
muitos países. O público, ao mesmo tempo ávido e perplexo, se aproxima da
coleção com emoções confusas. O museu é uma instituição da qual coisas boas
excitantes e importantes são esperadas. O visitante quer entender a intenção do
artista e aumentar sua própria apreciação da coleção.”
O MoMA se punha, portanto, como instituição que reunia uma coleção, dizendo o que era o
moderno. Autodefinindo-se como especialistas que deveriam seguir o percurso natural da arte, as
autoridades do MoMA acreditavam que observavam o mundo do alto, diagnosticando, de um
ponto de vista privilegiado, artistas e obras de valor. Concebendo a modernidade como algo que
acontecia aqui e agora, como expressão da realidade material e que independia de vontades e
desejos, o MoMA supunha que deveria haver sempre um hiato entre produção e recepção. O
moderno, vida social a desenrolar-se naturalmente, deveria sempre se tornar primeiro passado
para que pudesse ser então diagnosticado e coletado.
Assim, de um lado, os Boletins do Museu
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assinalariam o desejo de cobrir o amplo
espectro das manifestações artísticas que, no passado recente, fizeram a História do aqui e agora,
justificando a própria existência de um museu para a arte contemporânea; e, de outro lado,
representariam o desejo de encontrar, com o passar dos acontecimentos diários, a produção do
instante singular que faria no futuro a História da Arte, referendando também, do mesmo modo
que a sucessão de sedes, a história da instituição.
Publicadas trimestralmente, as brochuras procuravam dar conta das atividades do MoMA.
Ora chamavam atenção para os trabalhos rotineiros do museu
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, ora enfatizavam o esforço
cumulativamente realizado ao longo do tempo
276
, ora salientavam suas novas realizações que
eram, no entanto, com freqüência apresentadas como acontecimentos cíclicos
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ou como
continuum de exposições que se sucediam e complementavam. São, com efeito, recorrentes nos
discursos das novas exposições, as referências a eventos passados, indicando a linha de
continuidade que se buscava estabelecer. O Museu se apresentava a seus sócios como conjunto de
274
Bulletins of the Museum of Modern Art. New York: MoMA, 1943-1958.
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Dentre estes poder-se-ia citar: O departamento de desenho industrial, in: Bulletin of the Museum of Modern
Art. Nova York: MoMA, Fall 1946. O público questionador, in: Bulletin of the Museum of Modern Art. Nova
York: MoMA, Fall 1947. A cinemateca, in: Bulletin of the Museum of Modern Art. Nova York: MoMA, Fall
1956. O departamento de ensino, in: Bulletin of the Museum of Modern Art. Nova York: MoMA, Fall 1951.
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Cf: Relatório Anual, In: Bulletin of the Museum of Modern Art, winter 1948; Modern art in your life
(comemoração do 20
o
aniversário), In: Bulletin of the Museum of Modern Art, winter 1949/1950.
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Neste sentido, são paradigmáticos os freqüentes boletins dedicados à apresentação das “novas aquisições”:
Bulletin of the Museum of Modern Art. Nova York: MoMA, Summer, 1950; Summer, 1956; Summer, 1960.