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INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Doutorado em Biologia Parasitária
Ciclo biológico do Toxoplasma gondii em culturas
de células de epitélio intestinal de gato doméstico
Felis catus (Linnaeus, 1758)
M
ARCOS DE
A
SSIS
M
OURA
Rio de Janeiro
2008
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II
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Pós-Graduação em Biologia Parasitária
M
ARCOS DE
A
SSIS
M
OURA
Tese apresentada ao Instituto Oswaldo Cruz como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Doutor em Biologia Parasitária
Orientador (es)
Prof. Dr. Helene Santos Barbosa
Prof. Dra. Maria Regina Reis Amendoeira
RIO DE JANEIRO
2008
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III
IV
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Pós-Graduação em Biologia Parasitária
Marcos de Assis Moura
Ciclo biológico do Toxoplasma gondii em culturas de células de
epitélio intestinal de gato doméstico
Felis catus (Linnaeus, 1758)
ORIENTADOR (ES): Prof. Dra. Helene Santos Barbosa
Prof. Dra. Maria Regina Reis Amendoeira
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dra. Joseli Lannes Vieira (Presidente) – IOC - Fiocruz
Prof. Dr. Renato DaMatta - UENF
Prof. Dr. Wanderley de SouzaIBFCCF - UFRJ
SUPLENTES:
Prof. Dra. Laís de Carvalho – IHE - UERJ
Prof. Dr. Erick Vaz Guimarães – IOC - Fiocruz
Rio de Janeiro, 01 de Julho de 2008
V
ÍNDICE
FICHA CATALOGRÁFICA
RESUMO IX
ABSTRACT X
LISTA DE ABREVIATURAS XI
I. INTRODUÇÃO 01
II. REVISÃO DE LITERATURA 03
1. Intestino delgado de mamíferos 03
1.1. Células epiteliais intestinais de mamíferos 05
1.2. Culturas primárias de células intestinais 07
1.3. Linhagens celulares epiteliais intestinais 08
1.4. Linhagens celulares de felídeos 09
2. Toxoplasma gondii e toxoplasmose 10
2.1. Considerações gerais 10
2.2. Formas infectantes do T. gondii
12
2.2.1. Taquizoítos 12
2.2.2. Bradizoítos e cistos teciduais 13
2.2.3. Esporozoítos 14
2.3. Ciclo biológico 15
2.4. Ciclo enteroepitelial ou sexuado 17
2.4.1. Esquizonte do Tipo A 18
2.4.2. Esquizonte do Tipo B 18
2.4.3. Esquizonte do Tipo C 19
2.4.4. Esquizonte do Tipo D 20
2.4.5. Esquizonte do Tipo E 20
2.4.6. Gametogênese 21
2.4.7. Formação de oocistos 21
2.4.8. Trofozoítos 21
3. Interação parasito-célula hospedeira 22
3.1. Considerações gerais 22
3.2. Aspectos moleculares da adesão e invasão 23
3.3. Vacúolo parasitóforo 24
4. Dinâmica de diferenciação do T. gondii estudos in vitro e in vivo 25
II. OBJETIVOS 29
VI
1. Objetivos gerais 29
2. Objetivos específicos 29
III. MATERIAL E MÉTODOS 30
1. Cultura primária de células intestinais de felinos: obtenção e
manutenção
30
1.1. Animais 30
1.2. Isolamento e cultivo de células intestinais 30
1.3. Ensaio de viabilidade celular por citometria de fluxo 31
1.4. Acompanhamento, manutenção das culturas de células e sub-culturas 31
2. Caracterização das culturas primárias 32
2.1. Imunofluorescência 32
2.2. Análise ultra-estrutural 33
2.2.1. Microscopia eletrônica de transmissão 33
2.2.2. Microscopia eletrônica de varredura 33
2.2.3. Citoquímica ultra-estrutural 34
3. Experimentos de interação de bradizoítos de T. gondii cepa ME49 com
culturas de epitélio intestinal de felino doméstico
34
3.1. Obtenção de bradizoítos: isolamento, purificação e rompimento dos
cistos.
34
3.2. Avaliação da infectividade do T. gondii em CEIF e em duas linhagens
epiteliais
35
3.3. Interação T. gondii com a célula epitelial intestinal
36
3.4. Monitoramento dos estágios morfológicos evolutivos do T. gondii
36
3.5. Análise ultra-estrutural da interação parasito-célula hospedeira 37
3.5.1. Microscopia eletrônica de transmissão 37
3.5.2. Biogênese da membrana do vacúolo parasitóforo 37
IV. Resultados 39
1. Culturas primárias de epitélio intestinal felino 39
1.1. Características morfológicas durante seu desenvolvimento, in vitro
39
1.2. Expressão de marcadores intestinais 42
1.3. Caracterização morfológica ultra-estrutural e funcional 45
2. Análise da infectividade de bradizoítos de T. gondii frente a linhagens
epiteliais e cultura de epitélio intestinal de felinos
51
3. Aspectos morfológicos da interação T. gondii e epitélio intestinal
felino in vitro
53
3.1. Interação na relação 1:5 (parasito-célula hospedeira) 53
3.2. Interação na relação 1:10 (parasito-célula hospedeira) 55
VII
3.3. Interação na relação 1:20 (parasito-célula hospedeira): Caracterização
do vacúolo parasitóforo e dos estágios enteroepiteliais do T. gondii
55
3.4. Biogênese da membrana do vacúolo parasitóforo 61
V DISCUSSÃO 64
1. Cultivo primário de epitélio intestinal de gato doméstico e modelo de
estudo
64
2. Interação T. gondii com epitélio intestinal felino in vitro 69
VI. CONCLUSÕES 78
1. Modelo de estudo: Cultura primária de epitélio intestinal felino 78
2. Interação T. gondii com epitélio intestinal felino in vitro 78
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 80
ANEXO 1:
Establishment and characterization of a primary feline intestinal
epithelial cell culture
M. A. Moura, M. R. R. Amendoeira & H. S. Barbosa
96
ANEXO 2:
Is it possible to reproduce the sexual cycle of Toxoplasma gondii in
feline enterocytes in vitro?
M. A. Moura, M. R. R. Amendoeira & H. S. Barbosa
125
VIII
ÍNDICE DE ESQUEMAS, GRÁFICOS, TABELAS E FIGURAS
Esquema 1: Intestino delgado de mamíferos 04
Esquema 2: Células do epitélio intestinal de mamíferos 05
Esquema 3:
Ultra-estrutura das formas infectantes de T. gondii
15
Esquema 4:
Ciclo de vida do T. gondii
17
Esquema 5:
Ciclo enteroepitelial do T. gondii
22
Gráfico 1:
Análise de viabilidade por citometria de fluxo do dissociado
celular do intestino delgado de felídeos através da marcação
com Iodeto de propídio (PI)
40
Figura 1:
Aspectos morfológicos das culturas primárias intestinais de
felino do a 10º dia por microscopia de contraste de fase e
interferencial
41
Figura 2: Culturas terciárias semi-confluentes de CEIF 43
Figura 3:
Caracterização das CEIF através microscopia de
fluorescência
44
Figura 4:
Imunoreatividade para revelação de fosfatase alcalina em
CEIF
46
Figura 5:
Células de CEIF secundárias apresentando aspecto epitelial
pavimentoso
47
Figura 6:
Microscopia eletrônica de varredura ilustrando a morfologia
epitelial em culturas de CEIF
48
Figura 7:
Caracterização ultra-estrutural funcional das CEIF com
ferritina cationizada (FC)
50
Tabela 1:
Resultados da análise da variância das médias percentuais de
células infectadas por bradizoítos de T. gondii cepa ME49 em
células epiteliais intestinais de felino (CEIF) em relação as
linhagens ÏEC-6 e CRFK
52
Gráfico 2:
Percentual de células infectadas por bradizoítos de T. gondii
cepa ME49 em CEIF em relação as linhagens ÏEC-6 e CRFK
52
Figura 8:
Interação bradizoítos de T. gondii cepa ME49 com CEIF na
proporção 1:5 parasito-célula hospedeira
54
Figura 9:
Interação bradizoítos de T. gondii cepa ME49 com CEIF na
proporção 1:10 parasito-célula hospedeira
56
Figura 10:
Formação de esquizontes precursores dos estágios
enteroepiteliais de T. gondii in vitro após 6 d.p.i
57
Figura 11: Parasitos em divisão por endodiogenia assincrônica 59
Figura 12:
Tipos morfológicos distintos de T. gondii em CEIF com 6 d.p.i.
60
Figura 13:
Tipos morfológicos de T. gondii diferenciados
62
Figura 14:
CEIF pré-incubadas com FC e infectadas por 12h com
bradizoítos de T. gondii
63
IX
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Ciclo biológico do Toxoplasma gondii em culturas de células de epitélio intestinal de
gato doméstico Felis catus (Linnaeus, 1758)
RESUMO
TESE DE DOUTORADO
Marcos de Assis Moura
Culturas primárias de células epiteliais intestinais têm uma importância significativa
para o estudo do desenvolvimento normal e na diferenciação do epitélio intestinal.
Muitos mecanismos envolvidos nas enteropatias ou interações patógeno-hospedeiro
no intestino de felinos não foram ainda elucidados. Este modelo celular
potencialmente se aplica à investigação de processos infecciosos provocados por
enteropatógenos, em particular ao protozoário Toxoplasma gondii, um Coccídeo que
tem o felino como seu hospedeiro definitivo, mantendo seu ciclo sexual no intestino
delgado. As células foram obtidas cirurgicamente do intestino delgado de feto de
felino. A dinâmica e a natureza epitelial das células em culturas foram confirmadas
por critérios morfológicos, utilizando microscopias de luz, confocal, eletrônica de
transmissão e varredura demonstrando: (i) replicação celular; (ii) adesão ao
substrato; (iii) migração celular; (iv) alinhamento das células como demonstrado pela
posição do núcleo indicativo de polarização celular, similar ao epitélio intestinal; (v)
exibição de fenótipo similar a enterócitos pela revelação da expressão de
citoqueratina e fosfatase alcalina. As propriedades funcionais das células epiteliais
intestinais de felinos (CEIF) foram reveladas pela demonstração de sua atividade
endocítica monitorado através da incorporação de ferritina cationizada. Desta forma,
as culturas de CEIF foram infectadas com bradizoítos isolados de cistos
intracerebrais colhetados de camundongos C57BL6. Após 6 dias foi possível
observar por análise ultra-estrutural parasitas com características morfológicas
compatíveis com estágios enteroepiteliais do ciclo sexuado do T. gondii: (i) vacúolos
contendo apenas um parasito dentro de uma matriz vacuolar repleta da rede de
membranas tubulovesicular bem desenvolvida; (ii) grandes vacúolos, contendo
formas multiplicativas desorganizadas, característico de reprodução por
endopoligenia; (iii) parasitos similar a macrogametas apresentando características
estruturais, tais como: complexo membranar interno, núcleo granular, estruturas
citoplasmáticas que se assemelham aos corpos formadores de parede, grânulos
densos, grânulos de amilopectina e mitocôndrias. A introdução do modelo celular de
epitélio intestinal de felino empregado na presente tese mostrou que potencialmente
pode contribuir com novos subsídios sobre a biologia celular do parasito e se
apresenta como uma nova e pioneira metodologia in vitro para o estudo do ciclo
entérico do T. gondii.
Palavras-chave: Toxoplasma gondii; células epiteliais intestinais de felinos; culturas
primárias de felinos; estágios enteroepiteliais, ciclo entérico do T. gondii, in vitro
X
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Biological cycle of Toxoplasma gondii in cultures of intestinal epithelial cells of
domestic cats Felis catus (Linnaeus, 1758)
ABSTRACT
Marcos de Assis Moura
Primary cultures of the intestinal epithelial cell have significant importance for the
study of the normal development and differentiation of intestinal epithelium. Many
mechanisms involved in the enteropathies or host-pathogen interactions in feline
intestine have not been elucidated yet. This cellular model potentially applies to the
investigation of the infection process provoked by enteropathogenous, in particular to
the protozoan, Toxoplasma gondii, a Coccidian. The sexual life cycle of T. gondii is in
the small gut of the feline, which is its definitive host. Intestinal epithelial cells were
obtained from the small gut of a feline fetus surgically. The dynamic and epithelial
nature of the cells in culture were confirmed by morphological criteria using confocal
and light microscopy and also scanning and transmission electron microscopy
showing: (i) cellular replication; (ii) cell substrate adhesion; (iii) cellular migration; (iv)
cell alignment as demonstrated by the nucleus position indicative of cellular
polarization, like intestinal epithelium; and (v) enterocyte-like phenotype exhibition by
revelation of the cytokeratin and alkaline phosphatase expressions. The functional
properties of the feline intestinal epithelial cells (FIEC) were revealed by
demonstrating their endocytic activity monitored through the incorporation of
cationized ferritin. In this way, FIEC cultures were infected with bradyzoites isolated
from intracerebral cysts colleted from C57BL6 mice. After 6 days it was possible to
observe by ultrastructural analysis, parasites with morphologic characteristics
compatible with enteroepithelial stages of the sexual cycle of T. gondii: (i) vacuoles
containing only one parasite inside a vacuolar matrix full of the well developed
tubulovesicular membrane network; (ii) large vacuoles, containing disorganized
multiplicative forms, characteristic of endopolygeny reproduction; (iii) parasites like
macrogametes presenting structural characteristics such as: inner membrane
complex, granular nucleus, cytoplasmic structures like wall forming bodies, dense
granules, amylopectin granules and mitochondria. The feline intestinal epithelial
cellular model introduced in this present thesis showed that it can potentially
contribute to new research in parasite cellular biology and presents a new and
pioneering methodology in vitro for the study the enteric cycle of T. gondii.
Keywords: Toxoplasma gondii, feline intestinal epithelial cells (FIEC); feline primary
culture; enteroepithelial stages, enteric cycle of T. gondii, in vitro.
XI
LISTA DE ABREVIATURAS
Am Grânulos de amilopectina
BAG1 Antígeno de bradizoíto de Toxoplasma gondii
BSA Albumina sérica bovina
C Celcius
CACO Cacodilato de sódio
CEIF Células epiteliais intestinais de felino
CFP Corpos formadores de parede
CMI Complexo membranar interno
Co Conóide
CR Corpo Residual
d.p.i. Dias pós infecção
DABCO 1,4-diazabicyclo-[2,2,2]-octano-triethylenediamine
DAPI 4’, 6-diamidino-2-phenylindole
DBA Dolichos biflorus aglutinina
DMEM/Hams F12 Dulbecco's Modified Eagle's Medium/Hams Nutrient F12 (1:1)
DNA Ácido dexorribunucléico
DTT Dithiothreitol
EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético
EGF Epidermal growth factor
EGTA Ácido etilenoglicol tetra-acético
FC Ferritina cationizada
FITC Isocianato de fluoresceína
g Força gravitacional
GA Glutaraldeído
GD Grânulos densos
Go Complexo de Golgi
h Hora
h.p.i. Horas pós infecção
IFI Imunofluorescência indireta
IFN-γ Interferon gama
Ig Imunoglobulinas
Li Lipídeos
M Concentração Molar
MET Microscopia eletrônica de transmissão
MEV Microscopia eletrônica de varredura
Mi Mitocôndria
Mie Mitocôndrias eletrondensas
Min Minutos
Mn Micronemas
MVP Membrana do vacúolo parasitóforo
N Núcleo
NH
4
Cl Cloreto de amônia
Nu Nucléolo
OsO
4
Tetróxido de ósmio
PAS Ácido periódico de Schiff
PBS Tampão salina fosfato (phosphate buffered saline)
PCR Reação da polimerase em cadeia reversa
PFA Paraformaldeído
XII
PV Vacúolo parasitóforo
RE Retículo endoplasmático
RMT Rede de membranas tubulovesicular
Ro Róptrias
SAG1 Proteína de superfície de taquizoítos de Toxoplasma gondii
SFB Soro fetal bovino
VP Vacúolo parasitóforo
1
I. INTRODUÇÃO
O Toxoplasma gondii é um parasito intracelular obrigatório, causador da
toxoplasmose, uma das mais comuns zoonoses parasitárias do mundo com
aproximadamente 25% da população global humana cronicamente infectada. Esse
agravo se reveste de importância em duas situações: (i) na toxoplasmose congênita
que pode acarretar danos severos ao feto, como retardamento mental e cegueira; (ii)
como uma importante infecção oportunista em indivíduos imunocomprometidos,
induzindo à toxoplasmose encefálica que pode ser fatal.
A toxoplasmose é uma das protozoonoses mais disseminadas pelo mundo,
estando presente em todos continentes A ampla distribuição do parasito é
determinada pela possibilidade de apresentar vários mecanismos de transmissão:
ingestão de cistos presentes em carnes cruas ou mal cozidas, ou pela ingestão de
oocistos presentes em fezes de felídeos que contaminam alimentos e água ou
ainda, a manipulação de terra contaminada com oocistos.
O T. gondii pode ser encontrado parasitando diferentes espécies de
vertebrados. Nestes animais, ocorre o processo de reprodução assexuada, que os
caracterizam como hospedeiros intermediários. A reprodução sexuada ocorre
unicamente em gatos e outros felídeos, considerados hospedeiros definitivos, pois
eliminam oocistos imaturos nas fezes.
Com cem anos de sua descoberta a literatura apresenta um enorme número de
artigos científicos abordando a toxoplasmose, o Toxoplasma gondii (9659) e seus
estágios infectivos: taquizoítos (1106), bradizoítos (262) e oocistos (493). Nota-se,
porém, que o conhecimento específico do ciclo entérico do T. gondii em felídeos é
escasso e se limita a 17 artigos, sendo que com relação particularmente à
caracterização morfológica in vivo, esse quantitativo cai para 4 artigos (Frenkel,
1970; Dubey e Frenkel, 1972; Fergunson, 2004 e Speers e Dubey 2005 ). A limitada
caracterização morfológica do ciclo entérico do T. gondii se reflete diretamente na
ausência de medidas de controle da toxoplasmose em felídeos.
A carência de modelos celulares que possibilitem explorar o ciclo entérico do T.
gondii no hospedeiro definitivo foi a motivação para o direcionamento dos objetivos
2
desta tese. Assim, introduzimos culturas de células intestinais de felídeos, pela
primeira vez, como modelo celular visando o estudo da interação do T. gondii com
essas lulas oriundas do hospedeiro definitivo, onde ocorre a reprodução sexuada
do parasito. Nossa principal meta é poder contribuir com subsídios da biologia
celular do parasito, possibilitando o desenvolvimento de novas drogas e estratégias
que possam prevenir toxoplasmose.
Considerando os aspectos éticos no uso de animais em ensaios experimentais,
o presente projeto se justifica pela possibilidade de se empregar culturas primárias
de células e de linhagem celular de felídeos para o estudo da sua interação com T.
gondii, minimizando assim, o emprego de felídeos nestes experimentos.
3
II. REVISÃO DE LITERATURA
1. Intestino delgado de mamíferos
O intestino delgado é dividido em três porções: duodeno, jejuno e íleo. Esta é a
porção do tubo digestivo onde ocorrem os processos finais da digestão, favorecendo
a ação das enzimas digestivas (Cheng e Leblond, 1974). A absorção dos nutrientes
ocorre por meio de mecanismos ativos ou passivos, nas regiões do jejuno e do íleo.
A superfície interna, ou mucosa, das regiões do jejuno e do íleo, apresenta,
além das projeções digitiformes, inúmeras projeções chamadas vilosidades; um
traçado que aumenta a superfície de absorção intestinal. As membranas das
próprias células do epitélio intestinal apresentam, por sua vez, dobras microscópicas
denominadas microvilosidades (Forte e cols, 1980).
A lâmina própria do intestino é formada por tecido conjuntivo, vasos
sangüíneos e linfáticos, fibras nervosas e fibras musculares lisas (esquema 1). A
lâmina própria penetra nas vilosidades intestinais, e suas fibras musculares são
responsáveis pelos movimentos rítmicos das vilosidades intestinais fundamentais
para os processos de absorção (Cheng e Bjerknes, 1983; Bjerknes e Cheng, 1985;
Cheng e cols., 1986).
A submucosa é constituída por um tecido conjuntivo rico em vasos sangüíneos
e linfáticos e se apresenta infiltrada por células linfóides e mastócitos (Friedman e
Cardell, 1977; Friedman e Nylund, 1980). A camada muscular é formada por fibras
dispostas em hélice e orientadas em três direções diferentes: a camada externa é
longitudinal, a média é circular e a interna oblíqua (esquema 1). A camada serosa é
delgada e coberta por mesotélio (esquema 1). As células assim formadas deslizam
em direção aos vilos, desprendendo-se na sua extremidade (Black e cols., 1980;
Moog, 1981; Moog e Wiemerslage, 1981).
Na região da submucosa estão localizadas as glândulas duodenais, que
secretam um muco alcalino (pH 8,2-9,3), responsável pela neutralização do suco
gástrico, tornando o pH ideal para ação das enzimas pancreáticas (Friedman e
Cardell, 1977; Friedman e Nylund, 1980). Os vasos sangüíneos que nutrem as
4
células intestinais partem da submucosa, formando uma rede capilar complexa em
cada vilosidade logo abaixo do epitélio, onde se encontram os capilares linfáticos
que se dirigem para o plexo de veias da submucosa (Friedman e Cardell, 1977;
Friedman e Nylund, 1980).
Esquema 1: Intestino delgado de mamíferos: A – Corte transversal do intestino delgado de
mamíferos, mostrando as diferentes camadas teciduais que constituem o órgão. B Corte da região
das vilosidades intestinais com projeções digitioformes. B’ Detalhe da cripta intestinal mostrando
células caliciformes, células de Paneth e células M. B’’ - Ápice da vilosidade intestinal com células
absortivas e caliciformes e o tecido conmjuntivo com linfócitos e capilares sangüíneos. Adaptado por
M.Moura e H.Barbosa de Junqueira e Carneiro (1995).
A inervação intestinal é formada por duas redes intrínsecas de neurônios: (a) o
plexo nervoso mioentérico, localizado entre as camadas submucosa e muscular
constituído basicamente por neurônios efetores; (b) o plexo submucoso localizado
na submucosa é constituído por neurônios efetores e sensoriais (Friedman e Cardell,
5
1977; Friedman e Nylund, 1980). Além disso, o intestino possui uma inervação
extrínseca formada por fibras parassimpáticas que estimulam a atividade da
musculatura lisa intestinal e fibras simpáticas que têm como objetivo diminuir a
movimentação da fibra muscular (Friedman e Cardell, 1977; Friedman e Nylund,
1980). O epitélio intestinal tem como função primordial a absorção de nutrientes.
Para o desempenho desta função, é fundamental a movimentação rítmica
involuntária das vilosidades intestinais, que é realizado, não só, pela musculatura
lisa das submucosas, mas também pela rica rede de filamentos de actina das
células epiteliais intestinais (Magney e cols., 1986).
Esquema 2: Células do epitélio intestinal de mamíferos: representação das células que compõem
o intestino delgado de mamíferos. Adaptado por M.Moura e H.Barbosa de Junqueira e Carneiro
(1995).
1.1. Células epiteliais intestinais de mamíferos
O desenvolvimento e funcionamento do epitélio do intestino delgado normal de
mamíferos dependem da regulação entre a proliferação e diferenciação das criptas.
Embora as propriedades morfológicas e de auto-renovação das células das criptas
tenham sido bem caracterizadas, os mecanismos controladores de sua proliferação
e diferenciação em diferentes tipos de células, ainda são pouco conhecidos
(Lavisheva e cols., 1999; Quaroni e cols., 2000).
6
Após o nascimento, a função digestiva e protetora da mucosa intestinal
depende de uma constante renovação e diferenciação do epitélio superficial.
Resumidamente, os vilos prolongam-se dentro do lúmen intestinal para absorver
nutrientes, sendo as criptas a região proliferativa celular do intestino. Células-tronco
epiteliais situam-se próximas à base de cada cripta e dividem-se em células filhas,
as quais migram em direção à borda superior das criptas, onde são removidas por
um processo envolvendo apoptose (Slorach e cols., 1999).
As células intestinais funcionam como uma barreira, que impede o acesso de
substâncias e microorganismos potencialmente nocivas para células subjacentes da
lâmina própria (Mahida e cols., 1997).
O epitélio das glândulas intestinais e dos vilos é bastante indiferenciado na
porção basal das glândulas e se diferencia gradualmente durante o seu
deslizamento em direção à extremidade do vilo (Cheng e cols., 1986). O epitélio da
mucosa intestinal é formado por vários tipos celulares. As células mais comuns são
as intestinais prismáticas ou absortivas, seguidas pelas células caliciformes, lulas
de Paneth (células enteroendócrinas produtoras de polípeptídios) e as lulas M
(Friedman e Cardell, 1977; Friedman e Nylund, 1980).
As células absortivas são colunares prismáticas e se caracterizam pela
presença de uma condensação em sua superfície apical (borda estriada). Ao
microscópio eletrônico essa borda se apresenta como uma camada de microvilus
densamente agrupados (Cheng e Bjerknes, 1983; Cheng e cols., 1986).
As células caliciformes secretam muco que lubrifica e protege a superfície do
epitélio intestinal, distribuindo-se entre as células absortivas. São menos freqüentes
no duodeno e aumentam em número em direção ao íleo (Friedman e Nylund, 1980;
Magney e cols., 1986).
As células de Paneth estão presentes na porção basal das glândulas intestinais
e se caracterizam por serem células exócrinas. Contêm grânulos de secreção
acidófilos na região apical do citoplasma e secretam principalmente a lisozima, que
tem função de regulação da microbiota intestinal (Cheng e Bjerknes, 1983; Cheng e
cols., 1986).
As células M são células epiteliais especializadas que recobrem os nódulos
linfáticos das placas de Peyer e se caracterizam pela presença de invaginações
laterais onde se localizam linfócitos. As lulas M são fundamentais para a resposta
7
imune das mucosas intestinais: interiorizam antígenos e permitem a migração de
linfócitos pelo intestino (Black e Moog, 1977; Moog, 1981).
Os tecidos linfóides associados à mucosa intestinal são compostos por
agregados de nfócitos: nas tonsilas, placas de Peyer e em folículos linfóides
dispersos na mucosa intestinal. (Buzoni-Gatel e cols, 2006). O sistema imune celular
no intestino delgado é bastante complexo e inclui populações variadas de linfócitos
intraepiteliais, predominantemente de linfócitos T (TCD4+, TCD8+). Seguidos de
Linfócitos B e Células NK, além dos macrófagos e granulócitos localizados na
submucosa (McDonald, 1999), Desta forma, o sistema imune intestinal apresenta
uma associação da resposta imune celular e da mediada por anticorpos, o que o
torna fundamental para o reconhecimento de moléculas e interação com
microorganismos.
1.2. Culturas primárias de células intestinais
Culturas primárias de células intestinais permitem estudar os mecanismos
envolvidos nas patologias intestinais, incluindo as causadas por agentes infecciosos
que afetam a integridade celular (Evans e cols., 1994).
Culturas primárias intestinais são de difícil obtenção, pois essas células
dependem fundamentalmente da interação célula-célula e/ou lula-matriz, além de
diversos fatores de crescimento (Aldhous e cols., 2001). A falta de fatores de
crescimento ou interações no sistema intestinal in vitro leva à indução de morte
celular dentro de um período muito curto de tempo (Strater e cols., 1996). A
interação do epitélio com o mesênquima é fundamental para regulação, proliferação
e diferenciação do epitélio intestinal (Fukamachi, 1992; Sanderson e cols., 1996).
Vários pesquisadores desenvolveram todos de cultivo de células
intestinais de diversas espécies animais, a partir de células primárias normais (Rusu
e cols., 2005). Algumas estratégias têm sido utilizadas na tentativa de se estabelecer
um cultivo intestinal homogêneo em monocamadas, empregando lulas intestinais
obtidas de fragmentos de animais adultos (Macartney e cols., 2000; Aldhous e cols.,
2001) ou células fetais (Quaroni, 1985a; Perreault e Jean-Francois, 1996; Sanderson
e cols., 1996). O principal problema com cultivos de células de animais adultos é que
após a remoção das celulas da membrana basal adjacente, o processo de apoptose
é iniciado dentro de poucas horas, inviabilizando estudos de longa duração (Potten e
cols., 1994; Strater e cols., 1996).
8
Em culturas primárias de epitélio intestinal obtidas de fetos de ratos de 14 a 15
dias foram observadas células epiteliais cubóides, com localização basal do núcleo e
a presença de vilos em uma face do lúmen (Kedinger e cols., 1987). Áreas de
especialização de membrana foram identificadas com formação de conexões do tipo
zônula de oclusão, zônula de adesão e desmossomos na região subluminal e
microvilos que se projetavam na face do lúmen, indicando que as células em cultura
mantinham a capacidade de absorção (Fukamachi, 1992).
1.3. Linhagens celulares epiteliais intestinais
O estabelecimento de linhagens celulares intestinais de mamíferos é um
processo muito difícil, devido à complexidade celular do intestino, da dependência
do contato entre as células e a necessidade de fatores de crescimento (Strater e
cols., 1996).
Nos últimos anos, culturas celulares epiteliais de cólon, oriundas de neoplasias,
têm sido consideradas como os sistemas intestinais mais favoráveis para o cultivo,
pois podem ser mantidas por um longo período de tempo (3-4 meses). No entanto,
uma série de processos fisiológicos e fisiopatológicos do intestino grosso in vivo, não
é mimetizada nestes sistemas (Bartsch e cols., 2004). Objetivando reproduzir os
eventos celulares que ocorrem in vivo foram estabelecidas culturas primárias de
células epiteliais diferenciadas (adultas) de cólon de camundongos (Booth e cols.,
1995; Tabuchi e cols., 2000), ratos (Ahnen e cols., 1988; Temes e cols., 1991;
Traber e cols., 1991; Schorkhuber e cols., 1998) e homem (Whitehead e cols., 1987;
Baten e cols., 1992; Stauffer e cols., 1995; Pedersen e cols., 2000). A principal
limitação de culturas primárias de células intestinais é o curto período de cultivo (na
maioria dos casos 7 a 14 dias), assim elas não são adequadas, por exemplo, para
estudos de transformação celular (Bartsch e cols., 2004).
Alternativamente, uma série de linhagens celulares derivadas de adenomas de
cólon (Paraskeva e cols., 1984; Van Mouwerik e cols., 1987) e carcinomas (Fogh e
cols., 1977; Leibovitz e cols., 1976) tornaram-se disponíveis. Porém, em função
dessas linhagens serem derivadas de tumores, elas continham diversas alterações
genéticas que impossibilitavam vários estudos comparativos in vitro, como por
exemplo, as linhagens intestinais de adenocarcinoma de cólon humano (HT29,
Caco-2, T84) (Bartsch e cols., 2004).
9
Linhagens de epitélio de intestino delgado de ratos, amostra fetal, como IEC-6,
IEC-18 e RIE-1 foram estabelecidas pelo menos três décadas. Estas linhagens
apresentam características morfofisiológicas preservadas do epitélio intestinal in
vivo, trazendo vários avanços nos estudos in vitro da fisiopatologia intestinal
(Quaroni e cols., 1979; Quaroni, 1986; Browning e Lees, 1994).
A introdução de linhagens epiteliais intestinais de origem não neoplásica
representou um avanço nessa linha de pesquisa, pois além da manutenção das
características do tecido original, apresentam um taxa de apoptose inferior às
linhagens derivadas de células do intestino grosso (Potten e Grant, 1998).
1.4. Linhagens celulares de felídeos
Nas últimas décadas, a utilização de linhagens celulares representou um
grande avanço mundial, em vários aspectos: no custo dos experimentos, rapidez na
obtenção dos resultados e ainda, evitando sacrifício de animais (Balls, 2007).
uma carência de linhagens celulares de animais de grande porte, animais
silvestres e domésticos, quando comparado às linhagens de animais de laboratório,
mais especificamente quando se considera linhagens de origem intestinal (Golaz e
cols., 2007).
Recentemente, alguns trabalhos relatam o estabelecimento e a caracterização
de cultivos primários intestinais de animais domésticos: intestino de bovinos
(Follmann e cols., 2000; Birkner e cols., 2004; Rusu e cols., 2005; Kaushik e cols.,
2008); intestino delgado de caninos (Weng e cols., 2005; Golaz e cols., 2007) e
intestino de suínos
(Badylak e cols., 1998; Lindberg e Badylak, 2001).
Apesar de vários estudos relacionados à produção de vacinas e cultivos virais
em linhagens celulares de felinos (Lehmann e cols., 1992a; Lehmann e cols.,
1992b), poucas estão disponíveis para uso em pesquisas. Podemos destacar as
linhagens de: macrófagos FCWS-4 (Jacobse-Geels e Horzinek, 1983); linfoblastos:
NCE-F161 (Allison e Gregoriadis, 1990), FeLV-3281 (Donahue e cols., 1988), Fc3Tg
(Nelson-Rees e cols., 1972), MYA-1 (Miyazawa e cols., 1992) e FL74-UCD-1
(Pedersen e cols., 1979); linfócitos T: FeT-J e FeT-1c (Yamamoto e cols., 1998);
células da glia: PG-4 (S+L-) e astrócitos G355-5 (Haapala e cols., 1985).
Na ausência de linhagens intestinais de felinos disponíveis em bancos de
células, linhagens epiteliais são os modelos mais próximos para estudos
comparativos morfofisiopatológicos intestinais, e para isso temos disponível duas
10
linhagens: epitélio hepático AK-D (Cantin e Woods, 1993) e epitélio renal CRFK
(Crandell e cols., 1973).
Esse conjunto de dados reforça a necessidade do estabelecimento de culturas
de células epiteliais intestinais de felídeos para estudo de diversas enteropatias
intestinais, e principalmente como ferramenta para a reprodução do ciclo
enteroepitelial do T. gondii in vitro, como proposto na presente tese.
2. Toxoplasma gondii e toxoplasmose
2. 1 Considerações gerais
O Toxoplasma gondii é um dos parasitos intracelulares mais disseminados pelo
mundo e aproximadamente 1/3 da população humana mundial encontra-se
cronicamente infectada (Dubey e Welcome, 1988; Miro e cols., 2004; Dubey e cols.,
2004b). O parasito foi descoberto em 1908, simultaneamente, por Splendore em
coelhos, no Brasil, e por Nicolle e Manceaux, no roedor Ctenodatylus gondii, no
Instituto Pasteur da Tunísia, norte da África. Atualmente é bastante extensa a
relação de espécies, entre mamíferos e aves, encontradas naturalmente infectadas
pelo T. gondii (Montoya e Liesenfeld, 2004).
A transmissão do T. gondii pode ocorrer pela ingestão oral de oocistos que
foram liberados no ambiente junto com as fezes dos gatos, ou pela ingestão de
cistos teciduais encontrados em carne ou vísceras (cruas ou mal cozidas) dos
hospedeiros intermediários, ou pela via vertical através da transmissão
transplacentária dos taquizoítos (Dubey e Shen, 1991; Uchoa e cols., 1999; Dubey,
2004). Em muitos hospedeiros os taquizoítos podem também ser transmitidos por
meio do leite (Dubey e Carpenter, 1993). Assim, o parasito circula do hospedeiro
definitivo para o intermediário ou vice-versa, bem como entre os hospedeiros
definitivos e entre os hospedeiros intermediários (Dubey e cols., 2002).
Os gatos domésticos fazem o papel de disseminadores da infecção pelo
T.gondii, uma vez que liberam no ambiente uma grande quantidade de oocistos, que
quando esporulados podem permanecer viáveis por muitos meses ou anos (Frenkel
e Dubey, 1972; Dubey e cols., 2002). Oocistos podem ainda ser disseminados muito
facilmente, por insetos, vermes, água e pelo ar (Kniel e cols., 2002). Apesar dos
felídeos serem fundamentais para a manutenção do T. gondii no ambiente,
11
recentemente a toxoplasmose foi enquadrada como uma zoonose veiculada pela
água (Hill e Dubey, 2002; Bahia-Oliveira e cols., 2003; Dubey, 2004).
O sucesso do parasitismo por T. gondii em diferentes hospedeiros se deve a
sua rapidez em invadir as células, usando receptores altamente conservados entre
espécies filogeneticamente distantes. Essa característica faz com que praticamente
todos os animais sejam suscetíveis à infecção e atuando potencialmente como
hospedeiros intermediários e disseminadores deste parasito (Dubey e cols., 2002;
Hill e Dubey, 2002; Dubey, 2004).
O parasito apresenta alta infectividade e baixa patogenicidade. O número de
casos clínicos graves é bastante reduzido, devido à existência de numerosas cepas
com diferentes graus de virulência (Dubey e Carpenter, 1993). É estimado que as
diferentes taxas de infecção humana e animal, obtidas nos diversos países do
mundo, se devem a fatores como a localização geográfica, condições ambientais,
hábitos culturais e alimentares dos povos, grau de desenvolvimento do país e infra-
estrutura hídrica e sanitária (Suzuki e cols., 1995; Sobral e cols., 2005). A
distribuição cosmopolita do parasito não tem demonstrado a ocorrência de
resistência ao parasito por parte de nenhum grupo populacional em especial
(Amendoeira e Coutinho, 1981; Dubey, 2004; Sobral e cols., 2005). Na maioria dos
adultos a infecção não apresenta patogenia aparente com cerca de 90% dos
indivíduos infectados assintomáticos. No entanto, cegueira ou retardamento mental
pode ser observado em crianças congenitamente infectadas e em pacientes
imunocomprometidos apresentando clínica neurológica severa (Dubey e Welcome,
1988; Hill e Dubey, 2002).
O hospedeiro infectado vai desenvolver basicamente dois tipos de infecção:
uma aguda provocada por taquizoítos que se multiplicam numa enorme variedade
de células, disseminando a infecção pelo organismo do hospedeiro e, uma crônica,
quando ocorre o encistamento em diversos tecidos, particularmente cérebro e
músculos (Dubey e Frenkel, 1973; Dubey e Welcome, 1988). Cistos teciduais
persistem por toda a vida do hospedeiro, podendo se romper, liberando bradizoítos e
iniciar o processo de reativação da infecção toxoplásmica. Esta reativação pode
ocasionar principalmente, a toxoplasmose encefálica (Luft e Remington, 1992; Hill e
Dubey, 2002; Dubey, 2004). O mecanismo que leva à reativação da infecção pelo T.
gondii é desconhecido, não havendo consenso em relação aos mecanismos de
interconversão bradizoíto-taquizoíto (Bohne e cols., 1994; Sahm e cols., 1997). A
12
quimioterapia utilizada na toxoplasmose é efetiva contra os taquizoítos, sendo os
bradizoítos menos susceptíveis, fazendo com que os cistos teciduais nos diferentes
tecidos tenham uma grande relevância clínica (Gross e cols., 1996; Bohne e cols.,
1997).
2.2. Formas infectantes do T. gondii
O T. gondii pertence ao filo Apicomplexa, possui uma única espécie T. gondii
com numerosas cepas e é constituído por protozoários com estrutura celular
polarizada e com um complexo de organelas secretoras bem características deste
grupo (micronemas, róptrias e grânulos densos) (Dubey e Welcome, 1988; Dubey e
cols, 1998).
O parasito apresenta três formas evolutivas responsáveis pela transmissão da
toxoplasmose: bradizoítos e taquizoítos, encontrados nos hospedeiros
intermediários e definitivos onde se reproduzem assexuadamente, e esporozoítos
encontrados nos oocistos eliminados pelas fezes dos hospedeiros definitivos, por
meio da reprodução sexuada (Dubey, 2002; Dubey e cols., 1998).
2.2.1. Taquizoítos
O termo taquizoíto (taqui = rápido em grego) é devido à rápida multiplicação do
parasito em diversos tipos celulares. Os taquizoítos possuem formato elíptico (4-8
µm de comprimento e 2-4 µm de largura). o parasitos obrigatoriamente
intracelulares de células nucleadas e são sempre encontrados no interior de
vacúolos parasitóforos (Dubey e cols., 2002). Depois de várias replicações por
endodiogenia, os parasitos rompem a membrana da célula hospedeira e se
disseminam via hematógena para vários tecidos (Dobrowolski e Sibley, 1996; Dubey
e Frenkel, 1998). A forma taquizoíta é responsável pela fase aguda da infecção,
causando forte inflamação, destruição tecidual e manifestações clínicas (Frenkel,
1974).
Ultra-estruturalmente, os taquizoítos apresentam diversos grânulos densos e
micronemas, grânulos de amilopectina raros ou ausentes, arranjo de microtúbulos
subpeliculares, anéis apicais e polares, cinco a oito róptrias (organelas claviformes,
na região anterior entre complexo apical e o núcleo) (de Melo e cols., 2000; de
Souza, 1974; de Souza & Souto-Padrón, 1978; Moreno e cols., 1998). Apresentam
núcleo na região central do corpo do parasito (Dubey e cols 1998).
13
2.2.2. Bradizoítos e Cistos Teciduais
Bradizoíto (bradi = lento em grego) é a forma encontrada no interior de cistos
teciduais, caracterizando a fase crônica da infecção. Reproduz-se lentamente no
interior do vacúolo parasitóforo na célula hospedeira por endodiogenia e modifica a
membrana do vacúolo formando a parede cística dando origem ao cisto tecidual
(Weiss e Kim, 2000). Os bradizoítos medem aproximadamente de 7-9 µm de
comprimento por 2-4 µm de largura (Mehlhorn e Frenkel, 1980) e são ácido periódico
de Schiff positivo (PAS +). Apresentam o núcleo deslocado para região posterior do
corpo do parasito, e ainda, róptrias bastante eletrondensas, grande número de
micronemas e diversos grânulos de amilopectina (Jacobs e cols., 1960; Guimarães e
cols., 2003).
Cistos teciduais variam de tamanho, os jovens podem medir cerca de 5 µm de
diâmetro e os mais velhos podem conter centenas de organismos alcançando em
média cerca de 60 µm (Dubey e Carpenter, 1993). O tamanho do cisto dependente
de sua idade, do tipo da célula hospedeira e da cepa de T. gondii (Weiss e Kim,
2000).
A parede do cisto tissular é elástica e pouco densa (< 0,5 µm de espessura), e
formada por uma membrana e pela região granular (localizada na face interna desta
membrana). A região granular é formada por um material eletrondenso granuloso
que também preenche os espaços entre os bradizoítos. A parede cística tem sua
origem nas moléculas da célula hospedeira e nas do parasito (Ferguson e
Hutchison, 1987). A parede cística é pouco reativa à marcação ao PAS (Dubey e
Welcome, 1988). A parede cística e a matriz provavelmente protegem os bradizoítos
das condições severas do ambiente e também promovem uma barreira física contra
o sistema imune do hospedeiro (Weiss e Kim, 2000).
A parede dos cistos teciduais é rica em açúcares e outros polissacarídeos
(Speer e cols., 1998; Weiss e Kim, 2000; Guimarães e cols., 2003, 2007), presentes
nos órgãos viscerais, incluindo baço, fígado e rim, e majoritariamente nos tecidos
nervoso e musculares (Speer e cols., 1998 e Weiss e Kim, 2000). Podem persistir
intactos por toda a vida do hospedeiro sem causar uma resposta inflamatória
imunológica, evitando sua destruição (Dubey e Welcome, 1988; Hill e Dubey, 2002).
Por mecanismos ainda desconhecidos os cistos teciduais podem se romper, e com a
14
transformação de bradizoítos em taquizoítos (interconversão), reinvadem outras
células hospedeiras e novamente se transformam em bradizoítos formando um novo
cisto tecidual (Tenter e cols., 2000).
2.2.3. Esporozoítos
Formas infectantes do T. gondii são encontradas no interior dos oocistos em
número de oito, quatro em cada um dos dois esporocistos. São produzidas no
epitélio intestinal dos felídeos e eliminados, ainda imaturos, junto com as fezes
desses hospedeiros definitivos no meio ambiente, onde sofrem maturação (Dubey e
Frenkel, 1973; Wong e Remington, 1993; Tenter e cols., 2000).
Morfologicamente os esporozoítos representam a forma intermediária entre
taquizoítos e bradizoítos, considerando-se a quantidade de determinadas organelas
(Speer e cols., 1998). Eles apresentam um número intermediário de micronemas, um
número superior de grânulos densos em relação aos taquizoítos e muitos grânulos
de amilopectina como os bradizoítos. Caracterizam-se pela presença de muitos
grânulos lipídicos que parecem ser uma exclusividade dos esporozoítos (Speer e
cols., 1998). Quanto ao perfil de moléculas estágio-específicas expressas pelo
esporozoítos, eles são SAG-1 e BAG-1 negativos (Bohne e cols., 1993; Sahm e
cols., 1997; Ferguson, 2004).
15
Esquema 3: Ultra-estrutura das formas infectantes de T. gondii. Reproduzido e adaptado de
Dubey J.P., Lindsay DS, Speer CA 1998.
2.3. Ciclo biológico
O T. gondii é um protozoário heteroxeno facultativo, intracelular obrigatório que
pode ser encontrado parasitando diferentes espécies de mamíferos e aves (Dubey e
Welcome, 1988). Nesses animais, ocorre o processo de reprodução assexuada,
caracterizando-os como hospedeiros intermediários (Black e Boothroyd, 2000). A
reprodução sexuada ou ciclo enteroepitelial ocorre exclusivamente em gatos
Anéis apicais
Plasmalema
Róptrias
Micronemas
Anéis polares
Conóide
Complexo membranar interno
Microporo
Amilopectina
Apicoplasto
Complexo de Golgi
Centríolos
Grânulos densos
Núcleo
Mitocôndria
Apicoplasto
Retículo endoplasmático rugoso
Complexo de Golgi
Centríolos
Corpos lipídicos
Núcleo
Amilopectina
Grânulos densos
Poro posterior
a
Bradizoíta
Anéis apicais
Plasmalema
Róptrias
Micronemas
Anéis polares
Conóide
Complexo membranar interno
Microporo
Amilopectina
Complexo de Golgi
Centríolos
Núcleo
Mitocôndria
Apicoplasto
Retículo endoplasmático rugoso
Corpos lipídicos
Grân
ulos densos
Poro posterior
Esporozoíta
16
domésticos e outros felídeos (Dubey e cols., 2004), membros da família Felidae.
Estes são considerados hospedeiros definitivos, nos quais se observa no epitélio
intestinal o processo de esquizogônia, gametogônia e esporogônia resultando na
formação de oocistos imaturos que são eliminados junto com as fezes dos felídeos
(Frenkel e Dubey, 1972; Dubey e Frenkel, 1972; Dubey e Frenkel, 1973; Dubey e
cols., 2002). Gatos domésticos podem excretar milhões de oocistos após ingerirem
apenas um bradizoíto ou um cisto tecidual (Dubey, 1998a). Geralmente, menos de
1% da população de gatos pode ser encontrada liberando oocistos. Os oocistos são
liberados por apenas um curto intervalo de tempo (1-2 semanas) na vida do gato
(Dubey e Welcome, 1988).
As formas evolutivas do parasito, responsáveis pela infecção dos hospedeiros,
são as mesmas para todos: cistos com bradizoítos presentes em carnes, taquizoítos
em diversos tecidos e fluidos corporais e esporozoítos em oocistos esporulados que
podem estar contaminando a água e alimentos. Existem, entretanto, diferenças
quanto à infectividade de cada uma dessas formas de acordo com o hospedeiro. O
cisto contendo os bradizoítos parece ser a forma mais efetiva para infecção de
felídeos, uma vez que culmina com a liberação de oocistos em quase todos os
animais que o ingerirem. Em contrapartida, oocistos e taquizoítos quando ingeridos
por felídeos levam a produção de oocistos em menos de 30% dos animais (Dubey e
Frenkel, 1976).
Nos hospedeiros intermediários ocorrem apenas duas fases de multiplicação
assexuada. Num primeiro momento, logo após a infecção, os taquizoítos
multiplicam-se por endodiogenia rápida no interior de vacúolos parasitóforos em
diversos tipos celulares. Ao que parece, no interior de qualquer célula nucleada.
Caso a infecção ocorra, o parasita passa rapidamente pelas células epiteliais
intestinais e chega por meio da circulação a outros tipos celulares em diversos
tecidos onde segue sua multiplicação intracelular rápida (Dubey, 1998b; Tenter e
cols., 2000).
Resposta imunológica do hospedeiro relacionada à regulação na produção
principalmente das citocinas IL-10, TGF-β, IL27 e IL-12 pelos linfócitos TCD4+,
modulam a patogenese da toxoplasmose sistêmica e local e levam a uma mudança
no ritmo de multiplicação do parasito (Gaddi e Yap, 2007). O processo de
endodiogenia passa a ocorrer de forma lenta pelos bradizoítos (Dubey e Frenkel,
1998; Tenter e cols., 2000). Os cistos são predominantes durante a infecção crônica
17
(Frenkel, 1974), mas podem começar a ser produzidos ainda durante a fase aguda.
Estes são mais encontrados no sistema nervoso central, retina, musculaturas
esquelética e cardíaca, entretanto, também pode ocorrer mais raramente em
vísceras como pulmão, fígado e rins (Dubey, 1998a; Dubey e cols., 1998; Tenter e
cols., 2000). Alguns estudos têm demonstrado a existência de tropismo maior para
formação de cistos cerebrais em pequenos roedores independentemente da cepa do
T. gondii enquanto para grandes mamíferos como bovinos, ovinos e caprinos os
cistos são predominantemente musculares (Dubey, 1997a; Dubey e cols., 1998).
Esquema 4: Ciclo de vida do T. gondii: Ciclo biológico ilustrado do Toxoplasma gondii mostrando
as vias de transmissão entre os hospedeiros intermediários e definitvos.
2.4. Ciclo enteroepitelial ou Sexuado
Os gatos podem liberar oocistos após ingerir qualquer um dos três estágios
infectantes do T. gondii: taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos. O tempo de pré-
patência e a freqüência da liberação de oocistos dependem da forma infectante
ingerida: 3 a 10 dias após ingerir cistos teciduais ou bradizoítos, maior ou igual a 13
dias após a ingestão de taquizoítos e de 18 ou mais dias após ingerir oocistos
(Dubey e Frenkel, 1973; Dubey e Welcome, 1988; Dubey, 2004). Após a ingestão
18
dos cistos teciduais pelos gatos, sua parede é destruída por enzimas proteolíticas do
estômago e do intestino delgado. Os bradizoítos são liberados e penetram na
parede intestinal iniciando o desenvolvimento de várias gerações de T. gondii
(Dubey e Frenkel, 1972). Ocorrem cinco estágios enteroepiteliais, ou esquizontes
distintos de T. gondii (Tipos: A, B, C, D e E) (Dubey e Frenkel, 1972; Frenkel e
Dubey, 1972).
A microscopia de luz revelou que os esquizontes se localizam entre a
superfície interna e o núcleo dos enterócitos (Dubey e Frenkel, 1972). O esquizonte
do tipo B se multiplica por endodiogenia, forma especializada de multiplicação
assexuada onde duas células-filhas se formam no interior da célula-mãe (Sheffield e
Melton, 1968). enquanto os demais tipos se multiplicam por endopoligenia (forma
especializada de multiplicação assexuada onde várias células-filhas se formam no
interior da célula-mãe) (Sheffield e Melton, 1968; De Souza, 1974).
A microscopia eletrônica de transmissão revela que todos os estágios
enteroepiteliais contêm organelas características do Filo Apicomplexa, incluindo:
conóide, róptrias, micronemas, núcleo e nucléolo, plasmalema, complexo
membranar interno, microtúbulos subpeliculares, anéis apicais e polares, microporo,
complexo de Golgi, retículo endoplasmático, numerosos ribossomos, corpos
lipídicos, grânulos densos, mitocôndrias e grânulos de amilopectina (Dubey e
Frenkel, 1998; Weiss e Kim, 2000).
De acordo com a literatura, principalmente os trabalhos de Dubey e Frenkel
(1972) e Frenkel e Dubey (1972), as características morfológicas dos diferentes
estágios enteroepiteliais do T. gondii, obedece aos seguintes critérios:
2.4.1. Esquizonte do Tipo A
É o primeiro estágio de desenvolvimento observado no intestino dos gatos,
após 12 a 18 horas da ingestão de cistos. Possuem núcleo centralizado, podem ser
corados pelo Giemsa e é ácido periódico de Shiff (PAS) negativo. São observados
em enterócitos superficiais e às vezes na lâmina própria intestinal (Dubey e Frenkel,
1972).
2.4.2. Esquizonte do Tipo B
Ocorre de 12 a 54 horas pós-infecção. Apresentam núcleo centralizado e
alguns grânulos situados na periferia citoplasmática fracamente PAS positivos. A
19
divisão destes organismos é pleomórfica existindo organismos com três ou mais
núcleos (Dubey e Frenkel, 1972). Localizam-se em um grande vacúolo parasitóforo
(VP) de membrana delgada, constituído por uma rica rede de membranas
tubulovesicular (RMT) (Dubey e Frenkel, 1972). Merozoítos se multiplicam por
endodiogenia e ultra-estruturalmente são muito similares aos taquizoítos, porém
ocorrem exclusivamente em enterócitos felinos, medindo 5.8 x 2.9 µm. Possuem
poucos e pequenos grânulos de amilopectina e róptrias pouco definidas (Dubey e
Frenkel, 1972). Muitos merozoítos do tipo B permanecem no mesmo VP após várias
divisões e formam estruturas grandes multinucleadas. Estas formas multinucleadas
possuem numerosos corpos lipídicos e mitocôndria com matriz eletrondensa
moderada (Dubey e Frenkel, 1972; Speer e cols., 1998).
2.4.3. Esquizonte do Tipo C
Desenvolve-se no citoplasma no interior do vacúolo parasitóforo (VP) em forma
de roseta. Individualmente são alongados com o núcleo subterminal. Os esquizontes
amadurecem entre 24 e 32 horas e são fortemente PAS positivo (Dubey e Frenkel,
1972).
O estágio enteroepitelial tipo C mede cerca de 6.0 µm x 1.5 µm, multiplicando-
se no interior de enterócitos ou linfócitos intraepiteliais por endopoligenia. Os
esquizontes unicelulares dão origem aos esquizontes do Tipo D. Ultra-
estruturalmente os esquizontes do tipo C contêm poucos micronemas, poucos
grânulos densos, muitos corpos lipídicos e pequenas mitocôndrias (Speer e Dubey,
2005). A forma intermediária do esquizonte do tipo C apresenta vários cleos com
nucléolos evidentes e muitas expansões peliculares encravadas na membrana do
vacúolo parasitóforo (MVP). O VP não contém rede de membranas tubulovesicular
(RMT) e a MVP é intimamente associada à membrana do merozoíto. Os esquizontes
intermediários se desenvolvem internamente por endopoligenia (Speer e Dubey,
1998; Speer e Dubey, 2005). O VP em torno dos esquizontes tipo C maduros
contém pequenos agregados de material granular, a MVP é intimamente associada
à membrana do merozoíta do tipo C que apresenta duas mitocôndrias proeminentes,
róptrias eletrondensas e grânulos de amilopectina (Speer e Dubey, 2005).
Eventualmente, os merozoítos ficam aderidos à superfície do esquizonte
deixando um corpo residual medindo aproximadamente 2 x 3µm, contendo resíduos
20
de mitocôndria, ribossomos, retículo endoplasmático e grânulos de amilopectina
(Speer e Dubey, 1998).
2.4.4. Esquizonte do Tipo D
Aparece de 32 horas a 15 dias pós-ingestão de cistos teciduais e é bastante
abundante nas lulas epiteliais da base das vilosidades intestinais. Após 40 horas
começa a se multinuclear, originando os merozoítos, por meio de divisão nuclear
assimétrica que gera organismos de vários aspectos morfológicos (Dubey e Frenkel,
1972).
Ultra-estruturalmente os merozoítos do tipo D (5.8 x 1.3 µm) apresentam
róptrias eletrondensas, preenchidas com material granular e localizadas acima do
complexo de Golgi (Speer e Dubey, 2005).
2.4.5. Esquizonte do Tipo E
Ocorre de 3 a 15 dias pós-infecção e é caracterizado pela presença de um
corpúsculo residual que pode ser identificado quando os merozoítas se organizam
em forma de roseta (Dubey e Frenkel, 1972). Os esquizontes do tipo E surgem a
partir de esquizontes do tipo D que escaparam para células vizinhas. Assim, este
tipo celular apresenta características ultra-estruturais distintas como: MVP
eletrondensa, numerosas e proeminentes mitocôndrias situadas logo abaixo da
película do merozoíto do tipo E (4.5 x 1.1 µm), apresentam róptrias eletrondensas e
diversos corpos granulares, e medem cerca de 300 a 600 nm de diâmetro (Speer e
Dubey, 2005).
As fases evolutivas, tipos A, B, C, D e E, parecem ser exclusivas do ciclo do
Toxoplasma, uma vez que em estudos com outros coccídeos, estes tipos nunca
foram observados (Dubey e Frenkel, 1972).
Os tipos A, B e C acontecem de forma seqüencial, ou seja, o tipo A conduz à
formação dos tipos B e C, estes amadurecem rapidamente e desaparecem conforme
vão surgindo as formas do tipo D. Os gametócitos são observados na ausência
dos tipos A, B e C. Os tipos D e E ocorrem simultaneamente com os gametas,
sugerindo que estes sejam precursores dos gametas ou variantes do mesmo estágio
biológico evolutivo (Dubey e Frenkel, 1972).
21
2.4.6. Gametogênese
A gametogênese do T. gondii ocorre nas células superficiais do intestino
delgado, mais comumente encontrada na região jejuno-ileal (Dubey e Frenkel,
1972). A diferença ultra-estrutural entre cada tipo de esquizonte é pequena e
peculiar, sendo necessário associar informações do tempo de infecção e estrutura
do VP na célula hospedeira (Dubey e Frenkel, 1998).
Os microgametas (5.7 x 3.5 µm) possuem o núcleo bastante pequeno,
citoplasma mais claro, comparando-se com as formas dos tipos D e E, e com dois
flagelos (Dubey e Frenkel, 1972). Possuem uma única mitocôndria, cleo
electrondenso, complexo membranar interno com aproximadamente 12
microtúbulos. O VP é preenchido por material eletronlucente (Speer e Dubey, 2005).
Os macrogametas (8.1 x 6.0 µm) contêm todas as organelas e corpos de
inclusão característicos do gênero. O VP contém material levemente granular,
moderadamente eletrondenso (Speer e Dubey, 2005).
2.4.7. Formação de Oocistos
Os microgametas quando saem das células da parede intestinal, caem na luz
intestinal e são atraídos pelos macrogametas. A fecundação ocorre nas células
intestinais, dando origem ao ovo ou zigoto, que após gerar a parede cística forma o
oocisto que rompe as células intestinais e são liberados para o meio externo junto
com as fezes do felídeo. Durante a formação do oocisto observa-se a formação de
uma parede eletrondensa constituída por quatro membranas e o desaparecimento
da MVP (Speer e Dubey, 2005). A esporogônia ocorre fora do organismo do
hospedeiro de 1 a 21 dias em condições ideais de temperatura e oxigenação
(Dubey, 2004; Montoya e Liesenfeld, 2004). Os oocistos não esporulados têm a
forma ovalada e dupla membrana. A esporulação ocorre fora do corpo do
hospedeiro sob a influência da oxigenação, umidade e temperatura do meio externo
(Hill e Dubey, 2002). Os oocistos esporulados são elípticos, contém dois
esporocistos e cada esporocisto possui quatro esporozoítos (Wong e Remington,
1993; Speer e cols., 1998; Dubey e cols, 1998).
2.4.8. Trofozoítos
Os trofozoítos ocorrem na lâmina própria do intestino delgado dos gatos de 1 a
9 dias pós-ingestão de cistos. Não se sabe o que leva os bradizoítos a dar origem a
22
trofozoítos e qual a relação destes com a formação dos tipos A-E. Após o seu
aparecimento, os trofozoítos migram por via linfática para outros órgãos, sendo
observados no cérebro 23 dias após a ingestão de cistos pelos felinos (Dubey e
Frenkel, 1972; Speer e cols., 1998).
Esquema 5: Ciclo enteroepitelial do T. gondii: Estágios enteroepiteliais do ciclo do Toxoplasma
gondii nos células epiteliais superficiais do intestino delgado do gato doméstico. Criação e adaptação
por M.Moura e H.Barbosa com base principalmente nos artigos de Fergunson (2004) e Speer e
Dubey (2005).
3. Interação parasito-célula hospedeira
3.1. Aspectos gerais
Estudos com T. gondii têm revelado que a invasão da célula hospedeira é um
processo bastante complexo que ocorre por meio da liberação seqüencial de
23
proteínas presentes nos micronemas, róptrias e grânulos densos do parasito (Opitz
e Soldati, 2002; Sibley, 2003). Esses eventos moleculares compreendem: ligação
receptor-ligante, transdução de sinais, mobilização do sistema actina-miosina,
regulação da exocitose das organelas secretoras e modificação proteolítica das
proteínas de superfície do parasito (Howell e cols., 2005).
Adesão e invasão na célula hospedeira o eventos cruciais para o
estabelecimento da infecção pelo T. gondii. Inicialmente, por meio do pólo anterior
(conóide) o parasito estabelece contato com a superfície da célula hospedeira
desencadeando a invaginação da membrana celular, o que sugere a participação
ativa do parasito neste processo (Nichols e O'Connor, 1981). O processo de invasão
se inicia com o deslizamento do parasito, por meio de adesão reversível sobre a
superfície da célula hospedeira com a reorientação do corpo do parasito e a
exocitose de proteínas presentes nos micronemas e nas róptrias (Carruthers e
Sibley, 1997; Mordue e cols., 1999; Alexander e cols., 2005).
O fato do T. gondii invadir diferentes tipos celulares sugere a existência de um
receptor específico universalmente distribuído, ou então, a participação de vários
receptores diferentes. Por exemplo, a laminina aumenta a adesão dos taquizoítos à
célula hospedeira e que estes podem reconhecer e se ligar a múltiplos receptores da
laminina como a α6β1 integrina (Furtado e cols., 1992; Furtado e cols., 1992a).
O reconhecimento de múltiplos glicosaminoglicanos sulfatados na superfície da
célula hospedeira também contribui para a adesão e invasão deste parasito em
diferentes tecidos (Chatterton e cols., 2002). Em taquizoítos, SAG1 (p30), principal
proteína de superfície de taquizoítos com 30KDa, é reconhecida por moléculas
glicosilados da célula hospedeira e são importantes durante a adesão do parasito à
célula hospedeira (Smith, 1995; Grimwood e Smith, 1996; Bonhomme e cols., 1999).
3.2. Aspectos moleculares da adesão e invasão
No filo Apicomoplexa as proteínas adesivas são altamente conservadas, como
a proteína MIC em T. gondii (Wan e cols., 1997). Diversas proteínas dos
micronemas formam complexos adesivos com domínios semelhantes aos
encontrados em proteínas de vertebrados (integrinas, EGF, trombospondinas e
lectinas) que reconhecem receptores na superfície das diversas células hospedeiras,
como heparan sulfato, proteoglicanas e laminina (Chatterton e cols., 2002). A
existência destes diferentes complexos sugere que interações moleculares estariam
24
envolvidas na movimentação do parasito através das barreiras biológicas, enquanto
outros estariam envolvidos na penetração na lula hospedeira, capacitando o
parasito para o reconhecimento de uma variedade maior de receptores, amplificando
assim sua gama de hospedeiros (Chatterton e cols., 2002).
Algumas proteínas da superfície de T. gondii envolvidas na invasão do
parasito, apresentam propriedades proteolíticas, demonstradas pela sensibilidade do
parasito aos inibidores de proteases durante a invasão (Carruthers, 2002). Esse
processo envolve as proteínas adesivas TgMIC2 e TgMIC6 secretadas pelos
micronemas, sendo então translocadas até a superfície do taquizoíto e
posteriormente liberadas, após a clivagem proteolítica dos seus domínios
transmembranas (DTM) (Opitz e Soldati, 2002; Harper e cols., 2006). Por exemplo, a
clivagem da protease-1 do micronema (MPP1), protease transmembranar, é
necessária para o processo de invasão do T. gondii na célula hospedeira (Brossier e
Sibley, 2005; Brossier e cols., 2005).
A secreção coordenada dos micronemas e das róptrias identifica um complexo
de quatro proteínas: TgAMA1, RON2, RON4 e a Ts4705. Pelo menos duas destas
proteínas, a TgAMA1 e a RON4 interagem no processo de invasão, localizando-se
em uma constrição denominada junção móvel (JM), na qual as membranas do
parasito e do hospedeiro ficam em íntimo contato (Alexander e cols., 2005).
Aparentemente, a JM exclui algumas proteínas da membrana plasmática da célula
hospedeira, dando início à formação e modificação da membrana do vacúolo
parasitóforo (Mordue e cols., 1999). A seletividade de componentes da membrana
plasmática durante a invasão do T. gondii na biogênese do vacúolo parasitóforo (VP)
é determinante para o destino intracelular do parasito, como será apresentado no
próximo ítem.
3.3. Vacúolo parasitóforo
Moléculas tanto da lula hospedeira quanto do parasito participam da
formação e desenvolvimento do VP. Esse compartimento atua na proteção do
parasito contra a ação de radicais livres, variações de pH, osmolaridade e evita a
ação do sistema imune do hospedeiro (Nichols e cols., 1983; Sinai e cols, 1997).
Outra característica deste VP é que não se funde com compartimentos da via
endocítica da célula hospedeira (Karsten e cols., 1997; Mordue e cols., 1999).
25
As róptrias do Toxoplasma fornecem proteínas e lipídeos, através de vesículas,
essenciais para a formação da membrana do vacúolo parasitóforo (MVP) (Coppens
e Joiner, 2003). Estas organelas são enriquecidas em colesterol e fosfatidilcolina e
descarregam seus conteúdos durante o processo de invasão (Coppens e Joiner,
2003). Ensaios farmacológicos, nos quais o colesterol da membrana plasmática da
célula hospedeira foi depletado antes da infecção, revelaram redução na taxa de
invasão e formação do VP (Sehgal e cols., 2005).
Depois da invasão a MVP é bioquimicamente modificada por uma intensa
exocitose de moléculas das róptrias e grânulos densos (Carruthers, 2002). Durante o
processo de multiplicação do parasito, ocorre um aumento significativo da extensão
da MVP. Alguns autores atribuem este aumento à incorporação de moléculas
provenientes de organelas do hospedeiro como o retículo endoplasmático e
mitocôndria (de Melo e de Souza, 1997; Sinai e cols., 1997).
As proteínas dos grânulos densos participam da modificação do VP e são
secretadas logo após a interiorização dos parasitos (Brossier e Sibley, 2005). As
proteínas GRA2, GRA3 e GRA6 possuem um papel fundamental na formação dos
nanotúbulos, sendo a GRA2 e GRA4 envolvidas na organização de vesículas que
após alongamento darão origem à rede intravacuolar madura, e a GRA6 na
estabilização da rede de membranas tubulovesicular (RMT) (Mercier e cols., 2002).
A GRA7 encontrada na MVP tem sido recentemente relacionada com a formação
dos microtúbulos derivados da invaginação da MVP, que estariam atuando no
transporte de lipídeos, através do espaço vacuolar até o parasito (Coppens e cols.,
2006).
A importância da secreção de grânulos densos durante a estada do parasito no
VP tem sido atribuída ao seu desenvolvimento intracelular resultando, por exemplo,
no intercâmbio de nutrientes via rede de túbulos conectando o T. gondii ao citossol
da célula hospedeira.
4. Dinâmica de diferenciação do T. gondii estudos in vitro e in vivo
A diferenciação em organismos unicelulares é um fenômeno temporal,
freqüentemente associado com a alteração das condições ambientais. Para muitos
protozoários parasitos, a diferenciação é um processo obrigatório, com diferentes
estágios evolutivos dentro do seu ciclo de vida, necessários para o sucesso da
transmissão entre hospedeiros (Dzierszinski e cols., 2004).
26
Durante a invasão em células hospedeiras, diferenças ocorrem entre as duas
formas evolutivas: taquizoítos formam “tight junction”, com a célula hospedeira, o
mesmo não sendo observado com os bradizoítos. Ambos os estágios infectivos após
a invasão são localizados no interior de um VP (Sasono e Smith, 1998).
Cepas de T. gondii avirulentas do tipo II (cepa VEG, ME49; Beverley,
Prugniaud e NTE), produzem cistos teciduais espontaneamente in vitro com mais
freqüência (Lindsay e cols., 1993; McHugh e cols., 1993) e em maior número
quando comparadas às cepas virulentas do tipo I (cepa RH e BK) (Bohne e cols.,
1994; Bohne e cols., 1999). Os cistos formados
in vitro são menores e em menor
quantidade do que aqueles obtidos in vivo (Tomavo e cols., 1991; Bohne e cols.,
1994; Gross e cols., 1996)
Células HeLa e células L (fibroblastos) infectadas com taquizoítos de T. gondii
cepas RH e Beverley, demonstraram a conversão espontânea de bradizoítos e
formação de cistos teciduais. E ainda, estes cistos foram infectivos para gatos
jovens, levando à produção de oocistos. Esses resultados indicam que cistos
teciduais produzidos in vitro são biologicamente iguais aos produzidos in vivo
(Matsubayashi e Akao, 1963).
A descoberta de antígenos estágio-específico, e conseqüente produção de
anticorpos contra esses antígenos, favoreceu os estudos da cistogênese in vitro,
com cepas avirulentas (tipos II e III) de T. gondii (Weiss e Kim, 2000) e dos
mecanismos de conversão in vitro do parasito (Bohne e cols., 1993; Lindsay e cols.,
1993; McHugh e cols., 1993; Soete e cols., 1993; Bohne e cols., 1994; Gross e
Bohne, 1994; Soete e cols., 1994; Gross e cols., 1996; Sahm e cols., 1997;
Guimarães e cols., 2008).
Em fibroblastos humanos infectados com formas bradizoítos da cepa ME49, os
parasitas intracelulares com 3 d.p.i. foram positivos para BAG-5, que reconhece
especificamente antígenos de bradizoítos, sugerindo que alguns bradizoítos
poderiam formar cistos teciduais diretamente, sem conversão prévia para taquizoítos
(Sahm e cols., 1997).
O emprego de um anticorpo específico para parede cística possibilitou
identificar cistos teciduais em cultura de astróctios e de neurônios de tecido de feto
humano, também com a mesma cepa ME49 (Halonen e cols., 1996). Entretanto,
quando bradizoítos são inoculados em camundongos por qualquer via, o período
mínimo para formação de cistos teciduais biologicamente funcionais é de 6 d.p.i.
27
(Frenkel e cols., 1976). Em contraste aos resultados in vitro, os ensaios in vivo
demonstraram que todos os bradizoítos tinham convertido para a forma taquizoíta
após 18 h.p.i. e negativos para o antígeno BAG-5 após 48 h.p.i. (Dubey, 1997a). O
emprego de células musculares esqueléticas como modelo de estudo da
cistogênese in vitro, tem demonstrado que a infecção das fibras musculares com
bradizoítos dá origem a vacúolos positivos e negativos para antígenos de bradizoítos
numa mesma célula. Esses dados indicam que alguns bradizoítos seguem
diretamente para a formação de cistos, enquanto outros se transformam em
taquizoítos antes de formar cistos (Guimarães e cols., 2008).
Soete e cols.(1994) detectaram antígenos específicos para bradizoítos (BAG-1)
e formação de estruturas císticas em culturas celulares das linhagens VERO e HFF,
quando submetidas a estresse físico e metabólico infectadas com T. gondii, cepa
RH.
Um modelo celular para o estudo do ciclo sexuado do T. gondii, ainda é um
grande desafio para compreensão os estágios enteroepiteliais, uma vez que a
tentativa de reproduzir esse ciclo em hospedeiros intermediários, não foi ainda
possível. Estudos com camundongos levaram à morte dos animais por uma severa
enterite após a ingestão de oocistos de T. gondii (Dubey e Welcome, 1988; Dubey e
Frenkel, 1998). Um outro experimento infectando camundongos com uma carga
parasitária baixa com esporozoítos mostrou infecção de enterócitos com 3 h.p.i. e
após 5 h.p.i. ocorreu a conversão em taquizoítos com disseminação para a lâmina
basal, infectando fibroblastos, macrófagos, plasmócitos, células endoteliais,
neutrófilos, eosinófilos e células musculares (Bertoli e cols., 1988). O esporozoíto
parece ser capaz de se desenvolver na lâmina basal, mas não em enterócitos. Após
a infecção inicial a maioria dos esporozoítos se converte em taquizoítos,
multiplicando-se rapidamente e desencadeando parasitemia a partir de 3 h.p.i.,
podendo se estender por 61 horas, disseminando-se para diversos outros órgãos
(Dubey, 1998b). Apenas a indução do ciclo sexuado por bradizoítos in vivo foi bem
estudada. Felinos que ingeriram cistos teciduais desenvolveram os estágios
enteroepiteliais e formaram oocistos (Dubey e Frenkel, 1972; Hill e Dubey, 2002). Os
estudos desenvolvidos por Dubey e Frenkel (1998) indicam que o ciclo sexuado é
mais curto e a liberação de oocistos é maior quando os felinos ingerem cistos
teciduais ou bradizoítos quando comparado com a ingestão de outras formas
infectantes.
28
Estudos de infecção, in vitro em células endoteliais, de traqueia e rim bovinos,
utilizando esporozoítos mostram a formação de dois tipos de vacúolos: o primeiro 10
a 15 vezes maior que o esporozoíto sem a presença da rede de membranas
tubulovesicular (RMT) no espaço intravacuolar, enquanto o segundo, apesar de
menor, apresenta a RMT (Dubey e cols., 1997b; Speer e cols., 1997).
A carência de modelos celulares que possibilitem explorar o ciclo entérico do T.
gondii no hospedeiro definitivo direcionou os objetivos desta tese que serão
apresentados a seguir.
29
III. OBJETIVOS
1. Objetivos Gerais:
1.1 Estabelecer culturas primárias de células epiteliais intestinais de gato
doméstico.
1.2 Investigar o ciclo biológico do Toxoplasma gondii em culturas primárias de
epitélio intestinal de gato doméstico.
2. Objetivos específicos
2.1 Monitorar o desenvolvimento de culturas primárias de epitélio intestinal de
gato doméstico: aspectos morfológicos e funcionais e a expressão de marcadores
específicos;
2.2 Analisar ultra-estruturalmente o ciclo do Toxoplasma gondii em células
epiteliais intestinais de felinos, in vitro;
2.3 Avaliar a biogênese da membrana do vacúolo parasitóforo em células
epiteliais intestinais de felinos infectadas com T. gondii, in vitro.
30
IV. MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram executados de acordo com as orientações
estabelecidas pelo Comitê de Ética para o Uso de Animais, da Fundação Oswaldo
Cruz, Resolução 242/99 através da licença CEUA P0211-04 e com as regras
internacionais de cuidados na manipulação de animais e agentes patogênicos.
1. Cultura primária de epitélio intestinal de felinos: obtenção e manutenção
1.1. Animais
Três fetos de gatos domésticos (Felis catus), entre 60 a 62 dias de gestação
obtidos a partir fêmeas clinicamente saudáveis (sem doença gastrintestinal e
negativa sorologicamente para Toxoplasma gondii, Vírus da Imunodeficiência Felina
e Vírus da Leucemia Felina) foram utilizados nos experimentos. Os animais foram
cedidos pela Clínica Escola de Medicina Veterinária Doutor Paulo Alfredo Gissoni,
com a permissão do conselho de ética na utilização de animais da Universidade
Castelo Branco/RJ.
1.2. Isolamento e cultivo de células intestinais
Imediatamente após eutanásia, foi realizada a necropsia dos fetos e
fragmentos (~5mm
3
) do intestino delgado (região jujeno-ileal) foram coletados
assepticamente e mantidos em PBS gelado contendo 10% de solução antibiótica
(Sigma-Aldrich). O tecido foi aberto longitudinalmente, lavado três vezes em PBS e
mantido nesta solução com 10% dos antibióticos por 60 min à temperatura
ambiente. Os fragmentos foram divididos em pequenos pedaços (~1mm
3
) e lavados
novamente em PBS, com 10% antibiótico. Após a lavagem, os fragmentos foram
submetidos a dissociação não enzimática com PBS (pH 7,2) contendo 1 mM EDTA
(Sigma-Aldrich), 1 mM EGTA (Sigma-Aldrich), 0.5 mM DTT (Sigma-Aldrich) e 10%
antibiótico por 20 min sob agitação à temperatura ambiente. O método de
dissociação foi adaptado com ligeiras modificações, a partir de técnicas
31
desenvolvidas por Perreault e Jean-Francois (1996); Macartney e cols. (2000);
Aldhous e cols. (2001) e Rusu e cols. (2005). Após a dissociação, o epitélio intestinal
foi cuidadosamente recolhido, raspando o intestino com auxílio de um bisturi, e
transferido para uma placa de Petri estéril e novamente fragmentado com o auxílio
de bisturi. Os tecidos muscular e conjuntivo foram descartados. Após a
centrifugação (7 min a 650g a 4°C), os agregados celulares foram lavados com meio
DMEM/Hams F12 (Sigma-Aldrich), contendo 10% solução de antibiótico com 10.000
unidades/ml penicilina G, 10 mg/ml de sulfato de estreptomicina e 25 µg/ml
anfotericina B (Sigma-Aldrich), 1 mM glutamina e 10% SFB (Sanderson e cols.,
1996; Aldhous e cols., 2001; Rusu e cols., 2005; Simon-Assmann e cols., 2007).
Desta forma, os agregados celulares parcialmente dissociados foram re-suspensos
no mesmo meio citado acima e suplementado com EGF (Sigma-Aldrich) na
concentração final de 20ng/ml. Finalmente, as células foram cultivadas em placas de
24 poços sobre lamínulas (2,5 x 10
5
células/poço).
1.3. Ensaio de viabilidade celular por citometria de fluxo
Para determinar a viabilidade das células intestinais de felino, após dissociação
enzimática, cerca de 1 x 10
6
células/ml foram incubadas com 30 µg/ml de iodeto de
propídio (PI) (Sigma-Aldrich), durante 15 min. O material foi mantido em gelo até
análise. A aquisição e análise dos dados (total de 10.000 eventos) foram realizadas
utilizando o FACSCalibur flow cytometer (Becton, Dickinson, CA, E.U.A.) equipado
com o software Cell Quest (Joseph Trota, Scripps Research Institute, CA, E.U.A.).
1.4. Acompanhamento, manutenção das culturas de células e sub-culturas
As culturas primárias de células intestinais de felideos foram acompanhadas
por microscopia de contraste de fase e DIC e fotografadas diariamente até 10 dias.
Culturas confluentes, com 7 dias, foram lavadas 2 vezes com PBS e as células
foram removidas utilizando-se uma solução de dissociação (PBS com 0,02% EDTA
e 0,01% tripsina) durante 10 min a 37ºC. Após a dissociação, a suspensão celular foi
colocada a 4ºC em meio de cultura com 10% SFB para inibir a ação da tripsina e
centrifugada (7 min, 650g, 4ºC). Após a dissociação, as células foram cultivadas em
placas de 24 poços sobre lamínulas (2,5 x 10
5
lulas/poço). As culturas celulares
após 24, 48, 72 e 96h foram fixadas em álcool a 70% por 5 minutos, lavadas com
água destilada e coradas em solução de Giemsa 10% em PBS durante 60 min. Após
32
desidratação, as lamínulas foram desidratadas em bateria decrescente de acetona-
xilol e montadas em Permount.
As culturas foram analisadas por microscopia de luz para avaliar a morfologia
celular utilizando o microscópio Zeiss Axioplan 2. As imagens foram capturadas com
Soft Imaging System's ColorView II utilizando uma câmera digital de 3,3 MegaPixel e
analisados com AnalySIS® image-software. As imagens foram processadas usando
o programa Adobe Photoshop versão 7.0.
2. Caracterização das culturas primárias
2.1. Imunofluorescência
Para a caracterização das lulas intestinais de felideos foram utilizados
separadamente diferentes anticorpos produzidos em camundongo: monoclonal anti-
pancitoqueratina, clone PCK-26 (C1801 Sigma-Aldrich), monoclonal anti-vimentina
clone VIM-13.2 (V5255 Sigma-Aldrich), monoclonal anti-desmina clone DE-U-10
(D1033 Sigma-Aldrich) e anticorpo anti-fosfatase alcalina clone AP-59 (A9549
Sigma-Aldrich). As células intestinais foram fixadas com 4% PFA em PBS durante 20
min a uma temperatura de 4ºC, lavados 3 vezes durante 10 min em PBS e
incubadas por 30 min em 50 mM NH
4
Cl, para bloquear os radicais aldeído livres.
Após o bloqueio, as células foram permeabilizadas por 20 min com solução de PBS
contendo 0.05% Triton X-100 (Roche) contendo 4% BSA (Sigma-Aldrich), para
bloquear ligações inespecíficas.
Para o ensaio de imunofluorescência indireta, as células foram incubadas
durante 2h a 37ºC com anticorpos primários isolados: anti-vimentina (1:200, 1:400),
anti-citoqueratina (1:50, 1:100; 1:300) e anti-fosfatase alcalina e desmina (1:100,
1:500). Após incubação, as células foram lavadas em PBS contendo 4% BSA e
incubadas durante 1h a 37ºC com anticorpo secundário na diluição de 1:1000 (IgG
anti-camundongo conjugado com FITC (F5262) ou TRITC (T5393) Sigma-Aldrich).
Para a marcação dos filamentos de actina, as culturas de CEIF foram incubadas por
1h a 37ºC com 4 µg/ml faloidina-FITC em PBS (1:400; 1:800) (Phalloidin-FITC-
P5282, Sigma-Aldrich). Em seguida, as culturas foram lavadas 3 vezes por 10 min
em PBS, incubadas durante 5 min com DAPI (Sigma-Aldrich), diluído em PBS
(1:10000). Após a lavagem em PBS, as lamínulas foram então montadas com
33
DABCO (Sigma-Aldrich) diluído em PBS contendo 50% glicerol, pH 7,2 e seladas
com esmalte incolor. Os controles das reações foram realizados na ausência do
anticorpo primário.
As amostras foram analisadas com o microscópio de varredura confocal a laser
(Axiovert 510, META, Zeiss, Alemanha) usando o laser 543 Hélio (LP560 filtro), laser
488 Argônio /criptônio (Ar / Kr) (filtro LP515) e o laser 405 Diiod (LP 420 filtro).
2.2. Análise ultra-estrutural
2.2.1. Microscopia eletrônica de transmissão
As culturas de CEIF em diferentes períodos de cultivo (1, 3, 6 e 9 dias) foram
lavadas 3 vezes com PBS por 10 min e fixadas por 1h a 4ºC com 2,5% glutaraldeído
(GA) diluído em 0,1 M de tampão cacodilato de sódio (CACO) contendo 3,5%
sacarose e 2,5 mM CaCl
2
(pH 7,2). Após a fixação, as CEIF foram lavadas no
mesmo tampão e, em seguida, pós-fixadas por 30 min, a temperatura ambiente, em
1% de tetróxido de ósmio (OsO
4
), diluído em 0,1 M de tampão CACO. As lulas
foram então lavadas no mesmo tampão, destacadas do substrato com “rubber
policeman” a C e centrifugadas por 5 min a 10,000g. Posteriormente, as células
foram desidratadas em concentrações crescentes de acetona e emblocadas em
resina Epoxi. Cortes ultrafinos foram contrastados em acetato de uranila e citrato
chumbo e finalmente, examinados nos microscópios eletrônicos de transmissão
Zeiss EM10C e Jeol JEM-1011.
2.2.2. Microscopia eletrônica de varredura
As lamínulas contendo as culturas de CEIF após cultivo de 24, 48, 72 e 96h
foram fixadas por 30 min em 2,5% GA diluído em 0,1M de tampão CACO contendo
3.5% de sacarose e 2,5 mM de CaCl
2
(pH 7,2) a temperatura ambiente. Após a
lavagem, no mesmo tampão, as células foram pós-fixadas por 30 min a temperatura
ambiente em 1% OsO
4,
desidratadas em bateria crescente de acetona e a secagem
das amostras foi realizada pelo método do ponto crítico. As lamínulas foram
montadas com cola de prata em suportes de alumínio e revestidos com uma camada
de ouro na espessura de 20 nm. As amostras foram analisadas no microscópio
eletrônico de varredura Zeiss DSM 940.
34
2.2.3. Citoquímica ultra-estrutural
A ferritina cationizada (FC) foi utilizada para a detecção de sítios aniônicos na
superfície e monitoramento do seu destino intracelular nas CEIF. Após 24h de
cultivo, as células intestinais foram incubadas por 20 min a 4ºC em 200 µg/ml FC
diluída em meio de cultura DMEM/Hams F12 (Sigma-Aldrich) contendo 10% solução
antibiótica (Sigma-Aldrich) e 1 mM glutamina, pH 7.2. Em seguida, as células foram
lavadas três vezes em PBS para a remoção de partículas de FC que não aderiram à
superfície das células e incubadas com o mesmo meio a 37ºC. O tráfego intracelular
dos sítios aniônicos foi monitorado após a incubação das células com FC nos
períodos de 1, 4 e 12h. As CEIF foram fixadas por 1h a 4ºC em 2,5% GA diluído em
0,1M de tampão CACO contendo 3,5% de sacarose, pH 7.2.
As amostras foram então lavadas no mesmo tampão, três vezes durante 10
min e pós-fixadas por 1h em 1% OsO
4
diluído em 0,1 M de tampão CACO a
temperatura de 4ºC. Após a lavagem o material foi desidratado em bateria crescente
de acetona e emblocado em resina Epoxi. Cortes ultrafinos foram contrastados em
acetato de uranila e citrato chumbo e finalmente, examinados aos microscópios
eletrônicos de transmissão Zeiss EM10C e Jeol JEM-1011.
3. Experimentos de interação de bradizoítos de T. gondii cepa ME49 com
culturas de epitélio intestinal de felino doméstico
3.1. Obtenção de bradizoítos: isolamento, purificação e rompimento dos
cistos. Protocolo de acordo com Guimarães e cols. (2007)
Camundongos fêmeas da linhagem C57BL/6 pesando 12-18 gramas foram
inoculados por via intraperitoneal com 50/100 cistos teciduais, purificados a partir de
cérebros de camundongos previamente infectados com T. gondii da cepa avirulenta
ME49 (Cedida pelo Dr. RICARDO T. GAZZINELLI , Laboratório de Imunopatologia,
Instituto René Rachou, Belo Horizonte, MG, Brasil). Esta cepa apresenta uma alta
capacidade de encistamento reproduzindo a infecção crônica. Assim, 4-12 semanas
pós-infecção, os cistos teciduais foram isolados e purificados do rebro dos
camundongos.
Em resumo, os rebros dos camundongos foram isolados, lavados e
homogeneizados em PBS colocados em um gradiente de 25% de Dextran, para que
35
os cistos fossem separados dos debris celulares e utilizados nos experimentos. Para
obtenção de formas intracísticas foi utilizada uma solução aquosa de pepsina ácida
diluída na proporção pepsina ácida: cistos de 1:5 (v/v). Os cistos foram incubados,
sob agitação, seguido da neutralização da atividade enzimática com solução final de
1% carbonato de sódio. Imediatamente após a neutralização, o meio DMEM/Hams
F12 (Sigma-Aldrich) foi adicionado. Em seguida, as amostras foram centrifugadas e
ressuspensas no mesmo meio. Uma alíquota da suspensão de parasitos foi
colocada em câmara de Neubauer para determinação do número de parasitos
isolados. Após a quantificação, os parasitos foram imediatamente usados nos
experimentos de interação T. gondii-célula hospedeira.
3.2. Avaliação da infectividade do T. gondii em CEIF e em duas linhagens
epiteliais
Culturas secundárias de CEIF foram infectadas com bradizoítos de T. gondii,
usando a relação de 1:10 (parasito-célula hospedeira) e utilizadas para a avaliação
da cinética de infecção. Considerando-se que o ciclo enteroepitelial do T. gondii
ocorre exclusivamente no epitélio intestinal de felídeos, seus hospedeiros definitivos,
foram utilizadas duas linhagens epiteliais: IEC-6 do epitélio normal do intestino
delgado de Rattus norvegicus (rato) (BCRJ AP003) e CRFK de epitélio normal de
córtex renal de Felis catus (gato doméstico) (BCRJ Nº CR0268) adquiridas do Rio de
Janeiro Cell Bank (http://www.bcrj.hucff.ufrj.br) para um estudo comparativo com
CEIF. O desenho experimental objetivou avaliar se o tipo celular ou a origem das
células (felino) era capaz de modular a infecção.
CRFK e IEC-6 foram plaqueadas na concentração de 1,0 x 10
5
/ml em garrafas
de cultura celular de 25cm
2
(Gibco BRL, UK), em meio DMEM/Hams F12 (Sigma-
Aldrich), contendo 10% solução de antibiótico (Sigma-Aldrich), 1 mM glutamina e
10% SFB, As células foram mantidas em estufa úmida a 5% de CO
2
e 95% de O
2
a
temperatura de 37ºC. A cada dois dias, metade do meio era descartada e o mesmo
volume de meio fresco era adicionado. As células foram cultivadas até atingirem
aproximadamente 80% de confluência. Neste ponto, as células foram tratadas com
solução de dissociação (PBS com 0,02% EDTA e 0,01% tripsina) durante 10 min a
37ºC. Depois da dissociação, a suspensão celular foi colocada em meio de cultura a
4ºC com 10% SFB para inibir a ação da tripsina, centrifugada durante 7 min, a 650g
36
a temperatura de 4ºC. Após a dissociação, as células foram cultivadas em placas de
24 poços sobre lamínulas (2,5 x 10
5
células/poço).
Assim, as três culturas foram submetidas aos mesmos procedimentos
experimentais, avaliadas pelos mesmos parâmetros e análises estatísticas. As
culturas foram fixadas com solução de Bouin e coloradas com Giemsa. A análise foi
realizada a partir de seis experimentos independentes nos tempos de 24, 48, 72 e
96h de interação, em triplicata, considerando-se o percentual de células infectadas.
A partir dos resultados foram calculados: Média (M) e o Desvio padrão (DP) e a
análise estatística foi obtida pelo emprego do teste t de Student’s com um Intervalo
de confiança ao nível de significância de 0,5%.
3.3. Interação T. gondii - célula epitelial intestinal
Culturas secundárias de CEIF com confluentes foram infectadas com
bradizoítos de T. gondii. Os ensaios de interação foram realizados na proporção de
1:5, 1:10 ou 1:20 (parasito-célula hospedeira) durante períodos que variaram de 1, 2,
3, 4, 5 e 6 d.p.i. Após lavagem em PBS, as amostras controles e infectadas foram
fixadas de acordo com os experimentos a serem desenvolvidos.
3.4. Monitoramento dos estágios morfológicos evolutivos do T. gondii
A caracterização dos estágios evolutivos de T. gondii em culturas de CEIF
infectadas com formas bradizoítas [relação 1:5 e 1:10 (parasito-célula hospedeira)]
foi feita pela sua monitoração por meio de sondas. Para identificação de taquizoítos
por imunomarcação foi utilizado o anticorpo anti-SAG-1 (Formecido pelo Dr. José
Roberto Mineo (Laboratorio de Imunoparasitologia, Universidade Federal de
Uberlândia, MG,Brazil) e para identificação de cistos de T. gondii a lectina DBA
conjugada a TRITC (L6533 Sigma-Aldrich), que se liga a grupamentos N-acetil-
galactosamina (Zhang e cols. 2001). Inicialmente, as células intestinais foram
fixadas nos períodos de 1, 2, 3, 4, 5 e 6 dias com 4% PFA em PBS durante 20 min a
uma temperatura de 4ºC, lavados 3 vezes durante 10 min em PBS e para bloquear
os radicais aldeídos livres foram incubadas por 30 min em 50 mM cloreto amônia.
Após o bloqueio, as células foram permeabilizadas por 20 min com solução de
PBS contendo 0,05% Triton X-100 (Roche) e 4% BSA (Sigma-Aldrich) para bloquear
ligações inespecíficas. Para o ensaio de imunofluorescência indireta, as CEIF foram
incubadas durante 2h a 37ºC com anticorpo primário anti-SAG-1 (1:200, 1:500).
37
Após incubação as células foram lavadas com PBS contendo 4% BSA e incubadas
durante 1 hora a 37º C com anticorpo secundário na diluição de 1:1000 (IgG anti-
camundongo conjugado com FITC-F5262) ou TRITC (T5393 Sigma-Aldrich). Para
fluorescência direta foi utilizada a lectina DBA-TRITC (1:200, 1:400).
Em alguns ensaios, para a marcação dos filamentos de actina, as culturas de
células foram incubadas com 4 µg/ml faloidina-FITC (P5282 Sigma-Aldrich) em PBS
(1:400; 1:800) por 1h a 37°C. Em seguida, as culturas foram lavadas 3 vezes por 10
min em PBS, incubadas durante 5 min com DAPI diluído em PBS 1:10000. Após a
lavagem em PBS, as lamínulas foram então montadas com DABCO, em PBS
contendo 50% glicerol, pH 7,2 e seladas com esmalte incolor.
Os controles das reações foram realizados na ausência do anticorpo primário e
para a lectina DBA foi realizada uma reação de competição com a adição de 50 mM
de N-acetil-galactosamina (GalNAc). As amostras foram analisadas com o
microscópio de varredura confocal a laser (Axiovert 510, META, Zeiss, Alemanha)
usando o laser 543 Hélio (LP560 filtro), laser 488 Argônio / Krypton (Ar/Kr) (filtro
LP515) e o laser 405 Diiod (LP 420 filtro).
3.5. Análise ultra-estrutural da interação parasito-célula hospedeira
3.5.1. Microscopia eletrônica de transmissão
Para análise ultra-estrutural culturas secundárias de CEIF semi-confluentes
foram lavadas 3 vezes com PBS por 10 min e infectadas na relação 1:20 (parasito-
célula hospedeira) com formas bradizoítos de T. gondii por períodos de 1, 3, 6 e 9
dias. As culturas infectadas foram então fixadas por 1 h a 4ºC com 2,5% GA diluído
em 0,1M de tampão CACO contendo 3,5% de sacarose e 2,5 mM CaCl
2
(pH 7,2) e
processadas como descrito anteriormente no item 2.2.1. As amostras foram
examinadas ao microscópio eletrônico de transmissão Jeol JEM-1011.
3.5.2. Biogênese da membrana do vacúolo parasitóforo
Para análise da biogênese da membrana do vacúolo parasitóforo de culturas
secundárias de CIEF, as células foram previamente incubadas por 20 min a 4ºC com
200 µg/ml de ferritina cationizada (FC) diluída em meio de cultura DMEM/Hams F12
contendo 10% solução antibiótica (Sigma) e 1 mM glutamina sem soro, pH 7,2. Após
esse período, as culturas foram lavadas em solução de Ringer para retirar as
38
partículas de FC não associadas à membrana de CEIF e infectadas com bradizoítos
de T. gondii na relação de 1:20 (parasito-célula hospedeira). As células foram então
fixadas por períodos de 1, 4 e 12 h.p.i. com 2,5% de GA e processadas como de
rotina para microscopia eletrônica de transmissão, como descrito anteriormente no
item 2.2.1. As amostras foram examinadas ao microscópio eletrônico de transmissão
Jeol JEM-1011.
39
V. Resultados
1. Culturas primárias intestinal de felino
1.1. Características morfológicas durante seu desenvolvimento, in vitro
Culturas primárias de células intestinais de felino obtidas a partir de tecidos
fetais, por meio de dissociação não enzimática, apresentaram um percentual de
viabilidade celular em torno de 32%, como demonstrado por citometria de fluxo
(Gráfico 1).
Inicialmente, foi estudado o desenvolvimento das culturas monitorando-se a
morfologia e a diferenciação celulares. Pequenos fragmentos de intestino delgado
fetal aderiram ao substrato em até 24 horas de cultivo, apresentando migração
celular heterogênea, que mais tarde se colapsou formando um tubo fechado,
semelhante ao tecido intestinal (Fig. 1A). Paralelamente, a partir desta migração
celular, ocorreu a formação de uma monocamada constituída por células poligonais,
como observado nas figuras 1B-D. Durante os 3 primeiros dias de cultivo foi possível
também observar células proliferando ao redor do foco de adesão, que se
estenderam e continuaram a se expandir, aumentando a área da cultura, com
camadas concêntricas, formando pequenas ilhotas de células epitelioides
condensadas (Fig. 1E). Durante a primeira semana de cultivo, a superfície do
substrato foi progressivamente coberta por uma monocamada de lulas poligonais
homogêneas com aspecto típico de epitélio pavimentoso (Fig. 1E e F). A
monocamada de células epiteliais permaneceu com a mesma morfologia até 10 dias
de cultivo (Fig. 1G e H) e algumas vezes, pode ser visto sobre a monocamada
celular, fragmento remanescente do tecido intestinal original (Fig. 1G).
40
Gráfico 1: Análise da viabilidade por citometria de fluxo do dissociado celular do intestino
delgado de felídeos através da marcação com iodeto de propídio (PI). (A) Gráfico de plotagem de
pontos representando a morfologia típica observada pós-dissociação; (B) histograma demonstrando
população CD3- em R1; (C) histograma da população CD3+ localizada em R2; (D) histograma
representativo da viabilidade em R1 após dissociação não-enzimática. Seta representa as células
viáveis CD3- (32%)
41
Figura 1: Aspectos morfológicos das culturas primárias intestinais de felino do ao 10º dia
por microscopia de contraste de fase e interferencial. (A) Cultura celular com 24h mostrando uma
estrutura tubular semelhante ao tecido intestinal. (B-D) Detalhe da migração celular a partir do
explante intestinal e início da formação de monocamada com células poligonais à semelhança do
epitélio pavimentoso. (C e D) Detalhe da vilosidade intestinal preservada (cabeça de seta). (E)
Culturas de CEIF com 3 dias mostrando crescimento de uma monocamada a partir do foco de adesão
(*). (F) Maior aumento da figura E mostrando células poligonais. (G) Com 10 dias, ainda é observado
um fragmento remanescente do tecido original (seta). (H) Em maior aumento podemos observer em
detalhe a cultura homogênea epitelial característica. [Barras: 20µm]
42
As CEIF mantiveram a característica epitelial pavimentosa a a sétima
passagem, após repiques a cada cinco dias (na proporção 1:2 ou 1:3). Nas culturas
confluentes de terceira passagem, as lulas adquiriram aspecto (Fig. 2A). Melhor
visualizado pela revelação de filamentos de actina alinhados com faloidina (Fig. 2B)
e núcleos no mesmo plano, organizados lado a lado, como bem demonstrados pela
coloração de Giemsa na figura 2C e pela marcação com DAPI na figura 2D,
semelhante ao epitélio intestinal.
Com o repique, as células novamente adquiriam o aspecto poligonal e sem
grandes alterações na morfologia. Após a sétima passagem, as células foram
progressivamente diminuindo a taxa de proliferação até a cessação da divisão
celular e morte.
1.2. Expressão de marcadores intestinais
A natureza epitelial das CEIF foi confirmada por imunofluorescência, através da
marcação específica de filamentos intermediários do citoesqueleto, empregando o
anticorpo anti-pan-citoqueratina, que reconhece algumas citoqueratinas (1, 5, 6, 8 e
10) e pela expressão de fosfatase alcalina (enzima secretada pelo epitélio intestinal).
A análise por microscopia confocal de varredura a laser mostrou que as
culturas primárias de CEIF preservaram as características morfológicas e funcionais
de enterócitos imaturos. As lulas mantiveram constante a forte marcação positiva
da expressão de citoqueratina durante todo o curso do experimento, com maior
concentração ao redor do núcleo, indicando a natureza epitelial dessas células (Fig.
3A, B-D). Após 2 até 15 dias de cultivo, mais de 95% das células poligonais ainda
expressavam citoqueratina, caracterizada pela distribuição de uma rede de
filamentos no citoplasma (Fig. 3B-D).
43
Figura 2: Culturas terciárias semi-confluentes de CEIF; (A) Aspecto fusiforme das CEIF através de
microscopia de fase; (B) Alinhamento dos filamentos de actina revelada com faloidina-FITC
observada através de microscopia de fluorescência; (C-D) Núcleos localizados no mesmo plano
corados com Giemsa observados por microscopia de luz e marcação pelo DAPI confirmando a
organização celular à semelhança do tecido epitelial intestinal. [Barras: 20µm]
44
Figura 3: Caracterização das CEIF através microscopia de fluorescência; (A) Culturas
secundárias de CEIF com morfologia epitelial característica revelada através de dupla marcação
actina-FITC em verde e citoqueratina-TRITC em vermelho. (B-D) Expressão de citoqueratina com
localização ao redor do núcleo. (E-G) Organização dos filamentos de actina revelada pela faloidina
em CEIF mostrando a morfologia das células e a sua maior concentração nas áreas de adesão focal
ao substrato. [Barras: 20µm]
45
A dupla marcação das células com faloidina-FITC identificando
simultaneamente filamentos de actina e a expressão de citoqueratina mostrou que
não houve sobreposição das duas proteínas (Fig. 3A). A distribuição de filamentos
de actina foi majoritariamente, nos pontos de adesão da membrana celular ao
substrato (Fig. 3 E-G). A expressão de fosfatase alcalina, um outro marcador de
células epiteliais, foi inicialmente detectada com 5 dias de cultivo (Fig. 4A). Um
aumento progressivo do acúmulo desta enzima foi observado no período de 7 a 9
dias pós-plaqueamento (Fig. 4B e C). Filamentos de vimentina (Fig 4 D-E) e desmina
(Fig 4 E-F) não foram observados nas culturas até 9 dias de cultivo.
Após a primeira passagem, as CEIF mantiveram o aspecto homogêneo
pavimentoso formado por células poligonais apresentando citoplasma abundante,
núcleo central (Fig. 5A-D), positividade para citoqueratina (Fig. 5C) e vários pontos
de adesão focal como observados pela revelação de filamentos de actina
empregando faloidina, (Fig. 5D) típico de células epiteliais.
1.3. Caracterização morfológica ultra-estrutural e funcional
A análise ultra-estrutural por microscopia eletrônica de varredura (MEV) das
culturas primárias de CEIF confirmou a sua característica epitelial. Após 24 horas de
plaqueamento as células apresentaram morfologia poligonal e adesão ao substrato
mostrando expansão da membrana plasmática, estabelecendo pontos de adesão
focal (Fig.6A). Foram observados numerosos filopódios ou microvilosidades na
superfície celular (Fig. 6A-C). Após 96 horas foi possível observar grandes áreas das
membranas celulares em contato, indicativo da formação de áreas de especialização
de membrana, semelhante às junções celulares (Fig. 6C), observado em maior
detalhe na figura 6D.
46
Figura 4: Imunoreatividade para revelação de fosfatase alcalina em CEIF após incubação com
anitcorpo conjugado à TRITC. A atividade de fosfatase alcalina aumentou progressivamente nas
células em função do tempo da cultura (5-9 dias). A morfologia das CEIF é visualizada através da
revelação de filamentos de usando faloidina-FITC. (A) 5 dias; (B) 7 dias e (C) 9 dias após o
plaqueamento. Controles negativos para: Desmina (D) 5 dias e (E) 9 dias; e para Vimentina (F) 5 dias
e (G) 9 dias [Barras: 20µm]
47
Figura 5: Células de CEIF secundárias apresentando aspecto epitelial pavimentoso: Células de
aspecto poligonal; núcleo central e citoplasma abundante e ainda vários pontos de adesão ao
substrato; (A) Microscopia eletrônica de varredura; (B) Microscopia de luz, coloração pelo Giemsa e
(C e D) Microscopia de imufluorescência: Coloração em vermelho para expressão de citoqueratina,
em verde para filamentos de actina e para revelação do núcleo coloração em azul com DAPI. [Barras:
20µm]
48
Figura 6: Microscopia eletrônica de varredura ilustrando a morfologia epitelial em culturas de
CEIF. (A) Célula com 24 horas de plaqueamento mostra expansões da membrana plasmática com
pontos de adesão focal (setas) [Barra: 2µm]. (B) Microvilosidades longas e finas são vistos (cabeças
de seta). [Barra: 2µm]; (C) Após 96 horas observa-se a formação de áreas de especialização de
membrana, tipo junções celulares (dupla seta) [Barra: 5µm]; (D) Detalhe em maior aumento das
junções celulares [Barras: 2µm]
49
Para análise funcional das CEIF foi empregada a ferritina cationizada (FC),
um derivado eletrondenso policatiônico da ferritina nativa ionizada a pH fisiológico,
que permite ensaios com células vivas. A FC foi utilizada em nossos estudos como
sonda para visualização de sítios aniônicos de superfície de células intestinais de
culturas primárias de CEIF e para examinar o seu destino intracelular. A incubação
das células vivas aderidas ao substrato com FC durante 20 min a 4°C e
subseqüente elevação da temperatura para 37°C durante 30 min revelou a
distribuição da FC sobre a superfície celular e nas interdigitações (Fig. 7A). Esses
dados indicam que membrana plasmática das células intestinais é carregada
negativamente. A FC foi acessível somente à região da membrana exposta ao meio
de cultura contendo a FC (Fig. 7A-D). Após a incubação das CEIF por 1h com CF a
37°C, a interação de sítios aniônicos com o traçador mostrou uma mobilidade
translacional da membrana celular induzindo à formação de agregados de ferritina
em algumas regiões (Fig. 7B). A análise das células incubadas por 4 e 12 horas
mostrou que sob essas condições, partículas FC foram incorporadas pela membrana
celular por endocitose, como demonstrado na figuras 7C. Na seqüência, vesículas
de diferentes diâmetros e túbulos contendo partículas de ferritina foram localizadas
logo abaixo da membrana celular e no citoplasma (Fig. 7D). Após 12 h o traçador
não foi mais visualizado aderido à membrana plasmática, porém grande quantidade
de FC foi encontrada em vesículas intracelulares de tamanhos e formas variadas,
além de grandes vacúolos (endosomes) repletos de FC distribuídos pelo citoplasma
(Fig. 7 E-F).
50
Figura 7: Caracterização ultra-estrutural funcional das CEIF com ferritina cationizada (FC); (A)
CEIF mostrando a distribuição de FC após a incubação com FC por 30 min a 4ºC e subseqüente
elevação da temperatura para 37ºC durante 30 min. As partículas de FC são vistas sobre a superfície
celular e nas interdigitações; (B) CEIF após 1h de incubação com CF a 37ºC demonstrou uma
mobilidade translacional da membrana induzindo a formação de agregados de FC (Seta); (C e D)
Células incubadas por 4h revelaram a incorporação do traçador pela membrana celular, via
endocitose; (E) CEIF após 12h de incubação mostrou ausência da FC na membrana e intensa
incorporação do traçador pela membrana celular e sua posterior localização em grande quantidade
em vesículas intracelulares de tamanhos e formas variadas (cabeça de seta) e (F) Grandes vacúolos
(endosomes) são vistos repletos de FC distribuídos pelo citoplasma (Seta dupla) [Barras: 500 nm]
51
2. Análise da infectividade de bradizoítos de Toxoplasma gondii frente a
linhagens epiteliais e cultura primária de epitélio intestinal de felinos
O modelo de células epiteliais intestinais de felino doméstico estabelecido in
vitro no nosso laboratório, possibilitou o emprego de culturas secundárias de CEIF
para o estudo da biologia celular da interação de T. gondii e a célula hospedeira.
Assim, as culturas foram infectadas com bradizoítos de T. gondii cepa ME49,
usando a relação de 1:10 (parasito-célula hospedeira). Para avaliação do potencial
infectivo de bradizoítos fronte as culturas de CEIF e as linhagens celulares IEC-6 e
CRKF foram fixadas nos períodos 24, 48, 72 e 96 h.p.i. e quantificadas quanto ao
percentual de células infectadas.
Aos resultados obtidos aplicou-se o teste t de Student, com intervalo de
confiança ao nível de significância de 5% e foi possível verificar que as médias
apresentavam diferenças estatísticas (p<0,05), pois não houve superposição entre
os intervalos. Desta forma, em relação ao percentual médio de infecção das células,
foi possível verificar que a infecção das CEIF foi significativamente maior do que as
demais células estudadas (p<0,05) em todos os tempos avaliados (Tabela 1 e
Gráfico 2). Estes resultados confirmam estatisticamente que as CEIF apresentam
maior infectividade por bradizoítos de T. gondii, quando comparadas às linhagens de
IEC-6 e CRFK.
52
Gráfico 2: Percentual de células infectadas por bradizoítos de T. gondii cepa ME49
em CEIF em relação as linhagens IEC-6 e CRFK
53
3. Interação Toxoplasma gondii e epitélio intestinal felino in vitro
CEIF infectadas com bradizoítos de T. gondii cepa ME49, obtidos de cistos
intracerebrais de camundongos C57BL6, utilizando as relações de 1:5, 1:10 e 1:20
(parasito-célula hospedeira) mostraram diferentes destinos intracelulares, como será
descrito a seguir.
3.1. Interação na relação 1:5 (parasito-célula hospedeira)
A análise da interação parasito-célula hospedeira na relação 1:5, demonstrou
que os parasitos inoculados se mantiveram como bradizoítos no interior do vacúolo
parasitóforo (VP) por 24 h.p.i., como bem demonstrado na Fig. 8A por microscopia
de contraste de fase. A imunomarcação mostrou a negatividade para a revelação de
taquizoítos, utilizando os anticorpos anti-SAG1 e anti-filamentos de actina, com o
uso de faloidina-FITC, a dupla marcação, mostrou a visualização da estrutura celular
(Fig. 8B), enquanto a coloração por Giemsa revela a presença dos parasitos
intracelulares (Fig. 8C).
A conversão bradizoíto-taquizoíto foi observada com 48 h.p.i. (Fig. 8D-F),
quando vacúolos contendo parasitas expressaram positividade após incubação com
anticorpo anti-SAG1 associada à visualização dos filamentos de actina da célula
hospedeira (Fig. 8E). Essa análise revelou também que as formas de T. gondii
intracelulares eram (SAG-1+), como observado na Fig. 8E. Após 72 h.p.i. (Fig. 8G-I)
os VP apresentaram um aumento considerável de tamanho, contendo
exclusivamente taquizoítos, visualizados pela marcação com anticorpo anti-SAG-1 e
pela revelação de filamentos de actina (Fig. 8H), permitindo observar que os VP
adquiriam a forma das CEIF sem comprometer seu alinhamento e polarização (Fig.
8H-I). Com 96 h.p.i. (Fig. 8J-M) ocorreu o rompimento das CEIF com a liberação de
taquizoítos no meio, caracterizando o ciclo lítico de T. gondii. A reação citoquímica
com a lectina DBA, que reconhece moléculas da parede cística não foi positiva
durante o experimento (Fig 8 N-Q).
54
Figura 8: Interação bradizoítos de Toxoplasma gondii cepa ME49 com CEIF na proporção 1:5
parasito-célula hospedeira. (A e C) 24 h.p.i., início da formação de vacúolos parasitóforos (VP)
contendo bradizoítos, confirmado por imunomarcação utilizando anticorpo anti SAG-1/TRITC;
Faloidina-FITC e DAPI como visto na figura B (SAG1-). (D-F) 48 h.p.i. mostra a formação de VP
organizados e a conversão de bradizoítos em taquizoítos demonstrado por imunomarcação em E
(SAG1 +). (G-I) 72 h.p.i. nota-se a presença VP contendo exclusivamente taquizoítos bem
organizados sem comprometimento da polarização das CEIF; (J-M) 96 h.p.i. rompimento das CEIF
com a liberação de taquizoítos; Controles negativos para DBA (N) 24 h.p.i; (O) 48 h.p.i; (P) 72 h.p.i; e
(D) 96 h.p.i [Barra 20mm]
55
3.2. interação na relação 1:10 (parasito-célula hospedeira)
A utilização da relação de 1:10 (parasito-célula hospedeira) permitiu a
observação da formação de estruturas semelhantes a cistos intracelulares com 3
d.p.i. (Fig. 9A-B) e com 6 d.p.i. (Fig. 9C-D). A marcação citoquímica com a lectina
DBA conjugada a TRITC revelou que estas estruturas com 6 d.p.i. reagiram
positivamente, indicando o estabelecimento da cistogênese, in vitro (Fig. 9E).
Adicionalmente, a incubação dessas células neste período de interação com as
mesmas condições experimentais com o anticorpo anti-SAG-1 mostrou que alguns
desses cistos apresentavam no seu interior formas taquizoítas, se caracterizando
assim, como cistos mistos, como bem observados nos cortes seriados obtidos por
microscopia confocal (Fig. 9Ea-f). A análise por microscopia de luz de culturas
coradas com Giemsa em 6 d.p.i., possibilitou a observação de VPs
morfologicamente diferentes, com estruturas no seu interior à semelhança de
sincícios (Fig. 9D).
3.3. Interação na relação 1:20 (parasito-célula hospedeira): Caracterização do
vacúolo parasitóforo e dos estágios enteroepiteliais do Toxoplasma gondii
A análise ultra-estrutural de culturas de CEIF, 6 d.p.i. com bradizoítos de
T.gondii na proporção de 1:20 (parasito-célula hospedeira) mostrou: diferentes tipos
morfológicos intracelulares (no interior de vacúolos parasitóforos) à semelhança dos
estágios enteroepiteliais que ocorrem no intestino delgado do hospedeiro definitivo
(felinos), in vivo. A caracterização desses tipos morfológicos foi avaliada inicialmente
com relação à estrutura do VP, que se apresentou de aspecto frouxo, com uma RMT
bastante extensa e bem desenvolvida, ocupando toda a matriz do vacúolo (Fig. 10A-
E). RMT pode ser vista em maior detalhe na Figura 10B. Essas características
apresentam grande semelhança aos VP ocupados pelo tipo morfológico B
(esquizonte tipo B) descrito em enterócitos de felinos, in vivo (Fig. 10A-C). Esses
vacúolos, na sua maioria, apresentavam somente um parasito no seu interior (Fig.
10A e C).
56
Figura 9: Interação bradizoítos de Toxoplasma gondii cepa ME49 com CEIF na proporção 1:10
parasito-célula hospedeira. Formação de estruturas císticas após 3 d.p.i. (A - microscopia
interferencial e B coloração por Giemsa microscopia de luz) e após 6 d.p.i.(C-D). (D) VP com
parasitas em formação sincicial (cabeça de seta); (E) Presença de cistos de T. gondii (lectina
DBA/TRITC) em CEIF 6 d.p.i., cortes seqüenciais (Ea-Ef) demonstram a formação de cisto misto com
presença de bradizoítos e taquizoítos (SAG/FITC +). [Barra 20mm]
57
Figura 10: Formação de esquizontes precursores dos estágios enteroepiteliais de Toxoplasma
gondii in vitro após 6 d.p.i.. (A-C) VP frouxo, repleto da rede de membranas tubulovesicular (RMT).
Nota-se a MVP associada a perfis de retículo endoplasmático (RE), Mi e lipídeos (Li); (B) Detalhe em
grande aumento da característica morfológica do VP apresentando RMT bem desenvolvida no seu
interior; (C) VP contendo um parasito com grande quantidade de RMT e a associação estreita de Li e
RE à MVP; (D) Em maior aumento a região posterior do parasito e intima associação da MVP com
RE, mostrando o complexo membranar interno (CMI) ondulado; (E) Detalhe da associação de Li e RE
à MVP. [Barra 500nm]
58
Perfis de retículo endoplasmático, mitocôndrias e corpos lipídicos da célula
hospedeira foram observados associados à membrana do VP (Fig. 10A, C-E). O
vacúolo parasitóforo se mostrou constituído por uma membrana única (Fig. 10B, D e
E) e na Figura 10D é observado o complexo membranar interno, com aspecto
ondulado. Além da caracterização ultra-estrutural de esquizontes do tipo B, foi
possível a observação de esquizontes em divisão do tipo endodiogenia assincrônica,
típica da fase assexuada dos estágios enteroepiteliais (Fig. 11A-C). Os merozoítos
desorganizados são vistos no interior de VP sem a formação característica de
rosetas típicas, imersos na rede de membranas tubulovesicular bastante
desenvolvida (Fig. 11A-C). Neste estágio organelas da célula hospedeira são ainda
observadas associadas à MVP (Fig. 11A-C).
Paralelamente, a análise dessas culturas mostrou algumas lulas com VP
apresentando uma RMT desenvolvida, porém sua distribuição não ocupava todo o
espaço vacuolar (Fig. 12A-E). Os parasitos no interior desses vacúolos
apresentavam dois tipos de mitocôndrias: as típicas (Fig. 12 A-B e D) e com matriz
eletrondensa (Fig. 12A-B e D); núcleo descentralizado (Fig. 12A-C); róptrias
eletrondensas (Fig. 12C) ou com aspecto de labirinto (Fig. 12A); presença de
número variado de grânulos densos e de amilopectina (Fig. 12 A-E). Esses vacúolos
mantiveram a associação com organelas da célula hospedeira como o RE à MVP
(Fig. 12 A, D e E) e ainda, mitocôndrias justapostas ao RE (Fig. 12 A e D). Vários
corpos lipídicos foram vistos aderidos ao RE (Fig. 12 A-C e E) ou em contato direto
com a MVP (Fig. 12 C e E). Algumas imagens mostram lipídeos estabelecendo
conexão direta com a matriz do vacúolo (Fig. 12C e E).
59
Figura 11: Parasitos em divisão por endodiogenia assincrônica. (A) VP contendo 5 parasitos (P)
em processo de divisão no interior de VP rico em RMT com associação de RE e Li à MVP. (B) Outra
célula mostrando número ímpar de parasitos no VP (n=9) indicativo de divisão assincrônica; (C) Corte
longitudinal de VP frouxo, rico em RMT contendo parasitos (n=5). [Barra 500nm]
60
Figura 12: Tipos morfológicos distintos de Toxoplasma gondii em CEIF com 6 d.p.i.; (A) VP com
MVP, contendo pouca RMT, associado a RE com Mi e Li justapostos. merozoítas mostrando grânulos
densos (GD), N descentralizado com agregados de cromatina (Nu), mitocôndrias típicas (Mi) e
eletrondensas (Mie) e róptrias em labirinto (Ro1); (B) VP contendo RMT e merozoítos apresentando
GD, micronemas (Mn), Mi e Mie e núcleo descentralizado. (C) Merozoíta com N, GD, róptrias
eletrondensas (Ro2) e CMI. No detalhe (cabeça de seta) observa-se corpo lipídico em contato direto
com a matriz vacuolar. (D) VP contendo 4 merozoítos, presença de RMT, circundado por RE. (E) VP
bastante frouxo com RMT distribuída pela matriz vacuolar. RE e Li se mantém associados à MVP.
[Barra 500nm]
61
A ultra-estrutura permitiu ainda observar outros tipos morfológicos de T. gondii
em desenvolvimento em CEIF vacúolos parasitóforos com uma redução acentuada
da rede de membranas tubulovesicular, com esquizontes em divisão celular do tipo
endopoligenia. Esse tipo de divisão celular é compatível com o processo de
gametogênese do parasito, apresentando merozoítos com grandes inclusões
lipídicas unidos ainda por um corpo residual, contendo organelas como: grânulos
densos, grânulos de amilopectina e mitocôndrias. Os merozoítos apresentavam
núcleo bem desenvolvido, ocupando grande parte do citoplasma do parasito (Fig.
13A).
Diferentes estágios em desenvolvimento foram observados nesse período de
interação equivalente a 6 d.p.i., incluindo formas evolutivas semelhantes à
macrogamontes, associados aos lipídeos da célula hospedeira (Fig. 13B e C). Estes
parasitos apresentavam características morfológicas compatíveis como às
previamente descritas nas análises do ciclo entérico do T. gondii em gatos
domésticos, a saber: núcleo de aspecto granular, estruturas eletronlucentes com
conteúdo eletrondenso, denominados de corpos formadores de parece e vários
grânulos de amilopectina. Além de complexo de Golgi, corpos lipídicos, mitocôndrias
e complexo membranar interno (Fig. 13 B e C).
3.4. Biogênese da membrana do vacúolo parasitóforo
Objetivando analisar a biogênese da membrana do vacúolo parasitóforo (MVP),
CEIF foram pré-incubadas com ferritina cationizada a uma temperatura de 4°C,
seguida da infecção com bradizoítos cepa ME49 utilizando a relação 1:20 (parasito-
célula hospedeira) por períodos de 1, 3 e 12h a 37ºC. A análise ultra-estrutural
demonstrou a ausência de partículas de FC no vacúolo parasitóforo (Fig. 14A).
Independente do longo período de interação parasito-célula hospedeira (até 12h),
nenhuma marcação da MVP ou do espaço vacuolar foi observada apesar de
vesículas marcadas serem visualizadas no citoplasma (Fig. 14B e C).
62
Figura 13: Tipos morfológicos de Toxoplasma gondii diferenciados; (A) esquizontes em divisão
do tipo endopoligenia. Os merozoítos apresentando grandes corpos lipídicos são observados unidos
pelo corpo residual (CR) que contem no seu interior organelas como GD, Am e Mi; (C-D) Formas
semelhantes a macrogamontes, associados a Li. Os parasitos apresentam núcleo granular (N),
corpos formadores de parede (CFP), Go, Mi, Am e CMI. [Barra 500nm]
63
Figura 14: CEIF pré-incubadas com FC e infectadas por 12h com bradizoitos de Toxoplasma
gondii. (A) Partículas de FC não são vistas na membrana do vacúolo parasitóforo (MVP) que
circunda o bradizoíto nem no interior do VP. (B) Ausência de partículas de FC na MVP mostrando
endossomos repletos de FC (cabeça de seta) no citoplasma de CEIF; (C) Detalhe do VP da figura A.
(N) núcleo do parasito; (Nu) nucléolo; mitocôndria (Mi), complexo de Golgi (Go); grânulos de
amilopectina (Am); núcleo da célula hospedeira (NCH). [Barra 500nm]
64
VI DISCUSSÃO
1. Cultivo primário de epitélio intestinal de gato doméstico como modelo de
estudo
Culturas primárias de intestino delgado representam um excelente modelo para
estudos fisiológicos e patológicos intestinais, sendo que células diferenciadas têm
maior similaridade com os eventos que ocorrem in vivo. A obtenção e manutenção
destas células apresentam diversas dificuldades, muitas vezes, inviabilizando a
realização de estudo (Evans e cols., 1994; Aldhous e cols., 2001).
O intestino delgado é um órgão multi-tecidual, onde tecidos de origem
embrionária distintas e/ou funções metabólicas particulares, interagem para a
manutenção da homeostase do órgão (Cheng, 1974). A ausência ou a má função de
algum tipo celular específico impossibilita o seu funcionamento ou diminui a sua
viabilidade (Friedman e Cardell, 1977). Desta forma, o cultivo de células intestinais,
não alteradas, se torna um grande desafio, considerando-se que na maioria das
vezes a necessidade de se realizar culturas mistas, co-culturas ou utilização de
suplementos; como matriz extracelular, associando-se ainda, alguns fatores de
crescimento como: insulina e hidrocortisona (Whitehead e cols., 1987), EGF
(Aldhous e cols., 2001; Rusu e cols., 2005; Golaz e cols., 2007), dentre outros.
Nossos estudos iniciais realizados para obtenção de cultura primária de epitélio
intestinal, através de biópsia endoscópica de fragmentos intestinais de felinos
adultos, foram realizados sem sucesso. Segundo Quaroni e cols. (1979) algumas
variáveis podem impossibilitar a realização e reprodutibilidade dos experimentos,
tais como: amostras excessivamente contaminadas, dificuldade de adesão das
células diferenciadas ao substrato e baixa viabilidade dos enterócitos adultos in vitro.
A microbiota intestinal, rica e diversificada, é fundamental para o metabolismo
do epitélio intestinal. In vitro, tal contaminação deve ser evitada ou removida, pois
durante o cultivo ocorre crescimento exacerbado desta microbiota, comprometendo
a viabilidade das culturas (Cheng e Leblond, 1974; Cheng e cols., 1986). Desta
forma, foram realizados diversos protocolos de descontaminação in vitro. Embora
65
fosse possível controlar o crescimento da microbiota no epitélio intestinal in vitro, as
células se mostraram com um alto índice de apoptose, observações estas
previamente relatadas por Evans e cols. (1994) e Strater e cols. (1996).
Outro fator importante para experimentação com epitélio intestinal é a baixa
adesão celular, uma vez que esta é uma importante característica epitelial in vivo.
Porém, após a dissociação, as lulas adultas (diferenciadas) apresentaram uma
baixa adesão aos substratos testados, muito embora os substratos utilizados
tivessem sido recomendados por diversos autores (Perreault e Jean-Francois, 1996;
Aldhous e cols., 2001; Rusu e cols., 2005; Golaz e cols., 2007). Mesmo aderidas, as
culturas primárias de epitélio intestinal adulto apresentavam um período de
viabilidade muito curto. Trabalhos relatam que a adesão e a viabilidade do epitélio
intestinal in vitro, assim como in vivo, são dependentes da inter-relação do epitélio
com tecido conjuntivo imediatamente adjacente. Este representaria o substrato ideal
para o desenvolvimento e manutenção da viabilidade intestinal (Mahida e cols.,
1997; Slorach e cols., 1999).
Os resultados inicialmente obtidos com tecido intestinal fetal de felino, em
relação à viabilidade e proliferação celular foram excelentes. Além de nos permitir
desenvolver, comparar e aperfeiçoar diferentes técnicas de isolamento de lulas,
condições de cultivo e meios de cultivo e suplementos, foi possível adaptar as
metodologias descritas na literatura com lulas intestinais de origem humana
(Perreault e Jean-Francois, 1996; Sanderson e cols., 1996; Aldhous e cols., 2001),
de ratos (Evans e cols., 1994; Tryphonopoulos e cols., 2004; Quinlan e cols., 2006),
de camundongos (Sorg e Magistretti, 1991; Athman e cols., 2005); de bovinos
(Follmann e cols., 2000) e de cães (Weng e cols., 2005; Golaz e cols., 2007).
Com base no sucesso metodológico das técnicas utilizadas por estes autores,
culturas primárias de CEIF obtidas a partir de tecido epitelial intestinal de felinos
neonatos foram cultivadas por 15 dias e apresentaram boa viabilidade, com
manutenção de sua capacidade proliferativa, características morfológicas e
propriedades funcionais.
O epitélio do intestino delgado é um sistema altamente dinâmico,
particularmente bem adaptado para a avaliação de fenômenos celulares chave, tais
como proliferação, migração, diferenciação e apoptose celulares. Assim, dentro da
sua unidade funcional, a cripta, o epitélio é espacialmente separado por células
intestinais, proliferativas e diferenciadas, situadas respectivamente nas regiões
66
inferior e superior da cripta intestinal e as células funcionais presentes nas
vilosidades (Potten e cols., 1994; Perreault e Jean-Francois, 1996). Enterócitos in
vivo, principal tipo de célula do intestino delgado, são gerados na base da cripta
intestinal e, progressivamente amadurecem durante a migração ao longo da
vilosidade até atingir o ápice intestinal. Estas células são altamente polarizadas
devido ao seu contato com a membrana basal e lulas mesenquimais adjacentes,
presentes nas microvilosidades (Simon-Assmann e cols., 2007).
Várias tentativas de se estabelecer culturas intestinais de células epiteliais de
animais adultos, ou estabelecer linhagens celulares intestinais derivadas de
enterócitos não alterados, não têm sido bem sucedidas (Mehran e cols., 1997).
Neste sentido, nós somos pioneiros a isolar e manter culturas primárias de epitélio
intestinal felino, abrindo novas perspectivas para a realização de estudos não
com Toxoplasma gondii, mas também com outros enteropatógenos in vitro. O
sucesso das culturas de CEIF neste estudo foi dependente de uma série de fatores.
Em primeiro lugar, o uso do tecido fetal intestinal de felino, essencial para a geração
de células epiteliais proliferativas em cultura. Em segundo lugar, a dissociação do
epitélio intestinal, através da utilização de dissociação não enzimática, nos permitiu
obter células viáveis capazes de contribuir para o crescimento e a viabilidade das
CEIF por períodos mais longos. Em terceiro lugar, a atividade sinergística com fator
de crescimento epdermal (EGF) também contribuiu para a manutenção do
crescimento das CEIF, como proposto anteriormente por Kedinger e cols. (1987).
A alta sensibilidade das células epiteliais intestinais a danos durante a
dissociação, em comparação com outras lulas epiteliais, é um dos fatores
limitantes para obtenção de seu completo isolamento. Com o objetivo de minimizar
esta dificuldade, foram empregados dos métodos simultâneos de dissociação,
mecânicos e não enzimático (Whitehead e cols., 1987; Follmann e cols., 2000;
Aldhous e cols., 2001), que provou ser rápido e eficiente para os fragmentos
intestinais fetais. A viabilidade celular foi boa como indicado por análise por
citometria de fluxo, em comparação com as metodologias enzimáticas habituais,
utilizando colagenase, tripsina e/ou EDTA (Evans e cols., 1994; Potten e cols., 1994;
Potten e Grant, 1998). As células isoladas ou pequenos fragmentos do tecido
aderiram com sucesso em diferentes superfícies, tais como plástico ou vidro,
revestido ou não com substratos. Após a adesão as CEIF começaram a proliferar
até formar monocamadas confluentes.
67
No decorrer deste trabalho, com o objetivo de reduzir as variáveis na
composição do meio de cultura, foram utilizados apenas como suplemento 10% SFB
e 20 ng/ml da EGF, recomendados para estimular a multiplicação e diferenciação
celular in vitro de células intestinais (Baten e cols., 1992; Evans e cols., 1994; Potten
e cols., 1994; Potten e Grant, 1998). Esta composição do meio de cultivo foi
suficiente para estabelecer um microambiente favorável para a manutenção das
CEIF por 15 dias em cultura.
A polarização das células epiteliais depende de condições externas
específicas, tais como, a formação de contatos entre as lulas e interações das
células ao substrato. Sabe-se que esse estado morfológico polarizado é adquirido
gradualmente em cultivo e envolvendo inúmeros nutrientes, fatores de crescimento e
moléculas da matriz extracelular (Sanderson e cols., 1996; Simon-Assmann e cols.,
2007). No presente trabalho, foi demonstrado, através da marcação dos filamentos
de actina que a polarização é uma característica inerente das células do epitélio
intestinal, considerando-se que as células in vitro apresentaram o aspecto de
alinhamento e polarização sem qualquer suplementação específica de moléculas da
matriz. No entanto, no nosso sistema outras características do epitélio intestinal, tais
como, microvilosidades e tigth junction foram pouco observadas. Esses eventos têm
sido justificados por alguns autores (Levy e Bendayan, 2000; Oriolo e cols., 2007)
descrevendo que enterócitos ao longo do tempo em cultura formam uma
monocamada colunar parecendo enterócitos maduros e afirmam que a presença de
interdigitações, microvilosidades e complexos juncionais são mais evidentes entre
20 e 30 dias das células em cultura. Outro fator que provavelmente pode ter
interferido em nossas culturas foi a ausência de hidrocortisona no meio de cultura,
que tem sido descrito como um promotor de diferenciação celular, formação de tigth
junction e formação de microvilosidades (Quaroni e cols., 1999). Embora a formação
de tigth junction tenha sido prejudicada em nosso modelo, por microscopia eletrônica
de varredura foi possivel observar que nas culturas mantidas até 9 dias, a maioria
das células estavam aderidas ao substrato, formando inúmeros filopódios e
interdigitatações, que frequentemente estabeleciam contatos com outras células,
confirmando os dados descritos por Steimer e cols. (2006).
Outro aspecto a ser considerado são as características morfológicas das de
CEIF, que mostraram ser uma população homogênea de células epiteliais, com:
aspecto poligonal, citoplasma abundante, núcleos centrais e crescimento em
68
monocamada coesa, como descrito anteriormente em outros sistemas por Quaroni
(1985b) e Baten e cols. (1992).
Citoqueratinas são os principais componentes da rede de filamentos
intermediários das células epiteliais, que constituem uma classe heterogênea de
aproximadamente 30 polipeptídios estruturalmente relacionados (Moll e cols., 1982).
A caracterização morfofisiológica da cultura de CEIF incluiu imunoensaios para
demonstrar a presença de citoqueratina. As culturas analisadas foram positivas e a
detecção de citoqueratina foi independente do seu estado de diferenciação, ou
período de cultivo, como proposto por Quaroni (1985a); Baten e cols. (1992) e
Quinlan e cols. (2006). Nossos resultados mostraram que culturas secundárias de
CEIF expressaram citoqueratina por até 2 semanas, não adquirindo características
de outros tipos de células, demonstrando então, a sua natureza epitelial, de acordo
com Macartney e cols. (2000). Para a caracterização funcional, foi detectada a
presença da enzima fosfatase alcalina nas CEIF a partir de 5 até 9 dias de cultivo,
que também foi observado após 2 dias por Sanderson e cols. (1996); 6 dias por
Follmann e cols. (2000) e 7 dias por Quinlan e cols. (2006).
As células puderam ser sub-cultivadas através de dissociação com solução de
tripsina/EDTA (Follmann e cols., 2000) e as passagens sucessivas foram mantidas
por 30-45 dias. Após este tempo, a maioria das culturas começou a demonstrar
sinais de senilidade, com acentuada diminuição dos pontos de adesão, vacuolização
perinuclear e eventual morte celular, impossibilitando novas passagens. A
suplementação do meio com L-glutamina como proposto anteriormente por
Chapman e cols. (1998) e Aldhous e cols. (2001) não aumentou a longevidade
destas culturas.
Absorção intestinal é um processo complexo, que implica numa estreita
coordenação entre o trânsito intestinal e a função celular dos enterócitos (Levy e
Bendayan, 2000). O presente estudo demonstrou que as células epiteliais intestinais
em cultura mantiveram a capacidade de se ligar a traçadores catiônicos revelando a
natureza aniônica da sua membrana plasmática. O tipo de ligação de partículas de
ferritina cationizada sobre as CEIF mostrou a presença de grupos carboxila ou
glicoproteínas expostos na sua superfície. A distribuição de FC em células vivas
ocorreu em agregados ao longo de toda a superfície celular, demonstrando uma
migração lateral e redistribuição de sítios receptores induzida pela FC, como
descrito em outros tipos celulares (Jersild e Crawford, 1978; Meirelles e cols., 1986;
69
Contreras e cols., 1988; Guimarães e cols., 2007). Tal como previsto, moléculas
catiônicas foram internalizadas rapidamente em grandes quantidades e
concentradas em vacúolos (endossomos) no citoplasma. Estes eventos
demonstraram que a atividade endocítica das células intestinais foi preservada in
vitro.
No conjunto, os dados aqui apresentados mostram que a cultura primária
epitelial intestinal de felino pode ser gerada a partir de fragmentos de intestino
delgado fetal, mantendo as características fisiológicas e funcionais do órgão de
origem. O modelo de estudo se constitui assim, como potencialmente capaz de ser
empregado na análise de drogas, transporte de nutrientes, no metabolismo intestinal
e para estudos de interação epitélio intestinal com diversos microorganismos, dentre
eles, o Toxoplasma gondii.
2. Interação Toxoplasma gondii e epitélio intestinal felino in vitro
O segundo bloco deste trabalho mostra o monitoramento da infecção de
bradizoítos de T. gondii em células epiteliais intestinais de felino, in vitro. A escolha
de formas bradizoítas de T. gondii como o estágio infectivo para interagir com as
CEIF se justifica por representar uma das principais vias de transmissão do parasito,
através do consumo de carne crua por animais carnívoros ou mal passada pelos
humanos. O emprego de bradizoítos como fonte de infecção in vitro é pouco
utilizado, muito provavelmente pela metodologia de seu isolamento e purificação ser
um processo longo e envolver um número razoável de animais. Excluindo essas
limitações, o fato do baixo emprego dessas formas infectantes como modelo de
estudo da toxoplasmose experimental, restringe os estudos que possam contribuir
para o desenvolvimento de novas drogas e estratégias que possam interferir na fase
crônica da toxoplasmose. Um outro ponto chave desta discussão é a introdução de
células de felino, pela primeira vez como modelo celular, visando o estudo do ciclo
entérico do T. gondii.
O emprego de sondas que identificam os estágios intracelulares do parasito
demonstrou que a carga parasitária infectante de bradizoítos cepa ME49 pode gerar:
(i) o desenvolvimento do ciclo lítico do parasito, utilizando a relação 1:5 (parasito-
célula hospedeira), com a conversão de bradizoítos em taquizoítos, culminando com
70
a sua proliferação intensa, provocando a lise da célula hospedeira; (ii) manutenção
da forma bradizoíta e estabelecimento da cistogênese, com a formação de cistos
intracelulares e, (iii) o desenvolvimento de diferentes estágios/tipos morfológicos do
T. gondii, com a reprodução parcial, porém inédita, do ciclo enteroepitelial do
parasito, utilizando a relação 1:20 (parasita-célula hospedeira).
A análise da infectividade de CEIF e das linhagens celulares epiteliais
disponíveis (CRFK e IEC-6) como potenciais modelos para o estudo do ciclo
sexuado do T. gondii demonstraram que estatisticamente as CEIF apresentam maior
susceptibilidade por bradizoítos. Esse dado poderia ser interpretado pelas
características moleculares e fisiológicas preservadas do tecido original, nas células
provenientes de culturas primárias, quando comparadas às linhagens celulares. E
ainda, esses resultados sugerem a restrição para o emprego de linhagens celulares
objetivando definir aspectos moleculares e celulares da interação parasito-célula
hospedeira. Nossos dados apontam para a possibilidade do modelo celular ser um
dos fatores determinantes do ciclo intracelular do T. gondii, como demonstrado
recentemente, no modelo de culturas primárias de músculo esquelético, o
desenvolvimento da cistogênese (Guimarães e cols., 2008, revisto em Ferreira-da-
Silva e cols., 2008) e ainda, em culturas primárias de tecido cerebral (Fischer e cols.,
1997; Kurz e cols., 1998; Lüder e cols., 1999). Assim sendo, a maior afinidade dos
parasitos pelas CEIF deve refletir os mecanismos moleculares que ocorrem in vivo,
determinando o destino intracelular do parasito, para o desenvolvimento do ciclo
lítico, da cistogênese ou do ciclo sexual do parasito.
Tem sido demonstrado que em experimentos in vivo, independente da forma
infectante (taquizoítos, esporozoítos ou bradizoítos), alguns parasitos inicialmente se
replicam rapidamente como taquizoítos, como forma de amplificação da infecção, de
acordo com o descrito por Dubey (1997c). Infectando as CEIF com bradizoítos de
cepa ME49, na relação 1:5 parasito-célula hospedeira foi observada a conversão de
bradizoítos em taquizoítos em 48 h.p.i. através da detecção de SAG-1 em mais de
95% das formas parasitárias intracelulares, semelhante aos resultados in vivo
obtidos por (Dubey, 1997b). A diferenciação de bradizoítos em taquizoítos é um
processo natural a partir de 15 h.p.i. em culturas de células sem adição de
substâncias imunomoduladoras (Gross e cols., 1996). A evasão dos taquizoítos com
rompimento de CEIF as 96 h.p.i. como demonstrado aqui, caracteriza o ciclo lítico do
T. gondii, ratificando os resultados obtidos por (Dzierszinski e cols., 2004) que
71
observaram lise celular de 72 a 96 h.p.i. em linhagens celulares infectados com
taquizoítos cepa VEG.
O fato de altos índices de conversão e o estabelecimento da cistogênese in
vitro ser dependente de manobras experimentais, como por exemplo, aumento de
temperatura ou alteração de pH foi proposto inicialmente por Soete e cols. (1994) e
confirmado por Dzierszinski e cols. (2004). Por outro lado, alguns autores
consideram que a cistogênese espontânea seja um evento dependente da cepa de
T. gondii, tendo as cepas avirulentas, como a ME49, a capacidade de naturalmente
formar cistos em culturas celulares de mamíferos (McHugh e cols., 1993; Darde e
cols., 1989; Lindsay e cols., 1991). Essa questão ainda não foi totalmente
respondida, muito embora uma revisão recente envolvendo nosso grupo tenha
aberto a discussão se o tipo celular seria um dos fatores determinantes do destino
intracelular do parasito, a partir da nossa experiência com culturas de células
musculares esqueléticas revisto em Ferreira-da-Silva e cols. (2008). Nossos
resultados mostraram que a princípio, diminuindo a carga parasitária para 1:10
(bradizoíto-célula hospedeira) ocorre a formação de cistos intracelulares bem
definidos, com 6 d.p.i. espontâneamente, sem qualquer modulação física, química
ou imunológica das culturas. Esses dados introduzem um novo aspecto na interação
do T. gondii com a célula hospedeira sem, no entanto, descartar a hipótese que o
tipo celular possa ser um dos indutores da cistogênese.
Um outro aspecto evidenciado dentro do nosso sistema foi a ocorrência,
também após 6 d.p.i., de cistos mistos, contendo taquizoítos e bradizoítos. Esse
dado foi obtido pela marcação das culturas com a lectina DBA revelando a matriz
cística, como previamente demonstrada por Matsubayashi e Akao (1963), Weiss e
Kim (2000) e Dzierszinski e cols. (2004) e pela revelação simultânea de taquizoítos
de T. gondii com o anticorpo anti-SAG-1. Essa observação tem sido também descrita
por outros autores (Gross e Pohl, 1996; Sahm e cols., 1997) considerando que após
a infecção com formas bradizoítas da cepa ME49, alguns bradizoítos formam cistos
teciduais diretamente, sem conversão transitória para taquizoítos, enquanto outros
se transformam em taquizoítos antes de formar cistos (Ferreira-da-Silva e cols.,
2008; Guimarães e cols., 2008). Com base nestas observações, nossos dados
remetem à opinião de que a cistogênese in vitro é um evento dependente de vários
fatores, dentre esses a cepa, a carga parasitária e o tipo celular ou ainda, a
72
interação desses fatores, que poderiam ser considerados como cruciais para o
estabelecimento do ciclo intracelular do T. gondii.
Uma outra abordagem explorada neste trabalho foi a biogênese do vacúolo
parasitóforo durante a interação de bradizoítos de T. gondii com a lula intestinal
epitelial de felinos. O estudo demonstrou que sítios aniônicos da membrana de
CEIF, revelados com partículas de ferritina cationizada, não foram internalizados
junto com os bradizoítos, ficando excluídos da composição da membrana do vacúolo
parasitóforo. Estes dados estão em concordância com prévios ensaios empregando
células endoteliais de cordão umbilical humana infectadas com taquizoítos (Stumbo
e cols., 2002), mas foram diferentes daqueles que demonstraram que partículas de
FC presentes na superfície de macrófagos são incorporadas junto com o T. gondii
durante sua invasão (de Carvalho e de Souza, 1990). Essas observações indicam
que células hospedeiras, não fagocíticas profissionais e as profissionais, apresentam
vias diferentes de interiorização de sítios aniônicos durante a formação do VP. Esta
proposta tem apoio nos estudos anteriores que descreveram que algumas enzimas
(de Carvalho e de Souza, 1989) ou resíduos de açúcar (de Carvalho e de Souza,
1990; Pacheco-Soares e De Souza, 2000) presentes na membrana plasmática de
macrófagos não são localizados na membrana do vacúolo parasitóforo de T. gondii.
Nossa experiência demonstra que a incorporação de componentes da membrana
plasmática da célula hospedeira não é determinada pelo estágio infectivo do
parasito, pois resultados semelhantes aos que foram apresentados aqui têm sido
obtidos durante a infecção de células musculares esqueléticas com formas
taquizoítas (Barbosa, HS, comunicação pessoal).
Análise de cortes ultrafinos de CEIF infectadas revelou a presença constante
de organelas da célula hospedeira em estreita associação à MVP. Os estudos
clássicos de (Jones e cols., 1972) descrevem que em macrófagos, somente
vacúolos contendo T. gondii vivos são circundados por mitocôndrias e retículo
endoplasmático (revisto em Sinai e cols., 1997 e em De Souza, 2005). Esses dados
corroboram as imagens obtidas no presente trabalho, mostrando parasitos no
interior de vacúolos totalmente preenchidos com as RMT, a manutenção da
associação de RE e mitocôndria e ainda, de lipídios indicando que esses parasitos
estavam metabolicamente ativos. O papel funcional dessas associações, em
particular do RE parece estar vinculado ao significativo aumento da membrana do
vacúolo parasitóforo durante o processo de multiplicação do parasito (de Melo e de
73
Souza, 1997; Sinai e cols., 1997; Magno e cols., 2005). De qualquer forma,
independente do tipo e origem das células, como demonstrado aqui, com células de
felino, essa associação parece ser um processo desencadeado pelo parasito,
orquestrado molecularmente durante o seu processo de invasão e estada no seu
nicho. A alta incidência de associação de mitocôndrias e em particular de inclusões
lipídicas imediatamente próximas ao VP observada nos nossos estudos, não indica
que essa associação seja acidental, como sugerido por Magno e cols., (2005).
Podemos fomentar essa discussão, com as imagens ilustrando a inserção, muitas
vezes observada, de inclusões lipídicas em contato direto com a matriz vacuolar
(Fig. 11 e 12). Para entender esse processo, tem sido proposto que a membrana
associada à mitocôndria (MAM) medeia a associação RE-mitocôndria e o tráfego de
lipídeos (Trotter e Voelker, 1994; Vance e Shiao, 1996). Assim, sítios de organelas
associadas a MVP poderiam ser um ponto de contato para a transferência de grande
quantidade de lipídios num modo análogo à transferência de fosfolipídio mediado
pela MAM entre a mitocôndria e o RE (Sinai e Joiner, 1997; Sinai e cols., 1997). Eles
sugerem que como T. gondii não é capaz de sintetizar fosfatidilcolina, o seu
requerimento nutricional deveria ser suprido pela célula hospedeira, com
participação de mitocôndrias e RER como fontes para aquisição de lipídios ou
precursores de lipídeos. Coppens e cols. (2000) demonstraram que o T. gondii é
depende do colesterol da célula hospedeira derivado de LDL endocitado e não da
síntese endógena. Os estudos da atividade de acil-CoA colesterol aciltransferase
(ACAT) uma enzima chave para manutenção da homeostase intracelular de
colesterol, através da formação de ésteres de colesterol (que podem ser estocados
na forma de inclusões lipídicas citoplasmáticas) demonstraram que ACAT e ésteres
de colesterol têm um papel crucial na replicação do T. gondii (Sonda e cols., 2001).
Esse conjunto de dados nos permite concluir que a associação de organelas da
célula hospedeira a MVP descrita em todos os tipos celulares investigados até o
momento, é independente do estágio infectivo empregado (bradizoíto ou
taquizoítos), da origem do tipo celular desafiada (até mesmo de felino) e do ciclo
celular que o parasito irá seguir (ciclo lítico ou cistogênese). O parasito demonstra
utilizar as mesmas estratégias para completar seu ciclo intracelular, até mesmo em
enterócitos felinos, como apresentado aqui.
No presente estudo, um dos principais indicadores morfológicos de que o ciclo
entérico do T. gondii estivesse realmente sendo reproduzido in vitro, foi a rede de
74
membranas tubulovesicular extremamente desenvolvida. a partir do trabalho de
(Jones e cols., 1972) foi observada a presença desta rede e mais tarde, os grânulos
densos foram identificados como a organela responsável pela secreção das
proteínas localizadas no interior do VP e associadas às RMT, assim que o parasito
está completamente no interior do vacúolo (Sibley e cols., 1986; Cesbron-Delauw,
1994). As funções das proteínas dos grânulos densos ainda não foram totalmente
elucidadas, em parte por falta de homologia significante com proteínas de função
conhecida. Apesar disso, várias evidências fortemente sugerem que os as proteínas
dos grânulos densos estejam envolvidas com a construção da RMT (Sibley e cols.,
1995). A hipótese atual se direciona em favor do papel da RMT nas trocas
metabólicas entre o parasito e a célula hospedeira, assim como no trânsito de
pequenas moléculas do citosol da célula hospedeira para o parasito ou a exportação
de proteínas e/ou lipídeos do parasito para a MVP e/ou célula hospedeira (revisto
em Mercier e cols. 2005). Consistente com o papel das GRA na sobrevivência
intracelular do parasito, a RMT é produzida pelo parasito vivo imediatamente
após a invasão celular ativa (Sibley e cols., 1986), estando ausente nos parasitos
mortos pelo calor ou opsonizados (Jones e cols., 1972; Nichols e O'Connor, 1981).
Esse dado confirma então, que os parasitos identificados no interior de vacúolos em
CEIF, estariam participando ativamente na formação da RMT bastante desenvolvida,
ocupando todo o espaço vacuolar e permitindo a associação do RE, mitocôndria e
lipídeos ao VP. Com base em imagens obtidas por microscopia eletrônica de
varredura de emissão de campo (Magno e cols., 2005) propuseram uma função
alternativa para a RMT, como suporte estrutural para a manutenção dos parasitos,
durante a sua multiplicação celular, no arranjo característico de roseta no interior do
vacúolo durante a infecção de células MDCK com taquizoítos. Essa proposta é
inovadora, porém no caso específico de CEIF interagindo com bradizoítos como
fonte de infecção, a presença de um único parasita evidencia uma rede
absolutamente desenvolvida, o que não corrobora a idéia de função mecânica
estrutural. Outro fator que não apóia a proposta apresentada por Magno e cols.
(2005) é a ausência de rosetas durante a proliferação dos estágios intermediários do
ciclo entérico do parasito. Em revisão recente, Mercier e cols. (2005) propõem que a
expressão conservada das proteínas dos grânulos densos em todos os estágios do
parasito, possa ser o elemento chave para o desenvolvimento da cistogênese.
Frente à análise desenvolvida no presente trabalho, entendemos que essa sugestão
75
tem um caráter limitador/restringente. A demonstração pela primeira vez da
interação de T. gondii e células de felino in vitro e ainda, infectadas com bradizoítos,
se reveste de importância, até mesmo para reavaliar a proposição de Mercier e cols.
(2005). A RMT tão desenvolvida no interior de PV, como a descrita aqui com célula
epitelial intestinal de felino, não tem precedente em nenhum modelo celular de outro
mamífero, até agora estudado. Daí se pode especular que essa característica única,
indicaria uma maior atividade de secreção dos grânulos densos para a indução dos
estágios sexuais do parasito no intestino de felinos.
Associada a evidenciação de formação de cistos com a carga parasitária de
1:10 (parasito-célula hospedeira) no nosso modelo celular, foi possível também
observar com 6 dias de infecção a presença de formas sinciciais. Essa evidência
permitiu o direcionamento para os estudos ultra-estruturais, utilizando uma carga
parasitária de 1:20, a fim de explorar o potencial do modelo CEIF na reprodução e
caracterização dos estágios enteroepiteliais do T. gondii. Nossos resultados ainda
que iniciais, permitiram remeter a hipótese da mimetização dos estágios entéricos do
T. gondii in vitro, como será discutido a seguir.
Um dado importante que pode ter contribuído para o conjunto de dados
descritos na presente tese, (além da baixa relação parasito-célula hospedeira) foi o
emprego de bradizoítos recém isolados de cistos intracerebrais de camundongos
com alta infectividade, pois estudos descrevem que eles preservam a capacidade de
interconversão em felinos (Frenkel e cols., 1976; Weiss e Kim, 2000). O outro fator
que foi incontestável e determinante nos experimentos, aqui desenvolvidos, foi a
utilização de culturas primárias de gato doméstico (hospedeiro definitivo do T.
gondii). rios estudos têm demonstrado que diferentes modelos celulares são
ineficazes na tentativa de reproduzir o ciclo enteroepitelial dos hospedeiros
definitivos in vitro (Dubey e Welcome, 1988; Dubey e Frenkel, 1998). Dessa forma, a
reprodução de alguns estágios enteroepiteliais de T. gondii in vitro ratifica a hipótese
de que este ciclo deva ser orquestrado e modulado por moléculas presentes nos
enterócitos de felinos, tendo em vista o alto grau de especificidade do parasito pelo
hospedeiro definitivo, o que pode ter sido um fator crucial para os resultados
originais obtidos nesse trabalho.
A observação ultra-estrutural de culturas de CEIF infectadas a partir da relação
1:20 (parasito-célula hospedeira) com formas bradizoítas revelou características
morfológicas que decididamente diferem das descritas a o momento com outros
76
tipos celulares que foram: (i) vacúolos contendo apenas um parasito dentro de uma
matriz vacuolar repleta da rede de membranas tubulovesicular bem desenvolvida,
indicativo de que alterações metabólicas acentuadas dessa matriz estariam
ocorrendo. Esse dado é um forte indício de que a sinalização ou modulação
molecular estaria desencadeamento a diferenciação de bradizoítos/esquizonte tipo A
para o tipo B, à semelhança do que foi recentemente descrito no intestino de gatos
in vivo, 3-6 dias pós-infecção (Speer e Dubey, 2005). Esta característica pode
realmente representar a primeira evidenciação de reprodutibilidade do ciclo entérico
do T. gondii in vitro, a partir da descrição in vivo de Speer e Dubey (2005); (ii)
vacúolos contendo mais de 2 parasitos (indicativo de proliferação celular) com a
manutenção da intensa rede de membranas tubulovesicular, sugerem o
estabelecimento do esquizonte tipo B, in vitro; (iii) vacúolos contendo parasitos em
proliferação por endodiogenia assincrônica que é observada na fase assexuada do
ciclo sexual (Hu e cols., 2002) e em cistos teciduais, porém com reduzida rede de
membranas tubulovesicular, sugerem que modificações na matriz vacuolar estão
ocorrendo e que podem estar relacionadas com a diferenciação dos esquizontes tipo
B para tipo C; (iv) grandes vacúolos, contendo formas multiplicativas
desorganizadas, característico de divisão celular por endopoligenia, podem
representar estágios precursores da gametogênese, como por exemplo, o
esquizonte tipo E. Essa hipótese é apoiada pelas características morfológicas dessa
estrutura demonstrando desorganização, corpos lipídicos e corpo residual rico em
organelas celulares, em concordância com os estudos do desenvolvimento entérico
do T. gondii em intestino de gatos in vivo, desenvolvidos por Speer e Dubey (2005);
(v) presença de estruturas apresentando muita semelhança com os macrogametas
(Ferguson, 2004; Ferguson e cols., 1974; Ferguson e cols., 1975; Speer e Dubey,
2005) é indicativo de que a gametogênese foi estabelecida in vitro. As
características morfológicas que sustentam essa hipótese se baseiam nas
dimensões da estrutura, o complexo membranar interno, núcleo granular, estruturas
citoplasmáticas que se assemelham aos corpos formadores de parede, grânulos
densos, grânulos de amilopectina e mitocôndrias.
O conjunto de estratégias experimentais aplicadas na presente tese teve como
premissa básica reproduzir in vitro o desenvolvimento do parasito nas células
intestinais epiteliais do hospedeiro definitivo, o gato doméstico. A introdução do
modelo celular de epitélio intestinal de felino empregado neste estudo mostrou que
77
potencialmente pode contribuir com novos subsídios sobre a biologia celular do
parasito. Numa outra vertente, se apresenta como uma metodologia alternativa para
o melhor entendimento do ciclo entérico do T. gondii em condições controladas,
abrindo campo para a investigação dos aspectos moleculares desta interação que
possam contribuir, por exemplo, para o desenvolvimento de novas estratégias
visando à intervenção numa das principais vias de disseminação da toxoplasmose.
78
VI CONCLUSÕES
1. Modelo de estudo: Cultura primária de epitélio intestinal felino
O estabelecimento de cultura primária de epitélio intestinal felino com a
manutenção das características fisiológicas e funcionais do órgão de origem indica
sua adequação para estudos envolvendo a análise de drogas, o transporte de
nutrientes ou ainda, o metabolismo intestinal. Esse sistema pode ser também
aplicado como modelo de estudo durante processos infecciosos provocados por
enteropatógenos dentre eles, o T. gondii.
2. Interação T. gondii com epitélio intestinal felino in vitro
O modelo de culturas primárias de CEIF a partir da infecção com formas
bradizoítas de T. gondii, representa a primeira evidenciação de reprodutibilidade do
ciclo entérico do parasito, in vitro. A estratégia do emprego de bradizoítos como
fonte de infecção se reveste de importância porque mimetiza a principal via de
infecção natural de felinos.
O ciclo intracelular do parasito parece ser dependente da carga parasitária
induzindo ao ciclo lítico, a cistogênese ou ao ciclo sexuado do parasito em CEIF.
A reprodução de alguns estágios enteroepiteliais de T. gondii in vitro ratifica a
hipótese de que este ciclo deva ser orquestrado e modulado por moléculas
presentes nos enterócitos de felinos, tendo em vista o alto grau de especificidade do
parasito por esse único hospedeiro definitivo.
A seletividade de incorporação de componentes da membrana de CEIF segue
a tendência observada em outros tipos celulares com relação aos sítios aniônicos,
(excluindo os macrófagos), demonstrando que existem diferentes vias de
interiorização de sítios aniônicos durante a formação do VP contendo T. gondii.
Com relação à associação de organelas da célula hospedeira a MVP podemos
inferir que em todos os tipos celulares investigados até o momento, essa associação
79
é independente do estágio infectivo empregado (bradizoíto ou taquizoítos), da
origem do tipo celular desafiado (até mesmo de felino) e do ciclo celular que o
parasito irá seguir (ciclo lítico ou enteroepitelial ou cistogênese). O parasito
demonstra utilizar as mesmas estratégias para completar seu ciclo intracelular, até
mesmo em enterócitos felinos, como apresentado aqui.
A introdução desse modelo celular na investigação do ciclo entérico do T.gondii
abre perspectivas: (i) de se substituir gradativamente o modelo animal para esses
estudos; (ii) de potencialmente poder contribuir com novos subsídios sobre a
biologia celular do parasito; (iii) de possibilitar a exploração dos aspectos
moleculares desta interação que possam contribuir, por exemplo, para o
desenvolvimento de novas estratégias visando à intervenção numa das principais
vias de disseminação da toxoplasmose.
80
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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96
ANEXO 1:
Establishment and characterization of a primary feline
intestinal epithelial cell culture
M. A. Moura, M. R. R. Amendoeira & H. S. Barbosa
97
98
Research article
Establishment and characterization of a primary feline intestinal epithelial
cell culture
Marcos de Assis Moura
1
, Maria Regina Reis Amendoeira
2
and Helene Santos Barbosa
1
*
Address:
1
Laboratório de Biologia Estrutural and
2
Laboratório de Toxoplasmose, Instituto Oswaldo
Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Av. Brasil 4365, Rio de Janeiro, RJ, 21045-900, Brazil
e-mail: Marcos de Assis Moura - mmoura@ioc.fiocruz.br; Maria Regina Reis Amendoeira -
amendoei@ioc.fiocruz.br; Helene Santos Barbosa*
*Corresponding author
99
1
A
BSTRACT
2
B
ACKGROUND
:
P
RIMARY CULTURES OF THE FELINE INTESTINAL EPITHELIAL CELL HAVE
3
SIGNIFICANT IMPORTANCE FOR THE STUDY OF THE NORMAL DEVELOPMENT AND
4
DIFFERENTIATION OF INTESTINAL EPITHELIUM
.
M
ANY MECHANISMS INVOLVED IN THE
5
PATHOGENESIS OF CHRONIC ENTEROPATHIES OR HOST
-
PATHOGEN INTERACTIONS IN FELINE
6
INTESTINE HAVE NOT BEEN ELUCIDATED YET
.
T
HIS CELLULAR MODEL POTENTIALLY APPLIES
7
TO THE INVESTIGATION OF THE INFECTION PROCESS PROVOKED BY ENTEROPATHOGENOUS
,
8
IN PARTICULAR TO THE PROTOZOAN
,
T
OXOPLASMA GONDII
,
A
C
OCCIDIAN WHICH HAS THE
9
FELINE AS ITS DEFINITIVE HOST
,
AND WHICH MAINTAINS ITS SEXUAL LIFE CYCLE IN THE FELINE
10
GUT
.
11
12
R
ESULTS
:
T
HE CELLS WERE OBTAINED FROM THE SMALL GUT OF A FELINE FETUS
13
SURGICALLY
.
T
HE DYNAMIC AND EPITHELIAL NATURE OF THE CELLS IN CULTURE WAS
14
CONFIRMED BY MORPHOLOGICAL CRITERIA USING CONFOCAL AND LIGHT MICROSCOPY AND
15
ALSO SCANNING AND TRANSMISSION ELECTRON MICROSCOPY SHOWING
:
(
I
)
CELLULAR
16
REPLICATION
;
(
II
)
CELL SUBSTRATE ADHESION
;
(
III
)
CELLULAR MIGRATION
;
(
IV
)
CELL
17
ALIGNMENT AS DEMONSTRATED BY THE NUCLEUS POSITION INDICATIVE OF CELLULAR
18
POLARIZATION
,
SIMILAR INTESTINAL EPITHELIUM
;
(
V
)
ENTEROCYTE
-
LIKE PHENOTYPE
19
EXHIBITION BY REVELATION OF CYTOKERATIN AND ALKALINE PHOSPHATASE EXPRESSION
.
20
T
HE FUNCTIONAL PROPERTIES OF THE FELINE INTESTINAL EPITHELIAL CELLS WERE REVEALED
21
BY DEMONSTRATING ITS ENDOCYTIC ACTIVITY MONITORED THROUGH THE INCORPORATION OF
22
CATIONIZED FERRITIN
.
23
24
Conclusion: The establishment of a primary feline intestinal epithelial cell culture is 25
potentially important for the investigation of the complex intestinal physiology and 26
pathology, especially as a model during infectious processes provoked by 27
enteropathogenous. Additionally, these cells can be applied to the study of a large 28
range of events in cell biology including endocytic activity through intestinal cells, as 29
well as for screening pharmacological effects of new drugs. 30
31
Keywords: Feline intestinal epithelial cells; primary culture; cellular adhesion; 32
epithelial differentiation; endocytic activity; epithelial markers. 33
100
34
Background 35
Intestinal cells act as a barrier preventing the access of potentially harmful 36
substances and the migration of the underlying cells into the lamina propria [1]. 37
Primary intestinal culture has been difficult to establish since these cells depend on 38
cell-cell or cell-matrix interaction and require many growth factors [2]. The lack of 39
growth factors or interaction within these systems and the extracellular matrix leads 40
to the induction of cell death within a very short time period [3]. Knowledge of the 41
cellular and molecular biology of enterocyte development and differentiation has 42
evolved over recent decades, owing to experimental approaches that allow in vitro 43
differentiation [4]. Several investigators have already established culture methods for 44
intestinal cells of different animal species that mimic normal intestinal development 45
[5]. Some strategies have been used to try to culture intestine monolayer cells 46
obtained from intestinal explants of the adult individual [2, 6] or utilizing fetal cells [7, 47
8, 9]. The main problem with adult cells is that once intestinal cells are removed from 48
the basement membrane and underlying stroma, apoptosis is initiated within a few 49
hours, hampering study for longer time periods [3, 10]. The embryonic intestinal 50
epithelium in early phases of development is composed of a multi stratified 51
endodermal cell layer surrounded by the mesenchyme. Three cell types of 52
differentiated cells (enterocytes, goblet cells and endocrine cells) appear before the 53
initiation of crypt formation that starts shortly before birth [4]. The intestinal cell 54
cultures allow the study of the mechanisms involved in pathologies, including those 55
caused by infectious agents that affect the intestinal cellular integrity as well as 56
studies concerning the interaction of the intestinal cell with enteroparasites [11]. 57
Consequently cultured cells must remain viable and at the same time, must exhibit 58
phenotypical and functional properties reminiscent to the normal intestinal epithelium 59
[12]. As, in the present study primary cultures from cells isolated from feline fetal 60
intestinal epithelium were established, aiming to characterize the morphological, 61
physiological and functional aspects of cells maintained in culture over a certain 62
period of time. 63
64
Methods 65
The experiments were carried out in accordance with the guidelines established by 66
the Fundação Oswaldo Cruz Committee of Ethics for the Use of Animals, resolution 67
101
242/99 by license CEUA P0211-04 and by the Guidelines on the Care and Use of 68
Animals for Experimental Purposes (NACLAR). 69
70
Animals, epithelial cell isolation and primary culture 71
Three fetuses obtained from a clinically healthy pregnant domestic cat, 2 days before 72
birth, (no gastrointestinal disease and negative serologically for T. gondii, Feline 73
Immunodeficiency Virus and Feline Leukemia Virus) were taken at the necropsy 74
immediately after euthanasia. Full thickness samples of small intestine, 75
corresponding to the jejunum-ileum region (~5 cm), were excised and collected 76
aseptically in ice-cold sterile phosphate-buffered saline (PBS) with 10% antibiotic 77
solution (Sigma Chemical Co.). The tissue was opened longitudinally, washed three 78
times in PBS and maintained in this solution with a 10% antibiotic solution for 60 min 79
at room temperature. The fragments were divided into small pieces (1cm) and 80
washed in PBS with 10% antibiotic solution. After washing, the fragments were 81
placed in a nonenzymatic dissociation solution (pH 7.2) containing 1mM EDTA 82
(Sigma Chemical Co.), 1mM EGTA (Sigma Chemical Co.), 0.5 mM dithiothreitol 83
(DTT, Sigma Chemical Co.) and 10% antibiotic solution for 20 min under agitation at 84
room temperature [2, 5, 6, 7]. After cell dissociation the endoderm was carefully 85
collected, spread on a sterile Petri dish and the luminal surface was scraped gently 86
with a sterile scalpel blade. The conjunctive tissue was discarded. After centrifugation 87
(7 min, 650 g, 4°C), the cell aggregates were washed with DMEM/Hams medium 88
(Dulbecco's Modified Eagle's Medium/Hams Nutrient F12 (1:1) (Sigma Chemical Co.) 89
containing 10% antibiotic solution, 1 mM glutamine and 10% bovine fetal serum [2, 90
9]. Finally, the cellular aggregates were re-suspended in the culture medium 91
supplemented with 20 ng/ml Epidermal Growth Factor (EGF, Sigma Chemical Co.) in 92
the final concentration. The cultures were maintained at 37°C incubated in a 5% CO
2
93
atmosphere and the culture medium was renewed every two days. Cell growth and 94
morphology were assessed by inverted and phase contrast microscopy. 95
96
Viability assays by flow cytometry 97
To determine the viability of isolated cells (1 x 10
6
cells/mL) just after non enzymatic 98
dissociation, they were incubated with 30 µg/mL propidium iodide (PI) (Sigma-99
Aldrich) for 15 min. The material was kept on ice until analysis. Data acquisition and 100
analysis were performed using a FACSCalibur flow cytometer (Becton-Dickinson, 101
102
CA, USA) equipped with the Cell Quest software (Joseph Trotter, Scripps Research 102
Institute, CA, USA). A total of 10,000 events were acquired. 103
104
Accompaniment, maintenance of the cell cultures and sub-cultures 105
After 7 days, the confluent intestinal cell cultures were washed 2 times with PBS and 106
removed from the substrate using a dissociation solution (PBS, 25% EDTA and 25% 107
trypsin) for 10 min at 37
0
C. After that, the cellular suspension was maintained at 4
°
C 108
in the same DMEM/Hams culture medium to inhibit any trypsin action, centrifuged 109
and seeded on different substrates (glass and plastic both treated or not with gelatin 110
or poly-L-Lysin). After the dissociation the cells were grown in 24-well plates on glass 111
slides (2.5 x 10
5
cells/well) or on plastic disks of 35mm
2
(5.0 x 10
5
cells/disk). The cell 112
cultures at different times were fixed in alcohol 70% for 5 min, washed with distilled 113
water, stained with Giemsa solution in PBS (1:10) for 60 min, dehydrated in graded 114
acetone-xylol and mounted in Permount. The cultures were analyzed every day by 115
light microscopy to assess viability, morphology and proliferation of the cells under a 116
Zeiss Axioplan 2 microscope. The images were captured with Soft Imaging System’s 117
ColorView II and a 3.3 MegaPixel color camera for the light-microscopy field and 118
analyzed with AnalySIS® image-analytical software. The images were cropped and 119
arranged using Adobe Photoshop 7.0. 120
121
Epithelial cells characterization by immunolabeling 122
For characterization of the feline intestinal cultures different monoclonal antibodies 123
were employed: anti-pan-cytokeratin clone PCK-26 (Sigma - C1801), anti-vimentin 124
clone VIM-13.2 (Sigma - V5255), anti-alkaline phosphatase clone AP-59 (Sigma 125
A9579) and anti-desmin Clone DE-U-10 (Sigma - D1033). Prior to immunolabeling, 126
intestinal cells were fixed with 4% paraformaldehyde in PBS for 20 minutes at 4ºC, 127
washed 3 times for 10 minutes in PBS and incubated for 30 min in 50 mM 128
ammonium chloride to block free aldehyde groups. Cells were then permeabilized by 129
incubation for 20 min with a block solution containing 0.05% Triton X-100 (Roche) 130
dissolved in PBS with 4% bovine serum albumin (BSA, Sigma Chemical Co.) to block 131
non-specific binding. For the assay of indirect immunofluorescence, the cells were 132
incubated for 2 hours at 37 ºC with primary antibodies: anti-vimentin (1:200, 1:400), 133
anti-cytokeratin (1:50, 1:100; 1:300) and anti-alkaline phosphatase and anti-desmin 134
(1:100; 1:500). The cells were washed with PBS + 4% BSA and incubated for 2h 135
103
with secondary antibody diluted 1:1000 (mouse anti-IgG conjugated with FITC or 136
TRITC) (Sigma Chemical Co). For the detection of actin filaments, the cell cultures 137
were incubated for 1h at 37°C with 4 µg/ml Phalloidin-FITC in PBS (1:400; 1:800) 138
(Sigma P5282). Afterwards, the cultures were washed 3 times for 10 min in PBS, 139
incubated for 5 min with 4',6-diamidino-2-phenylindole (DAPI, a intercalate of DNA, 140
Sigma) diluted 1:10000 in PBS. After washing in PBS, the coverslips were then 141
mounted on slides with DABCO (1,4-diazabicyclo-[2,2,2]-octane-triethylenediamine 142
antifading, Sigma) in PBS containing 50% glycerol, pH 7.2. Controls were performed 143
by omission of the primary antibody. The samples were examined under a confocal 144
laser scanning microscope (CLSM Axiovert 510, META, Zeiss, Germany) using a 543 145
Helium laser (LP560 filter), laser 488 Argon/Krypton (Ar/Kr) (filter LP515) and a 405 146
Diiod laser (LP 420 filter). 147
148
Ultrastructural analysis 149
Scanning electron microscopy 150
151
The intestinal cell cultures were seeded for periods from 24, 48, 72 and 96 h and 152
then fixed for 30 min at room temperature in 2.5% glutaraldehyde (GA) diluted in 0.1 153
M sodium cacodylate buffer (pH 7.2). After washing in the same buffer, the cells were 154
post-fixed for 30 min at room temperature in 1% OsO4 diluted in 0.1 M sodium 155
cacodylate buffer (pH 7.2).. The material was dehydrated in an ascending acetone 156
series, dried by the critical point method mounted with silver cellotape on aluminum 157
stubs and coated with a 20-nm thick gold layer. The samples were examined under a 158
Zeiss DSM 940 scanning electron microscope. 159
160
Transmission electron microscopy 161
The intestinal cell cultures after different periods of seeding (1, 3 and 6 days), were 162
washed 3 times for 10 min with PBS and fixed for 1 hr at C in 2.5% GA diluted in 163
0.1 M sodium cacodylate buffer containing 3.5% sucrose and 2.5 mM CaCl2 (pH 164
7.2). After fixation, the cells were washed in the same buffer and then post-fixed for 165
30 min at room temperature in 1% osmium tetroxide (OsO4), diluted in 0.1 M 166
cacodylate buffer. Following, the cells were washed in the same buffer and scraped 167
at C from the plastic dish and centrifuged for 5 min at 10,000 g. Thereafter, the 168
cells were dehydrated in graded acetone and embedded in Epoxy resin. Thin 169
104
sections were stained with uranyl acetate and lead citrate and then examined under 170
Zeiss EM10C and Jeol JEM-1011 transmission electron microscopes. 171
172
Detection and fate of anionic sites 173
The cationized ferritin (CF) was used to verify the presence of anionic sites on the 174
feline intestinal cell surface and its intracellular fate. After seeding, the cells were 175
incubated for 20 min at 4 °C with 200 µg/ml CF in DMEM/Hams (Dulbecco's Modified 176
Eagle's Medium/Hams Nutrient F12 (1:1) containing 10% antibiotic solution and 1 177
mM glutamine without serum (pH 7.2). The intracellular traffic of anionic sites was 178
monitored by the posterior incubation of the cells for 1, 4 and 12 h at 37 °C. Then, the 179
cells were washed three times in PBS for the removal of free ferritin particles that did 180
not adhere to the surface of the cells. The cells were fixed and processed as routine 181
for transmission electron microscopy and then examined under Zeiss EM10C and 182
Jeol JEM-1011 transmission electron microscopes. 183
184
Results 185
Morphological features during development of intestinal feline fetal tissue in 186
vitro 187
Primary cultures of feline intestinal epithelial cells (FIEC) obtained from fetus tissue, 188
non-enzymatically dissociated, presented a good preservation of cellular viability: 189
~32% as demonstrated by flow cytometry (Fig. 1). Initially, the cellular development 190
was investigated in vitro focusing on morphology and differentiation of the cells. 191
Small fragments of fetal intestine adhered to substrate, after 24 hours, presented a 192
heterogeneous cellular migration that later collapsed forming a sealed-tube-like 193
intestinal tissue (Fig. 2A). Parallelly, the formation of a monolayer composed of 194
polygonal cells surrounding the explant was observed, as seen in the Figures 2B-D. 195
During the three first days of seeding it was also possible to observe cells 196
establishing circular proliferation surrounding the adhesion foci which extended and 197
continued to expand, increasing the area of the culture with concentric layers, 198
forming small islets of condensed epithelial cells, like an organoid (Fig. 2E). During 199
the first week in culture, the substrate surface progressively became covered by a 200
homogeneous cellular polygonal monolayer presenting typical aspects of the 201
pavement epithelium (Fig. 2E and F). The epithelial cellular monolayer remained with 202
the same morphology for 10 days and sometimes reminiscent fragments of original 203
105
tissue could be seen on the monolayer, (Fig. 2G and H). The FIEC retained the 204
pavement epithelial characteristic to the 7
th
passage, after subcultives every 5 days 205
(rate 1:2 or 1:3). In the confluent cultures of the 3
rd
passage, changes in the cellular 206
morphology from polygonal to fusiform form (Fig. 3B) occurred. These alterations 207
were clearly visible due to the actin filaments arranged using phalloidin--FITC (Fig. 208
3B), nucleus on the same plan organized side by side, as demonstrated by Giemsa 209
staining in the Figure 3C and also by labeling with DAPI (Fig. 3D), similar the 210
organization of enterocytes that constitute the intestinal epithelium. During the 211
following passages, the cells acquired a polygonal aspect, without major changes of 212
cell morphology. After the 7
th
passage of the culture, the cell proliferation rate 213
progressively slowed down until cessation of the cellular division. 214
215
Expression of intestinal markers in the feline epithelium 216
The epithelial nature of FIEC was confirmed by immunofluorescence, showing 217
specific labeling of cytoskeleton intermediate filaments, by using an anti-pan-218
cytokeratin antibody, which recognizes a range of cytokeratins (1, 5, 6, 8 and 10) and 219
by the expression of alkaline phosphatase (an enzyme secreted by intestinal 220
epithelium). 221
The analysis by confocal laser scanning microscopy showed that the primary cultures 222
of FIEC preserve the morphological and functional characteristics of immature 223
enterocytes. The FIEC cultures notably sustained a strong expression of cytokeratin 224
during the course of experiments, concentrated around the nuclei, indicating that 225
these cells were truly epithelial in nature (Fig. 4A, B-D). After 2 to 15 days of seeding, 226
more than 99% of the polygonal cells still expressed cytokeratin, characterized by a 227
distribution of filament networks in the cytoplasm (Fig. 4 B-D). The double staining, 228
employing phalloidin-FITC for identification of actin filaments and antibody anti-229
cytokeratin showed that the co-localization of the two proteins (Fig. 4 B-D) did not 230
occur. The location of actin filaments was mostly at the focal adhesion points of the 231
cellular membrane with the substrate (Fig. 4 E-G). The expression of alkaline 232
phosphatase, another marker of epithelial cells, was initially detected after 5 days of 233
cultivation (Fig. 5 A). The labeling showed a progressive increase of enzyme 234
concentration in cells between 7 to 9 days post seeding (Fig. 5 A-C). Vimentin and 235
desmin did not express in primary FIEC after 15 days in culture (data not shown). 236
106
After the first passage, the FIEC maintained the homogeneous pavement-like aspect 237
formed by polygonal cells which presented abundant cytoplasm, central nucleus (Fig. 238
6 A-D), positivity for cytokeratin (Fig. 6C) and various focal adhesion points as 239
observed by the revelation of the actin filaments using phalloidin (Fig. 6 D), typical for 240
epithelial cells. 241
242
Ultrastructural morphological and functional characterization of FIEC 243
Ultrastructural analysis by scanning electron microscopy of the FIEC cultures 244
confirmed the abortive characteristics of the cells. After 24 h of seeding the cells 245
presented polygonal morphology, adhesion on the substrate showing expansions of 246
the plasmatic membrane, establishing focal adhesion points (Fig. 7 A). Long and 247
slender microvilli were numerous over the cell surface, which often established 248
cellular contacts (Fig. 7 B-D). After 96 h, the cells established extensive 249
cytoplasmatic contacts indicative of the formation of specialized membrane areas like 250
cellular junctions (Fig. 7 C), and as can be seen in higher magnification in Figure 7 D. 251
The analysis of the ultra fine section of FIEC by transmission electron microscopy 252
demonstrated that epithelial cells in culture retained a great number of cytological 253
features typical of intestinal epithelial cells. 254
For functional analysis of the FIEC, cationized ferritin (CF), an electrondense 255
polycationic derivative of native ferritin ionized at physiological pH that allows 256
experiments with living cells, was employed. The CF was used in our studies as a 257
visual probe of surface anionic sites of intestinal cell from primary cultures of FIEC 258
and to examine its intracellular fate. The incubation of the living cells attached to the 259
substrate with CF for 20 min at 4 °C and subsequent elevation of temperature to 37 260
°C for 30 min revealed the distribution of CF on the cell surface, including in the 261
interdigitations (Fig. 8 A). These data indicate that the intestinal cell membrane is 262
negatively charged. The accessibility for binding CF only on the cell surface directed 263
toward the culture medium (in contact with the medium solution) (Fig. 8 A-D) was 264
observed. Cells incubated for 1h with CF at 37°C showed that the interaction of 265
anionic sites with the tracer induced a translational mobility at the membrane surface 266
forming clusters into discrete patches in some areas (Fig. 8 B). Under these 267
conditions, the cells maintained for periods of 4 and 12 h incorporated the CF 268
particles, taking them into the cell by endocytosis, as demonstrated in Figure 8 C. In 269
sequence, vesicles of different diameters and tubules containing ferritin particles 270
107
were localized right below the cell membrane and in the cytoplasm (Fig. 8D). After 12 271
h no more CF particles were seen adherent at the cell plasma membrane and large 272
amounts of CF were found in intracellular vesicles of various sizes and shapes and 273
also, abundant large vacuoles (endosomes) with accumulation of the CF distributed 274
in the cytoplasm (Fig. 8 E-F). 275
276
Discussion 277
Primary cultures of FIEC obtained from feline neonatal intestinal epithelial tissue 278
were cultivated for 15 days and presented good cellular viability maintaining their 279
proliferative ability, morphological characteristics and functional properties. The 280
epithelium of the small intestine is a highly dynamic system particularly well suited for 281
analyzing key biological phenomena such as cell proliferation, migration, 282
differentiation and apoptosis. Indeed, within its functional unit, the crypt-villus axis, 283
the epithelium is spatially separated into proliferative and differentiating intestinal 284
cells, located respectively in the lower and upper crypt regions and functional cells 285
lying on the villus [10, 13]. Enterocytes in vivo, generated at the base of the crypt, 286
progressively differentiate as they migrate along the length of the crypt and are the 287
main cell type in the differentiated small intestine. These cells are highly polarized 288
due to their contact with the basement membrane and with the adjacent cells, 289
composed at the apical region of well-organized microvilli [4]. Various attempts to 290
either culture intestinal epithelial cells from adult animals or to establish cell lines 291
derived from normal enterocytes have not been very successful [14]. In this sense, 292
we are the first group to isolate and maintain primary culture of FEIC for several 293
days, opening up new perspectives for studies with enteropathogenous in vitro. The 294
success of the small FIEC cultivation in this study was dependent on a number of 295
factors. First, the use of fetal feline intestinal tissue, essential for generating 296
proliferative epithelial cells in culture. Second, the digestion of intestinal epithelium by 297
using non enzymatic dissociation allowed us to obtain viable cells and small 298
fragments forming explants capable of contributing to the FIEC growth and viability. 299
Third, the synergistic activity of growth factors such as epidermal growth factor also 300
contributed to sustain the growth of FIEC, as proposed previously by Kedinger and 301
Haffe (1987). 302
Intestinal epithelial cells are susceptible to damaged during the dissociation of the 303
tissue, in comparison to other epithelial cells, which is one of the limiting factors for 304
108
obtaining these isolated cells. Aiming to minimize this drawback we employed two 305
methods simultaneously, mechanical and nonenzymatic dissociation [2, 16, 17] 306
which proved to be quick and efficient for intestinal fetus fragments. The cellular 307
viability was good as indicated by flow cytometry analysis, in comparison to the usual 308
enzymatic methods using collagenase, trypsin and/or EDTA [10, 11, 18]. The isolated 309
cells or small tissue fragments successfully established themselves on different 310
surfaces such as plastic or glass, coated or noncoated with substances. These cells 311
were capable of adhering and then began to proliferate until forming confluent 312
monolayers as previously described by Whitehead et al. (1987). In the course of this 313
work aiming to reduce the variables of the culture medium composition, we only used 314
10% SFB and 20ng/ml of EGF, recommended for stimuli of cellular multiplication and 315
differentiation as supplements [10, 11, 18, 19]. This medium composition was 316
sufficient to establish a microenvironment favorable to maintain the cells in culture 317
from 9 to 15 days. The polarization of epithelial cells depends on specific external 318
conditions such as the formation of cell contact structures and cell substratum 319
interactions. It is known that this polarized state is acquired gradually and involves 320
numerous nutrients and growth factors and extracellular matrix molecules [4, 9]. In 321
the present work, it was demonstrated through the labeling of actin filaments that the 322
cellular polarization is an inherent characteristic of intestinal epithelial cells, 323
considering that the cell aligned in vitro is without any utilization of specific matrix 324
molecules. However, in our system other epithelial intestinal characteristics such as 325
microvilli and the tight junction were little observed. These events have been 326
explained by some authors [20, 21] that enterocytes along with time in culture form a 327
polarized columnar monolayer of mature-appearing enterocytes and that the 328
presence of interdigitations, microvilli and junctional complexes became more evident 329
between 20 and 30 days of the cells in culture. Another factor that probably could 330
have interfered in our culture was the absence of hydrocortisone in the culture 331
medium that has been described as a promoter of cell differentiation, the apparition 332
of tight junctions and the formation of microvilli [22]. Although the formation of tight 333
junction was hampered in our model by scanning electron microscopy it was easy to 334
observe that in cultures maintained for up to 9 days the majority of the cells adhered 335
to the substrate and formed numerous filopodia and interdigitations which frequently 336
established contact with other cells, confirming the data described by Steimer et al. 337
(2006). Another aspect to be considered is the characteristics morphological of the 338
109
intestinal epithelial cultures analyzed here showing a homogeneous population of 339
epithelial-like cells with large cytoplasm, central nuclei and growing as tight colonies 340
of polygonal monolayers as previously described in others systems by Baten et al. 341
(1992) and Quaroni (1985b). 342
Cytokeratins are the main components of the intermediate filament network of 343
epithelial cells constituting a heterogeneous class of approximately 30 structurally 344
related polypeptides [25]. The morpho-physiological characterization of the FIEC 345
cultures included immunoassays to demonstrate the presence of cytokeratin. The 346
cultures were positive and the cytokeratin detection was independent of their state of 347
differentiation as proposed by Baten et al. (1992), Quaroni (1985a) and Quinlan et al. 348
(2006). Our results showed that more than 95% of the intestinal cells in culture 349
expressed cytokeratin for 2 weeks (with intensity comparable to freshly isolated 350
epithelial cells) and did not acquire the characteristic of other cell types, 351
demonstrating then, their epithelial nature in accordance to Macartney et al (2000). In 352
contrast, vimentin (found in fibroblasts and neural cells) (data not shown) and desmin 353
(data not shown) were detected in less than 5% of cells obtained prior to plating. Also 354
in terms of physiological characterization, an enterocyte marker was detected. This 355
was an alkaline phosphatase that persisted for the duration of the culture period 356
analyzed (9 days) and was also seen after 2 days by Sanderson et al. (1996); 6 days 357
by Follmann et al. (2000) and 7 days by Quinlan et al. (2006). 358
The cells could be subcultivated after their detachment with trypsin/EDTA solution 359
[17] and could be maintained for 30-45 days. After this time, most cultures began to 360
demonstrate signs of senescence with marked flattening and enlargement, 361
perinuclear vacuolization, failure to subculture and eventual cell death. 362
Supplementation of the medium with L-glutamine as proposed previously by Aldhous 363
et al. (2001) and Chapman et al. (1998) did not increase the longevity of these 364
cultures. Intestinal absorption is a complex process, which involves a tight 365
coordination between luminal and cellular function [20]. The present study 366
demonstrated that epithelial intestinal cells in culture maintained the ability to bind 367
with cationic traces revealing the anionic nature of its plasma membrane. The binding 368
pattern of CF on FEIC showed the presence of exposed carboxyl groups of 369
membrane proteins or glycoproteins over its surface. The distribution of CF in living 370
cells occurred largely as patches along the cell surface, demonstrating a lateral 371
migration and redistribution of receptor sites induced by CF or another ligand and 372
110
antibodies that have been described in various cell types [28, 29, 30, 31]. As 373
anticipated, cationic molecules were internalized rapidly in relative large amounts and 374
concentrated intracellularly. These events demonstrated that endocytic activity of 375
intestinal cells was preserved in vitro. 376
Taken together, the data presented here show that primary culture of feline epithelial 377
intestine can be generated from the fetal small intestine and maintains the 378
physiological and functional characteristics in vitro. It is potentially applied for 379
analysis of drug and nutrient transport and metabolism and for study of 380
microorganism-intestinal epithelial cell interactions. 381
382
Conclusions 383
Only a few researchers have employed primary cultures of gut epithelium because of 384
their inherent difficulties. Consequently development of reproducible techniques for 385
gut epithelium has been timid. The culture system of FEIC introduced in this paper 386
was established to serve as a model system for studies representing the intestinal 387
epithelium. Cell lines that are often used for in vitro experiments have lost several 388
organ specific functions because of their differentiated status. Primary cultures are 389
able to retain specific functions for a limited period when culture conditions are 390
optimized and such models are more likely to be capable of reflecting the in vivo 391
situation than cell lines. 392
The results presented here, indicate that in vitro FEIC can conserve several cell 393
specific functions maintaining their morphological, physiological and functional 394
properties. In summary, the feline intestinal epithelial cells can differentiate into 395
functional enterocyte cells and serve as a useful model for the study of a large panel 396
of cellular biologic events, approaches of cell–enteropathogenous interactions, as 397
well as contribute to new therapeutic applications such as drug screening. 398
399
111
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114
A
UTHORS
'
CONTRIBUTIONS
HSB conceived of the study and supervised its execution. MAM and HSB designed
experimental assays. MAM carried out all the experiments, the culture protocols and
cellular biology methods. MRRA participated in the design of the study. The
manuscript was mostly written by HSB and MAM, with input from MRRA. All authors
read and approved the final manuscript.
Acknowledgements
We are grateful to Sandra Maria de Oliveira Souza, Marielle Moreira and Genesio
Lopes de Faria for their technical assistance and to David Straker for the English
revision. This work was supported with grants from the Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação Carlos Chagas Filho
de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Fundação Oswaldo Cruz
(Programa Estratégico de Apoio à Pesquisa em Saúde PAPES IV) and Instituto
Oswaldo Cruz/FIOCRUZ.
115
Legends
Figure 1. Viability analysis of FIEC by flow cytometry after non-enzymatic cellular dissociation.
Labeling with propidium iodide (PI). Arrow indicates the viable population. Typical representative
histogram of at least three independent experiments.
Figure 2. Morphological aspects of primary cultures of FIEC from 1 to 10 days under phase contrast
and interferential microscopies. (A) Cell culture after 24h showing an intestine-like structure forming a
tube. (B-D): Details of the cells migrating out from the edges of explant surface. The monolayer is
composed by polygonal cells. In C and D note the epithelial villus-like spreading out from explant
(arrowhead). (E) The cells establish circular proliferation surrounding the adhesion foci which
extended and continued to expand, increasing the area of the culture with concentric layers, forming
small islets of condensed epithelial cells (*). (F) Higher magnification of the Figure E showing the
polygonal cells. (G) At 10 days, reminiscent fragment of original tissue is visible on the confluent
pavement-like epithelial tissue. (H) Details of the epithelial tissue can be observed at higher
magnification. All bars: 20µm
Figure 3: Semi-confluent tertiary cultures of FIEC. (A) Fusiform aspect of cells seen by phase contrast
microscopy. (B) Actin filaments alignment and the fusiform aspect of cells revealed with phalloidin-
FITC by fluorescence microscopy. (C and D) Nuclei of
cells located in the same plan stained with Giemsa and labeling with DAPI, like organization of
intestinal epithelium. [Bar: 20µm]
Figure 4: Characterization of the FIEC cultures by fluorescence microscopy. (A) Secondary culture of
FIEC presenting epithelial morphology revealed by double labeling: actin filaments in green and
cytokeratin-TRITC in red. (B-D) Cytokeratin expression localized around the nucleus. (E-G) Actin
filaments organization revealed
by phalloidin in FIEC showing the cell morphology and its major concentration at the focal adhesion
points.
Figure 5: Alkaline phosphatase immunoreactivity in FIEC after its incubation with antibody conjugated
to TRITC. The alkaline phosphatase activity progressively increased in cells as a function of the
culture time (5-9 days). The FIEC morphology is visualized by actin filaments revelation using
phalloidin-FITC. (A) 5 days; (B) 7 days and (C) 9 days post-seeding. [Bar: 20µm]
Figure 6: Secondary FIEC cultures presenting epithelial pavement aspect: Polygonal forms of the cell,
central nucleus and abundant cytoplasm and still various adhesion points at the substrate. (A)
116
Scanning electron microscopy. [Bar: 10µm]; (B) Light microscopy, stained with Giemsa. [Bar: 10µm];
and (C and D) Immunofluorescence microscopy: in red cytokeratin expression, in green actin filaments
and in blue the nuclei. [Bars: 20µm]
Figure 7: Scanning electron microscopy illustrating the epithelial morphology of FIEC cultures. (A)
After 24 h the culture presented numerous membrane expansions with focal adhesion points (arrows).
[Bar: 2µm]. (B) Long and slender microvilli were seen (arrowhead) [Bar: 2µm]; (C) After 96 h of
cultivation, specialization areas of membrane are formed, like cellular junction. [Bar: 5µm]; (D) Detail in
higher magnification of the cellular junction. [Bar: 2µm].
Figure 8: Functional ultrastructural characterization of FIEC incubated with cationized ferritin (CF). (A)
FIEC showing the distribution of CF after its incubation for 30 min at 4°C and subsequent elevation of
temperature to 37°C for 30 min. The CF particles are seen on the cell surface and into interdigitations.
(B) FIEC after 1h at 37°C showed a translation mobility of the membrane inducing the cluster
formation of ferritin (arrows). (C and D) Cells incubated for 4 h revealed the CF particles incorporation
by cellular membrane, via endocytosis. (E) FIEC after 12 h of incubation showed absence of CF on
the cell membrane and intense incorporation of tracer by cell membrane and its posterior localization
in great quantities in intracellular vesicles of different forms and sizes (arrowhead). (F) Large vacuoles
(endosomes) are seen filled with CF distributed by the cytoplasm (double arrows) [Bar: 500 nm].
117
118
119
120
121
122
123
124
125
ANEXO 2:
Is it possible to reproduce the sexual cycle of Toxoplasma
gondii in feline enterocytes in vitro?
M. A. Moura, M. R. R. Amendoeira & H. S. Barbosa
126
IS IT POSSIBLE TO REPRODUCE THE SEXUAL CYCLE OF TOXOPLASMA
GONDII IN FELINE ENTEROCYTES IN VITRO?
Moura, M. A.
1
*; Amendoeira, M.R.R.
2
; Barbosa, H.S.
1
*
1
Laboratório de Biologia Estrutural e
2
Laboratório de Toxoplasmose, Instituto
Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Av. Brasil 4365, Rio de Janeiro, RJ,
21045-900, Brasil
127
128
129
Abstract 1
Primary cultures of the feline intestinal epithelial cell have significant importance for 2
the study of the normal development and differentiation of intestinal epithelium. This 3
cellular model potentially applies to the investigation of the infection process 4
provoked by enteropathogenous, in particular to the protozoan, Toxoplasma gondii, a 5
coccidian which has the feline as its definitive host, and which maintains its sexual 6
life cycle in the feline gut. In this way, primary cultures of feline epithelial intestinal 7
cells were infected with bradyzoites isolated of intracerebral cysts colleted of C57BL6 8
mice. After 6 days it was possible to observe for ultrastructural analysis, parasites 9
with morphologic characteristics compatible with enteroepithelial stages of the sexual 10
cycle of T. gondii: (i) vacuoles containing only one parasite inside of a vacuolar 11
matrix full of the well developed network of membranous nanotubes (RMNT); (ii) big 12
vacuoles, containing disorganized multiplicative forms, characteristic of endopoligeny 13
reproduction; (iii) parasites like macrogametas with presence of characteristic 14
structures with intern membranar complex, granular nucleus, cytoplasmic structures 15
like wall forming bodies, dense granules, amilopectin granules and mitochondria. The 16
feline intestinal epithelal cellular model introduced in this present thesis showed that 17
this model can potentially contribute with new researches on the parasite cellular 18
biology and presents a new and unique methodology in vitro for study the enteric 19
cycle of T. gondii. 20
Keywords: Toxoplasma gondii, feline intestinal epithelial cells; feline primary 21
culture; enteroepithelial stages, enteric cycle of T. gondii, in vitro. 22
1. Introduction 23
Toxoplasma gondii it is an intracellular protozoan, parasite of different species of 24
mammals and birds (Dubey, 1998a). In these animals, occurs asexual reproduction 25
of parasite, characterizing them as intermediate hosts (Black and Boothroyd, 2000; 26
Lehmann et al., 2000). The sexual cycle or enteroepithelial stage of T. gondii occurs 27
exclusively in domestic cats and other felides (Dubey et al., 2004). These are 28
considered definitive hosts, in which is observed in the intestinal epitélio the process 29
of schizogony, gametogony and sporogony resulting in the formation of immature 30
oocistos that are eliminated together with excrements of the felines (Dubey and 31
Frenkel, 1972; Dubey, 1973; Dubey and Frenkel, 1973). 32
Domestic cats can shed millions of oocysts after to ingest only one tissue cyst 33
(Dubey, 1998b, a). Generally, less than 1% of the population of cats can be found 34
130
liberating oocysts. The oocysts are set free for only one short interval of time (1-2 35
weeks) in the life of the cat (Dubey and Welcome, 1988). 36
The parasite presents three infective forms for the transmission of toxoplasmosis: 37
bradyzoites and tachyzoites found in the intermediate hosts and definitive where it 38
realize asexual reproduction and the sporozoites originate through the sexual 39
reproduction found in the oocysts (Cole et al., 2000; Dubey, 2000). 40
The wall of tissue cysts is rich in sugars and other polisacharides (Weiss and Kim, 41
2000; Guimaraes et al., 2003; Speer and Dubey, 2005). The cysts are found in 42
several organs, including spleen, liver and kidney, with predilection for the nervous 43
and muscular systems (Guimaraes et al., 2008). They can persist unbroken for all the 44
life of the host without causing inflammatory immunological response, preventing its 45
destruction (Weiss and Kim, 2000; Hill and Dubey, 2002). For mechanisms still 46
unknown the tissue cysts can be breached, occurring interconvertion and the 47
bradyzoites transforming in tachyzoites, infecting other cells and again they changed 48
into bradyzoites forming a new tissue cyst (Tenter et al., 2000). 49
The cats can liberate oocystes after to ingest any infect form of T. gondii: tachyzoites, 50
bradyzoites and sporozoites. The time to eliminate oocystes after the infection and 51
the frequency of the release of oocysts depend on the infect form ingested: the 3 to 52
10 days after to ingest tissue cysts, 13 days after ingestion tachyzoites and 18 or 53
more days for ingestion of oocysts (Frenkel and Dubey, 1972; Dubey and Frenkel, 54
1973; Dubey and Welcome, 1988). After the ingestion of the tissue cysts, the wall is 55
destroyed by proteolitics enzymes of the stomach and intestine. The bradyzoítes are 56
released and penetrate in the intestinal cells initiating the development of some 57
generations of T. gondii (Dubey and Frenkel, 1972). Exclusively in felines, occurs five 58
distinct of morphological types, enteroepithelial stages or schizonts of T. gondii 59
(Types:A, B, C, D and E). The schizonts multiplied exclusively in the superficial 60
epithelial cells, enterocytes of the small gut, giving origin to the merozoites, before 61
the beginning of gametogenesis (Dubey and Frenkel, 1972; Frenkel and Dubey, 62
1972). Following up, the microgametes are liberate in small gut and are attracted to 63
the macrogamontes. The immature oocyst is formed in the intestinal epithelium of 64
felines and eliminated, still immature, together with the excrements of the definitive 65
hosts in the environment, where they had suffered to maturation, and eigth 66
sporozoites are formed in the interior of the oocysts (Dubey and Frenkel, 1973; 67
Lindsay et al., 1991; Tenter et al., 2000). 68
131
The transmission electron microscopy showed that the enteroepithelial stages 69
contain all organelles characteristic of the Apicomplexa phylum, including: conoid, 70
rhoptries, micronemes, nucleus, plasmalemm, inner membrane complex, 71
subpellicular microtubules, apical and polar rings, micropore, Golgi complex, 72
endoplasmatic reticulum, numerous ribossomes, dense granules, mitochodrion and 73
amylopectin granules (Weiss and Kim, 2000; Speer and Dubey, 2005). Each type of 74
schizonte and merozoite differs in occurrence and presence from the structures. The 75
host cell also shows ultrastructural differences with relation to the parasitophorous 76
vacuole morphology (Dubey et al., 1998; Weiss and Kim, 2000; Speer and Dubey, 77
2005). 78
Felines after ingested tecidual cysts with bradyzoites developed the enteroepitheliais 79
stages of and liberate oocistos (Dubey and Frenkel, 1972; Hill and Dubey, 2002). 80
The mechanisms of induction of the sexual cycle sexual for tachyzoites and oocystes 81
still are unknown. The shed oocysts for cats infected with bradyzoites is shorter that 82
induction with tachyzoites or sporozoites (Dubey et al., 1988). 83
Actually, the morphologic (Dubey and Frenkel, 1972; Ferguson et al., 1974; 84
Ferguson et al., 1975) and molecular characterization (Koyama et al., 2000; 85
Ferguson, 2004) of the enteroepithelial stages of T. gondii sexual cycle, described 86
on literature was realized in vivo studies, using the domestic cats neonates. This 87
work is pionner and shows by the first time the ultrastructural development of 88
parasites similar to schizontes in vitro. 89
2. Material and Methods 90
The experiments were carried out in accordance with the guidelines established by 91
the Fundação Oswaldo Cruz Committee of Ethics for the Use of Animals, resolution 92
242/99 by license CEUA P0211-04 and of the International Guidelines of the Care in 93
the Manipulation of Animals and infectious agents. 94
2.1. Primary cultures of feline intestinal cells 95
Three fetuses obtained from clinically healthy pregnance domestic cat (no 96
gastrointestinal disease and negative sorologically for Toxoplasma gondii, Feline 97
Immunodeficiency Virus and Feline Leukemia Virus) were taken at necropsy 98
immediately after euthanasia. Full thickness samples of small intestine were 99
collected aseptically corresponding to jejunum-ileum region
(5 cm), excised and 100
collected in ice-cold in sterile phosphate-buffered saline (PBS) with 10% of antibiotic 101
solution (Sigma Sigma-Aldrich). After washing, the fragments were placed in 102
132
nonenzymatic dissociation (pH 7,2) containing 1mM EDTA (Sigma Sigma-Aldrich), 103
1mM EGTA (Sigma), 0,5 mM dithiothreitol (DTT, Sigma-Aldrich) and 10% antibiotic 104
solution for 20 min under agitation at room temperature (Perreault and Jean-105
Francois, 1996; Macartney et al., 2000; Aldhous et al., 2001; Rusu et al., 2005). The 106
cell agregates were plated with DMEM/Hams medium (Dulbecco's Modified Eagle's 107
Medium/Hams Nutrient F12 (1:1) (Sigma-Aldrich) containing 10% antibiotic solution 108
(Sigma-Aldrich), 1 mM glutamin and 10% bovine fetal serum and 20 ng/ml Epidermal 109
Growth Factor (EGF, Sigma-Aldrich) (Sanderson et al., 1996; Aldhous et al., 2001). 110
The cultures were maintained at 37°C incubated in a 5% CO
2
atmosphere, and the 111
culture medium was renewed every two days. 112
2.2. Transmissions electron microscopy analyses 113
The secondary feline epithelial intestinal cells (FEIC) cultures were infected with 114
bradyzoites of T. gondii ME49 strain obtained of tissue cysts purified of brains of 115
mice strain C57/Bl6 (for details, see (Guimaraes et al., 2007) in the relationship of 116
1:20 (parasites-host cells). After different periods of seeding (1, 3, 5, 7 e 9 days), 117
were washed 3 times for 10 min with PBS and fixed for 1 h at 4º C in 2.5% 118
glutaraldehyde (GA) diluted in 0.1 M sodium cacodylate buffer containing 3.5% 119
sucrose and 2.5 mM CaCl2 (pH 7.2). After fixation, the cells were washed in the 120
same buffer and then post-fixed for 30 min at room temperature in 1% osmium 121
tetroxide (OsO4), diluted in 0.1 M cacodylate buffer. Following, the cells were 122
washed in the same buffer and scraped at C from the plastic dish and centrifuged 123
for 5 min at 10,000 g. Thereafter, the cells were dehydrated in graded acetone and 124
embedded in Epoxy resin (PolyBed 812). Thin sections were stained with uranyl 125
acetate and lead citrate and then examined under a Jeol JEM1011 transmission 126
electron microscope. 127
For analysis of parasitophoros vacuole membrane (PVM) biogenesis was used 128
cationized ferritin (CF) to verify the internalization of anionic sites on the FEIC surface 129
and its intracellular fate. After seeding, the cells were incubated for 20 min at 4 °C 130
with 200 µg/ml CF in DMEM/Hams (Dulbecco's Modified Eagle's Medium/Hams 131
Nutrient F12 (1:1) containing 10% antibiotic solution and 1 mM glutamine without 132
serum (pH 7.2). After this period, the cultures had been washed with ringer solution 133
for remove CF particles not associates to membrane of cells and the FEIC were 134
infected with bradizoites of T. gondii in relation of 1:20 (parasite-host cell). The cells 135
133
with 1, 4 and 12 h.p.i. were fixed and processed as routine for electronic microscopy 136
of transmission, as described previously. 137
3. Results 138
The structural analysis of infected FEIC cultures, showed: in the vacuole 139
parasitophoros (VP) with parasites like enteroepithelial stages oh T. gondii that 140
occurs in feline intestine. The parasitophoro vacuole (VP) was presented weak 141
aspect, with a large and well developed network of membranous nanotubes (NMN), 142
occupying the entire vacuole matrix (Fig. 1A-E). NMN can be seen in detail in the 143
Figure 1B. The parasite morphologic characteristics were similarity with type B 144
schizont described in feline enterocytes, in vivo (Fig. 1A-C). These vacuoles normally 145
presented only parasite (Fig 1A and C). Was common to observe endoplasmatic 146
reticulum (ER) profiles, mitochondria and lipids bodies of the host cell associates to 147
the MVP (Fig 1A, C-E). Parasitophoro vacuole showed constituted of unique 148
membrane (Fig 1B, D and E) and in the Figure 1D observed the undulating internal 149
membrane complex (IMC). These parasites showed asynchronous division, typical 150
endodiogeny like the assexual reproduction of the enteroepithelial stages (Fig 2A-C). 151
The disorganized merozoites were seen in the VP without typical formation of 152
rosettes, immersed in the NMN (Fig 2A-C). 153
Others analysis showed to some cells with VP presenting a developed NMN, 154
however its distribution did not occupy all vacuole space all (Fig. 3A-E). The 155
parasites in the interior of these vacuoles presented two types of mitochondrias: 156
typical (Fig. 3 A-B and D) and with eletrondense matrix (Fig. 3A-B and D); 157
decentralized nucleus (Fig. 12A-C); eletrondense rhoptries (Fig. 3C) or with labyrinth 158
aspect (Fig. 3A); presence of varied number of dense granules and amilopectin (Fig. 159
3 A-E). These vacuoles had tight association with host cells organells as the ER, 160
MVP (Fig. 3, D and E) and mitochondrias associate to the ER (Fig. 3 and the D). Till 161
some lipid bodies had been seen adhered to the ER (Fig. 3 A-C and E) or in direct 162
contact with the MVP (Fig. 3 C and E). Some images show to lipids establishing 163
direct connection with the vacuole parasitophoro matrix (Fig. 3 C and E). 164
The ultrastructural analisys allowed to observe other morphologic types of T. gondii 165
in CEIF: VP with an accented reduction of the NMN, schizonts showed endopoligeny, 166
compatible with the process of gametogeny, presenting merozoites with lipids 167
inclusions; a great residual body contends some organelles as: dense granules, 168
amilopectin granules and mitochondrias. The merozoites presented nucleus well 169
134
developed, occupying great part of the cytoplasm parasite (Fig. 4A). These analyses 170
include similar evaluative forms to macrogamontes, associates the host cell lipids 171
(Fig. 4B and C). The in vitro macrogamontes presented morphologic characteristics 172
compatible as previously described in the analyses of the enteric cycle of T. gondii in 173
domestic cats: nucleus with granular aspect, eletronlucentes structures with 174
eletrondense content, called of wall forming bodies and some granules of 175
amilopectin. Beyond Golg complex, lipids bodies, mitochondria and internal 176
membrane complex (Fig. 4 B and C). 177
Objectifying to analyze biogenesis of the of vacuole parasitophoros membrane 178
(MVP), CEIF had been incubated with cationized ferritin for 20 min. at 4ºC followed of 179
the infection with bradizoites ME-49 strain using the 1:20 relation (parasite-host cell) 180
for 1, 3 and 12h periods at 37ºC. The ultrastructural analysis demonstrated to the 181
absence of FC particles in interior of VP, (Fig. 5A). Independent of the period of 182
interaction parasite-host cell, no marking of the MVP or the space to vacuolar was 183
observed
despite marked vesicles visualized in the cytoplasm (Fig. 5B and C). 184
4. Discussion 185
This work shows the infection of bradizoítos of T. gondii with feline ephitelial intestinal 186
(FEIC) cells in vitro. The choice of bradizoítas of T. gondii as the infectivo form to 187
interact with the FEIC is justifies for representing one natural ways of T, gondii 188
transmission for cats, through the consumption of raw meat for carnivorous animals 189
or by the human. The infection with bradizoites in vitro is little used, probably 190
because methodology of isolation and purification to be a long process and involve a 191
reasonable number of animals. Excluding these limitations, the utilization of these 192
infectants forms as model of experimental toxoplasmosis studies can contribute for 193
the development of new drugs that can intervene with the chronic phase of 194
toxoplasmosis. One another point key of this discussion is the introduction of feline 195
cells, for the first time as cellular model, aiming at the study of the enteric cycle of T. 196
gondii. 197
Another boarding explored in this work was the vacuole parasitophoros biogenesis 198
during the interaction of bradizoites of T. gondii with FEIC. The study it demonstrated 199
that aniônicos sites of the membrane of CEIF revelated with particles FC had not 200
been internalized together with bradizoites, being excluded of PVM composition. 201
These data are in agreement with previous assays using human endotelial umbilical 202
cells infected with taquizoites (Stumbo et al., 2002), but different of demonstrated for 203
135
(de Carvalho and de Souza, 1990). Where CF particles of surface of macrophages 204
was incorporated together with T. gondii during invasion These comments indicate 205
that host cells, phagocytes or not f, present different ways of anionic sites 206
internalization during the VP formation. This proposal has support in the previous 207
studies that they had described that some enzymes (de Carvalho and de Souza, 208
1989) or sugar residues (de Carvalho and de Souza, 1990; Pacheco-Soares and De 209
Souza, 2000) presents in the membrane of macrophages not located in the 210
membrane of T. gondii VP. Our experience demonstrates that the incorporation of 211
host cell membrane components is not determined by the infective stage of the 212
parasite, therefore resulted similar to that had been presented here has been gotten 213
during the infection of skeletal muscular cells with forms taquizoites (Barbosa, HS, 214
personal communication). 215
FEIC infecteded disclosed to the constant presence of host cell organelles in narrow 216
association to the vacuole parasitophoros membrane (VPM). The classic studies of 217
(Jones et al., 1972) describes that macrophages, only vacúolos contend T. gondii are 218
surrounded by mitochondrias and endoplasmatic reticulum (ER) (Sinai et al., 1997; 219
de Souza, 2005);. These data corroborate the images gotten in the present work, 220
showing the interior of VP total filled with NMN, the maintenance of the ER 221
association and mitochondria, lipidis indicates that these parasites were metabolically 222
active. The functional sign of these associations, in particular with ER seems to be 223
entailed to the significant increase of the VPM during the process of parasite 224
multiplication (Melo and de Souza, 1997; Sinai et al., 1997)Independent of the type 225
and origin of the cells, this association seems to be a process unchained molecularly 226
for the parasite, during its process of invasion. The high incidence of mitocôndrias 227
association and in particular with lipidics inclusions to the VP observed in our studies, 228
does not indicate that this association is accidental, as suggested for (Magno et al., 229
2005). We can foment this discussion, with the images illustrating the insertion many 230
times lipidics inclusions was observed in direct contact with the vacuolar matrix (Fig. 231
3 and 3). To understand this process, had been considered that membrane 232
associated with mitochondria (MAM) is mediated the ER association and the traffic of 233
lipids (Trotter and Voelker, 1994; Vance and Shiao, 1996). Thus sites of organelles 234
associates to the MVP could be a point of contact for the transference of great 235
amount of lipids, analogous way to the transference of phospholipids mediated for 236
MAM between the mitochondria and ER (Sinai and Joiner, 1997; Sinai et al., 1997). 237
136
They suggest that as T. gondii it is not capable to synthesize phosphatidilcolin and 238
this nutritional petition would have to be supplied by the host cell, with mitochondrial 239
participation and RER as sources for lipids or lipids precursors acquisition (Coppens 240
et al., 2000) demonstrated that T. gondii is depends on the host cell cholesterol 241
derived from LDL endocytosis and not from the endogenous synthesis. The studies 242
of the activity of acil-CoA: cholesterol aciltransferase (ACAT) an enzyme key for 243
homeostasis of intracellular cholesterol maintenance, through the cholesterol ester 244
formation (storaged in the form of lipids cytoplasmic inclusions) had demonstrated 245
that cholesterol ACAT and esters have a crucial function in the T. gondii response 246
(Sonda et al., 2001)This results allows to conclude that the association of host cell 247
organelles with the MVP, described in all cellular types investigated until the moment, 248
is independent of the infective form used (bradizoites or taquizotes), the cellular 249
origin or the cellular cycle that the parasite will go to follow (lytic cycle or 250
cistogenesis). The parasite demonstrates that use the same strategies to complete 251
its intracellular cycle, even though in felinos enterócitos, as presented here. 252
In the present study, one of the main morphologic pointers that the enteric cycle of T. 253
gondii it was really being reproduced in vitro, it was the extremely developed network 254
of membranous nanotubes (NMN). (Jones et al., 1972) observed the presence of this 255
net and later, the dense granules had been identified as organelle responsible for the 256
secretion of proteins that located in the interior of the PV, and associates to the NMN 257
as soon as the parasite is completely in the interior of vacúolo (Sibley et al., 1986; 258
Cesbron-Delauw, 1994). The functions of dense granules proteins had been not yet 259
elucidated, in part because absence of homology with proteins of known function. 260
Although this, some evidences suggest that the dense granules proteins (GRA) are 261
involved with the construction of the NMN (Sibley et al., 1995). The current 262
hypothesis if directs for the function of the NMN in the metabolic exchanges between 263
the parasite and the host cell, as well as in the transit of small molecules of host cell 264
citosol for the parasite or the exportation of proteins and/or lipids parasite for the 265
MVP and/or cell hostess (Mercier et al., 2005). The NMN is produced by the parasite 266
living immediately after the cellular invasion (Sibley et al., 1986), being absent in 267
dead or opsonized (Jones et al., 1972; Nichols and O'Connor, 1981). This data 268
confirm that the parasites identified in the interior of vacuoles in FEIC, would be 269
participating actively in the NMN formation. With base in images gotten for scanning 270
electronic microscopy. (Magno et al., 2005) had considered an alternative function for 271
137
the NMN, as structural support for the maintenance of the parasites during the 272
cellular multiplication in the rosette arrangement in the interior of vacuole 273
parasitophoros during MDCK cells infection with taquizoites. This proposal is 274
innovative, however in the specific case of FEIC interacting with bradizoites during 275
infection, the presence of only one parasite already presented developed NMN, what 276
it does not corroborate with this function structural mechanics. Another factor that do 277
not support the proposal presented by (Magno et al., 2005)is the absence of rosettes 278
during the proliferation in the enteric cycle of the parasite. In recent revision, (Mercier 279
et al., 2005) considers that the conserved expression of proteins of dense granules in 280
all the periods of stages of the parasite can be fundamental for the development of 281
cistogenesis. The first demonstration of the interaction of T. gondii and feline cells in 282
vitro infected with bradizoites coated with importance, even though to reevaluate the 283
proposal of (Mercier et al., 2005). The hypertrophy NMN in the PV described in FEIC, 284
does not have precedent in other mammal cellular model studied. This way we can 285
speculate that this only characteristic would indicate a bigger activity of secretion of 286
dense granules for the induction of the sexual cycle of the parasite in the feline 287
intestine. 288
The ultra-structural observation of FEIC cultures from the relationship 1:20 (parasite-289
host cell) with bradyzoites revealed morphological characteristics decidedly different 290
from that described in other cell types like: (i) vacuoles containing only one parasite 291
within a vacuolar matrix full of network membranous nanotubes (NMN) well 292
developed, indicating metabolic changes occurring on the matrix. This finding is a 293
strong indication that signal or modulation molecular is beginning to trigger the 294
differentiation of bradyzoites / schizont type A to type B, as was recently described in 295
the cat intestine of in vivo, 3-6 days post-infection (Speer and Dubey, 2005). This 296
feature can really represent the first disclosure of reproducibility of the enteric cycle 297
of T. gondii in vitro (ii) vacuoles containing more than two parasites (indicative of cell 298
proliferation) with the maintenance of intense network membranous nanotubes 299
(NMN), suggest the establishment of schizont type B, in vitro, (iii) vacuoles containing 300
parasites in proliferation by asynchronous endodiogeny which is observed during 301
asexual stage of sexual cycle (Hu et al., 2002) and tissue cysts, but with reduced 302
NMN, suggest that changes are occurring in the vacuolar matrix may be related to 303
the differentiation of schizonts type B to type C, (iv) large vacuoles, containing 304
reproduction characteristic of process by endopoligeny, may represent stages 305
138
precursors of gametogenesis such as the schizont type E. This hypothesis is 306
supported by morphological characteristics of this structure showing disorganization, 307
lipid bodies and residual body in cellular organelles, in agreement with the studies of 308
the development of the enteroephitelial stages of T. gondii in the cat intestine in vivo, 309
developed by (Speer and Dubey, 2005), (v) presence of structures like 310
macrogametas (Ferguson et al., 1974; Ferguson et al., 1975; Ferguson, 2004); 311
Speer and Dubey, 2005) indicate that gametogenesis was established in vitro. The 312
morphological characteristics that support this hypothesis is based on the dimensions 313
of the structure, the internal membranar complex, granular nucleus, cytoplasmic 314
structures similar to the wall forming bodies, dense granules, amylopectin granules 315
and mitochondria. 316
The experimental strategies implemented in this work reproduced in vitro the natural 317
microenvironment established during development of the parasite in the definitive 318
host intestines, the domestic cat. The introduction of feline epithelial intestinal as 319
cellular model employed in this study showed that potentially can contribute new 320
subsidies on the cell biology of the parasite. In another instance, the FEIC is 321
alternative methodology for better understanding the enteric cycle T. gondii under 322
controlled conditions, open field for investigation into the molecular aspects of this 323
interaction that can contribute for example, the developing a new strategies aimed at 324
intervention in one of the main routes of spread of toxoplasmosis 325
326
139
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Figure 1: Formation of schizonts precursors of enteroephitelial stages of Toxoplasma gondii in
vitro after 6 d.p.i.. (A-C) PV flabby, full of network of membranous nanotubes. (NMN). Note the
vacuole parasithophoros membrane (VPM) associate to endoplasmtic reticulum (ER) profile,
mitochondria (Mi) end lipids (Li); (B) Detail of morphologic characteristic of PV presenting developed
NMN; (C) PV I contend a parasite with NMN and strict association of ER to the MVP; (D) The posterior
region of the parasite showing the internal membranar complex (IMC) undulating; (E) Detail of the
association of Lipids (Li) and ER to the VPV. [Bar 500nm]
Figure 2: Parasites on asynchronous endodiogeny. (A) VP contends five parasites (P) on division
into PV full of NMN with association of ER and Li to MVP. (B) Onother cell showed uneven number of
parasites into VP (n=9) indicate asynchronous division; (C) Longitudinal cut of PV flabby, full NMN
contend five parasites (n=5). [Bar 500nm]
Figure 3: morphological different types of Toxoplasma gondii in CEIF with 6 dpi, (A) PV and
MVP, containing fell NMN, associate with the RE, Mi and. Merozoites showing dense granules (DG),
decentralized nucleus (N) with clusters of chromatin (Nu), typical mitochondria (Mi) and eletrondense
(Mie) and labirinte rhoptris (Ro1), (B) PV containing NMN and merozoites presenting GD, micronemes
(Mn), Mi and Mie and decentralized nucleus. (C) Merozoit with GD, eletromdense rhoptris (Ro2) and
IMC. In detail (head of arrow) there is body lipid in direct contact with the vacuolar matrix. (D) PV
containing four merozoites, presence of NMN, surrounded by ER. (E) VP with NMN distributed in
vacuolar matrix. RE and Li remains associated with the PVM. [Bar 500nm]
Figure 4: Types of morphological Toxoplasma gondii, (A) schizonts on endopoligeny. The
merozoítes presenting large lipid bodies in the residual bodies (RB) contains organelles as GD, Am
Mi, (C-D) forms like to macrogamontes, associated with Li The parasites have The parasites have
granular nucleus (N), wall forming bodies (WB), Go, E, and IMC Am. [Bar 500nm]
Figure 5: FEIC incubated with CF and infected with bradizoitos of Toxoplasma gondii for 12h.
(A), FC particles are not seen in the membrane parasitophoro vacuole (PVM). (B) Absence of particles
of CF in PVM showing endossomes with FC (head of arrow) in the cytoplasm of FEIC, (C) Details PV
of Figure A. (N) nucleus of the parasite, (Nu) nucleolus; Mi, Golgi complex (Go); Am; host cell nucleus
(NCH). [Bar 500nm]
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FIGURE 1
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FIGURE 2
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FIGURE 3
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FIGURE 4
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FIGURE 5
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