32
DISCUSSÃO
Neste estudo, apesar de ser uma coorte com pequeno número de pacientes,
observamos grande segurança e efetividade da prótese de Amplatzer
®
para oclusão do
CIA OS. Nos 101 pacientes estudados, não ocorreu nenhum caso de morte, perfuração
cardíaca ou outra complicação mais grave na fase hospitalar, concordando com os
relatos da literatura
19,20
. Na evolução tardia, atualmente com 12,81 ± 8,41 meses, não se
registraram casos de trombos, embolização ou endocardite relacionados ao dispositivo,
embora estas complicações já tenham sido relatadas
21,22,23
. Atualmente, com bastante
segurança e comprovada eficácia, a prótese de Amplatzer
®
pode ser considerada uma
alternativa ao tratamento cirúrgico em pacientes selecionados.
Outro aspecto importante e indispensável é o monitoramento com ETE durante o
procedimento. Tal acompanhamento propicia uma adequada visualização das bordas e
segurança para liberação do dispositivo, além da confirmação da não compressão de
estruturas vitais, como veias cavas, seio coronário e borda aórtica. Já bem descrita na
literatura, a deficiência de bordas está intimamente relacionada com o sucesso do
procedimento e adequada fixação do dispositivo ao septo
24,25
. Se liberada sem essa
criteriosa avaliação, a chance de não oclusão completa do defeito ou embolização da
prótese aumenta significativamente. Em nosso estudo, cinco dispositivos não foram
liberados pela compressão de estruturas vitais do coração e tiveram de ser retirados sem
danos aos pacientes. Essa abordagem confirma que a visualização adequada no implante
do dispositivo, através do ETE, é extremamente importante.
Em nossa série, confirmamos os achados da literatura em que a prótese de
Amplatzer
®
é uma alternativa segura como terapêutica para as comunicações interatriais
tipo ostium secundum. O procedimento apresenta baixo índice de complicações
hospitalares, reduzido tempo de internação e segurança comprovada no seguimento
tardio
26-28
. Além de ser comprovadamente seguro, o tratamento percutâneo evita a
toracotomia e tem a vantagem de não submeter o paciente ao clampeamento aórtico e à
circulação extracorpórea, tempos fundamentais na atriosseptoplastia. Tais tempos estão
diretamente relacionados à morbidade da cirurgia. Em estudo prospectivo comparando o
dispositivo de Amplatzer
®
e o tratamento cirúrgico em crianças, Bialbowski e
colaboradores
29
encontraram semelhante taxa de sucesso no fechamento (95,5% cirurgia
x 97,9% percutâneo, p=NS), porém com maior tempo de hospitalização para cirurgia
(7,5 x 2,2 dias, com p<0,001). Além disso, todas as complicações cirúrgicas (derrame