37
Em maçã, Fujji & Kennedy (1985) observaram aumentos em A, mas sem
alteração de g
s
, quando as plantas foram submetidas a uma redução na razão
fonte:dreno. Por outro lado, Wünsche et al. (2005) observaram, também em maçã,
que A e g
s
aumentaram linearmente com o aumento da carga de frutos. No entanto,
contrariamente ao verificado neste trabalho, Wünsche et al. (2005) detectaram
acúmulo de amido nas folhas de plantas com menor carga de frutos. Resultados
similares foram também obtidos em manga (Urban et al., 2004). A formação de
amido nos cloroplastos e o desvio do CO
2
fixado para a síntese de amido podem
causar, respectivamente, decréscimo na atividade catalítica da rubisco e inibição da
síntese de sacarose, que, por sua vez, limitaria a fotossíntese por meio da restrição de
fosfato para os cloroplastos (Stitt, 1991). Adicionalmente, o acúmulo de amido, em
plantas com baixa atividade de drenos, pode, parcialmente, limitar a fotossíntese, via
maior resistência à difusão do CO
2
, desde os espaços intercelulares até o estroma
(Sawada et al., 2001; Iglesias et al., 2002). Em qualquer caso, neste trabalho as
concentrações foliares de amido, assim como a atividade da AGPase, foram baixas
(cf. Praxedes et al., 2006; Ronchi et al. 2006); como também a partição de carbono
para a sua biossíntese, independentemente dos tratamentos. Assim, é pouco provável
que as diferenças em A aqui observadas tenham alguma relação com os teores de
amido. Com efeito, é também pouco provável que outras alterações metabólicas, em
resposta à manipulação da razão fonte:dreno, tenham tido papel de destaque na
modulação das taxas de fotossíntese, porquanto (i) as concentrações de hexoses,
sacarose e de intermediários fosforilados (G1P, G6P, F6P, Pi, RuBP), (ii) as
atividades das enzimas que regulam o metabolismo de carbono (e.g. SPS, FBPase e
AGPase) e a rubisco, (iii) o estado de ativação da SPS e da rubisco, (iv) e a partição
do carbono pouco ou nada responderam aos tratamentos aplicados. Ressalte-se que,
nos experimentos sobre fluxo metabólico, tinha-se uma concentração de CO
2
saturante (~5%) e, portanto, as limitações difusivas, nessa condição, devem ser
mínimas. Conseqüentemente, a incorporação similar de
14
C nos tecidos
fotossintéticos pode ser tomada como evidência de que a capacidade fotossintética
não foi afetada pelos tratamentos impostos. Analisados em conjunto, os presentes
resultados indicam que o aumento em A, na medida em que a razão fonte:dreno
diminuiu, foi largamente independente da fotoquímica e da bioquímica da
fotossíntese, sendo governado, fundamentalmente, por maior disponibilidade interna
de CO
2
associado a maior g
s
.