
51
o cristocentrismo
172
. Percebe-se legalista, triunfalista e clericalizada, sentindo a
necessidade de exteriormente compreender, conhecer, evangelizar e adentrar no mundo ao
seu redor, repleto de transformações velozes e sucessivas, também na América Latina
173
.
No Brasil, a 5ª Assembléia da Conferência Nacional dos Bispos, coincide com o
ano de abertura do Concílio, 1962
174
. Ou seja, tem-se uma caminhada de comunhão e
colegialidade nas buscas eclesiais que, organizadas e atualizadas à luz conciliar
175
,
conduzem a Igreja no Brasil até hoje. Na América Latina, em geral, o reflexo de sua luz
fez-se perceber nitidamente
176
. Especialmente na Segunda Conferência Geral do
Episcopado Latino-americano
177
no ano de 1968, em Medellin, na Colômbia. Enriquecido
172
“Nos grandes documentos conciliares sobre a Igreja – Lumen Gentium e Gaudium et Spes – podem ser
discernidas as principais afirmações do Vaticano II sobre o entendimento da pessoa do Cristo,
afirmações que são repetidas nos outros textos do Concílio” (MANZATTO, Antônio. O paradigma
cristológico do Vaticano II e sua incidência na cristologia latino-americana. In: GONÇALVES, Paulo
Sérgio Lopes; BOMBONATTO, Vera Ivanise (Orgs.). Concílio Vaticano II: análise e prospectiva.
2004, p. 224).
173
“[...] o Concílio Vaticano II coloca as vigas mestras que vão suportar a construção teológica da América
Latina, teologia esta que continua vigorosa e que vai manifestando ao mundo a fé de seu povo sofredor e
cheio de esperança” (idem, p. 225).
174
“O Concílio Vaticano II representou uma verdadeira reviravolta para toda a comunidade cristã. No Brasil
este evento eclesial encontrou grande acolhida. Os nossos bispos, respondendo ao apelo do papa João
XXIII feito ao CELAM no dia 15 de novembro de 1958, prepararam-se para essa surpreendente
transformação. Através do Plano de Emergência (PE) lançado em 1962, ainda no início do Concílio, a
CNBB quis mobilizar todas as forças para colocar a Igreja em condições de responder aos desafios
daquele momento e de receber as propostas conciliares” (CNBB. Igreja, Povo de Deus a Serviço da
Vida: texto-base do 2º congresso vocacional do Brasil-2005. 2004, p. 13).
175
“Os ideais de atualização apostólica que se foram afirmando no Brasil, na década de 1950, até chegar à
planificação pastoral, bem como o florescimento eclesiológico, unido à convocação do CV, na mesma
época, não podiam não influir na CNBB e sua organização. Antes mesmo de terminar o sexênio para o
qual o E58 fora convocado, vemo-la ampliar seus quadros organizativos e pensar na modificação de suas
normas. Nascerá daí, em pleno CV, um estatuto de transição, que , bem ou mal, servirá à regulamentação
da vida e atividade da CNBB, nos anos talvez mais efervescentes, difíceis e fecundos de sua história:
1965 a 1971” (QUEIROGA, Gervásio Fernandes. CNBB, Comunhão e Responsabilidade. 1977, p. 223).
176
“[...] transformações efetuadas na Igreja Latino-americana a partir do Concílio Vaticano II, como as
experiências pastorais locais, as comunidades de base e a teologia da Libertação” (CIPRIANI, Roberto;
ELETA, Paula; NESTI, Arnaldo (Orgs.). Identidade e Mudança na Religiosidade Latino-americana.
Petrópolis: Vozes, 2000, p. 7).
177
“Esta atitude de abertura vem de encontro à necessária liberdade de expressão, indispensável dentro da
Igreja, conforme o espírito da Gaudium et Spes, 92: ‘A Igreja... consolida um diálogo sincero, o qual, em
primeiro lugar, requer que se promova no seio da Igreja uma mútua estima, respeito e concórdia.
Reconhecendo todas as legítimas diversidades para abrir com fecundidade sempre crescente, o diálogo
entre todos os que integram o único Povo de Deus, tanto os pastores como os demais fiéis [...]”
(CELAM. Conclusões de Medellín. 6. ED. São Paulo: Paulinas, 1987, p. 168).