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Paulo Freire, citado por Drika nos Anais do ano de 98 da Casa Monte Alegre, já nos
apresenta o clima afetivo facilitador da escola, quando diz:
“O coletivo das crianças é marcado sempre por aguçadas diferenças –
de gostos, de modos de agir e de expressar-se, de lidar com o afeto, a
raiva, as nossas propostas. Produzir situações de trabalho prazeroso
em comum, colocar em jogo a cooperação, propor brincadeiras
desafiantes e gostosas são mais do que estratégias, são quase que
rituais cotidianos que nos fazem transmutar a diversidade em riqueza,
o que nos permite reconhecer o outro, conhecendo-nos mais a nós
mesmos.”
“Estar no mundo sem fazer história, sem por ela ser feito, sem fazer
cultura, sem ‘tratar’ sua própria presença no mundo, sem sonhar, sem
cantar, sem musicar, sem pintar, sem cuidar da terra (...), sem
aprender, sem ensinar, sem idéias de formação, sem politizar, não é
possível. É na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a
educação como processo permanente”. (1998:2).
Aqui se expressa uma educação para a sensibilidade. Drika vai sinalizando, sempre,
pontos que são lições de corporeidade.
Começamos a conversa falando de sua vida até chegarmos ao trabalho educativo na
escola.
Drika fez vestibular para Psicologia e, neste momento, começou também a trabalhar
em creches. Até mesmo antes, já havia tido várias experiências com o corpo, através da
capoeira, da dança, da yoga. Foram momentos prazerosos e importantes para sua vida.
Descobriu a Ginástica Orgânica, com movimentos próximos à dança criativa e à expressão
corporal, que trabalhavam seu próprio corpo, mas também o grupo. Sentia-se reconhecida,
valorizada pelo grupo. Na sua formação estavam interligados corpo, educação, criança, saúde,
cultura e arte. Essas sensações a conectavam com a sua infância. Naquela época, as sensações
corporais estavam presentes em suas brincadeiras. Sentia grande bem estar que poderia ser
traduzido em saúde, vida e cultura. Resolvia suas questões pessoais, dúvidas, medos e alegrias
brincando com fantasias, bonecas, teatro ,etc.
Sua opção pela Psicologia resultou de uma vontade de trabalhar com criança, com
saúde, com arte. Tinha consciência de que esse era o caminho para o desenvolvimento, mas
havia a dúvida de querer ser ou não professora. Foi traçando sua trajetória profissional
sabendo o que não queria: ser bailarina, trabalhar com a clínica.