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Dentro da definição do autor, terrain vague pode ser o espaço que sobra nas
margens dos rios, canteiros, áreas mais inacessíveis ou
de acesso restringido, áreas que
ladeiam avenidas, espaços sob pontes. Lugares que também não respeitam a ordenação
centro-perife
ria, que estão nos interstícios da cidade. Segundo Ferrara
(2000:178), a
degradação urbana é estrutural, faz parte do processo de metropolização. Segundo a
autora, é preciso entendê-lo de modo a
que a riqueza desta informação não se perca no
caos e seja traduzida como crise. A idéia de caos ou crise, que no senso comum exp
ressa
insegurança, é, em termos informacionais, índice de grande abertura e riqueza do
pensamento e da ação. Caos ou cris
e podem ser considerados equivalentes às
transformações radicais, contínuas e imprevisíveis que atingem o cotidiano, a
í incluídos
os fenômenos urbanos.
Lynch analisa o processo atual de abandono das cidades norte-americanas por
razões prin
cipalmente econômicas, mas também climáticas, processo que ocorre desde
1800. Para o autor, esse fenômeno não deveria ser visto
de modo negativo, porque ao
contrário da idéia de fracasso, há a geração de um outro espaço, que pode s er vivenciado
e aproveit
ado de modos distintos. Os espaços abandonados concentram modos de vida
descartados e possibilidades de se recuperar e começar coisa
s novas. Para o autor, a
obsessão com a pureza e per manência nos obriga a eliminar os resíduos. Admirar os
dejetos, os espaços ab
andonados, no entanto , permite ver as continuidades em fluxo, as
trajetórias e o desenvolvimento, um ponto de apoio ent
re passado e futuro. Zardini fala
das possibilidades que encerram os espaços decadentes ou desordenados da cidade:
“O que até agora se considerou como elementos negativos na cidade
contemporânea – heterogeneidade, variedade excessiva, desord
em,
desarmonia, a coexistência incongruente de diferentes elementos – agora
constituem um recurso, uma qu alidade com a qu
al se define uma nova
paisagem. Mas aceitar a heterogeneidade d a cidade contemporânea não é um
feito simplesmente
estético, mas t ambém político, social, étnico. Não se trata
de mascarar ou de exorcisar, mediante uma variedade fictícia, um
a realidade
concebida como cada vez mais uniforme, homogênea e controlada, ou de
ocultar sob uma desordem aparente e uma
anarquia visual uma ordem
escondida sempre mais forte e persuasiva. Trata-se, pelo contrário, de
reconhecer, ac
eitar e dar voz às distintas individualidades presentes na
sociedade e na cidade contemporânea, fazendo que sua compreensão
constitua uma paisagem política, social, física, mais rica e articulada, bas eada
no contraste e não na exclusão recíproca
, reconferindo assim uma nova
consistência à cidade do princípio do milênio.” (in: KOOLHAAS, 2001:436-
437)
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urbano llama a la indefinición del terrain vague. Se convierten de este modo en indicios territoriales de los
problemas estétic
os y éticos que plant ean, envuelven, la problemática de la vida social contemporánea”.
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“Lo que hasta ahora se han considerado elementos negativos en la ciudad contemporánea –
heterogeneidad, excesiva variedad,
desorden, desarmonía, la coexistencia incongruente de diferentes
elem entos – ahora constituyen un recurso, una calid ad
con la que de finir un nuevo paisaje. Pero aceptar la
heterogeneidad de la ciudad contemporánea no es un hecho simpleme
nte estético, sino político, social,
étnico. No se trata de enmascarar o de exorcizar, mediante una va riedad ficticia, una
r ealidad concebida
como cada vez más uniforme, homogénea y cont rolada, o de ocultar bajo un desorden aparente y una
anarq
uía visual, un orden ‘e scondido’ siempre más fuerte y persuasivo. Se trat a e n cambio de reconocer,
aceptar y dar voz a l
as distintas ‘individualidades’ presentes e n la so ciedad y en la ciudad contemporánea,