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“A hominização é fundamental para uma educação voltada para a
condição humana, porque nos mostra como a animalidade e
humanidade constituem, juntas, nossa condição humana –
reproduzimos movimentos. Nova consciência começa a surgir: o
homem, confrontando de todos os lados das incertezas, é levado em
nova aventura. E, enfrentando as incertezas ligadas ao conhecimento,
o homem vive épocas de mudanças características da educação do
futuro.”
Quando enfocamos o estabelecimento educacional como lugar de agir, facilitando
interações, lugar de confronto criança/criança, criança/adulto (em que ambos são mestres e
aprendizes), adulto/adulto, o lugar do adulto/professor é redimensionado
Nesse lugar, o profissional da Educação Infantil contempla tanto elementos
relacionados aos saberes científicos, como elementos relacionados à emoção, ao corpo e à
criação. Sua formação cresce banhada na cultura: cinema, museus, literatura, dança, dentre
outros tantos.“Se as crianças entram em casa com modificações, elas modificam o
ambiente”. (Bertazzo, 2004).
O desafio que se apresenta, em relação aos elementos culturais, é como pensá-los de
forma ampla e plural, entendendo que se tratam de atividades sócio-históricas que congregam
as marcas do nosso tempo.“A reforma do pensamento é que permitiria o pleno emprego da
inteligência para responder a esses desafios e permitiria a ligação da cultura humanista e da
cultura científica dissociadas”. (Morin, 2001:20).
Instituir relações de escuta e reciprocidade com as crianças, re-descobrindo a criança
que se tem dentro de si, refletir sobre essas interações cotidianas, a fim de não robotizá-las ou
enrijecê-las, sem deixar de ocupar o lugar de adultos organizadores de oportunidades para
aprendizagens, com experiências específicas, é o grande desafio do paradigma da
complexidade, que adotamos como base teórica deste estudo.
Para Morin (2001), é de grande importância à contribuição da cultura das
humanidades, na arte, na literatura e na poesia, para o ensino da condição humana e de suas
dimensões poética e estética. Ele observa que é através da arte que nos sensibilizamos para as
dimensões objetivas e subjetivas e nos aproximamos de outras dimensões que na vida comum
não nos é possível atingir.
Se na dança, como acredito, o conhecimento é vivido, no movimento das atividades
lúdicas, através do folclore, esse conhecimento também é vivido pelo corpo do professor e do
aluno. “Como educadores, somos convidados a criar um novo tipo de sensibilidade e atitude
pedagógica” (Nunes, apud Calazans et al, 2003:41).