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ROGÉRIO FERREIRA AIRES
DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE MAMONA NO RIO
GRANDE DO SUL
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Sistemas de Produção Agrícola Familiar
da Universidade Federal de Pelotas,
como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre em Ciências (área do
conhecimento: Fitotecnia).
Orientador: Sérgio Delmar dos Anjos e Silva
Co-Orientador (es): Luis Antônio Veríssimo Corrêa
Pelotas, 2008
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Dados de catalogão na fonte:
( Marlene Cravo Castillo CRB-10/744 )
A298d Aires, Rogério Ferreira
Desempenho agronômico de cultivares de mamona no Rio
Grande do Sul / Rogério Ferreira Aires. - Pelotas, 2008.
60f. : tab. E graf.
Dissertação ( Mestrado ) Programa de Pós-Graduação em
Sistemas de Produção Agrícola Familiar. Faculdade de Agronomia
Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. - Pelotas, 2008,
Sérgio Delmar dos Anjos e Silva, Orientador; co-orientador Luis
Antônio Veríssimo Correa.
1. Ricinus communis. 2. Cultivares 3. Época de semeadura
4. Densidade I Anjos e Silva, Sérgio Delmar dos (orientador) II
.Título.
CDD 633.85
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Banca examinadora:
Sérgio Delmar dos Anjos e Silva Embrapa Clima Temperado
Edgar Ricardo Schöffel Universidade Federal de Pelotas
João Guilherme Casagrande Jr. Embrapa Clima Temperado
iii
Agradecimentos
Ao orientador deste trabalho, Sérgio Delmar dos Anjos e Silva;
Ao co-orientador, Luíz Antônio Veríssimo Corrêa;
Aos colegas e amigos;
À minha família;
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
Bolsa de mestrado;
À Embrapa Clima Temperado;
À Fundação Centro de Experimentação e Pesquisa (FUNDACEP);
À Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Regional Integrada (URI)
Campus Erechim e
Ao Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar
iv
Resumo
AIRES, Rogério Ferreira. Desempenho agronômico de cultivares de mamona no
Rio Grande do Sul. 2008. 60f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-
Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar. Universidade Federal de
Pelotas, Pelotas.
A demanda por informações cnicas sobre a cultura da mamona no RS, se
intensificou nos últimos dois anos, devido ao estímulo do governo para a produção
de biocombustíveis, pelas diversas aplicações do óleo de mamona na indústria
química e farmacêutica e pelos índices de produtividade alcançados pela cultura da
mamona em ensaios e lavouras experimentais. Sem dúvida a cultura é uma
alternativa para a diversificação da agricultura familiar e importante alternativa para
impulsionar o desenvolvimento da Metade Sul do Estado, contribuindo na geração
de empregos e renda. As pesquisas sobre prática de cultivo da mamona ainda são
incipientes, havendo falta de informações técnicas regionalizadas sobre esta cultura,
o que dificulta a expansão do cultivo. Desta forma, são necessárias ações conjuntas
das diversas áreas de conhecimento para gerar informações técnicas para um
sistema de produção de mamona viável à exploração econômica e sustentável. O
objetivo deste trabalho foi gerar informações técnicas que venham a contribuir com a
construção de um sistema de produção que permita a exploração comercial
sustentável da mamona na região Sul do Brasil, através da avaliação de genótipos,
épocas e densidades de semeadura. O ensaio de avaliação de cultivares foram
conduzido em três locais utilizando sete variedades e seis híbridos. Os experimentos
de época de semeadura foram semeados em três locais e três épocas, utilizando
quatro cultivares, duas variedades e dois híbridos. O ensaio de densidade foi
composto de quatro cultivares, duas variedades e dois híbridos, onde foram testadas
três densidades para variedades e três para híbridos.
Palavras-chave: Ricinus communis. Cultivares. Época de Semeadura. Densidade.
v
Abstract
AIRES, Rogério Ferreira. Desempenho agronômico de cultivares de mamona no
Rio Grande do Sul. 2008. 60f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-
Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar. Universidade Federal de
Pelotas, Pelotas.
The demand for technical information about castor crop in Rio Grande do Sul, has
intensified in the past two years due to the government stimulation for the production
of biofuels, through several applications of castor oil in the chemical and
pharmaceutical industry and productivities achieved by castor crop in trials and
experimental crops. Undoubtedly, this crop is an alternative to family farming
diversification and to the development of the southern of the state, helping to create
jobs and income. Research about the techmiques on castor planting are still incipient,
lacking local technical information about the specie, difficulting its expansion. Thus,
simultaneous actions are needed from several knowledge areas to generate
technical information aiming to build a viable and sustainable castor production
system. The objective of this work was generate technical information that will
contribute to the construction of a production system that allows the commercial
castor exploitation in the southern region of Brazil, through the evaluation of
genotypes, times and densities of sowing. The test for evaluating cultivars have been
conducted in three locations using seven varieties and six hybrids. The experiments
of sowing time were planted in three places and three times, using four cultivars, two
varieties and two hybrids. The density trial was composed of four cultivars, two
varieties and two hybrids, where have been tested three sowing densities for
varieties and hybrids.
Keywords: Ricinus communis. sowing times. sowing densities
vi
Lista de Figuras
Figura 1 (Artigo 1). Representação gráfica do Balanço Hídrico Seqüencial Mensal estimado pelo
método de Thornthwaite & Mather (1955) para Pelotas, Cruz Alta e Erechim, no período
2006/07. Precipitação mensal acumulada, evapotranspiração real (ETR) e evapotranspiração
potencial(ETP). .........................................................................................................................34
Figura 1 (Artigo 3) Número de cachos por planta de híbridos de mamona semeados em diferentes
densidades. ..............................................................................................................................57
Figura 2 (Artigo 3) Produção de grãos por planta em híbridos de mamona semeados em diferentes
densidades. ..............................................................................................................................57
Figura 3 (Artigo 3) Produtividade de variedades de mamona semeadas em diferentes densidades.
.................................................................................................................................................58
vii
Lista de Tabelas
Tabela 1 (Artigo 1). Desempenho médio de quatro cultivares de mamona para altura de planta (AP),
altura de inserção do primeiro racemo (IR), floração dos racemos de 1º, 2º e 3º ordem (F1, F2 e
F3) em dias após a emergência, mero de racemos por planta (NR), produção de sementes
por planta (PP), peso de sementes por racemo (PR) e produtividade média de grãos, em Kg.ha-
1 (Produtiv.) no Estado do Rio Grande do Sul, safra 2006-07....................................................31
Tabela 2 (Artigo 1). Desempenho médio de quatro cultivares de mamona para altura de planta (AP),
altura de inserção do primeiro racemo (IR), floração dos racemos de 1º, 2º e 3º ordem (F1, F2 e
F3) em dias após a emergência, mero de racemos por planta (NR), produção de sementes
por planta (PP), peso de sementes por racemo (PR) e produtividade média de grãos (Kg.ha-1)
em três épocas de semeadura no Estado do Rio Grande do Sul, safra 2006-07........................32
Tabela 3 (Artigo 1). Produtividade média de grãos (Kg.ha-1) de cultivares de mamona, semeadas em
Cruz Alta, Erechim e Pelotas, RS em três épocas de semeadura. Safra 2006-07. .....................33
Tabela 1 (Artigo 2). Variedades e híbridos de mamona avaliadas no ensaio regional de cultivares no
Rio Grande do Sul, Safra 2006/07. ...........................................................................................44
Tabela 2 (Artigo 2). Balanço Hídrico Seqüencial Mensal, em mm, estimado pelo método de
THORNTHWAITE & MATHER (1955) com auxilio de planilhas eletrônicas para cálculos de
balanços hídricos (ROLIM et al. 1998), de acordo com os dados de precipitação e temperatura
observados em Pelotas, Erechim e Cruz Alta. ...........................................................................44
Tabela 3 (Artigo 2). Desempenho agronômico de variedades e híbridos de mamona em três locais do
Rio Grande do Sul, Safra 2006-07. Sendo: floração dos racemos de 1º, e ordem (F1, F2 e
F3) em dias após a emergência, altura de planta (AP), altura de inserção do primeiro racemo
(IR) e produtividade média de grãos (Kg.ha-1). .........................................................................45
Tabela 4 (Artigo 2). Desempenho agronômico de híbridos de mamona no Rio Grande do Sul, Safra
2006-07. Sendo: floração dos racemos de 1º, e ordem (Flor 1, Flor 2 e Flor 3) em dias
após a emergência, altura de planta (AP), altura de inserção do primeiro racemo (IR) e
produtividade média de grãos (Kg.ha-1)....................................................................................46
Tabela 5 (Artigo 2). Desempenho agronômico de variedades de mamona no Rio Grande do Sul, Safra
2006-07. Sendo: floração dos racemos de 1º, e ordem (Flor 1, Flor 2 e Flor 3) em dias
após a emergência, altura de planta (AP), altura de inserção do primeiro racemo (IR) e
produtividade média de grãos (Kg.ha-1)....................................................................................47
Tabela 6 (Artigo 2). Produtividade de grãos, em Kg.ha-1, de variedades e híbridos de mamona em
três locais do Rio Grande do Sul, safra 2006/07. .......................................................................48
Tabela 1 (Artigo 3). Desempenho agronômico de cultivares de mamona semeados em diferentes
densidades, sendo: Floração dos racemos de 1°, 2° e 3° ordem (Flor 1, Flor 2 e Flor 3), em dias
a partir da emergência, altura de planta (AP), altura de inserção do racemo primário (IR),
número de racemos por planta (NR), produção de grãos por racemo (PR), produção de grãos
por planta (PP) e produtividade de grãos, em Kg.ha-1 (Produt.) ................................................56
viii
Lista de Abreviaturas e Siglas
AP - altura de planta
CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
ETP evapotranspiração potencial
ETR evapotranspiração real
F1, F2 e F3 - floração dos racemos de 1º, 2º e 3º ordem, respectivamente
FUNDACEP Emb
IAC Instituto Agronômico de Campinas
IR - altura de inserção do primeiro racemo
NR - número de racemos por planta
PP - produção de sementes por planta
PR - produção de sementes por racemo
URI Universidade Regional Integrada
ix
Sumário
1 Introdução .......................................................................................................... 10
2 Projeto de Pesquisa ........................................................................................... 12
2.1 Antecedentes e Justificativa ........................................................................... 12
2.2 Objetivos ......................................................................................................... 14
2.2.1 Objetivo geral .......................................................................................... 14
2.2.2 Objetivos específicos ............................................................................... 14
2.3 Material e métodos ......................................................................................... 15
2.3.1 Época de Semeadura .............................................................................. 15
2.3.2 Densidade ............................................................................................... 15
2.3.3 Avaliação de cultivares ............................................................................ 16
2.4 Cronograma de execução da pesquisa .......................................................... 17
2.5 Divulgação prevista ........................................................................................ 18
2.6 Bibliografia ...................................................................................................... 19
3 Relatório do trabalho de campo ......................................................................... 20
4 Artigo 1 - Épocas de semeadura de mamona no Rio Grande do Sul ................. 22
5 Artigo 2 - Desempenho agronômico de cultivares de mamona no Rio Grande do
Sul, safra 2006-07 ..................................................................................................... 35
6 Artigo 3 - Avaliação da densidade de semeadura de cultivares de mamona ..... 49
7 Conclusões ........................................................................................................ 59
8 Referências ........................................................................................................ 60
1 Introdução
A mamona (Ricinus communis) é uma Euphorbiaceae de origem tropical
com ampla adaptação e distribuição ao redor do mundo. Seu centro de origem é a
Etiópia, leste da África, sendo que existem centros secundários de diversidade
(WEISS, 2000). Apresenta alto potencial para a produção de óleo, o qual tem
diversas aplicações na indústria química e farmacêutica, sendo tamm matéria
prima para a produção do biodiesel (SAVY FILHO, 2005). O subproduto torta, que
pode ser utilizado como adubo orgânico, tem ação nematicida e fungicida, tendo
todos os macro e micronutrientes, alto teor de matéria orgânica e nitrogênio (SILVA
et al., 2007).
O Brasil, até o ano de 1981, colocava-se na condição de primeiro produtor
mundial, com uma produção de 281 mil toneladas e uma área plantada de 479 mil
hectares. Porém, a área plantada reduziu drasticamente (retração de 88%), em
conseqüência do baixo preço pago ao produtor e das baixas produtividades, reflexo
do baixo nível tecnológico empregado na cultura (SILVA et al., 2007). Recentemente
a implantação do Programa Nacional de Biodiesel ampliou o mercado de óleos
vegetais e a política de incentivos fiscais ao biodiesel produzido a partir de matéria
prima oriunda da agricultura familiar, proporcionando aumento nos investimentos de
empresas e produtores nesta cultura. Contudo, o maior atrativo da cultura da
mamona é o alto valor do óleo no mercado internacional. No segundo semestre de
2007, a cotação do óleo de mamona registrou aumento 21%, encerrando o ano
cotado a R$ 4.200,00 a tonelada (COTAÇÕES, 2007). Na safra 2006/07 a área
plantada no Brasil foi de 153.241 ha e a produção foi de 87.071 toneladas de
mamona em baga, as estimativas para a safra 2007/08 são de 179.464 ha,
incremento de 17,1%, e uma produção de 156.099 toneladas, incremento de 53,2%
(ESTATISTICA, 2008).
O aumento da área de plantio da mamona no estado do Rio Grande do Sul
tem sido acentuado nos últimos anos, impulsionado pela instalação de várias
indústrias de óleo e biodiesel no Estado, as quais, dentre outras vantagens,
garantem o preço de compra do grão e oferecem assistência técnica aos produtores
(SILVA et al., 2007).
Em 2003, a Embrapa Clima Temperado realizou testes com esta cultura no
Rio Grande do Sul, obtendo resultados promissores. A continuidade dos trabalhos
comprovou que esta espécie é viável e apresenta alta produtividade nesta região.
Porém, apesar da mamona ser opção promissora para a agricultura gaúcha, é
necessário investir em pesquisa e difusão de tecnologia, visando melhorar a
eficiência do processo produtivo.
Com base na hipótese de que as cultivares de mamona apresentam
variações significativas na produtividade quando submetidas a diferentes condições
de ambiente e manejo, a definição de cultivares com potencial ótimo para cada
região de cultivo, da melhor época de colheita e a adequação do manejo são
fundamentais para a otimização da produtividade. Neste sentido, o objetivo deste
trabalho foi a avaliação do desenvolvimento agronômico de cultivares e o estudo de
época e densidade de semeadura, visando gerar informações técnicas para
contribuir com a construção de um sistema de produção que permita a exploração
comercial sustentável da mamona na região sul do Brasil.
2 Projeto de Pesquisa
2.1 Antecedentes e Justificativa
A mamona é espécie vegetal de alto potencial para a produção de óleo, o
qual tem diversas aplicações na industria química, farmacêutica, sendo tamm
matéria prima para a produção do biodiesel, que, dentre outras vantagens,
proporciona: redução na emissão de gases tóxicos à atmosfera, comparado com o
combustível de origem petroquímica (Savy Filho, 2005). O subproduto torta, que
pode ser utilizado como adubo orgânico, tem ação nematicida e fungicida, tendo
todos os macro e micronutrientes, alto teor de matéria orgânica e nitrogênio. O
enorme crescimento da área de plantio, estimulado por essas aplicações, e,
principalmente pelos bons índices produtivos alcançados pela cultura da mamona no
Rio Grande do Sul, a tornam promissora para impulsionar o desenvolvimento da
Metade Sul do Rio Grande do Sul, contribuindo na geração de empregos e renda.
O país maior produtor de mamona é a Índia, com 804 mil toneladas, seguida
pela China (275 mil toneladas). O Brasil ocupa o terceiro lugar, com média de
produção de 149,1 mil toneladas. Historicamente, estes três países respondem por
cerca de 90% da produção mundial, algo em torno de 1,4 milhões de toneladas
(FAO, 2006).
No Brasil, a ricinocultura tem encontrado sérios problemas econômicos já
vários anos, pois o preço pago ao produtor depende fortemente das oscilações do
mercado internacional. Até 1981, o Brasil, com produção de 281 mil toneladas, era o
primeiro produtor mundial. A partir daí, o setor parou de ser incentivado, sofrendo
redução da área plantada (479 mil para 40 mil hectares) e diminuindo a produção de
385 mil toneladas na safra 1984/85 para 43 mil toneladas na safra 1995/96,
registrando retração de 88%. A redução da produtividade verificada no período
reflete a falta de incentivo e a baixa tecnologia empregada nas lavouras, passando
de 803kg/ha para 355kg/ha, neste mesmo período. Na safra seguinte, houve
pequena recuperação do setor, registrando produção de 109 mil toneladas, e
produtividade de 707kg/ha (AZEVEDO et al., 2001).
Nos últimos anos, devido ao fato de não existir bons substitutos em muitas
das aplicações do óleo de mamona, como tamm, pela sua versatilidade industrial,
a demanda por este óleo vem se expandindo bastante tanto no Brasil quanto e em
outros países industrializados. No Brasil, com o Programa Nacional de Biodiesel, a
produção de óleo de mamona para a fabricação de biodiesel tornou-se um mercado
muito promissor. Acredita-se que, com os investimentos em tecnologia agrícola que
estão sendo feitos por empresas industriais e comercializadoras do óleo de mamona
e derivados, o Brasil poderá voltar a crescer e competir no mercado internacional
nas próximas décadas.
No Rio Grande do Sul, o cultivo da mamona pode ser alternativa. Devido a
este fato, o aumento da área de plantio da mamona tem sido acentuado no estado
do Rio Grande do Sul nos últimos anos, o qual, na safra 2003/2004 era de 200ha,
atingindo 600ha na safra 2004/2005; 1200ha na safra 2005/2006; com projeção de
plantio de 6.000ha na safra 2006/2007, devido à instalação de indústrias de óleo e
biodiesel de mamona no Rio Grande do Sul, as quais, dentre outras vantagens
garantem o preço de compra da semente e oferecem assistência técnica aos
produtores.
Trabalhos desenvolvidos na Embrapa Clima Temperado comprovam o
elevado potencial da mamona para a produção de biodiesel no Rio Grande do Sul.
Esta característica, associada ao alto rendimento de grãos, despertou grande
interesse por esta cultura no Estado, pois sua exploração comercial e a produção de
biodiesel viabilizam a geração de empregos e renda, principalmente, para
agricultores de base familiar e assentados, os quais ocupam área equivalente a
162.000 hectares, com 7.023 famílias assistidas.
As pesquisas sobre prática de cultivo da mamona ainda são incipientes,
havendo falta de informações técnicas regionalizadas sobre esta cultura. Isto
dificulta a expansão do cultivo. Desta forma, são necessárias ações conjuntas das
diversas áreas de conhecimento para gerar informações cnicas para um sistema
de produção de mamona viável à exploração econômica e sustentável.
Com base neste enfoque, trabalhos de competição de cultivares são
essenciais, combinados com o manejo da planta, considerando a altura de poda,
espaçamento e densidade e época de plantio, o que proporciona a definição de
cultivares com potencial ótimo para cada região de cultivo, da melhor época de
colheita e a adequação do manejo para a otimização da produtividade.
2.2 Objetivos
Objetivo geral
Gerar informações técnicas que venham a contribuir com a construção de
um sistema de produção que permita a exploração comercial sustentável da
mamona na região sul do Brasil.
Objetivos específicos
Avaliar genótipos de mamona para o Estado do Rio Grande do Sul;
Avaliar épocas de semeadura da cultura da mamona para Estado do Rio Grande do
Sul;
Avaliar densidades de semeadura;
2.3 Material e métodos
Época de Semeadura
O experimento de época de semeadura será conduzido em três locais do
Rio Grande do Sul, utilizando seis cultivares, IAC 80, AL Guarany 2002, Mara e Lyra
semeados em três épocas. Os ensaios serão conduzidos na FUNDACEP em Cruz
Alta, na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões(URI) em
Erechim e na Embrapa Clima Temperado em Pelotas.
As parcelas serão formadas por 4 linhas de 10 metros, o espaçamento
utilizado será 1,6 x 1,5 para porte alto, 1,6 x 0,8 para porte médio e 1,0 x 0,6 para
porte baixo.
A adubação e tratos culturais serão feitos conforme metodologia descrita por
Silva et al (2005). O delineamento experimental será de blocos completos
casualizados com três repetições. Serão observados a data da emergência de 50%
das plantas, data do início da , 2º e florações, número de cachos, altura de
planta, altura de inserção do primeiro cacho, ocorrência de pragas, ocorrência de
doenças e produtividade. Posteriormente serão realizados em laboratório as análises
de relação casca grão, peso de 100 sementes e teor de óleo.
Densidade
O experimento para avaliação de densidade será realizado em Pelotas,
utilizando quatro cultivares: AL Guarany 2002 e IAC Guarani de porte médio; e dois
híbridos Lyra, Sara ou Savana, dependendo da disponibilidade de semente. Serão
testadas três densidades utilizando as seguintes configurações: 1,6 x 0,5, 1,6 x 0,8 e
1,6 x 1,1 para as cultivares de porte médio e 1,0 x 0,4, 1,0 x 0,6 e 1,0 x 1,0 para
porte baixo.
A adubação e tratos culturais serão feitos conforme metodologia descrita por
Silva et al (2005). O delineamento experimental será de blocos completos
casualizados com três repetições. As observações e análises serão as mesmas
descritas no item 2.1.
Avaliação de cultivares
O ensaio para avaliação de cultivares de mamona será conduzido na
FUNDACEP em Cruz Alta, na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões (URI) em Erechim e na Embrapa Clima Temperado em Pelotas, onde
foram testadas treze cultivares, sendo seis híbridos e sete variedades (Tabela 1).
O ensaio será conduzido em blocos completos casualizados, com três
repetições. As parcelas no ensaio de variedades serão compostas por quatro linhas
de oito metros, espaçadas 1,6 metros. O espaçamento entre plantas varia em função
do porte da cultivar sendo 1,5m para IAC 80, e, 0,8m para as demais variedades. No
ensaio de híbridos, o espaçamento entre linhas será de 1,3m e entre plantas na
linha 0,40 m. Será considerado como área útil as duas linhas centrais da parcela ,
tanto para variedades como para os híbridos.
A adubação e tratos culturais serão feitos conforme metodologia descrita por
Silva et al (2005). O delineamento experimental será de blocos completos
casualizados com três repetições. As observações e análises serão as mesmas
descritas no item 2.1.
Tabela 1. Variedades e híbridos de mamona avaliadas no ensaio regional de
cultivares no Rio Grande do Sul, Safra 2006/07.
Tipo
Nome
Origem
Ciclo
Porte
Fruto
Variedade
AL Guarany 2002
CATI¹ (SP)
Tardio
Médio
Indeiscente
Variedade
IAC Guarani
IAC² (SP)
Tardio
Médio
Indeiscente
Variedade
Nordestina
Embrapa Algodão
Tardio
Médio
Deiscente
Variedade
Vinema T1
Vinema
Médio
Médio
Indeiscente
Variedade
IAC 226
IAC (SP)
Tardio
Médio
Indeiscente
Variedade
IAC 80
IAC (SP)
Tardio
Alto
Deiscente
Variedade
Mirante 10
Sementes Armani
Médio
Médio
Indeiscente
Híbrido
Savana
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
Híbrido
Lara
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
Híbrido
Sara
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
Híbrido
Mara
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
Híbrido
Lyra
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
Híbrido
Íris
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
¹ Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
² Instituto Agronômico de Campinas
2.4 Cronograma de execução da pesquisa
Todos os ensaios serão semeados entre outubro e dezembro de 2006 e
colhidos entre fevereiro e abril de 2007. A poda será realizada em agosto de 2007
com colheita prevista para dezembro de 2007 e janeiro de 2008.
A maior parte dos dados serão coletados no primeiro semestre de 2007 e a
análise da maior parte dos dados será feita no segundo semestre de 2007.
Tabela 2. Cronograma de execução da pesquisa.
Atividade
2º /2006
1º /2007
2º /2007
1º /2008
Implantação dos experimentos
x
Condução dos experimentos
x
x
x
x
Coleta dos dados
x
x
x
x
Análises de laboratório
x
x
Tabulação dos dados
x
x
Análise dos dados
x
x
Publicação dos resultados
x
2.5 Divulgação prevista
Os resultados obtidos serão divulgados na forma de apresentação em
reuniões com a comunidade, encontros, seminários e congressos da área, dias de
campo nas propriedades envolvidas no projeto e em programas de televisão, como o
Terra Sul. Serão ainda publicados em revistas especializadas e tamm no Boletim
de Recomendações Técnicas da Cultura.
2.6 Bibliografia
AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F. O agronegócio da mamona no Brasil. Campina
Grande: Embrapa Algodão; Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. 350 p.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS.
Disponível em <http://www.fao.org/> acessado em 20/09/2006.
SAVY FILHO, A. Mamona tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105 p.
SILVA, S., D., dos A. e et al, A cultura da mamona na Região de Clima Temperado:
Informações preliminares, Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2005. Série
Documentos, n. 149, 50 p.
Weiss, E.A. Oilseed crops. London: Longman, 2000. 660p.
3 Relatório do trabalho de campo
Os experimentos de época de semeadura foram conduzidos na safra
2006/07, em três locais no Rio Grande do Sul: na Embrapa Clima Temperado; na
FUNDACEP e na Universidade Regional Integrada (URI) - Campus de Erechim. A
semeadura foi realizada em três épocas, entre o final de outubro e o início de
janeiro. As cultivares utilizadas foram: IAC 80, de porte alto, ciclo longo e frutos
semideiscentes; AL Guarany 2002, de porte médio, ciclo médio e frutos indeiscentes;
Mara e Lyra, híbridos precoces, de porte baixo e fruto indeiscente. O cultivo foi
conduzido em sistema convencional de preparo do solo, em parcelas de três linhas
de 8m de comprimento cada, utilizando-se espaçamento de 1,6 x 1,5 m para a
cultivar IAC 80, 1,6 x 0,8 m para AL Guarany 2002 e 1,6 x 0,6 m para Mara e Lyra. A
semeadura foi realizada manualmente, utilizando-se duas sementes por cova,
mantendo-se, após desbaste, uma planta em cada cova. A adubação e tratos
culturais foram realizados de acordo com as indicações técnicas para o cultivo da
mamona no Rio Grande do Sul (SILVA et al., 2007).
Os experimentos de avaliação de cultivares foram realizados nos mesmos
locais do ensaio de época de semeadura. Foram avaliadas 7 variedades e 6
híbridos, com diferentes características de ciclo e porte. As parcelas no ensaio de
variedades foram compostas por quatro linhas de oito metros, espaçadas 1,6
metros. O espaçamento entre plantas variou em função do porte da cultivar sendo
1,5m para IAC 80, e, 0,8m para as demais variedades. No ensaio de híbridos, o
espaçamento entre linhas foi de 1,3m e entre plantas na linha 0,40 m. Foram
consideradas como área útil as duas linhas centrais da parcela , tanto para
variedades como para os bridos. A semeadura foi realizada manualmente,
utilizando-se duas sementes por cova, mantendo-se, após desbaste, uma planta em
cada cova. A adubação e os tratos culturais foram realizados conforme as
indicações técnicas para o cultivo da mamona no Rio Grande do Sul (SILVA et al
2007). As datas de semeadura foram: 21/11/2006 em Pelotas; 15/11/2006 em
Erechim e 21/11/06 em Cruz Alta.
O experimento de densidade de semeadura foi conduzido no campo
experimental da Embrapa Clima Temperado em Pelotas-RS. Utilizou-se quatro
cultivares: AL Guarany 2002 e IAC Guarani (porte médio) e dois híbridos Lyra e Sara
(porte baixo). Foram testadas três densidades, utilizando as seguintes
configurações: 1,6 x 1,1m, 1,6 x 0,8m e 1,6 x 0,5m para as cultivares de porte médio
totalizando uma população de 5.682, 7.813 e 12.500 plantas por hectare
respectivamente; e 1,0 x 1,0m, 1,0 x 0,6m e 1,0 x 0,4m para as de porte baixo,
totalizando 10.417, 15.625 e 20.833 plantas por hectare, respectivamente.
O experimento foi semeado em 27/11/2006, em sistema convencional de
preparo do solo. A semeadura foi manual, utilizando três sementes por cova, sendo
que 15 dias após a emergência foi realizado o desbaste deixando uma planta por
cova. As parcelas foram constituídas de quatro linhas de sete metros, em
delineamento experimental de blocos completos casualizados.
Para as avaliações dos três experimentos, foram observados a data da
emergência de 50% das plantas, data do início da floração dos racemos de 1º, e
ordem, número de racemos por planta, altura de planta, altura de inserção do
primeiro racemo e produtividade.
4 Artigo 1 - Épocas de semeadura de mamona no Rio Grande do Sul
ÉPOCAS DE SEMEADURA DE MAMONA NO RIO GRANDE DO SUL
CASTOR BEAN SOWING TIMES IN RIO GRANDE DO SUL
Rogério Ferreira Aires
1
, Sérgio Delmar dos Anjos e Silva
2
, João Guilherme Casagrande
Junior
²
,Cleiton Steckling
3
, Lauri Lourenço Radünz
4
RESUMO
O objetivo deste do trabalho foi avaliar o desempenho agronômico de quatro cultivares de
mamona em três épocas de semeadura no Rio Grande do Sul. Os experimentos foram conduzidos
na safra 2006/07, em três locais: na Embrapa Clima Temperado, em Pelotas; na FUNDACEP, em
Cruz Alta e na Universidade Regional Integrada (URI) - Campus de Erechim, em Erechim.
Utilizou-se as cultivares: IAC 80, de porte alto, ciclo longo e frutos semideiscentes; AL Guarany
2002, de porte médio, ciclo médio e frutos indeiscentes; Mara e Lyra, híbridos precoces, de porte
baixo e frutos indeiscentes. A semeadura foi realizada em três épocas, entre o final de outubro e o
início de janeiro. De maneira geral, as condições climáticas favoreceram o desenvolvimento das
cultivares semeadas na primeira época, resultando na maior produtividade, principalmente para a
cultivar IAC 80, que apresentou grande redução na produtividade quando semeada na segunda e
terceira época. Comparativamente às cultivares, os híbridos apresentaram produtividade mais
estável, sendo a melhor alternativa para a semeadura tardia.
PALAVRAS-CHAVE: Ricinus communis; Euphorbiaceae, rendimento de grãos.
1
Bolsista de mestrado do CNPq PPGSPAF/UFPEL Embrapa Clima Temperado. Rodovia BR 392, km 78. Caixa
Postal 403, CEP 96001-970. Pelotas, RS - Brasil. rogeriofaem@yahoo.com.br.
2
Embrapa Clima Temperado. Pelotas, RS - Brasil
3
Fundacep. Cruz Alta, RS - Brasil
4
Universidade Regional Integrada (URI). Erechim, RS - Brasil
ABSTRACT
The objective of this work was to evaluate the agronomic performance of four castor bean
cultivars sowed in three different times. The trials were carried out in 2006/07 crop season, in three
sites of Rio Grande do Sul: Embrapa Clima Temperado, in Pelotas; FUNDACEP, in Cruz Alta; and
Universal Regional Integrada, in Erechim. The cultivars, were the following: IAC 80, tall stature,
late maturity cycle and semidehiscent fruits; AL Guarany 2002, medium stature, medium maturity
cycle and non-dehiscent fruits; Mara and Lyra, early maturity hybrids, short stature and non-
dehiscent fruits. The three sowing times was carried out between the end of October and the
beginning of January. The climatic conditions improved the development of the cultivars in the first
planting date, resulting in the highest productivity, specially to the IAC 80 cultivar, which showed a
decrease in the productivity, when sowed at the second and third dates. The later sowing time
extended the vegetative stage and increased the plants medium height. The hybrids had more stable
productivity, and are the best alternative for late sowing time.
KEY WORDS: Ricinus communis; Euphorbiaceae, grain yield.
INTRODUÇÃO
Embora a mamona tenha elevada plasticidade fenotípica e ampla adaptação a vários ambientes
(WEISS, 2000), as variações ambientais influenciam o desempenho agronômico da cultura. A
produtividade da mamona está diretamente relacionada com a disponibilidade drica, temperatura,
fotoperíodo e umidade relativa do ar, principalmente durante a fase reprodutiva, desde a floração
dos racemos primários até a maturação dos terciários (MOSHKIN, 1986; KUMAR, 1997).
A mamona é considerada uma planta de dias longos, embora se adapte bem às regiões com
fotoperíodos curtos, desde que não sejam inferiores a nove horas, porém seu melhor
desenvolvimento ocorre em áreas com insolação superior a 12 horas. Dias longos favorecem a
formação de flores femininas, aumentando o rendimento, enquanto que dias curtos favorecem a
formação de flores masculinas (WEISS, 2000).
Segundo WEISS (2000), a mamona apresenta tolerância à seca e capacidade de
extrair umidade de camadas mais profundas do solo, devido ao sistema radicular bem desenvolvido.
Entretanto, mesmo com esta capacidade, a falta de água pode comprometer o rendimento,
principalmente nas fases de florescimento e frutificação (8º e estádios fenológicos) (MOSHKIN,
1986). De acordo com WREGE et al. (2007), a Fronteira Oeste é a região com maior risco de déficit
hídrico no Rio Grande Sul, nas demais regiões o risco é menor, sendo que, de maneira geral, quanto
mais cedo for realizada a semeadura, menor o risco de déficit hídrico.
A faixa ideal de temperatura para o desenvolvimento da mamona varia entre 20ºC e 30ºC, sendo
que temperaturas acima de 40ºC podem provocar a senescência das flores, reduzindo a
produtividade (MOSHKIN, 1986). Nessa situação, também ocorre a reversão sexual das flores,
aumentando a quantidade de flores masculinas em relação às femininas. Temperaturas maiores do
que 35°C reduzem o teor de óleo e proteína da semente, enquanto que temperaturas médias
inferiores a 15°C diminuem o teor de óleo e alteram suas características, e inferiores a 10ºC podem
inviabilizar o len, inibindo a produção de sementes (MOSHKIN, 1986; WEISS, 2000). No Rio
Grande do Sul, normalmente o ocorrem temperaturas maiores do que 40ºC, mas são comuns
temperaturas inferiores a 10ºC no inverno. O período livre de geadas varia de 139 dias, nos Campos
de Cima da Serra, a 243 dias, na Depressão Central (WREGE et al., 2007).
O hábito de crescimento da mamona é indeterminado, produzindo várias ordens de racemo, as
quais ficam expostas a diferentes condições de precipitação, temperatura e fotoperíodo. Estas
variações nas condições ambientais, aliadas à época de semeadura e as características de cada
cultivar tem impacto significativo na produtividade. A maior contribuição do racemo primário na
produção em relação às outras ordens pode ser vinculada à ocorrência precoce em relação ao
desenvolvimento da planta, o que proporciona menor competão por fotoassimilados, água e
nutrientes, além da característica de domincia fisiológica sobre as outras ordens de racemo
(KUMAR et al., 1997). Em alguns casos, o racemo primário é beneficiado com condições
ambientais mais favoráveis durante o período reprodutivo, principalmente com relação a
disponibilidade de água. Quando a contribuição do racemo primário é menor devido a
alguma situação de estresse biótico ou abiótico, esta é compensada pelos racemos secundários e
terciários (KUMAR et al., 1997).
As variações climáticas ao longo do período de cultivo da mamona combinadas com as
diferenças entre as cultivares, principalmente ciclo, podem resultar em diferentes produtividades,
dependendo da época de semeadura e da cultivar utilizada. Desta forma, o objetivo do trabalho foi
avaliar o desempenho agromico de quatro cultivares de mamona, semeadas em diferentes épocas
em três locais no Rio Grande do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos na safra 2006/07, em três locais no Rio Grande do Sul: na
Embrapa Clima Temperado; na FUNDACEP e na Universidade Regional Integrada (URI) -
Campus de Erechim. A Embrapa Clima Temperado localiza-se em Pelotas, latitude 31°41’ Sul,
longitude 52°21’ Oeste e altitude de 60 m, o solo é classificado como Argissolo Vermelho Amarelo.
A FUNDACEP localiza-se na região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, em Cruz Alta,
latitude de 28º36’ Sul, longitude de 53º40’ Oeste e altitude média de 409 m, o solo é classificado
como Latossolo Vermelho Distfico. O campo experimental da URI localiza-se em Erechim no
norte do Estado, latitude 27º 36' Sul, longitude 52º 13' Oeste e altitude de 709 m, o solo é
classificado como Latossolo Vermelho Alumínico.
As cultivares utilizadas foram: IAC 80, de porte alto, ciclo longo e frutos semideiscentes; AL
Guarany 2002, de porte médio, ciclo médio e frutos indeiscentes; Mara e Lyra, híbridos precoces,
de porte baixo e fruto indeiscente. O cultivo foi conduzido em sistema convencional de preparo do
solo, em parcelas de três linhas de 8m de comprimento cada, utilizando-se espaçamento de 1,6 x 1,5
m para a cultivar IAC 80, 1,6 x 0,8 m para AL Guarany 2002 e 1,6 x 0,6 m para Mara e Lyra. A
semeadura foi realizada manualmente, utilizando-se duas sementes por cova, mantendo-se, após
desbaste, uma planta em cada cova. A adubação e tratos culturais foram realizados de acordo com
as indicações técnicas para o cultivo da mamona no Rio Grande do Sul (SILVA et al., 2007).
A semeadura foi realizada em três épocas, entre o final de outubro e o início de
janeiro. As datas de semeadura foram: 27/10/2006, 14/11/2006 e 30/11/2006 em Pelotas;
10/11/2006, 01/12/2006 e 19/12/2006 em Erechim; 21/11/06, 07/12/06 e 05/01/07 em Cruz Alta.
Os tratamentos foram dispostos em delineamento de blocos completos casualizados com duas
repetições em arranjo fatorial 4x3x3.
O Balanço Hídrico Seqüencial (Figura 1) foi estimado pelo método de THORNTHWAITE &
MATHER (1955) com auxilio de planilhas eletrônicas para lculos de balanços hídricos (ROLIM
et al. 1998), de acordo com os dados de precipitação e temperatura observados no período do
experimento.
Para as avaliações, foram observados a data da emergência de 50% das plantas, data do início da
floração dos racemos de 1º,e 3º ordem, número de racemos por planta, altura de planta, altura de
inserção do primeiro racemo e produtividade. Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância e as médias foram comparadas utilizado o teste de Duncan.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As cultivares apresentam características distintas quanto ao porte, ciclo e componentes do
rendimento. A cultivar IAC 80, que possui ciclo mais longo, apresentou média de 56, 81 e 111 dias
entre a emergência e a floração dos racemos de 1º, 2º e 3º ordem respectivamente. Os híbridos, Lyra
e Mara, são precoces, com média de 37 dias até o início da floração, e o apresentaram diferença
estatística entre si (Tabela 1).
As duas variedades estudadas requereram menor densidade de plantio (devido ao porte) e
apresentaram menor número de racemos, se comparadas aos híbridos, mas maior produção de
sementes por racemo. Desta forma, o menor número de plantas por área foi compensado com
aumento da produtividade por planta (Tabela 1). No caso dos híbridos, mais passíveis de
adensamento pelo porte mais baixo, houve redução na produtividade por planta e compensação na
produtividade por área, em função do maior número de plantas. Estas diferenças entre as cultivares
são marcantes, porém, algumas características variam em função da época de semeadura e do local.
A semeadura na primeira época resultou em melhor produtividade e maior produção
de grãos por planta para variedades AL Guarany 2002 e IAC 80 (Tabela 2). Na cultivar AL
Guarany 2002 isto ocorreu em função do maior número de racemos por planta, enquanto que na
cultivar IAC 80 foi resultado da maior produção de sementes por racemo. A semeadura na terceira
época prolongou o subperíodo vegetativo da cultivar Lyra e aumentou a altura média das plantas na
cultivar Mara (Tabela 2).
A mamona semeada na primeira época foi beneficiada por maior período de crescimento,
possibilitando a formação de maior número de racemos por planta (Tabela 2) e do aproveitamento
do fotoperíodo crescente que atinge, em 20 de dezembro, 13,7; 13,8 e 14,07 horas de sol em
Erechim, Cruz Alta e Pelotas, respectivamente. Estes fatores adquirem maior importância em
cultivares de ciclo médio e longo, pois a semeadura tardia limita a formação de ordens de racemo
mais avançadas, reduzindo o número de racemos por planta. Nas variedades, IAC 80 e AL Guarany
2002, que possuem ciclo longo e dio, respectivamente, a maior produtividade foi observada na
primeira época de semeadura, enquanto que para os híbridos, de ciclo precoce, não houve diferença
significativa entre as épocas (Tabela 2).
Uma das principais características da IAC 80 é o racemo de grande tamanho, que exige boas
condições edafoclimáticas, tendo em vista que a sua produtividade é severamente afetada em
condições desfavoráveis (SAVY FILHO, 2005), o que foi verificado neste trabalho. A
produtividade média de sementes por racemo foi de 96g, 53g e 46g, da primeira para a terceira
época, respectivamente, sendo que a média da primeira época foi superior às demais (Tabela 2).
As maiores produtividades médias foram observadas em Cruz Alta e Pelotas (Tabela 3), sendo
que, em Cruz Alta, onde não ocorreu déficit drico (Figura 1), o que provavelmente explica a
diferença não significativa entre as épocas de semeadura, demonstrando a importância da
disponibilidade hídrica para que as cultivares de mamona atinjam altas produtividades.
A segunda época de semeadura apresentou o menor rendimento (Tabela 3), provavelmente
devido a baixa precipitação de Janeiro (Figura 1), que coincidiu com o subperíodo reprodutivo. De
acordo com MOSHKIN (1986) o déficit hídrico pode comprometer bastante o
rendimento, principalmente se ocorrer nas fases de florescimento e frutificação.
De maneira geral, as condições climáticas favoreceram o desenvolvimento da mamona semeada
na primeira época, principalmente a cultivar IAC 80, de ciclo mais longo que as demais avaliadas, a
qual apresentou grande redução na produtividade ao ser semeada na segunda e terceira época. Os
híbridos, de ciclo precoce, apresentaram produção mais estável, mostrando-se a melhor alternativa
para a semeadura tardia.
CONCLUSÃO
Quanto mais cedo for realizada a semeadura, maior é a produtividade, principalmente para
cultivares de ciclo médio e longo.
Em semeadura tardia os híbridos são mais indicados devido à sua precocidade.
AGRADECIMENTOS
Este estudo foi realizado com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
REFERÊNCIAS
KUMAR, P. V. et al. Influence of moisture, thermal and photoperiodic regimes on the productivity
of castor beans (Ricinus communis L.). Agricultural and Forest Meteorology. v.88, n.4, p.279-
289, 1997.
MOSHKIN, V. A. Castor. Moskow: Kolos Publisher,1986. 315 p.
ROLIM, G. de S. et al. Planilhas no ambiente EXCEL
TM
para os cálculos de balanços hídricos:
normal, seqüencial, de cultura e de produtividade real e potencial. Revista Brasileira de
Agrometeorologia, Santa Maria, v.6, n.1, p.133-137, 1998.
SAVY FILHO, A. Mamona tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105p.
SILVA, S. D. dos A. et al. A cultura da mamona no Rio Grande do Sul. Pelotas:
Embrapa Clima Temperado, 2007. 115p. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 11).
THORNTHWAITE, C.W. ; MATHER, J.R. The water balance. Publications in climatology. New
Jersey: Laboratory of Climatology, v.8, 1955. 104p.
WEISS, E. A. Oilseed crops. London: Blackwell Science, 2000. 364p.
WREGE, M. S. et al. Zoneamento agroclimático para mamona no Rio Grande do Sul. Pelotas:
Embrapa Clima Temperado, 2007. 30p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 192).
Tabela 1. Desempenho médio de quatro cultivares de mamona para altura de
planta (AP), altura de inserção do primeiro racemo (IR), floração dos racemos de
1º, e ordem (F1, F2 e F3) em dias após a emergência, número de racemos
por planta (NR), produção de sementes por planta (PP), peso de sementes por
racemo (PR) e produtividade média de grãos (Produtiv.) de quatro cultivares de
mamona, no Estado do Rio Grande do Sul, safra 2006-07.
Cultivar
AP (cm)
IR (cm)
F1
F2
F3
NR
PP (g)
PR (g)
Produtiv.
(Kg.ha
-1
)
AL Guarany 2002
195 a
76 a
45 b
59 b
83 b
4,2 b
226 a
52 a
1.588 a
IAC 80
171 b
87 a
56 a
81 a
111 a
2,9 c
269 a
65 a
1.156 a
Lyra
116 d
42 b
37 c
49 c
62 c
5,2 a
167 b
29 b
1.515 a
Mara
132 c
50 b
37 c
47 c
63 c
5,4 a
161 b
30 b
1.511 a
Media
153,6
64
44
59
80
4,4
206
44
1.443
Médias seguidas de mesma letra, na vertical, não diferem entre si pelo teste de Duncan ( =0,05)
Tabela 2. Desempenho médio de quatro cultivares de mamona para altura de
planta (AP), altura de inserção do primeiro racemo (IR), floração dos racemos
de 1º, 2º e ordem (F1, F2 e F3) em dias após a emergência, mero de
racemos por planta (NR), produção de sementes por planta (PP), peso de
sementes por racemo (PR) e produtividade média de grãos em três épocas de
semeadura no Estado do Rio Grande do Sul, safra 2006-07.
Epoca
AL Guarany 2002
AP (cm)
IR (cm)
F1
F2
F3
NR
PP (g)
PR (g)
Produtividade
(Kg.ha-1)
1
190 ns
67 ns
38 ns
50 ns
67 c
5,5 a
287 a
47 b
1.992 a
2
188
85
48
62
87 b
3,2 b
183 b
46 b
1.283 b
3
207
76
49
66
94 a
3,8 ab
207 b
62 a
1.489 ab
IAC 80
1
172 ns
107 ns
55 ns
84 ns
111 ab
3,5 ns
417 a
96 a
1.673 a
2
159
83
54
80
110 b
2,7
217 b
53 b
873 b
3
181
70
59
81
112 a
2,4
174 b
46 b
921 b
Lyra
1
105 ns
40 ns
36 b
53 ns
64 ns
7,3 a
196 ns
29 ab
1.767 ns
2
120
41
34 b
46
58
4,8 b
145
20 b
1.181
3
124
44
40 a
50
66
3,6 b
159
39 a
1.598
Mara
1
121 b
50 ns
37 ns
44 ns
55 ns
6,6 ns
164 ns
28 ns
1.576 ns
2
126 b
49
36
48
60
4,7
171
28
1.554
3
149 a
52
39
50
73
4,9
149
33
1.404
Média
1
147 b
66
ns
41 b
57 ns
74 c
5,7 a
266 a
50 a
1.752 a
2
148 b
65
43 b
59
79 b
3,9 b
179 b
37 b
1.223 b
3
165 a
61
47 a
62
86 a
3,7 b
172 b
45 a
1.353 b
Médias seguidas de mesma letra, na vertical, não diferem entre si pelo teste de Duncan ( =0,05)
ns = diferença não significativa entre as médias
Tabela 3. Produtividade média de grãos (Kg.ha
-1
) de cultivares de mamona,
semeadas em Cruz Alta, Erechim e Pelotas, RS em três épocas de semeadura.
Safra 2006-07.
Época
Local
Média
Cruz Alta
Pelotas
Erechim
1
1.690 a
1.886 a
1.680 a
1.752
2
1.548 a
1.046 b
1.075 b
1.223
3
1.460 a
1.749 a
851 c
1.353
Média
1.566
1.560
1.202
1.443
Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Duncan ( =0,05)
Figura 1. Representação gráfica do Balanço Hídrico Seqüencial Mensal estimado pelo
método de Thornthwaite & Mather (1955) para Pelotas, Cruz Alta e Erechim, no
período 2006/07. Precipitação mensal acumulada, evapotranspiração real (ETR) e
evapotranspiração potencial (ETP).
5 Artigo 2 - Desempenho agronômico de cultivares de mamona no Rio Grande do
Sul, safra 2006-07
DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE MAMONA NO
RIO GRANDE DO SUL, SAFRA 2006-07
AGRONOMIC PERFORMANCE OF CASTOR CULTIVARS IN THE RIO GRANDE DO
SUL, YEAR 2006-07
Rogério Ferreira Aires
1
,Sérgio Delmar dos Anjos e Silva
2
, João Guilherme Casagrande
Junior
3
, Cleiton Steckling
4
, Lauri Lourenço Radünz
5
, Marcos Wrege
6
RESUMO
A escolha da cultivar é a primeira e uma das mais importantes decisões a serem tomadas
antes da semeadura, pois a cultivar escolhida deve ser adaptada as condições edafoclimáticas locais,
adequada ao nível de mecanização utilizado e possuir bom potencial produtivo, garantindo assim o
sucesso da lavoura. Nesse sentido, o trabalho de avaliação do desempenho agronômico de cultivares
é fundamental, principalmente no caso do Rio Grande do Sul, onde a maioria das cultivares
utilizadas são provenientes de outras regiões do País. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar
o desempenho agronômico de cultivares de mamona em três locais do Estado do Rio Grande do
Sul. O experimento foi realizado em Pelotas, Cruz alta e Erechim, onde foram avaliadas 13
cultivares, sendo sete variedades e seis híbridos. As características agronômicas das cultivares
testadas foram afetadas pelas características ambientais de cada local, sendo que de maneira geral
apresentaram rendimentos que justificam sua indicação para cultivo no Rio Grande do Sul, apesar
das diferenças de produtividade.
PALAVRAS CHAVE: Ricinus communis, rendimento de grãos, híbridos, variedades
1
Bolsista de mestrado do CNPq PPGSPAF/UFPEL Embrapa Clima Temperado. Rodovia BR 392, km 78. Caixa
Postal 403, CEP 96001-970. Pelotas, RS - Brasil. rogeriofaem@yahoo.com.br.
2
Embrapa Clima Temperado. Pelotas, RS - Brasil.
3
Embrapa Clima Temperado. Pelotas, RS - Brasil.
4
Fundacep. Cruz Alta, RS - Brasil.
5
Universidade Regional Integrada (URI). Erechim, RS - Brasil.
6
Embrapa Clima Temperado. Pelotas, RS - Brasil.
ABSTRACT
The choice of cultivar is the first and perhaps one of the most important decisions to be taken before
sowing, as the cultivar chosen to be adapted to local edaphic and climate conditions, appropriated to
the level of mechanization used and have good yield potential, thereby ensuring the success of the
crop. In that sense, the trials on evalation of the cultivars agronomic performance is essencial,
especially in the case of Rio Grande do Sul, where most varieties used are from other regions of the
country. Therefore, the objective of this study was to evaluate the agronomic performance of
cultivars of castor in three places of Rio Grande do Sul. The experiments were carried out in
Pelotas, Cruz Alta and Erechim, evaluating 13 cultivars, seven varieties and six hybrids. The
agronomic characteristics of cultivars tested were affected by environmental characteristics of each
site, which generally had yields that justify its indication for crop in Rio Grande do Sul, despite the
differences in productivity.
KEY WORDS: Ricinus communis, grain yield, hybrids, varieties
INTRODUÇÃO
O primeiro programa de melhoramento de mamona no Brasil foi iniciado pelo Instituto
Agronômico de Campinas (IAC), em 1936. O IAC desenvolveu várias cultivares, entre elas a IAC
226, Guarani e IAC 80. No Estado da Bahia, o programa de melhoramento de mamona foi iniciado
na década de 60 pelo Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Leste (Ipeal). A
partir de 1974, passou a ser conduzido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia (Epaba),
tendo desenvolvido e distribuído várias cultivares. Em 1987, a Embrapa Algodão iniciou um
trabalho de introdução e avaliação de genótipos de mamona, visando a adaptação de cultivares à
região Semi-árida do Nordeste. Foram desenvolvidas várias linhagens destacando-se a CNPA M.
SM4 e a CNPA M. 90-210. Esta última foi lançada como BRS 149 (Nordestina) em 1998
(AZEVEDO et al, 2001).
A cultivar AL Guarany 2002 foi lançada em 2002 pelo Departamento de Sementes, Mudas
e Matrizes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral CATI, Campinas/SP. Foi obtida
através de seleção massal cssica em mamona Guarani oriunda de multiplicação
própria de agricultores (SAVY FILHO, 2005).
A Vinema T1 é uma cultivar de porte e ciclo médio, foi desenvolvida pela Vinema
Multióleos Vegetais. Os híbridos Lyra, Sara e a variedade Mirante 10 foram registrados pela
empresa Aurora Pesquisa e Sementes.
Os híbridos de mamona foram desenvolvidos originalmente nos Estados Unidos na década
de 50, com o objetivo de serem cultivados sob irrigação e adaptados a colheita mecânica. As
principais características dos híbridos em distribuição comercial no Brasil são: precocidade, porte
baixo, indeiscência do fruto e grande porcentagem de flores femininas (SAVY FILHO 2005).
Ainda não existem cultivares de mamona desenvolvidas por um programa de
melhoramento específico para o Rio Grande do Sul. A maior parte das cultivares que estão sendo
utilizadas por agricultores foram introduzidas por programas das regiões Sudeste e Nordeste do
Brasil.
Em 2003, a Embrapa Clima Temperado iniciou um trabalho de coleta, caracterização e
introdução de genótipos de mamona, com o objetivo de iniciar um programa de melhoramento de
mamona para a região Sul do Brasil. Os primeiros ensaios de competição de cultivares mostraram
grande potencial produtivo da mamona no Rio Grande do Sul (SILVA et al., 2007).
O trabalho de avaliação do desempenho agronômico de cultivares é fundamental para a
indicão de cultivares adaptadas as condições edafoclimáticas de cada região, principalmente no
caso do Rio Grande do Sul, onde a maioria das cultivares utilizadas são provenientes de outras
regiões do País. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho agronômico de
cultivares de mamona em três locais do Estado do Rio Grande do Sul.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos na safra 2006/07, em três locais no Rio Grande do Sul:
na Embrapa Clima Temperado; na FUNDACEP e na Universidade Regional Integrada (URI) -
Campus de Erechim. A Embrapa Clima Temperado localiza-se em Pelotas, latitude 31°41’ Sul,
longitude 52°21’ Oeste e altitude de 60 m, o solo é classificado como Argissolo Vermelho Amarelo.
A FUNDACEP localiza-se na região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, em Cruz Alta,
latitude de 28º36’ Sul, longitude de 53º40’ Oeste e altitude média de 409 m, o solo é classificado
como Latossolo Vermelho Distfico. O campo experimental da URI localiza-se em Erechim no
norte do Estado, latitude 27º 36' Sul, longitude 52º 13' Oeste e altitude de 709 m, o solo é
classificado como Latossolo Vermelho Alumínico.
Foram avaliadas 7 variedades e 6 híbridos, com diferentes características de ciclo e porte
(Tabela 1). O ensaio foi conduzido em blocos completos casualizados, com três repetições. As
parcelas no ensaio de variedades foram compostas por quatro linhas de oito metros, espaçadas 1,6
metros. O espaçamento entre plantas variou em função do porte da cultivar sendo 1,5m para IAC
80, e, 0,8m para as demais variedades. No ensaio de híbridos, o espaçamento entre linhas foi de
1,3m e entre plantas na linha 0,40 m. Foram consideradas como área útil as duas linhas centrais da
parcela , tanto para variedades como para os híbridos. A semeadura foi realizada manualmente,
utilizando-se duas sementes por cova, mantendo-se, após desbaste, uma planta em cada cova. A
adubação e os tratos culturais foram realizados conforme as indicações técnicas para o cultivo da
mamona no Rio Grande do Sul (SILVA et al 2007). As datas de semeadura foram: 21/11/2006 em
Pelotas; 15/11/2006 em Erechim e 21/11/06 em Cruz Alta.
O Balanço drico Seqüencial Mensal (Figura 1) foi estimado pelo método de
THORNTHWAITE & MATHER (1955) com auxilio de planilhas eletrônicas para cálculos de
balanços hídricos (ROLIM et al. 1998), de acordo com os dados de precipitação e temperatura
observados no período do experimento.
Para as avaliações, foram observados a data da emergência de 50% das plantas,
data do início da floração dos racemos de 1º, e 3º ordem, número de cachos por planta, altura de
planta, altura de inserção do primeiro racemo e produtividade. Os dados obtidos foram submetidos
à análise de variância e as médias foram comparadas utilizado o teste de Duncan ao nível de 5% de
significância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificam-se diferenças significativas entre os locais para todas as características
avaliadas, tanto para híbridos quanto para variedades (Tabela 3). O efeito de cultivar foi
significativo para todas as características nas variedades e para floração e altura de planta nos
híbridos (Tabelas 4 e 5). Foi identificada interação entre local e cultivar para floração, altura de
planta e altura de inserção do primeiro racemo nas variedades e para floração no caso dos híbridos.
A maior produtividade média de grãos das variedades foi observada em Cruz Alta e a
maior produtividade média dos híbridos ocorreu em Erechim. Em Pelotas as produtividades
provavelmente foram prejudicadas pelo ficit drico ocorrido em janeiro (Tabela 2). Com relação
ao efeito de cultivar, entre os híbridos não foi observada diferença significativa, com média geral de
1.758 Kg.ha
-1
(Tabela 4). Entre as variedades as cultivares AL Guarany 2002, IAC Guarani e
Nordestina apresentaram as maiores produtividades (Tabela 5). As cultivares Mirante 10, IAC 80 e
IAC 226 apresentaram as menores produtividades dias.
De maneira geral, os híbridos apresentaram rendimentos superiores as cultivares,
provavelmente devido ao ciclo precoce (Tabela 6). Em Erechim isto provavelmente ocorreu porque
faz parte de uma região com altitudes predominantemente maiores, e por conseqüência,
temperaturas menores, o que reduz o período de condições ideais para o desenvolvimento da
mamona. Nessas regiões os híbridos são mais indicados, pois as variedades, principalmente as de
ciclo longo, são prejudicadas pelo frio e a alta umidade no final do ciclo, o que limita a formação de
ordens de racemo mais avançadas e aumenta o risco de ocorrência de doenças (WREGE et al.,
2007; SILVA et al., 2007).
As variedades testadas, principalmente a IAC 80, apresentaram rendimentos
inferiores aos obtidos nos ensaios realizados no Estado do Rio Grande do Sul na safra 2005/06, no
referido ensaio a média das variedades foi 2.818 kg.ha
-1
e a cultivar IAC 80 apresentou
produtividade média superior a 3.000 kg.ha
-1
(SILVA et al., 2006). Este fato pode estar relacionado
ao ciclo longo e a época de semeadura, o que prejudicou o desenvolvimento em função de
condições desfavoráveis no final do ciclo em Erechim e pelo déficit drico em Pelotas. No caso da
cultivar IAC 80, estes fatores têm maior importância, pois esta cultivar exige boas condições
edafoclimáticas, pela sua característica principal, que é o cacho de grande tamanho, sendo que a sua
produtividade é severamente afetada em condições desfavoráveis de clima e solo (SAVY FILHO,
2005).
Com relação à altura de planta, nos híbridos as maiores alturas foram observadas em
Pelotas e a diferença entre as cultivares foi pequena (Tabela 4). Nas variedades foi identificada
interação entre cultivar e local, sendo que as maiores alturas de planta foram observadas nas
cultivares Nordestina, IAC 226, Vinema T1 e Mirante 10, em Erechim, e na cultivar Nordestina em
Pelotas e Cruz Alta. As menores alturas de planta, entre as variedades, foram das cultivares IAC
Guarani, AL Guarany 2002 e IAC 80, em Erechim; IAC Guarani e AL Guarany 2002, em Pelotas, e
IAC Guarani em Cruz Alta. Na média geral a cultivar Nordestina apresentou a maior altura , com
3,09m, e as cultivares IAC Guarani e AL Guarany 2002 as menores, com 1,84 e 1,96m,
respectivamente (Tabela 5).
A altura de inserção do primeiro racemo primário nos híbridos apresentou a maior dia
em Cruz Alta e a menor em Pelotas, sendo que a diferença entre as cultivares não foi significativa.
A altura de inserção do primeiro racemo parece estar relacionada com o tamanho do período
vegetativo, pois em Pelotas o período vegetativo foi o menor dentre os locais estudados, média de
25 dias da emergência até a floração do racemo primário, enquanto que em Cruz Alta, foi observado
o maior período vegetativo, dentre os híbridos, com média de 44 dias até a floração do racemo
primário (Tabela 3). Nas variedades observa-se a mesma tendência, considerando a média geral de
locais e cultivares, pom com uma influência maior da característica de cada cultivar,
pois as diferenças entre as variedades estudadas foram maiores do que entre os híbridos. As
menores médias de inserção do racemo foram IAC Guarani e Mirante 10, em Erechim, e IAC
Guarani em Pelotas e Cruz Alta. A cultivar Nordestina apresentou a maior média geral de altura de
inserção do racemo primário (Tabela 5).
Para a floração foi identificada interação entre cultivar e local, tanto para híbridos quanto
para variedades. Em Cruz Alta, entre os híbridos os mais precoces foram Sara e Lyra e os que
apresentaram maior período vegetativo foram Íris e Savana. Em Erechim diferenciaram, pela
precocidade, Sara e Lara e em Pelotas o mais precoce foi Sara e o período vegetativo mais longo da
Savana. Na média geral, o híbrido mais precoce foi Sara, com 30 dias entre a emergência e a
floração do racemo primário, seguido por Lyra e Lara, e o maior período vegetativo foi da Savana,
com 42 dias até o início da floração (Tabela 4).
Entre as variedades, a cultivar Mirante 10 foi a mais precoce, com médias de 33, 57 e 73
dias até a floração dos racemos de 1º, 2º e 3º ordem, respectivamente, e a cultivar IAC 80
apresentou o ciclo mais longo, com médias de 66, 93 e 129 dias até a floração dos racemos de 1º,
e 3º ordem, respectivamente (Tabela 5).
Os rendimentos obtidos no ensaio mostram o potencial desta cultura para o Rio Grande do
Sul, com destaque para os híbridos, que apresentaram produtividade mais estável nas diferentes
regiões do Estado. No entanto, são necessários estudos mais detalhados acerca da interação
genótipo x ambiente, visando à compreensão do comportamento de cada cultivar diante das
variações edafoclimáticas, para a indicação da melhor época de semeadura para cada cultivar, bem
como a cultivar mais indicada para as características específicas de cada região.
CONCLUSÕES
O rendimento de híbridos e variedades de mamona é influenciado pôr variáveis ambientais
de cada local do Rio Grande do Sul.
Os híbridos testados apresentam rendimento que justificam sua indicação para
cultivo no Rio Grande do Sul, apesar das diferenças de produtividade.
As variedades AL Guarany 2002, IAC Guarani e Nordestina apresentam rendimento de
grão superior às demais.
AGRADECIMENTOS
Este estudo foi realizado com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
BIBLIOGRAFIA
SILVA, S. D. dos A. e, UENO, B., FONSECA JUNIOR, N. S., CASAGRANDE JUNIOR, J. G.,
AIRES, R. F., Potencial de rendimento de grãos de cultivares de mamona no Rio Grande do Sul e
Paraná, safra 2005/06. In.: Conferência Internacional de Agroenergia, 1. Anais... Londrina, 2006.
SAVY FILHO, A. Mamona tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105p.
SILVA, S. D. dos A. et al. A cultura da mamona no Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa Clima
Temperado, 2007. 115p. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 11).
WREGE, M. S. et al. Zoneamento agroclimático para mamona no Rio Grande do Sul. Pelotas:
Embrapa Clima Temperado, 2007. 30p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 192).
Tabela 1. Variedades e híbridos de mamona avaliadas no ensaio regional de
cultivares no Rio Grande do Sul, Safra 2006/07.
Tipo
Nome
Origem
Ciclo
Porte
Fruto
Variedade
AL Guarany 2002
CATI¹ (SP)
Médio
Médio
Indeiscente
Variedade
IAC Guarani
IAC² (SP)
Médio
Médio
Indeiscente
Variedade
Nordestina
Embrapa Algodão
Tardio
Médio
Semideiscente
Variedade
Vinema T1
Vinema
Médio
Médio
Indeiscente
Variedade
IAC 226
IAC (SP)
Médio
Médio
Indeiscente
Variedade
IAC 80
IAC (SP)
Tardio
Alto
Semideiscente
Variedade
Mirante 10
Sementes Armani
Médio
Médio
Indeiscente
Híbrido
Savana
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
Híbrido
Lara
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
Híbrido
Sara
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
Híbrido
Mara
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
Híbrido
Lyra
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
Híbrido
Íris
Sementes Armani
Precoce
Baixo
Indeiscente
¹ Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
² Instituto Agronômico de Campinas
Tabela 2. Excedente e déficit hídrico, em mm, calculado pelo método de THORNTHWAITE
& MATHER (1955) para Pelotas, Erechim e Cruz Alta.
Local
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Pelotas
67
8
103
30
-17
0
76
74
45
186
82
188
Erechim
81
24
237
-1
145
38
102
191
273
43
312
106
Cruz Alta
37
90
33
115
1
44
88
0
64
-
-
-
Tabela 3. Desempenho agronômico de variedades e híbridos de mamona em
três locais do Rio Grande do Sul, Safra 2006-07. Sendo: floração dos racemos
de 1º, 2º e 3º ordem (Flor 1, Flor 2 e Flor 3) em dias após a emergência, altura
de planta (AP), altura de inserção do primeiro racemo (IR) e produtividade
média de grãos (Kg.ha
-1
).
Local
Flor 1
(dias)
Flor 2
(dias)
Flor 3
(dias)
AP
(cm)
IR
(cm)
Produtividade
(Kg.ha
-1
)
Variedades
Cruz Alta
55 a
79 a
105 a
2,14 b
1,36 a
1.648 a
Pelotas
36 c
74 b
100 b
3,15 a
0,76 c
1.043 b
Erechim
52 b
75 ab
97 c
1,95 c
1,11 b
1.030 b
Média
47,84
75,9
100,49
2,41
1,07
1.240
CV
7,3
9,6
4,7
6,5
6,6
29,1
Híbridos
Erechim
39 b
50 b
67 b
1,22 b
0,68 b
2.182 a
Pelotas
25 c
45 c
70 b
1,77 a
0,48 c
1.691 b
Cruz Alta
44 a
65 a
87 a
1,28 b
0,90 a
1.400 c
Média
36
53
75
1,42
0,68
1.758
CV
4,2
10,9
9,6
8,5
16,3
22,1
*Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan
( =0,05)
Tabela 4. Desempenho agronômico de híbridos de mamona no Rio Grande do
Sul, Safra 2006-07. Sendo: floração dos racemos de 1º, e ordem (Flor 1,
Flor 2 e Flor 3) em dias após a emergência, altura de planta (AP), altura de
inserção do primeiro racemo (IR) e produtividade média de grãos (Kg.ha
-1
).
Local
Cultivares
Flor 1
(dias)
Flor 2
(dias)
Flor 3
(dias)
AP
(m)
IR
(m)
Produtividade
(Kg.ha
-1
)
Cruz Alta
Mara
43 b
64 b
85 b
1,25 ns
0,90 ns
1.717 ns
Lyra
35 c
54 c
77 c
1,32
0,93
1.563
Savana
54 a
77 a
99 a
1,35
0,93
1.479
Sara
35 c
43 d
64 d
1,28
0,93
1.409
Lara
43 b
77 a
99 a
1,18
0,85
1.148
Iris
54 a
77 a
99 a
1,30
0,85
1.086
Média
44
65
87
1,28
0,90
1.400
CV
8,3
7,4
9,2
9,44
19,69
25,61
Erechim
Lyra
40 a
52 b
73 a
1,03 ns
0,60 c
2.690 ns
Mara
40 a
50 b
71 a
1,26
0,76 a
2.262
Iris
40 a
51 b
72 a
1,19
0,65 bc
2.243
Lara
36 b
43 c
57 b
1,26
0,68 abc
2.033
Savana
42 a
58 a
75 a
1,30
0,66 bc
1.984
Sara
36 b
43 c
57 b
1,27
0,73 ab
1.880
Média
39
50
67
1,22
0,68
2.182
CV
5,15
6,51
4,51
8,46
7,46
15,77
Pelotas
Savana
30 a
51 ns
75 ns
1,77 ab
0,45 ns
1.961 ns
Iris
25 b
53
71
1,64 b
0,44
1.902
Sara
20 c
35
50
1,95 a
0,55
1.614
Mara
25 b
44
73
1,97 a
0,51
1.603
Lyra
24 b
40
77
1,62 b
0,42
1.572
Lara
24 b
47
74
1,66 b
0,49
1.493
Média
25
45
70
1,77
0,48
1.691
CV
3,38
20,44
14,27
7,77
18,06
26,91
Geral
Lyra
33 d
49 d
76 a
1,32 c
0,65 ns
1.942 ns
Mara
36 c
53 cd
76 a
1,49 a
0,72
1.861
Savana
42 a
62 a
83 a
1,47 ab
0,68
1.808
Iris
40 b
60 ab
80 a
1,38 abc
0,65
1.744
Sara
30 e
40 e
57 b
1,50 a
0,74
1.634
Lara
34 d
56 bc
76 a
1,36 bc
0,67
1.558
Média
36
53
75
1,42
0,68
1.758
CV
4,2
10,9
9,6
8,5
16,3
22,1
*Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan ( =0,05)
ns = Diferença não significativa entre as médias.
Tabela 5. Desempenho agronômico de variedades de mamona no Rio Grande
do Sul, Safra 2006-07. Sendo: floração dos racemos de 1º, e ordem (Flor
1, Flor 2 e Flor 3) em dias após a emergência, altura de planta (AP), altura de
inserção do primeiro racemo (IR) e produtividade média de grãos (Kg.ha
-1
).
Local
Cultivares
Flor 1
(dias)
Flor 2
(dias)
Flor 3
(dias)
AP
(cm)
IR
(cm)
Produtividade
(Kg.ha
-1
)
Cruz Alta
IAC Guarani
47 b
64 d
99 c
1,75 f
1,00 f
1.984 ns
Nordestina
43 c
77 c
99 c
3,00 a
2,20 a
1.982
AL Guarany 2002
64 a
85 b
109 b
1,80 e
1,10 e
1.766
Vinema T1
43 c
77 c
99 c
2,00 d
1,30 c
1.739
IAC 80
64 a
99 a
154 a
2,30 b
1,50 b
1.580
IAC 226
64 a
85 b
99 c
2,10 c
1,20 d
1.521
Mirante 10
35 d
64 d
77 d
2,00 d
1,20 d
963
Média
55
79
105
2,14
1,36
1.648
CV
9,55
7,25
4,69
6,48
6,60
29,71
Erechim
AL Guarany 2002
49 b
71 b
89 c
1,66 b
1,05 b
1.508 a
IAC Guarani
52 b
73 b
94 bc
1,41 b
0,86 c
1.197 b
Nordestina
56 b
80 b
99 bc
2,36 a
1,35 a
1.116 b
Mirante 10
37 c
56 c
71 d
2,16 a
0,85 c
1.021 b
Vinema T1
50 b
77 b
103 b
2,17 a
1,24 a
1.009 b
IAC 226
47 b
73 b
96 bc
2,18 a
1,20 a
967 b
IAC 80
71 a
96 a
124 a
1,72 b
1,26 a
394 c
Média
52
75
97
1,95
1,11
1.030
CV
9,34
9,42
7,04
9,79
7,01
13,40
Pelotas
AL Guarany 2002
33 bc
68 ab
104 ab
2,43 d
0,56 a
1.612 a
IAC Guarani
33 bc
75 a
102 b
2,35 d
0,52 c
1.353 ab
IAC 226
33 bc
81 a
102 ab
3,31 bc
0,79 b
1.119 bc
Nordestina
29 cd
76 a
103 ab
3,90 a
0,97 a
968 bcd
Vinema T1
35 b
82 a
107 ab
3,47 b
0,85 ab
965 bcd
IAC 80
63 a
84 a
109 a
3,09 c
0,88 ab
703 cd
Mirante 10
27 d
51 b
72 c
3,50 b
0,74 b
581 d
Média
36
74
100
3,15
0,76
1.043
CV
6,6
14,27
3,69
6,3
10,07
22,54
Geral
AL Guarany 2002
49 c
75 bc
101 b
1,96 d
0,90 e
1.629 a
IAC Guarani
53 b
71 c
98 b
1,84 d
0,79 f
1.511 ab
Nordestina
43 d
78 bc
100 b
3,09 a
1,51 a
1.355 ab
Vinema T1
43 d
79 b
103 b
2,55 b
1,13 c
1.238 bc
IAC 226
48 c
80 b
99 b
2,53 b
1,06 d
1.202 bcd
IAC 80
66 a
93 a
129 a
2,37 c
1,21 b
893 cd
Mirante 10
33 e
57 d
73 c
2,55 b
0,93 e
855 d
Média
47,84
75,9
100,49
2,41
1,07
1.240
CV
7,3
9,6
4,7
6,5
6,6
29,1
*Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan ( =0,05)
ns = Diferença não significativa entre as médias.
Tabela 6. Produtividade de grãos, em Kg.ha
-1
, de variedades e
híbridos de mamona em três locais do Rio Grande do
Sul, safra 2006/07.
Cultivar
Cruz Alta
Erechim
Pelotas
Média
Lyra
1.563
ns
2.690 a
1.572 ab
1.942
Mara
1.717
2.262 ab
1.603 ab
1.861
Savana
1.479
1.984 b
1.961 a
1.808
Iris
1.086
2.243 ab
1.902 a
1.744
Sara
1.409
1.880 bc
1.614 ab
1.634
AL Guarany 2002
1.766
1.508 cd
1.612 ab
1.629
Lara
1.148
2.033 b
1.493 ab
1.558
IAC Guarani
1.984
1.197 de
1.353 ab
1.511
Nordestina
1.982
1.116 de
968 bc
1.355
Vinema T1
1.739
1.009 e
965 bc
1.238
IAC 226
1.521
967 e
1.119 bc
1.202
IAC 80
1.580
394 f
703 c
893
Mirante 10
963
1.021 e
581 c
855
Média
1.534
1.562
1.342
1.479
CV
28,52
16,68
25,71
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de
Duncan ( =0,05)
ns = Diferença não significativa entre as médias.
6 Artigo 3 - Avaliação da densidade de semeadura de cultivares de mamona
AVALIAÇÃO DA DENSIDADE DE SEMEADURA DE CULTIVARES
DE MAMONA
CASTOR SOWING DENSITIES EVALUATION
Rogério Ferreira Aires
1
, Sérgio Delmar dos Anjos e Silva
2
, João Guilherme Casagrande
Junior
3
, Bernardo Ueno
4
.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho agronômico de variedades e
híbridos de mamona semeados em diferentes densidades. Utilizou-se quatro cultivares: AL
Guarany 2002 e IAC Guarani (porte médio) e dois híbridos Lyra e Sara (porte baixo). Foram
testadas três densidades, utilizando as seguintes configurações: 1,6 x 1,1m, 1,6 x 0,8m e 1,6
x 0,5m para as cultivares de porte dio totalizando uma população de 5.682, 7.813 e
12.500 plantas por hectare respectivamente; e 1,0 x 1,0m, 1,0 x 0,6m e 1,0 x 0,4m para as de
porte baixo, totalizando 10.417, 15.625 e 20.833 plantas por hectare, respectivamente. O
número de racemos por planta e a produtividade por planta, dos híbridos, reduziu com o
aumento da densidade de semeadura, sem interferir na produtividade. A produtividade das
variedades aumentou com o aumento da densidade de semeadura, sem interferir nos
componentes do rendimento.
PALAVRAS CHAVE: Ricinus communis, população de plantas, rendimento de grão
1
Eng. Agr. Bolsista de mestrado do CNPq PPGSPAF/UFPEL. aires@cpact.embrapa.br
2
Eng. Agr. Dr. Pesquisador da Embrapa Clima Temperado. sergio@cpact.embrapa.br
3
Eng. Agr. Dr. Bolsista FAPEG. jgcasajr@gmail.com
4
Eng. Agr. Dr. Pesquisador da Embrapa Clima Temperado. berueno@cpact.embrapa.br
ABSTRACT:
The objective of this study was to evaluate the agronomic performance of varieties
and hybrids of castor bean sowed in different densities. It was used four cultivars: AL
Guarany 2002 and IAC Guarani (medium size) and two hybrids Lyra and Sara (low size).
Three densities were tested, using the following settings: 1.6 x 1.1 meters, 1.6 x 0.8 m and
1.6 x 0.5 m for the cultivars of midsize totalizing a population of 5,682; 7,813 and 12,500
plants per hectare respectively, and 1.0 x 1.0 m, 1.0 x 0.6 and 1.0 m x 0.4 m to the low size,
totalizing 10,417; 15,625 and 20,833 plants per hectare, respectively. The hybrids racemes
number per plant and productivity per plant decreased with increasing density, without
interfering in productivity. The yield of varieties increased with increasing density, without
interfering in the yield components.
KEY WORDS: Ricinus communis, grain yield, plant population
INTRODUÇÃO
Para utilização mais eficiente da fertilidade do solo, melhor controle de plantas daninhas e
consumo racional de umidade do solo durante o desenvolvimento da cultura, o espaçamento
adequado entre as plantas é muito importante. No caso da mamona, a densidade de plantas
apresenta efeito significativo na produtividade não do cacho principal, mas, também, dos cachos
laterais (MOSHKIN, 1986).
Quando submetida a grandes densidades populacionais, a mamona ramifica menos, sendo que
cultivares de porte médio podem se comportar como cultivares de porte baixo, emitindo somente
um ou dois racemos por planta, o que possibilita uma maior uniformidade de plantas e maturação
dos frutos, facilitando a colheita mecânica, aumentando também o índice de colheita (MOSHKIN,
1986; FERREIRA et al.,2006).
Algumas cultivares, pom, tem a maior parte da sua produção concentrada nos ramos laterais.
Neste caso, em anos com suprimento adequado de chuvas e em solos férteis ou corretamente
adubados, espaçamentos maiores resultaram em aumentos na produtividade. Existe uma tendência
de aumento da produtividade dos cachos laterais em espaçamentos maiores. Porém esta propriedade
trás a desvantagem de dificultar a colheita mecânica, pelo grande número de ramos laterais e
maturação desuniforme dos frutos (MOSHKIN, 1986). De acordo com SAVY FILHO (2005), não
se deve ultrapassar a população de 15.000 plantas/ha.
No caso dos híbridos, densidades de 60.000 plantas/ha trazem bons resultados e em áreas com
suprimento limitado de água os melhores resultados são obtidos com 40.000 plantas/ha, mas é
aconselvel aumentar a densidade de plantas em caso de colheita mecânica (MOSHKIN, 1986).
Em condição irrigada, os híbridos americanos podem ser cultivados com 70.000 plantas/ha em
colheita mecanizada nas condições do Texas/EUA (FERREIRA et al.,2006).
A população de plantas é definida, no espaçamento entre linhas, pela densidade de plantas na
linha e pela arquitetura de planta, que define o melhor arranjo espacial a ser utilizado. O manejo da
distância entre as plantas na linha, embora seja uma prática simples e praticamente sem custo para o
produtor, tem grande impacto na produtividade. Neste sentido, foi objetivo deste
trabalho avaliar o desempenho agronômico de variedades e híbridos de mamona semeados em
diferentes densidades.
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no campo experimental da Embrapa Clima Temperado em
Pelotas-RS, latitude 31°41’ Sul, longitude 52°21’ Oeste e altitude de 60 m, em solo classificado
como Argissolo Vermelho Amarelo. Utilizou-se quatro cultivares: AL Guarany 2002 e IAC
Guarani (porte médio) e dois híbridos Lyra e Sara (porte baixo). Foram testadas três densidades,
utilizando as seguintes configurações: 1,6 x 1,1m, 1,6 x 0,8m e 1,6 x 0,5m para as cultivares de
porte médio totalizando uma população de 5.682, 7.813 e 12.500 plantas por hectare
respectivamente; e 1,0 x 1,0m, 1,0 x 0,6m e 1,0 x 0,4m para as de porte baixo, totalizando 10.417,
15.625 e 20.833 plantas por hectare, respectivamente.
O experimento foi semeado em 27/11/2006, em sistema convencional de preparo do solo. A
semeadura foi manual, utilizando três sementes por cova, sendo que 15 dias após a emergência foi
realizado o desbaste deixando uma planta por cova. As parcelas foram constituídas de quatro linhas
de sete metros, em delineamento experimental de blocos completos casualizados. A adubação e
tratos culturais foram feitos conforme as indicações técnicas para o cultivo da mamona no Rio
Grande do Sul (SILVA et al 2007). Os dados foram submetidos a análise de variância no programa
estatístico SAS (SAS INSTITUTE, 1999) e as médias foram comparadas pelo teste de Duncan, ao
nível de 5% de signifincia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os efeitos de cultivar e densidade de semeadura foram significativos para algumas das
características estudadas, porém, não foi identificada interação entre estes dois fatores. A diferença
entre as duas variedades e os dois híbridos foi pequena, devido a apresentarem as mesmas
características principais. A cultivar AL Guarany 2002 foi obtida a partir de seleção
massal clássica em IAC Guarani e todos os híbridos são desenvolvidos visando características como
precocidade, porte baixo, indeiscência do fruto e grande porcentagem de flores femininas (SAVY
FILHO, 2005), sendo, portanto muito semelhantes entre si. As variedades diferenciaram quanto à
floração e os híbridos quanto a floração, altura de inserção do racemo primário e na produção de
sementes por racemo (Tabela 1).
A densidade de plantas alterou significativamente a produtividade das variedades e de dois
componentes de rendimento dos híbridos, número de racemos por planta e produção de grãos por
planta. O número de racemos por planta e a produtividade por planta, dos híbridos, reduziu com o
aumento da densidade de semeadura (Figuras 1 e 2), o que está de acordo com o resultado obtido
por outros autores (MOSHKIN, 1986; FERREIRA, 2006). Esta redução, no entanto, não resultou
em redução da produtividade, que a menor produção individual foi compensada pelo maior
número de plantas, sugerindo que densidades maiores devem ser testadas.
A produtividade das variedades aumentou com o aumento da densidade de semeadura.
SAVY FILHO (2005) aconselha não se ultrapassar a populão de 15.000 plantas.ha
-1
, o que está de
acordo com o resultado obtido neste estudo, já que a maior densidade testada resultou em uma
população de 12.500 plantas.ha
-1
, contudo, nenhum componente do rendimento foi alterado nesta
densidade, sugerindo a possibilidade de utilização de populações maiores.
É importante ressaltar que este experimento foi prejudicado por um déficit hídrico que
ocorreu em janeiro de 2007, que se reflete na produtividade abaixo da média obtida em ensaios
anteriores (SILVA et al, 2007) e nos coeficientes de variação elevados. Portanto, os resultados
podem ser diferentes em uma situação de boa disponibilidade drica.
CONCLUSÃO
Para variedades de porte médio, o aumento da densidade de semeadura, até uma população
de 12.500 plantas por hectare, resulta em incremento da produtividade sem alterar os componentes
do rendimento.
Para os bridos o aumento da densidade reduz o número de cachos por planta e a produção
de grãos por planta sem reduzir a produtividade, até uma população de 20.833 plantas por hectare.
AGRADECIMENTOS
Este estudo foi realizado com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
BIBLIOGRAFIA
FERREIRA, G. B. et al. Produtividade da mamona híbrida savana em diversas populações de
plantio no sudoeste da Bahia. Congresso Brasileiro de Mamona, 2., 2006, Aracaju. Anais...
Aracaju: Secretaria da Agricultura, 2006. 1 CD-ROM.
FERREIRA, G. B. et al. Variação do crescimento vegetativo e produtivo de alguns genótipos de
mamona em diferentes populações de cultivo. Congresso Brasileiro de Mamona, 2., 2006, Aracaju.
Anais... Aracaju: Secretaria da Agricultura, 2006. 1 CD-ROM.
MOSHKIN, V. A. Castor. Moskow: Kolos Publisher,1986, 315 p.
SAS INSTITUTE. SAS/STAT software: changes and enhancements through release 8.02. Cary:
SAS, 1999. 3 CD-ROM.
SAVY FILHO, A. Mamona tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105p.
SILVA, S. D. dos A. e et al. A cultura da mamona no Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa
Clima Temperado, 2007. 115p. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 11)
Tabela 1 Desempenho agronômico de cultivares de mamona semeados em diferentes
densidades, sendo: Floração dos racemos de 1°, 2° e 3° ordem (Flor 1, Flor 2 e
Flor 3), em dias a partir da emergência, altura de planta (AP), altura de
inserção do racemo primário (IR), número de racemos por planta (NR),
produção de grãos por racemo (PR), produção de grãos por planta (PP) e
produtividade de grãos, em Kg.ha
-1
(Produt.)
Cultivares
Flor 1
(dias)
Flor 2
(dias)
Flor 3
(dias)
AP (cm)
IR (cm)
NR
PR (g)
PP (g)
Produt.
(Kg.ha
-1
)
Variedades
IAC Guarani
49 a
76ns
85 a
1,83ns
0,50ns
4,9ns
52ns
263ns
2.190ns
AL Guarany
45 b
75
82 b
2,03
0,58
4,8
43
200
1.732
Média
48
75
84
1,93
0,54
4,8
48
231
1.961
CV
6,1
8,7
2,3
15,1
19,5
28,8
16,6
34,0
38,9
Híbridos
Lyra
22 a
38 a
70 a
1,57 ns
0,48 b
3,4 ns
23 a
79 ns
1.169ns
Sara
19 b
32 b
65 b
1,72
0,60 a
3,6
19 b
70
1.039
Média
20
35
68
1,60
0,54
3,5
21
75
1.104
CV
16,0
6,1
1,8
11,3
14,1
9,2
15,9
23,5
22,3
Médias seguidas por mesma letra não diferem pelo teste de Duncan (5%).
ns
Não significativo
Figura 1 Número de cachos por planta de híbridos de mamona semeados em
diferentes densidades.
Figura 2 Produção de grãos por planta em híbridos de mamona semeados em
diferentes densidades.
Figura 3 Produtividade de variedades de mamona semeadas em diferentes
densidades.
7 Conclusões
O potencial da cultura da mamona para o Rio Grande do Sul, é verificado pelos
rendimentos obtidos no ensaio de avaliação de cultivares. Os híbridos se destacam em
produtividade, precocidade e maior estabilidade nas diferentes regiões do Estado.
As condições climáticas, de maneira geral, favorecem o desenvolvimento da
mamona em semeadura do cedo (outubro e novembro), principalmente as cultivares de
ciclo longo e médio como a IAC 80 e AL Guarany 2002, respectivamente. Os híbridos,
apresentam maior período de semeadura (outubro a dezembro) mantendo a estabilidade
de produção. Sendo que em semeaduras tardias, após 20 de dezembro, são a única
alternativa, pela precocidade.
O aumento da população de 10.417 para 20.833 plantas por hectare, para os
híbridos, nas configurações testadas, altera os componentes do rendimento mas não
altera a produtividade. Para as variedades, nas configurações testadas, o aumento da
população de 5.682 para 12.500 plantas por hectare altera os componentes do
rendimento mas não altera a produtividade. Isto sugere a possibilidade de utilização de
populações de plantas maior.
8 Referências
COTAÇÕES. Revista Biodiesel, São Paulo, n.23, p. 32-33, 2007
ESTATISTICA da Produção Agrícola. Indicadores IBGE, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em:
< ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Fasciculo_Indicadores_IBGE/lspa_200801caderno.zip>
Acesso em: 18 fev. 2008.
SAVY FILHO, A. Mamona tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105p.
SILVA, S. D. dos A. et al. A cultura da mamona no Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa Clima
Temperado, 2007. 115p. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 11).
WEISS, E. A. Oilseed crops. London: Blackwell Science, 2000. 364p.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
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