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signagens em função de seus estados de mudança, e pode se conseguir isso, comparando estados
em função de uma linha do tempo perceptível. Neste momento inicia-se a determinação da
linguagem de um espetáculo estando a (alfabeto) no lugar de m (agregados do sistema), pois:
L = [R(a)], ou seja:
L(Linguagem) é igual a R(Restrições) agindo sobre os compostos do sistema
(corpo+meio).
Ou seja, a linguagem do espetáculo é determinada pelas possibilidades de relações entre
os elementos da encenação através das ações do corpo no espaço, perceptíveis à olho nu, pelas
modificações dos estados do corpo. E ainda pelo oposto, a percepção da passagem de tempo, se
dá pela percepção da mudança dos estados do corpo, que sugerem conexões e ações passadas...
Estrutura (coesão)
– Como as conexões se comportam no tempo. Se as conexões são
duráveis a estrutura é coesa. A estrutura determina o grau, a intensidade, das possíveis relações
entre os agregados. Há um intenso grau de relacionamento, uma forte coesão, entre determinados
agregados da encenação, ou do corpo, que limitam, ou permitem diferentes tipos de alteração de
estados do corpo, como por exemplo, ações em uma estrutura de ferro, ou uma seqüência de
movimentos com uma bolha de sabão. Isso o obriga o corpo a estabelecer diferentes tipos de
conexões e, por conseguinte, diferentes alterações de consciência.
Integralidade
– Este parâmetro permite o surgimento de qualidades e propriedades locais
e compartilhadas. Romeu e Julieta juntos na cena da cotovia irão criar determinados estados de
cena, diferentes de outros personagens em outras cenas, na praça entre as gangues inimigas, por
exemplo. Ou ainda, bolha de sabão e corpo juntos poderão fazer determinados movimentos que
nem um nem outro poderiam fazer sozinhos, produzindo alterações cada vez mais específicas.
Essas propriedades compartilhadas, em biologia chamam-se “função”.
Funcionalidade
– “Serve pra que”, um 1ª nível de pragmatismo, embora não seja apenas
isso, pois a funcionalidade surge no jogo entre o acaso e a necessidade. A relação cada vez mais
específica entre corpo e meio criou um sistema (sistema corpo/meio) extremamente particular,
em função das organizações hierárquicas que sofreu no decorrer de sua história e por isso pode
ser chamado de organizado.
Organização
–Do grego, organização advém do vocábulo órganon, instrumento,
ferramenta. Cada parte do sistema ocupa um lugar específico dentro do todo, respeitando a
função para a qual foi projetada, planejada, (ou se desenvolveu para tal), de modo a garantir a
coerência dentro de um projeto inicial. Exemplo: o olho humano ocupa o lugar frontal no crânio,
como os olhos nos crânios de grandes felinos, por exemplo, de modo a garantir não somente a
sua funcionalidade de ver o mundo, mas a coerência dentro de um projeto de um corpo predador,
ver o mundo como predador. Este parâmetro é uma espécie de ápice evolutivo – desta maneira, é
possível encontrar sistemas em variados níveis de evolutivos, onde certos parâmetros foram
estabelecidos e outros ainda não; sistemas com um mesmo nível de organização, mas com
estruturas diversas, etc. No homem pro exemplo, os pés estão apontados para frente, pois o corpo
respeita um projeto genético de andar para frente, e não como siris que andam de lado, embora os
dois estejam absolutamente adaptados com parâmetros evolutivos organizados de modo a
surgirem membros que cumprem funções específicas relativas ao meio em que vivem.
Desestabilizar o corpo humano, neste sentido pode ser tarefa simples, ao pedir que ele ande para
trás. Para este sistema, um pedido desses não faz sentido em seu projeto, pois subverte sua
estrutura. Por outro lado, o sistema humano/meio estará absolutamente adaptado em seu nível de
complexidade evolutiva se andar para frente.
Complexidade
– [...] “o mais fugidio [dos parâmetros] e sempre presente é a
complexidade que parece exprimir em a tendência evolutiva universal, característico por tanto
em tudo que um ser humano faz, seja como criação artística ou científica” (pág, 90). A
complexidade encontra-se na relação entre aspectos de coesão e coerência dos sistemas. Coesão
está relacionada com a estrutura sistêmica, “à construção do sistema passo a passo, ao
relacionamento entre as partes ou elementos” (pág, 91). A Coerência, por outro lado, relaciona-se
ao sentido – Semântica. “Reflete as características do todo, possíveis relações do sistema com