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natura naturada, que Deus fez, que por elle he ordenada, segundo a ordenaçom que
lhe elle pos, a qual ordenaçom chamamos nos outros natureza, que por ella segundo
seu ordenamento fossem feitas todallas cousas, assi que nenhũa cousa nom he feita,
que nom seia por Deus, ou por este seu ordenamento, a que nos chamamos natureza,
destas cousas que naturalmente som feitas. (ALMEIDA, 1981, p.73)
[...] ca Joam Gil o grande estrologo no seu grande liuro disse que Mars he de
color uermelha, e Mercurio, e a Lua de color branca, e esso meesmo disse que o Sol,
Jupiter, e Venus som de color amrela como ouro, e Saturno fez certo que auia color
negra, e assi pos a estas pranetas accidentes, e ainda lhes deu calidades, ca deu a
Saturno frio, a Jupiter quente e humedo, e a Mercurio frio e seco, e a Lua fria e
humeda, e estas meesmas calidades pos que auiam os signos: ca destes signos disse
Joam Gil, e Albamazar no seu liuro das deferenças e dos juizos, e o author da
sphera, e da theorica das pranetas, e todos estes disserom que no ceeo octauo, a que
os estrologos dizem octava sphaera, esta sphaera partirom os sabedores em doze
falla da
e em catalão,
ulo XV, para castelhano, só nos restando a terceira parte, em
nto o hebraico quanto o português. No entanto, a tradução poderia ter sido feita
m
seguintes dizeres
igura 12 do
Anexo), que González Llubera (1952, p.268) afirma se tratar de um punho do século XVII:
partes, ca este partimento disserom os astrologos zodiaco, porque estas doze partes
comprehendem os doze signos. E disse este Joam Gil que estes signos eram
adoptados as quatro partes desta sphaera, e disse que os tres son orientaaes, e os tres
meridionaes, e os tres occidentaes, e os tres septentrionaes, e esto pollas calidades
que am [...](ALMEIDA, 1981, p.74)
ca assi o disse este Joam Gil na segunda parte do seu liuro que
tempestade, e uentos, e chuyuas, e pedriscos: ca elle diz que quando for a conjunçom
do Sol e da Lua em noue graaos de capricornio, e Saturno em quatro graaos de
sagitario, e Jupiter em sexto graao de aquario, acerca de sextil de Saturno, e de Mars
e Mercurio em dezasete graaos de capricornio, que fara grande uento dabrego, e que
non chouera com elle, e se chouer que sera pouco: (ALMEIDA, 1981, p.76)
Sá (1960, p.569) acredita, no entanto, que o códice citado – que possui vários títulos,
sendo um deles Lybro de magyka – foi escrito por Mestre Alfonso, possivelment
antes de 1532; foi copiado, nesta data, a pedido de Pedro III, por João Gil de Castiello ou de
Burgos; foi traduzido, no séc
Sevilha; foi traduzido para o português no mesmo século, da cópia por João Gil.
Já Hilty (1982, p.262) apenas afirma que o Ms. Laud Or. 282 foi “traduzido do
espanhol para o português”.
Se o De Magia é uma tradução que tem como texto de origem um texto em catalão ou
em espanhol em caracteres latinos, o tradutor só poderia ser pelo menos bilingüe, que
dominava ta
também por duas pessoas: um traduzia em voz alta do catalão ou espanhol para o português,
enquanto o outro copiava do que ouvia em português em caracteres hebraicos (HILTY, 1954,
p.xxxviii).
O Lybro de magyka recebeu, no século XVII, na tradução portuguesa o título,
provavelmente em latim, De Magia, tendo em conta a informação presente na marge
superior do verso do fólio anterior ao primeiro fólio, em que aparecem os
em caracteres latinos, tinta marrom escura, letra humanística cursiva (ver F