Na mesma época existia em Rio Grande, nas décadas de 30 e 40. Na década
de 30 existia o Echo do Sul e o Tempo. O Echo do Sul terminou em 34 e O
Tempo se prolongou até... acho que até 60, um jornal fundado pelo Cadaval,
bem, olha no meu tempo, houve uma divergência entre o jornal Rio Grande e
O Tempo, porque nessa época já não mais se falava em jornal
oficial, então
O Tempo publicava os atos do município, os atos do município eram
distribuídos de acordo com o governo do
município e as tendências do
mesmo, então o diretor no tempo que era o Saul Porto que era do PTB, então
ele tinha facilidade de penetrar no governo que era o governo do PTB. O Rio
Grande não tinha porque era independente e era jornal de oposição, bem
posteriormente, na década de 40 havia O Tempo, Gazeta da Tarde e o Rio
Grande e havia um órgão que era de confissão católica que era o Cruzeiro do
Sul, mas o Cruzeiro do Sul era um semanário, dirigido pelo padre Eurico
Magalhães e, posteriormente ainda no tempo em que eu dirigia o Rio Grande,
já existia o Agora e o Peixeiro, o Agora já existia-eram jornais separados
então?(pergunta nossa). Não, o Peixeiro começou como uma distribuição
gratuita no cinema e até hoje ele ainda sobrevive como um encarte do jornal
Agora, mas ele era um jornal que se distribuía na entrada do cinema,
distribuição gratuita.
Em relação à censura, tendo em vista que a segunda metade da década de 1930
e a primeira década de 1940 ficaram marcadas por ela, os jornais precisaram se enquadrar na
lógica da política populista. Aquele que não se submetesse, tinha as suas publicações
cerceadas. Especificamente sobre esse ponto, nosso entrevistado esclareceu o seguinte:
Censura imposta ao jornal. Nós, nunca tivemos censura, apesar mesmo do
meu período preencher a Revolução de 64. Nunca houve, nunca houve
censura - e dessa época assim do Estado Novo?(interferência nossa). Não
houve, porque o jornal Rio Grande era um jornal do governo, era até
interessante, porque nessa época de 30, no Tempo existia uma corrente
integralista que era liderada pelo professor Carlos Loréa Pinto, mas eu acho
que nem no Tempo houve essa censura, teve uma leve coloração verde, a cor
do Partido Integralista Brasileiro- eu percebi fazendo o levantamento que
mais para o final do Estado Novo, ali quando tem a entrada do Brasil na
guerra, a partir de 42 já se percebe, não uma crítica assim muito direta ao
Estado Novo, mas já se percebe alguma contrariedade, não é muito explícita
a relação, mas já se levantam algumas coisas, como por exemplo a situação
do Brasil, a necessidade do alinhamento com os países aliados (intervenção
nossa). Mas isso, a partir de 40 foi defendido pelo governo, tanto que houve
um perfeito entrosamento entre os Estados Unidos e o Brasil. Não era porque
em primeiro lugar, o Carlos Santos era trabalhista, ou melhor era getulista,
toda a redação do jornal era getulista, quer dizer não acredito que tenha
havido uma censura ao jornal, nem que o jornal tenha agredido o Estado
Novo, talvez tenha existido alguma crítica esparsa, alguma voz isolada, mas
como orientação não houve. O jornal continuava nessa época, o prefeito era
o Dr. Roque Aita Júnior. Ele surgiu, o Rio Grande surgiu na época do
prefeito, do intendente Dr. Nascimento, não foi o Nascimento foi o Trajano