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vi
“Declinam as oportunidades de emprego, induzidas pela ‘racionalização’ promovida pela revolução científico-
tecnológica e pelo desenvolvimento de novas formas e forças produtivas (no marco da globalização econômica)
[...] Reduzem-se as vagas de emprego e cresce a massa mundial dos excedentes [...]” (DREIFUSS, 1996, p. 209).
vii
Na esperança de ter algum controle sobre algo tão vasto quanto a história da modernidade, Berman a dividiu
em três fases: “na primeira fase, do início do século XVI até o fim do século XVIII, as pessoas estão apenas
começando a experimentar a vida moderna; mal fazem idéia do que as atingiu. Elas tateiam, desesperadamente
mas em estado de semi-cegueira, no encalço de um vocabulário adequado; têm pouco ou nenhum senso de um
público ou comunidade moderna, dentro da qual seus julgamentos e esperanças pudessem ser compartilhados.
Nossa segunda fase começa com a grande onda revolucionária de 1790. Com a Revolução Francesa e suas
reverberações, ganha vida, de maneira abrupta e dramática, um grande e moderno público. Este público partilha
o sentimento de viver em uma era revolucionária, uma era que desencadeia explosivas convulsões em todos os
níveis de vida pessoal, social e política. Ao mesmo tempo, o público moderno do século XIX ainda se lembra do
que é viver, material e espiritualmente, em um mundo que não chega a ser moderno por inteiro. É dessa profunda
dicotomia, dessa sensação de viver em dois mundos simultaneamente, que emerge e se desdobra a idéia de
modernismo e modernização. No século XX, nossa terceira e última fase, o processo de modernização se
expande a ponto de abarcar virtualmente o mundo todo, e a cultura mundial do modernismo em desenvolvimento
atinge espetaculares triunfos na arte e no pensamento. Por outro lado, à medida que se expande, o público
moderno se multiplica em uma multidão de fragmentos, que falam linguagens incomensuravelmente
confidenciais; a idéia de modernidade, concebida em inúmeros e fragmentários caminhos, perde muito de sua
nitidez, ressonância e profundidade e perde sua capacidade de organizar e dar sentido à vida das pessoas. Em
conseqüência disso, encontramo-nos hoje em meio a uma era moderna que perdeu contato com as raízes de sua
própria modernidade” (BERMAN, 1986, p. 16-17).
viii
“À medida que a Era de Ouro do capitalismo mundial chegava ao fim, no início da década de 1970, uma nova
onda de revolução varria grandes partes do mundo, seguida na década de 1980 pela crise dos sistemas
comunistas ocidentais, que levou ao seu colapso em 1989” (HOBSBAWN, 1995, p. 436).
ix
“A mudança tecnológica, a automação, a busca de novas linhas de produto e nichos de mercado, a dispersão
geográfica para zonas de controle do trabalho mais fácil, as fusões e medidas para acelerar o tempo de giro do
capital passaram ao primeiro plano das estratégias corporativas de sobrevivência em condições gerais de
deflação” (HARVEY, 1992, p. 137-140).
x
Percebe-se um notável aumento proporcional do emprego no setor de serviços a partir dos anos 70. Justifica-se
pela rápida contração do emprego industrial depois de 1972, promovendo o rápido aumento do emprego em
segmentos como na assistência, nas finanças, nos seguros, no setor de imóveis, saúde e educação.
xi
“[...] o sistema mundial capitalista é, em grau considerável, precisamente uma função da validade universal da
lei de desenvolvimento desigual e combinado” (MANDEL, 1985, p. 14). “A imagem que assim se forma é a de
um sistema mundial imperialista construído a partir do desenvolvimento desigual da acumulação de capital,
composição orgânica do capital, taxa de mais-valia e produtividade do trabalho, consideradas em escala mundial
[...]” (MANDEL, 1985, p. 39-40).
xii
“[...] ao final da década, em 1979, surgiu a oportunidade. Na Inglaterra, foi eleito o governo Thatcher, o
primeiro regime de um país de capitalismo avançado publicamente empenhado em pôr em prática o programa
neoliberal. Um ano depois, em 1980, Reagan chegou à presidência dos Estados Unidos. Em 1982, Khol derrotou
o regime social liberal de Helmut Schimidt, na Alemanha. Em 1983, a Dinamarca, Estado modelo do bem-estar
escandinavo, caiu sob o controle de uma coalizão clara de direita, o governo de Schluter. Em seguida, quase
todos os países do norte da Europa ocidental, com exceção da Suécia e da Áustria, também viraram à direita. A
partir daí, a onda de direitização desses anos tinha um fundo político para além da crise econômica do período
[...]. Os anos 80 viram o triunfo mais ou menos incontrastado da ideologia neoliberal nesta região do capitalismo
avançado” (ANDERSON, 1995, p. 11-12).
xiii
“No conjunto dos países da OCDE – Organização Européia para o Comércio e Desenvolvimento –, a taxa de
inflação caiu de 8,8% para 5,2%, entre os anos 70 e 80, e a tendência de queda continua nos anos 90. A deflação,
por sua vez, deveria ser a condição para a recuperação dos lucros. Também nesse sentido o neoliberalismo
obteve êxitos reais. Se, nos anos 70, a taxa de lucro das indústrias nos países da OCDE caiu em cerca de 4,2%,