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EVERTON ROGER SEPKA
ESTUDO DE MACROINVERTEBRADOS ASSOCIADOS A BROMELIACEAE
EM UMA ÁREA DE MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL,
COM ÊNFASE NA FAMÍLIA SYRPHIDAE (DIPTERA)
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do grau de Mestre, pelo Curso de
Pós Graduação em Ciências Biológicas Área
de concentração em Entomologia do Setor de
Ciências Biológicas da Universidade Federal do
Paraná.
Orientador: Prof.
a
Dr.
a
Luciane Marinoni
CURITIBA
2008
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ii
ESTUDO DE MACROINVERTEBRADOS ASSOCIADOS A BROMELIACEAE
EM UMA ÁREA DE MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL,
COM ÊNFASE NA FAMÍLIA SYRPHIDAE (DIPTERA)
EVERTON ROGER SEPKA
Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre,
pelo Curso de Pós Graduação em Ciências Biológicas – Área de concentração
em Entomologia do Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do
Paraná, pela Comissão formada pelos professores
:
Dr. (a): Luciane Marinoni (Orientadora)
Dr (a): Mário Antônio Navarro da Silva
Dr (a): Carlos Brisola Marcondes
Dr (a): Cibele Stramare Ribeiro-Costa (suplente)
Curitiba, maio de 2008
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iii
“Biodiversity, the planet’s most valuable
resource, is on loan to us from our
children.”
Edward O. Wilson
iv
AGRADECIMENTOS
Aos meus colegas de curso
Aos professores
Aos amigos e familiares, em especial meus pais
Aos funcionários do Parque Estadual Rio da Onça, pelo grande auxílio durante
as atividades de campo
Ao IAP – Instituto Ambiental do Paraná
A Lisiane Dilli Wendt, pelas excelentes fotos
E demais pessoas que de alguma forma incentivaram ou estiveram presentes
nos momentos mais difíceis da elaboração deste trabalho
v
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS................................................................................... iv
LISTA DE FIGURAS.................................................................................... vii
LISTA DE TABELAS................................................................................... xi
RESUMO...................................................................................................... xiii
ABSTRACT.................................................................................................. xiv
1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 1
1.1. Classificação e distribuição geográfica da família Syrphidae............... 1
1.2. Biologia e comportamento..................................................................... 2
1.2.1.Adultos...................................................................................... 2
1.2.2.Larvas........................................................................................ 3
1.3. Classificação e distribuição geográfica da família Bromeliaceae.......... 5
1.4. Habitat, reprodução e sucesso biológico das Bromélias....................... 6
1.5. Bromélias X fitotelmata X Syrphidae..................................................... 7
1.6. Bromeliaceae e Floresta Atlântica......................................................... 11
2. OBJETIVOS............................................................................................. 12
2.1. Objetivo geral......................................................................................... 12
2.2. Objetivos específicos............................................................................. 12
3. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 13
3.1. Área de Estudo....................................................................................... 13
3.2. Coletas e Identificação de Macroinvertebrados...................................... 16
3.3. Criação dos Imaturos de Syrphidae ....................................................... 18
3.4. Análise dos resultados........................................................................... 19
4. RESULTADOS.......................................................................................... 21
4.1. Macrofauna das Bromeliaceae............................................................... 21
4.1.1. Caracterização da macrofauna encontrada em
Bromeliaceae...................................................................................... 21
4.1.2. Abundância, riqueza e diversidade nos diferentes meses
de coleta e estações do ano.............................................................. 22
4.1.3. Ordem Diptera.......................................................................... 22
4.1.4. Ordem Coleoptera.................................................................... 27
4.1.5. Imaturos de Syrphidae coletados em Bromeliaceae................. 28
vi
4.2. Syrphidae adultos obtidos em laboratório.............................................. 29
5. DISCUSSÃO............................................................................................. 53
5.1. Macrofauna encontrada nas Bromeliaceae............................................ 53
5.1.1. Ordens Diptera e Coleoptera.................................................... 57
5.2. Fauna de Syrphidae encontrada em Bromeliaceae............................... 62
5.3. Sirfídeos adultos obtidos em laboratório................................................ 64
5.3.1. Gêneros obtidos........................................................................ 64
5.3.2. Criação dos estágios larvais...................................................... 65
6. CONSIDERÕES FINAIS...................................................................... 68
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 70
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização do Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná,
Brasil............................................................................................................ 13
Figura 2. Sede do Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná,
Brasil............................................................................................................ 15
Figura 3. “Tapete verde” formado por plantas terrestres da família
Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos-PR................. 17
Figura 4. Freqüência relativa (%) dos filos coletados em Bromeliaceae, no
Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a
novembro de 2007....................................................................................... 30
Figura 5. Freqüência relativa (%) dos táxons mais abundantes, coletados em
Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro
de 2006 a novembro de 2007...................................................................... 30
Figura 6. Freqüência relativa (%) das ordens de Insecta mais abundantes,
coletadas em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR,
de dezembro de 2006 a novembro de 2007................................................. 31
Figura 7. Variação da abundância de macroinvertebrados coletados em
Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro
de 2006 a novembro de 2007....................................................................... 31
Figura 8. Variação do número de táxons coletados em Bromeliaceae, no
Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a
novembro de 2007........................................................................................ 32
Figura 9. Variação do índice de diversidade de Shannon-Wienner para a
entomofauna coletada em Bromeliaceae, nas diferentes estações do ano, no
Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a
novembro de 2007........................................................................................ 32
Figura 10. Variação do número de táxons coletados em Bromeliaceae, nas
diferentes estações do ano, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR,
de dezembro de 2006 a novembro de 2007................................................. 33
Figura 11. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre
o diâmetro das plantas (variável independente) e a abundância de
macroinvertebrados (variável dependente) coletados em Bromeliaceae, no
Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a
novembro de 2007........................................................................................ 33
Figura 12. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre
o número de folhas das plantas (variável independente) e a abundância de
viii
macroinvertebrados (variável dependente) coletados em Bromeliaceae, no
Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a
novembro de 2007........................................................................................ 34
Figura 13. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre
a precipitação acumulada (variável independente) e a abundância de
macroinvertebrados (variável dependente) coletados em Bromeliaceae, no
Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a
novembro de 2007....................................................................................... 34
Figura 14. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre
a precipitação acumulada (variável independente) e o número de táxons
(variável dependente) coletados em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio
da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a novembro de
2007............................................................................................................. 35
Figura 15. Flutuação populacional de dípteros coletados em bromélias no
período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, Paraná, Brasil................................................................... 36
Figura 16. Variação da abundância de Diptera coletados e da precipitação
acumulada em milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007
no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil....................... 36
Figura 17. Flutuação populacional de quironomídeos coletados em bromélias
no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, Paraná, Brasil................................................................... 36
Figura 18. Variação da abundância de Chironomidae coletados e da
precipitação acumulada em milímetros no período de Dezembro/2006 a
Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná,
Brasil............................................................................................................ 37
Figura 19. Flutuação populacional de tipulídeos coletados em bromélias no
período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, Paraná, Brasil................................................................... 37
Figura 20. Variação da abundância de Tipulidae coletados e da precipitação
acumulada em milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007
no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil....................... 37
Figura 21. Flutuação populacional de culicídeos coletados em bromélias no
período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, Paraná, Brasil................................................................... 38
Figura 22. Variação da abundância de Culicidae coletados e da precipitação
acumulada em milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007
no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil....................... 38
ix
Figura 23. Flutuação populacional de ceratopogonídeos coletados em
bromélias no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque
Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil........................................ 38
Figura 24. Variação da abundância de Ceratopogonidae coletados e da
precipitação acumulada em milímetros no período de Dezembro/2006 a
Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná,
Brasil............................................................................................................ 39
Figura 25. Flutuação populacional de dípteros coletados em bromélias no
período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, Paraná, Brasil................................................................... 39
Figura 26. Variação da abundância de Coleoptera coletados e da
precipitação acumulada em milímetros no período de Dezembro/2006 a
Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná,
Brasil............................................................................................................ 39
Figura 27. Flutuação populacional de Scirtidae coletados em bromélias no
período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, Paraná, Brasil................................................................... 40
Figura 28. Variação da abundância de Scirtidae coletados e da precipitação
acumulada em milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007
no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil....................... 40
Figura 29. Flutuação populacional de lampirídeos coletados em bromélias no
período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, Paraná, Brasil................................................................... 40
Figura 30. Variação da abundância de Lampiridae coletados e da
precipitação acumulada em milímetros no período de Dezembro/2006 a
Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná,
Brasil............................................................................................................ 41
Figuras 31-38. Larvas de Syrphidae coletadas em Bromeliaceae, no Parque
Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR. 31 e 33 - aspecto geral do corpo, vista
lateral, 32 apêndices locomotores, 34 e 35 aspecto geral do corpo, vista
dorsal, 36 aspecto geral do corpo, vista ventral mostrando as ventosas, 37
e 38 – sifões respiratórios........................................................................... 42
Figura 39. Variação da freqüência relativa (%) de larvas de Syrphidae
coletadas em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR,
de dezembro de 2006 a novembro de 2007................................................ 43
Figura 40. Distribuição das larvas de Syrphidae em diferentes classes de
diâmetro, de Bromeliaceae coletadas no Parque Estadual Rio da Onça,
Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a novembro de 2007........................ 43
x
Figura 41. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre
o diâmetro das plantas (variável independente) e a abundância de larvas de
Syrphidae (variável dependente) coletadas em Bromeliaceae, no Parque
Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a novembro de
2007............................................................................................................. 44
Figura 42. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre
o número de folhas das plantas (variável independente) e a freqüência
relativa de larvas de Syrphidae (variável dependente) coletadas em
Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro
de 2006 a novembro de
2007.............................................................................................................. 44
Figura 43. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre
a precipitação acumulada (variável independente) e a abundância de larvas
de Syrphidae (variável dependente) coletadas em Bromeliaceae, no Parque
Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a novembro de
2007............................................................................................................. 45
Figuras 44-51. Lejops barbiellinii. 44 - adulto, vista dorsal, 45 - adulto, vista
lateral, 46 larva, vista dorsal, 47 larva, vista ventral, 48 larva, apêndices
locomotores, 49 larva, sifão respiratório, 50 – pupa, vista dorsal, 51
espiráculos da pupa.................................................................................... 46
Figuras 52-59. Copestylum sp. 52 - adulto, vista dorsal, 53 - adulto, vista
lateral, 54 larva, vista dorsal, 55 larva, porção dorsal anterior , 56 larva,
porção ventral posterior, 57 pupário, vista dorsal, 58 espiráculo, 59
opérculo do
pupário......................................................................................................... 47
Figuras 60-67. Quichuana sp. 60 - adulto, vista dorsal, 61 - adulto, vista
lateral, 62 adulto, vista lateral da cabeça, 63 larva, vista dorsal, 64
larva, porção dorsal anterior, 65 pupário, vista lateral, 66 espiráculo, 67
opérculo do pupário..................................................................................... 48
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela I. Abundância, relação da abundância mensal/abundância total,
freqüência relativa e captura média de Diptera coletados em bromélias no
período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, Paraná, Brasil................................................................... 49
Tabela II. Famílias de Diptera: número total de indivíduos por família e
porcentagem da relação família/toral de dípteros coletados na fitotelmata de
bromélias no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque
Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil........................................ 49
Tabela III. Famílias de Diptera: número absoluto de exemplares coletados
por mês na fitotelmata de bromélias no período de Dezembro/2006 a
Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná,
Brasil............................................................................................................ 49
Tabela IV . Índice de correlação entre a distribuição dos exemplares ao longo
do período de coleta - Diptera e famílias e entre famílias........................... 50
Tabela V . Precipitação acumulada (mm) nos diferentes meses de
coleta........................................................................................................... 50
Tabela VI. Índices de correlação entre a abundância da ordem Diptera e das
famílias registradas com a precipitação acumulada ao longo do período de
coleta........................................................................................................... 50
Tabela VII. Índices de correlação entre a abundância da ordem Diptera e das
famílias registradas com a precipitação acumulada um, três e cinco dias
antes da realização das coletas.................................................................. 51
Tabela VIII. Abundância, relação da abundância mensal/abundância total,
freqüência relativa e captura média de Coleoptera coletados em bromélias no
período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, Paraná, Brasil................................................................... 51
Tabela IX. Famílias de Coleoptera: número total de indivíduos por família e
porcentagem da relação família/total de dípteros coletados na fitotelmata de
bromélias no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque
Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil........................................ 51
Tabela X. Famílias de Coleoptera: número absoluto de exemplares coletados
por mês na fitotelmata de bromélias no período de Dezembro/2006 a
Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná,
Brasil............................................................................................................ 52
xii
Tabela XI. Índices de correlação entre a abundância da ordem Coleoptera e
das famílias registradas com a precipitação acumulada ao longo do período
de coleta...................................................................................................... 52
Tabela XII. Índices de correlação entre a abundância da ordem Coleoptera e
das famílias registradas com a precipitação acumulada um, três e cinco dias
antes da realização das coletas.................................................................. 52
Tabela XIII. Número total e duração do período pupal, das espécies de
Syrphidae obtidas em laboratório, a partir de larvas coletadas em
Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos,
PR................................................................................................................ 52
xiii
RESUMO
Os ambientes fitotélmicos formados por plantas da família Bromeliaceae
constituem microhabitats para várias espécies de microorganismos, plantas e
animais, incluindo muitos insetos, dentre estes muitas espécies da família
Syrphidae (Diptera). A diversificação de muitos grupos na Região Neotropical
está provavelmente relacionada à utilização destes ambientes. De dezembro
de 2006 a novembro de 2007, foram coletadas 300 bromélias adultas, numa
área de Mata Atlântica situada no Parque Estadual Rio da Onça, cidade de
Matinhos, Paraná, a fim de se investigar a macrofauna associada a elas. No
total foram coletados 23238 indivíduos, agrupados em cinco filos e 34 táxons.
Arthropoda foi o filo mais abundante, representando 97,61% da amostra e a
classe Insecta 70,12% dos macroinvertebrados, distribuídos em 21 famílias. Os
táxons mais abundantes foram Scirtidae (Coleoptera) (20,58%), Formicidae
(Hymenoptera) (19,52%) e Collembola (17,15%); janeiro foi o mês que
apresentou o maior número de indivíduos coletados e junho, a menor
abundância. O índice de diversidade de Shannon-Wiener, calculado para a
entomofauna, mostrou a primavera como sendo a estação mais diversa.
Algumas variáveis foram medidas, como diâmetro e número de folhas das
plantas e a precipitação acumulada antes das coletas; somente a abundância
esteve significativamente relacionada com o diâmetro (r
2=
0,0263, p=0,0319) e
o número de folhas (r
2
= 0,1474, p=0,0000002). A freqüência relativa das larvas
de Syrphidae foi muito baixa nas amostras (0,24%) e não esteve relacionada
com nenhuma das variáveis medidas. Cinco indivíduos foram obtidos a partir
de sirfídeos imaturos, pertencentes a três gêneros, da subfamília Eristalinae:
Lejops, Copestylum e Quichuana, sendo o primeiro registro do gênero Lejops
em ambientes fitotélmicos.
xiv
ABSTRACT
The phytotelmic environments formed by plants of family Bromeliaceae
constitute microhabitats for several microorganisms, plants and animals
species, including a large number of insects, as well many species of Syrphidae
family (Diptera). The diversificatyon of several groups in the Neotropical region
is probably related to utilization of this environments. 300 adults bromeliads
were collected between December 2006 and November 2007, in Atlantic Rain
Forest area, situated in borough of Matinhos, Paraná State, to investigated the
macrofauna associated to plants. In total, were collected 23238 individuals
bracketed in five Phyla and 34 taxa. Arthropoda was the phylum more
abundant, representing 97,61% of sample, and the class Insecta, 70,12% of
macroinvertebrates, distribute in 21 families. The taxa more abundant were
Scirtidae (Coleoptera) (20,58%), Formicidae (Hymenoptera) (19,52%) and
Collembola (17,15%); January was the month that presented the great number
of individuals collected, and June, the lesser number. The diversity index of
Shannon-Wiener, calculated for the entomofauna, showed that the spring was
the more diverse station. Some variables were measureds, the diameter and
the number of leaves of each plant and the precipitation accumulated before the
collect; only the abundance was related significantly with the diameter (r
2=
0,0263, p=0,0319) and the number of leaves (r
2
= 0,1474, p=0,0000002). The
relative frequency of Syrphidae larvae was very low in the samples and wasn’t
related with none of the variables measureds. Five individuals were obtained
from immature Syrphidae, belonging to three genera, of the Eristalinae
subfamily: Lejops, Copestylum and Quichuana. Was the first record to the
genera Lejops, inhabiting phytotelmics environments.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Classificação e distribuição geográfica da família Syrphidae
Syrphidae possui distribuição mundial. No Novo Mundo, as espécies
ocorrem desde os limites norte até a Terra do Fogo e Ilhas Falkland. Em geral,
espécies nativas estão ausentes apenas na Antártica e ilhas oceânicas
remotas, por exemplo, o arquipélago do Havaí e muitas ilhas subantárticas.
Contudo, muitas espécies têm sido transportadas por ação humana, tanto que
atualmente no Havaí existem 16 espécies e na Ilha de Páscoa, duas
(MCALPINE 1987).
Atualmente a família conta com cerca de 6000 espécies descritas,
distribuídas em 180 gêneros e três subfamílias: Microdontinae, Syrphinae e
Eristalinae. Das 14 tribos de Syrphinae e Eristalinae, 13 têm ampla distribuição,
ocorrendo na maioria das regiões biogeográficas (VOCKEROTH &
THOMPSON 1987). Dez gêneros são exclusivamente neotropicais
(THOMPSON et al. 1976, VOCKEROTH & THOMPSON 1987).
A distribuição da maioria dos gêneros, ao contrário das tribos, é
marcadamente restrita a alguma região biogeográfica, havendo poucas
exceções, como Microdon Meigen, distribuído praticamente em todo o Mundo e
muito diversificado; a maioria é endêmica das regiões Holártica, Neotropical ou
Paleotropical. Alguns gêneros têm um subgênero com maior diversificação em
determinada região, porém esta é uma situação incomum: Chalcosyrphus
(Neplas) (Porter) é quase inteiramente Neotropical e Paragus
(Pandasyopthalmus) (Stuckenberg) é predominantemente Paleotropical
(MCALPINE 1987).
Os mais distintos grupos de gêneros, em termos de provável local de
origem (ou talvez de especiação depois migração do seu local de origem), são
os gêneros exclusivamente Neotropicais. Eles têm um total de 99 espécies ao
norte do México, mas têm em conjunto 1067 espécies ao sul dos Estados
Unidos, com muito mais espécies ainda não descritas. Muitas destas 99
espécies não foram registradas além do sul dos Estados Unidos e apenas onze
são conhecidas no Canadá. Os maiores destes gêneros são: Copestylum
Macquart, Toxomerus Macquart, Ocyptamus Macquart e Palpada Macquart.
2
Apesar da Região Neotropical ter recebido investimento considerável no
estudo de sua fauna de Diptera ao longo do século XX, é provável que apenas
uma parte pequena da diversidade do grupo seja conhecida. Não seria exagero
considerar que o número real de espécies de dípteros na Região seja mais de
dez vezes maior que o número atualmente conhecido (AMORIM et al. 2002)
Com relação à Syrphidae, muito pouco ainda se conhece sobre a fauna
neotropical, com menos de um terço das espécies descritas até o momento.
Com relação ao Brasil, estima-se que ocorram em torno de 2030 espécies,
1500 provavelmente ocorram na região Sul, área de estudo do presente
trabalho (THOMPSON et al. 1976, MARINONI & THOMPSON 2003).
1.2. Biologia e comportamento
1.2.1. Adultos
Os adultos estão entre os mais abundantes e conspícuos dípteros.
Muitas, senão todas as espécies, são capazes de pairar no vôo ou mover-se
em várias direções, não estando claro como este hábito esteja associado à
cópula e a outras atividades, tais como alimentação ou dispersão. Muitas
espécies são diurnas e muito ativas, principalmente entre 8:00h e 15:30h
(ARRUDA et al. 1998). Certas espécies européias locomovem-se por longas
distâncias. Provavelmente todos os Syrphinae e Eristalinae visitam flores e
alimentam-se de len e néctar. Por este motivo, eles são potenciais
polinizadores de muitas plantas (ARRUDA 1997, ARRUDA et al. 1998).
Segundo ARRUDA (1997) as espécies mais comuns de sirfídeos são
generalistas, ou seja, visitam várias espécies de plantas com floração
simultânea. Os padrões de alimentação variam, estando relacionados ao
tamanho do corpo e constituição do aparelho bucal do inseto. Contudo, alguns
estudos têm documentado que os sirfídeos mostram preferências florais de
acordo com a cor e a profundidade da corola (GILBERT 1981, HASLLETT
1989), sendo estes resultados baseados em observações limitadas e restritas a
poucos locais.
BRANQUART & HEMPTINNE (2000) estudaram a exploração de
recursos florais dos Syrphinae, na Europa Ocidental e verificaram que os
3
mesmos raramente mostram preferência por espécies particulares de plantas.
Neste estudo, os sirfídeos que puderam ser considerados oligoléticos (sensu
PEKKARINEN 1998) representaram apenas 36% das espécies estudadas. A
exposição a esta situação de utilização dos recursos alimentares pode ser
principalmente responsável pelo mimetismo de himenópteros aculeados, sendo
este mais freqüente e mais desenvolvido em Syrphidae que em qualquer outra
família de Diptera. Os Microdontinae não são conhecidos por visitarem flores,
pois são voadores mais fracos e parecem não se distanciar muito do habitat de
suas larvas. Porém, muitas espécies de Microdontinae aparentemente imitam
himenópteros.
Assim como muitos outros Diptera, Coleoptera e Hymenoptera,
Syrphinae visitam principalmente flores actinomorfas de plantas nativas, muitas
das quais produzem grandes quantidades de pólen e néctar, principalmente
das famílias Ranunculacea, Apiacea e Asteracea, podendo ser facilmente
coletados por insetos com probóscides curtas. As preferências florais descritas
resultam principalmente de uma exploração seqüencial de flores em diferentes
períodos e habitats: sirfídeos geralmente visitam as flores mais abundantes que
eles possam encontrar, como predito pela teoria do ótimo-forrageio (WASER
1986, HASLETT 1989, COWGILL et al. 1993). O pólen é usado como a
principal fonte de proteína para desenvolver tecidos reprodutivos; como em
outros insetos sinovigênicos; a grande quantidade de nutrientes nitrogenados
necessária pelas fêmeas para a deposição dos ovos não é obtida durante o
estágio larval, dependendo exclusivamente da aquisição de alimento enquanto
adultos; já o néctar é utilizado como fonte de energia para o vôo desses
insetos.
1.2.2. Larvas
As larvas têm uma ampla variedade de habitats e alimentação
(VOCKEROTH & THOMPSON 1987, ROTHERAY & GILBERT 1999). Larvas
de Microdontinae são conhecidas por viverem apenas em ninhos de formigas.
Um modo bastante utilizado de alimentação é a predação, que ocorre em cerca
de um terço das espécies conhecidas. Sirfídeos predadores incluem os
Syrphinae (sensu ROTHERAY & GILBERT 1999), os Microdontinae (sensu
4
VOCKEROTH & THOMPSON 1987), os Pipizini e algumas espécies de
Volucella Geoffroy. As presas destes grupos são insetos coloniais ou gregários:
muitos sirfíneos e pipizínios atacam hemípteros de corpo frágil (ROTHERAY
1993), microdontíneos se alimentam dos estágios iniciais de formigas
(Formicidae) (DUFFIELD 1981, GARNETT et al. 1985); muitas espécies de
Volucella são predadores facultativos ou obrigatórios dos estágios iniciais de
aculeados sociais (RUPP 1989, ROTHERAY 1999). Este último táxon
mencionado, Volucella, possui pelo menos uma espécie não
predadora,Volucella inflata (Fabricius), saprófaga de exsudados de seiva das
árvores (ROTHERAY 1999), algumas espécies são conhecidas também por se
alimentarem de imaturos de Thysanoptera, Coleoptera ou Lepidoptera.
Numa investigação da filogenia de Syrphidae baseada em caracteres
larvais incluindo peças bucais, os táxons predadores formaram uma única
linhagem: Volucella Microdon Pipizini Syrphinae (ROTHERAY &
GILBERT 1999). Estes grupos são provavelmente importantes no controle de
pragas de cultivares, mas pouca evidência definida deste papel está disponível
e introduções de espécies predadoras exóticas como agentes de controle
biológico em várias partes do mundo não têm obtido sucesso notável.
Os hábitos alimentares das larvas de Eristalinae são particularmente
variados. As larvas de Cheilosia Meigen alimentam-se de fungos ou plantas
vasculares; larvas de Volucella são detritívoras em ninhos de himenópteros
coloniais; larvas de Copestylum vivem em matéria vegetal em decomposição,
especialmente cactáceas; as larvas de Merodontini vivem em bulbos de
monocotiledôneas e algumas vezes em outras plantas e embora elas sejam
provavelmente invasores secundários, têm importância econômica
considerável; larvas de Tropidia Meigen, Syritta Lepeletier & Serville e Rhingia
Scopoli vivem em excrementos ou matéria orgânica similar; Eristalini e
Sericomyiini vivem em águas com alto conteúdo orgânico; larvas de Neoascia
Williston, Chrysogaster Meigen e Orthonevra Macquart são aquáticas, com
aparentemente alguma preferência por águas limpas ou poluídas; várias outras
tribos de Eristalinae têm larvas associadas com ocos de árvores (fitotelmata),
lesões em madeira ou madeira em decomposição. Larvas de poucos Eristalini
e Syritta Lepeletier & Serville são conhecidas por causar miíases intestinais no
5
homem, mas estas ocorrências são acidentais e aparentemente raras
(MCALPINE 1987).
A diversificação dos estágios larvais é raramente tão substancial como
em Syrphidae, sendo comparada apenas às famílias relacionadas de Aschiza,
como Phoridae (DISNEY 1994) ou Drosophilidae (FERRAR 1987). A respeito
de tal diversidade, caracteres larvais são pouco usados nas numerosas
tentativas para classificar Syrphidae. LIOY (1864) foi o primeiro autor a incluir
modos de alimentação larval em uma classificação. BRAUER (1883)
argumentava que, quando apropriadamente estudadas, as larvas de Syrphidae
poderiam ser úteis na determinação de grupos naturais dentro da família,
concordando com METCALF (1916). Contudo, uma barreira para a utilização
de larvas é que, comparado com adultos, somente uma pequena proporção
delas são conhecidas, poucas estão disponíveis para estudos e nas descrições
publicadas freqüentemente faltam detalhes (ROTHERAY & GILBERT 1999).
Segundo THOMPSON (1990) a região em que as larvas de sirfídeos são
melhor conhecidas é a Paleártica, seguida pela região Neártica. Menos de 1%
das larvas Neotropicais de Syrphidae são conhecidas, embora muitas das
linhagens de sirfídeos mais ricas em números de espécies ocorram nesta
região (THOMPSON 1999).
1.3. Classificação e distribuição geográfica da família Bromeliaceae
A ordem Bromeliales das monocotiledôneas, contém a família
Bromeliaceae e é relacionada à Commelinales e Zingiberales.
Bromeliaceae é composta de três subfamílias: Pitcairnioidea (Brocchinia,
Pitcairnia e Puya, etc), Bromelioidea, (Aechmea, Ananas, Billbergia, Bromelia,
Gravisia, e Hohenbergia) e Tillandsioidea (Catopsis, Guzmania, Tillandsia e
Vriesia).
Estudos taxonômicos da família estão ainda incompletos; novas
espécies estão sendo descritas e os autores não têm um consenso sobre os
limites genéricos. A maioria das espécies ocorre na América do Sul com a
maior diversidade sendo encontrada na Floresta Atlântica brasileira (ca. 1200
espécies) (LEME 1998, ARAGÃO 1999, GROSSI 2000, BENZING 2000).
Distribuem-se desde o Chile e Argentina, na América do Sul, através da
6
América Central e Caribe, alcançando o seu limite norte, próximo à Virgínia no
sudeste norte americano sendo, portanto, designadas como neotropicais.
Apenas uma espécie, Pitcairnia feliciana (A. Chev.) Harms e Mlidbread, é
encontrada na costa oeste africana.
Ananas comosus (L.) (abacaxi) e certas bromélias ornamentais têm sido
distribuídas pantropicalmente por ação humana. A distribuição e abundância de
outras bromélias também são afetadas pela sua extração para obtenção de
fibras e comida, pela propagação horticultural e pelo desmatamento para
expansão urbana ou rural. Contudo, o ambiente urbano agora contém
representantes de numerosos gêneros e espécies, bem como espécies
cultivadas híbridas.
Atualmente a família Bromeliaceae é constituída por 56 gêneros e 2880
espécies composta principalmente por plantas epífitas (BENZING 2000).
1.4. Habitat, reprodução e sucesso biológico das Bromélias
As bromélias podem ser encontradas desde o nível do mar até acima de
4.000 m. Distribuem-se em uma grande variedade de habitats, desde desertos
quentes e secos até florestas úmidas e regiões montanhosas mais frias
(BENZING 2000, BSI 2005). Também é bastante variada a gama de habitats
destes organismos, incluindo espécies terrícolas e rupícolas. Os organismos
epifíticos são encontrados sobre outras plantas, geralmente arbóreas,
arbustivas ou cactáceas, podendo até mesmo ser encontradas sobre linhas de
transmissão ou postes. Quase todas as Pitcarnioidea o terrestres, algumas
Bromelioidea são epífitas, e a maioria dos Tillandsioidea é epífita (BENZING
1980). Com relação à xerofilia, não está claro se esta é uma condição primitiva
ou derivada na família (BENZING 1980) e assim ainda é incerto se as
bromélias têm desenvolvido tolerância a altos níveis de radiação solar e baixa
umidade, ou a sombra profunda e alta umidade.
Todas as bromélias são herbáceas perenes e muitas se reproduzem
tanto por sementes quanto vegetativamente. Como na maioria das plantas
perenes, a maioria das bromélias são policárpicas, poucas sendo
monocárpicas. A polinização é realizada por animais em todos os casos
conhecidos. Espécies monocárpicas incluem as que produzem uma única flor
7
apical, lançam as sementes e então morrem. As sementes de T. utriculata são
dispersas pelo vento, mas animais são importantes na dispersão das sementes
de algumas espécies. As sementes são dispersas pelo vento e as mudas
resultantes podem sofrer alta mortalidade.
O corpo de tamanho reduzido, hábito rizomatoso, caule fitotélmico,
tricomas para absorção foliar, fotossíntese via CAM, suculência e outras
adequações xeromórficas são características que determinam o sucesso de
colonização das bromélias em ambientes e situações tão diversos e
freqüentemente estressantes (BENZING 2000).
1.5. Bromélias X fitotelmata X Syrphidae
A quase totalidade dos representantes desta família é classificada como
organismos fitotélmicos com “ramets rosulados” plantas formadoras de
rosetas. Nas cisternas ou tanques, formados pelo imbricamento das folhas
destes indivíduos, é comum o acúmulo de água comumente chamada
fitotelmata - e matéria orgânica em decomposição, que serve de alimento para
uma variedade de outros organismos incluindo protistas, invertebrados e
vertebrados (PICADO 1913, WHEELER 1921 e 1942, LAESSLE 1961,
DEJEAN & OLMSTED 1997, WITMANN 2000, DIAS & BRESCOVIT 2004).
Aquelas que apresentam esta disposição são chamadas bromélias-tanque.
Comumente, em bromélias-tanque, o eixo da maioria das folhas
maduras contém discretos corpos d’água. As folhas mais velhas com o tempo
perdem a capacidade de armazenar água e os eixos das folhas novas e
pequenas formam um pequeno conjunto comum de água. Plantas imaturas não
são capazes de acumular água ou o fazem brevemente após a chuva. Menos
comumente, como em algumas Billbergia e Catopsis, o arranjo espiral das
folhas maiores forma um copo central. Acumular água em eixos foliares
separados permite uma maior área de coleta de água. Em Tillandsia utriculata
L. cada pequeno corpo de água tem uma área de superfície crescente
determinado pela curvatura da base da folha e cada corpo de água é mais
estreito e profundo neste ponto, onde a folha está inserida. Esta parte estreita e
profunda dos eixos foliares grandes sempre parece conter água, até mesmo
nos períodos mais secos do ano (FISH 1976, FRANK & CURTIS 1981).
8
Condições secas e níveis de precipitação no eixo foliar causam o adensamento
de larvas de insetos aquáticos, mas a umidade suficiente para a sobrevivência
é mantida. PICADO (1913) também registrou a retenção de água em bromélias
da Costa Rica durante todo o ano.
A capacidade volumétrica total de uma bromélia varia com o tamanho e
a espécie. Grandes indivíduos de T. utriculata no sul da Flórida contêm em
torno ou mais de 1,3 litros (FRANK & CURTIS 1981). WERCKLÉ (1909)
mencionou Vriesia na Costa Rica contendo em torno de 20 litros, SMART
(1938) anotou Brocchinia micrantha (Baker) com 27 litros na Guiana, e ZAHL
(1975) relatou numa bromélia, aparentemente uma Vriesia imperialis Carrière
nativa do Brasil, 45 litros.
A fitotelmata e os detritos orgânicos acumulados na parte central da
planta podem ser considerados um “ambiente limnológico isolado”, um micro
habitat para um incontável número de espécies animais e plantas (PICADO
1913), os quais vivem num tipo de relação simbiótica, onde a comunidade
associada fornece ricos nutrientes para estas plantas (POR 1992). Em geral, o
habitat formado pelo eixo foliar das bromélias é relativamente estável para
insetos aquáticos, quando comparados com a maioria dos outros habitats
formados por eixos foliares ou brácteas florais e também com reservatórios
temporários no solo e até mesmo ocos de árvores.
Muitos organismos usam as bromélias-tanque para vários propósitos.
Eles incluem animais fitófagos que se alimentam de folhas, pedúnculos florais,
néctar, frutas, sementes ou pólen; animais terrestres para os quais as
bromélias fornecem esconderijos, umidade ou presas e organismos aquáticos
em pelo menos um de seus estágios de desenvolvimento (FRANK 1983). Estes
três grupos não são mutuamente exclusivos e limites arbitrários são usados na
definição de seus limites. Alguns dos animais do segundo grupo têm uma
relação predatória com relação aqueles do terceiro grupo, similarmente aos
animais ripários predadores em ecossistemas aquáticos mais familiares.
A comparação com ecossistemas aquáticos familiares pode ser feita
também com relação à quantidade de organismos, que a fitotelmata das
bromélias é abundante e suporta grande número de espécies e imenso número
de indivíduos de organismos aquáticos. Elas m sido relacionadas por
9
PICADO (1913) como um grande “mar fracionado”, distribuído através da
América Tropical.
O segundo grupo, animais terrestres, inclui tanto animais visitantes das
bromélias-tanque bem como aqueles que se reproduzem lá. O grupo é
aumentado consideravelmente durante a estação seca tanto em número de
indivíduos como em número de táxons (LUCAS 1975). Este grupo exclui
organismos que se alimentam das bromélias e sugere um mecanismo mais
abrangente de atração de animais às bromélias, o qual levaria a adição de
nutrientes pelos animais às bromélias-tanque, na forma de carcaças ou fezes.
FRANK (1983) registrou 470 espécies de organismos aquáticos na
fitotelmata de Bromeliaceae, incluindo até animais vertebrados (anfíbios).
Desde então vários trabalhos têm sido realizados em diversos países como
Colômbia, Costa Rica, Porto Rico, Panamá, Trinidad, Brasil, Estados Unidos
etc., com o intuito de inventariar a fauna de ambientes fitotélmicos, em especial
das bromélias. O número de organismos desde então têm aumentado
grandemente com novos táxons sendo registrados (ordens, famílias, gêneros,
espécies etc.). Com relação aos organismos vegetais, HADEL (1989)
descreveu 27 tipos diferentes associados a estes pequenos corpos d’água. Em
alguns casos estão presentes orquídeas e algumas aráceas como
Philodendron selloun e P. melanorrhizium (REITZ 1983, KALIFE 1995,
POMPELLI 2002).
Com relação à Syrphidae, ainda são poucos os registros encontrados na
literatura, principalmente pela falta de conhecimento da fauna Neotropical.
PICADO (1913), em sua monografia sobre a fitotelmata das bromélias,
ilustrou provavelmente a figura de um Syrphidae, em uma de suas pranchas.
SEIFERT & SEIFERT (1976 a,b) encontraram larvas de Copestylum nas
brácteas preenchidas com água de Heliconia spp. (Strelitziacea) e
RICHARDSON & HULL (2000) registraram Quichuana e Copestylum, utilizando
o mesmo habitat, assim como RICHARDSON et al. (2000), PARADISE (2004),
trabalhando com ocos de árvores na Pensilvânia, Estados Unidos da América,
encontrou o sirfídeo Mallota posticata (Fabricius) como um dos dípteros mais
comuns nestes ambientes.
Com relação à fitotelmata das Bromeliaceae, GILBERT (1993)
acreditava que espécies pertencentes à subfamília Eristalinae pudessem
10
utilizar estes ambientes, disponibilizados pelas bromélias para desenvolvimento
de suas fases imaturas. Em trabalho recente, ROTHERAY et al. (2000)
descreveram duas espécies de Ocyptamus Macquart da Costa Rica, O.
luctuosus (Bigot) e O. wulpianus (Lynch Arribálzaga), cujas larvas foram
coletadas em água acumulada de Bromeliacea, alimentando-se de larvas de
outros invertebrados aquáticos. OSPÍNA-BAUTISTA et al. (2004) registraram
os gêneros Pipiza, Eristalis e Xilota, ocorrendo em Tillandsia turneri Baker nos
Andes Colombianos.
Alguns pesquisadores têm se dedicado exclusivamente ao estudo de
espécies de sirfídeos habitantes da fitotelmata das Bromeliacea, porém poucos
trabalhos foram até agora produzidos: ROTHERAY et al, (2000) e ROTHERAY
et al, (2007), que registraram 22 novas espécies de Copestylum ocorrendo em
Bromeliaceae, além de uma espécie já conhecida.
No Brasil, larvas de sirfídeos foram encontradas na fitotelmata de
bambus, na ilha de Florianópolis (GERSON AZULIM MÜLLER, comunicação
pessoal); com relação às Bromeliaceae nada ainda é conhecido sobre a
ocorrência de Syrphidae em sua fitotelmata.
Uma vez que a destruição e a fragmentação da Floresta Atlântica e
outros ecossistemas litorâneos ocorrem de maneira acelerada, em virtude da
expansão do mercado imobiliário e outras atividades antrópicas, surge à
necessidade da realização de trabalhos que inventariem a fauna presente em
tais ecossistemas, enquanto algumas poucas áreas ainda permanecem bem
conservadas. Dentro da enorme riqueza de seres vivos que estas áreas
apresentam, as Bromeliaceae representam uma parcela importante, tanto pelo
seu endemismo e diversidade de espécies nesses locais, quanto pela
capacidade de acumular água e sustentar comunidades inteiras em seus eixos
foliares. A fitotelmata das Bromeliaceae abriga uma fauna e flora ainda em
grande parte desconhecida, em virtude principalmente de dificuldades
taxonômicas, porém muito rica, não sendo diferente com os Syrphidae. O
inventário e o registro de espécies que utilizem este ambiente no seu ciclo de
vida, bem como a obtenção de alguns dados relacionados a aspectos
ambientais e climáticos podem ajudar a entender o sucesso e a enorme
diversificação de alguns táxons na Região Neotropical.
11
1.6. Bromeliaceae e Floresta Atlântica
A família Bromeliaceae, como citado acima, é endêmica dos
Neotrópicos e apresenta alta riqueza de espécies no sul e sudeste do Brasil
(POR 1992). De acordo com MORI et al. (1981), o endemismo entre as famílias
da vegetação não arbórea da Floresta Atlântica alcança 77,4% sendo a maior
parte composta por bromélias. Nestas relações co-evolucionárias, a
diversidade faunística da Floresta Atlântica pode ser justificada devido à
diversidade das bromélias (MESTRE et al. 2001).
A redução e fragmentação da Floresta Atlântica, associada à alta
disponibilidade de bromélias em ambiente natural e o acesso amplamente
facilitado a estas, fez com que o extrativismo de bromélias no Brasil tivesse
contínua ampliação, provocando grandes danos ambientais. Entre estes estão
a redução da diversidade específica de bromélias e de outras espécies co-
existentes (NAOHUM 1994, LEME 1998, ANACLETO 2001). Dentre as 107
espécies de plantas oficialmente listadas como extintas ou ameaçadas de
extinção no Brasil (1992), 15 são bromélias. Vários outros registros originados
em nível estadual também explicitam situação análoga (e.g. SEMA/SP 2004).
12
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Conhecer a fauna de Syrphidae (Diptera) relacionada à Bromeliaceae
em uma área de Floresta Atlântica no Estado do Paraná.
2.2. Objetivos específicos
Realizar um levantamento da fauna de macroinvertebrados com
ocorrência em Bromeliaceae no Parque Estadual Rio da Onça,
Matinhos, Paraná, no período de dezembro de 2006 a novembro de
2007;
Realizar um levantamento taxonômico de Syrphidae com ocorrência em
Bromeliaceae no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, no
período de dezembro de 2006 a novembro de 2007;
Relacionar a fauna de macroinvertebrados coletados nas Bromeliaceae
com parâmetros morfométricos das plantas (diâmetro e número de
folhas) e climáticos (precipitação pluviométrica);
Relacionar os imaturos de Syrphidae coletados nas Bromeliaceae com
parâmetros morfométricos das plantas (diâmetro e número de folhas) e
climáticos (precipitação pluviométrica);
13
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área de Estudo
O Parque Estadual Rio da Onça (Matinhos, PR, 25º50’S e 48º30’W), foi
criado pelo Decreto 3.825 de 04 de junho de 1981, possuindo cerca de
118,50 . Localiza-se na planície litorânea paranaense, praticamente ao nível
do mar (2-3 m a.n.m.), a cerca de 400m da linha de maré (Fig. 1).
Figura 1. Localização do Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
Nesta porção litorânea, a Floresta Ombrófila Densa Aluvial intercala-se
com áreas de formações pioneiras, representadas por caxetais, brejos
graminóides e restingas, resultantes das linhas de acumulações arenosas
provocadas pelo recuo do mar no quaternário recente (RODERJAN 1980).
Durante anos de exploração, a planície litorânea do Estado do Paraná, teve a
14
maior parte de sua vegetação original destruída para dar lugar a cultivos
agrícolas, sendo que a quase totalidade das áreas de florestas hoje existentes
ocorrem devido à regeneração natural a partir do abandono da atividade
agrícola (RODERJAN 1980) e este cenário se confirma na área do Parque
Estadual do Rio da Onça. Desta forma, atualmente, a área correspondente ao
Parque abriga diferentes estádios sucessionais de Floresta Ombrófila Densa
Aluvial, intercalados a áreas de formações pioneiras. A vegetação é muito
heterogênea e varia de acordo com o tamanho das antigas clareiras e
respectivo grau de recuperação destas. Nas áreas correspondentes a porções
mais maduras de Floresta Ombrófila Densa Aluvial, representadas por
associação arbórea de dossel irregular variando entre 12 a 16 metros de altura,
emergem Clusia criuva Camb. (manguirana), Calophyllum brasiliense Camb.
(guanandi), Andira anthelminthica Benth. (jacaranlombrigueiro). No estrato
de oito metros surgem Pera glabrata (Schott) Poepp. Ex Baill (tabocuva),
Psidium cattleianum Sabine (araçá) e Inga subnuda Salzm ex Benth. (ingá).
Nas áreas alagadiças, há dominância de Tabebuia cassinoides (Lam.) DC.
(caxeta). O sub-bosque é relativamente aberto, o extrato herbáceo-arbustivo é
composto basicamente por bromeliáceas terrestres em especial Nidularium
inocentti Lem., pteridófitas, além da ocorrência esporádica de palmáceas
(MURARO 2006). Outros gêneros de Bromeliaceae que também ocorrem no
local o: Aechmea, Vriesea, Bromelia, Billbergia e Tillandsia (RENATO
GOLDENBERG e JULIANO DE SOUZA SONEHARA, comunicação pessoal).
As áreas de restinga correspondem à vegetação desenvolvida sobre as
acumulações arenosas de antigas dunas, constituídas por um estrato arbóreo
denso e de porte reduzido, composto por Ilex theazans Mart (caúna), Psidium
cattleianum Sabine (araçá), entre outras (RODERJAN 1980). Nas áreas de solo
com melhor drenagem é comum a presença de bromélias terrícolas que ali se
desenvolvem, sendo que grande parte destas correspondem a re-alocação de
plantas apreendidas pelo Instituto Ambiental do Paraná, durante a fiscalização
(MURARO 2006). A família Bromeliaceae é muito representada em restingas
(SILVA & SOMNER 1984, HENRIQUES et al. 1986, FONTOURA et al. 1991,
ARAÚJO 1992), sendo importante para a comunidade como um todo,
principalmente pela capacidade de armazenar água em seu vaso, o que a torna
15
um elemento importante para a manutenção da diversidade deste hábitat
(PICADO 1913, LOPEZ 1997, ROCHA et al. 1997).
Os solos da região onde o Parque está inserido são classificados como
espodossolos e espodossolos cárbicos ocorrendo ainda neossolos
quartzênicos e também solos orgânicos (EMBRAPA 2000). A topografia é
caracterizada por planície de pequena declividade onde ocorrem cordões
litorâneos pouco visíveis devido às atividades antrópicas, determinando um
relevo com ondulações pequenas, com áreas mais baixas de drenagem lenta e
susceptível ao constante alagamento e áreas com drenagens perfeitas
(BARBOSA 2002).
O clima da região de Matinhos, tipo Af segundo a classificação de
Köeppen, é tropical superúmido sem estação seca e isento de geadas, com
temperatura média do mês mais frio, nunca inferior a 18ºC. A precipitação
média anual é de 2100 mm, sendo a precipitação nos meses mais secos (maio
a agosto) superior a 60 mm. No verão, a precipitação é mais regular e intensa
atingindo valores superiores a 800 mm no trimestre. A umidade relativa do ar é
elevada, em torno de 85% (IAPAR 1994). O fotoperíodo, para esta região onde
insere-se o Parque, apresenta uma variação de aproximadamente 14 horas de
luz no verão para pouco mais de dez horas durante o inverno.
Na área do Parque existem trilhas que recortam a vegetação e são
destinadas a facilitar tanto a visitação quanto atividades educativas. A sede
administrativa localiza-se próxima à entrada do Parque cerca de 400 m da
rodovia entre Matinhos e Paranaguá (Fig. 2).
Figura 2. Sede do Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil
A escolha do Parque Estadual Rio da Onça como área de estudo
deveu-se principalmente às suas características vegetacionais, adicionalmente,
16
o Parque oferece estrutura logística adequada à pesquisa assim como
segurança quanto às pressões de atividades antrópicas que pudessem
comprometer os experimentos.
3.2. Coletas e Identificação de Macroinvertebrados
Inicialmente as coletas estavam planejadas para início no mês de agosto
de 2006, porém devido ao baixo índice de pluviosidade registrado para o
inverno e primavera desse ano, as coletas só começaram a partir de dezembro
de 2006, mensalmente, estendendo-se até novembro de 2007, num total de 12
coletas.
A escolha dos pontos de coleta foi realizada a partir de uma coleta-piloto
no mês de novembro de 2006. Cinco pontos foram determinados, distantes
aproximadamente 100 m um do outro, situados lateralmente à esquerda da
Trilha do Grinho no Parque Estadual do Rio da Onça, que possui uma extensão
aproximada de 500 metros (Fig. 1). A área apresenta um relevo bastante
irregular; nas partes mais baixas geralmente há o acúmulo de água e em
alguns locais, ausência de vegetação no sub-bosque, formando vazios apenas
cobertos pelo dossel formado pelas árvores adjacentes. Nestes locais e
também em outras áreas mais altas e secas, observou-se o acúmulo de
serrapilheira, assim como grande quantidade de troncos caídos que em sua
maioria estão completamente colonizados por briófitas, pteridófitas,
Bromeliacea e outras epífitas, muitas vezes, a presença de bromélias terrestres
chega a formar uma espécie de “tapete verde” (Fig. 3), cobrindo quase que
totalmente o solo.
Em cada ponto de coleta foram recolhidas cinco bromélias de forma
aleatória, não restritas a um gênero ou espécie pré-determinados, pois
trabalhos anteriores não mostraram especificidade de Syrphidae às
Bromeliacea para oviposição e desenvolvimento das larvas. Foram coletadas
somente bromélias terrestres, 25 indivíduos a cada dia de coleta, totalizando
300. Estas eram imediatamente acomodadas em sacos plásticos, lacrados e
trazidos até o Laboratório de estudos de Syrphidae e Sciomyzidae
Neotropicais, localizado no Setor de Ciências Biológicas, Departamento de
Zoologia da Universidade Federal do Paraná.
17
Figura 3. “Tapete verde” formado por plantas terrestres da família Bromeliaceae, no Parque
Estadual Rio da Onça, Matinhos-PR.
No laboratório, as bromélias foram cuidadosamente retiradas dos sacos
plásticos, em seguida, tomaram-se as medidas dos seus respectivos diâmetros
(maior distância entre o ápice das folhas). As raízes foram cuidadosamente
retiradas utilizando-se uma faca e descartadas, as folhas foram cortadas
próximas a sua base, desmontadas e lavadas uma a uma cuidadosamente com
água destilada, sobre uma bandeja de cor branca e tamanho adequado para
não deixar escapar nenhum indivíduo. Por fim o número de folhas adultas de
cada bromélia foi contabilizado. Em conjunção, o diâmetro e o número de
folhas forneceram uma estimativa do tamanho da planta.
A macrofauna foi triada e todos os macroinvertebrados ou eventuais
vertebrados foram separados por bromélia e por data de coleta. Todo o
material foi mantido em frascos contendo álcool hidratado a 70%, para
posterior identificação sob microscópio estereoscópico ao nível taxonômico
possível. Os insetos foram identificados em nível de família e os demais
invertebrados em ordem ou classe. Para a identificação dos
macroinvertebrados foram utilizadas as chaves presentes em RUPERT et al.
(2005), para os invertebrados em geral, excluindo os Insecta e Collembola,
BORROR & DELONG (2004), para alguns táxons de Insecta representados por
18
indivíduos adultos e MERRIT & CUMMINS (1984), FERNÁNDEZ &
DOMÍNGUEZ (2001), CARVALHO & CALIL (2000) e PES et al. (2005) para os
demais táxons, representados por estágios larvais de Insecta e pelos
Collembola adultos.
3.3. Criação dos Imaturos de Syrphidae
Não houve tentativa de criação das larvas de Syrphidae capturadas nas
primeiras seis coletas, pois não se dispunha de metodologia específica ou
adequada. Os imaturos encontrados foram sacrificados em água fervente por
dois a três minutos e depois acondicionadas em frascos contendo álcool
hidratado 70% devidamente etiquetados.
ROTHERAY et al. (2007) trabalhando com larvas do gênero Copestylum
que utilizam Bromeliaceae como locais para oviposição e desenvolvimento,
elaboraram uma metodologia satisfatória para obtenção de adultos. Dessa
forma, a partir da sétima coleta, todas as larvas de Syrphidae encontradas nas
bromélias foram separadas para criação, num total de seis. Além das bromélias
utilizadas no experimento, foram coletados sirfídeos em outros exemplares.
As larvas de terceiro ínstar foram individualizadas, colocadas sobre
folhas cortadas de Bromeliacea com aproximadamente 10 cm de comprimento,
no interior de copos de vidro, com 12 cm de altura e seis cm de diâmetro,
preenchidos pela metade com água e pouca quantidade de detritos das
bromélias. Estes copos foram então acondicionados no fundo de recipientes
plásticos com 14 cm de altura, 11 cm de e volume de 0,95 litros, com terra a
aproximadamente 11 cm de altura. A terra foi colocada por não se saber o local
exato em que as larvas empupariam. Dessa forma, se o local de empupação
fosse o solo, elas buscariam a terra para tanto. Por fim, os recipientes foram
cobertos com um saco plástico, no qual foram feitos pequenos furos para
permitir a entrada de ar e mantidos em local sob condições ambientais de luz,
calor e umidade.
Os recipientes foram verificados diariamente, a fim de se encontrar os
pupários. Assim que as larvas empuparam, os mesmos foram retirados do
recipiente e mantidos em placas de Petri, com um pequeno pedaço de folha de
bromélia, permanecendo na placa até sua emergência. As datas nas quais as
19
larvas foram colocadas nos recipientes, a data da empupação, a duração do
período pupal e a data da emergência dos adultos foram anotadas. Os
diferentes estágios (larvas, pupários e adultos) foram fotografados utilizando
uma lupa Leica MZ16, acoplada a uma câmera Leica DFC 500, utilizando o
programa Auto-Montage Pro (Syncroscopy), disponível na sala do Projeto
Taxon line Rede Paranaense de Coleções Biológicas, na Universidade
Federal do Paraná. Os indivíduos adultos foram identificados por comparação
com o material depositado na Coleção Entomológica Padre Jesus Santiago
Moure.
3.4. Análise dos resultados
Com as informações obtidas sobre a abundância dos diferentes táxons
ao longo dos doze meses de coleta, foram construídos gráficos para uma
melhor visualização da participação de cada táxon em relação ao total coletado
e a variação da sua abundância ao longo do ano. Para o gráfico relativo à
distribuição de indivíduos de cada um dos filos registrados, utilizou-se escala
logarítmica, devido a grande diferença de abundância entre eles.
O índice de diversidade de Shannon-Wiener foi calculado para a
entomofauna, nas diferentes estações do ano. Os dados gerados foram
plotados em um gráfico linear que mostra a variação do índice ao longo do
período de coleta, utilizando-se o programa Statistica 6.0. O número total de
táxons coletado também foi analisado como o índice de diversidade.
Foram realizadas análises de regressão linear simples, calculadas para
um grau de p<0,05 (ZAR, 1996), a fim de se detectar alguma relação entre a
abundância de macroinvertebrados e o número total de táxons coletado. Foram
utilizadas como variáveis independentes, o diâmetro e o número de folhas das
plantas e a precipitação acumulada quinze dias antes das coletas; a
abundância e o número de táxons foram tomadas como variáveis dependentes.
Estas duas medidas morfométricas (diâmetro e número de folhas) refletem a
estrutura e complexidade do habitat e sua conseqüente heterogeneidade.
Como variável ambiental somente a precipitação pluviométrica foi
analisada devido ao fato do tanque da bromélia ser um microhabitat restrito
com um microclima específico que sofre poucas alterações de temperatura,
20
umidade relativa e fotoperíodo do ambiente que o circunda. Por sua vez, a
precipitação está diretamente relacionada com a quantidade de água presente
no eixo foliar, importante fator relacionado à abundância e riqueza de espécies
da comunidade. Além disso, todas as bromélias coletadas estavam em regiões
sombreadas.
Os dados de precipitação pluviométrica foram tomados junto à estação
meteorológica localizada no município de Matinhos, Paraná e fornecidos pelo
Sistema Meteorológico do Paraná - SIMEPAR.
Os imaturos da família Syrphidae foram analisados separadamente.
Foram elaborados gráficos mostrando a variação da freqüência relativa das
larvas ao longo do período de coleta e a distribuição das mesmas em
diferentes classes de diâmetro das plantas
Análises de regressão linear simples (p<0,05) foram conduzidas entre a
abundância de Syrphidae e as mesmas variáveis morfométricas e climáticas
citadas anteriormente.
As ordens de insetos mais abundantes, Diptera e Coleoptera, também
foram separadamente analisadas. Tabelas e gráficos foram construídos,
mostrando a abundância e a variação no número de exemplares ao longo do
ano, das ordens e de cada uma das famílias.
Foram calculados índices de correlação simples entre a variação da
abundância das famílias ao longo do ano e, entre a mesma variável para cada
uma das famílias e a precipitação acumulada nos quinze, cinco, três e um dia
antes da realização das coletas. Estes diferentes valores foram utilizados a fim
de se detectarem influências pontuais entre as duas variáveis. Gráficos
também foram elaborados para visualização da variação da precipitação
acumulada e da abundância da ordem e das famílias.
Os índices e os gráficos foram obtidos através do programa Excel 2003
e para a realização de todas as análises de regressão utilizou-se o programa
Statistica 6.0.
21
4. RESULTADOS
4.1. Macrofauna das Bromeliaceae
4.1.1. Caracterização da macrofauna encontrada em Bromeliaceae
Nas doze coletas realizadas, de dezembro de 2006 anovembro de
2007, foram encontrados 23.238 macroinvertebrados, pertencentes a cinco filos
e 34 táxons (Anexo). Devido a pouca bibliografia disponível sobre a taxonomia
de alguns grupos, 7,7% da amostra permaneceram sem identificação. Dentre
os indivíduos identificados, o filo Arthropoda foi dominante, representando
97,61% do total de indivíduos coletados nas Bromeliaceae (Fig. 4). Somente a
classe Insecta representou 70,12% do total coletado, com 21 famílias
encontradas, algumas destas com grande diversidade de espécies. Os outros
filos encontrados foram Nematoda, com 1,23% do total de indivíduos coletados,
Annelida, com 1,02%, seguidos por Mollusca, 0,08% e Platyhelminthes com
0,07% (Fig. 4).
Dentre os xons mais abundantes estiveram em ordem decrescente:
Scirtidae (Coleoptera), com 20,58% do total coletado; Formicidae
(Hymenoptera), 19,52%; Collembola, 17,15%; Chironomidae (Diptera), 9,13%;
Calamoceratidae (Trichoptera), 8,81%; Araneae, 4,71%; Crustacea, 4,37%;
Tipulidae (Diptera), 3,90% e Culicidae (Diptera), com 1,86%. Os outros 25
táxons contribuíram com apenas 9,97% do total da amostra (Fig. 5).
Analisando somente a fauna de Insecta, as ordens mais representativas
foram sete. Coleoptera foi a ordem mais abundante, com 30,66% do total da
fauna entomológica, seguida por Hymenoptera, 27,83%, Diptera, 23,53%,
Trichoptera, 12,56%, Odonata, 2,17%, Blattaria, 1,84% e finalmente,
Dermaptera com apenas 1,37%. As demais ordens encontradas foram
Psocoptera, Thysanoptera e Thysanura que juntas somaram 0,03% dos
indivíduos amostrados (Fig. 6).
22
4.1.2. Abundância, riqueza e diversidade nos diferentes meses de
coleta e estações do ano.
Dentre as 12 coletas realizadas, o mês que apresentou maior
abundância foi janeiro (Fig. 7), quando nas 25 bromélias coletadas obteve-se
um total de 2610 indivíduos. Em contrapartida o mês com a menor abundância
foi junho, com apenas 1027 (Fig. 7). Em média coletou-se 1937
macroinvertebrados por coleta (25 bromélias).
Levando-se em conta o número de táxons coletados em cada mês,
dezembro apresentou o maior número, 30 (Fig. 8), o mês que apresentou o
menor número de táxons coletados foi setembro, com 23. Aproximadamente
50% dos meses tiveram 24 táxons reconhecidos (Fig. 8).
O índice de diversidade de Shannon-Wiener foi calculado para as
famílias de Insecta coletadas nas diferentes estações do ano. A primavera foi a
estação que apresentou maior índice, seguido pelo outono e inverno, com
valores próximos. O verão foi a estação com a menor diversidade (Fig. 9).
A variação do número de táxons nas diferentes estações do ano
apresentou uma tendência não esperada. A primavera foi a estação com maior
riqueza de táxons (30); nas estações seguintes, sempre houve um declínio da
riqueza, chegando até o outono e inverno, onde apenas 24 táxons foram
registrados (Fig. 10).
Por meio de análises de regressão simples tanto o diâmetro (r
2
= 0,
0263, p= 0,0319)(Fig. 11), quanto o número de folhas apresentaram relação
com a abundância de indivíduos, sendo, porém a relação do número de folhas
estatisticamente mais significativa (r
2
= 0,1474, p= 0,0000002)(Fig. 12).
Para as análises de regressão nenhuma das duas variáveis (abundância
x precipitação, r
2
= 0,0129, p= 0,7250; número de táxons x precipitação: r
2
=
0,0757, p= 0,3866) (Figs. 13 e 14) apresentaram relação significativa com o
volume de chuva medido na região.
4.1.3.Ordem Diptera
Foram coletados 3499 dípteros, pertencentes a oito famílias. Os meses
que apresentaram as maiores abundâncias foram: dezembro/2006 (525
23
indivíduos) e janeiro/2007 (410) (Fig. 15). A relação da abundância mensal com
a abundância total foi de 15% e 11,7% respectivamente. A captura média
naqueles meses foi de 21 indivíduos e 16; e a freqüência relativa 25,3% e
15,7% respectivamente (Tab. I).
Os meses com menor abundância foram junho/2007 (140 indivíduos),
março/2007 (191) e fevereiro/2007 (231) (Fig. 15). A relação entre abundância
mensal e abundância total foi de 4%, 5,5% e 6,6% respectivamente. As
freqüências relativas naqueles meses foram 13,6; 11,5 e 10,9% (Tab. I). A
captura média para os mesmos foi de 5,6; 7,7 e 9,2 dípteros por bromélia.
As oito famílias registradas foram: Ceratopogonidae, Chironomidae,
Culicidae, Drosophilidae, Stratiomyidae, Syrphidae, Tabanidae e Tipulidae
(Tabs II e III). A família com maior abundância foi Chironomidae (1974
indivíduos e 56,4% do total de dípteros capturados) e Drosophilidae foi a
menos abundante (30 indivíduos, 0,9% do total da Ordem).
Com o objetivo de se avaliar se famílias diferentes tiveram flutuações
populacionais semelhantes ao longo dos meses foram calculados índices de
correlação simples (Tab. IV). Como resultado a família Ceratopogonidae
apresentou-se altamente correlacionada a Culicidae e Drosophilidae e com um
valor intermediário de correlação com a família Tipulidae. Outras correlações
que se apresentaram altas foram entre as famílias Chironomidae e Tipulidae e
entre Drosophilidae e Stratiomyidae. A família Syrphidae foi também
correlacionada com a família Stratiomyidae (0,55). Os índices de correlação
entre algumas famílias e a ordem como um todo foram bastante altos
(Ceratopogonidae, Chironomidae, Culicidae, Drosophilidae e Tipulidae).
O registro da precipitação acumulada nos diferentes meses de coleta,
mostrou que dezembro de 2006 foi o mês com o maior valor, seguido de
janeiro de 2007. Os meses de outono, Abril e Maio também foram bastante
chuvosos. Em contrapartida, nos meses de agosto e junho de 2007,
praticamente não choveu (Tab. V).
Com relação à precipitação acumulada nos quinze dias anteriores ao dia
da coleta, a abundância da Ordem não se mostrou correlacionada (0,08) (Tab.
VI, Fig. 16). Da mesma forma, quando as famílias foram avaliadas
separadamente, nenhuma das flutuações populacionais das mesmas mostrou-
se correlacionada com a variação da precipitação acumulada ao longo do ano.
24
A família Ceratopogonidae foi a que apresentou a maior correlação,
mesmo assim com um valor relativamente baixo (0,38). Os meses com maior
abundância de dípteros foram dezembro de 2006, janeiro e setembro de 2007,
a precipitação acumulada, computada 15 dias antes das coletas, teve seu
pico em abril de 2007. Nos dias que antecederam a coleta do mês de
setembro, a precipitação acumulada foi praticamente zero.
Índices de correlação também foram calculados entre a variação da
abundância da Ordem Diptera e a precipitação acumulada medida um, três e
cinco dias antes da realização das coletas, a fim de se detectar influências
mais pontuais entre as duas variáveis (Tab. VII). A mesma análise foi realizada
para cada uma das famílias. Com a precipitação acumulada um dia antes das
coletas nenhuma das famílias apresentou valores de correlação acima de 0,5.
Para a precipitação acumulada três dias antes da realização das coletas, as
famílias Ceratopogonidae, Culicidae e Drosophilidae apresentaram os maiores
valores, 0,55, 0,61 e 0,63, respectivamente. Finalmente com a precipitação
acumulada cinco dias antes das coletas, novamente as famílias Culicidae e
Drosophilidae apresentaram os maiores valores de correlação (0,54 e 0,55,
respectivamente).
O índice de correlação entre a flutuação populacional das ordens Diptera
e Coleoptera foi baixo (0,39).
A seguir os resultados para cada uma das família de Diptera serão
apresentados. As famílias apresentam-se em ordem decrescente de
abundância.
Família Chironomidae
A família Chironomidae representou mais da metade do total de dípteros
coletados (56,4%, Tab. II). Foram coletados exemplares durante todo o ano,
em todos os meses. O pico populacional foi encontrado em setembro (236
indivíduos) e a segunda maior abundância em janeiro (216) (Tab. III; Fig. 17).
No mês de junho foram encontrados somente 77 exemplares, sendo este o
mês que apresentou menor abundância. A variação da abundância da família
ao longo do ano se mostrou correlacionada com a da família Tipulidae (0,71)
(Tab. IV), a segunda família mais numerosa dentre os Diptera.
25
A flutuação populacional da família apresentou baixo valor de correlação
com a variação da precipitação acumulada, -0,19 (Tab. VI; Fig. 18).
Família Tipulidae
A família Tipulidae contribuiu com 24,1% do número total de dípteros
(Tab. II). Da mesma forma que o ocorrido em Chironomidae, houve
representantes ao longo de todo o ano, em todos os meses. Porém, com
relação à abundância, janeiro foi o s com maior número de indivíduos (105).
Março e junho apresentaram baixo número de indivíduos, 35 e 41(Tab. III; Fig.
19). O índice de correlação com a precipitação acumulada foi 0,08 (Tab. VI;
Fig. 20). A variação da abundância da família mostrou-se correlacionada com
as flutuações populacionais das famílias Chironomidae, (0,71) e
Ceratopogonidae (0,56) (Tab. IV).
Família Culicidae
Nos doze meses de coleta, 402 culicídeos foram coletados, 11,5% do
total da Ordem (Tab. II). Dezembro de 2006 teve uma abundância muito
superior aos outros meses, 173 indivíduos. Março e junho foram os meses com
menor abundância, assim como ocorrido em Tipulidae, somente quatro
indivíduos em ambos (Tab. III; Fig. 21). A flutuação populacional apresentou
alto valor de correlação com a flutuação da família Ceratopogonidae (0,84)
(Tab. IV). A correlação com a variação da precipitação acumulada foi -0,10.
(Tab. VI; Fig. 22).
Família Ceratopogonidae
Para a família Ceratopogonidae, dezembro foi o mês com o maior
número de indivíduos (29), seguido por janeiro (21) (Tab III; Fig. 23). A família
contribuiu com 3,3% do total de dípteros coletados (Tab. II). Março e outubro
foram os meses com menor abundância, quatro indivíduos. Os índices de
correlação apresentaram valores altos com as variações da abundância das
famílias Drosophilidae (0,96), Culicidae (0,84) e Tipulidae (0,56) (Tab. IV). A
flutuação populacional da família apresentou a maior correlação com a a
variação da precipitação acumulada dentre todas as famílias da ordem Diptera
(0,38) (Tab. VI; Fig. 24).
26
Família Stratiomyidae
Fevereiro e dezembro apresentaram os maiores números de indivíduos,
11 e 10 respectivamente. No mês de julho foi registrado somente um indivíduo,
sendo o mês com a menor abundância (Tab. III). No total a família contribuiu
com 1,7% da ordem Diptera (Tab. II). A variação da sua abundância ao longo
do ano esteve correlacionada com as flutuações populacionais das famílias
Drosophilidae (0,51) e Syrphidae (0,55) (Tab. IV). O valor do índice de
correlação entre a variação da abundância da família com a precipitação
acumulada foi 0,10 (Tab. VI).
Família Tabanidae
A família contribuiu com 1,2% da Ordem (Tab. II). O mês de agosto foi o
mês com o maior número de indivíduos, nove, seguido por novembro com sete.
Os meses de janeiro, fevereiro, março e maio não apresentaram tabanídeos
(Tab. III). Tabanidae diferentemente das outras famílias, apresentou
correlações baixas com todas as outras famílias de Diptera (Tab. IV). A
correlação com a precipitação assim como nas outras famílias foi baixa, -0,22.
(Tab. VI).
Família Syrphidae
No total foram coletados 33 sirfídeos, que correspondem a 0,9% do total
de dípteros coletados (Tab. II). Janeiro teve a maior abundância, 11 indivíduos,
seguido por março, com seis. Seis dos meses não apresentaram nenhum
Syrphidae, abril, maio, julho, setembro, outubro e novembro (Tab. III). A
abundância de Syrphidae esteve correlacionada com a da família Stratiomyidae
(0,55) (Tab. IV). Com relação ao valor da correlação com a variação da
precipitação acumulada, este foi baixo foi 0,08 (Tab. VI).
Família Drosophilidae
Os drosofilídeos estiveram presentes somente nos meses de dezembro
e janeiro, com 21 e nove indivíduos respectivamente. Nos outros meses, não
foram registrados indivíduos (Tab. III). Sua flutuação populacional ao longo do
ano esteve correlacionada com as das famílias Ceratopogonidae (0,96) e
27
Stratiomyidae (0,51) (Tab. IV). O índice de correlação entre a abundância e a
precipitação acumulada foi 0,29, o segundo maior valor entre as famílias
registradas (Tab. VI).
4.1.4. Ordem Coleoptera
Nas doze coletas realizadas, 4.606 coleópteros pertencentes a cinco
famílias foram amostrados. O mês com o maior número de indivíduos foi
janeiro de 2007 (457), representando 9,9 % do total de coleópteros coletados,
o mês que apresentou a menor abundância foi março de 2007 (288, 6,2%)
(Tab. VIII; Fig. 25). O mês com a maior freqüência relativa foi junho de 2007,
onde 30,5% dos macroinvertebrados coletados eram coleópteros, em fevereiro
de 2007, apenas 15,5% dos indivíduos pertenciam a ordem Coleoptera (Tab.
VIII). Janeiro de 2007 apresentou a maior captura média, 18,2 e março de 2007
a menor, 11,5 coleópteros por bromélia.
As cinco famílias registradas foram: Scirtidae, Lampiridae, Curculionidae,
Staphilinidae e Hydrophilidae (Tab. IX). A família mais representativa foi
Scirtidae, com 96,66% do total de coleópteros capturados. Staphilinidae e
Hydrophilidae foram as famílias menos abundantes, com apenas um indivíduo,
cada uma. A variação da abundância das famílias ao longo dos meses de
coleta está representada na tabela X.
Índices de correlação entre a abundância da Ordem ao longo do ano e
das famílias registradas foram calculados. O maior valor de correlação foi entre
a ordem Coleoptera e a família Scirtidae (0,99), em virtude de quase 97% dos
coleópteros pertencerem a família Scirtidae.
Com relação à precipitação acumulada, a abundância da Ordem não se
mostrou correlacionada (-0,06), assim como registrado para Diptera. Nenhuma
das famílias se mostrou fortemente correlacionada com a precipitação
acumulada. Lampiridae foi a que apresentou a maior correlação, porém com
um valor baixo (0,35) (Tab. XI). A figura 26 ilustra as variações da abundância
da Ordem a da precipitação acumulada ao longo do período de coleta.
Foram calculados, assim como em Diptera, os índices de correlação
entre a abundância da Ordem e das famílias mais abundantes, Scirtidae e
Lampiridae e a precipitação acumulada um, três e cinco dias antes das coletas.
28
Nenhum dos valores obtidos foram superiores a 0,05, mostrando baixa
correlação entre essas duas variáveis (Tab. XII).
A seguir serão apresentados os resultados das duas famílias que
apresentaram maior abundância: Scirtidae e Lampiridae.
Família Scirtidae
Scirtidae foi o táxon mais abundante dentre todos os registrados na
fitotelmata das Bromeliaceae. A família totalizou 96,7% da ordem Coleoptera
(Tab. IX) e esteve presente com grande número de indivíduos em todos os
meses do ano. No total foram coletados 4452 indivíduos (Tab. VIII). Setembro
teve a maior abundância, 441 indivíduos, seguido por outubro, com 427. O mês
com o menor número de indivíduos foi março, com 278 indivíduos coletados
(Tab. X; Fig. 27). A abundância da família o esteve correlacionada com a
família Lampiridae. O valor da correlação com a precipitação acumulada foi
baixo, -0,10 (Tab. XI; Fig. 28).
Família Lampiridae
Janeiro foi o mês com a maior abundância de lampirídeos, 34 indivíduos.
os meses que apresentaram menor abundância foram junho, com cinco
indivíduos e julho e setembro com seis. A família contribuiu com 3,19% do total
de coleópteros (Tab. X; Fig. 29). O índice de correlação da flutuação
populacional ao longo do ano com a variação da precipitação acumulada foi
baixo, porém alto quando comparado com a família Scirtidae e a ordem
Coleoptera, 0,35 (Tab. XI; Fig. 30).
4.1.5. Imaturos de Syrphidae coletados em Bromeliaceae
Nos 12 meses de coleta foram capturados 33 indivíduos imaturos
pertencentes à família Syrphidae (Figs. 31-38), com uma freqüência relativa de
0,14% do total de macroinvertebrados. No mês de janeiro foram coletadas um
terço das larvas, ou seja, 11 indivíduos, sendo o mês com maior abundância de
sirfídeos, 0,42%, da fitotelmata das Bromeliaceae. Nos meses de abril, maio,
setembro, outubro e novembro não foram coletados imaturos de Syrphidae
(Fig. 39).
29
Avaliando-se o tamanho das plantas, especificamente o diâmetro,
observou-se que 72% das larvas apresentaram-se distribuídas em três classes
de diâmetro, de 48 - 54 cm, de 55 60 cm e de 61 a 66 cm (Fig. 40). O maior
número de imaturos (11 indivíduos) concentrou-se na classe que vai de 55 cm
a 60 cm (Fig. 40).
Realizaram-se análises de regressão simples, com intervalo de
confiança de 95,0%, a fim de se encontrar alguma relação entre a abundância
de imaturos de Syrphidae e o diâmetro e número de folhas das plantas. Não foi
encontrada relação entre o número de imaturos de Syrphidae coletados nas
Bromeliaceae e o diâmetro das mesmas (r
2
=0,0161, p=0,5635; Fig. 41), bem
como entre o número de imaturos e o número de folhas das plantas (r
2
=0,0686,
p=0,2273; Fig. 42).
Análises de regressão também foram utilizadas para se estabelecer
relações entre a freqüência relativa de larvas de Syrphidae e precipitação
acumulada na região de coleta. Também não se encontrou relação significativa
entre as duas variáveis (r
2
= 0,0021, p= 0,8865; Fig. 43).
4.2. Syrphidae adultos obtidos em laboratório
No total, 12 larvas foram usadas em tentativas de criação. Destas, cinco
(aproximadamente 42%) atingiram o estágio adulto. Três sirfídeos pertenciam
ao gênero Lejops Rondani, espécie Lejops barbiellinii Ceresa (Figs. 44-51); um
ao gênero Copestylum Macquart (Figs. 52-59) e outro ao gênero Quichuana
Knab (Figs. 60-67). Para estes últimos dois exemplares não foi possível a
identificação ao nível específico. Lejops barbiellinii possui um período pupal um
pouco mais longo, em torno de 24 dias, quando comparado aos outros dois
gêneros (Tab. XIII): 17 dias para Copestylum e 14 para Quichuana.
Foi o primeiro registro do gênero Lejops em Bromeliaceae, bem como
em qualquer outro ambiente fitotélmico. A pupa do gênero Lejops ainda não
está descrita na literatura.
As descrições necessárias serão oportunamente realizadas para
publicação.
30
Freqüência relativa dos filos coletados em Bromeliaceae
0,01
0,10
1,00
10,00
100,00
P
l
a
t
y
h
e
l
m
i
n
t
h
e
s
A
n
n
e
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p
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a
-
I
n
s
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t
a
Freq.Relativa (%)
Figura 4. Freqüência relativa (%) dos filos coletados em Bromeliaceae, no Parque Estadual
Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a novembro de 2007.
Freqüência relativa dos táxons mais abundantes coletados em
Bromeliaceae
1,86
3,9
4,37
4,71
8,81
9,13
17,15
20,58
19,52
9,97
0
5
10
15
20
25
D
i
pter
a
-
Cu
l
icida
e
Dipt
e
ra - Tipulidae
C
ru
stacea
A
ra
n
eae
T
rich
o
p
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e
ra
-
Ca
l
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c
e
rati
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pter
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-
Ch
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idae
C
ol
l
e
mb
o
l
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Cole
o
pte
r
a
S
c
i
rt
i
d
a
e
Hymenoptera - Formicidae
D
e
ma
i
sxon
s
Freq. Relativa (%)
Figura 5. Freqüência relativa (%) dos táxons mais abundantes, coletados em Bromeliaceae, no
Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a novembro de 2007.
31
Freqüência Relativa das ordens de insetos coletadas em
Bromeliaceae
1,84
30,66
1,37
23,53
27,83
2,17
12,56
0,030
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
Bl
a
ttaria
Coleop
te
ra
Dermaptera
Di
p
te
r
a
Hymen
o
pt
e
ra
Odo
n
at
a
Tri
c
h
o
p
te
ra
De
m
a
i
s
ordens
Freq. Rel.(%)
Figura 6. Freqüência relativa (%) das ordens de Insecta mais abundantes, coletadas em
Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a
novembro de 2007.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Dez.
06
Jan.
07
Fev.
07
Mar.
07
Abr
.07
Mai.
07
Jun.
07
Jul.
07
Ago.
07
Set.
07
Out.
07
Nov.
07
Figura 7. Variação da abundância de macroinvertebrados coletados em Bromeliaceae, no
Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a novembro de 2007.
32
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Dez.
06
Jan.
07
Fev.
07
Mar.
07
Abr
.07
Mai.
07
Jun.
07
Jul.
07
Ago.
07
Set.
07
Out.
07
Nov.
07
Figura 8. Variação do número de táxons coletados em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio
da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a novembro de 2007.
Figura 9. Variação do índice de diversidade de Shannon-Wiener para a entomofauna coletada
em Bromeliaceae, nas diferentes estações do ano, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos,
PR, de dezembro de 2006 a novembro de 2007.
33
Figura 10. Variação do mero de táxons coletados em Bromeliaceae, nas diferentes estações
do ano, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a novembro de
2007.
Figura 11. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre o diâmetro das
plantas (variável independente) e a abundância de macroinvertebrados (variável dependente)
coletados em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de
2006 a novembro de 2007.
Diâmetro x Abundância
20 40 60 80 100 120 140 160
Diâmetro
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
260
280
Abundância
Diâmetro:Abund.: r
2
= 0,0263; r = 0,1623, p = 0,0319; y = 47,3427933 + 0,458224792*x
34
Figura 12. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre o número de
folhas das plantas (variável independente) e a abundância de macroinvertebrados (variável
dependente) coletados em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de
dezembro de 2006 a novembro de 2007.
Figura 13. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre a precipitação
acumulada (variável independente) e a abundância de macroinvertebrados (variável
dependente) coletados em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de
dezembro de 2006 a novembro de 2007.
Nº de folhas
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Nº de folhas
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
260
280
Abundância
Nº de folhas:Abund.: r
2
= 0,1474; r = 0,3839, p = 0,0000002; y = -18,0256514 + 4,0607646*x
35
Figura 14. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre a precipitação
acumulada (variável independente) e o número de táxons (variável dependente) coletados em
Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a
novembro de 2007.
36
0
100
200
300
400
500
600
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Diptera
Figura 15. Flutuação populacional de dípteros coletados em bromélias no período de
Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
0
100
200
300
400
500
600
Dez
Ja
n
Fev
M
a
r
Abr
M
a
i
Jun
Jul
Ag
o
Set
Ou
t
N
o
v
Diptera
Prec. Acum.
Figura 16. Variação da abundância de Diptera coletados e da precipitação acumulada em
milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça,
Matinhos, Paraná, Brasil.
0
50
100
150
200
250
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Chironomidae
Figura 17. Flutuação populacional de quironomídeos coletados em bromélias no período de
Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
37
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Chironomidae
Prec. Acum.
Figura 18. Variação da abundância de Chironomidae coletados e da precipitação acumulada
em milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
0
20
40
60
80
100
120
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Tipulidae
Figura 19. Flutuação populacional de tipulídeos coletados em bromélias no período de
Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Dez Jan FevMar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
0
20
40
60
80
100
120
Prec. Acum.
Tipulidae
Figura 20. Variação da abundância de Tipulidae coletados e da precipitação acumulada em
milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça,
Matinhos, Paraná, Brasil.
38
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Culicidae
Figura 21. Flutuação populacional de culicídeos coletados em bromélias no período de
Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Dez Jan FevMar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Prec. Acum.
Culicidae
Figura 22. Variação da abundância de Culicidae coletados e da precipitação acumulada em
milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça,
Matinhos, Paraná, Brasil.
0
5
10
15
20
25
30
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Ceratopogonidae
Figura 23. Flutuação populacional de ceratopogonídeos coletados em bromélias no período de
Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
39
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Dez
Jan
Fev
Ma
r
Ab
r
M
a
i
Jun
Jul
Ag
o
Se
t
Out
Nov
0
5
10
15
20
25
30
35
Prec. Acum.
Ceratopogonidae
Figura 24. Variação da abundância de Ceratopogonidae coletados e da precipitação
acumulada em milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque
Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Coleoptera
Figura 25. Flutuação populacional de coleópteros coletados em bromélias no período de
Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Dez
Ja
n
Fev
M
a
r
Abr
Mai
J
un
Ju
l
Ag
o
Set
Out
No
v
Coleoptera
Prec. Acum.
Figura 26. Variação da abundância de Coleoptera coletados e da precipitação acumulada em
milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça,
Matinhos, Paraná, Brasil.
40
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Scirtidae
Figura 27. Flutuação populacional de Scirtidae coletados em bromélias no período de
Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
D
e
z
Jan
Fe
v
M
ar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
S
e
t
O
u
t
N
o
v
Scirtidae
Prec. Acum.
Figura 28. Variação da abundância de Scirtidae coletados e da precipitação acumulada em
milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça,
Matinhos, Paraná, Brasil.
0
5
10
15
20
25
30
35
Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Lampiridae
Figura 29. Flutuação populacional de lampirídeos coletados em bromélias no período de
Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
41
0
50
100
150
200
250
300
350
400
D
ez
Jan
Fe
v
M
a
r
Abr
Mai
Ju
n
Jul
Ag
o
S
e
t
Out
N
o
v
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Prec. Acum.
Lampiridae
Figura 30. Variação da abundância de Lampiridae coletados e da precipitação acumulada em
milímetros no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça,
Matinhos, Paraná, Brasil.
42
Figuras 31-38. Larvas de Syrphidae coletadas em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da
Onça, Matinhos, PR. 31 e 33 - aspecto geral do corpo, vista lateral, 32 apêndices
locomotores, 34 e 35 aspecto geral do corpo, vista dorsal, 36 aspecto geral do corpo, vista
ventral mostrando as ventosas, 37 e 38 – sifões respiratórios.
31
32
33
34
35
36
37
38
43
Variação da freqüência relativa de Syrphidae imaturos
coletados em Bromeliaceae
0,000
0,001
0,001
0,002
0,002
0,003
0,003
0,004
0,004
0,005
Dez.
06
Jan.
07
Fev.
07
Mar.
07
Abr.
07
Mai.
07
Jun.
07
Jul.
07
Ago.
07
Set.
07
Out.
07
Nov.
07
Mês/Ano
Freq. Rel. (%)
Figura 39. Variação da freqüência relativa (%) de larvas de Syrphidae coletadas em
Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006 a
novembro de 2007.
Distribuição de Syrphidae com relação ao diâmetro das
Bromeliaceae
0
2
4
6
8
10
12
30,0 -
36,0
36,0 -
42,0
42,0 -
48,0
48,0 -
54,0
54,0 -
60,0
60,0 -
66,0
66,0 -
72,0
72,0 -
78,0
78,0 -
84,0
84,0 -
90,0
90,0 -
96,0
96,0 -
144,0
Classes de diâmetro (cm)
Nº de imaturos
Figura 40. Distribuição das larvas de Syrphidae em diferentes classes de diâmetro, de
Bromeliaceae coletadas no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de 2006
a novembro de 2007.
44
Figura 41. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre o diâmetro das
plantas (variável independente) e a abundância de larvas de Syrphidae (variável dependente)
coletadas em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de dezembro de
2006 a novembro de 2007.
Figura 42. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre o número de
folhas das plantas (variável independente) e a abundância de larvas de Syrphidae (variável
dependente) coletadas em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de
dezembro de 2006 a novembro de 2007.
Diâmetro x Nº de sirfídeos
030 040 050 060 070 080 090 0100
Diâmetro x Nº de sirfídeos
0
1
2
3
4
5
6
7
Nº de sirfídeos
Diâmetro:Nº sirfídeos: r
2
= 0,0161; r = -0,1270, p = 0,5635; y = 2,09396066 - 0,0104739863*x
Nº de folhas x Nº de sirfídeos
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
Nº de folhas
0
1
2
3
4
5
6
7
Nº sirfídeos
Nº de folhas:Nº sirfídeos: r
2
= 0,0686; r = -0,2619, p = 0,2273; y = 3,2079536 - 0,0741507871*x
45
Figura 43. Resultado gráfico da análise de regressão simples realizada entre a precipitação
acumulada (variável independente) e a abundância de larvas de Syrphidae (variável
dependente) coletadas em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, PR, de
dezembro de 2006 a novembro de 2007.
46
Figuras 44-51. Lejops barbiellinii. 44 - adulto, vista dorsal, 45 - adulto, vista lateral, 46 larva,
vista dorsal, 47 larva, vista ventral, 48 larva, apêndices locomotores, 49 larva, sifão
respiratório, 50 – pupa, vista dorsal, 51 – espiráculos da pupa.
45
46
47
48
49
50
51
44
47
Figuras 52-59. Copestylum sp. 52 - adulto, vista dorsal, 53 - adulto, vista lateral, 54 larva,
vista dorsal, 55 larva, porção dorsal anterior , 56 larva, porção ventral posterior, 57
pupário, vista dorsal, 58 – espiráculo, 59 – opérculo do pupário.
52
53
54
55
56
57
58
59
48
Figuras 60-67. Quichuana sp. 60 - adulto, vista dorsal, 61 - adulto, vista lateral, 62 adulto,
vista lateral da cabeça, 63 larva, vista dorsal, 64 larva, porção dorsal anterior, 65 – pupário,
vista lateral, 66 – espiráculo, 67 – opérculo do pupário.
60
61
62
63
64
65
66
67
49
Tabela I. Abundância, relação da abundância mensal/abundância total, freqüência relativa e
captura média de Diptera coletados em bromélias no período de Dezembro/2006 a
Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
Mês
Ordem
de
abund.
absoluto
%
Freq.
Rel.(%)
Captura
média
Dezembro/2006 1 525 15,0 25,3 21
Janeiro/2007 2 410 11,7 15,7 16,4
Fevereiro/2007 10 231 6,6 10,9 9,2
Março/2007 11 191 5,5 11,5 7,6
Abril/2007 9 237 6,8 14,0 8,4
Maio/2007 6 282 8,1 17,0 11,2
Junho/2007 12 140 4,0 13,6 5,6
Julho/2007 5 300 8,6 14,6 12
Agosto/2007 7 260 7,4 12,4 10,4
Setembro/2007 3 360 10,3 15,8 14,4
Outubro/2007 4 315 9,0 14,6 12,6
Novembro/2007 8 248 7,1 13,7 9,9
Total 3499 100
Tabela II. Famílias de Diptera: número total de indivíduos por família e porcentagem da relação
família/toral de dípteros coletados na fitotelmata de bromélias no período de Dezembro/2006 a
Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
Família Nº absoluto %
Chironomidae 1974 56,4
Tipulidae 843 24,1
Culicidae 402 11,5
Ceratopogonidae 115 3,3
Stratiomyidae 60 1,7
Tabanidae 42 1,2
Syrphidae 33 0,9
Drosophilidae 30 0,9
Total 3499 100,0
Tabela III. Famílias de Diptera: número absoluto de exemplares coletados por mês na
fitotelmata de bromélias no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual
Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
Família
De
z/0
6
Jan
/07
Fev
/07
Mar
/07
Abr
/07
Mai
/07
Jun
/07
Jul/
07
Ag
o/0
7
Set
/07
Out
/07
Nov
/07
Total
Chironomidae 196 216 131 138 156 191 77 177 154 236 180 122 1974
Tipulidae 87 105 70 34 59 74 41 71 68 75 88 71 843
Culicidae 173 42 9 4 7 9 4 39 8 37 36 34 402
Ceratopogonidae 29 21 5 4 9 6 6 7 9 6 4 9 115
Stratiomyidae 10 6 11 5 4 2 3 1 8 2 3 5 60
Tabanidae 5 0 0 0 2 0 6 5 9 4 4 7 42
Syrphidae 4 11 5 6 0 0 3 0 4 0 0 0 33
Drosophilidae 21 9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30
525 410 231 191 237 282 140 300 260 360 315 248 3499
50
Tabela IV . Índice de correlação entre a distribuição dos exemplares ao longo do período de
coleta - Diptera e famílias e entre famílias. Dipt.=Diptera, Cerato.=Ceratopogonidae,
Chiro.=Chironomidae, Culic.=Culicidae, Droso.=Drsophilidae, Syrp.=Syrphidae,
Strat.=Stratiomyidae, Taban.=Tabanidae e Tipul.=Tipulidae.
Correlação Dipt. Cerato. Chiro. Culic. Droso. Syrp. Strat. Taban. Tipul.
Dipt. x
0,81
0,79
0,86
0,83
0,19 0,25 -0,01
0,80
Cerato. x 0,37
0,84
0,96
0,46 0,48 0,06
0,56
Chiro. x 0,41 0,36 0,04 -0,14 -0,24
0,71
Culic. x 0,92 0,09 0,37 0,19 0,49
Droso. x 0,41
0,51
0,00 0,49
Syrp. x
0,55
-0,35 0,18
Strat. x -0,02 0,17
Taban. x -0,05
Tipul. x
Tabela V . Precipitação acumulada (mm) nos diferentes meses de coleta. Prec.
Acum.=Precipitação acumulada
Mês Prec. Acum. (mm)
Dez.06 326,8
Jan.07 218,8
Fev.07 98,6
Mar.7 103,4
Abr.07 182,0
Mai.07 176,6
Jun.07 7,6
Jul.07 126,0
Ago.07 2,0
Set.07 49,8
Out.07 88,4
Nov.07 166,2
Tabela VI. Índices de correlação entre a abundância da ordem Diptera e das famílias
registradas com a precipitação acumulada 15 dias antes da realização das coletas. Prec.
Acum.=Precipitação Acumulada, Dipt.=Diptera, Cerato.=Ceratopogonidae,
Chiro.=Chironomidae, Culic.=Culicidae, Droso.=Drosophilidae, Syrp.=Syrphidae,
Strat.=Stratiomyidae, Taban.=Tabanidae e Tipul.=Tipulidae.
Fam. Prec. Acum. (mm)
Dipt. 0,08
Cerato. 0,38
Chiro. 0,19
Culic. 0,10
Droso. 0,29
Syrp. 0,08
Strat. 0,10
Taban. -0,22
Tipul. 0,08
51
Tabela VII. Índices de correlação entre a abundância da ordem Diptera e das famílias
registradas com a precipitação acumulada um, três e cinco dias antes da realização das
coletas. Prec. Acum.=Precipitação Acumulada, Dipt.=Diptera, Cerato.=Ceratopogonidae,
Chiro.=Chironomidae, Culic.=Culicidae, Droso.=Drosophilidae, Syrp.=Syrphidae,
Strat.=Stratiomyidae, Taban.=Tabanidae e Tipul.=Tipulidae.
Família Prec. Acum.(mm) 1 dia Prec. Acum.(mm) 3 dias
Prec. Acum.(mm) 5 dias
Dipt. 0,12 0,44 0,26
Cerato. -0,01
0,55
0,45
Chiro. 0,09 0,35 0,34
Culic. -0,02
0,61 0,54
Droso. 0,02
0,63 0,55
Syrp. -0,19 -0,11 -0,06
Strat. 0,02 0,20 0,18
Taban. -0,43 -0,21 -0,22
Tipul. 0,10 0,43 0,54
Tabela VIII. Abundância, relação da abundância mensal/abundância total, freqüência relativa e
captura média de Coleoptera coletados em bromélias no período de Dezembro/2006 a
Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
Mês
Ordem
de
abund.
absoluto
% do
total
Freq.Rel.(%)
Captura
média
Dezembro/2006 8 373 8,1 18,0 14,9
Janeiro/2007 1 457 9,9 17,5 18,2
Fevereiro/2007 10 329 7,1 15,5 13,1
Março/2007 12 288 6,2 17,3 11,5
Abril/2007 7 388 8,4 22,9 15,5
Maio/2007 6 394 8,5 23,7 15,7
Junho/2007 11 313 6,8 30,5 12,5
Julho/2007 5 412 8,9 20,1 16,4
Agosto/2007 4 424 9,2 20,2 16,9
Setembro/2007 2 447 9,7 19,6 17,8
Outubro/2007 3 434 9,4 20,1 17,3
Novembro/2007 9 347 7,5 19,2 13,8
Total 4606 100,00
Tabela IX. Famílias de Coleoptera: número total de indivíduos por família e porcentagem da
relação família/total de dípteros coletados na fitotelmata de bromélias no período de
Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
Família Nº absoluto %
Scirtidae 4452 96,66
Lampiridae 147 3,19
Curculionidae 5 0,11
Straphilinidae 1 0,02
Hydrophilidae 1 0,02
Total 4606 100
52
Tabela X. Famílias de Coleoptera: número absoluto de exemplares coletados por mês na
fitotelmata de bromélias no período de Dezembro/2006 a Novembro/2007 no Parque Estadual
Rio da Onça, Matinhos, Paraná, Brasil.
Família
De
z/0
6
Jan
/07
Fev
/07
Mar
/07
Abr
/07
Mai
/07
Jun
/07
Jul/
07
Ag
o/0
7
Set
/07
Out
/07
No
v/0
7
Total
Scirtidae 358 422 317 278 373 376 307 406 408 441 427 339 4452
Lampiridae 13 34 11 10 15 16 5 6 16 6 7 8 147
Curculionidae 1 1 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 5
Staphilinidae 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Hydrophilidae 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Total 373 457 329 288 388 394 313 412 424 447 434 347 4606
Tabela XI. Índices de correlação entre a abundância da ordem Coleoptera e das famílias
registradas com a precipitação acumulada 15 dias antes da realização das coletas. Prec.
Acum.=Precipitação acumulada, Coleop.=Coleoptera, Scirt.=Scirtidae e Lamp.=Lampiridae.
Família Prec. Acum. (mm)
Coleop. -0,06
Scirt. -0,10
Lamp. 0,35
Tabela XII. Índices de correlação entre a abundância da ordem Coleoptera e das famílias
registradas com a precipitação acumulada um, três e cinco dias antes da realização das
coletas. Prec. Acum.=Precipitação acumulada, Coleop.=Coleoptera, Scirt.=Scirtidae e
Lamp.=Lampiridae.
Família Prec. Acum.(mm) 1 dia Prec. Acum.(mm) 3 dias
Prec. Acum.(mm) 5 dias
Coleop. -0,13 0,15 0,25
Scirt. -0,17 0,11 0,22
Lamp. 0,16 0,25 0,22
Tabela XIII. Número total e duração do período pupal, das espécies de Syrphidae obtidas em
laboratório, a partir de larvas coletadas em Bromeliaceae, no Parque Estadual Rio da Onça,
Matinhos, PR.
nero/Espécie Total Período pupal (dias)
Lejops barbiellinii 3 25
24
21
Copestylum sp. 1 17
Quichuana
sp.
1 14
53
5. DISCUSSÃO
5.1. Macrofauna encontrada nas Bromeliaceae
Desde o trabalho clássico de PICADO (1913), tratando sobre a fauna
que habitava as bromélias na Costa Rica, vários trabalhos m sido
desenvolvidos com o intuito de investigar as relações e os habitantes dessas
comunidades.
Nas últimas décadas muitos inventários sobre a fauna de determinadas
espécies de Bromeliaceae foram realizados em vários países (e.g.
BEUTELSPACHER 1971, SALAMANDRA 1977, PALACIOS-VARGAS 1981 e
1982, DOMINGUES et al. 1989, OCHOA 1993, OLIVEIRA et al. 1994,
WITTMAN 2000, MESTRE et al. 2001, OSPÍNA-BAUTISTA et al. 2004, FRANK
et al. 2004) e estudos mais detalhados sobre as relações entre os organismos
e a estruturação dessas comunidades também se tornaram objeto de estudo
de muitos pesquisadores (FRANK 1983, PAOLETTI et al. 1991, COTGREAVE
et al. 1993 e RICHARDSON 1999).
A maioria dos grupos taxonômicos de macroinvertebrados encontrados
nas Bromeliaceae do Parque Estadual Rio da Onça haviam sido registrados
em outros trabalhos citados acima, como Platyhelminthes, Nematoda,
Annelida, Chilopoda, Crustacea, Collembola e Insecta. Assim, é provável que
as bromélias possuam uma fauna característica, permanente e transitória, mas
com a predominância de alguns grupos.
Diferentes trabalhos realizados com espécies definidas de bromélias,
como por exemplo, MESTRE et al. (2001), utilizando Vriesea inflata, FRANK et
al. (2004), trabalhando com quatro espécies do gênero Tillandsia e OSPÍNA-
BAUTISTA et al. (2004), com Tillandsia turneri, encontraram praticamente os
mesmos táxons que os registrados no presente trabalho. No Parque Estadual
Rio da Onça a grande maioria das bromélias pertencia à espécie Nidularium
inoccentii Lemaire. Dentre os trabalhos citados acima, o mais pertinente a
comparações é o de MESTRE et al. (2001), pois o mesmo foi realizado próximo
ao Parque Estadual Rio da Onça, no mesmo ecossistema, com condições
climáticas semelhantes e também foram feitas comparações sobre abundância,
riqueza e diversidade de macroinvertebrados em diferentes estações do ano. O
54
parâmetro que apresenta certa diferença é o de altitude entre as duas áreas: o
Parque Estadual Rio da Onça fica situado entre 3 a 6 m acima do nível do mar,
MESTRE et al. (2001), trabalharam numa região com altitude de
aproximadamente 1189m. Porém a fauna encontrada foi bastante similar.
RICHARDSON (1999) trabalhando em bosques entre 600 e 1070m,
encontrou diferenças na abundância e dominância dos táxons em diferentes
altitudes, com Coleoptera e Diptera se revezando como táxons mais
abundantes.
MESTRE et al. (2001) encontrou um total de 23 táxons, numa amostra
de 40 bromélias, 20 delas terrestres. No presente trabalho 34 táxons foram
registrados em 300 bromélias, todas terrestres. A diferença deve-se
provavelmente ao número amostral, mas também a outros fatores, como o
tamanho das plantas coletadas ou a quantidade de água retida nas mesmas.
Entre os táxons mais abundantes encontrados por MESTRE et al. (2001), em
bromélias terrestres, apareceram Coleoptera, Scirtidae (35,5%), Diptera
(26,9%) e Hymenoptera, Formicidae (15,7%), as proporções para estes táxons
no presente trabalho foram: Coleoptera, Scirtidae, também foi o mais
abundante (20,58%), seguido por Hymenoptera, Formicidae (19,52%) e todos
os Diptera totalizaram 16,50%.
As freqüências relativas são parecidas. A alta abundância de Scirtidae é
explicada pelo fato das larvas, mesmo não sendo aquáticas, estarem
intimamente associadas à água acumulada nas bromélias, que se alimentam
de algas e fungos aquáticos (COSTA et al., 1988). O fato de Diptera ter
aparecido com uma freqüência menor que a registrada por MESTRE et al.
(2001) pode ser devido ao tamanho reduzido de algumas bromélias, resultando
em um volume menor de água, essencial para o desenvolvimento das larvas de
Diptera que utilizam tal ambiente para seu desenvolvimento. Dentre os
Hymenoptera, somente indivíduos da família Formicidae foram encontrados,
em diferentes estágios de desenvolvimento (ovos, pupas e adultos),
confirmando o desenvolvimento de ninhos nas bromélias e não somente o
comportamento de forrageio das mesmas. Outros táxons também estiveram
presentes em ambos os trabalhos, como Phylloicus sp. (Trichoptera,
Calamoceratidae), Isopoda (Crustacea) e Araneae.
55
OSPÍNA-BAUTISTA et al. (2004), da mesma forma, encontraram Scirtes
(Coleoptera, Scirtidae) como o táxon mais abundante em bromélias dos Andes
Colombianos e assim como MESTRE et al. (2001), Coleoptera (40,54%) e
Diptera (25,54%) como táxons mais abundantes. O terceiro táxon mais
abundante, porém, foi Cladocera (Crustacea, 25,43%), táxon que esteve
ausente nas coletas de MESTRE et al. (2001) e neste estudo.
ARMBRUSTER et al. (2002), coletaram 209 bromélias epífitas e
obtiveram 354 morfo-espécies. Destas, 57% foram representadas por um único
indivíduo e 11% por dois indivíduos; nas coletas realizadas no Parque Estadual
Rio da Onça, esta relação também parece ocorrer, que muitos táxons
apresentaram muito pouco indivíduos.
Alguns trabalhos como ARMBRUSTER et al. (2002) e OSPÍNA-
BAUTISTA et al. (2004) classificaram os macroinvertebrados coletados na
fitotelmata das bromélias em diferentes guildas alimentares e relações entre as
proporções dessas guildas poderiam fornecer muitas informações a respeito da
estruturação e complexidade dessas comunidades. Neste trabalho, mesmo
sendo possível a identificação dos indivíduos ao nível específico, faltariam
muitas informações a respeito da biologia e ecologia dos animais, em virtude
da fauna das Bromeliaceae ser pouco conhecida.
Os meses com maior abundância foram janeiro, setembro e outubro. O
mês com menor abundância foi junho. Dezembro foi o s com o maior
número de xons, setembro teve o menor número de táxons registrados.
MESTRE et al. (2001), comparando a abundância e riqueza de
macroinvertebrados ao longo das diferentes estações do ano, encontrou uma
maior abundância para bromélias terrestres na primavera e a menor no outono,
com relação a riqueza, a estação com maior número foi novamente a
primavera e a de menor riqueza, o inverno. Os resultados o parecidos e o
fato das condições climáticas, como precipitação, por exemplo, serem
relativamente próximas podem explicar as variações similares encontradas
entre os dois trabalhos.
Finalmente, MESTRE et al. (2001) encontrou alta similaridade entre a
fauna associada às estações, não havendo diferenças estatisticamente
significativas. A análise gráfica dos dados sugere uma aparente variação na
abundância e riqueza de táxons durante o ano. Estas diferenças estão
56
relacionadas principalmente com os valores de precipitação, mesmo os
resultados das regressões não mostrando isto (abundância x precipitação: r
2
=
0,0129, p= 0,7250; número de táxons x precipitação: r
2
= 0,0757, p= 0,3866), há
a necessidade de inclusão nas análises de outros fatores que possam estar
juntamente com a precipitação, influenciando a comunidade. Por isso, a
utilização da precipitação acumulada como variável climática mais influente
sobre as comunidades que habitam as bromélias, que outras variáveis
climáticas tais como temperatura e umidade relativa, por exemplo,
permanecem mais constantes nestes microclimas. Em áreas com precipitações
mais constantes ao longo do ano, as variações na macrofauna podem ser
menores quando comparadas aos locais com estações secas mais
pronunciadas, principalmente entre as bromélias epífitas.
Com relação ao microclima, entre os fatores que podem afetar a
estrutura de comunidades de macroinvertebrados dentro de ambientes
fitotélmicos estão o tamanho do ambiente, volume de água e disponibilidade de
recursos alimentares, embora estes fatores variem espacialmente e
temporalmente (KITCHING 1987, JENKINS et al. 1992, SOTA et al. 1994,
BARRERA 1996, PARADISE 1998).
Com relação às variáveis morfométricas das plantas, houve relação
significativamente positiva entre a variação da abundância e o diâmetro e
número de folhas das plantas. OSPÍNA-BAUTISTA et al. (2004), realizaram
análises de regressão, tanto para o total da amostra, quanto para cada
bromélia separadamente; quando analisadas em conjunto, riqueza, diversidade
e abundância não se relacionaram com nenhuma variável físico-química ou
morfométrica. Quando analisados separadamente, porém, o conteúdo de água
e a área da planta mostraram relações com a abundância de
macroinvertebrados, já o número de folhas não foi significativo. Quando a
planta tem maior tamanho, retém maior quantidade de água e serrapilheira e,
portanto pode ser maior a quantidade de macroinvertebrados associados,
que se incrementam os microhabitats (FRANK 1983, ARMBRUSTER et al.
2002), os nutrientes provenientes da lixiviação das árvores causada pela água
das chuvas e os provenientes da serrapilheira (MARGALEF 1983, FRANK
1983).
57
Nas regressões múltiplas realizadas por ARMBRUSTER et al. (2002), a
massa de detritos, o volume de água e número de folhas tiveram efeito
significativo sobre o número de morfo-espécies numa planta (r
2
=0,6200). Os
coeficientes obtidos na equação indicam que o número de folhas (uma medida
da complexidade do habitat, independente do tamanho) e a massa de detritos
(medida da abundância na base da cadeia alimentar) têm os efeitos mais fortes
sobre o número de morfo-espécies na fitotelmata. Estes resultados são
também consistentes com outros estudos prévios (HARMANN 1972, CODY
1975, TONN & MAGNUSON 1982, DEVRIES et al. 1997, HANSEN 2000), os
quais suportam a idéia da heterogeneidade espacial como um determinante
primário da diversidade de espécies em comunidades ecológicas.
5.1.1. Ordens Diptera e Coleoptera
Dentro da Classe Insecta, as ordens com maior número de famílias e de
indivíduos foram Diptera e Coleoptera. Entre as famílias registradas, Scirtidae
(Coleoptera) e Chironomidae (Diptera) apresentaram a maior abundância.
Com relação às famílias de Diptera identificadas, a maioria delas
havia sido registrada habitando outros ambientes fitotélmicos. Alguns trabalhos
registraram um número maior de famílias de dípteros quando comparados com
o presente estudo, onde foram registradas oito famílias. MESTRE et al. (2001)
encontraram dez famílias, sendo quatro comuns a este trabalho (Chironomidae,
Tipulidae, Culicidae e Ceratopogonidae). MARCONDES & PINHO (2005)
encontraram 14 famílias, sendo cinco comuns a este trabalho
(Ceratopogonidae, Chironomidae, Culicidae, Drosophilidae e Tipulidae).
A família Chironomidae foi a mais abundante entre os dípteros, assim
como registrado por MESTRE et al. (2001) e OSPÍNA-BAUTISTA et al. (2004).
Tipulidae também foi uma família abundante dentro da Ordem, tanto neste
quanto em outros (RICHARDSON et al. 2000, OSPÍNA-BAUTISTA et al. 2004).
As famílias Culicidae e Ceratopogonidae apareceram como a terceira e
quarta respectivamente, em abundância, entre os dípteros. RICHARDSON et
al. (2000) registraram um ceratopogonídeo da subfamília Forcipomyiinae, como
o táxon mais abundante em brácteas de Heliconia, em Porto Rico. Com relação
a Culicidae, RICHARDSON et al. (2000), registraram Wyeomyia sp., como o
58
táxon mais abundante dentre todos os registrados. No presente trabalho, a
contribuição destes táxons no total de indivíduos coletados não foi tão
significativa.
Com relação às famílias menos representativas alguns dados são
interessantes. Por exemplo, a família Stratiomyidae foi pela primeira vez
registrada habitando a fitotelmalta de Bromeliaceae, num total de 60 imaturos.
A família foi coletada em todos os meses. As larvas de Stratiomyidae estão
freqüentemente associadas à decomposição de matéria orgânica vegetal ou
animal, com tendência a saprofagia, coprofagia ou mesmo fitofagia. Podem ser
divididas em terrestres e aquáticas. As espécies aquáticas podem ocorrer tanto
em ambientes lênticos quanto lóticos, podendo algumas espécies habitar o
ambiente semi-aquático. Algumas larvas de Stratiomyidae podem se
desenvolver em condições extremas de salobridade ou temperatura (MERRIT
& CUMMINS 1984).
Com relação à família Tabanidae, os estágios larvais da maioria das
espécies ocorrem em condições lamacentas (variando de habitats totalmente
aquáticos, lênticos ou lóticos a solos lamacentos). As larvas de poucas
espécies vivem em solos mais secos e outras em madeira em decomposição.
São predadoras, alimentando-se de pequenos invertebrados.
A família Drosophilidae, havia sido registrada uma vez, em
bromeliáceas, na ilha de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil (MARCONDES &
PINHO 2005). A maioria das larvas são diminutas e desenvolvem-se
rapidamente em frutas em decomposição. Alguns imaturos são minadores de
tecidos vegetais (MCALPINE 1987).
Alguns levantamentos de fauna de Bromeliaceae como WITMANN
(2000), MARCONDES & PINHO (2005), e mesmo MESTRE et al. (2001), não
trazem informações sobre a quantidade de indivíduos coletados de cada táxon,
listando as famílias encontradas na fitotelmata.
Apesar de janeiro ter sido o mês com o maior número total de indivíduos
coletados, dezembro foi o mês com o maior número de dípteros coletados,
chegando a representar 25,3% do total da coleta e 15% do total de dípteros.
Este resultado é devido ao grande número de larvas de Culicidae e
Ceratopogonidae encontrado nesse mês, em comparação com os demais
meses do ano, onde quase a metade de todos os culicídeos e 30% dos
59
ceratopogonídeos foram registrados. que o valor do índice de correlação
entre a abundância destas famílias e a precipitação acumulada foi baixo, outros
fatores podem estar influenciando a presença destas famílias dentro da
comunidade, como por exemplo, interações ecológicas com outras espécies ou
variáveis ambientais.
Janeiro foi o segundo mês mais abundante em dípteros. Após este mês,
a abundância de Culicidae caiu consideravelmente, assim como a da família
Ceratopogonidae. A família Drosophilidae também não aparece mais após
janeiro. As famílias Chironomidae, Tipulidae e Stratiomyidae foram as que
apresentaram uma distribuição mais homogênea ao longo do ano.
Tabanidae apresentou um padrão diferenciado das outras famílias, que
concentraram maior abundância nos meses iniciais de coleta. Depois do mês
de dezembro, não houve registro da família nos meses de janeiro, fevereiro,
março e maio, ou foi coletada em freqüências muito baixas (abril, dois
indivíduos). Somente a partir de junho houve aumento em sua freqüência nas
coletas. Já Syrphidae teve seu pico de abundância no mês de janeiro, onde um
terço das larvas foram coletadas (11). Mais sobre a abundância da família
Syrphidae é discutido no item 4.1.5.
Todas essas variações na abundância das famílias ao longo do ano não
parecem ter sido influenciadas pelos níveis de precipitação, que os índices
de correlação entre as duas variáveis tanto para a Ordem, quanto para cada
uma das famílias foram baixos. Somente Ceratopogonidae apresentou certa
correlação com a precipitação acumulada nos 15 dias anteriores à data da
realização das coletas (0,38). Isto corrobora os resultados de ARMBRUSTER
et al. (2002), que indicam que o volume de água tem um papel significante na
abundância e riqueza de morfo-espécies, porém pequeno quando comparado
com a massa de detritos dentro da planta ou com o número de folhas da
mesma, sendo o espaço por si só, independente desses outros fatores.
Contudo, quando as correlações foram realizadas entre a abundância de
cada uma das famílias ao longo do ano e a precipitação acumulada em
diferentes intervalos ao de 15 dias (um, três e cinco dias anteriores à coleta),
Ceratopogonidae, Culicidae e Drosophilidae tiveram índices de correlação 0,55,
0,61 e 0,63 respectivamente, para a precipitação acumulada três dias antes da
realização das coletas. Culicidae e Drosophilidae também apresentaram
60
índices significativos para a precipitação acumulada cinco dias antes da coleta
(0,54 e 0,55). Isto pode ser devido ao fato de um acúmulo de água maior no
tanque ser mais atrativo às fêmeas que precisam encontrar locais para a
oviposição. Porém, a quantidade de nutrientes que permanecem nas bromélias
após grandes volumes de chuva é pequena e provavelmente permita o
desenvolvimento de poucos desses ovos.
As interações entre os organismos também deve ser um fator chave no
entendimento das variações de abundância das populações de insetos
aquáticos habitantes da fitotelmata das bromélias. A presença de certas
espécies pode favorecer ou inibir o aparecimento de outras, ou podem
sobreviver conjuntamente, no mesmo habitat, sob as mesmas condições, sem
necessariamente competirem por recursos ou espaço.
As análises de correlação entre a abundância das famílias mostraram
alguns índices informativos. A abundância de Ceratopogonidae foi altamente
correlacionada com Culicidae (0,84) e Drosophilidae (0,96). A maioria das
larvas das duas primeiras famílias são coletoras ou filtradoras (MERRIT &
CUMMINS 1984) e alimentam-se primariamente de pequenos animais
aquáticos, algas e partículas de detritos ou raspam microorganismos aderidos
à superfície de substratos submersos.
O pequeno volume de precipitação nos meses que antecederam os
primeiros meses de coleta, pode ter permitido um maior acúmulo dos recursos
acima citados, sustentando um maior número de imaturos dessas famílias. O
aumento da precipitação nos meses seguintes pode ter diminuído o acúmulo
de matéria orgânica, desfavorecendo grandes quantidades de imaturos.
Vale ressaltar que todos os exemplares de Drosophilidae foram
encontrados em pequenas quantidades de água acumulada nas flores das
bromélias, não sendo encontrados no eixo foliar central. A sua presença pode
então estar associada ao período de floração das bromélias. Juntamente com
as larvas de Drosophilidae, também foram encontradas nas flores, larvas de
Tipulidae e Syrphidae. Esta água contém um alto teor de nutrientes
provenientes do néctar e outras secreções florais e por isso pode ser um local
mais atrativo a oviposição por parte das fêmeas, juntamente com o fato de
haver menor competição por espaço e recursos neste ambiente.
61
Já a abundância ao longo do ano de Chironomidae, a família mais
abundante dentre os dípteros, foi correlacionada com a flutuação populacional
de Tipulidae (0,71). As larvas dessas duas famílias têm significante importância
ecológica, tanto por serem detritívoras como também por seu papel energético,
principalmente a família Chironomidae, devido a grande biomassa total das
numerosas larvas (tanto como consumidores quanto presas). A separação dos
recursos ecológicos por um grande número de espécies da família,
presumivelmente fornece a estabilidade biótica de ecossistemas aquáticos
(MERRIT & CUMMINS 1984), incluindo aqueles formados por bromeliáceas.
Mesmo com a ampla variedade de hábitos alimentares das larvas de
quironomídeos, a maioria dos imaturos encontrados tanto da família
Chironomidae quanto da família Tipulidae parece ter os mesmos hábitos:
detritívoros de matéria orgânica em decomposição e fragmentos de
microorganismos associados que se acumulam nestes ambientes. Poucas
larvas de quironomídeos da subfamília Tanypodinae, possivelmente
predadoras foram encontradas. Novamente, os resultados das correlações,
estão possivelmente relacionados com a disponibilidade de recursos, que
essas comunidades são claramente controladas por mecanismos reguladores
“bottom-up” e não “top-down” (RICHARDSON et al. 2000), nas quais não
um controle populacional por predadores de topo de cadeia, mas sim pela
disponibilidae de recursos abióticos, tais como luz ou nutrientes, ou bióticos
(produtores).
Com relação à Coleoptera, as famílias encontradas também de um
modo geral haviam sido registradas em outros trabalhos de levantamento de
fauna em ambientes fitotélmicos. MESTRE et al. (2001), registraram um grande
número de famílias de Coleoptera, inclusive todas as registradas no presente
estudo.
Assim como as famílias de Diptera, a abundância da Ordem ou das
famílias não apresentou correlação com a precipitação acumulada (15, cinco,
três ou um dia antes da coleta). Novamente, outros fatores podem estar
regulando estas variações de abundância.
Houve uma total dominância da família Scirtidae, que chegou a
representar 96,7% do total de coleópteros. Esse resultado é similar ao
encontrado por MESTRE et al. (2001) e OSPÍNA-BAUTISTA et al. (2004), onde
62
a família Scirtidae foi o xon mais abundante dentre todos. Mesmo sendo a
taxonomia e ecologia da família pobremente conhecida, suas larvas passam
por quatro a oito ínstares e tornam-se adultas dentro de aproximadamente um
ano. Por isso talvez a grande presença de vários ínstares na fitotelmata das
bromélias, que elas fornecem um ambiente estável por muito tempo,
podendo ser vantajoso para o seu desenvolvimento quando comparado com
outros ambientes mais efêmeros (brácteas de Heliconia, por exemplo). Elas
tendem a permanecer abaixo da superfície do filme d’água, obtendo oxigênio
do ar através de um espiráculo modificado no segmento oito, alimentando-se
de detritos de ramos e folhas. O grande acúmulo desses materiais no eixo foliar
das Bromeliaceae também pode explicar a alta abundância das larvas dessa
família.
Outra família da ordem Coleoptera, representativa em número de
indivíduos foi Lampyridae, que também havia sido registrada por outros
trabalhos (MESTRE et al. 2001, MARCONDES & PINHO 2005). Os lampirídeos
são conhecidos por terem larvas aquáticas habitantes de outros ambientes,
como lagoas, lagos e riachos, porém, assim como Scirtidae, informações sobre
a biologia das larvas são escassas.
As outras famílias registradas pertencentes a ordem Coleoptera tiveram
poucos exemplares coletados, Curculionidae (cinco), Staphylinidae (um) e
Hydrophilidae (um), por isso não foram utilizados nas análises de abundância e
correlação entre si e com a precipitação acumulada.
5.2. Fauna de Syrphidae encontrada em Bromeliaceae
Como citado anteriormente, são poucos os registros para imaturos de
Syrphidae se utilizando de Bromeliaceae no seu desenvolvimento. MESTRE et
al. (2001), não encontraram nenhum sirfídeo nas suas amostras,
provavelmente devido à pequena amostra (N=20).
MARCONDES & PINHO (2005) trabalhando em Florianópolis, Santa
Catarina, com armadilhas de emergência, também não coletaram nenhum
sirfídeo. Mais uma vez o baixo número amostral pode ter sido o responsável.
No presente estudo, foram coletadas apenas 33 larvas, com uma freqüência
relativa baixa, de 0,024.
63
De forma diferente, OSPÍNA-BAUTISTA et al. (2004) encontraram
grande número de larvas, em um total de 85, pertencentes a três gêneros:
Pipiza (13), Eristalis (68) e Xilota (4); nenhum deles ainda conhecidos
habitando a fitotelmata de Bromeliaceae. Os autores trabalharam somente com
Tillandsia turneri e igualmente, Syrphidae não figurou entre os táxons mais
abundantes.
As 33 larvas encontradas no presente estudo, mesmo sem sua
identificação em espécie ser possível, devido à ausência de chaves para
imaturos, apresentaram diferenças morfológicas substanciais, no mínimo três
morfo-espécies puderam ser reconhecidas, todas pertencendo a subfamília
Eristalinae.
Em outros ambientes fitotélmicos, Syrphidae parece ser mais comum e
abundante, como por exemplo, em brácteas de Heliconia, ambiente bastante
estudado (RICHADSON & HULL 2000; RICHARDSON et al. 2000).
RICHADSON & HULL (2000) encontraram dois gêneros Copestylum e
Qhichuana, cada um com uma espécie, configurando-se entre os táxons mais
abundantes (freqüência relativa variando de 0,01 a 0,06), ambos os táxons
também foram encontrados no presente estudo, porém, com freqüências
relativas muitíssimo menores.
RICHARDSON et al. (2000), comparando comunidades de Bromeliaceae
e Heliconia, também encontraram grande quantidade de larvas de sirfídeos em
brácteas de Heliconia, contudo não registraram sequer uma larva de
Syrphidae, na fitotelmata das Bromeliaceae, em quatro anos de estudo.
Comparativamente, as brácteas de Heliconia parecem ser um local mais
atrativo a oviposição para Syrphidae, provavelmente em virtude da grande
oferta de nutrientes de Heliconia.
Também se têm registrado Syrphidae ocorrendo em outros ambientes;
PARADISE (2004) identificou Mallota posticata como terceiro díptero mais
comum em comunidades de ocos de árvores, na região central da Pensilvânia,
Estados Unidos da América.
Em internódios de bambus, na ilha de Florianópolis, os imaturos de
Syrphidae também são bem representados na comunidade (GERSON AZULIM
MÜLLER, comunicação pessoal).
64
Algumas análises foram conduzidas com relação à freqüência relativa de
Syrphidae e variáveis ambientais (precipitação, diâmetro e número de folhas
das plantas), mas faltam na literatura trabalhos relacionados, para comparação
dos resultados. De dezembro a março foi coletada a grande maioria das larvas
e em muitos meses elas estiveram ausentes das coletas. A maior freqüência
relativa acompanha os resultados para a abundância e riqueza de táxons e
pode estar relacionada com as variações da precipitação, mesmo os resultados
da regressão não apontarem relação com a precipitação (r
2
= 0,0021, p=
0,8865) que com um menor volume de água, diminui também a
disponibilidade de recursos provenientes da lixiviação, dieta alimentar de todas
as larvas encontradas, desfavorecendo a oviposição dos sirfídeos com larvas
saprófagas. O fato da freqüência relativa de sirfídeos não ter se relacionado
com nenhuma das variáveis testadas nas análises de regressão (diâmetro e
número de folhas, além da precipitação, anteriormente citada) pode estar
relacionado ao baixo número de imaturos coletados (N=33). Também não foi
perceptível nenhuma diferença quando analisados a abundância ou a
composição da macrofauna. Mais dados sobre a biologia das larvas e adultos
se fazem necessários para um entendimento maior de como os Syrphidae
selecionam e utilizam estes habitats disponíveis tão conspícuos na Região
Neotropical.
5.3. Sirfídeos adultos obtidos em laboratório
5.3.1. Gêneros obtidos
Os gêneros cujas larvas chegaram até o estágio adulto foram Quichuana
Knab, Copestylum Macquart e Lejops Rondani.
Gênero Quichuana Knab
Quichuana é um grupo de moscas endêmico da região Neotropical,
cujas larvas apresentam um longo sifão respiratório, sendo encontradas
apenas em bromélias e outras epífitas similares. Apenas 26 espécies são
conhecidas, a espécie com distribuição mais setentrional ocorre no México
(Durango) e a com distribuição mais ao sul, ocorre na Argentina (Tucumán)
(THOMPSON 2005).
65
Gênero Copestylum Macquart
Gênero endêmico do Novo Mundo, porém a maioria das espécies ocorre
na Região Neotropical. Com cerca de 400 espécies, está juntamente com
Cheilosia, como o gênero mais especioso da família. As larvas são saprófagas
e se desenvolvem em matéria vegetal em decomposição, mais freqüentemente
em caules e platiclados de cactos (Cactaceae), tocos de banana apodrecendo
(Musaceae), mamão (Caricaceae), exudados de árvores de timbó
(Enterolobium timbouva, Fabaceae) e alguns ambientes fitotélmicos como
brácteas de Heliconia (Strelitziaceae) e Bromeliaceae (ROTHERAY et al.
2007).
Gênero Lejops Rondani
O gênero possui 34 espécies, distribuindo-se nas regiões Paleártica,
Paleotropical, Africana, Neártica, além da região Neotropical, ocorrendo na
América Central e do Sul. A maioria das espécies registradas são da América
do Norte (13), incluindo o Ártico. As larvas são aquáticas e se desenvolvem em
vários ambientes. Esse foi o primeiro registro deste gênero habitando a
fitotelmata das bromélias (THOMPSON 2005).
5.3.2. Criação dos estágios larvais
Somente 11 imaturos foram levados aos laboratório para criação. Até
julho de 2007, não havia na literatura a descrição de alguma metodologia para
tal. Somente a partir da publicação do trabalho de ROTHERAY et al. (2007) foi
possível estabelecer a metodologia utilizada para a criação das larvas
coletadas em Bromeliaceae. Mesmo assim, foram realizadas algumas
modificações e adaptações a fim de facilitar a manipulação e a obtenção de
alguns dados, como por exemplo, a data de empupação. Coincidentemente, a
partir de então, a freqüência relativa de Syrphidae caiu bastante e poucos
indivíduos puderam ser coletados.
Os gêneros obtidos possuem larvas saprófagas, filtradoras de
microorganismos aquáticos. Nenhuma larva predadora foi coletada ou o adulto
obtido. ROTHERAY et al. (2000) obtiveram de larvas da Costa Rica, oito
66
espécies do gênero Ocyptamus, duas identificadas, um Ocyptamus luctuosus
(Bigot) e outro Ocyptamus wulpianus (Lynch Arribalzaga); com os outros seis
não foi possível chegar à identificação a nível específico; outros dois Syrphidae
obtidos foram Copestylum circumdatum (Walker) e Copestylum cordiae
(Townsend), estes dois oriundos de bromélias de Trinidad. Estes registros de
ROTHERAY et al. (2000) foram os primeiros para larvas do gênero Ocyptamus
ocorrendo em ambientes aquáticos, bem como os primeiros registros de larvas
predadoras de Syrphidae em ambientes fitotélmicos. Tal fato ajuda a explicar a
alta diversidade deste gênero na Região Neotropical, uma vez que as
Bromeliaceae são comuns e amplamente distribuídas nesta Região, e a
diversificação de Ocypatmus em sua fitotelmata pode envolver muitas
espécies. Porém, é desconhecido se especificidade de Ocyptamus à
espécies de bromélias. Sabe-se que o estado de decomposição da matéria
orgânica e a quantidade de água são fatores importantes para o
desenvolvimento dos imaturos.
Os gêneros Lejops e Quichuana foram registrados pela primeira vez
ocorrendo na fitotelmata de Bromeliaceae. Quichuana havia sido registrado
habitando brácteas de Heliconia (RICHARDSON & HULL 2000; RICHARDSON
et al. 2000), já para o gênero Lejops foi o primeiro registro em qualquer
ambiente fitotélmico. Com relação a Copestylum, além das duas espécies
citadas acima, outras 23, das quais 22 eram espécies novas, foram registradas
por ROTHERAY et al. (2007), trabalhando em vários países das Américas.
Todos os três gêneros são pobremente conhecidos, apesar de Copestylum
rivalizar com Cheilosia como o gênero com maior número de espécies dentro
da família Syrphidae (ROTHERAY et al. 2007), com cerca de 400 espécies.
Dentre todas estas espécies, até recentemente existiam dados para apenas 27,
muitas vezes não publicados, associados com espécimes em museus. Outro
exemplo do parco conhecimento desses gêneros é que o pupário de Lejops
está sendo descrito pela primeira vez.
Em bromélias terrestres com grande acúmulo de matéria orgânica nas
suas bases, ROTHERAY et al. (2007) obtiveram em torno de 12 larvas por
planta, um número muito maior que o registrado aqui. Mesmo sem
mensurações formalmente feitas, as bromélias amostradas no trabalho de
ROTHERAY et al. (2007), provavelmente deveriam ter um tamanho maior
67
quando comparadas com as bromélias do Parque Estadual Rio da Onça.
Dentre as 23 espécies encontradas, duas novas espécies de Copestylum foram
registradas habitando bromélias terrestres, Copestylum joei Rotheray &
Hancock e Copestylum puyarum Rotheray & Hancock, entre folhas secas em
decomposição na base de um pedúnculo floral morto, em bromélias da Costa
Rica; estas duas espécies foram encontradas ocorrendo juntas na mesma
planta. O indivíduo de Copestylum obtido no presente trabalho o parece
pertencer a nenhuma dessas duas espécies supracitadas.
Os adultos obtidos destas larvas apresentaram padrões de coloração
mais crípticos que miméticos, quando comparados com outras espécies que
habitam ambientes abertos. Na luz difusa das florestas tropicais as vantagens
de padrões crípticos sobre os miméticos são óbvias. Com exceção de Lejops
barbiellinii, os sirfídeos obtidos no trabalho também apresentaram padrões da
coloração crípticos.
68
6. CONSIDERÕES FINAIS
A macrofauna associada às plantas da família Bromeliaceae, registrada
neste estudo, é similar a de outros trabalhos realizados tanto em regiões
relativamente próximas (Serra do Mar, Estado do Paraná, Brasil) quanto em
outros países. As fitotelmata destas plantas abrigam um grande número de
espécies e muitos organismos se utilizam das mesmas para desenvolver seu
ciclo de vida completo ou algum estágio dele. As bromélias apresentam uma
fauna característica, com três ou quatro táxons dominantes, sendo a maioria
dos táxons representada por poucos indivíduos. A abundância e a riqueza da
macrofauna que habita este tipo de ambiente fitotélmico estão relacionadas a
muitos fatores ambientais e bióticos e as relações entre os diversos
organismos que utilizam tais ambientes, mesmo que temporariamente, são
complexas.
A precipitação acumulada, variável ambiental analisada, mostrou no
geral, ter pouca influência sobre a abundância dos táxons, como mostrado nas
regressões e correlações. As correlações entre a abundância das famílias e a
precipitação acumulada em intervalos menores, tiveram valores maiores, que
aqueles tomados 15 dias antes da realização das coletas. A pouca influência
da precipitação acumulada reforça a necessidade da inclusão de outros fatotes
ambientais nas análises, que possam estar exercendo algum papel no
microclima dessas comunidades.
Algumas famílias se mostraram muito bem adaptadas a estes
ambientes, ressaltando a família Scirtdae (Coleoptera) que esteve presente
com grande quantidade de indivíduos durante o ano todo. Chironomidae e
Tipulidae (Diptera) também foram bem representadas na comunidade.
A família Syrphidae foi encontrada com baixa freqüência absoluta e
relativa no presente estudo, mas o registro de imaturos e a obtenção de adultos
a partir de larvas de pelo menos três gêneros diferentes, reforça a idéia que
muitas espécies ainda são desconhecidas nestes ambientes e que o sucesso
evolutivo de alguns grupos na Região Neotropical, pode estar associado a
utilização oportuna da fitotelmata das Bromeliaceae.
69
O conhecimento sobre os organismos que habitam ambientes
fitotélmicos é ainda muito escasso. Existe grande necessidade da realização de
inventários de fauna em distintos ecossistemas e regiões geográficas,
principalmente nos trópicos, onde o número de organismos é muito grande e o
número de pesquisadores é pequeno. A ausência de especialistas em muitos
grupos e a falta de informações sobre a biologia das formas imaturas e até
mesmo de adultos, dificultam a identificação de muitos indivíduos e
conseqüentemente o entendimento mais profundo sobre a estrutura e a
complexidade das relações existentes entre os organismos nas comunidades
fitotélmicas e de um modo geral.
O presente trabalho tem como intuito indicar e orientar futuros projetos
relacionados à fauna de Bromeliaceae, mostrando os táxons que ocorrem com
maior abundância e constância. Muitos táxons apresentaram um número de
indivíduos muito baixo, incluindo a família Syrphidae, o que dificulta o
entendimento entre as relações destes com o ambiente no qual estão
inseridos. Os táxons mais abundantes por sua vez, poderiam ser tomados
separadamente para estudos mais aprofundados tanto taxonômicos quanto
ecológicos. Dentre estes podemos citar, por exemplo, as famílias Scirtidae
(Coleoptera) e Chironomidae (Diptera), que apresentaram grande mero de
indivíduos durante o ano todo. Alguns objetivos a serem desenvolvidos seriam
a identificação dos imaturos destas famílias no menor nível taxonômico
possível (gênero ou espécie), a obtenção de dados sobre morfologia e biologia
das espécies presentes (por exemplo, o tempo de desenvolvimento dos
imaturos e os hábitos dos adultos) e o registro de um número maior de
variáveis ambientais que influenciam tanto a riqueza quanto a diversidade
destas comunidades. A obtenção destes dados poderia fornecer inúmeras
informações relevantes para o entendimento de como tais grupos utilizam de
maneira tão oportuna estes tipos de ambientes fitotélmicos.
70
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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