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trabalho extra porque um dos trabalhadores ficou doente. Mendes (1980) fazendo referência
ao texto de Souza, afirma que o trabalho, quando executado em condições inadequadas e
insalubres, pode prejudicar a saúde, causar doenças, levar à inatividade, encurtar a vida e até
causar a morte. Para o autor, nas décadas mais recentes, percebeu-se que qualquer trabalho em
condições impróprias, mesmo quando não traz prejuízos explícitos e imediatos à saúde,
provoca formas sutis - mas igualmente negativas para a saúde - de adoecimento.
Para Mendes e Leite (2004), outro fator de risco a ser levado em consideração é o
sedentarismo, ou seja, a tecnologia veio para facilitar a vida das pessoas, diminuindo o tempo
de qualquer tarefa a ser realizada, restringindo o movimento corporal, transformando o
esforço muscular em um simples apertar de botões. Todavia, quando utilizada de maneira
excessiva e errônea, a tecnologia transforma em sedentarismo o estilo de vida
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do homem. Em
outros termos, o homem alterou seu estilo de vida deixando de lado atividades simples e
fundamentais que interferem na sua qualidade de vida. Dentre outras conseqüências, tornou-se
sedentário, resultando em uma grande redução do gasto energético da população,
desencadeando as chamadas doenças da civilização. O sedentarismo é, hoje, considerado um
comportamento de risco, e encarado como um problema de saúde pública, merecedor de
atenção especial no seu combate.
De acordo com Lima (2005), desde a década de 1950, vários estudos têm procurado
demonstrar de forma científica, alguma relação entre o nível de atividade física e a
prevalência de algumas doenças e outros indicadores de saúde e o quanto o baixo nível de
atividade física pode aumentar os riscos das doenças não-transmissíveis. Conforme Alvarez
(2002), o sedentarismo é um dos principais fatores de risco das doenças não-transmissíveis.
São consideradas doenças não-transmissíveis, entre outras, as enfermidades cardiovasculares,
tais como: hipertensão arterial, doença coronariana arterosclerótica, as arteriopatias
periféricas, osteoporose, além do diabetes mellitus e das doenças pulmonares crônicas.
De acordo com o mesmo autor, numa compreensão histórica quanto à saúde
ocupacional, observa-se uma inversão na incidência de doenças. Durante muito tempo a
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O vocábulo estilo pode ser entendido, numa acepção mais abrangente, como o modo de se exprimir os
pensamentos e atitudes, utilizando palavras, expressões, comportamentos, condutas que identificam e
caracterizam determinados grupos sociais ou mesmo o próprio indivíduo. Desse modo, a prática ou não, de
esportes e/ou exercícios físicos, a adoção ou não, de dietas específicas, o consumo ou não, de drogas lícitas e/ou
ilícitas, determinados modos de se vestir, entre outros, constituem hábitos que tem sido associados a estilos de
vida, quase sempre sem a devida explicitação do viés econômico de classe que a expressão abarca veladamente.
(PALMA & BAGRICHEVSKY, 2005).