na região é por volta de 10 bilhões
°C/s).
As altas temperaturas e pressões levam à formação de radicais livres e outros
compostos. Quando a cavitação ocorre em um líquido próximo de uma superfície
sólida, a dinâmica do colapso é diferente em comparação com líquidos puros onde a
cavidade mantém seu formato esférico durante a implosão. Enquanto próximo à
fronteira sólida, o colapso da cavidade é assimétrico e produz microjatos de líquido
de alta velocidade (v>100m/s) responsáveis pela limpeza e/ou renovação da
superfície sólida, assim como também pela extração de elementos da matriz sólida
(Luque-García e Luque de Castro, 2003).
A energia assistida por ultra-som é um método efetivo de extração de um
grande número de analitos de diferentes tipos de amostras (Babic, Petrovic e
Kaštelan Macan, 1998).
Na química analítica, o uso do ultra-som vem progredindo e ganhando
confiança não só nas etapas de limpeza, como também no pré-tratamento de
amostras, quando a energia ultrasônica é utilizada acelerando uma etapa de
extração.
As altas e efetivas temperaturas no sistema sob sonicação irão aumentar a
solubilidade e difusibilidade, que aliadas às pressões geradas, favorecem a
penetração e transporte na interface entre uma mistura de solventes e a matriz
sólida, e que combinadas com a energia oxidativa dos radicais (hidroxila e peróxido
52
de hidrogênio para água) gerados durante a sonólise (quebra de moléculas através
das ondas acústicas), resultam em alto poder extrativo (Luque-García e Luque de
Castro, 2003).
Dependendo da natureza do sistema de detecção, a amostra pode ser
diretamente analisada ou o extrato sujeito à remoção de interferentes, concentração
e/ou separação cromatográfica antes da detecção.
Existem dois tipos de dispositivo para aplicação ultrasônica: o banho (Figura
4) e a sonda (Figura 5). Apesar do banho ultrasônico ser o mais usado (Pino et al,
2000), ele apresenta duas desvantagens que diminuem substancialmente a
repetibilidade e a reprodutibilidade experimental:
Falta de uniformidade na distribuição da energia do ultrasom (apenas uma
pequena parcela do volume total de líquido na vizinhança imediata da
fonte do ultrasom experimenta cavitação).
Declínio da potência com o tempo.
As sondas ultrasônicas têm vantagem sobre o banho tendo em vista que sua
energia é mais focalizada na região da amostra (local), fornecendo cavitação mais
eficiente do líquido, conseqüentemente melhor extração (Luque-García e Luque de
Castro, 2003; Priego-Capote e Luque de Castro, 2004).
O ultrasom tem um futuro promissor no pré-tratamento de amostras,
especialmente em sistemas dinâmicos. Embora poucas aplicações tenham sido
relatadas, esta técnica apresenta um grande número de vantagens como: menores
volumes de solvente requeridos, redução no tempo necessário para completa
remoção dos compostos de interesse e a possibilidade do desenvolvimento de
métodos automatizados (Priego-Capote e Luque de Castro, 2004).
Assim como o Soxhlet, o banho de ultrasom tem sido comumente empregado
nas extrações de poluentes orgânicos persistentes de diversas matrizes ambientais
(Bonwick et al., 1995; Babic, Petrovic e Kaštelan Macan, 1998, Polese e Ribeiro,
1998; Pino et al, 2001; Caballo-López e Luque de Castro, 2003; Macutkiewicz,
Rompa e Zygmunt, 2003), muitas das vezes, como método de comparação (Onuska
e Terry, 1993; Pastor et al, 1997; Dean e Xiong, 2000; Shu et al., 2000; Sun e Lee,
2003). A extração por ultrasom é, juntamente com o Soxhlet, a técnica de extração
convencional mais aceita (Pino et al, 2001; Song et al, 2002).
53
Figura 4. Banhos de ultrasom.
Figura 5. Sonda ultrasônica.
54
2.9.3 EXTRAÇÃO ASSISTIDA POR RADIAÇÃO DE MICROONDAS
A energia de microondas é uma radiação não ionizante que causa o
aquecimento por migração dos íons e rotação das moléculas com momentos
dipolos, não causando mudanças na estrutura molecular (Sanseverino, 2002).
A extração assistida por radiação de microondas (MAE) utiliza a radiação
eletromagnética para dessorção de poluentes de suas matrizes. A região de
microndas compreende a faixa de comprimentos de onda de 0,3 mm a 1 m e
freqüências de 300 MHz a 300 GHz, operando comumente na freqüência de 2,45
GHz (Dean, 1998).
A habilidade do material de converter energia de microondas em energia
térmica é dependente da suas características de polarizabilidade e absorção.
Diferentemente dos métodos de extração convencionais que estão sujeitos à
temperatura de ebulição dos solventes de extração à pressão atmosférica, a energia
de microondas aquece misturas de amostra solvente em vasos de extração
fechados e pressurizados. Sob estas condições, a temperatura pode ser
rapidamente aumentada, acima do ponto de ebulição do solvente, aumentando a
taxa de dessorção dos analitos da amostra (CEM Corporation, 2000).
Assim, os principais componentes de um forno de microondas estão
apresentados na Figura 6. O que inclui o magnetron, um isolante, a guia de
transmissão das microondas (waveguide), a cavidade e o agitador (mode stirrer).
A energia de microondas é gerada pelo magnetron, propagada pela guia de
microondas e introduzida na cavidade do equipamento. O agitador distribui a energia
em várias direções e a cavidade atua contendo a energia até que esta seja
absorvida pela amostra dentro da cavidade. Um prato giratório pode ser utilizado
para rotação da amostra dentro da cavidade assegurando uma melhor distribuição
da energia. O isolante protege o magnetron da energia não absorvida pela amostra,
permitindo que a energia se propague apenas em direção à cavidade, pois a energia
refletida pode danificar o magnetron (CEM Corporation, 2000).
Existem dois modelos de equipamentos de microondas para extração: o
sistema fechado e o sistema aberto. O sistema aberto realiza extração em condições
atmosféricas e assim não é necessário um controle da temperatura. O sistema
fechado realiza extrações a temperaturas elevadas em condições controladas de
55
temperatura e pressão (Dean e Xiong, 2000).
O modelo com prato giratório no interior da cavidade (sistema pressurizado)
contém vasos padronizados e um vaso de controle. O vaso de controle contém uma
sonda de temperatura e um sensor de pressão, que são usados para monitorar as
condições de extração.
Todos os materiais utilizados na construção dos vasos são transparentes às
microondas, de forma que as misturas de amostra solvente absorvam o máximo da
energia incidente. Geralmente os vasos utilizados são de PFA (perfluoralkoxi) Teflon
ou TFM, desenvolvidos para permanecerem completamente selados durante a
operação, prevenindo a perda de analito e solvente (Lopez-Avila, Young e Beckert,
1994).
O controle da temperatura é necessário para otimizar a eficiência da extração,
prevenir degradação térmica e fornecer condições operacionais reprodutíveis (CEM
Corporation, 2000).
Solventes polares com altos momentos dipolos e constantes dielétricas irão
aquecer rapidamente sob a ação de microondas, enquanto os solventes não polares
são transparentes e não se aquecem. A solubilidade de um analito pode ser afetada
por suas características de solvatação e temperatura de extração (Pastor et al.,
1997).
Altas temperaturas do solvente aumentam a eficiência de extração e reduzem
o tempo de extração. A escolha de um solvente ou mistura de solventes apropriada
é fundamental para a migração dos analitos da amostra para o solvente. Um sistema
de solventes consistindo de solvente miscível em água e solvente não miscível em
água é comumente adotado na extração para facilitar a extração de sólidos úmidos e
para extrair analitos polares. A solubilidade do analito pode ser maximizada
ajustando a mistura de solventes e controlando a temperatura (Dean e Xiong, 2000).
O primeiro uso de forno de microondas para a extração de analitos com
solventes orgânicos apareceu em 1986 (Dean e Xiong, 2000). Ganzler e
colaboradores foram os primeiros a relatar o uso da energia de microondas para
irradiar matrizes sólidas tais como solo, comidas, sementes e alimentos na presença
de solventes com alto momento dipolar. OCs tem sido extraídos de amostras de
sedimentos usando forno de microondas doméstico com 5 a 6 ciclos de exposição
de 30 s à energia de microondas (Chee, Wong e Lee, 1996; Pastor et al., 1997;
Fatori e Awofolu, 2003).
56
Recentemente, a MAE tem sido aplicada para a extração simultânea de
contaminantes orgânicos tóxicos, tais como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs), bifenilas policloradas (PCBs), fenóis e pesticidas organoclorados de solos,
sedimentos e outras matrizes sólidas. (Sun e Lee, 2002). Comparando com os
métodos tradicionais de extração, o tempo de preparação de amostra e a quantidade
de solvente utilizado são drasticamente reduzidos, sem decréscimo da eficiência de
extração dos analitos (Xiong et al., 1999).
A temperatura, o conteúdo de água e o solvente de extração são
considerados os parâmetros mais críticos de serem controlados durante a MAE.
Embora a radiação de microondas não modifique a estrutura molecular dos
compostos, as temperaturas que podem ser alcançadas durante a extração podem
causar sua degradação, devido aos efeitos de aquecimento localizados (Molins et
al., 2000).
Figura 6: Principais componentes de um Forno de Microondas
Isolante
Cavidade
Vaso
Microondas
refletidas
Guia de transmissão
das microondas
Agitador
Microondas
57
2.10 MÉTODOS DE CLARIFICAÇÃO OU “CLEAN-UP”
2.10.1 EXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA (SPE)
A extração em fase sólida (SPE) ou algumas vezes referida como extração
líquido-sólido, envolve trazer uma amostra líquida ou gasosa em contato com uma
fase sólida ou sorvente, onde o analito é seletivamente adsorvido na superfície da
fase sólida. A fase sólida é então separada da solução e outros solventes (líquidos
ou gases) adicionados. O primeiro solvente utilizado é para remover possíveis
componentes da matriz adsorvidos; eventualmente um solvente de eluição é
colocado em contato com o sorvente para seletivamente dessorver o analito (Dean,
1998).
A fase sólida ou sorvente é normalmente empacotada em pequenos tubos ou
cartuchos e se assemelham a uma pequena coluna cromatográfica (Hennion e
Pichon, 1994).
Recentemente, os sorventes se tornaram disponíveis também nos formatos
circulares e de folhas lisas (assemelha-se a um papel de filtro), podendo ser
montados em um aparato de filtração. Qualquer que seja o modelo adotado, a
amostra dissolvida é forçada, por pressão ou vácuo, a percolar o sorvente. Pela
escolha correta do sorvente, os analitos devem ficar retidos preferencialmente a
outros materiais presentes na amostra (matriz). Estes materiais da matriz são
lavados do sorvente pela passagem de um solvente apropriado. Subseqüentemente,
o analito de interesse pode ser eluído do sorvente, utilizando-se um solvente
adequado (Hennion e Pichon, 1994). Este solvente é coletado para posterior análise,
podendo sofrer “clean-up” ou pré-concentração.
Os cartuchos ou discos de C
18
têm sido universalmente utilizados como
sorventes há algum tempo para compostos hidrofóbicos (como os organoclorados),
pois estes são adsorvidos quando a fase móvel é a água, sendo separados quando
se utiliza uma fase móvel contendo solvente orgânico (Pichon, 1998).
Nos últimos anos, a SPE tem se tornado um modo cada vez mais popular na
química ambiental para extração multiresíduo de agrotóxicos em água e também
como procedimento de “clean-up” de amostras sólidas (Chee, Wong e Lee, 1996;
Oubinã et al., 1998; Molins et al, 2000; Xiong, He e Zhang, 2000; Martinez e Barcelo,
58
2001).
2.10.2 EXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA EM COLUNA DE FLORISIL
O “clean-up” é geralmente necessário (principamente em amostras de solos,
sedimentos e biotas), pois os métodos de extração não são suficientemente
seletivos. Este procedimento tem por objetivo isolar os analitos de interesse dos co-
extrativos da amostra, que podem vir a interferir na técnica usada para a
quantificação (Grob, 1995).
Para remover os lipídios e carbohidratos dos extratos de biota, ácido sulfúrico
pode ser utilizado, mas alguns compostos, como os OCs, não são resistentes a este
tratamento. Alternativas não agressivas como a cromatografia de permeação em gel
(gel permeation chromatography) bem como colunas de alumina, que é usada com a
mesma finalidade que o Florisil, e de sílica podem ser usadas para posterior limpeza
dos extratos (Santos e Galceran, 2002).
Métodos de sorção em coluna e cromatografia líquida são amplamente
utilizados para “clean-up”. A coluna de Florisil consiste de uma coluna de vidro de
30 cm de comprimento e 1 cm de diâmetro interno empacotada com Florisil, que é
um silicato de magnésio ativado. O extrato é adicionado à coluna e os diferentes
pesticidas são eluídos da coluna por solventes de diferentes polaridades. Por este
procedimento, extratos purificados contendo pesticidas podem ser obtidos, com
pigmentos e lipídeos polares permanecendo retidos no Florisil (Grob, 1995).
A coluna cromatográfica de Florisil é empregada para “clean-up de pesticidas
clorados e organofosforados, assim como para carbamatos e triazinas, por eluição
com solventes de polaridade crescente (Del Grande, Rezende e Rocha, 2003).
2.11 CROMATOGRAFIA A GÁS
A Cromatografia é um método físico de separação dos componentes de uma
mistura, que resultam na separação dos compostos como resultado do
parcionamento (sorção diferencial) entre as duas fases em contato: uma fase
estacionária e a outra que move-se através dela (fase móvel). Devido a fase móvel
59
ser um gás, o método é denominado Cromatografia em Fase Gasosa sendo que,
neste caso, a fase estacionária poderá ser tanto um sólido quanto um líquido
disperso sobre um suporte inerte (Grob, 1995).
A fase estacionária (FE) é acondicionada em um tubo (usualmente vidro ou
metal) denominado coluna, através da qual o gás de arraste (a fase móvel) irá fluir.
A amostra é introduzida na coluna através de um injetor, onde o gás de arraste irá
fluir e carregar a amostra. O componente da amostra cuja afinidade pela fase
estacionária for maior, ficará mais tempo retido do que aquele cuja interação com a
fase estacionária é menor. Conectando-se um detector à saída da coluna, a ordem
de eluição e a eficiência da separação são constatadas através do cromatograma
registrado (Leite, 1998).
Atualmente, a cromatografia a gás é a técnica instrumental mais utilizada para
a separação e determinação de agrotóxicos. Sua popularidade pode ser atribuída a
tempos rápidos de análise, alta seletividade e resolução, boa acurácia e precisão,
grande faixa dinâmica e alta sensitividade. (Santos e Galceran, 2002).
As características fundamentais de um sistema de GC são: retenção /
seletividade, eficiência e resolução (Grob, 1995).
Retenção e Seletividade. Na GC, o parâmetro de retenção é o tempo de
retenção, t
r
. Ele é definido como o tempo transcorrido entre a injeção da amostra e
o máximo do pico cromatográfico. Porém, mesmo que a substância não interagisse
de forma alguma com a FE, o seu tempo de retenção não seria nulo, pois
transcorreria algum tempo entre a sua injeção e a sua passagem pelo detector. Este
tempo corresponde ao tempo que o gás de arraste demora para percorrer a coluna,
e é denominado tempo de retenção do composto não retido (ou tempo morto), t
m
. O
parâmetro que realmente reflete as características físico-químicas de retenção de
um determinado composto é o tempo de retenção descontado do tempo morto,
chamado de tempo de retenção ajustado, t’
r
:
A seletividade, capacidade de um sistema diferenciar dois compostos, é
definida por:
Eficiência. Na CG, a eficiência é expressa pelo número de pratos teóricos
t’
r
= t
r
- t
m
a = t
r2
t
r1
60
(N), que é calculada usando-se um parâmetro de retenção (o t
r
) e a largura do pico
cromatográfico - no caso, a largura de base, w
b
:
A altura equivalente a um prato teórico (H) é calculada por:
sendo L o comprimento da coluna cromatográfica. A dependência de h com a
velocidade da fase móvel (V) é descrita pela equação de van Deemter:
de forma que V = L/ t
m
é a velocidade do gás de arraste. O termo A está
relacionado com o alargamento do pico (reflete o efeito do caminho percorrido), o
termo B com a difusão molecular (longitudinal) do soluto na fase móvel e termo C
com a resistência à transferência de massa entre as duas fases.
Resolução. A resolução entre duas substâncias é a razão entre a diferença
dos tempos de retenção e a média das larguras das bandas. Sendo definida como:
ou, se as larguras dos picos forem próximas como:
As unidades fundamentais de um sistema cromatográfico estão apresentadas
na Figura 7 e descritas a seguir.
Gás de arraste: sua função é levar os constituintes da amostra do ponto de
injeção até o detector, passando pela coluna onde a separação irá ocorrer.
Idealmente, deve apresentar as seguintes características: não interagir com a fase
estacionária nem com os componentes da amostra, ser de baixo custo, ser
adequado ao detector em uso, mas do ponto de vista prático, este conjunto de
N = 16 ( t
r
)
2
(w
b
)
2
H = L
N
H = A + B/V + C.V
R
S
= 2* (t
r2
t
r1
)
w
b1
+ w
b2
R
S
= (t
r2
t
r1
)
w
b1
61
condições não é fácil de ser encontrado. O gás de arraste é usualmente escolhido a
partir da sua compatibilidade com o detector (alguns detectores trabalham melhor
quando se usam determinados gases). Os gases mais empregados são H
2
, He e N
2
e a vazão do gás de arraste deve ser controlada, permanecendo constante durante
a análise.
Injeção: a obtenção de sinais reprodutíveis em cromatografia a gás é
altamente dependente da forma de introduzir-se a amostra na coluna. Idealmente, a
amostra deveria ser injetada instantaneamente, o que não tem sido possível até o
momento com nenhum dos métodos de injeção conhecidos (seringas, válvulas,
injetores automáticos, etc). A escolha apropriada das condições de injeção (tais
como volume da amostra, temperatura do injetor e tipo de injeção) depende do
estado físico da amostra.
Amostras sólidas podem ser dissolvidas em um solvente adequado. O injetor
deve estar aquecido a uma temperatura acima do ponto de ebulição dos
componentes da amostra, para que a amostra se volatilize completa e
instantaneamente e seja carregada para a coluna. Mas, se a temperatura for
excessivamente alta, pode ocorrer decomposição da amostra.
Coluna: é a mais importante parte do sistema cromatográfico, uma vez que é
onde a separação irá ocorrer. A escolha da coluna apropriada para uma dada
separação determina a eficiência de separação e quantificação que podem ser
alcançadas com o sistema GC. Entre os diferentes parâmetros a serem
considerados quando da escolha da coluna, dois devem ser destacados: a fase
estacionária (o suporte e a natureza da fase líquida) e as características do material
onde será acondicionada (comprimento, diâmetro, etc). As dimensões ideais de uma
coluna devem ser determinadas pelo propósito do experimento e a eficiência
desejada na separação (Leite, 1998).
As colunas cromatográficas podem ser classificadas de três formas:
convencionais ou clássicas (diâmetros internos acima de 2mm), semicapilares
(diâmetros internos entre 1 a 0,5 mm) e capilares (diâmetros internos menores que
0,5 mm).
Até o presente momento, a cromatografia a gás capilar é ainda o método mais
freqüentemente empregado para a separação e quantificação de contaminantes
orgânicos halogenados, como PCDDs, PCDFs, PCBs e OCs, em amostras
ambientais (Santos e Galceran, 2002).
62
A seleção da fase estacionária do GC depende da natureza do agrotóxico a
ser separado. Para os OCs, fases estacionárias não-polares, como as DB-1(metil
silicone) ou DB-5 (5% fenilmetilsilicone), são usualmente utilizadas com detecção
GC-ECD e GC-MS (Santos e Galceran, 2002).
Detectores: A função do detector em um sistema cromatográfico é acusar a
presença e medir a quantidade de cada componente no efluente da coluna (Leite,
1998).
Uma diversidade de detectores é utilizada na cromatografia a gás. Alguns
detectores são universais em resposta, enquanto que outros são seletivos ou
específicos, respondendo apenas a uma classe de compostos.
Detectores seletivos são os mais comumente usados na análise de resíduos
de pesticidas. Dentre estes detectores está o amplamente utilizado detector por
captura de elétrons (ECD). O ECD apresenta alta sensitividade (da ordem de ppb),
principalmente para compostos halogenados. Entretanto, o ECD não é
verdadeiramente um detector específico de elemento, pois responde a vários outros
compostos com S, NO
2
e C=O conjugado (Hammarstrand, 1976).
O ECD opera pela ionização do gás carreador por uma fonte radioativa,
separando os elétrons de baixa velocidade. Esta ionização resulta em uma corrente
de “background” (linha de base). Quando os compostos halogenados passam pelo
detector, uma certa quantidade de elétrons livres é capturada, resultando em um
decréscimo da corrente. Este decréscimo é indicado como um sinal transiente (pico)
no registrador. A fonte de radiação utilizada,
63
Ni, oferece várias vantagens, devido a
suas altas temperaturas de operação com menores problemas de contaminação
(Hammarstrand, 1976).
Dentre as diversas características desejáveis de um bom detector, as
principais são: sensibilidade elevada, baixo nível de ruído, resposta eficiente, ampla
faixa de linearidade, menor quantidade mínima detectável possível (Leite, 1998).
Aquisição e Registro de Sinal: Existem vários equipamentos de aquisição e
controle de dados. Os integradores eletrônicos, além de representarem o
cromatograma, permitem ainda o registro dos tempos de retenção, altura e área dos
picos. Atualmente, os integradores foram substituídos por computadores, que com
um “software” e operação adequada, pode fornecer resultados mais confiáveis que
este último.
63
Figura 7: Componentes do Cromatógrafo a Gás; 1. Reservatório de Gás de
Arraste e Controles de Vazão / Pressão, 2. Injetor (Vaporizador) de Amostra, 3.
Coluna Cromatográfica e Forno da Coluna, 4. Detector e 5. Aquisição e Registro de
Sinal (Registrador ou Computador).
2.12 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO
Para garantir que um novo método analítico gere informações confiáveis e
interpretáveis sobre os componentes da amostra, ele deve ser submetido a uma
avaliação denominada de validação.
Validação do método analítico é a confirmação por exame e fornecimento de
evidências de que os requisitos específicos para um determinado uso pretendido
são atendidos (ABNT NBR ISO/IEC 17025, 2001). A validação do método analítico
permite demonstrar que o método é "adequado ao uso" pretendido.
Desta forma, validar em Análise Química é estar com o objetivo voltado para
a confiabilidade analítica do laboratório e do método escolhido ou desenvolvido para
se obter o resultado. Não existe modelo pronto para validação, portanto, deve-se
fazer adaptações, adequando as recomendações às necessidades (Leite, 1998).
No Brasil existem dois orgãos credenciadores para verificar a competência de
laboratórios de ensaios, a ANVISA e o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial).
1
2
3
4
5
64
Com o objetivo de confirmar que os métodos são apropriados para o uso
pretendido, deve-se validar:
Ø métodos não normalizados
Ø métodos criados/desenvolvidos pelo próprio laboratório
Ø métodos normalizados usados fora dos escopos para os quais foram concebidos
Ø ampliações e modificações de métodos normalizados
As características investigadas no processo de validação, a fim de demonstrar
o desempenho do método são: Especificidade e Seletividade; Exatidão e Tendência
(bias); Precisão; Sensibilidade; Limite de detecção e de quantificação; Linearidade;
Faixa de trabalho e Faixa linear de trabalho; Incerteza de medição e Robustez.
2.12.1 ESPECIFICIDADE E SELETIVIDADE
A Especificidade e Seletividade estão relacionadas ao evento da detecção.
Um método que produz resposta para apenas um analito é chamado específico. Um
método que produz respostas para vários analitos, mas que pode distinguir a
resposta de um analito da de outro, é chamada seletivo (INMETRO, 2003).
Assim, a Especificidade do método analítico refere-se à capacidade de medir
com exatidão o analito de interesse em presença de outros componentes ou
interferentes que possam estar presentes na matriz da amostra (de Barro, 2002).
Alguns parâmetros devem ser calculados nos cromatogramas para descrever
a especificidade do método: resolução, retenção relativa (fator de separação), fator
de capacidade (fator de retenção), fator de simetria e número de pratos teóricos.
2.12.2 EXATIDÃO E TENDÊNCIA (BIAS)
A exatidão do método pode ser definida como sendo a concordância entre o
resultado de um ensaio e o valor de referência aceito como convencionalmente
verdadeiro. A tendência pode ser expressa como recuperação analítica (valor
observado/ valor esperado). A determinação da tendência total com relação aos
valores de referência apropriados é importante no estabelecimento da
rastreabilidade aos padrões reconhecidos. (INMETRO, 2003).
65
Processos para avaliar a exatidão de um método: uso de materiais de
referência, participação em programas interlaboratoriais e realização de ensaios de
recuperação de quantidades conhecidas do analito adicionado na matriz limpa da
amostra ou ainda na matriz da amostra.
2.12.2.1 Material de referência certificado (MRC)
Materiais de referência certificados (MRC) devem ser utilizados no processo
de validação de um método de ensaio. Na avaliação da exatidão utilizando um
material de referência, os valores obtidos pelo laboratório média e desvio padrão
devem ser comparados com os valores certificados do material. Para comparação
pode-se utilizar: erro relativo, teste de hipóteses, índice z (z Score) e erro
normalizado.
2.12.3 PRECISÃO
Precisão do método analítico é um termo geral para avaliar a dispersão de
resultados entre ensaios independentes, repetidos de uma mesma amostra
homogênea, amostras semelhantes ou padrões, em condições pré-estabelecidas. É
normalmente determinada para circunstâncias específicas de medição e as duas
formas mais comuns de expressá-la são por meio da repetitividade e da
reprodutibilidade. A precisão é usualmente expressa em termos de desvio padrão ou
desvio padrão relativo (INMETRO, 2003).
2.12.3.1 Recuperação
A recuperação do analito pode ser estimada pela análise de amostras
adicionadas com quantidades conhecidas do mesmo (spike). As amostras devem
ser adicionadas com o analito em pelo menos três diferentes concentrações, por
exemplo, próximo ao limite de detecção, próximo à concentração máxima
permissível e em uma concentração próxima à média da faixa de uso do método
(INMETRO,2003).
Para toda a amostra que recebe tratamento de análise indireta (diluição,
66
extração, concentração, etc), assim como de forma direta (baixa solubilidade,
possibilidades de cristalização, etc) deve ser calculado experimentalmente o erro ou
a perda da espécie durante a análise (Leite, 1998).
Buscar o fator de recuperação é determinar a eficiência do método, ou seja,
garantir que o analito possa ser quantificado na totalidade de sua massa presente na
amostra.
2.12.4 LINEARIDADE
Linearidade é a habilidade de um método analítico em produzir resultados que
sejam diretamente, ou por uma transformação matemática bem definida,
proporcionais à concentração do analito, em uma dada faixa de concentração. A
linearidade é obtida por padronização interna ou externa. A linearidade pode ser
calculada a partir da equação de regressão linear, determinada pelo método dos
mínimos quadrados (INMETRO,2003).
O coeficiente de correlação linear (r) é freqüentemente usado para indicar o
quanto pode ser considerado adequada a reta como modelo matemático. Como os
desvios de linearidade são difíceis de serem detectados visualmente, pode-se
verificar a sua adequação por meio do cálculo dos resíduos entre os valores
medidos e os valores calculados a partir da equação da regressão.
2.12.5 SENSIBILIDADE
Sensibilidade é um parâmetro que demonstra a variação da resposta em
função da variação da concentração do analito. Pode ser expressa pela inclinação
da curva de regressão linear de calibração conforme a equação abaixo e é
determinada simultaneamente aos testes de linearidade. A sensibilidade depende da
natureza do analito e da técnica de detecção utilizada (INMETRO, 2003).
S = dx
dc
67
Onde: S = sensibilidade
dx = variação da resposta
dc = variação da concentração
2.12.6 LIMITE DE DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO
De uma forma geral, o limite de detecção (LD) é a menor concentração do
analito em uma amostra, que pode ser detectada, mas não necessariamente
quantificada, sob determinadas condições experimentais (de Barros, 2002).
O limite de detecção instrumental (LDI) é definido como a concentração do
analito que produz um sinal de três a cinco vezes a razão sinal/ruído. O limite de
detecção do método (LDM) é definido como a concentração mínima de uma
substância medida e declarada com 95 % ou 99 % de confiança de que a
concentração do analito é maior que zero. O LDM pode variar com o tipo de amostra
(INMETRO, 2003).
Limite de quantificação (LQ) do método analítico é a menor concentração do
analito que pode ser determinada com um nível aceitável de precisão e exatidão,
sob determinadas condições experimentais. Pode ser considerado como sendo a
concentração do analito correspondente ao valor da média do branco mais 5,6 ou 10
desvios padrões (INMETRO, 2003).
Fatores que devem ser levados em consideração na definição dos limites de
detecção são: ruído do equipamento, efeitos de matriz e interferentes e a
variabilidade nos processos de extração. (Corley, 2002).
2.12.7 FAIXA DE TRABALHO E FAIXA LINEAR DE TRABALHO
Para qualquer método quantitativo, existe uma faixa de concentrações do
analito ou valores da propriedade no qual o método pode ser aplicado.
No limite inferior da faixa de concentração, os fatores limitantes são os
valores dos limites de detecção e de quantificação. No limite superior, os fatores
limitantes dependem do sistema de resposta do equipamento de medição
(INMETRO, 2003).
Dentro da faixa de trabalho pode existir uma faixa de resposta linear de um
68
detector, que é a faixa de níveis/ concentrações de uma substância na qual a
resposta do detector é constante dentro de uma variação especificada (±5%). O
limite mais baixo da linearidade é o LQ (de Barros, 2002).
Faixa de trabalho linear do método analítico é validada verificando se o
método fornece precisão, exatidão e linearidade aceitáveis quando aplicado a
amostras contendo analito nos extremos da faixa e dentro da mesma (de Barros,
2002).
2.12.8 INCERTEZA DE MEDIÇÃO
Os estudos de validação produzem dados de desempenho global do método
e fatores de influência individuais que podem ser aplicados à estimativa da incerteza
da medição associada aos resultados do método em rotina (INMETRO, 2003).
2.12.9 ROBUSTEZ
A robustez de um método de ensaio mede a sensibilidade que este apresenta
em face de pequenas variações. Um método diz-se robusto se revelar praticamente
insensível a pequenas variações que possam ocorrer quando esse está sendo
executado (INMETRO, 2003).
Esta deve ser investigada na etapa de desenvolvimento do método e
normalmente é feita avaliando os parâmetros do método, simultaneamente,
aplicando técnica estatística de planejamento de experimento (de Barros, 2002).
Com os dados obtidos dos efeitos destes parâmetros nos resultados, pode-se
delimitar a faixa aceitável de valores a ser incluída no método final.
69
3. JUSTIFICATIVA
A Mata Atlântica na Região Serrana do Rio de Janeiro está sujeita a forte
pressão em decorrência da expansão agrícola, do turismo e da urbanização. O
desmatamento, as técnicas agrícolas inadequadas, o mau uso dos recursos hídricos
e o emprego de agroquímicos levam à contaminação de corpos hídricos e do solo. A
química ambiental e a ecotoxicologia dos poluentes orgânicos são objeto de
preocupação em função dos efeitos adversos que eles causam ao meio ambiente.
Embora a Mata Atlântica seja conhecida por sua biodiversidade, a contaminação de
seus ecossistemas e os efeitos sobre a qualidade de seus meios abióticos,
principalmente em decorrência de agroquímicos, não foram ainda estudados.
A deficiência na literatura de estudos extensivos sobre agrotóxicos e seus
comportamentos no ambiente, além de dados escassos disponíveis na literatura
internacional referentes a estudos realizados em áreas tropicais, sugerem a
necessidade de elaboração de investigações que levem em conta o clima tropical
como fator influente e preponderante na gênese dos diversos tipos de solos
existentes no Brasil (De Assumpção, 2000).
O controle em áreas de preservação permanente se justifica, uma vez que há
evidências comprovadas da circulação global de poluentes organoclorados
persistentes.
As principais repercussões que se espera dos resultados obtidos estão
relacionadas ao levantamento de dados primários que são bastante escassos no
Brasil e futuramente à possibilidade de usá-los como ferramenta auxiliar em políticas
de gestão ambiental.
70
4. OBJETIVOS
O objetivo principal deste trabalho foi a implementação, comparação e
validação de técnicas e métodos de análise para identificação e quantificação de
agrotóxicos organoclorados persistentes em solos de fragmentos da Mata Atlântica.
Este trabalho teve como objetivos específicos:
a) Implementar e validar uma rotina analítica para a extração, “cleanup” /
clarificação e análise cromatográfica de poluentes organoclorados em
solos, utilizando como base os métodos da US-EPA.
b) Analisar padrões certificados, amostras e materiais de referência
certificados utilizando-se a técnica de GC/ECD para identificação e
quantificação dos analitos de interesse.
c) Comparar a eficiência dos métodos de extração por Soxhlet, extração
assistida por ultrasom e extração assistida por radiação de microondas,
utilizados para extração de poluentes orgânicos persistentes.
71
5. MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 ÁREA DE ESTUDO
O Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) foi criado em 1939 com
objetivo de preservar a Mata Atlântica local. A 80 km da cidade do Rio de Janeiro,
este fragmento de floresta tropical conserva exuberante cobertura vegetal e a
ocorrência de diversas espécies endêmicas e fauna silvestre. Sua área
(coordenadas S 22° 25‘ 22° 32‘; W 42° 59‘ 43° 07‘ e altitude de 400 2.200 m
acima do nível do mar) estende-se por quatro municípios do Estado do Rio de
Janeiro (Magé, Petrópolis, Teresópolis e Guapimirim). Situado na Serra do Mar,
onde se insere a Serra dos Órgãos, em área de vertentes muito íngremes, em zona
de elevados índices pluviométricos é caracterizado por falhamentos abruptos e vales
encaixados de forte gradiente, o que proporciona rios encachoeirados, mas também,
muito perigo de movimentos de terra, se a vegetação não estiver exercendo o seu
papel protetor deste solo instável. Por essas características, seus espaços abertos
ao público são restritos e permanentemente monitorados.
O Decreto Lei n° 1822 de 30 de novembro de 1939 (Brasil, 1939) que o criou,
não definia seus limites. No final do ano de 1983, teve início o levantamento visando
definir seus limites e conseqüente efetivação do Parque. O Decreto Lei n° 90.023, de
02 de agosto de 1984, definiu os limites oficiais do Parque, no entanto, algumas
comunidades agrícolas ali assentadas, constituem grave ameaça ao ecossistema
local (Brasil, 1984).
Depois da Floresta Amazônica, a Mata Atlântica é a segunda maior floresta
tropical úmida do Brasil. Um pequeno remanescente dessa vegetação preserva um
alto nível de biodiversidade, um dos maiores do planeta, abrigando um grande
número de espécies ameaçadas de extinção. O Rio de Janeiro foi o estado
originalmente com a maior cobertura da Mata Atlântica. Em 1500, 97% de sua área
eram cobertos pela mata nativa. Segundo o Atlas dos Remanescentes Florestais da
Mata Atlântica, só restam 17% (750mil hectares) do território fluminense cobertos
pela Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica, 2005).
A Mata Atlântica é hoje inexistente ao Norte, Noroeste e na Baixada
Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, mas ainda se mantém abundante nas
72
áreas de relevo acidentado, como a Região Serrana.
O Município de Teresópolis é uma área de residências de veraneio de alguns
segmentos da classe média carioca. Porém, as atividades no setor agropecuário
cresceram substancialmente na década de 80, transformando a cidade num centro
regional importante de abastecimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro,
principalmente na região do Planalto da Região Serrana do Rio de Janeiro no eixo
da rodovia RJ-130 (Teresópolis- Nova Friburgo), Bacia Hidrográfica do Rio Preto. A
população de Teresópolis, segundo estimativas da população residentes em
01/07/2004, é de 146.994 habitantes, sendo 22.883 na área rural segundo Censo
2000 (www.ibge.gov.br/cidades). Essa área produz hortaliças, em regime de
agricultura familiar e atualmente é o centro das mais modernas fazendas de criação
de cavalos de corrida e de salto. No setor de serviços, a hotelaria de lazer também
apresentou um grande crescimento.
Nesta área do PARNASO encontram-se importantes fragmentos florestais em
diferentes estados de sucessão que abrigam nascentes de rios. Os locais de
amostragem (Figura 8) foram selecionados em sintonia com as pesquisas sobre a
qualidade ambiental dos meios abióticos no âmbito do Projeto Ecologia e
Conservação da Biodiversidade em Áreas Agrícolas no Domínio da Mata Atlântica,
Rio de Janeiro”, sub-projeto Monitoramento e Avaliação do Impacto Ambiental
Decorrente da Atividade Agrícola”.
73
Figura 8: Localização da região de estudo e dos locais de amostragem do Parque Nacional da Serra dos Órgãos
T4
PN
TPS
74
5.2 PLANEJAMENTO E COLETA DAS AMOSTRAS
Foram realizadas duas campanhas para a coleta de amostras de solo em
parcelas de estudo (trechos de área selecionados) do PARNASO. A área de estudo
compreende uma área de 11.800 ha., com coordenadas centrais S 22°33’ 45” e W
42°56’15”. No mês de agosto de 2004 foram realizadas amostragens em dois
pontos: no Transecto 4 (coordenadas S 22°27’06.6” e W 43°00’43.0” e H 1540m) e
na Trilha da Pedra do Sino (coordenadas S 22° 27' 23" e W 43° 00' 15") e no mês de
novembro de 2004 foram coletadas amostras de solo na Bacia do Rio Paquequer
(coordenadas S 22° 27’ 24,0’’, W 42° 59’ 47,8’’, c.a. 1170 m acima do nível do mar).
A parcela em questão tem a dimensão de 1 hectare (100 x 100 m) e está subdividida
em áreas menores de 20 x 20 m. Para esta área foi elaborado um plano de
amostragem nas subparcelas demarcadas em amarelo, como mostra a Figura 9.
Segundo a norma da ABNT NBR 10007:2004, a área onde o resíduo estiver
acumulado deve ser dividida em quadrículas imaginárias; e de cada quadrícula
deve-se retirar uma amostra representativa da área contaminada.
Para a amostragem representativa da parcela foram coletados 4 amostras
simples, em cada subparcela, formando uma amostra composta. As amostras foram
coletadas com trado, de 0-20 cm (Figura 10), homogeneizadas, quarteadas e uma
parte submetida à análise.
Também foram analisadas amostras de solo de fragmentos florestais da
Micro-Bacia do Córrego Sujo, contribuinte do Rio Preto, área de intensa atividade
agrícola, nos locais conhecidos como Floresta Japonês (Figura 11) e Fazenda São
Luiz (Figura 12).
Figura 9. Plano de Amostragem nas Subparcelas da Bacia do Rio Paquequer
segundo ABNT NBR 10007:2004.
D
H
L
P
T
C
B
A
G
F
E
K
J
O
N
M
S
R
Q
75
Figura 10. Amostragem no PARNASO: amostras de 0 - 20 cm de solo.
Figura 11. Área de amostragem na Floresta Japonês (micro Bacia do Córrego
Sujo).
76
Figura 12. Área de amostragem na Fazenda São Luiz (micro Bacia do Córrego
Sujo).
Os solos foram acondicionados em sacos de polietileno, devidamente
rotulados, transportados para o laboratório de análises (INT/DIMA) e refrigerados em
congelador a 18°C ± 2°C até o momento da análise.
5.3 MÉTODOS ANALÍTICOS
5.3.1 LAVAGEM E DESCONTAMINAÇÃO DE VIDRARIAS
Um dos aspectos fundamentais para a determinação de resíduos de
pesticidas é a garantia de utilização de vidrarias limpas. A presença de sinais no
cromatograma devido à contaminação pode acarretar em falsos positivos ou
mascarar o sinal do composto de interesse levando a uma interpretação errônea do
caso em estudo.
A vidraria manipulada durante o procedimento analítico foi lavada com
detergente alcalino, EXTRAN
®
(Merck), a 10% em banho de ultrasom (Ultrasonic
77
Cleaner 1440D, Odontobrás LTDA) por 15 minutos e em seguida lavada com água
corrente, água destilada e após seco, rinsadas com solvente diclorometano e
hexano grau pesticida.
5.3.2 PRÉ-TRATAMENTO DAS AMOSTRAS
Seguindo o procedimento da US-EPA, todas as amostras do solo foram secas
a temperatura ambiente (em torno de 30 ± 5 ºC) por 48 horas em bandeja de
alumínio lavada com solvente hexano grau pesticida. Após secagem, fragmentos de
folhas, galhos e rocha foram retirados e, em seguida, as amostras foram
homogeneizadas, trituradas e maceradas mecanicamente e tamizadas em peneiras
de 20 mesh (malha de 0,84 mm) e 115 mesh (malha de 125 µm).
Para a análise elementar de carbono total, orgânico, hidrogênio e nitrogênio
das amostras de solos foi utilizado o equipamento Analisador Elementar Automático,
Perkin Elmer modelo: 2400 Série II.
Foram determinados o teor de umidade presente na amostra de solo
(umidade real) após esta ter sido submetida à 105 110°C em estufa por 24 horas,
e também a umidade residual contida na amostra de solo depois de preparada e
seca ao ar ou em estufa a 35 40 °C, seguindo-se o procedimento recomendado
pela Embrapa Solos (Embrapa, 1997).
5.3.3 FRAÇÕES GRANULOMÉTRICAS DO SOLO
Segundo a Embrapa (1997), as frações granulométricas que compõe a terra
fina do solo são: areia grossa (2,00 - 0,2 mm), areia fina (0,2 0,05 mm), silte (0,05
0,002 mm) e argila (< 0,002 mm). A fração abaixo de 1,0 mm é a mais utilizada
nos procedimentos de extração de agrotóxicos organoclorados em solos, como
recomendado pela US-EPA. Esta fração permite uma melhor homogeneização da
amostra de solo e conseqüentemente, conduz a resultados analíticos com menor
variabilidade (De Assumpção, 2000). Inicialmente trabalhou-se com uma peneira de
20 mesh (malha de 0,84 mm). Mas sabendo-se que maiores teores de matéria
orgânica, na qual estão adsorvidos os analitos organoclorados, estão nas frações
silte e argila (Da Rocha, 2003), optou-se pelo uso de uma peneira de 115 mesh
78
(malha de 125 µm), que incluiria estas frações e forneceria uma maior
homogeneidade das amostras.
5.3.4 PADRÕES E REAGENTES
Os compostos organoclorados selecionados neste trabalho estão listados na
Tabela 3, juntamente com seus respectivos números de identificação (CAS), graus
de pureza e prazos de validade.
Foram preparadas soluções estoque de cada agrotóxico (a-HCH, ß-HCH,
lindano, alacloro, heptacloro, metolacloro, aldrin, dieldrin, endrin, alfa e beta
endosulfan, 4,4’ DDT, 4,4’ DDD, 4,4’ DDE, 2,4’ DDT , 2,4’ DDD e 2,4’ DDE) na
concentração de 1 mg/L, em acetona grau pesticida a partir dos padrões certificados
(pureza = 96 %) do Laboratório Dr. Ehrenstorfer-Schäfers, Alemanha. A partir desta
solução foram preparadas soluções de trabalho para o preparo de soluções
multicomponentes, de todos os analitos de interesse, em diversas concentrações em
hexano, para construção das curvas de calibração e para fortificar as amostras
(testes de recuperação). Os solventes hexano, acetona, diclorometano e metanol
utilizados foram adquiridos da TEDIA e da Omnisol, todos de grau resíduo de
pesticida.
O padrão de controle ou “surrogate
2
utilizado foi a mistura Tetracloro-m xileno
e Decacloro-bifenil (200 µg/mL de cada componente em acetona) certificado pelo
Laboratório Dr. Ehrenstorfer-Schäfers da Alemanha. Foi preparada uma solução
estoque na concentração de 2 µg/mL e a partir desta uma solução de trabalho de 0,1
µg/mL, da mesma ordem de grandeza dos agrotóxicos determinados.
2
“Surrogate” ou padrão de controle: Da mesma forma que o padrão interno, é um composto orgânico incomum
na natureza ou na amostra em análise, mas a química e fisicamente semelhante aos analitos. O “surrogate” não é usado
como referência para os cálculos, ele é adicionado no início de procedimentos analíticos complexos (geralmente com
extrações) e seu resultado serve como indicativo da eficiência (ou de perdas) destes processos.
79
Tabela 3: Compostos organoclorados selecionados e seus números de CAS,
graus de pureza e prazos de validade.
Compostos Organoclorados N° CAS
Grau de
Pureza
Validade
a-HCH
319-84-6 97,5 10/2003
ß-HCH
319-85-7 98 11/2004
LINDANO
58-89-9 98,5 07/2006
ALACLOR
15972-60-8 99 03/2004
HEPTACLORO
76-44-8 98,5 12/2004
METOLACLORO
51218-45-2 98 06/2005
ALDRIN
309-00-2 96 04/2005
2,4’ DDE
3424-82-6 97,5 06/2004
α-ENDOSULFAN
959-98-8 97 11/2005
4,4’ DDE
72-55-9 99 06/2004
DIELDRIN
60-57-1 98 05/2004
2,4’ DDD
53-19-0 99,5 04/2006
ENDRIN
72-20-8 99 04/2005
β-ENDOSULFAN
33213-65-9 98,5 01/2005
4,4’ DDD
72-54-8 97,5 04/2005
2,4’ DDT
789-02-6 98 08/2004
4,4’ DDT
50-29-3 98,5 04/2005
(THE MERCK INDEX, 1996)
5.4 MÉTODOS MULTIRESÍDUOS DE DETERMINAÇÃO DE POLUENTES
ORGANOCLORADOS EM SOLOS
5.4.1 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO
5.4.1.1 Extração por Soxhlet
Foram utilizados cartuchos de extração de celulose (33 x 80 mm) da
Schleicher & Schuell, Filtration Life Diagnostic Components.
80
Todo o material utilizado na extração (cartuchos, algodão ou lã de vidro,
pérolas de vidro e sulfato de sódio anidro) foi previamente descontaminado com a
mistura de solventes hexano-acetona 1:1 no extrator Soxhlet por 12 horas.
A extração Soxhlet das amostras de solos foi realizada conforme o
procedimento da US-EPA método 3540 C (EPA, 1996) descrito nas etapas abaixo:
1. Misturar 10 g de amostra sólida com 10 g de sulfato de sódio anidro e colocar
no cartucho de extração;
2. Adicionar 1,0 mL de solução de padrão de controle (“surrogate”) e cobrir com
algodão ou lã de vidro para evitar a dispersão da amostra;
3. Introduzir o cartucho no extrator com auxílio de uma pinça e sobre ele
adicionar 300 mL de solvente de extração em um balão de 500 mL com cinco
ou seis pérolas de vidros. Acoplar o balão e extrair por 12 horas. A mistura
acetona-hexano 1:1 usada como solvente de extração;
4. Permitir que a mistura esfrie após a extração ser completada;
5. Concentrar o extrato em evaporador rotativo até aproximadamente 5 mL;
6. Proceder à troca de solvente para hexano quando clarificação em coluna de
Florisil e para metanol no caso da extração em fase sólida (SPE);
7. Percolar quantitativamente o extrato pela coluna de clarificação;
8. Estocar o extrato sob refrigeração para posterior análise cromatográfica.
5.4.1.2 Extração Assistida por Ultrasom
O equipamento de ultrasom utilizado foi da Fisher Scientific Sonic
Dismembrator Model 500, que apresenta uma potência máxima de 400 watts e está
equipado com sonda de ½ pol. e controles digitais. O procedimento da US-EPA
método 3550 C (EPA, 2000b) adotado para a extração das amostras de solos para
resíduos de agrotóxicos foi utilizado, sendo descrito nas etapas abaixo:
1. Pesar aproximadamente 30 g de amostra em um béquer de 400 mL;
81
2. Adicionar 1,0 mL de uma solução de padrão de controle (“surrogate”) nas
amostras;
3. Adicionar imediatamente 100 mL da mistura de acetona-hexano 1:1 usada
como solvente de extração;
4. Posicionar a extremidade da sonda abaixo da superfície do solvente, mas
acima da camada de solo;
5. Sonicar por 3 minutos com potência de 200 W (50 % de amplitude), no modo
de pulso (10 s) e ciclo de trabalho de 50% (energia ligada 50% e desligada
50%);
6. Centrifugar à baixa velocidade, separar o sobrenadante e transferir para um
balão de 500 mL;
7. Repetir a extração mais duas vezes utilizando 100 mL de solvente a cada
extração. Acrescentar os sobrenadantes ao balão contendo o primeiro extrato;
8. Concentrar o extrato no evaporador rotativo até aproximadamente 5 mL;
9. Proceder à troca de solvente para hexano quando o “cleanup” for em coluna
de Florisil e para metanol no caso da extração em fase sólida (SPE).
10. Percolar quantitativamente o extrato pela coluna de clarificação;
11. Estocar o extrato sob refrigeração para posterior análise cromatográfica.
5.4.1.3 Extração Assistida por Radiação de Microondas
O equipamento de microondas utilizado foi o MARS5 (modo de digestão) da
CEM Corporation. O MARS5 permite que até 14 vasos de extração sejam irradiados
simultaneamente. Em adição, outras características incluem a função de monitorar a
pressão e temperatura. A energia de microondas liberada é de 1200 W a 100% de
potência e uma freqüência de 2450 MHz. A pressão e temperatura são
continuamente medidas e monitoradas em um vaso de controle. Todos os vasos de
amostras estão seguros em um carrossel que está localizado dentro da cavidade do
forno de microondas. Cada vaso tem um corpo do vaso e um tubo interno. Este tubo
é feito de TFM (fluorpolímero) e tem volume de 100 mL. Um sistema de segurança
82
(membrana) permite aliviar o excesso de pressão dentro de cada vaso. Se houver
vazamento de solvente do vaso de extração, o ventilador de exaustão permite sua
dissipação para fora do sistema.
A quantidade de amostra indicada para a extração está na faixa de 2-20 g.
De acordo com o procedimento da US-EPA método 3546 (EPA, 2000a), a extração
assistida com microondas foi realizada nas seguintes etapas:
1. Pesar aproximadamente 5 g de amostra e transferir para o vaso de extração;
2. Adicionar 1,0 mL de solução de padrão de controle (“surrogate”) nas
amostras;
3. Adicionar aproximadamente 25 mL do solvente de extração acetona-hexano
1:1 no vaso e selar;
4. Irradiar os vasos nas seguintes condições: Temperatura = 100 -115°C;
Pressão = 5 -150 psi; Tempo = 10 -20 minutos;
5. Permitir que os extratos esfriem a temperatura ambiente;
6. Filtrar/centrifugar para separar o extrato e rinsar os vasos com o mesmo
solvente;
7. Concentrar o extrato no evaporador rotativo até aproximadamente 5 mL;
8. Proceder a troca de solvente para hexano quando o “cleanup” for em coluna
de Florisil e para metanol no caso da extração em fase sólida (SPE);
9. Percolar quantitativamente o extrato pela coluna de clarificação;
10. Estocar o extrato sob refrigeração pela posterior análise cromatográfica.
A temperatura adotada foi de 110°C e a rampa de aquecimento utilizada na
extração foi de 10 minutos para chegar em 110°C, ficando nesta temperatura por
mais 10 minutos (Tabela 4). A potência utilizada foi de 840 W (70% da potência
máxima) com o controle de pressão máxima em 150 psi.
83
Tabela 4. Programa de aquecimento adotado na extração assistida por
radiação de microondas.
RAMPA Temperatura (°C) Tempo (min.)
8ºC/min 110°C 10
- 110°C 10
5.4.2 CLARIFICAÇÃO/ “CLEANUP” DO EXTRATO
5.4.2.1 Extração em Fase Sólida (SPE) com discos C
18
Após a extração das amostras foi realizada a clarificação/cleanup” dos
extratos para a remoção de interferentes e co-extrativos presentes no extrato obtido,
antes da análise cromatográfica.
Para a extração em fase sólida (SPE) foram utilizados discos de Octadecil
(C
18
), 500 mg, poros de 0,45 µm, 47mm de diâmetro, da Marca da J. T. Baker,
utilizando o conjunto de filtração a vácuo. Foi utilizada água grau reagente (ultra-
pura) produzida por fase reversa em purificador Ultra Pure Water USF Elga a 18,5
M? cm
-1
.
De acordo com o procedimento da US-EPA método 3535 A (EPA,1998a) para
extração em fase sólida, o extrato é percolado através de uma membrana de PTFE
(politetraflúoretileno) impregnada comlica modificada com octadecil C
18
. Os
resíduos de pesticidas retidos são adsorvidos pela fase orgânica da membrana
extratora e posteriormente eluídos com um solvente orgânico apropriado. Este
procedimento pode ser resumido em 5 etapas: descontaminação do conjunto de
extração e disco, condicionamento do disco, regeneração da estrutura da
membrana, extração e eluição, que estão descritas nos itens abaixo.
1. Descontaminação do Conjunto de Extração e Disco
1
ª
Etapa: adicionar 20 mL de Diclorometano ao reservatório,
deixando em contato com o disco por 1 minuto, sem vácuo.
Em seguida ligar o vácuo e drenar o solvente.
84
2
ª
Etapa: adicionar 10 mL de acetona ao reservatório, deixando em
contato com o disco por 1 minuto, sem vácuo. Em seguida
ligar o vácuo e drenar o solvente. Repetir esta etapa.
2. Condicionamento do Disco
Adicionar 10 mL de metanol ao reservatório.
Ligar o vácuo e deixar passar uma pequena quantidade do
solvente através do disco.
Desligar o vácuo e deixar o solvente em contato com o disco por 5
minutos.
Ligar o vácuo por 1 minuto e desligar.
Adicionar mais 10 mL de metanol ao reservatório, deixar o
solvente em contato com o disco por 5 minutos, sem deixar secar.
Ligar o vácuo e drenar o solvente deixando uma película de cerca
de 3 mm de metanol.
3. Regeneração da Estrutura da Membrana
Adicionar 20 mL de água ultra-pura. Ligar o vácuo e deixar passar o solvente,
novamente permanecendo 3-5mm da água na superfície do disco.
4. Extração
Adicionar 50 mL de água ultra-pura no frasco contendo o extrato e transferir
para o reservatório do conjunto de extração e, sob vácuo, a uma velocidade de
cerca de 100 ml/min, percolar toda a amostra. Repetir esta etapa com mais 50 mL
de água ultra-pura.
Após toda a amostra ser percolada, remover toda a água do kitassato e deixar
o conjunto sob vácuo por pelo menos 30 minutos para a completa secagem do
disco.
5. Eluição
Inserir o tubo coletor no kitassato. Adicionar 5 mL de acetona ao filtro, sem
85
vácuo e deixar em contato com o disco por 15-20 segundos. Ligar o vácuo o
suficiente para deixar passar algumas gotas do solvente. Adicionar 10 mL de
diclorometano ao disco, ligar o vácuo o suficiente para passar a metade do volume
de solvente através do disco e desligar a bomba. Aguardar 1 minuto e passar o
restante do solvente, com velocidade moderada sem deixar o disco secar.
Rinsar o frasco de amostragem com 5 mL de diclorometano e proceder como
anteriormente.
Adicionar 5 mL de diclorometano diretamente ao reservatório de filtração,
rinsando as paredes com auxilio de uma pipeta, esperar 1 minuto e, então, ligar o
vácuo drenando todo o solvente.
Após a eluição, adicionar sulfato de sódio anidro previamente
descontaminado para absorção de vestígios de água. Em seguida, concentrar o
extrato final a aproximadamente a 1 mL em evaporador rotativo a vácuo, em banho-
maria com temperatura máxima de 40
o
C, sendo realizado a troca de solvente para
hexano. O concentrado foi transferido quantitativamente para um balão volumétrico
de 5 mL, que foi aferido com hexano.
5.4.2.2 Extração em Fase Sólida com Coluna de Florisil
Neste trabalho foram adotadas duas metodologias diferentes de clarificação
com Florisil. São elas a do Departamento de Alimentos e Agricultura da Califórnia
(California, 1987) e a do método 3620 C da US-EPA (EPA, 2000c). Nesta etapa foi
utilizado Florisil 100 200 U.S. mesh da BHD Limited Poole England (Prod. 15026,
Lote 2455750L) e sulfato de sódio anidro PA da Merck, Alemanha (Lote TA536749)
e da Spectrum (Lote SM1220). Em ambos os casos foi realizada a ativação do florisil
a 675°C por 4 horas e a descontaminação do sulfato de sódio para a análise de
resíduos de agrotóxicos.
No primeiro caso foi realizada uma ativação prévia do Florisil à 130°C por 2
horas. Utilizou-se uma coluna de vidro de aproximadamente 1,0 cm de diâmetro
interno x 28,0 cm de comprimento e adicionou-se 3,5 cm de florisil e 1,0 cm de
sulfato de sódio anidro ao topo. Com a coluna já pronta, seguiram-se as seguintes
86
etapas:
1. Ativar a coluna de florisil com 5 mL de solução de acetona 10% em hexano
deixando eluir o solvente até 1cm acima da camada de florisil e adicionar
mais 5 mL de hexano. Descartar os solventes de lavagem;
2. Aplicar o extrato (em torno de 1- 5mL) na coluna;
3. Adicionar na coluna 5 mL da solução de acetona 10% em hexano. Receber o
extrato em um frasco de 50 mL;
4. Enxaguar o béquer que continha o extrato com 5 mL da solução de acetona
10% em hexano e adicionar à coluna;
5. Deixar eluir e adicionar mais 5 mL da solução de acetona 10% em hexano.
6. Concentrar no evaporador rotativo a aproximadamente 1 mL e transferir
quantitativamente com hexano para balão de 5 mL;
7. Realizar a análise cromatográfica no GC/ECD.
No segundo caso foi realizada uma ativação prévia do Florisil à 130°C de um
dia para outro, utilizou-se uma coluna de vidro de aproximadamente 1,0 cm de
diâmetro e aproximadamente 50 cm de comprimento e adicionou-se 20 g de florisil e
de 1,0 a 2,0 cm de sulfato de sódio anidro ao topo. O procedimento da US-EPA
segue as seguintes etapas:
1. Pré-eluir a coluna com 60 mL de hexano e descartar o eluente;
2. Antes da exposição do sulfato de sódio ao ar, transferir quantitativamente 10
mL do extrato para a coluna completando a transferência com 2 lavagens de
1-2 mL de hexano;
3. Eluir com 200 mL de éter etílico/hexano (6/94,v/v), recebendo o extrato em
um balão de 500 mL. Este balão contém a fração 1 (ver Tabela 5) e todos os
haloéteres. Remover o balão para futura concentração;
4. Eluir com 200 mL de éter etílico/hexano (15/85,v/v), recolhendo o extrato em
um outro balão. Esta é a fração 2 ( ver Tabela 5);
5. A última eluição é realizada com 200 mL de éter etílico/hexano (50/50,v/v).
87
Esta é a fração 3 ( ver Tabela 5);
6. Concentrar no evaporador rotativo a aproximadamente 1 mL e reunir as 3
frações em um mesmo recipiente;
7. Proceder a troca de solvente e transferência quantitativa do eluato com
hexano para balão de 5 mL;
8. Realizar a análise cromatográfica no GC/ECD.
Tabela 5. Distribuição de agrotóxicos organoclorados nas frações obtidas
após a extração em fase sólida em Coluna Florisil, pelo método da US-EPA.
Percentagens nas Frações Compostos
1 2 3
Aldrin 100
α- HCH
100
β- HCH
97
δ - HCH
98
γ - HCH
100
Clordano 100
4,4’ DDD 99
4,4’ DDE 98
4,4’ DDT 100
Dieldrin 0 100
Endosulfan I 37 64
Endosulfan II 0 7 91
Endosulfan sulfato 0 0 106
Endrin 4 96
Endrin aldeído 0 68 26
Heptacloro 100
Heptacloro epóxido 100
(Fonte: EPA, 2000c)
88
5.4.3 ANÁLISE CROMATOGRÁFICA
O método para determinar a concentração de multiresíduos organoclorados
em extratos de matrizes sólidas foi baseado no método 8081 B da US-EPA (EPA,
1998b), que quantifica os analitos de interesse por cromatografia em fase gasosa
com detector de captura de elétrons (GC/ECD).
O método proposto contempla a determinação de 17 organoclorados,
substâncias passíveis de monitoramento citadas na Resolução CONAMA 357/2005,
dentre eles: isômeros do HCH (a-HCH, ß-HCH e Lindano [d-HCH] ), alacloro,
heptacloro, metolacloro, aldrin, dieldrin, endrin, alfa e beta endosulfan, DDTs e seus
isômeros (4,4 DDT, 4,4 DDD, 4,4 DDE, 2,4 DDT , 2,4 DDD e 2,4 DDE).
Os padrões certificados, solubilizados em hexano grau resíduo de pesticida
foram diluídos adequadamente para obtenção de soluções de diferentes
concentrações, analisados por CG/ECD, para a construção das curvas de
calibração.
Após proceder à evaporação do solvente das amostras com e sem fortificação
obtidas no item 5.4 e 5.5.2, respectivamente, transferiu-se quantitativamente os
extratos com hexano para um balão de 5 mL.
Após a transferência, foram determinados os analitos de interesse por
CG/ECD, e confirmados pela troca de coluna por uma de diferente polaridade (DB-
17) e por GC/MS.
De forma a garantir a qualidade do processo analítico foram analisados um
branco, para verificar possíveis contaminações de solventes e vidrarias, e a curva de
calibração foi revalidada após a análise de 20 amostras, não apresentando
variações.
5.4.3.1 Condições Cromatográficas
As amostras foram analisadas por GC/ECD de acordo com as condições
descritas na Tabela 6.
O equipamento utilizado foi um cromatógrafo a gás Shimadzu, modelo 17 A,
inicialmente com amostrador manual e posteriormente com amostrador automático
modelo AOC 20i, equipado com detector de captura de elétrons (Figura 13). Foram
89
utilizados nitrogênio e hidrogênio ultra-puros para ECD (gases especiais fornecidos
pela White Martins e AGA).
A coluna (5% fenil)-metilpolisiloxano (DB-5) foi utilizada na determinação por
GC-ECD dos organoclorados (OCs) em estudo, devido a sua boa resolução e bons
tempos de retenção para os OCs. Para confirmação dos analitos, foi utilizada uma
coluna de diferente polaridade, a DB-17.
Os resultados foram processados na Workstation da HP 6890 Plus DC
Versão A.03.07 para quantificação das amostras e determinação de LD e LQ
(através do cálculo da relação sinal/ruído) e na Workstation do GC 17 A da
Shimadzu para o cálculo das áreas. Para os estudos estatísticos dos resultados
experimentais foi utilizado o software Excel 2002 para Windows.
O método cromatográfico proposto para a determinação de multiresíduos
organoclorados mostrou-se adequado para os dezessete analitos estudados. Os
analitos de interesse foram identificados segundo os tempos de retenção
previamente estabelecidos e que estão descritos na Tabela 7 para injeção manual e
injeção automática.
Figura 13. Cromatógrafo a gás Shimadzu, modelo 17 A, com detector ECD e
injetor automático AOC 20i
90
Tabela 6. Condições cromatográficas utilizadas para a determinação dos
agrotóxicos organoclorados.
Analito Organoclorados
Coluna DB-5 (J&W), 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm
Gás de arraste Hidrogênio
Vazão na coluna 2 mL/min
Pressão na coluna 98 kPa (manual) e 85 kPa (automático)
Gás make up Nitrogênio
Vazão total 45 mL/min
Temperatura do injetor 280 ºC
Detector ECD
Temperatura do detector 320 ºC
Temperatura inicial 75 ºC (1 min.)
Programa de temperatura
do forno
75-210 ºC (50 ºC/min); 210-
216 ºC (0,7
ºC/min); 216-280 (21 ºC/min)
Tempo de corrida
17 minutos
Temperatura final 280 ºC (2,2 min.)
Volume de injeção 1 µL (manual ou automático)
Modo de injeção Splitless (razão 1:20)
91
Tabela 7. Tempo de retenção dos agrotóxicos organoclorados de interesse
utilizando as condições apresentadas na Tabela 6.
Compostos
Organoclorados
Tempo de retenção (T
R
)
(Injeção manual)
Tempo de retenção (T
R
)
(Injeção automática)
a- HCH - 5,60
ß -HCH - 5,90
Lindano 5,75 6,02
Alaclor 6,64 7,06
Heptacloro 6,74 7,21
Metolacloro 7,28 7,86
Aldrin 7,40 7,98
2,4 DDE 8,96 9,80
a-Endosulfan 9,25 10,16
4,4 DDE 9,94 10,96
Dieldrin 10,07 11,14
2,4 DDD 10,29 11,33
Endrin 10,88 12,07
ß-Endosulfan 11,23 12,45
4,4 DDD 11,57 12,76
2,4 DDT 11,74 12,90
4,4 DDT 13,12 13,91
5.5 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO
O método cromatográfico empregado neste trabalho para determinação de
traços de agrotóxicos organoclorados foi validado de acordo com as etapas
esquematizadas na Figura 14. A execução destas etapas tem o objetivo de
assegurar confiabilidade às medidas obtidas, sendo fundamental para que o método
ora proposto possa ser aplicado com credibilidade.
A seleção e o desenvolvimento do método foram baseados nos
procedimentos da US-EPA.
92
* LD:Limite de detecção; LQ: Limite de quantificação
Figura 14: Fluxograma das etapas do processo de validação do método
analítico empregado na determinação de agrotóxicos organoclorados
5.5.1 CURVA DE CALIBRAÇÃO
Os analitos de interesse foram quantificados por uma curva de regressão
linear em seis níveis de concentração na faixa de 0,2 a 100 µg/L, usando a mistura
tetracloro-m xileno e decacloro-bifenil, que foi adicionada antes do processo de
extração, como “surrogate”.
As curvas analíticas foram obtidas injetando-se 1 µL de solução de cada
concentração, em triplicata, e plotando o gráfico de área x concentração dos
organoclorados. Com o auxílio do programa Excel versão 2002 foram traçadas as
curvas, e fornecidos os coeficientes de correlação das retas obtidas, coeficientes
angular e linear e a estimativa do desvio padrão.
UTILIZAÇÃO DO MÉTODO
VALIDAÇÃO DO MÉTODO
Desenvolvimento do método
Seleção da técnica (literatura)
Calibração e
Linearidade
LD e LQ
*
Precisão
Sensibilidade
Seletividade
Recuperação
Exatidão
Sensibilidade
93
5.5.2 ESTUDO DE RECUPERAÇÃO DO MÉTODO
Para os testes de recuperação, as amostras de solo foram fortificadas com 10
mL da mistura de soluções padrões preparadas em hexano.
Pesou-se aproximadamente 40 g de solo e transferiu-se para um balão de
500 mL. Em seguida adicionou-se 10 mL da solução de mistura de organoclorados e
50 mL de hexano para que o solo ficasse bem molhado e assim formasse uma
mistura que pudesse ser agitada e melhor homogeneizada.
A homogeneização foi realizada no evaporador rotativo por 30 minutos sem
vácuo com baixa rotação (velocidade em torno de 95 rpm). Depois foram ligados o
vácuo e o banho do evaporador rotativo a uma temperatura em torno de 35 40 °C
para evaporar o solvente.
Preparada a amostra, cada 10 g de amostra foram extraídas no extrator
Soxhlet, em triplicata, conforme descrito no item 5.4.1.1, para avaliar a recuperação
do método.
Para as extrações assistidas por ultrasom e por microondas foram utilizadas
as mesmas proporções de solo (120 g), mistura de organoclorados (30 mL) e
solvente hexano (150 mL) em triplicatas das amostras, sendo extraídas seguindo os
procedimentos descritos nos item 5.4.1.2 e 5.4.1.3, respectivamente.
Os agrotóxicos organoclorados foram identificados no cromatograma pela
comparação dos tempos de retenção relativos dos picos obtidos nas amostras
fortificadas e não fortificadas com os tempos de retenção relativos encontrados nos
padrões analíticos submetidos às mesmas condições de análise.
Calculou-se a recuperação pela diferença entre as concentrações das
amostras fortificadas e não fortificadas (obtidas através das áreas dos picos de cada
analito com o mesmo tempo de retenção), dividida pela concentração do padrão
adicionado e multiplicado por cem.
5.5.3 MATERIAL DE REFERÊNCIA CERTIFICADO (MRC)
De acordo com o documento “Orientações sobre validação de métodos de
ensaios químicos” do INMETRO, sempre que possível os materiais de referência
94
certificados devem ser utilizados no processo de validação de um método de ensaio.
Desta forma, para avaliação do desempenho dos métodos adotados, foi analisado o
solo certificado, ERM
®
- CC007 (BAM, Alemanha), contendo os pesticidas
organoclorados: a-HCH, ß-HCH, 4,4 DDT, 4,4 DDE e 2,4 DDT.
O material foi armazenado em seu recipiente original a -20°C até o momento
da análise. Segundo o item 5.4, o solo certificado foi extraído por Soxhlet, ultrasom e
microondas, e os extratos obtidos clarificados em coluna de Florisil, segundo a
metodologia do Departamento de Alimentos e Agricultura da Califórnia, e analisados
por GC/ECD.
Como o material de referência apresentava altas concentrações dos
organoclorados estudados, foram utilizadas quantidades menores nas etapas de
extração, sempre realizadas pelo menos em triplicata. Foi também necessária a
construção de uma curva de calibração na faixa de concentração dos analitos no
solo.
95
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os POPs quantificados contemplam 17 organoclorados, que são: a e ß -
HCH, lindano (?- HCH), alacloro, heptacloro, metolacloro, aldrin, endrin, dieldrin, alfa
e beta endosulfan, DDT e seus isômeros.
Para o controle de qualidade foram analisadas triplicatas do solvente utilizado
para análise (hexano) e do branco, que corresponde ao processo de extração,
clarificação, pré-concentração e eliminação de interferentes sem a presença dos
analitos. Os cromatogramas podem ser observados nas Figuras 15 e 16,
respectivamente.
Figura 15: Cromatograma do solvente hexano.
96
Figura 16: Cromatograma do branco de análise.
6.1 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO DE DETERMINAÇÃO DE
ORGANOCLORADOS EM SOLOS
6.1.1 SELETIVIDADE: AVALIAÇÃO DA SEPARAÇÃO CROMATOGRÁFICA
Após determinar os tempos de retenção (t
R
) de cada composto
individualmente (padrão certificado), realizou-se a análise da mistura de todas as
substâncias, com o objetivo de se otimizar as condições cromatográficas do método
multiresíduo. A Figura 17 mostra um cromatograma típico da análise multiresíduo de
organoclorados.
97
Figura 17. Cromatograma típico obtido na separação multiresíduos dos
analitos organoclorados em estudo nas condições cromatográficas: coluna
DB-15, 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm, Pressão: 85 KPa, Programa de temperatura:
75-210 ºC (50 ºC/min); 210-216 ºC (0,7 ºC/min); 216-280 (21 ºC/min), Volume de
injeção: 1µL (automático) e Modo de injeção: Splitless (razão 1:20).
A Tabela 8 apresenta os valores de tempo de retenção (t
R
), fator de retenção
(k’), resolução (R
S
) e fator de separação (a) para os picos do cromatograma obtido
para uma mistura de padrões organoclorados, pelo método de injeção automática.
Lindano
a
HCH
ß-HCH
Alaclor Heptacloro
Metolacloro
Aldrin
2,4’ DDE
a Endosulfan
4,4’ DDD
Dieldrin
ß
-
Endosulfan
4,4’ DDT
2,4’ DDT
4,4’ DDE
Endrin
Heptacloro
2,4’ DDD
98
Tabela 8. Valores de t
R,
k’, R
S
e a para separação da mistura de padrões
organoclorados em coluna DB-5 e injeção automática.
Analitos t
R
(min) k’ R
S
a
a -HCH 5,60 0,37 3,19 1,12
ß-HCH 5,89 0,44 2,68 1,08
Lindano 6,01 0,47 2,37 1,06
Alaclor 7,05 0,72 7,79 1,20
Heptacloro 7,20 0,76 2,74 1,05
Metolacloro 7,85 0,92 4,73 1,12
Aldrin 7,97 0,95 1,83 1,03
2,4 DDE 9,78 1,39 1,29 1,02
a-Endosulfan 10,14 1,48 4,28 1,06
4,4 DDE 10,94 1,68 8,72 1,13
Dieldrin 11,11 1,72 1,74 1,02
2,4 DDD 11,30 1,76 1,93 1,03
Endrin 12,04 1,95 7,33 1,10
b-Endosulfan 12,41 2,04 3,93 1,05
4,4 DDD 12,74 2,12 3,61 1,04
2,4 DDT 12,88 2,15 1,64 1,02
4,4 DDT 13,89 2,40 11,39 1,09
As resoluções foram maiores que 1 para todos os organoclorados, mesmo
para os pares de isômeros orto e para DDT. O fator de separação ou seletividade (a)
deve ser maior que uma unidade, o que é observado para todos analitos. Os valores
de k’ também foram adequados, pois na separação de vários analitos são aceitos
valores na faixa de 1 a 15. (Da Silva Faria, 2004).
6.1.2 CURVAS DE CALIBRAÇÃO E LINEARIDADE
Através de diluições sucessivas da solução da mistura dos POPs estudados,
construíram-se curvas de calibração para cada substância, sendo portanto, estes
compostos quantificados nas amostras de solo por padronização externa.
A curva foi construída com sete pontos distintos de concentração, sendo cada
ponto medido em replicata (n=5).
99
As Tabelas 9 e 10 mostram as faixas lineares de trabalho, as equações das
retas e os seus respectivos coeficientes de correlação linear (r), obtidos a partir das
curvas para os padrões de agrotóxicos organoclorados, nas condições de injeção
manual e automática, respectivamente.
Tabela 9. Faixas Lineares de Trabalho, Equações da reta e seus respectivos
Coeficientes de Correlação Linear (r) por injeção manual.
Agrotóxicos
Faixa Linear de
Trabalho (µg/L)
Equação da Reta r
Lindano
0,2 20 y = 22129x + 998,71 0,9994
Heptacloro
0,25 25 y = 17555x + 7641,4 0,9992
Metolacloro
1,0 100 y = 1287,2x + 2736,4 0,9986
Aldrin
0,25 25 y = 17968x + 2708,8 0,9991
2,4 DDE
0,2 20 y = 12366x + 1342,7 0,9996
a-Endosulfan
0,4 40 y = 17461x + 7596,2 0,9995
4,4 DDE
0,2 - 20 y = 15848x 1065,2 0,9992
Dieldrin
0,25 25 y = 16678x + 3457,5 0,9992
2,4 DDD
0,2 20 y = 10742x + 1766,5 0,9991
Endrin
0,25 25 y = 10170x + 1121,3 0,9993
ß-Endosulfan
0,4 40 y = 15880x + 5989,4 0,9994
4,4 DDD
0,2 20 y = 12351x - 1892,2 0,9983
2,4 DDT
0,2 20 y = 11259x + 4151,1 0,9985
4,4 DDT
0,2 20 y = 9901,9x + 1079,7 0,9993
100
Tabela 10. Faixas Lineares de Trabalho, Equações da reta e seus respectivos
Coeficientes de Correlação Linear (r) por injeção automática.
Agrotóxicos
Faixa Linear de
Trabalho (µg/L)
Equação da Reta r
Surrogate*
5 100 y = 6E+06x + 56003 0,9996
a HCH
0,2 20 y = 5094,9x + 1519 0,9999
ß HCH
0,2 20 y = 3881,3x + 921,32 0,9994
Lindano
0,2 20 y = 3621,9x + 581,85 0,9999
Alaclor
0,4 40 y = 862,01x + 367,48 0,9993
Heptacloro
0,25 - 25 y = 6317,6x + 1948,2 0,9996
Metolacloro
1,0 - 100 y = 369,35x 38,671 0,9996
Aldrin
0,25 25 y = 6606,1x + 3752,8 0,9985
2,4 DDE
0,2 - 20 y = 3718x + 1309,6 0,9985
a-Endosulfan
0,4 40 y = 4752,3x - 65,626 0,9996
4,4 DDE
0,2 20 y = 3653,5x + 768,98 0,9985
Dieldrin
0,25 - 25 y = 11482x + 1202,9 0,9998
2,4 DDD
0,2 20 y = 2415,5x - 35,914 0,9992
Endrin
0,25 25 y = 3030,9x + 380,12 0,9993
ß-Endosulfan
0,4 40 y = 3931,7x - 1742,7 0,9985
4,4 DDD
0,2 20 y = 2496,6x - 675,1 0,9982
2,4 DDT
0,2 20 y = 2022,7x + 518,87 0,9983
4,4 DDT
0,2 20 y = 4195,3x - 529,15 0,9977
(*Tetracloro -m xileno)
Normalmente na análise instrumental, a calibração, onde uma variável
dependente é usada para obter informações da relação entre duas ou mais
variáveis, pode ser descrita por uma reta de regressão linear. O coeficiente de
correlação da reta obtida indica se os pontos experimentais se ajustam a esta
hipótese da regressão linear como modelo matemático, na faixa de concentração
101
usada.
Assim, quanto mais próximo de 1,0 for o coeficiente de correlação linear,
menor a dispersão do conjunto de pontos experimentais e menor a incerteza dos
coeficientes de regressão estimados. Um coeficiente de correlação maior que 0,999
é considerado como evidência de um ajuste ideal dos dados para a linha de
regressão (Ribani et al., 2004). A ANVISA (Brasil, 2003)
recomenda um coeficiente
de correlação igual a 0,99 e o INMETRO (2003) um valor acima de 0,90. As curvas
analíticas obtidas foram ajustadas e os coeficientes de correlação linear foram
maiores que 0,997.
Podemos então concluir que o modelo de regressão linear proposto foi
adequado para a quantificação dos analitos na faixa de trabalho estudada.
6.1.3 SENSIBILIDADE
O ECD é um detector que responde a variações na concentração das
espécies organocloradas. Quanto maior a concentração dos OCs nas amostras,
maior a sua concentração no gás carreador, e portanto, maior a resposta obtida.
Quanto menor o volume do detector (menores vazões) maior é a sensibilidade
obtida.
A estrutura molecular também tem um papel importante em relação ao ECD,
onde a quantidade de halogênios e sua posição na estrutura molecular determinam
o sinal analítico. Comportamentos peculiares são observados no ECD, onde o aldrin
com seis átomos de cloro mostra maior sensibilidade do que o heptacloro com sete
átomos de cloro (Hammarstrand, 1976).
As faixas de trabalho, apresentadas na Tabela 10, variam de um analito para
outro, assim como a sensibilidade de cada um deles ao detector ECD. Na Figura 18,
temos um gráfico que mostra as curvas de calibração de todos os compostos de
interesse, mostrando as diferentes respostas e sensibilidades frente ao detector
ECD.
102
Figura 18. Curvas de calibração para cada agrotóxico organoclorado obtidas
nas condições cromatográficas da Tabela 6 com injeção automática.
6.1.4 REPETITIVIDADE
A precisão das medidas foi avaliada em termos de repetitividade. Foi aplicado
o Teste de Grubbs (teste G), para verificar se os valores obtidos podem ser
aplicados com 95 % de confiança, ou se devem ser rejeitados. No teste de Grubbs
calcula-se a média e o desvio padrão de um conjunto de dados segundo a fórmula:
T = (X X
n
)/s , onde X = média do conjunto de valores; X
n
= determinado valor do
conjunto de dados que se quer avaliar e; s = desvio-padrão do conjunto de valores
(Taylor, 1990). As Tabelas 11 e 12 mostram os valores de área, tempos de
retenção, teste G e repetitividade, para n=5, para lindano e 4,4’ DDD,
respectivamente, para dois valores de concentração próximos aos extremos da
curva de calibração (1µg/L e 20 µg/L) e em diferentes dias de análise.
A reprodutibilidade é considerada importante quando se busca a verificação
do desempenho de um método em relação aos dados de validação obtidos através
de comparação interlaboratorial (INMETRO, 2003).
Curvas de Calibração dos OCs
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
0 20 40 60 80 100 120
Concentrações (ug/L)
Áreas (mV.s)
a -HCH
b-HCH
Lindano
Alaclor
Heptacloro
metolacloro
Aldrin
2,4 DDE
a - Endosulfan
b- Endosulfan
Dieldrin
Endrin
4,4 DDE
2,4 DDD
4,4 DDD
2,4 DDT
4,4 DDT
103
Tabela 11. Valores de Área, t
R
, teste G e repetitividade para o padrão de
Lindano nas concentrações de 1 e 20 µg/L em dias diferentes de análise.
NOME DO PADRÃO: Lindano
Data: 03/05/2005
CONCENTRAÇÃO ANALISADA:
1
µg/L
CORRIDA 1 2 3 4 5
S
VARIÂNCIA
MÉDIA
DPR (%)
ÁREA 3795 2778 3292 2959 3771 462 213473 3319 14
TESTE G 1,03 -1,17 -0,06 -0,78 0,98
TR 5,97 6,0 5,98 5,98 6,04 0,027 7,23E-04 5,99 0,45
TESTE G -0,73 0,13 -0,62 -0,47 1,69
CONCENTRAÇÃO ANALISADA:
20
µg/L
CORRIDA 1 2 3 4 5
S
VARIÂNCIA
MÉDIA
DPR (%)
ÁREA 69474 76441 56945 73913 79723
8855 78401219 71299 12,4
TESTE G -0,21 0,58 -1,62 0,30 0,95
TR 5,99 5,99 6,0 5,98 6,01 0,011 1,1 E-04 5,99 0,18
TESTE G -0,32 -0,42 0,06 -0,98 1,66
REPETITIVIDADE MÉDIA DA ÁREA 13,2
% G tabelado (n=5)
REPETITIVIDADE MÉDIA DO TR 0,31
% 1,715
NOME DO PADRÃO: Lindano
Data: 27/05/2005
CONCENTRAÇÃO ANALISADA:
1
µg/L
CORRIDA 1 2 3 4 5
S
VARIÂNCIA
MÉDIA
DPR (%)
ÁREA 3794 3345 3767 3820 3074 334,5 111907 3560 9,4
TESTE G 0,70 -0,64 0,62 0,78 -1,45
TR 6,01 6,04 6,01 6,00 6,00 0,016 2,4E-04 6,01 0,26
TESTE G -0,34 1,73 -0,08 -0,72 -0,6
CONCENTRAÇÃO ANALISADA:
20 µg/L
CORRIDA 1 2 3 4 5
S
VARIÂNCIA
MÉDIA
DPR (%)
ÁREA 50154 63983 50563 55004 57185 5655,2 31981388 55378 10,2
TESTE G -0,924 1,522 -0,851 -0,066 0,320
TR 6,005 6,01 6,003 6,006 6,008 0,004 1,45E-05 6,007 0,06
TESTE G -0,53 1,58 -1,05 -0,26 0,26
REPETITIVIDADE MÉDIA DA ÁREA 9,8
% G tabelado (n=5)
REPETITIVIDADE MÉDIA DO TR 0,16
% 1,715
104
Tabela 12. Valores de Área, t
R
, teste G e repetitividade para o padrão de 4,4’-
DDD nas concentrações de 1 e 20 µg/L em dias diferentes de análise.
NOME DO PADRÃO: 4,4 DDD
Data: 03/05/2005
CONCENTRAÇÃO ANALISADA:
1
µg/L
CORRIDA 1 2 3 4 5
S
VARIÂNCIA
MÉDIA DPR (%)
ÁREA 1293 1187 1475 1125 1511 171 29233 1318 13,0
TESTE G -0,15 -0,77 0,92 -1,13 1,13
TR 12,78 12,79 12,7 12,69 12,69 0,05 0,0022 12,73 0,38
TESTE G 1,05 1,14 -0,66 -0,78 -0,74
CONCENTRAÇÃO ANALISADA:
20
µg/L
CORRIDA 1 2 3 4 5
S
VARIÂNCIA
MÉDIA DPR (%)
ÁREA 44849 48545 54394 39765 54767 6396 40910024 48464 13,198
TESTE G -0,57 0,01 0,93 -1,36 0,985
TR 12,73 12,73 12,70 12,76 12,76 0,03 0,0008 12,74 0,22
TESTE G -0,28 -0,39 -1,33 1,04 0,96
REPETITIVIDADE MÉDIA DA ÁREA 13,1
% G tabelado (n=5)
REPETITIVIDADE MÉDIA DO TR 0,30
% 1,715
NOME DO PADRÃO: 4,4 DDD
Data: 27/05/2005
CONCENTRAÇÃO ANALISADA: 1
µg/L
CORRIDA 1 2 3 4 5
S
VARIÂNCIA
MÉDIA DPR (%)
ÁREA 1730
1880
1673
1902
1859
101 10232 1809 5,6
TESTE G -0,78 0,70 -1,34 0,92 0,50
TR 12,75
12,74
12,77
12,76
12,76
0,009 7,7E-05 12,76 0,07
TESTE G -0,25 -1,50 1,12 -0,02 0,66
CONCENTRAÇÃO ANALISADA: 20
µg/L
CORRIDA 1 2 3 4 5
S
VARIÂNCIA
MÉDIA DPR (%)
ÁREA 47987
55619
50624
49593
55814
3585 12852149 51927 6,9
TESTE G -1,1 1,03 -0,36 -0,65 1,08
TR 12,75
12,75
12,74
12,75
12,75
0,003 9E-06 12,75 0,02
TESTE G 0,000 1,000 -1,67 0,33 0,33
REPETITIVIDADE MÉDIA DA ÁREA 6,3
% G tabelado (n=5)
REPETITIVIDADE MÉDIA DO TR 0,05
% 1,715
105
Para n=5, o valor tabelado de G é 1,715 (Leite, 1998). Assim, podemos
observar que todos os valores estão dentro da faixa de confiança. Os valores de
precisão, de um modo geral, foram bons, uma vez que são aceitáveis valores de até
20 % (Ribani et al., 2004; Da Silva Faria, 2004).
Os valores encontrados para todos os pontos da curva de calibração
apresentaram um desvio padrão relativo (DPR) em relação ao tempo de retenção
inferior a 0,7 %, e em área, um DPR <15%, considerados adequados para análises
de traços/resíduos (Ribani et al, 2004).
6.1.5 LIMITES DE DETECÇÃO (LD) E QUANTIFICAÇÃO (LQ)
Os limites de detecção e quantificação foram obtidos tanto para o instrumento
quanto para o método.
Os limites de detecção e quantificação instrumental medem a sensibilidade do
equipamento em função do padrão sem levar em consideração o efeito da matriz,
que só é evidenciado quando uma amostra real é analisada. Conseqüentemente, o
limite de detecção e quantificação do método é obtido em função do efeito da matriz
e do menor sinal detectado no cromatograma para cada agrotóxico identificado.
Para a determinação dos limites de detecção (LDI) e de quantificação (LQI)
instrumental foram construídas curvas de calibração dos padrões de organoclorados
em sete diferentes concentrações, na faixa de 0,2 a 100 µg/L. Os parâmetros que
descrevem a reta foram utilizados nas equações 1 e 2 para o cálculo dos limites de
detecção de quantificação apresentados na Tabela 13.
LDI = 3 x RMSE/ a (1)
LQI = 10 x RMSE/a (2)
onde RMSE = estimativa do erro padrão da regressão linear.
E
j
= resíduo padrão da regressão linear.
n = número de pontos.
a = coeficiente angular da reta.
106
Tabela 13. Limites de Detecção e Quantificação Instrumental para os
compostos organoclorados.
Analitos LDI (µg/L) LQI (µg/L)
a HCH
0,25 0,84
ß HCH
0,6 1,97
Lindano
0,27 0,9
Alaclor
1,24 4,13
Heptacloro
0,6 2,0
Metolacloro
2,3 7,7
Aldrin
1,17 3,91
2,4 DDE
0,96 3,2
a-Endosulfan
0,92 3,06
4,4 DDE
0,93 3,09
Dieldrin
1,8 6,0
2,4 DDD
0,66 2,2
Endrin
0,77 2,57
ß-Endosulfan
1,85 6,17
4,4 DDD
1,02 3,4
2,4 DDT
1,0 3,3
4,4 DDT
1,14 3,81
Os limites de detecção do método (LDM) foram calculados conforme proposto
por LONG e WINEFORDNER (1983) e LEITE (1998), segundo os quais tais limites
são calculados a partir de 3 vezes a razão sinal/ ruído do cromatograma obtido da
amostra real, onde o desvio padrão da média da variação do sinal da linha de base
ou ruído
3
da amostra é calculado ponto a ponto. Os limites de quantificação do
método (LQM) foram calculados como 10 vezes a razão sinal/ ruído, obtidos para os
cromatogramas da amostra real (MILLER e MILLER, 1993).
O
Ruído
é a flutuação do sinal do detector quando nenhuma amostra está presente (desvios e oscilações da
linha de base). Pode ser causado por mudanças na temperatura, fluxo de gás, voltagem na linha, assim como por
problemas eletrônicos, impurezas e sujeiras nos gases e no detector. Por melhor que seja o funcionamento do sistema,
sempre existe ruído. É uma medida da distância média entre o maior desvio da linha de base e o menor desvio em período
de tempo. (Grob, 1995). O ruído da amostra leva em consideração também os efeitos de matriz.
107
A razão sinal/ruído para cada metodologia de extração e para as diferentes
amostras reais de solo com indicativo de apresentar contaminação por OCs foi
determinada para verificar o efeito da matriz no cálculo dos limites de detecção e
quantificação, que estão apresentados nas Tabelas 14, 15 e 16. A Figura 19
identifica as regiões de ruído instrumental do cromatograma obtido de uma amostra
do PARNASO, a partir do qual foi realizado o cálculo do ruído.
Tabela 14. Limites de Detecção e Quantificação (µg/kg) para as amostras do
PARNASO nos diferentes métodos de extração.
Soxhlet Ultrasom Microondas
Analitos LDM LQM LDM LQM LDM LQM
a HCH 0,51 1,71 0,25 0,85 1,42 4,73
ß HCH 0,07 0,23 0,04 0,13 0,29 0,97
Lindano 0,12 0,41 0,07 0,23 0,10 0,34
Alaclor 0,44 1,47 0,26 0,85 0,60 2,01
Heptacloro 0,05 0,17 0,03 0,09 0,11 0,35
Metolacloro 0,91 3,03 0,30 1,00 1,30 4,33
Aldrin 0,02 0,05 0,01 0,02 0,05 0,17
2,4 DDE 0,01 0,04 0,002 0,01 0,01 0,04
a-Endosulfan 0,01 0,03 0,002 0,01 0,01 0,03
4,4 DDE 0,02 0,06 0,004 0,01 0,01 0,03
Dieldrin 0,003 0,01 0,001 0,002 0,002 0,01
2,4 DDD 0,03 0,09 0,01 0,02 0,01 0,03
Endrin 0,01 0,02 0,001 0,005 0,002 0,01
ß-Endosulfan 0,005 0,02 0,001 0,004 0,003 0,01
4,4 DDD 0,01 0,02 0,002 0,01 0,01 0,02
2,4 DDT 0,04 0,12 0,004 0,01 0,01 0,04
4,4 DDT 0,02 0,05 0,01 0,03 0,08 0,27
108
Tabela 15. Limites de Detecção e Quantificação (µg/kg) para as amostras da
Floresta Japonês (FJ) nos diferentes métodos de extração.
Soxhlet Ultrasom Microondas
Analitos LDM LQM LDM LQM LDM LQM
a HCH - - - - 1,48 4,94
ß HCH - - - - 1,54 5,13
Lindano 0,03 0,10 0,01 0,03 0,29 0,98
Alaclor 0,05 0,15 0,10 0,33 2,15 7,16
Heptacloro 0,01 0,02 0,01 0,02 0,52 1,72
Metolacloro 0,10 0,33 0,03 0,09 2,55 8,49
Aldrin 0,002 0,01 0,01 0,02 0,02 0,06
2,4 DDE 0,003 0,01 0,001 0,002 0,03 0,09
a-Endosulfan 0,001 0,003 - - 0,01 0,03
4,4 DDE 0,003 0,01 0,003 0,01 0,01 0,03
Dieldrin 0,003 0,01 0,0004 0,001 0,00 0,01
2,4 DDD 0,002 0,01 0,002 0,01 0,02 0,07
Endrin 0,01 0,02 0,01 0,03 0,01 0,02
ß-Endosulfan 0,002 0,01 0,005 0,02 0,01 0,02
4,4 DDD 0,004 0,01 0,003 0,01 0,01 0,02
2,4 DDT 0,001 0,005 0,001 0,002 0,01 0,02
4,4 DDT 0,004 0,01 0,003 0,01 0,01 0,02
Tabela 16. Limites de Detecção e Quantificação (µg/kg) para as amostras da
Fazenda São Luiz (FSL) nos diferentes métodos de extração.
Soxhlet Ultrasom Microondas
Analitos LDM LQM LDM LQM LDM LQM
a HCH - - - - 3,15 10,49
ß HCH - - - - 0,84 2,79
Lindano 0,006 0,02 0,003 0,01 0,33 1,10
Alaclor 0,02 0,07 0,009 0,03 - -
Heptacloro 0,002 0,006 0,002 0,007 0,52 1,75
Metolacloro 0,05 0,2 0,02 0,05 1,96 6,54
Aldrin 0,004 0,012 0,009 0,031 0,01 0,04
2,4 DDE 0,005 0,02 0,001 0,004 0,01 0,05
a-Endosulfan 0,007 0,02 0,0005 0,002 0,01 0,02
4,4 DDE 0,002 0,005 0,0003 0,001 0,01 0,02
Dieldrin 0,003 0,01 0,001 0,003 0,002 0,01
2,4 DDD 0,008 0,03 0,002 0,005 0,01 0,03
Endrin 0,006 0,02 0,001 0,002 0,003 0,01
ß-Endosulfan 0,006 0,02 0,001 0,002 0,003 0,01
4,4 DDD 0,002 0,006 0,0005 0,002 0,01 0,02
2,4 DDT 0,002 0,005 0,0001 0,0005 0,01 0,02
4,4 DDT 0,008 0,03 0,002 0,007 0,02 0,06
109
Foi observado que os LDM e LQM variam de acordo com o método de
extração e matriz. Nota-se um aumento significativo na seguinte ordem: Ultrasom<
Soxhlet< Microondas. De um modo geral, com relação aos diferentes tipos de solo,
verifica-se um aumento: Fazenda São Luiz < Floresta Japonês < PARNASO, para a
maioria dos compostos.
Figura 19. Exemplo de um cromatograma da amostra do PARNASO com picos
dos analitos de interesse (6, 8 e 12), picos de solventes (1-2), picos de
componentes da matriz (3- 4, 7, 9 e 13) e ruído instrumental (5 e 11).
6.1.6 RECUPERAÇÃO DOS POLUENTES ORGANOCLORADOS
PERSISTENTES NAS AMOSTRAS DE SOLO.
No estudo de recuperação dos organoclorados, as amostras de solo foram
submetidas aos procedimentos de extração, clarificação e pré-concentração, e os
valores de recuperação foram obtidos pelo método de padronização externa, sendo
cada experimento realizado, pelo menos, em triplicata. A recuperação (R) foi
calculada através da equação 3:
1
4
5
8
2
3
6
7
9
10
11
12
13
110
R (%)= (C
1
C
2
) x 100 (3)
C
3
Onde: C
1
= Concentração obtida na amostra fortificada
C
2
= Concentração obtida no branco da amostra
C
3
= Concentração adicionada na fortificação
Nos testes de recuperação foi quantificado o padrão de controle com relação
ao sinal do Tetracloro -m xileno.
6.1.6.1 Recuperação dos POPs por extração por Soxhlet
Nas Tabelas 17, 18 e 19 estão apresentados os valores de recuperação (R), a
estimativa de desvio padrão (SD) e o coeficiente de variação (CV), encontrados para
as amostras da Floresta Japonês, da Fazenda São Luiz e PARNASO,
respectivamente, pelo método de Extração por Soxhlet.
Tabela 17. Recuperação dos POPs para as amostras da Floresta Japonês por
Extração por Soxhlet.
Analitos R (%) SD (±) CV(%)
Lindano
111 15,8 14,2
Heptacloro
66 3,7 5,6
Metolacloro
135 7,0 5,2
Aldrin
70 5,4 7,8
2,4 DDE
130 7,1 5,4
a-Endosulfan
77 7,8 10,2
4,4 DDE
148 15,7 10,6
Dieldrin
74 3,7 5,0
2,4 DDD
131 3,2 2,6
Endrin
93 6,5 6,9
ß-Endosulfan
149 7,2 4,8
4,4 DDD
142 13 9,2
2,4 DDT
129 11 8,4
4,4 DDT
128 5,9 4,7
111
Tabela 18. Recuperação dos POPs para as amostras da Fazenda São Luiz por
Extração por Soxhlet.
Analitos R (%) SD (±) CV(%)
Lindano
135 19,3 14,3
Heptacloro
66 0,61 0,93
Metolacloro
153 19 12,4
Aldrin
121 29 24
2,4 DDE
149 13,5 9,1
a-Endosulfan
157 14,4 9,2
4,4 DDE
156 6,5 4,2
Dieldrin
84 6,6 7,9
2,4 DDD
194 49,6 25,6
Endrin
87 3,0 3,4
ß-Endosulfan
135 13,2 9,7
4,4 DDD
147 3,0 2,0
2,4 DDT
142 2,4 1,7
4,4 DDT
146 5,6 3,9
Tabela 19. Recuperação dos POPs para as amostras das Subparcelas do
PARNASO (PN) por Extração em Soxhlet.
Analitos R (%) SD (±) CV(%)
Surrogate*
84 7,7 9,2
Lindano
107 10,3 9,6
Heptacloro
149 15,3 10,3
Metolacloro
71 5,1 7,2
Aldrin
123 4,9 4,0
2,4 DDE
76 4,2 5,5
a-Endosulfan
252 12,6 5,0
4,4 DDE
70 2,3 3,3
Dieldrin
57 4,4 7,7
2,4 DDD
236 3,0 1,3
Endrin
141 4,9 3,5
ß-Endosulfan
187 9,3 5,0
4,4 DDD
223 3,5 1,6
2,4 DDT
98 13 13,2
4,4 DDT
81 7,6 9,4
(*Tetracloro -m xileno)
112
Os intervalos aceitáveis de recuperação para análise de resíduos geralmente
estão entre 70 e 120%, com precisão de até ± 20% (Ribani et al, 2004). Entretanto
são considerados também aceitáveis valores compreendidos entre 40 e 130 %
(Yogui, 2002). Observou-se para alguns analitos valores acima de 130 %, o que
pode ser devido a contribuição da matriz. Nas amostras do PARNASO foram
adicionados padrão “surrogate” antes do processo de extração. O fator de
recuperação para este foi de 84 %, com coeficiente de variação de 9,2 %, mostrando
que a metodologia empregada foi adequada. De uma forma geral, as recuperações
foram muito boas, com os desvios padrão e coeficientes de variação menores que
20%, o que indica que o método de extração em Soxhlet mostrou-se eficiente para
as diferentes matrizes.
6.1.6.2 Recuperação dos POPs por extração assistida por Ultrasom
A recuperação pela metodologia de extração assistida por ultrasom foi
estudada apenas para a amostra do PARNASO. Na Tabela 20, os valores de
recuperação (R), a estimativa de desvio padrão (SD) e o coeficiente de variação
(CV), encontrados para as amostras do PARNASO, foram listados.
Os valores de recuperação obtidos pela extração assistida por ultrasom
foram, para metade dos compostos em estudo, maiores que 130 %, verificando-se
mais uma vez a interferência da matriz na análise dos analitos. A recuperação do
“surrogate” foi 92 %, com coeficiente de variação de 7 %, o que indica que o método
de extração assistida por ultrasom pode ser eficiente para a matriz analisada.
113
Tabela 20. Recuperação dos POPs para as amostras do PARNASO por
extração assistida por Ultrasom.
Analitos R (%) SD (±) CV(%)
Surrogate*
92 6,5 7,1
Lindano
209 21 10
Heptacloro
65 9,6 14,8
Metolacloro
148 15,9 10,7
Aldrin
104 13,8 13,3
2,4 DDE
156 20,2 12,9
a-Endosulfan
163 23 14,2
4,4 DDE
157 19,7 12,5
Dieldrin
79 11,2 14,2
2,4 DDD
141 19,1 13,6
Endrin
101 14,6 14,4
ß-Endosulfan
122 21 17,3
4,4 DDD
138 14,2 10,3
2,4 DDT
234 60 25,6
4,4 DDT
77 11,6 15
(*Tetracloro -m xileno)
6.1.6.3 Recuperação dos POPs por extração assistida por radiação
Microondas
A recuperação pela metodologia de extração assistida por radiação
microondas foi estudada apenas para a amostra do PARNASO. Na Tabela 21
mostra os valores de recuperação (R), a estimativa de desvio padrão (SD) e o
coeficiente de variação (CV), encontrados para as amostras do PARNASO.
Os valores de recuperação obtidos pela extração assistida por radiação
microondas foram para a maioria dos compostos dentro da faixa de 70 - 130 %, com
exceção do lindano (303 %) e dieldrin (27 %). Provavelmente no caso do dieldrin,
pode ter ocorrido degradação, devido as condições mais severas de temperatura e
pressão no forno de microondas. Entretanto para o lindano, verifica-se uma forte
interferência dos co-extrativos da matriz, que não foram totalmente eliminados na
etapa de clarificação e co-eluíram com o analito, na análise cromatográfica. A
recuperação do “surrogate” foi 76 %, com coeficiente de variação de 3 %, o que
114
demonstra que o método de extração assistida por radiação microondas é eficiente
para a matriz analisada.
Tabela 21. Recuperação dos Poluentes Organoclorados Persistentes para as
amostras do PARNASO, por extração assistida por Microondas.
Analitos R (%) SD (±) CV(%)
Surrogate*
76 2,6 3,4
Lindano
303 23,4 7,7
Heptacloro
79 4,8 6,1
Metolacloro
95 13,5 14,2
Aldrin
74 11,4 15,5
2,4 DDE
119 23,2 19,5
a-Endosulfan
130 9,6 7,4
4,4 DDE
109 4,1 3,7
Dieldrin
27 2,2 8,2
2,4 DDD
103 5,8 5,6
Endrin
70 4,7 6,7
ß-Endosulfan
94 2,4 2,6
4,4 DDD
107 14 13
2,4 DDT
72 7,6 10,5
4,4 DDT
108 6,7 6,2
(*Tetracloro -m xileno)
6.1.6.4 Determinação de POPs em Amostra de Referência Certificada
Para avaliar a exatidão dos métodos foram realizadas a análise de uma
amostra de material de referência certificado: solo ERM
®
- CC007. Para quantificação
dos POPs ( a-HCH, ß-HCH, 4,4’ DDE, 2,4’-DDT e 4,4’-DDT) no solo certificado foi
construída uma curva de calibração (com 5 pontos) na faixa de concentração de 25
a 400 µg/L. Na Tabela 22 estão apresentadas as faixas lineares de concentração, as
equações da reta e os seus respectivos coeficientes de correlação linear (r), obtidos
a partir das curvas padrões para a determinação dos agrotóxicos organoclorados. As
concentrações certificadas presentes na amostra de solo certificada estão
apresentados na Tabela 23.
115
Tabela 22. Faixas Lineares de Trabalho, Equações da reta e seus respectivos
Coeficientes de Correlação Linear (r) para quantificação dos solos certificados.
Agrotóxicos
Faixa Linear
de Trabalho
(µg/L)
Equação da Reta r
a HCH 25 400 y = 3700,6x + 172788 0,9968
ß - HCH 25 400 y = 2237,1x + 77519 0,9988
4,4 DDE 25 400 y = 3645,7x + 66685 0,9993
2,4 DDT 25 400 y = 1414,3x + 19067 0,9988
4,4 DDT 25 400 y = 1868,4x + 16612 0,9993
Tabela 23. Concentrações de a-HCH, ß-HCH, 4,4’ DDE, 2,4’-DDT e 4,4’-DDT
em amostra de referência certificada de solo ERM
®
- CC007.
Analitos
Concentração
(µg/kg)
Incerteza
a HCH
32 ± 6
ß HCH
386 ± 40
4,4 DDE
56 ± 6
2,4 DDT
36 ± 7
4,4 DDT
153 ± 15
As Tabelas 24, 25 e 26 mostram os resultados obtidos em termos de
recuperação (R), a estimativa de desvio padrão (SD) e o coeficiente de variação
(CV), encontrados na análise da amostra de solo certificado, usando extração por
Soxhlet, extração assistida por ultrasom e extração assistida por radiação
microondas, respectivamente.
116
Tabela 24. Recuperação dos POPS em Solo Certificado por Extração por
Soxhlet.
Analitos R (%) SD (±) CV(%)
Surrogate*
65 9,7 14,9
a HCH
83 60,8 73,1
ß HCH
111 19,8 17,8
4,4 DDE
133 33,4 25,2
2,4 DDT
208 59,0 28,3
4,4 DDT
126 54,3 43,1
(*Tetracloro -m xileno)
Tabela 25. Recuperação dos POPs em Solo Certificado por Extração assistida
por Ultra-som.
Analitos R (%) SD (±) CV(%)
Surrogate*
69 12,0 17,5
a HCH
14 0,9 6,2
ß HCH
77 5,7 7,4
4,4 DDE
71 9,6 13,6
2,4 DDT
132 7,4 5,6
4,4 DDT
138 8,1 5,9
(*Tetracloro -m xileno)
Tabela 26. Recuperação dos POPs em Solo Certificado por Extração assistida
por Radiação Microondas.
Analitos R (%) SD (±) CV(%)
Surrogate*
76 9,6 12,6
a HCH
111 33,6 30,2
ß HCH
127 12,7 10
4,4 DDE
145 13,8 9,5
2,4 DDT
234 18,2 7,8
4,4 DDT
215 13,6 6,3
(*Tetracloro -m xileno)
117
Na extração por Soxhlet, os resultados de recuperação no solo certificado
mostram valores na faixa entre 65 208 %, mostrando que a metodologia
empregada pode ser considerada adequada.
A extração assistida por ultrasom mostraram valores de recuperação no solo
na faixa entre 69 138 %, com exceção do a HCH que apresentou uma
recuperação muito baixa (14 %), provavelmente devido ao fato do ultrasom ser um
todo menos energético.(Sanghi e Kannamkumarath, 2004).
Para a extração assistida por radiação microondas, verificam-se valores de
recuperações maiores que o esperado, na faixa entre 76 234 %. Entretanto,
segundo o relatório de certificação do solo, foram realizados testes para diferentes
métodos de extração (Soxhlet, Ultrasom e ASE), não sendo utilizado a extração por
microondas. Por este método alcançar rapidamente altas temperaturas, sendo mais
eficiente que os demais métodos, contribui para um maior efeito da matriz na
recuperação (Chee, Wong e Lee, 1996; Pastor et al., 1997; Sanghi e
Kannamkumarath, 2004).
A representação gráfica das recuperações obtidas para os diferentes métodos
de extração está apresentada na Figura 20, onde se observa valores crescentes de
recuperações dos POPs em solo certificado na seguinte ordem: ultrasom < soxhlet <
microondas.
Comparando-se as concentrações recuperadas (µg/kg) com os valores
certificados, mostradas na Figura 21, verifica-se que os valores foram bem próximos,
conseqüentemente, pode-se concluir que as metodologias empregadas foram
eficientes na determinação dos analitos de interesse.
118
Figura 20. Estudo da recuperação dos POPs em solo certificado por diferentes
métodos de extração.
Figura 21. Concentrações recuperadas dos POPs em solo certificado pelos
diferentes métodos de extração.
Segundo a UNEP/IOC/IAEA/FAO (1989) estudos de recuperação dos padrões
adicionados a uma matriz (adição de analito) não garante que o método produzirá
resultados exatos, pois o procedimento de extração pode estar sendo inadequado
0
50
100
150
200
250
surrogate a - HCH b- HCH 4,4 DDE 2,4 DDT 4,4 DDT
Analitos Organoclorados
R(%)
Soxhlet
Ultrasom
Microondas
0
100
200
300
400
500
Concentrações (ug/kg)
a - HCH b- HCH 4,4 DDE 2,4 DDT 4,4 DDT
Analitos Organoclorados
Concentrações recuperadas do Solo Certificado
Soxhlet
Ultrasom
Microondas
Valores
certificados
119
para liberar os contaminantes da matriz da amosta. Além disso, a interação dos
componentes da matriz com os analitos originalmente presentes na amostra e com
aqueles adicionados pode ser completamente diferente (Yhogui, 2002).
6.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS SOLOS
Os teores de carbono total, carbono orgânico, hidrogênio e nitrogênio obtidos
para as amostras de solo obtidas através do Analisador Elementar Automático,
estão apresentados na Tabela 27. Para determinação do carbono orgânico, as
amostras foram submetidas a um processo de descarbonatação (remoção de
carbonatos), que consiste na adição de ácido clorídrico (HCl) 1M para eliminação do
carbono inorgânico. Os teores de umidade total e residual estão mostrados na
Tabela 28.
Tabela 27. Teores de CHN obtidos por Análise Elementar Automática nos solos
estudados
AMOSTRA CARBONO (%) HIDROGÊNIO(%) NITROGÊNIO(%)
FJ*
3,25 1,61 0,31
FJ
3,76 1,59 0,33
FSL*
3,22 2,70 0,51
FSL
4,75 1,92 0,35
T4*
12,92 3,04 1,04
T4
16,04 3,04 1,04
TPS*
17,52 2,93 1,31
PN*
7,04 2,18 0,53
PN
8,65 2,32 0,75
*Amostras descarbonatadas
120
Tabela 28. Teores de Umidade do Solo.
Nas amostras do PARNASO (T4, TPS e Subparcelas do Rio Paquequer)
foram encontrados maiores teores de carbono orgânico do que nas amostras da
Micro-Bacia do Córrejo Sujo. Este fato se deve às características de solos de
florestas tropicais, solos chamados turfosos, contendo cerca de 20% de carbono
orgânico, devido a predominância de um material orgânico fibroso-turfa. As
Subparcelas do Rio Paquequer apresentaram aos maiores conteúdos de umidade
residual (que é a umidade após a secagem ao ar por 48 horas). Estes resultados
corroboram a influência destas variáveis nos métodos de análise, especificamente
na etapa de clarificação do extrato da amostra.
O maior conteúdo de matéria orgânica pode gerar grandes quantidades de
co-extrativos nas amostras, que podem vir a interferir ou a co-eluir com os analitos
de interesse. Desta forma, se a etapa de clarificação não for suficiente para
eliminação destes concomitantes, o indicativo da presença de poluentes no solo
pode levar a falsos positivos, devido à interferência da matriz. Igualmente, em
amostras fortificadas, observou-se altas recuperações, devido à contribuição da
matriz, aumentando o sinal dos analitos. Isto, pode de certa forma, justificar os altos
valores de recuperação (> 130%) obtidos para as amostras fortificadas, já que estes
seriam o somatório do padrão adicionado com a contribuição da matriz.
6.3 MÉTODOS DE CLARIFICAÇÃO DE AMOSTRAS
Foram estudados três procedimentos de “cleanup” por SPE para clarificação
de amostras distintas. São eles a SPE com discos C
18
, o Florisil através do
procedimento do Departamento de Alimentos e Agricultura da Califórnia (DAAC) e o
Amostras PARNASO Umidade Total Umidade residual
Subparcelas do Rio
Paquequer
53 % 26 %
Trilha da Pedra do Sino
(TPS)
52 % 6 %
121
Florisil pelo procedimento da US-EPA. Inicialmente, para as amostras da Floresta
Japonês (FJ) foi testada a SPE (discos C
18
), entretanto este procedimento não se
mostrou efetivo para clarificação das amostras, pois foi observado que os extratos
permaneciam ainda com uma coloração amarela, sendo necessário testar
procedimento adicional de “cleanup”. Como segunda etapa de clarificação foi
empregada a extração em fase sólida em coluna de Florisil segundo procedimento
do DAAC. No entanto, verificou-se que o SPE seguido de Florisil segundo
procedimento do DAAC, além de ser um processo muito demorado, poderia
acarretar perdas de analitos com as trocas de solvente e pré-concentrações.
Na Tabela 29 encontram-se os resultados de alguns experimentos, expressos
em termos de concentração (µg/kg) realizados antes (“cleanup” apenas com discos
C
18
) e após a etapa de clarificação em coluna de Florisil segundo procedimento do
DAAC para amostras da FJ. Pode-se observar que para a maioria dos analitos
houve um aumento das concentrações, para alguns houve diminuição da
concentração, enquanto que outros não foram detectados após clarificação.
Para as amostras da Fazenda São Luiz (FSL), optou-se por testar o método
recomendado pela US-EPA da extração em fase sólida em coluna de Florisil. As
desvantagens desta metodologia são o consumo de tempo (procedimento tedioso) e
de grandes quantidades de solventes, éter etílico e hexano, além de não ter
apresentado uma melhora significativa quanto à coloração obtida do extrato final.
Foi comparado o emprego de duas etapas de clarificação (SPE com C
18
e
Florisil segundo procedimento do DAAC) com o de apenas uma etapa (Florisil
segundo procedimento do DAAC) para as amostras do PARNASO (T4 e TPS). Estes
resultados estão mostrados a Tabela 30. O procedimento com apenas uma coluna
de Florisil, apesar de apresentar uma diminuição na concentração para a maioria
dos analitos, não foi ainda suficiente, pois se observou que os extratos permaneciam
muito escuros (coloração esverdeada). Seria necessário o emprego de duas colunas
de cleanup, o que poderia resultar em maiores perdas dos analitos de interesse,
além de tornar o procedimento analítico ainda mais demorado e tedioso.
Desta forma, foi adotado para as amostras das subparcelas do PARNASO e
solo certificado, o método de clarificação em coluna de Florisil segundo
procedimento do DAAC, por ser mais rápido, consumir menores volumes de solvente
e ser mais efetivo que os discos C
18
na eliminação das substâncias húmicas
4
e
pigmentos de plantas presentes nas amostras de solo.
122
A etapa de clarificação é decisiva na determinação dos compostos
organoclorados de interesse. Assim, se esta etapa não for eficiente, podem ocorrer
recuperações muito elevadas dos analitos em amostras fortificadas e falsos positivos
em amostras reais.
As substâncias húmicas podem ser divididas, conforme sua afinidade com água, em:
hidrofílicas, constituídas
principalmente por carboidratos neutros ou ácidos de origem microbiana e derivados de plantas, e hidrofóbicas, formadas
por cadeias carbônicas longas, alifáticas e ricas em polifenóis oriundos principalmente da oxidação da lignina e da celulose
(Kaiser e Zech, 2000).
123
Tabela 29. Concentrações (µg/kg) obtidas antes e após o uso da extração em Fase Sólida em Coluna de Florisil seguindo
procedimento da DAAC para amostras da FJ.
Amostras FJ2 FJ4 FJ7 FJ9
Analitos Antes Florisil
Depois Florisil Antes Florisil
Depois Florisil Antes Florisil Depois Florisil Antes Florisil Depois Florisil
Lindano - 25,49 2,47 3,57 1,93 3,00 2,85 2,68
Alaclor - - - - - - - -
Heptacloro 3,97 1,40 1,23 - 0,73 1,05 0,79 0,63
Metolacloro 19,12 34,97 6,94 - - - - 18,22
Aldrin - 12,77 - 1,45 0,70 0,99 0,86 1,20
2,4 DDE 0,75 4,73 0,82 0,45 - 0,20 - 0,32
a-Endossulfa 5,73 5,76 5,00 3,79 - 3,49 - 3,66
4,4 DDE 0,21 1,02 - 0,80 0,35 0,56 0,38 0,67
Dieldrin 0,76 0,78 0,71 - - 0,06 - -
2,4 DDD 0,90 1,22 0,06 0,75 0,15 0,45 0,19 0,28
Endrin 0,25 6,27 0,79 0,55 0,83 1,43 1,05 1,46
b-Endossulfa 0,78 0,75 0,81 0,17 0,75 1,55 0,97 1,40
4,4 DDD - 1,14 - 0,66 0,56 0,82 0,55 0,76
2,4 DDT 1,08 - 0,90 - 0,07 0,23 - 0,17
4,4 DDT 0,80 1,30 0,12 0,61 0,38 1,62 0,49 1,38
124
Tabela 30. Influência da etapa de clarificação na concentração (µg/kg) dos
analitos para amostra do PARNASO.
Amostras PARNASO
Analitos Florisil + SPE Florisil
Lindano 5,62 1,64
Alaclor - -
Heptacloro 2,78 0,40
Metolacloro 6,22 2,43
Aldrin 1,18 -
2,4 DDE 1,62 -
a-Endosulfan 1,09 -
4,4 DDE 0,01 0,26
Dieldrin 0,72 -
2,4 DDD 0,43 1,05
Endrin 1,39 -
b-Endosulfan 2,43 0,04
4,4 DDD 2,44 0,57
2,4 DDT 1,17 0,07
4,4 DDT 3,79 1,12
6.4 DETERMINAÇÃO DE POLUENTES ORGANOCLORADOS NAS
AMOSTRAS DE SOLOS
Foi detectada a presença de agrotóxicos organoclorados nas amostras de
solo coletadas nas localidades da Micro-Bacia do Córrego Sujo, nas subparcelas do
Rio Paquequer e transsectos no PARNASO.
As Tabelas 31, 32 e 33 mostram os níveis dos POPs organoclorados (em
termos de LD e LQ) encontrados nas amostras de solo, pelos diferentes métodos de
extração: soxhlet, ultrasom e microondas. Os valores de LD e LQ mostrados a seguir
referem-se aos apresentados previamente nas Tabelas 14, 15 e 16.
Foi observado para todas as amostras, que a maioria dos compostos
analisados foram detectados em concentrações acima de seu limite de quantificação
(LQ). No entanto, foi também verificado que em algumas replicatas de amostra não
havia uma confirmação da presença do agrotóxico.
Com o objetivo de confirmar a presença dos POPs nas amostras, foi realizado
a troca da coluna analítica, com fase de baixa polaridade (DB-5), para uma de maior
polaridade (DB-17).
125
Tabela 31. Resultados obtidos na determinação de Poluentes Organoclorados Persistentes usando extração por
Soxhlet.
Poluentes Organoclorados (µg/kg)
Amostras n a HCH
ß HCH Lindano 2,4 DDE 4,4 DDE 2,4 DDD 4,4 DDD 2,4 DDT 4,4 DDT
FJ
3 n.a n.a > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ
FSL
3 n.a n.a > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ < LD > LQ
T4
3 n.a n.a > LQ > LQ < LD > LQ > LQ > LQ > LQ
TPS
3 n.a n.a > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ
PN
3 > LQ > LQ > LQ < LD > LQ > LQ > LQ LD< x<LQ > LQ
Poluentes Organoclorados (µg/kg)
Amostras n Alaclor Heptacloro
Metolacloro Aldrin a-Endosulfan Dieldrin Endrin ß-Endosulfan
FJ
3 n.a > LQ > LQ > LQ > LQ < LD > LQ > LQ
FSL
3 n.a > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ
T4
3 n.a > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ
TPS
3 n.a > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ
PN
3 < LD > LQ > LQ < LD LD< x< LQ LD< x<LQ < LD > LQ
n.a = não analisado
LD = limite de detecção
LQ = limite de quantificação
126
Tabela 32. Resultados obtidos na determinação de Poluentes Organoclorados Persistentes usando extração
assistida por ultra-som.
Poluentes Organoclorados (µg/kg)
Amostras n a HCH
ß HCH Lindano 2,4 DDE 4,4 DDE 2,4 DDD 4,4 DDD 2,4 DDT 4,4 DDT
FJ
1 n.a n.a LD< x<LQ
LD< x<LQ > LQ > LQ > LQ < LD > LQ
FSL
4 n.a n.a > LQ > LQ < LD > LQ > LQ < LD > LQ
PN
9 > LQ > LQ > LQ LD< x< LQ
> LQ > LQ > LQ > LQ > LQ
Poluentes Organoclorados (µg/kg)
Amostras n Alaclor Heptacloro
Metolacloro
Aldrin a-Endosulfan Dieldrin Endrin ß-Endosulfan
FJ
1 n.a > LD < LD > LQ > LQ < LD > LQ > LQ
FSL
4 n.a > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ
PN
9 > LQ > LQ > LQ LD< x< LQ
LD< x< LQ > LQ < LD > LQ
n.a = não analisado
LD = limite de detecção
LQ = limite de quantificação
127
Tabela 33. Resultados obtidos na determinação de Poluentes Organoclorados Persistentes usando extração
assistida por radiação microondas.
Poluentes Organoclorados (µg/kg)
Amostras n a HCH
ß HCH Lindano 2,4 DDE 4,4 DDE 2,4 DDD 4,4 DDD 2,4 DDT 4,4 DDT
FJ
1 > LQ < LD > LQ < LD > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ
FSL
1 > LQ > LQ > LQ < LD < LQ > LQ > LQ > LQ > LQ
T4
3 > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ > LQ
TPS
1 > LQ > LQ > LQ LD< x< LQ
> LQ > LQ LD< x< LQ LD< x< LQ
> LQ
PN
8 > LQ > LQ > LQ < LD > LQ > LQ LD< x< LQ > LQ > LQ
Poluentes Organoclorados (µg/kg)
Amostras n Alaclor Heptacloro
Metolacloro Aldrin a-Endosulfan Dieldrin Endrin ß-Endosulfan
FJ
1 < LD > LQ > LQ < LD > LQ LD< x< LQ > LQ LD< x< LQ
FSL
1 < LD > LQ > LQ < LD < LD LD< x< LQ LD< x< LQ
LD< x< LQ
T4
3 > LQ LD< x< LQ
> LQ > LQ LD< x< LQ > LQ > LQ > LQ
TPS
1 LD< x< LQ
LD< x< LQ
LD< x< LQ < LD LD< x< LQ LD< x< LQ < LD LD< x< LQ
PN
8 LD< x< LQ
LD< x< LQ
> LQ > LQ > LQ > LQ LD< x< LQ
LD< x< LQ
LD = limite de detecção
LQ = limite de quantificação
128
6.5 CONFIRMAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS NA DETERMINAÇÃO
DOS POLUENTES ORGANOCLORADOS PERSISTENTES
A presença dos compostos pesquisados foi verificada procedendo a análise
cromatográfica dos padrões e amostras na coluna com fase estacionária de
polaridade diferente (DB-17), como procedimento analítico alternativo a
Espectrometria de Massa proposto pela US-EPA.
As condições cromatográficas otimizadas para a separação dos POPs em
estudo e os tempos de retenção obtidos para os analitos nestas condições estão
apresentados nas Tabelas 34 e 35, respectivamente.
A Figura 22 mostra um cromatograma para a mistura de padrões OCs em
coluna DB-17. Pode-se verificar a co-eluição de alguns analitos que apresentam
tempos de retenção muito próximos.
Dos dezessete agrotóxicos estudados apenas cinco não puderam ser
confirmados já que não apresentaram boa separação nestas condições. Estes
analitos são o 4,4’-DDE e o Dieldrin, que co-eluem no tempo de retenção de 11,4
minutos e o 2,4’ DDT, o ß-Endosulfan e o 4,4’-DDD que co-eluem no tempo de 13,67
minutos. Então, nas condições cromatográficas empregadas foi possível identificar
com confiabilidade 12 agrotóxicos, que podem ser observados no cromatograma da
Figura 22.
129
Tabela 34. Condições Cromatográficas utilizadas para determinação dos POPs
organoclorados na coluna DB-17.
Analito Organoclorados
Coluna DB-17 (J&W), 30 m x 0,32 mm x 0,25 µm
Gás de arraste Hidrogênio
Vazão na coluna 7 mL/min
Pressão na coluna 85 kPa
Gás make up Nitrogênio
Vazão total 141 mL/min
Temperatura do injetor 250 ºC
Detector ECD
Temperatura do detector 280 ºC
Temperatura inicial 75 ºC
Programa de temperatura
do forno
75-150ºC (30 ºC/min); 150-
210 ºC (10
ºC/min); 210-216 (0,7 ºC/min); 216- 28
0°C
(64°C/min).
Tempo de corrida
20 minutos
Temperatura final 280 ºC (2,5 min.)
Volume de injeção 1 µL (automático)
Modo de injeção Splitless (razão 1:20)
130
Tabela 35. Tempos de retenção obtidos na separação dos POPs
organoclorados estudados utilizando as condições apresentadas na Tabela 34.
Compostos Tempo de retenção (T
R
)
a- HCH 6,23
Lindano 7,00
ß -HCH 7,19
Heptacloro 7,62
Alaclor 8,13
Aldrin 8,27
Metolacloro 8,75
a-Endosulfan 10,45
2,4 DDE 10,60
4,4 DDE 11,39
Dieldrin 11,44
2,4 DDD 12,35
Endrin 12,80
2,4 DDT 13,64
ß-Endosulfan 13,67
4,4 DDD 13,74
4,4 DDT 15,23
131
Figura 20. Cromatograma da análise de OCs em coluna DB-17
Figura 22. Cromatograma de mistura de padrões OCs nas condições
cromatográficas da Tabela 34.
Foram confirmados pela coluna DB-17, a presença dos analitos: a-HCH, ß-
HCH, lindano, alacloro, heptacloro, aldrin, alfa e beta endosulfan, 2,4 -DDE, 4,4’-
DDE, dieldrin, 2,4’ DDD e endrin nas amostras das subparcelas do PARNASO
(Figura 23). Tanto na amostra T4 (Figura 23) quanto na TPS (Figura 25) foram
observados os mesmos analitos: a-HCH, lindano, alacloro, aldrin, alfa e beta
endosulfan, 2,4-DDE, 2,4’ -DDD e 4,4-DDT.
No cromatograma da Figura 26 observa-se a presença dos analitos: a-HCH,
ß- HCH, lindano, alacloro, heptacloro, metolacloro, aldrin, 2,4 DDE, a-endosulfan e
2,4’ DDD nas amostras da FSL.
As concentrações obtidas dos analitos para as amostras de solo da FSL, T4,
TPS e PN pela coluna DB-5 estão apresentadas nas Tabelas 36, 37 e 38.
Co-eluição
Co-eluição
4,4’-DDD / ß-Endosulfan/ 2,4’-DDT
4,4’-DDE / Dieldrin
132
Figura 23. Cromatograma da amostra das Subparcelas do PARNASO (PN) na
coluna DB-17 por extração por Soxhlet.
Figura 24. Cromatograma da amostra do T4 na coluna DB-17 por extração por
Soxhlet.
133
Figura 25. Cromatograma da amostra da TPS na coluna DB-17 por extração
por Soxhlet.
Figura 26. Cromatograma da amostra da FSL na coluna DB-17 por extração
por Soxhlet.
134
Tabela 36. Concentrações (µg/kg) obtidas dos OCs nas amostras de solo da
FSL nas condições cromatográficas da Tabela 6, utilizando procedimento de
clarificação por Florisil da US-EPA .
Soxhlet
(n=3)
Ultrasom
(n=4)
Microondas
(n=1)
a-HCH
n.a
n.a 23,0
b-HCH
n.a
n.a 4,5
Lindano 1,1 1,00 3,1
Alacloro n.q n.q -
Heptacloro 0,06 1,4 2,1
Metolacloro 12 5,6 6,9
Aldrin 4,0 6,95 < 0,01
2,4 DDE 1,3 0,93 < 0,01
a-Endosulfan 1,1 0,22 < 0,01
Dieldrin 0,28 0,09 < 0,01
2,4 DDD 0,63 0,75 1,3
Tabela 37. Concentrações (µg/kg) obtidas dos OCs nas amostras de solo do
T4 e TPS nas condições cromatográficas da Tabela 6, utilizando procedimento
de clarificação por SPE com discos C
18
seguido de Florisil segundo DAAC.
Soxhlet
(n=3)
Microondas
(n=3)
T4 TPS T4 TPS
a-HCH
n.a
n.a 276 15
Lindano 5,6 16 302 22
Alacloro n.a n.a 775 23
Aldrin 1,2 0,92 81 < 0,28
2,4 DDE 1,6 2,6 43 < 0,18
a-Endosulfan 1,1 1,0 0,07 0,13
Dieldrin 0,72 0,96 58 < 0,10
b-Endosulfan 2,4 0,50 7,4 < 0,10
2,4 DDD 0,43 0,96 140 2,5
4,4 DDT 3,8 4,7 51 0,56
n.a = não analisado; n= número de replicatas
n.a = não analisado; n = número de replicatas
135
Tabela 38. Concentrações (µg/kg) obtidas dos OCs nas amostras de solo do
PN nas condições cromatográficas da Tabela 6, utilizando procedimento de
clarificação por Florisil do DAAC.
Soxhlet
(n=3)
Ultrasom
(n=9)
Microondas
(n=8)
a-HCH 7,2 6,4 31
b-HCH 1,1 0,59 1,8
Lindano 1,6 1,5 1,9
Alacloro 1,5 0,94 0,84
Heptacloro 0,40 0,12 0,31
Aldrin < 0,02 0,05 32
2,4 DDE < 0,01 0,04 < 0,14
a-Endosulfan < 0,03 0,03 0,08
Dieldrin < 0,01 0,04 0,63
4,4 DDE 0,26 0,56 1,7
2,4 DDD 1,1 0,50 < 0,03
endrin < 0,01 < 0,001 0,05
b-Endosulfan 0,04 0,19 < 0,01
n = número de replicatas
Observa-se que a maioria dos analitos OCs foram encontrados em
concentrações que podem ser comparadas a outros estudos de agrotóxicos
organoclorados em solos (Torres et al., 2002b; Österreicher-Cunha et al., 2003;
Gong et al., 2004; Rissato et al.,2004; Tao et al., 2005). Gong et al. (2004)
realizaram um estudo da presença de DDT em solos superficiais em Tianjin, na
China, encontrando valores médios de 56 ng g
-1
para o S DDTs (18, 8 ng g
-1
de p,p’-
DDE; 3,4 ng g
-1
de p,p’-DDD; 27,5 ng g
-1
de p,p’-DDT; 4,3 ng g
-1
de o,p’-DDE; 1,3 ng
g
-1
de o,p’-DDD e 0,9 ng g
-1
de o,p’-DDT), enquanto que Tao et al. (2005) obtiveram
valores na faixa entre 80 235 ng g
-1
de S DDTs e entre 3,6 102 ng g
-1
de S
HCHs na mesma região. Österreicher-Cunha et al. (2003) avaliaram a concentração
de HCH em solo contaminado na área do Rio Iguaçu, RJ, obtendo uma
concentração na faixa entre 4 - 16 mg/g. Torres et al. (2002b) obtiveram
concentrações na faixa entre 281 1224 ng g
-1
para o S DDTs em solos de diversas
áreas da região Amazônica , que são valores consideravelmente maiores que os
136
obtidos neste trabalho. Na região de Bauru (SP), Rissato et al. (2004) obtiveram
dieldrin (0,70 0,98 ppb), endosulfan (0,71 - 1,12 ppb), aldrin (0,88 -1,38 ppb),
heptacloro (0,35 0,57 ppb), DDT (0,34 0,45 ppb) e BHC (0,63 0,74 ppb) em
solos, sendo estes resultados mais próximos dos obtidos neste trabalho.
Com base nos dados acima, pode-se concluir que a área estudada não se
encontra impactada pela presença dos poluentes organoclorados persistentes.
Neste estudo, foram observados valores de concentração mais elevados nas
extrações assistidas por radiação microondas, evidenciando que este método é mais
energético do que os demais, podendo extrair maiores quantidades de co-extrativos
juntamente com os analitos de interesse.
137
7. CONCLUSÕES
Baseado nos resultados apresentados e discutidos neste trabalho pode-se
fazer as seguintes considerações:
A extração de poluentes organoclorados em solos por técnicas convencionais
apresenta diversas desvantagens, como enormes custos com a preparação de
amostras (consumo de grandes volumes de solventes) e longos tempos de
extração. A extração assistida por radiação microondas é uma alternativa viável
às técnicas convencionais. A princípio, a MAE apresenta melhorias no pré-
tratamento de amostras, pois requer quantidades menores de solvente, menores
quantidades do material a ser extraído, reduz o tempo de extração, apresenta
dispositivos de segurança e aumenta o rendimento através da extração de várias
amostras simultaneamente ( até 14 amostras). Entretanto, no caso em estudo foi
constatada a presença de grandes quantidades de co-extrativos, quando
comparado ao procedimento usando extrator Soxhlet. Por outro lado, a utilização
da extração assistida por ultrasom forneceu menores valores de concentração,
por ser uma técnica menos energética, extraindo menores quantidades de
analitos da matriz.
Apesar de terem sido utilizados diversos métodos de clarificação com C
18
e com
Florisil, não foi possível verificar procedimento mais satisfatório, tendo em vista
que os testes foram realizados com amostras distintas, com diferentes teores de
matéria orgânica.
O método cromatográfico mostrou-se sensível e seletivo ao detector ECD para a
análise multiresíduos de agrotóxicos organoclorados.
As curvas de calibração para a determinação dos agrotóxicos organoclorados
apresentaram coeficientes de correlação linear maiores que 0,997. Desta forma,
o modelo de regressão linear é adequado para a quantificação dos analitos na
faixa de trabalho estudada.
A precisão analítica, de um modo geral, foi adequada (DPR < 15 %), uma vez
que são aceitáveis valores de até 20 % para análises de resíduos.
138
Foi observado que os LDM e LQM variam de acordo com o método de extração
e tipo de matriz do solo. De modo geral, melhores sensibilidades (limites mais
baixos) foram obtidas na seguinte ordem: ultra-som> soxhlet> microondas. Com
relação as diferentes matrizes do solo, verifica-se um aumento da sensibilidade
FSL> FJ> PARNASO, para a maioria dos compostos.
A recuperação dos OCs em matrizes fortificadas nos métodos de extração por
soxhlet, ultrasom e microondas apresentaram valores compreendidos entre 70 e
130 %, considerados aceitáveis para a análise de resíduos. Observou-se para
alguns analitos valores acima de 130 %, o que pode ser devido a contribuição da
matriz. No entanto, na extração assistida por radiação microondas, o dieldrin
mostrou recuperação de apenas 27 %, sugerindo a sua degradação, devido às
condições mais severas de temperatura e pressão. O padrão “surrogate”,
adicionado nas amostras do PARNASO antes do processo de extração,
apresentou uma recuperação maior que 70 % com DPR menor que 10 % em
todos os métodos de extração. Assim, a metodologia proposta pode ser
considerada adequada para as matrizes de solo estudadas.
Foram constatados altos teores de matéria orgânica nos solos do PARNASO, o
que justifica os altos valores de recuperação (> 130%) obtidos para as amostras
fortificadas, pois as grandes quantidades de co-extrativos presentes nestas
podem vir a interferir ou co-eluir com os analitos de interesse.
No estudo de recuperação em solo de referência certificado ERM
®
- CC007, os
resultados obtidos foram satisfatórios, concordando com os valores esperados.
Conseqüentemente, pode-se concluir que as metodologias empregadas foram
eficientes para a determinação dos analitos de interesse. Verificaram-se valores
de recuperação maiores que 130 % utilizando-se a MAE, já que este método é
mais energético que os demais. Foram observados valores crescentes de
recuperações dos POPs na seguinte ordem: ultrasom < soxhlet < microondas.
A validação da metodologia desenvolvida neste estudo para determinação de
poluentes organoclorados persistentes em amostras de solo mostrou que esta
pode ser utilizada em estudos ambientais.
A maioria dos agrotóxicos organoclorados foi detectada, em concentrações
acima dos seus LQs, nas amostras de solo coletadas nas localidades da Micro-
139
Bacia do Córrego Sujo, nas subparcelas do Rio Paquequer e transsectos no
PARNASO. A troca de fase estacionária confirmou a presença destes nas
amostras analisadas.
Os resultados de concentração dos OCs nas diversas amostras de solo, quando
comparados a outros trabalhos da literatura, demonstram que as áreas
estudadas não podem ser consideradas como impactadas.
8. SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES
As recomendações sugeridas para continuidade deste trabalho de pesquisa,
são:
a) A avaliação da presença de POPs em toda área do PARNASO, uma vez
que neste trabalho foi estudada apenas a Bacia do Rio Paquequer nos
limites da área do PARNASO.
b) Confirmação do indicativo da presença de POPs em todas as amostras por
GC/MS com monitoramento seletivo de íons.
c) Estudar mais detalhadamente as etapas de clarificação para otimização de
um método mais efetivo na eliminação dos interferentes da matriz.
d) Estudar a contribuição da matriz e sua relação com o teor de matéria
orgânica em solos tropicais nas técnicas de extração e clarificação.
e) Implantar e validar uma metodologia para análise multiresíduos de outros
analitos, como PCBs, HPAs, agrotóxicos organofosforados e
organoclorados, em solos tropicais (com altos teores de matéria orgânica)
por extração assistida por radiação microondas.
140
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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