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[...] preliminarmente, somos de opinião que temos que nos curvar pelo
menos até ordem em contrário à grafia que for estabelecida por quem
pode, máxime em se tratando de termos tupis, onde tudo é convencional.
Cresciúma, Cressiúma ou Criciúma vêm dar a mesma coisa, pois
qualquer deles apenas se aproxima do conjunto de vocabulários
enunciados pelo indígena. Para que haja uniformidade, demos como
definitiva a grafia Criciúma, a fim de que o assunto, nesta fase de menor
importância, não padeça de discussão. Vejamos, agora, quão diferente
na forma é a palavra original. É Kyruy-syiuâ, segundo se infere Guasch,
ou Quirey-Cy-uá , conforme se deduz das raízes apresentadas pelo
mestre indiscutível, que é o padre Ruiz de Montoya. Analisados os
termos, assim os traduzimos:
Kyruy: Delicado, tenro; Syi: liso; Uâ: a haste, a vara.
Portanto, vara lisa e delicada.
Nas mesmas condições, serão interpretados os componentes Quirey-cy-
uâ.
Ora, parece-nos que Criciúma é uma taquara pequena, o que se adapta
perfeitamente à explicação dada acima. A propósito, lembramos que o
padre Teschauer, em seu “Novo Dicionário Nacional”, diz o seguinte:
CRIXIUMA s.f. (bot. Chusquea romossima Lindm.). Taquara que ainda
que o nome cresciuma ‘[...]reina uma sombra eterna, especialmente se
na mata houver crixiuma, um bambu anão, extraordinariamente ramoso’
[...] (LINDMANN LOFFGREN).
Como se vê, mais uma grafia diferente para crixiuma.
Finalizando, damos ainda, uma nova versão, baseada no
‘extraordinariamente ramoso’, de Loffren: Quirey-cy-uâ, ou facilitando,
quirei-ci-ua, frondes ou grande volume de varas finas.
Salvo melhor juízo, isto é que se pode dizer sobre o assunto.
Correspondo ao seu cordial aperto de mão, aqui fico às ordens,
subscrevendo-me, patrício e admirador (CAMPOS apud COMISSÃO
MUNICIPAL DE CULTURA, 1974, p. 11).
2.3 Modelo histórico-econômico da mineração do carvão
A investigação da importância econômica remete a não-dissociação
entre história e economia. Há intercalação e junção de três categorias para analisar
a história econômica de uma determinada região: o modo de produção
3
, formação
social
4
e espaço
5
.
Conforme Santos (1997, p. 86), “todos os processos que, juntos,
formam o modo de produção são históricos e especialmente determinados num
movimento de conjunto através de uma formação social”, pois toda história não se
escreve fora do espaço.
3
O conceito de modo de produção se refere a uma totalidade social abstrata (capitalista, servil etc,
com estrutura econômica, política, ideológica – idéias, costumes). O modo de produção produz bens
materiais e relações de produção capitalista, onde o consumo cria a necessidade de nova produção
(HARNECKER, 1983).
4
A formação social é a realidade social historicamente determinada, composta de estruturas regionais
complexas (econômica, ideológica, jurídico-política) (HARNECKER, 1983).
5
Para Santos (1997), o espaço é construído e resultado de múltiplas determinações naturais, sociais
e culturais.