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Setembro – Outubro 2005 www.unemet.al.org.br
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Ano I – Número 4 – Setembro – Outubro 2005
Diretoria Executiva
Presidente
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Secretário Geral
Daniel Carlos Menezes (COPPE/UFRJ)
Diretor Administrativo e Financeiro
Carlos Henrique D’Almeida Rocha (COPPE/UFRJ)
Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento
José Francisco de Oliveira Júnior (COPPE/UFRJ)
Diretor de Comunicação e Marketing
Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP)
Diretora de Educação e Treinamento
Maria Céli Santos de Lima (SEC-BSM)
Diretor de Cooperação Nacional e
Internacional
José de Lima Filho (SECT-AL)
Conselho Diretor
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP)
José de Lima Filho (SECT-AL)
Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ)
Maria Céli Santos de Lima (SEC-BSM)
Conselho Fiscal
José Luiz Cabral da Silva Junior (UFV)
Gustavo Bastos Lyra (ESALQ/USP)
Sylvia Elaine Marques de Farias (INPE)
Conselho Editorial
Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP)
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ)
Daniel Carlos de Menezes (COPPE/UFRJ)
Revista Cirrus
, dos aficionados por
Meteorologia, é uma publicação da União Nacional
dos Estudiosos em Meteorologia - UNEMET,
distribuída gratuitamente aos usuários
cadastrados no site.
A revista não se responsabiliza por opiniões
emitidas pelos entrevistados e por artigos
assinados.
Reprodução permitida desde que citada a fonte.
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Editorial
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Até quando o Homem desafiará as Forças
da Natureza?
Radar
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5
Fique Antenado
Ponto de Vista
7
7
Severino Ferreira do Patrocínio
Agenda
1
1
3
3
Não deixe para última hora
Capa
1
1
5
5
A Transposição do Rio São Francisco
Memória
2
2
3
3
José Nunes Belfort Mattos
Curiosidades
2
2
9
9
Furacão: Fúria da Natureza
Nossas Escolas
3
3
2
2
UFRJ: Primeiro Curso Superior em
Meteorologia no Brasil
Reflexões
3
3
6
6
Dia do Meteorologista
Redação
Cartas para o editor, sugestões de temas, opiniões
ou dúvidas sobre o conteúdo editorial de CIRRUS.
Publicidade
Anuncie em CIRRUS e fale com o mundo.
UNEMET – Brasil
Rua Dona Alzira Aguiar, 280 - Pajuçara
57030-270 – Maceió – Alagoas - Brasil
Fone: (82) 377-0268
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orreio
CIRRUS N° 3: NOTÁVEL TRABALHO
Agradeço por enviar o terceiro volume da Revista CIRRUS.
Desde o início a revista vem cumprindo muito bem seus
objetivos e justificando-se como instrumento altamente
necessário à comunidade científica e meteorológica, em
particular, mas neste último volume, além disso, ela se
superou, tanto na forma de apresentação, como na
qualidade e variedade do conteúdo. Parabenizo-os pelo
notável trabalho que realizam.
Mario Benincasa
UNESP, Jaboticabal-SP.
EXEMPLARES DA CIRRUS
Somos uma ONG ambiental recém criada.
Estamos atualmente estruturando nossa
biblioteca comunitária e gostaríamos de
receber gratuitamente exemplares das
revistas Cirrus 01, 02 e 03. Temos certeza
que a publicação será de suma importância
para consulta de nossos associados e demais
interessados, tendo em vista a qualidade e
confiabilidade das suas matérias e a
abordagem atualizada trazendo informações
não só no campo da Meteorologia, mas
também no de Meio Ambiente.
Osmane P. Ribeiro
ACAMPA, Campos dos Goytacazes-RJ.
ERRATA
Acabo de ler a matéria sobre o CEFET/RJ, e
gostaria de parabenizá-los pela excelente
iniciativa. No entanto, no terceiro volume
da revista CIRRUS no tópico sobre
nossas escolas, que falou sobre o
CEFET-RJ o Sr. Guilherme O. Chagas do
Rio de Janeiro nos alertou para um
engano do corpo editorial ao fazer
referência que:
- Na página 29, quadro 1, onde é citado o
projeto da Febrace 2, de autoria dos
professores Leanderson M. S. P. e Guilherme
O. C., na verdade, Guilherme O. C. era um
aluno do CEFET, e não professor como foi
mencionado.
- Na legenda da segunda foto deste mesmo
quadro, onde aparecem os professores
Leanderson M. S. P. e Guilherme O. C.;
novamente apenas Leanderson é professor,
enquanto que o nome correto do aluno a sua
direita é Rodrigo Ferreira.
Guilherme O. Chagas
Rio de Janeiro-RJ.
NOTA
Devido ao grande volume de matérias
pendentes para a Edição de Set-Out, o
Corpo Editorial da Revista tomou a liberdade
de suprimir uma pagina dessa Seção.
Pedimos assim a compreensão dos nossos
leitores. Lembramos que todas as
mensagens foram prontamente respondidas
e as sugestões já estão sendo avaliadas.
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ecas, inundações, tempestades, trombas d'água, erupções vulcânicas, terremotos,
tornados, furacões e tufões. Uma enorme quantidade de mortos e de pessoas
desabrigadas. Prejuízos de bilhões de dólares. Mais uma vez a natureza voltou a
lembrar ao homem a dimensão da sua força: no dia 08 de outubro de 2005 o Paquistão,
a Índia e o Afeganistão foram atingidos por um terremoto que alcançou 7,6 na escala
Richter e casou a morte de milhares de pessoas. A vulnerabilidade das populações de
países pobres é bastante preocupante por serem menos capazes de adaptar-se às
mudanças, e sofrerão desproporcionalmente aos efeitos negativos provocados pelo
aumento destes desastres. Assim, é necessário que os países ricos estudem formas e
desenvolvam mecanismos e estruturas que possam ajudar os mais pobres a lidar com o
cenário nebuloso previsto pela comunidade científica mundial em relação às catástrofes
naturais.
Estamos observando que as
catástrofes naturais têm aumentado
sistematicamente nos últimos tempos, tanto
em quantidade como em intensidade. Apesar
disso, o homem continua a ignorar os sinais
que vêm recebendo, impondo-se contra as
forças que regem desde os primórdios o
equilíbrio natural de nosso planeta.
Especialistas dizem que essas
catástrofes sempre ocorreram e que a única
diferença é que hoje em dia as tecnologias e
meios de comunicação nos permitem
acompanhar vários desses acontecimentos
em tempo real o que em séculos passados
só se ficava sabendo meses depois de
ocorridos.
De certo modo, sim. Mas isso não é a
verdade absoluta, já que dados estatísticos
demonstram que a força e a freqüência de
todos esses fenômenos da natureza vêm
crescendo de maneira ininterrupta. Dados do
Relatório Mundial sobre Desastres Naturais,
elaborado pela Federação Internacional de
Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente
Vermelho, demonstram que o número de
catástrofes naturais no mundo vem
aumentando nos últimos trinta anos numa
taxa média anual de 6%. Além disso,
eventos danosos associados à mudança
climática provocada pelos seres humanos
podem intensificar alguns deles. Trata-se de
uma possibilidade, já que ainda não se sabe
ao certo até que ponto as atividades
humanas estão realmente influenciando e/ou
mudando as condições de equilíbrio de nosso
planeta, como por exemplo, o clima global.
Portanto, se faz necessário saber
muito mais sobre a natureza das ameaças e
com que freqüência se pode esperar que
ocorram. Mais importante, é preciso saber
como agir face a uma catástrofe, como se
deve minimizar os danos as populações,
como reparar os danos de forma ágil e
eficiente. Assim, erros como os cometidos
pelo Governo Americano durante a
aproximação e passagem do furacão Katrina
em New Orleans. Não tenhamos dúvida, é
necessário reconhecer que situações como
essas podem ocorrer certamente em nosso
futuro. Então, o que se deve fazer
minimamente é estar ciente da natureza das
ameaças e de suas causas potenciais, e com
isso planejar a forma de prevenção e/ou
remediação desses desastres.
A humanidade, se quer realmente
modificar essa tendência no aumento de
desastres naturais, precisa se movimentar
agora; mesmo que seja para ter a certeza de
sua interferência ou se estamos tratando de
uma variabilidade natural. Com todas as
forças que lhe restam, o importante é tentar
reduzir sua “parte” e/ou mitigar ou mesmo
mudar os efeitos das atuais e futuras
catástrofes. Além disso, é imperativo que se
altere também a cultura vigente desenfreada
do consumismo e de usar mais recursos
naturais do que necessita para sua
manutenção.
A decisão também parte de todos nós,
da comunidade científica, ou mesmo da
conscientização das populações. Os
governos precisam estar mais atentos a
questões como essas, ou preparar-se para
amostras ainda maiores do poderio da
natureza, em um futuro não muito distante.
Os Editores
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XIV CONGRESSO BRASILEIRO DE
METEOROLOGIA - 2006
O Congresso Brasileiro de
Meteorologia - CBMET em 2006 estará em
sua 14º edição com o tema “A Meteorologia
a Serviço da Sociedade”. A SBMET recebeu
várias propostas de cidades para sediar o
XIV CBMET: Atibaia (SP), Blumenau (SC),
Florianópolis (SC), Guarapari (ES) e Maceió
(AL). Todas estas foram visitadas por
Comissões de representantes da Diretoria
Executiva da SBMET.
A avaliação seguiu rigorosamente os
critérios estabelecidos. Dada às ótimas
condições oferecidas pelas candidatas a
disputa foi acirrada e a decisão final muito
difícil.
Ao final a SBMET escolheu
Florianópolis como sede do próximo CBMET
que será extraordinariamente realizado no
período de 27 de novembro a 01 de
dezembro.
A UNEMET propôs Maceió como
cidade sede, porém apesar da “derrota”
continuaremos dispostos a apoiar no que for
possível para que este evento seja um
sucesso.
Mais informações no site:
http://www.sbmet.org.br/internas/noticias
/gerais/31/index.html
Fonte: SBMET
CONCURSO PÚBLICO PARA
METEOROLOGISTA
A CETESB - Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental,
Sociedade de Economia Mista vinculada à
Secretaria de Estado do Meio Ambiente do
Estado de São Paulo, torna pública a
abertura de inscrições para a realização de
Concurso Público para o preenchimento de
vagas para vários cargos de seu Quadro de
Pessoal e formação de cadastro-reserva.
Há vagas para Meteorologistas e
para varias outras áreas.
Os requisitos exigidos para
Meteorologista são:
- ter graduação em meteorologia;
- registro no CREA;
- conhecimentos em micro-
informática; e
- experiência profissional ou estágio
de 2 anos.
As inscrições deverão ser efetuadas
no período de 10 a 21 de outubro de 2005
podendo ser efetuadas pela internet ou via
banco (pessoalmente ou por procuração).
Mais informações no site:
http://www.cetesb.sp.gov.br/Institucional/co
municado.asp
Fonte: CETESB
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FURAÇÃO KATRINA DEVASTA
ESTADOS AMERICANOS
O Furacão Katrina foi um grande
furacão, uma tempestade tropical que
alcançou o nível 5 da Escala de Furacões
Saffir-Simpson. Os ventos do furacão
alcançaram mais de 280 quilômetros por
hora, e causaram grandes prejuízos na
região litorânea do sul dos Estados Unidos,
especialmente em torno da região
metropolitana de New Orleans, em 29 de
Agosto de 2005 onde mais de um milhão de
pessoas foram evacuadas.
Ele tinha passado antes pelo sul da
Flórida, causando em torno de 2 bilhões de
dólares de prejuízo e causando 6 mortes
diretas. É a 11ª tempestade a receber nome,
sendo o quarto entre os furacões. O furacão
Katrina causou até agora aproximadamente
mil mortes, até 31 de agosto de 2005, sendo
um dos furacões mais destrutivos a ter
atingido o Estados Unidos.
O furacão paralisou muito da extração de
petróleo e gás natural americano, uma vez
que boa parte do petróleo americano é
extraída no Golfo do México. Atualmente,
cinco milhões de pessoas estão sem energia
na região da Costa do Golfo, e pode levar
até dois meses até que toda a energia seja
restaurada.
Como conseqüência da tempestade,
muitos problemas apareceram. Em
particular, o rompimento de alguns diques
protegendo Nova Orleans fez com que a
água fluísse cidade adentro.
Aproximadamente 200.000 casas ficaram
debaixo da água em Nova Orleans e é
esperado que leve semanas ou meses para
que a água possa ser bombeada para fora da
cidade. Sobrou por lá um desastre
humanitário, com muitas pessoas ilhadas
devido a alagamento. Sede, fome e falta de
recursos básicos levaram a um estado
caótico. A interrupção de suprimento de
petróleo, importações e exportações causada
pela tempestade provavelmente trarão
conseqüências enormes para a economia
global.
Para saber mais:
Wikipedia: A Enciclopédia Livre
http://pt.wikipedia.org/wiki/Furac%C3%A3o_Katrina
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onto de Vista Severino Ferreira do Patrocínio
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três tipos de Secas que afetam a região do semi-árido do Nordeste do
Brasil: a Seca anual, a Seca com duração de um a dois anos e a Seca
prolongada. A Seca anual de, aproximadamente, sete a oito meses, é
sempre esperada e o sertanejo a ela sobrevive à custa de enormes sacrifícios. A Seca
com duração de um a dois anos não apresenta regularidade; entretanto a Seca
prolongada persiste por mais de três anos e pela extensão e severidade, atinge,
drasticamente, a região do semi-árido. Os registros pluviométricos da série histórica de
Fortaleza-CE (1849 a 1983) atestam que as Secas prolongadas são recorrentes em
ciclos de 26 anos.
Os eventos de secas prolongadas no
nordeste brasileiro (NEB), recorrentes em
ciclos de 26 anos, foram identificados por
Carlos Girardi e Luís Teixeira (CTA-1978), ao
analisarem a série histórica da pluviometria
de Fortaleza-CE (1849 –1977). Naquela
oportunidade foi prognosticado uma seca de
longa duração no período de 1979 a 1985. A
previsão se confirmou e a seca ocorreu entre
1979 e 1983/fev.
Alguns Ciclos da Natureza: Os ciclos da
Natureza variam de escalas astronômicas,
não percebidas pelo senso comum, aos ciclos
que são, naturalmente, perceptíveis em
nosso quotidiano: o Sistema Solar dá uma
volta em torno da nossa galáxia em 230
milhões de anos, a Terra descreve um ciclo
ao redor do Sol em 365, 242 dias e um giro
em torno de seu eixo em 23 h 59 min e 4,09
seg. A Lua gira em ciclos de 27 dias, 7 h, 43
min e 11 seg.
Leis de Causa e Efeito: Os ciclos estão aí,
presentes na dinâmica das implacáveis Leis
da Natureza; por isso, não constituirá
nenhuma heresia científica, admitir a
evidência dos registros de seis eventos
consecutivos de ciclos de 26 anos das secas
prolongadas no NEB. Essa regularidade
não pode ser obra do acaso. Poderá ter
origem em forças telúricas (vulcões
oceanos), ou indiretamente, de forças
estranhas a Terra; tendo como possíveis
causas: O Sol, a Lua, os Planetas, ou as
radiações eletromagnéticas vindas do espaço
exterior.
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Resumo da metodologia desenvolvida
por Girardi e Teixeira – 1978: A série
histórica da pluviometria de Fortaleza-CE
(1849-1977, Figura 1) foi submetida à
análise harmônica através da Série de
Fourier; desse procedimento surgiram dois
períodos dominantes, em ciclos de 12,8 e
25,6 anos.
Senóides - As curvas senóides referentes
aos ciclos de 13 e 26 anos, construídas a
partir da indicação da Série de Fourier,
(12,8 e 25,6 anos) foram postas,
seqüencialmente, ao longo da série histórica
da pluviometria de Fortaleza-CE (Figura 2).
Os Pontos mínimos dos ramos negativos
das curvas se harmonizaram com os anos
de mais baixa pluviosidade, identificando
períodos de secas prolongadas em ciclos de
26 anos.
Secas prolongadas: As curvas senóides,
aplicadas ao longo da linha representativa da
precipitação de Fortaleza-CE, entram “em
fase”, tornam-se negativas, harmonizadas e
paralelas, a cada 26 anos, identificando
cinco eventos consecutivos de períodos de
seca de longa duração entre 1849 e 1977
(Figura 3).
Comprovação da validade da
metodologia utilizada por Girardi: A
concepção dessa metodologia ocorreu no
ano de 1978; portanto, nas proximidades do
final do ciclo de 26 anos (1956 -1982); o
que ensejou a divulgação de um alerta
prognosticando uma seca prolongada no
período de 1979 a 1985. Apesar do
descrédito de alguns, a seca ocorreu e foi
extremamente rigorosa.
Nessa época, antes do prognóstico
se confirmar, muitas vozes se levantaram
contra a validade desta metodologia, posto
que: a Série de Fourier, apesar de útil para
identificação dos ciclos, não é a “ferramenta”
adequada para cálculos de extrapolação.
Durante a análise da série foi
constatado que as secas ocorridas próximo
aos pontos mínimos das curvas dos ciclos de
13 anos, não apresentaram regularidade em
toda a série pesquisada. Ora ocorreram em
exatos ciclos de 13 anos, ora um pouco
antes ou depois; entretanto, as secas
ocorridas próximo aos pontos mínimos das
curvas referente aos ciclos de 26 anos,
apresentaram absoluta regularidade e o
incrível “índice de 100%” de acerto, durante
a análise retroativa de toda a série
estudada.
Figura 2 - Gráfico Representativo da Série Histórica da Pluviometria de Fortaleza – CE (1849 -1977).
Figura 1 - Curvas senóides referentes aos ciclos
de 13 e 26 anos.
9
Figura 3 – Eventos Consecutivos de Secas em Fortaleza-CE.
Observação do autor – Na Figura 4 nota-
se que antes do final do ciclo de 26 anos,
ocorre “um valor máximo” na precipitação.
Ex:1849, 1872, 1900, 1924, 1950, 1974 e
2003. O gráfico seguinte foi atualizado a
partir de 1977 com os dados pluviométricos
de Fortaleza-CE, fornecidos pela FUNCEME.
Depois da precipitação atingir um
“valor máximo”, que acontece antes do final
dos ciclos de 26 anos, a linha da
pluviometria acompanha a descendência
das curvas de 13 e 26 anos e a mais baixa
pluviosidade ocorre próximo aos pontos
mínimos das curvas negativas,
harmonizadas e paralelas. Depois disso, à
medida que as curvas vão ascendendo, a
precipitação vai assumindo valores mais
altos. Durante os períodos de secas
prolongadas, os valores da precipitação,
quase que ficam delimitados entre as curvas
de 13 e 26 anos. Entre 2003 e 2004 houve
um “pico” no valor da precipitação; isto
poderá representar forte indício da
diminuição das chuvas, nos próximos anos
(2006 a 2009), no NEB, em relação à
precipitação média regional, consoante com
a característica apresentada nos ciclos
anteriores.
OUTRAS PESQUISAS: Estudos realizados
em 1985 e 2001 confirmam a metodologia
de Girardi e Teixeira (1978) e indicam a
probabilidade da ocorrência de seca no NEB,
entre 2005 a 2010.
Kane e Trivedi - 1985: Publicaram um
estudo referente à série histórica da
pluviometria de Fortaleza-CE (1849 -1983).
Nesta pesquisa foi utilizado um sofisticado
recurso matemático, denominado: Método da
Máxima Entropia Espectral. O resultado
encontrado coincide com a teoria defendida
por Girardi e Teixeira em 1978.
Carlos Girardi – 2001: Reapresentou seu
estudo durante o seminário: PREVISÃO DO
TEMPO EM LONGO PRAZO, na cidade de João
Pessoa; desta vez seu Trabalho recebeu o
suporte matemático de Roberto da Mota
Girardi, (Doutor em Aerodinâmica e
professor do ITA/INPE, São José dos Campos
– SP).
Figura 4 - Gráfico comparando dados de precipitação e previsão de secas até 2009 em Fortaleza-CE.
10
Kane/Trivedi: O gráfico referente a esta
pesquisa contém duas linhas sinuosas
(Figura 5). A linha mais escura corresponde
à precipitação observada e a pontilhada,
representa os valores da precipitação
calculada. Em toda a extensão da série, as
duas linhas (precipitação observada e
calculada) são quase coincidentes.
No terceiro segmento do gráfico
acima, a linha da precipitação observada,
até 1983, foi realçada em negrito. A linha
pontilhada referente à precipitação
calculada indica a extrapolação de dois
ciclos de secas prolongadas.
O primeiro refere-se à “seca maior”
no período (2005 – 2010). A continuação da
curva, após este período, aponta para uma
segunda inflexão, 26 anos adiante;
sugerindo outro provável período de seca
prolongada, ao final do ciclo (2008-2034).
A utilização desta poderosa
ferramenta matemática é compatível com a
extrapolação dos ciclos de 26 anos. Os
resultados encontrados confirmam o
prognóstico de seca divulgado em 1978 por
Girardi e Teixeira e, ainda, justificam a
extrapolação do próximo ciclo de seca
prolongada no período de 2005 - 2010.
Carlos Girardi/Roberto da Mota Girardi -
2001: Neste Trabalho, a série histórica de
Fortaleza-CE (1849 -1995) foi submetida à
análise através da Densidade Espectral de
Potência que tem a propriedade de
transformara função no domínio do tempo
para o domínio da freqüência” (Figura 6). O
resultado deste procedimento confirma o
prognóstico de 1978 e, também, justifica a
extrapolação de um período de seca entre
2005 e 2010. Este procedimento supre as
limitações da Série de Fourier.
Figura 5 - Construção de uma Série Temporal Futura da Precipitação de Fortaleza (1849 -1983),
utilizando o “Método da Máxima Entropia Espectral”, segundo Kane e Trivedi - 1985. (El Niño - O
Fenômeno Climático do Século – 2000
)
- da Silva
,
José de Fátima.
Figura 6 - Série histórica de Fortaleza (1849 -1995) submetida à análise de Densidade Espectral
de Potência
se
undo Carlos Girardi e Roberto da Mota Girardi - 2001.
11
A Natureza sinaliza, a partir de 2004,
para o início de um período de seca: A
diminuição das chuvas em Fortaleza - CE -
em relação à precipitação média local - no
período de out./04 a ago./05 poderá
representar a confirmação do início de um
período de seca, prognosticado pela
metodologia de Carlos Girardi e corroborado
pelo estudo de Kane/Trivedi.
Ano Hidrológico – O ciclo da Natureza é
diferente do ano civil. Ao estudá-la não
devemos partir este ciclo, artificialmente,
(Strang – CTA/1978). A curva, mostrada na
Figura seguinte, em azul representa a
precipitação média mensal de Fortaleza: no
período de 1851 a 1970 (120 anos). A curva
em vermelho refere-se aos valores do
período de out./04 a ago./05, do Ano
Hidrológico: nov./04 a out./05, (Pluviometria
do Posto FUNCEME).
Figura 7 – Comparação entre precipitação média
mensal com o ano hidrológico em Fortaleza.
La Niña/El Niño - A Temperatura da
Superfície do Mar (TSM), do oceano Pacífico
Tropical é considerada normal nas
proximidades de 25ºC. Quando diminui para
valores abaixo de 23ºC, caracteriza-se o
fenômeno La Niña. Esta condição,
historicamente, está associada ao regime
normal de chuvas no NEB. Nem todas as
secas estão associadas ao El Niño, porém
todas as Secas prolongadas ocorridas ao
longo da série histórica de Fortaleza-CE
(1849 -1983), estão atreladas à atividade
Intensa desse fenômeno. As causas do
aquecimento e/ou resfriamento anormal
dos Oceanos Pacífico Tropical e Atlântico
Equatorial, ainda são desconhecidas.
O Oceano Atlântico Equatorial é
monitorado através de bóias automáticas
dispostas, estrategicamente, nessa região -
projeto pirata. Em estudo divulgado pelo
CPTEC/INPE a variação da TSM do Oceano
Atlântico Equatorial (Padrão de Dipolo) é
mais significativa para o prognóstico do
clima no NEB do que as variações da
temperatura do Oceano Pacífico. Segundo
Paulo Nobre – CPTEC, a variação da
temperatura do Oceano Pacífico Tropical
alimenta modelos matemáticos utilizados
para o prognostico do clima no NEB com
até dezoito meses de antecedência e
considerando as variações da temperatura
na interação oceano-atmosfera, no Oceano
Atlântico Equatorial, esse prognóstico é de
dois a três meses.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A pesquisa
referente à origem das causas da
recorrência dos ciclos de 26 anos das secas
prolongadas constitui um grande desafio;
porém, o desconhecimento não implica que
se deva, simplesmente, ignorar seus efeitos
ou refutá-los, dogmaticamente. O
fenômeno El Niño é, também, o efeito de
causa desconhecida.
Assim como a influência da Lua
gera o ciclo das marés, é razoável admitir a
atuação de causas desconhecidas gerando
os ciclos de ondas longas das secas
prolongadas, porquanto ficou comprovada a
recorrência das secas em ciclos de 26 anos,
em 100% dos casos, a partir de 1849. A
estatística é a metodologia capaz de
auxiliar na detecção de ciclos tão extensos.
Associação das secas prolongadas à
atividade Intensa do Fenômeno El Niño:
Durante toda a extensão da série
pluviométrica de Fortaleza-CE (1849 -
1983), as secas prolongadas sempre
estiveram associadas ao fenômeno El Niño
intenso, conforme Figura 8.
CONCLUSÃO: Os resultados provenientes
de fontes diversas apontam para o
prognóstico de uma seca prolongada no
período de 2006 a 2009. Havendo a
intensificação do fenômeno El Niño ao final
deste ciclo (1982-2008), será grande a
probabilidade de ocorrer uma seca de longa
duração nos próximos anos. Os Boletins
trimestrais da atividade do fenômeno El
Niño, divulgados pelo CPTEC/INPE servirão
de alerta para confirmação do início de um
período de seca de longa duração; posto
que, segundo o CPTEC, os modelos
matemáticos utilizados para monitoração do
fenômeno El Niño permitem a elaboração de
prognóstico com até dezoito meses de
antecedência(http://www.cptec.inpe.br/prod
ucts/climanalise/cliesp10a/clmse_pn.html).
12
Severino Ferreira do Patrocínio
Meteorologista
Foi integrante do Serviço de Proteção ao Vôo (DEPV) da
Aeronáutica, exerceu a Função de Previsor no Centro
Meteorológico do Aeroporto Internacional dos Guararapes em
Recife/PE (1971-1978) e coordenou a implantação do Centro
Meteorológico do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes de
Manaus (1979); exerceu a supervisão operacional daquele
órgão até 1984.
Figura 8 – Secas prolongadas associadas ao fenômeno El Niño intenso.
Correla
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ão entre a
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reci
p
ita
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ão de Fortaleza e o interior do semi-árido
Segundo Carlos
Girardi a correlação entre as
curvas da precipitação do
Interior do semi-árido e
Fortaleza-CE é de 0,74
(Figura 9).
A média da
precipitação entre as cidades
de Crato-CE. Currais Novos-
RN, Iguatu-CE, Limoeiro do
Norte-CE, Quixeramobim-CE
e Ouricuri-PE, apresenta a
mesma característica que em
Fortaleza, ou seja: quando a
chuva diminui em Fortaleza,
também diminui no Interior.
2000
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500
1000
1500
500
Crato-CE
Currais Novos-RN
Iguatu-CE
Limoeiro do Note—CE
Quixeramobim-CE
Ouricuri-PE
Figura 9 - Gráfico comparativo da precipitação
do Interior do semi-árido com Fortaleza-CE
REFERÊNCIAS
Girardi, C.; Teixeira L., 1978. Prognóstico do Tempo em Longo Prazo, Relatório Técnico do
Instituto de Aeronáutica e Espaço.
Girardi, C.; Girardi, R., 2001. Previsão de Período de Seca para o Nordeste do Brasil.
Da Silva, J.F., 2000. EL NIÑO - O Fenômeno Climático do Século, Editora Thesaurus, Brasília-DF.
Kane, R.P.;Trivedi, N.B., 1985. Análise da Série histórica da precipitação de Fortaleza-CE de 1849
a 1983 (apud Da Silva, J.F., 2000)
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onfira aqui o resumo dos principais eventos, no Brasil e no mundo, já
programados para esse e também para o próximo ano. Se você quiser divulgar
algum evento relacionado com a área de Meteorologia, e/ou áreas afins, é só
enviar um e-mail para [email protected].
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http://www.deat.gov.za
A Conferência Nacional sobre Mudanças Climáticas (NCCC, sigla em
inglês) ocorrerá na cidade de Johannesburg, África do Sul. O evento é
organizado pelo Departamento de Negócios Ambientais e Turismo.
Mais informações sobre inscrição entre outras estão disponíveis na página
www.deat.gov.za ou contatar a organizadora do evento Ms. Marne de
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SIC 2005
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http://www.sbmet.org.br
O Simpósio Internacional de Climatologia acontecerá na cidade de
Fortaleza-CE. O tema será "A Hidroclimatologia e os Impactos Ambientais
em Regiões Semi-Áridas". O prazo limite para o envio dos trabalhos vai só
até 15 de Agosto. O evento é uma promoção da SBMET.
Mais informações sobre inscrição podem ser obtidas com o Comitê
Organizador do Evento. Teresinha Xavier ([email protected].br).
VI FFM
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http://www.ametsoc.org/meet/fainst/fireandforest.html
O VI Simpósio sobre Meteorologia e Incêndios Florestais acontecerá este
ano na cidade de Canmore, Alberta (Canadá). O prazo limite para
apresentação dos resumos vai até 1º de Setembro.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Tim Brown ([email protected]).
II RCGC
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http://www.acquaviva.com.br/mudglobais
A II Conferencia Regional sobre Mudanças Globais acontecerá na cidade
de São Paulo. O evento é uma promoção do Instituto de Estudos
Avançados da USP - IEA.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Anna Letícia Fogaça ([email protected]).
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http://www.met.inf.cu
O III Congresso Cubano de Meteorologia acontecerá na cidade de Havana,
Cuba. O prazo limite para apresentação dos resumos vai só até 31 de
Agosto.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Andrés Planas Lavié (flism[email protected]u).
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http://coralx.ufsm.br/meteorologia/workshop/
O IV Workshop Brasileiro de Micrometeorologia acontecerá no Campus da
Universidade Federal de Santa Maria, RS. A submissão dos artigos foi
prorrogada para 10 de setembro de 2005.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com a Comissão Organizadora do Evento.
Otavio Acevedo (otavio@smail.ufsm.br)
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http://www.iz.sp.gov.br/4cbb
O IV Congresso Brasileiro de Biometeorologia ocorrerá em abril de 2006
na cidade de Ribeirão Preto/SP. O tema será "Mudanças climáticas:
Impacto sobre Homens, Plantas e Animais". Devido à mudança na data do
evento, o prazo limite para envio de resumos será divulgado em breve.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Maria da Graça Pinheiro (4cbb@izsp.gov.br).
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http://www.cptec.inpe.br/SH_Conference/
O Brasil está sediando, pela primeira vez, a 8a Conferência Internacional
de Meteorologia e Oceanografia do Hemisfério Sul, a ser realizada em Foz
do Iguaçu em abril de 2006. Apresentações de trabalhos deverão versar
sobre aspectos da Meteorologia e Oceanografia do Hemisfério Sul, com
ênfase no entendimento e na previsão do clima e recursos hídricos, suas
variabilidades e mudanças.
O prazo limite para envio de resumos vai até 15 de outubro deste ano.
Mais informações podem ser obtidas com Prof.ª Carolina Vera, (11 4787-
2693), carolina@cima.fcen.uba.ar e Dr. Carlos Nobre (12 3186-9459),
ICUC6
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http://www.gvc.gu.se/icuc6
A VI Conferência Internacional de Clima Urbano acontecerá no ano que
vem, na cidade de Göteborg, Suíça. O prazo limite para apresentação dos
resumos vai até 10 de Novembro.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Sven Lindqvist ([email protected]).
Nota: Se você quiser divulgar algum evento relacionado com a área de Meteorologia,
ou áreas correlatas, é só enviar um e-mail para:
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apa Rodrigo Santos Costa
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Foto: Clube do Céu Foto: Hermam Martins Gomes
Reservatório de Sobradinho
ivervegências, opiniões contraditórias, discussões. Esse é o resultado de
qualquer reunião a respeito da polêmica transposição do Rio São Francisco. De
um lado, os números apresentados pelo Governo, que não só dão margem à
execução do projeto, como o torna a única solução possível para amenizar o problema
da seca; do outro, a exigência de uma revitalização urgente do Velho Chico, que no seu
estado atual não sobreviveria a um projeto tão audacioso.
Historicamente, a realidade hídrica
da região Nordeste sempre foi foco de
calorosos debates. Estudos, pesquisas,
projetos e mais projetos para amenizar os
impactos da seca perante a população
parecem não ter o resultado necessário. A
chave para isso parece ser uma melhor
compreensão de como o solo, a vegetação e
a água dessa região interage e como essa
população poderia estar preparada para as
condições que venham a ser estabelecidas.
Após o agravamento da crise do
abastecimento hídrico do Nordeste no ano de
1999, a transposição do rio São Francisco
passou a ser vista como a única alternativa
de solução do problema. Com duas frentes
bem definidas, o tabuleiro parece estar
armado: de um lado um grupo “imediatista”,
que como é muito bem definido pelo
Pesquisador João Suassuna, tem a “ânsia de
fazer chegar água, a todo custo, nas
torneiras da população, sem haver, no
entanto, a preocupação com as
conseqüências impostas ao meio ambiente”,
que pode vir a ser uma alternativa
precipitada; do outro, um grupo mais
ponderado, de certo modo mais preocupado
com as conseqüências climáticas e mesmo
as condições do próprio Rio de suportar uma
obra audaciosa como esta. Este segundo
grupo, que parece ser caracterizado pela
presença de parte da comunidade científica e
daqueles que dependem do Rio, atenta para
o fato de que o assunto precisa ser
amplamente discutido, as condições e os
impactos, a médio e longo prazo precisam
ser avaliados, bem como os custos reais de
algo com tamanha magnitude.
O São Francisco, detentor de uma
fama do tamanho da sua importância para o
nordestino, tem múltiplas funções:
abastecimento de água, navegação, base
para geração de energia, irrigação, entre
outras. É um bem incomensurável para um
povo sofrido e exige a realização de um
projeto consciente, a par de suas condições
e das condições de sua bacia hidrográfica.
Somente assim é possível estabelecer
valores plausíveis para a quantidade a ser
desviada.
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A UNEMET apenas procura com essa
matéria mostrar algumas das opiniões de
pesquisadores e do governo sobre a
viabilidade do projeto, forçando então uma
reflexão perante os problemas e/ou acertos
que venham a existir com a transposição,
nos moldes atuais. Conscientizar, não só a
opinião pública a magnitude desse assunto,
é de extrema importância para a Região. É
válido lembrar que as mudanças do uso do
solo resultantes da transposição vão afetar o
clima das regiões influenciadas, onde os
impactos também precisam ser levados em
consideração.
Apesar de alguns dos textos não
estarem sendo citados na íntegra, eles
representam exclusivamente os pontos de
vista dos seus autores.
NÚMEROS E CURIOSIDADES SOBRE O VELHO CHICO
* O Rio São Francisco tem 2.800km de extensão,
porém drenando uma área de aproximadamente
641.000 km
2
. Nascendo no estado de Minas Gerais,
desemboca no Oceano Atlântico entre Sergipe e
Alagoas e apresenta dois estirões navegáveis: o
médio, com cerca de 1.371 km, entre Pirapora - MG
e Petrolina – PE / Juazeiro - BA; e o baixo com 208
km entre Piranhas - AL e a foz, no Oceano
Atlântico.
* Conhecido como o "Nilo Brasileiro", graças a sua
grande semelhança com o africano Nilo. Ambos
cortam regiões áridas, são rios de planaltos, mas
que permitem a navegação. Suas águas são
utilizadas para a irrigação, têm sentido Sul-Norte e
têm grande extensão; a única diferença está no tipo
de foz, já que o São Francisco tem foz tipo Estuário
e o Nilo tipo Delta.
* O Rio São Francisco atravessa regiões com
condições naturais das mais diversas. As partes
extremas superior e inferior da bacia apresentam
bons índices pluviométricos e fluviométricos,
enquanto os seus cursos médio e sub-médio,
atravessam áreas de clima bastante seco e semi-
árido. Assim, cerca de 75% do deflúvio do São
Francisco é gerado em Minas Gerais, cuja área da
bacia ali inserida é de apenas 37% da área total.
* Comercialmente, o trecho principal são os 1.371
km ditos anteriormente. Este trecho corresponde a
uma distância equivalente entre Brasília e
Salvador, sendo sem dúvida a mais econômica
forma de ligação entre o Centro Sul e o Nordeste.
* Com o seu extremo sul localizado na cidade de
Pirapora – MG, a Hidrovia do São Francisco é
interligada por ferrovias e estradas aos mais
importantes centros econômicos do Sudeste, além
de fazer parte do Corredor de Exportação Centro-
Leste. Ao Norte, nas cidades vizinhas de Juazeiro -
BA e Petrolina - PE, a Hidrovia está ligada às
principais capitais do Nordeste, dada à posição
geográfica destas duas cidades.
* O Rio São Francisco oferece condições naturais
de navegação, durante todo o ano, com variações
de profundidade (calado), segundo o regime de
chuvas.
* Em grande parte no vale do São Francisco, as
áreas mais propícias ao aproveitamento agrícola
situam-se às margens desse rio. Por esse motivo,
nas proximidades do rio é que se encontram as
maiores parcelas da população do vale.
Transposição e São Francisco, como ficam?
APOLO HERINGER LISBOA
Professor da UFMG e Ambientalista
Belo Horizonte é a única capital
dentro da bacia do São Francisco e o rio das
Velhas seu mais importante afluente. Minas
Gerais tem mais da metade da população e
quase 40% do território da bacia. Sendo as
outorgas de água na Bahia e outros estados,
seja para irrigação, hidrelétricas,
abastecimento ou transposição, concessões
com força de lei, o que acontece após o rio
cruzar nossas fronteiras, mesmo que a mil
quilômetros, limita nosso direito ao uso de
nossas águas, pois a unidade de
planejamento é a bacia hidrográfica, não o
Estado e a outorga na calha do rio é federal.
A diversidade geo-climática de Minas Gerais
contribui com 75% das águas do São
Francisco que chegam ao mar. É uma forma
natural de transposição de águas para o
semi-árido brasileiro, 57% do qual está na
própria bacia do São Francisco, começando
aqui no norte de Minas. Outra forma de
transposição se dá na forma de
hidroeletricidade, pois 95% da energia
17
elétrica do Nordeste é proveniente das águas
de São Francisco, havendo além de Três
Marias mais seis hidrelétricas no sub-médio
e baixo curso, já se aproximando da foz. Isto
já basta.
Esta terceira transposição, levando
nossas águas e direitos territoriais para o
agro-negócio no Ceará e outros estados,
desprezando a urgente necessidade de
revitalização da bacia e as opiniões de
sertanejos, técnicos e cientistas de todo o
Brasil, é inaceitável. Projeto inaceitável por
ser desnecessário, lesivo aos interesses
atuais e futuros da bacia, tecnicamente
rejeitado nas instâncias técnicas e científicas
mais qualificadas, falso ao afirmar que
levará água aos sertanejos castigados pelas
secas, de altíssimo custo (7 bilhões de
dólares o custo total inicialmente previsto:
dados obtidos em diversas fontes, inclusive
oficiais). Pretendem construir instalações
para tomada de até 127 m
3
/s que ficarão
ociosas, por não haver disponibilidade para
tal, a não ser esporadicamente. Aliás, como
poderia uma tomada média anual de 65
m
3
/s, promover tantas mudanças no
Nordeste, se representaria 4% apenas da
água já estocada nos açudes, que é da
ordem de 37 bilhões de metros cúbicos de
água, mais do que há em Sobradinho?
Bacia do São Francisco
Este projeto repete e agrava erros
do passado, e na mesma lógica quer
concentrar água no sistema de açudes
construídos pelo governo federal desde
1909, em função da estrutura sócio-fundiária
tradicional. A transposição pretende levar
70% das águas para o agro-negócio,
sobretudo fruticultura de exportação, 4%
para agricultores dispersos e 26% para
abastecimento urbano humano e industrial,
atingindo apenas 5% do território alvo. Não
busca compreender a natureza dos
problemas e dos potenciais do semi-árido, e
as soluções apontadas por quem se dedica a
esta questão. As variações climáticas com
secas, inundações, insolação elevada, mais
de cem sub-regiões geo-climáticas, são
fundamentais para culturas agrícolas,
animais e o turismo, desde que se
aproveitem as experiências bem sucedidas,
de baixo custo, de uma economia
diversificada que pode ser próspera. Com
conhecimento e gestão adequados, insumos
fundamentais, pode-se compreender que a
questão não se reduz à água, muito menos
concentrando-a em açudes e rios, e que o
desperdício de água, a falta de formação
técnica e de programas de desenvolvimento
é que são as verdadeiras causas da miséria
no Nordeste enquanto componentes da
exclusão social.
Israel já tem duzentos mil hectares
irrigados. O fator primordial do sucesso de
um programa econômico regional e com
sustentabilidade não pode ser o fator
escasso usado com desperdício, no caso a
água, mas os fatores abundantes
complementados pela água, no caso,
exploração das características do clima,
investimentos em conhecimento técnico-
científico e gestão e gerenciamento
eficientes. Há estudos baseados na
disponibilidade hídrica média per capita, que
divide a vazão dos rios pela população, que
colocam o nordestino setentrional com mais
disponibilidade hídrica que a média dos
europeus. O problema é de gestão e
gerenciamento, de distribuição e adaptação
às condições básicas geo-climáticas, como a
coleta e armazenamento adequado das
águas das chuvas.
CARACTERÍSTICAS
FÍSICAS DO SÃO
FRANCISCO
* Declividade média: 8,8 cm / Km
* Média das vazões na foz: 2,943 m
3
/s
* Tipo de foz: Estuário
* Velocidade média da corrente: 0,8 m/s (Entre
Pirapora - MG e Juazeiro - BA)
* Sentido da corrente: Sul - Norte
O projeto Jaíba, no norte de Minas,
recebeu outorga para retirar 80 m
3
/s e
irrigar quase cem mil hectares, no estilão
agro-negócio, com o governo bancando
quase tudo. Começou em 1973, já consumiu
18
400 milhões de dólares e não conseguiu
ainda irrigar dez mil hectares. Isto do lado
do São Francisco e a menos de 20 metros de
altura. Imaginem só levar água em canais,
túneis e leitos secos, perfazendo 2.220 Km,
ultrapassando altitudes de 165 m no
caminho do Ceará e de 360 m no caminho
da Paraíba e Pernambuco? Por que não
aprender com os erros, por que não estudar
e concluir o projeto Jaíba? Há várias obras
inacabadas no semi-árido, necessitando de
cuidados, e já querem outra mega obra, tão
próximo de 2006 e sem transparência, isto
será um desastre.
Água para todos*
MINISTRO CIRO GOMES,
MINISTRA MARINA SILVA E MINISTRO MIGUEL ROSSETO
Ministério da Integração Nacional - Ministério do Meio Ambiente - Ministério do
Desenvolvimento Agrário
O Projeto São Francisco tem objetivo
definido: oferecer segurança hídrica a uma
população estimada em 12 milhões de
pessoas que vivem nas pequenas, médias e
grandes cidades do Nordeste Setentrional.
Por que ele é necessário? Porque, segundo a
ONU, a vida humana só é sustentável
quando dispõe de 1.500 m
3
de água/
habitante/ano. Em quase toda a área do
projeto há apenas 450 m
3
/habitante/ano, o
que estimula a migração, que esvazia os
sertões e incha as grandes cidades
brasileiras.
A estratégia do governo federal para
o semi-árido brasileiro é composta por
quatro grandes vertentes: a revitalização do
Rio São Francisco, a integração das bacias, o
Programa Convivência com a Seca e o Pró-
Água, voltado para as cidades grandes e
médias do Nordeste.
O Projeto São Francisco não é de
transposição, mas de integração da bacia do
maior rio perene da região às bacias dos rios
intermitentes de Pernambuco, da Paraíba, do
Rio Grande do Norte e do Ceará. O projeto
prevê a captação de, apenas, 26 m
3
/s da
vazão na foz do rio garantida pela barragem
de Sobradinho, que é de 1.850 m
3
/s. Isso
representa só 1,4% da vazão disponível, que
vai para o mar.
O Projeto São Francisco não
começou. O que começou foi o programa de
revitalização do rio. O Fundo Nacional do
Meio Ambiente lançou edital no valor de R$
20 milhões para apoiar projetos de
recuperação e proteção de nascentes, tendo
sido reservados R$ 7,5 milhões para as
nascentes dos rios da Bacia do São
Francisco.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva assinou decreto, em maio do ano
passado, considerando de utilidade pública,
para fins de desapropriação por interesse
social, 2,5 quilômetros de terras localizadas
de um lado e outro dos Canais Leste e Norte
do Projeto São Francisco. Com isso, 350 mil
hectares ficarão disponíveis para o Programa
de Reforma Agrária, e deverá haver sistemas
de irrigação simplificados em até 700 lotes
de 50 hectares cada. Além disso, o governo
continuará a realizar os trabalhos de
construção de cisternas e barragens
subterrâneas e outras obras de pequena
irrigação.
Rio Brígida, um dos que terá sua vazão aumentada com o
projeto.
A nova e atualizada versão do
Projeto São Francisco é fruto do diálogo do
governo com a sociedade. Em junho de
2003, o presidente Lula criou um grupo de
trabalho, liderado pelo vice-presidente da
República, José Alencar, que realizou cerca
de 15 reuniões e debates em todos os
estados da Bacia do São Francisco e,
também no Ceará, no Rio Grande do Norte e
na Paraíba. Diversos ministros também
participaram do esforço de diálogo com a
sociedade.
Ainda em 2003, a diretoria do
Comitê da Bacia do São Francisco propôs o
adiamento, por seis meses, da execução do
projeto. A proposta foi aceita. Por sua vez, a
Agência Nacional de Águas (ANA) coordenou
a elaboração do plano da Bacia do São
Francisco, aprovado por unanimidade pelos
integrantes do comitê, depois de quase vinte
audiências públicas. O Conselho Nacional de
Recursos Hídricos (CNRH) aprovou o Projeto
São Francisco pela Resolução n 47, de 17 de
19
janeiro de 2005. O resultado da votação foi
o seguinte: 36 votos a favor, 2 contra e 10
abstenções. Finalmente, o Ibama emitiu a
licença prévia, atestando a viabilidade
ambiental, e a ANA concedeu a outorga,
comprovando a disponibilidade hídrica para o
projeto.
PRINCIPAIS AFLUENTES
* Rio Paraopeba
* Rio Paracatu
* Rio Abaeté
* Rio Verde Grande
* Rio das Velhas
* Rio Carinhanha
* Rio Jequit
* Rio Corrente
* Rio Urucuia
* Rio Grande
No dia 29 de setembro de 2004
foram apresentados à direção da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) todos os aspectos sociais,
econômicos e ambientais do Projeto São
Francisco, seguido de prolongado debate.
Reuniões semelhantes foram mantidas com
direções de movimentos sociais e de
federações de empresários.
Para evitar que o empreendimento
pudesse ser maculado pela mínima
desconfiança, em setembro do ano passado
o ministro da Integração Nacional
apresentou o projeto ao presidente e a
vários ministros, assessores e técnicos do
Tribunal de Contas da União (TCU), que está
acompanhando e analisando todo o processo
licitatório.
Por fim, o Projeto São Francisco é
ambientalmente sustentável, viável
economicamente e socialmente justo. Ele
está na correta linha dos que sustentam a
necessidade de água para todos.
* Texto publicado no Jornal “O Globo” – Rio
de Janeiro, em 07/10/2005.
E A CLIMATOLOGIA?
O mês de novembro é marcado pelo início do período chuvoso na região. Isso pode ser entendido como um
alívio para aqueles que labutam naquele trecho do Semi-árido, na esperança desse período vir a amenizar os
problemas de escassez hídrica vividos. Mas, nunca é demais alertarmos para o fato de o fenômeno El Niño,
instalado nas costas do Peru desde março do corrente ano, ter dado sinais de que não está "morto", ao
contrário, tem-se manifestado em um plano global, ocasionando enchentes na Europa e secas no Brasil,
especificamente no estado do Piauí e nos sertões do Araripe e do São Francisco, em Pernambuco.
Nesse sentido, já seria prudente ficarmos em estado de alerta e torcermos para que o El Niño não venha a
ter influência significativa na distribuição das chuvas caídas na bacia do São Francisco, no período chuvoso
em curso, trazendo conseqüências desagradáveis para o dia-a-dia dos que vivem na região. A possibilidade
dessa influência existe e, o que é pior, não há soluções, pelo menos a curto e médio prazo, que propiciem a
estabilização do setor elétrico, sem que haja mazelas, normalmente imputadas, tanto ao ambiente - com a
poluição emanada das termelétricas que certamente serão acionadas - como também à economia - com a
evasão de divisas oriunda da importação do gás natural e diesel para o funcionamento de tais térmicas. As
conseqüências da falta de investimentos no setor elétrico já se fazem sentir no Nordeste, o que acarretará
situações não muito agradáveis ao desenvolvimento de toda região.
TRANSPOSIÇÃO: DEFLAGRADA A ESPOLETA DO
DESMANTELO
JOÃO SUASSUNA
Pesquisador da FUNDAJ
O Nordeste brasileiro começará a
enfrentar o risco da falta de energia elétrica
já a partir de 2009. Essa assertiva foi
prognosticada pelo Operador Nacional do
Sistema Elétrico – ONS, em matéria
publicada no Diário de Pernambuco, na
edição do dia 03/09 corrente, na qual se
afirmava que 9% dos dois mil cenários
utilizados nas simulações feitas por aquela
operadora apontam para um déficit de 1%
da carga local, o que significa dizer que,
naquele ano, a demanda de energia elétrica
20
estará 87 MW médios acima da oferta da
região. A matéria esclarece ainda que o nível
considerado seguro pela ONS é o de um
percentual acima de 5% nas simulações
realizadas.
Essa possibilidade de faltar energia
no Nordeste daqui a pouco mais de três
anos, apontada pelo ONS, bem traduz o que
estamos denunciando há cerca de uma
década, ao analisarmos os usos múltiplos
das águas do rio São Francisco e o seu
projeto de transposição. No nosso trabalho,
estamos insistentemente alertando as
autoridades brasileiras para as limitações e
os riscos existentes no rio, principalmente
aqueles com implicações diretas na geração
de energia, preocupações estas que
acabaram por vir à tona, desta feita através
de um dos órgãos oficiais responsáveis pelo
setor.
Além do mais, esse quadro
preocupante da hidrologia do rio, que
culminou, inclusive, com a necessidade de se
racionar energia no ano de 2001, será
agravado pelo recente pacto de
sustentabilidade firmado entre o governo
federal e os governadores dos estados que
irão receber as águas da transposição (PE,
PB, RN e CE), tendo Pernambuco – estado
em situação diferenciada dos demais por ser,
ao mesmo tempo, exportador e receptor das
águas do São Francisco – reivindicado um
maior quinhão, por entender que não
deveria exercer apenas a função de
aqueduto ou de “passagem” das águas do
São Francisco em seu território para o
abastecimento dos estados receptores.
Apesar de sempre ter-se mostrado avesso às
discussões necessárias a um projeto dessa
magnitude, o estado de Pernambuco,
encaminhou no mês de maio passado, após
a oficialização do projeto pelo governo
federal, uma proposta ao Ministério da
Integração Nacional, reivindicando volumes
para o abastecimento de sua população,
bem como para o desenvolvimento do agro-
negócio, proposta esta que irá resultar no
comprometimento de mais 19 m³/s do rio,
volume que deverá ser somado àquele de 26
m³/s anteriormente estabelecido no projeto.
Portanto, as outorgas já estabelecidas serão
insuficientes para satisfazer as novas
necessidades do projeto, situação essa que
irá obrigar os dirigentes a novas rodadas de
negociações, para a determinação das
outorgas definitivas. Acerca dessas
questões, escrevemos um artigo em abril de
2000 intitulado “A gerência da torneira”, no
qual denunciávamos os riscos da exploração
descontrolada das águas do rio São
Francisco, por motivo de ingerências
políticas. Infelizmente, essas previsões
estão-se tornando realidade no nosso estado
natal.
A proposta pernambucana
fundamentou-se na substituição do Eixo
Norte pelo Canal do Sertão, o qual irá
demandar do rio São Francisco um volume
de cerca de 13 m³/s, prevendo-se, para
tanto, a adução das águas na altura da
represa de Sobradinho para o benefício de
todo o extremo-oeste pernambucano, onde
estão localizados os melhores solos do
estado. Nessa negociação estão previstas
retiradas volumétricas suficientes para a
irrigação de uma área de cerca de 150 mil
ha de solos férteis. O governo está propondo
também a adução extra de 5 m³/s para o
abastecimento do açude de Entremontes,
localizado no alto sertão do estado, para o
qual, na proposta original do projeto, estava
prevista uma adução da ordem de 10 m³/s.
No Eixo Leste, o governo propôs a
criação do Ramal do Agreste com uma vazão
de 1 m³/s, para o abastecimento dos
municípios que fazem parte da bacia do rio
Ipojuca, com origem no município de
Arcoverde e destino final no município de
Gravatá, portanto fora dos limites da bacia
hidrográfica do Velho Chico. A nova proposta
do governo Pernambucano equivale a um
adicional de 19 m³/s à proposta original do
projeto de 26 m³/s, o que irá significar a
necessidade de reformulação das outorgas,
no total de 45 m³/s.
O fato curioso é que no mês de maio
passado, alegando aumento nos custos do
projeto em cerca de 15% (R$ 675 milhões),
conforme amplamente publicado na mídia
pernambucana, o Ministério da Integração
Nacional relutou na aceitação dessa
proposta. Posteriormente, com o
agravamento da crise política em todo país e
com a ameaça real do governo de
Pernambuco em não assinar o pacto de
sustentabilidade necessário à concessão das
outorgas pela Agência Nacional das Águas
(ANA), o Ministério da Integração não só se
dobrou as exigências do governo
pernambucano, como confirmou a
construção dos dois eixos anteriormente
previstos no projeto (os eixos Norte e
Leste).
Desse modo, a proposta atual da
transposição do rio São Francisco consta de
um Eixo Oeste (Canal do Sertão), um Eixo
Norte, com os adicionais volumétricos para o
açude Entremontes e um Eixo Leste, no qual
será construído o Ramal do Agreste. O grave
de tudo isso é que as recentes modificações
21
impostas ao projeto pelo estado de
Pernambuco irão onerar agora o seu
orçamento inicial em cerca de R$ 1 bilhão.
Com a participação de Pernambuco e
a nova estrutura físico-financeira imposta ao
projeto é possível prognosticar o
agravamento da situação hidrológica do rio,
inclusive com possibilidade de colapso nos
fornecimentos volumétricos futuros. Essa
situação de debilidade hídrica no São
Francisco é fácil de entender, tendo em vista
a baixa vazão alocável existente no rio, de
cerca de 25 m³/s, para o atendimento de um
projeto que irá requerer uma vazão média
de 65 m³/s e uma vazão máxima de 127
m³/s. Esses dados foram confirmados por
técnicos da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) reunidos na
cidade do Recife, em agosto de 2004, para
tratar de questões atinentes à transferência
de águas entre grandes bacias hidrográficas.
O diferencial volumétrico necessário
para se alcançar a vazão média de 65 m³/s
requerida pelo projeto será obtido através da
represa de Sobradinho, quando esta
dispuser de 94% do seu volume útil
preenchido, ou seja, quando estiver
praticamente cheia.
De acordo com os hidrólogos da
SBPC, essa aproximação volumétrica só será
possível em 40% dos anos, pois a tendência
da represa de Sobradinho, desde a época de
sua construção, é de encher 4 vezes a cada
10 anos. Portanto, é um projeto
demasiadamente caro (são cerca de R$ 4,5
bilhões e mais o adicional de R$ 1 bilhão se
considerada a proposta de Pernambuco)
para funcionar, em sua plenitude, apenas
em 40% dos anos.
No cenário acima descrito, a inclusão
da proposta do governo de Pernambuco
usando as águas de um rio que já não
dispõe dos volumes mínimos necessários
para o atendimento das demandas previstas
no projeto original, somada ainda à ameaça
real de faltar energia em 2009, é no mínimo
um ato inconseqüente.
Caso o governo federal venha a
implementá-la da forma pretendida, causará
o caos, pois estará deflagrando a espoleta do
desmantelo, com enormes possibilidades de
o Nordeste voltar a conviver com o fantasma
dos feriadões, dos racionamentos e dos
apagões. É viver para crer.
Finalmente, preocupa-nos o
desgaste político vivido pelo governo federal
com a atual crise existente no país e
atestado pelas pesquisas de opinião pública,
o qual poderá resultar na possibilidade do
presidente Lula não vir a ser reconduzido ao
comando da nação em 2007.
Havendo essa possibilidade concreta,
existirá um tempo extremamente exíguo
(cerca de 1 ano e meio) para a instalação da
infra-estrutura do projeto necessária ao
abastecimento dos estados receptores com
águas do rio São Francisco. Nesse sentido, o
estado de Pernambuco será o maior
beneficiário do projeto, pois qualquer que
seja a atividade realizada nesse período –
construção de canais, aquedutos, represas,
adutoras, etc -, tudo estará,
necessariamente, nos limites do território
pernambucano.
Apesar da nossa indignação pelo
tratamento inadequado dispensado pelas
autoridades ao Velho Chico e diante de todas
as evidências de que o projeto está sendo
imposto goela abaixo da população
nordestina, não deixamos de reconhecer,
embora não a aprovemos, a matreirice
política do governador de Pernambuco na
condução das negociações junto ao Governo
Federal.
Para saber mais
:
http://www.integracao.gov.br/saofrancis
co/
http://www.portaldosaofrancisco.hpg.ig.
com.br/sfrancisco/index.html
http://www.fundaj.gov.br/docs/tropico/d
esat/fran.html
http://www.joaosuassuna.hpg.ig.com.br
Rodrigo Santos Costa
Meteorologista e Membro
da UNEMET Brasil
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Fórum para discussão de temas relacionados à
Meteorologia
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http://www.miumu.com/phpbb/index.php?mforum=meteorologia
Está sendo criado um fórum para que os profissionais da área de Meteorologia
possam discutir assuntos relacionados à área. Este fórum é uma forma organizada e
democrática de discussão entre os profissionais de Meteorologia das diversas regiões do
Brasil, e possibilitará maior interação dos profissionais no que diz respeito à
assuntos acadêmicos, operacionais e classistas.
Fonte: SBMET
Water Information Center
2
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http://water.nationalacademies.org
O U.S. National Academies lançou o portal "Water Information Center". Esta instituição é
uma organização sem fins lucrativas que reúne comitês de especialistas em todas as áreas
do conhecimento científico e tecnológico. A organização é composta da Academia Nacional
de Ciências, Academia Nacional de Engenharia, Instituto de Medicina, e o Conselho de
Pesquisa Nacional. Este portal possui diversos relatórios que podem ser lidos on-line, e os
resumos são livremente baixados em PDFs. As pessoas residentes em paises em
desenvolvimento podem baixar todos os relatórios completos livremente. Um número grande
de relatórios também está disponível para serem baixados gratuitamente para os residentes
de outros países.
Fonte: SBMET
Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas
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http://www.forumclima.org.br/
O Fórum Brasileiro de Mudança Global do Clima possui como objetivo conscientizar e
mobilizar a sociedade sobre o tema de mudança global do clima, decorrente ao aumento da
concentração atmosférica dos gases de efeito estufa, suas causas e conseqüências. Este
portal possui diversas relatórios que podem ser lidos on-line gratuitamente, e os resumos
são livremente baixados em PDFs. As pessoas residentes em paises em desenvolvimento
podem baixar todos os relatórios completos livremente. Um número grande de relatórios
também está disponível para serem baixados gratuitamente para os residentes de outros
países.
Fonte: Planeta COPPE
NOAA/National Huricane Center
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http://www.nhc.noaa.gov/
O Centro Nacional de Furacões (NHC em inglês) dos Estados Unidos, localizado em Miami,
Flórida presta informações sobre previsões e análises de ciclones tropicais e sub-tropicais,
furacões entre outros fenômenos, emitir avisos, e aumentar a compreensão destes perigosos
fenômenos, além de avaliar seus impactos potenciais.
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”Voluntários cheios de boa vontade,
embora apenas amadores da Meteorologia
e da Astronomia, podem se converter em
ótimos colaboradores”
José Nunes Belfort Mattos (1862-1926)
terceiro artigo da série “Os Primórdios da Meteorologia no Brasil” é
retratada a obra de mais um dos pioneiros no estudo do tempo e
do clima no país, especificamente em São Paulo. Trata-se de José
Nunes Belfort Mattos, aficionado por Meteorologia.
José Nunes Belfort Mattos nasceu em
São Luiz do Maranhão no ano de 1862 e
faleceu na cidade de São Paulo em 1926. Era
filho do Capitão Fábio Gomes Faria de Mattos
e de D
a.
Luiza Amália Berford Mattos.
Belfort Mattos formou-se em engenharia
civil pela Escola Politécnica do Rio de
Janeiro, a única então existente no Brasil,
em 1885. Da sua turma foi paraninfo o
célebre engenheiro e político nacional, o Dr.
André Gustavo Paulo de Frontin.
Curiosamente, e devido principalmente à
dificuldade de materiais, o diploma dele
somente pode ser retirado em 1891, embora
Belfort Mattos já tivesse concluído o curso
seis anos antes.
Em 12 de julho de 1890 Belfort Mattos
se casou no Rio de Janeiro com D
a.
Antonieta
Monteiro de Moura Rangel, e tiveram sete
filhos.
Desde muito cedo Belfort Mattos se
dedicara aos estudos do céu. O jovem
engenheiro, quando tinha alguma folga no
serviço de campo, ficava a distinguir os tipos
de nuvens, estudar as constelações, ou a
observar o rastro luminoso de um bólido
1
.
Estudando e trabalhando, o jovem
maranhense ainda achava tempo para se
dedicar com vulto à atividade poética,
inclusive em 1886 escreveu uma peça
científico-amorosa intitulada “Gravitação
Universal”
2
.
Em 20 de janeiro de 1898 ele foi
nomeado auxiliar de primeira classe da
Comissão Geográfica e Geológica (CGG) do
Estado de São Paulo, que na época era
1
É um meteoro muito luminoso, geralmente mais
luminoso que magnitude -3 ou -4 que apresenta a
mesma magnitude do planeta Vênus ou então maior.
Também conhecido como fireball.
2
Belfort, M., 1951. José Nunes Belfort Mattos: A Vida de
um cientista brasileiro. São Paulo.
M
M
No
24
chefiada pelo geólogo americano Orville A.
Derby. Em março de 1900 ele foi promovido
ao cargo de ajudante de segunda classe.
Novamente foi promovido em 1902 a
ajudante de primeira classe, dedicou-se
integralmente, aos estudos de Meteorologia,
Climatologia e Astronomia, aos quais já
vinham amadurecendo durante os cerca de
15 anos que ele viveu no interior do Estado
de São Paulo.
Queremos ressaltar que os primeiros
trabalhos oficiais sobre a Meteorologia
paulista foram realizados em 1887 por
Alberto Löfgren, botânico e por Orville
Derby, geólogo e diretor da Comissão
Geográfica e Geológica na época. Criou-se,
depois a Secção de Botânica e Meteorologia,
chefiada pelo Prof. Löfgren, e que foi, sem
dúvida, o embrião do Serviço Meteorológico
do Estado do São Paulo. Posteriormente os
estudos passaram a cargo de F.J. Schneider,
no denominado Escritório Meteorológico da
Comissão Geográfica.
Ressalta-se que o Instituto Astronômico
e Geofísico da Universidade do São Paulo
teve sua origem no Serviço Meteorológico do
Estado de São Paulo, sediado a partir de
1888 na antiga torre do Jardim da Luz
(Figura 1), e no Observatório de São Paulo,
situado na Avenida Paulista a partir de 1912.
No ano de 1898, quando Belfort Mattos
executava trabalhos de Topografia e
Cartografia para solucionar a questão dos
limites entre os estados de São Paulo e
Minas Gerais, a Geofísica e a Astronomia se
fundiram, como demonstra a existência do
Observatório Astronômico de Belfort Mattos,
instalado em sua própria residência na
Avenida Paulista.
Figura 1 – Antiga torre no Jardim da Luz, onde, em março
de 1888 onde estava instalado o primeiro posto central
do Serviço Meteorológico de São Paulo. Fonte: IAG/USP
3
.
3
Extraída de http://www.iag.usp.br/apr/hi/hi_bv.php em
30 de agosto de 2005.
Com efeito, desde 1902, ele montava,
em sua casa, na Avenida Paulista, um
observatório Meteorológico. Durante os dias
da semana, enquanto Belfort Mattos se
achava na sede do Serviço, localizado no
centro da cidade, as observações eram feitas
e registradas por sua família, que ele próprio
tinha instruído e que executava,
religiosamente, as instruções recebidas.
Todos os resultados de observações, notas e
estudos realizados no “Observatório da
Avenida”, eram colocados imediatamente à
disposição do serviço oficial.
Assim, foi surgindo o que passou a ser
chamado, mediante simples convenção, de
“Observatório da Avenida”, nunca foi oficial e
que não deve ser confundido com o
“Observatório de São Paulo”, que foi
construído mais tarde em terreno adjacente
ao primeiro e que era de propriedade do
Governo do Estado. Com exceção de alguns
instrumentos fornecidos pelo Estado (que
eram fornecidos, igualmente, a todos os
postos de observação do interior), a
instalação e o custeio do Observatório da
Avenida”, que funcionou durante 10 anos
(1902 a 1912), foram realizadas com
recursos de Belfort Mattos.
Em 1902, os quadros no Escritório
Meteorológico foram reorganizados e foi
criado o Serviço de Meteorologia, sendo
Belfort Mattos convidado (pelo então
Secretário da Agricultura Dr. Cândido
Rodrigues) para chefiar o novo Serviço, e os
vários instrumentos para estudos de
Meteorologia e Climatologia fornecidos pela
CGG foram incorporados ao “Observatório da
Avenida”, em sua residência. Desde essa
data até o ano de 1926 ele foi o
orientador/responsável em assuntos da
Meteorologia paulista.
Verifica-se que de 1902 em diante os
trabalhos meteorológicos tomaram impulso
em São Paulo graças aos esforços de Belfort
Mattos. Por exemplo, pode-se citar que em
1902 foi elaborada a primeira carta
climatológica que foi enviada a um evento
(“Exposição”) em Saint Luis, nos E.U.A.,
tendo esse trabalho sido apreciado
favoravelmente pelo Weather Bureau,
naquela época a mais importante corporação
mundial do gênero.
Em 1907, o setor de Meteorologia torna-
se independente da Comissão Geográfica,
subordinação que não tinha razão de ser.
Então foi criada na ocasião a Seção de
Meteorologia, anexa à Diretoria de
Agricultura, sendo esta última subordinada à
Secretaria de Agricultura.
25
A Seção de Meteorologia contava no seu
inicio em 1907, com o chefe, um ajudante e
cinco meteorologistas. Além disso,
funcionavam 40 postos de observação,
distribuídos pelo Estado. Nesse mesmo ano
(1907) teve início a publicação da segunda
série de Boletins de Dados Climatológicos,
onde daí por diante foram publicados sem
interrupção. Em 1908 num boletim da Seção
foi publicado um primeiro esboço do Clima
em São Paulo, o qual, periodicamente, era
ampliado e atualizado, com base em
períodos mais longos de observações.
Datam dessa época as referências feitas
pelo eminente meteorológico norte-
americano Willis Moore, na Monthly Weather
Review, vol. XXXIV, de 1906, que ressaltou
a qualidade do serviço meteorológico oficial
paulista, dizendo que em nada seria inferior
aos existentes do EUA e Europa, e, além
disso, possuía maior numero de estações por
unidade de área do que esses locais. Como
também estava provido de uma maior
quantidade de instrumentos registradores do
que mesmo o eficiente e conhecido, na
época, Serviço da República Argentina. No
final, Moore fala que foi graças aos contínuos
esforços de seus sucessivos diretores,
Derby, Löfgren e Belfort Mattos que tinha
atingido este estágio de desenvolvimento.
Belfort Mattos, em seu trabalho “O Clima
de São Paulo”, em 1925, reivindica para a
então Seção de Meteorologia “as honras da
organização definitiva do primeiro serviço de
tempo no Brasil”, que teria ocorrido
aproximadamente em 1909.
Ele foi um dos incentivadores para a
expansão da rede de estações
meteorológicas de superfície, à organização
mais sistematizada das séries temporais de
dados meteorológicos e para a criação da
Diretoria de Meteorologia e Astronomia junto
ao Ministério da Agricultura, em 1909. Pode-
se afirmar que foi a partir daí que se iniciou
a fase madura da Climatologia no Brasil.
Essa instrumentação passou a contribuir
para a rede de estações meteorológicas da
CGG, num sítio melhor instalado que o posto
central do Serviço Meteorológico, na Escola
Normal, durante 10 anos (1902-1912),
quando foi transferido posteriormente do
posto central da Praça da República para a
sede do Serviço Meteorológico na Avenida
Paulista.
Em 1911, nova reforma transformou a
Seção de Meteorologia em “Serviço
Meteorológico”, autônomo, subordinado
diretamente à Secretaria de Agricultura do
Estado de São Paulo. Imediatamente, Belfort
Mattos com seu idealismo, caiu em campo
para obter recursos para a construção de um
Observatório oficial, sonho que ele perseguia
há uma década.
Na época, o principal centro de
observações era a própria residência de
Belfort Mattos. Além disso, havia diversos
postos de observações, além de uma
considerável rede espalhada por todo o
interior do Estado.
O grande esforço de Belfort Mattos, na
época chefe do Serviço Meteorológico, veio
ser recompensado, pois o então Secretário
da Agricultura, Pádua Salles, determinou a
aquisição de um terreno próximo ao da
residência particular de Belfort Mattos e a
construção do novo Observatório. As obras
do novo Observatório foram concluídas no
início de 1912 e teve sua inauguração em 12
de abril do mesmo ano localizado na avenida
Paulista, 69 (Figura 2).
Este Observatório, mais conhecido por
Observatório de São Paulo, que fora
construído por José Nunes Belfort Mattos,
então diretor do Serviço Meteorológico do
Estado de São Paulo, além de constituir a
sede da Diretoria do Serviço Meteorológico e
Astronômico do Estado de São Paulo,
executava serviços de determinação e
disseminação da hora oficial do estado,
estudos de Física Solar (manchas solares),
do Magnetismo Terrestre e de Sismologia.
Figura 2 – Observatório de São Paulo, na Avenida Paulista
n. 69, onde se localizava o Serviço Meteorológico no início
do século XX. Fonte: IAG/USP
1
.
Em 1912, o “Observatório da Avenida”,
particular, parou de existir, em vista da
construção e inauguração do novo e oficial
“Observatório de São Paulo”. Foram
desmontadas as instalações que existiam no
primeiro e transferidas para o segundo. A
transferência incluiu os instrumentos de
26
propriedade do Governo, bem como alguns,
de propriedade particular de Belfort Mattos.
Outra visão integrada e moderna para
época considerada por Belfort Mattos era
que as observações astronômicas deviam
figurar como auxiliares do serviço de
Meteorologia. Seu objetivo era organizar um
observatório meteorológico, complementado
por uma secção ou departamento
astronômico.
Belfort Mattos falava que “Ou o
especialista completa sua formação mental
com uma sólida cultura geral, que lhes
faculte uma visão de conjunto, ou ficará a
vida inteira ignorando o que existe ‘nas
outras vitrines’.
Há diversos documentos que evidenciam
que Belfort Mattos não se propunha fazer
astronomia, pois em suas observações
astronômicas mais simples figuravam,
apenas como subsídios, no programa de
seus trabalhos. Ele reconhecia que a capital
de São Paulo não seria o melhor lugar,
mesmo naquela época, para a instalação de
um verdadeiro Observatório Astronômico e
esse ponto de vista foi confirmado por ele
em uma comunicação feita à Sociedade
Cientifica. Nos últimos anos de sua vida
exprimia a intenção de organizar ou, pelo
menos, impulsionar a criação de um
Observatório na região de Campinas, cidade
que reunia às melhores condições
atmosféricas, um certo grau de conforto e
ambiente intelectual indispensáveis à
instalação de tal instituição.
Tendo posto o Observatório a funcionar,
Belfort Mattos trabalhava com amor à
instituição e com verdadeiro entusiasmo
científico. Poderia, como tantos outros, se
dedicar à atividade extra, inclusive
remunerativas, reservadas apenas algumas
horas para dirigir, burocraticamente a nova
repartição. Preferiu consagrar todo o seu
tempo ao Observatório. Em uma época na
qual nem se falava em tempo integral, ele já
o praticava e por um período muito mais
longo do que o exigido aos funcionários da
época, tanto que trabalhava no Observatório
um tempo médio de 10 horas por dia. Fazia
um trabalho incansável em prol da
Meteorologia paulista.
Um dos traços mais característicos da
personalidade de Belfort Mattos era o
desprendimento, pois durante cerca de 10
anos, manteve à própria custa um pequeno
Observatório. Além disso, trabalhava
durante um período pelo menos duas vezes
superior ao habitualmente empregado pelos
diretores de repartições públicas, isso sem
aumento algum de proventos, sem
remunerações extraordinárias, nem qualquer
outra vantagem. Ou seja, tinha o maior zelo
pela coisa pública.
Para se ter uma idéia do avanço que
alcançou o Serviço Meteorológico paulista
devido à chefia do Belfort Mattos: quando
ele assumiu havia mais ou menos 36 postos
de observação, enquanto que no ano de
1925 tinham 115 postos meteorológicos e
cerca de 308 estações de avisos de tempo.
Sant’Anna Neto (1998)
4
ressalta que nas
primeiras décadas do século XX, Belfort
Mattos foi um dos primeiros a tentar
identificar os sistemas produtores dos tipos
de tempo, como também a fazer os
primeiros esforços no sentido de produzir, a
partir do uso de cartas sinóticas, técnicas de
previsão do tempo.
Grande respeitador da ética profissional,
não se apresentava como o criador ou
ressuscitador da Meteorologia paulista.
Referia-se com respeito a seus antecessores
mais próximos – Orville Derby, Alberto
Löfgren e ao seu amigo e companheiro de
trabalho F.J.C. Schneider. Foi sempre amigo
e admirador de Henrique Morize, o emérito
diretor do Observatório Nacional do Rio de
Janeiro, que se correspondia
freqüentemente. Em Morize via um mestre
cujos conselhos eram escutados com grande
proveito e que aliava à grande experiência e
madura sabedoria o trato de um perfeito
cavalheiro, onde ele podia confiar.
De espírito eminentemente sociável,
Belfort Mattos tinha grande satisfação em
pertencer a grêmios científicos. Em 1901 foi
eleito sócio titular da Sociedade Astronômica
da França. Em 1918, esta mesma Sociedade
concedeu-lhe o título de sócio-fundador.
Belfort Mattos ingressou logo cedo na
Sociedade Científica de São Paulo (fundada
em 1903), tendo ocupado vários cargos de
direção, inclusive a Presidência. Ela era um
importante núcleo de ciência que reunia
estudiosos de diferentes formações. Além de
ser um dos mais assíduos freqüentadores da
Sociedade e trabalhar para o seu
engrandecimento, seja em cargos de
direção, seja na atuação de novos sócios, ele
apresentou à Sociedade muitas
comunicações sobre assuntos aos quais
dedicara estudos especiais tais como: A
Uniformização da Hora do Brasil e os Fusos
Horários, A Declinação Magnética em São
Paulo, Defesa contra a Geada, Fatos e
Pesquisas recentes em Astronomia, e As
Conjunções Planetárias e a Física do Globo.
Há outras que podem ser encontradas na
4
SANT’ANNA NETO, João L., 1998. A climatologia
geográfica no Brasil: uma breve evolução histórica. In:
Coleção Prata da Casa, 3: 7-28, São Luís.
27
Revista da Sociedade Científica de São
Paulo, publicadas por muitos anos.
Por ocasião do Segundo Congresso
Brasileiro de Geografia que foi realizado em
São Paulo em setembro de 1910 pela
Sociedade Científica, Belfort Mattos além de
apresentar alguns trabalhos científicos,
contribuiu com seu habitual dinamismo e
capacidade para o sucesso deste evento.
Com a fundação de novas sociedades
especializadas os sócios da Sociedade
Cientifica foram se dispersando em várias
direções. Assim, por volta de 1920, a
Sociedade passou a ter existência apenas
nominal e podemos dizer que a partir deste
momento declinou-se chegando
posteriormente a ser extinta. Restará
sempre à Sociedade Científica de São Paulo
a honra de ter sido o ponto de onde se
irradiaram novos agrupamentos
intelectuais
2
.
Belfort Mattos trabalhou na Meteorologia
até os últimos dias de sua vida. Ele faleceu
no dia 28 de julho de 1926 na cidade de São
Paulo.
Boa parte da produção científica de
Belfort Mattos era revestida com a forma de
trabalhos de vulgarização, pois ele sentia
que o público desejava informações para
saber algo sobre os astros e sobre o clima da
terra onde morava. Portanto, em lugar de se
fechar num desdém olímpico pelos leigos,
não fugia ao contato com o público e,
sempre que se tornava oportuno, publicava
artigos de fácil compreensão sobre o tempo
em São Paulo, o clima paulistano, eclipses
ou cometas.
Além disso, publicou uma grande
quantidade de “boletins” assim denominados
“O Tempo e a Lavoura”, “O Céu de São
Paulo”, bem como “Meteorologia Agrícola” e
também “Boletim Astronômico” entre outros.
Talvez o segredo do sucesso de seus artigos
de difusão científica residisse nessa aliança
entre o detalhamento cientifico intrínseca da
matéria e o uso fácil para o entendimento.
O lema de Belfort de Mattos, em seus
trabalhos, pode ser talvez enunciado como
“observar os fenômenos em nosso meio”. Ele
acreditava que qualquer indivíduo, de
razoável preparo e cheio de curiosidade
pelos fenômenos da natureza, pudesse fazer
excelentes observações, uma vez que se
limitasse a registrá-las objetivamente, tanto
que em muitas de suas publicações se nota
a intenção de ensinar a observar.
Belfort Mattos teve mais de 170
publicações, incluindo trabalhos mais
extensos até notas de informações ao
público. Foram organizados e publicados
trabalhos de Climatologia Agrícola e
aplicações de Meteorologia à Engenharia
Sanitária dentre outros.
Escreveu alguns livros importantes onde
os principais foram: As Variações de
Temperatura em São Paulo no ano de
1909, Em Defesa do Clima de Estado de
S. Paulo publicado em 1910 e O clima de
São Paulo publicado em 1925.
A missão de Belfort Mattos foi cumprida
e devemos sempre lembrar desse aficionado
que durante mais de 25 anos dedicou sua
vida para a ciência meteorológica. Portanto,
as ações realizadas por Belfort Mattos
contribuíram e foram, sem dúvida nenhuma,
importantes para o surgimento do Serviço
Meteorológico oficial do Estado do São Paulo.
Sua atividade em prol da Meteorologia nunca
deverá ser esquecida, pois o “Dr. Belfort” e o
“Observatório da Avenida” são duas
expressões históricas enormemente
representativas da Meteorologia em São
Paulo, e porque não dizer de nosso país.
Gostaríamos de suscitar aos ilustres
colegas paulistas que realizem um grande
evento em julho de 2006 para comemorar os
80 anos de morte desta ilustre personalidade
meteorológica paulista.
Para conhecer e saber mais sobre este
cientista aficionado por Meteorologia:
Mattos, F. R. B., 1951. José Nunes
Belfort de Mattos: a vida de um cientista
Brasileiro. Editado às expensas do autor,
São Paulo, 150 p.
IAG, 2005. O IAG-USP: BREVE
HISTÓRICO. Extraído de
http://www.iag.usp.br/apr/hi/hi_bv.php em
30 de agosto de 2005.
Sant’Anna Neto, J.L., 2001. Por uma
Geografia do Clima Antecedentes Históricos,
Paradigmas Contemporâneos e uma Nova
Razão para um Novo Conhecimento. Terra
Livre, São Paulo, n. 17, p. 49-62.
Sugestões de Leitura:
Mattos, J.N.B., 1909. As variações de
temperatura em São Paulo. First Brazilian
Congress of Geography, 7: 13–18.
Mattos, J.N.B., 1910. Em defesa do clima
de Estado de S. Paulo. S. Paulo, Secretaria
da Agricultura, Commercio e Obras Publicas
do Estado de S. Paulo, 15 p.
Mattos, J. N. B., 1925. “O clima de São
Paulo”. Boletim do Serviço Meteorológico,
série II, n.38. Secretaria da Agricultura,
Commercio e Obras Públicas, Estado de São
Paulo, São Paulo.
Santos, P. M., Instituto Astronômico e
Geofísico de São Paulo: Memória sobre sua
Formação e Evolução. Coleção 70 Anos da
USP, EDUSP, 184 pp.
28
ala de Leitura
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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA,
VERSÃO DIGITAL
Mário Adelmo Varejão
A edição digital do livro
"Meteorologia e Climatologia", de Mário
Adelmo Varejão-Silva, está disponível
gratuitamente no site do Sistema de
Monitoramento Agrometeorológico
(Agritempo) da Embrapa. Lançada em julho
de 2005, a edição foi apresentada no XIV
Congresso Brasileiro de Agrometeorologia,
que ocorreu em Campinas, de 18 a 21 de
julho.
Essa versão apresenta algumas
alterações, principalmente das ilustrações,
com relação às edições impressas de 2000 e
2001, que estão esgotadas. Para adquirir o
livro via internet deve ir ao seguinte site:
http://www.agritempo.gov.br/tmp/Meteorolo
gia_Climatologia.pdf. Ou então manter
contato com o autor do livro Dr. Mário
Adelmo Varejão-Silva através do seguinte e-
mail: varejao.si[email protected]m.br
.
Este livro possui 522 páginas,
ilustrado e colorido.
BOLETIM INFORMATIVO
"METEOWORLD”
Organização Meteorológica Mundial
Encontra-se disponível na página da
Organização Meteorológica Mundial
(OMM) para “download” e impressão do
número mais recente do Boletim Informativo
da OMM, denominado de “MeteoWorld".
Esta publicação da OMM traz
informações em diversas áreas da ciência
meteorológica, desde temas ligados à
Meteorologia básica, dados ambientais
obtidos por satélites e ligações climáticas
com doenças no mundo.
Infelizmente esta publicação só está
disponível nas versões em inglês e francês.
Mais informações podem ser obtidas
no Link para acesso via Internet:
http://www.wmo.int/meteoworld
.
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Estado da Florida - na região de Punta Gorda antes e após a passagem do Furacão Charley.
que é exatamente um furacão? Como e quando se formam? Quais suas escalas?
Nos últimos meses essas perguntas estão mais em voga do nunca em vista de
todos os acontecimentos ocorridos recentemente.
Etimologicamente o vocábulo Furacão
tem origem no nome do deus Huracan, adorado
pelos povos da península do Iucatã na América
Central, principalmente pelos Maias. De acordo
com a mitologia Maia o deus Huracan se
incumbia da constante tarefa de destruir e
reconstruir a natureza. Os furacões ocorrem
frequentemente no Ocenao Atlântico Norte
(Golfo do México, Caribe e Costa Leste
Americana).
Em outras regiões recebe diferentes
nomes: Tufão (chamado também de Bagyo)
na região noroeste do Oceano Pacífico (Japão,
China, Filipinas, etc.); Ciclone Tropical Severo
(denominados também de willy-willies) — na
região sudoeste do Oceano Pacífico (Austrália,
Nova Zelândia, Indonésia, etc.); Tempestade
Ciclonica Severa — na região norte do Oceano
Índico (Índia, Bangladesh, Paquistão, etc.);
Ciclone Tropical — na região sudoeste do
Oceano Índico (Madagascar, Moçambique,
Quênia, etc.).
Trata-se um dos fenômenos naturais
mais destrutivos e freqüentes. A dinâmica de
um furacão pode ser descrita em primeira
aproximação, a partir do vento gradiente, ou
seja, um escoamento horizontal em ar
superior, paralelo ao campo de pressão em que
a força centrípeta, responsável pelo movimento
curvo com relação à superfície da Terra, é dada
pela resultante entre o gradiente de pressão –
voltado para o centro do ciclone, e a força de
Coriolis (Figura 1). Os desvios em relação ao
balanço geostrófico é conseqüência da grande
aceleração centrípeta associada com a
trajetória curva do vento.
Como e Quando Surgem?
Os furacões se originam sobre os
oceanos, a maioria deles surge entre as 5º e
20º de latitude. Algumas condições são
necessárias para o surgimento: temperatura da
superfície do mar superior a 26ºC, ar bastante
úmido em baixos níveis e vento fraco na
troposfera, preferencialmente no verão.
Figura 1 – Esquema do equilíbrio de forças.
Fonte: http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap7/cap7-
5.html.
O furacão é um tipo de ciclone tropical,
que é a designação genérica para sistemas de
baixa pressão que surgem nos trópicos; no
hemisfério sul estes sistemas giram no sentido
horário (Figura 2) e no hemisfério norte no
sentido anti-horário.
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C
O
30
Fenômeno Catarina
Até março de 2003 acreditava-se que o
Brasil não era sujeito a sofrer com tais eventos,
no entanto, o furacão Catarina ocorrido em
março de 2004 fez com que os pesquisadores
repensassem as teorias já estabelecidas
principalmente porque o Catarina formou-se
como um ciclone extratropical, ou seja, como
um destes ciclones extratropicais que se
formam frequentemente na costa Sul do Brasil,
geralmente associados à uma frente fria.
Figura 2 – Imagem de Satélite do furacão
Catarina, ocorrido no Brasil. Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Furac%C3
%A3onoBrasil.jpg.
Porém, ao longo do seu
desenvolvimento, adquiriu características de
um ciclone tropical. A mudança de ciclone
extratropical para ciclone tropical faz do
Catarina um sistema híbrido, ou seja, iniciou
como ciclone extratropical e tornou-se um
furacão (Figura 2).
A maior parte dos furacões surge
conforme descrito abaixo:
Estrutura de um Furacão
A estrutura de um furacão é mostrada
na Figura 3; visto de cima o furacão em seu
estágio maduro forma um escudo de nuvens
altas e médias que podem atingir um diâmetro
de até 600 km; o olho do furacão é uma região
relativamente calma, clara e varia em torno de
20 a 50 km, sendo relativamente quente, com
baixa pressão em superfície. A parede do olho
é uma região formada por densas nuvens
convectivas e onde são observados os ventos
mais intensos e chuva forte.
A passagem de um furacão associa-se
sempre a uma queda brusca de pressão
Atmosférica, queda que às vezes é superior a
75 mb. O Furacão Catarina foi classificado
como categoria 1.
Figura 3 – Esquema de um furacão visto por
cima. Fonte: www.climatempo.com.br.
A intensidade dos furacões foi
classificada no início da década de 70 por
Herbert Saffir, engenheiro consultor, e Robert
Simpson, na época Diretor do Centro Nacional
de Furacões no Estados Unidos.
Eles desenvolveram a Escala Saffir-
Simpson, que determina a intensidade de um
furacão. A medida vai de 1 a 5 (Tabela 1), e o
potencial destruidor de cada furacão é baseado
na pressão atmosférica, velocidade do vento e
na elevação do nível do mar (maré
meteorológica).
Processo de Colocação dos Nomes
A Organização Meteorológica Mundial
(OMM) seleciona os nomes para Bacia do
Atlântico e tempestades do Pacífico central e
oriental.
Atualmente, nas regiões do Atlântico e
do Pacífico Nortes Oriental, são colocados
nomes femininos e masculinos durante uma
determinada estação alternadamente, ainda em
ordem alfabética. O tipo da primeira
tempestade da estação também alterna ano
para ano. Seis listas de nomes estão com seus
antecedentes preparadas, e usados de novo em
um ciclo de seis anos (uma lista diferente é
usada durante cada ano).
Na região do Pacífico Norte Central, as
listas de nome são mantidas pelo Centro de
Furacões do Pacifico Central em Honolulu,
Havaí. São selecionadas quatro listas de nomes
havaianos e são usadas em ordem seqüentes
sem levar em conta o ano.
No Pacífico Norte Ocidental, listas de
nomes são mantidas pelo OMM. Cinco listas são
usadas, com cada uma das 14 nações no
Comitê de Tufão que submete 2 nomes a cada
lista. Nomes são usados na ordem dos nomes
dos países em inglês, consecutivamente sem
levar em conta o ano.
Estágio 1:
Depressão Tropical - Sistema or
g
anizado de
nuvens, capaz de produzir chuvas intensas, com
circula
ç
ão em superfície definida vento variando
entre 10,0 e 15,0 m/s.
Estágio 2:
Tempestade Tropical - Sistema or
g
anizado de
intensas tempestades, com circula
ç
ão em
superfície bem definida e vento variando entre
15,5 e 32,5 m/s.
Estágio 3:
Furacão - Sistema tropical intenso de tempo
com fortes tempestades, circula
ç
ão bastante
definida em superfície e ventos de 33,0 m/s ou
mais altamente.
31
A Agência Meteorológica do Japão usa
um sistema secundário no Pacífico Norte
Ocidental que numera o furacão na ordem,
reajustado a cada 31 de dezembro.
Maré Meteorológica
O Storm Surge, fenômeno conhecido
no Brasil como maré meteorologica é uma
grande ameça. Dependendo do local pode ser
mais danoso que os fortes ventos.
Durante a passagem de um Furacão a
maré meteorológica pode provocar uma
sobrelevação do nível do mar (Figura 4), onde
esta variação pode atingir alturas entre 30 a 60
Km de largura, que varre toda a linha da costa
próximo ao furacão. Pode atingir mais de 50 m
de altura entre o cavado e a crista. Na região
da plataforma continetal, o nível do mar em
uma área particular é relacionado
primeiramente à intensidade do furacão e da
inclinação da plataforma.
Figura 4 - Maré meteorológica superposta à maré
alta normal. Fonte: www.brasgreco.com/weather/
furacoes/h_danos.html.
O acompanhamento de um furacão, de
sua evolução, trajetória, intensidade e área
pode ser feito de duas maneiras: por medidas
indiretas e diretas. Indiretamente - através de
imagens de satélite e radar Doppler; por
medidas diretas – através de avião, navios e
bóias, sendo também importantes instrumentos
para se obter o maior número de informações
possíveis sobre as condições inicias e durante o
evento.
Apesar da evolução da modelagem
matemática e dos sistemas de observação
ainda não é possível afirmar se a América do
Sul, especialmente o Brasil, poderá ser
acometida por outro Furacão. Afirmar que o
Catarina foi o único que ocorreu na costa
brasileira é um erro, pois sistemas eficientes de
observação são recentes, por exemplo, o
primeiro satélite meteorológico operacional foi
colocado em órbita no final da década de 70.
Contudo, mesmo tendo essas dificuldades, os
sistemas operacionais da Meteorologia
brasileira foi possível definir o perigo do
Catarina com o apoio de sistemas
internacionais de observação, e evacuar a
região atingida salvando diversas vidas.
Dada à importância da Meteorologia é
essencial estabelecer uma política que integre e
reforce o sistema nacional de observação e
pesquisa, o Conselho Nacional de Meteorologia
e Climatologia – CONAME que foi discutido este
ano com os diversos setores da Meteorologia
nacional deve vir a contemplar os anseios dos
meteorologistas brasileiros.
Além disso, o Brasil deveria seguir o
exemplo da Organização Meteorológica Mundial
(OMM), criando um sistema nacional de
vigilância meteorológica, que acople todos os
órgãos e sistemas de Meteorologia existentes,
tendo como finalidade a constituição de sistema
eficiente e que cumpra suas funções que
seriam perante a sociedade brasileira.
Para saber mais:
National Hurricane Center
http://www.nhc.noaa.gov/
The Hurricane Hunters
http://www.hurricanehunters.com/
Joint Typhoon Warning Center Products
http://www.npmoc.navy.mil/jtwc.html
Tabela 1 - Escala de Furaes Saffir-Simpson
Categoria Ventos (m/s) Pressão (hPa) Altura do Nível do Mar (m)
Tempestade Tropical 15,5–32,5 *** ***
1 33,0–42,5 Menor que 980 1,2–1,6
2 43,0–49,0 965–979 1,7–2,5
3 49,5–58,0 945–964 2,6–3,8
4 58,5–69,0 920–944 3,9–5,5
5 Mais que 69,0 Menor que 920 Maior do que 5,5
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_Furac%C3%B5es_Saffir-Simpson.
32
ossas Escolas
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42 anos atrás (1963) era criado o primeiro de graduação, nível bacharelado,
em Meteorologia no Brasil no Departamento de Física da Faculdade Nacional
de Filosofia, na antiga Universidade do Brasil (hoje UFRJ). Contudo, suas
atividades somente tiveram início com a realização do primeiro vestibular, que ocorreu
em janeiro de 1964.
Para o início do curso de Meteorologia (o
primeiro curso superior criado no Brasil), na
época instalado no Prédio da Faculdade
Nacional de Filosofia (Figura 1), contou com
uma missão de "Experts" da Organização
Meteorológica Mundial (OMM), por um
período de seis anos (1966-1972), a qual
além de ser responsável pela parte técnica
de implantação, promoveu o treinamento de
pessoal docente que passou a se
responsabilizar pelo curso.
O Departamento foi durante muitos
anos, um Centro Regional de Treinamento
da OMM, tendo sido utilizado
constantemente para formação e
treinamento de alunos bolsistas daquela
Organização (OMM) procedentes de vários
países da América Latina. Além da OMM o
Curso teve como colaborador o Instituto
Nacional de Meteorologia (INMET).
Figura 1 - Prédio do IFCS no Largo de São
Francisco no Centro do Rio de Janeiro. O Curso de
Meteorologia funcionou neste prédio até o ano de
1966.
Em 1966 houve a transferência do Curso
de Meteorologia para a Ilha do Fundão, hoje
ele está funcionando no Centro de Ciências
Matemáticas e da Natureza (CCMN)
localizado no Campus do Fundão da UFRJ
(Figura 2).
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33
Figura 2 – Vista frontal do prédio do CCMN, onde
atualmente está funcionando o Curso de
Meteorologia da UFRJ.
Com o advento da reforma universitária,
no ano de 1967, foi constituído, no Rio de
Janeiro, o primeiro Departamento de
Meteorologia do país. O Curso foi
reconhecimento pelo Decreto 79089, de
04/01/1977. Atualmente são oferecidas 30
vagas no vestibular anualmente
1
.
Podemos ressaltar que em vista da
criação do Curso de Meteorologia na UFRJ
ocorreram acontecimentos deveras
importantes para a ciência meteorológica no
Brasil tais como:
Em 10 de dezembro de 1964, o
profissional da Meteorologia foi
declarado privativo de diplomado por
curso superior através do Decreto Lei
N 55.175, no seu art 40. Ainda neste
ano o cargo de Meteorologista foi
reconhecido como integrante do
nível universitário, através do
Decreto No. 55.204 de 11/12 e
publicado no DOU.
Em 18/02/67, o mercado de trabalho
para o Meteorologista foi julgado
suficiente através do Decreto No.
60.091, em seu artigo 11.
1
UFRJ, 2005. UNIVERSIDADE PÚBLICA: TERRITÓRIO DA
RAZÃO E DA SENSIBILIDADE. Revista 2005_UFRJ. Pág.
43.
Em 1967 formou-se a primeira turma de
meteorologistas, e a partir daí houve um
crescimento por todo pais, com a criação de
novos cursos em Campina Grande, São
Paulo, Belém, Pelotas, Maceió, entre outras.
A formação científica implementada pelos
peritos da OMM, Ballester e Malheiros,
ensejou a adição de novos quadros no
serviço público e alguns formandos se
dedicaram ao próprio ensino, seguindo a
orientação dos mestres. A transição não foi
tão rápida e isto talvez tenha sido benéfico
para o sistema, pois permitiram a passagem
da experiência dos antigos Engenheiros
Meteorologistas para a nova geração oriunda
das universidades.
O Departamento de Meteorologia do
Instituto de Geociências do CCMN é
responsável, diretamente pelo curso de
formação de meteorologistas em nível de
graduação e de cursos de pós-graduação.
O curso de graduação oferecido pelo
Departamento de Meteorologia habilita o
aluno a Bacharel em Meteorologia. Segundo
dados fornecidos pelo Departamento há 140
alunos no Curso, tomando com base o ano
de 2004. Atualmente possui Pode-se
observar na figura 3 a evolução do número
de alunos ativos no Curso no período de
1985 a 2004. Na figura seguinte é
apresentado o quadro evolutivo de alunos
formados no curso desde 1967.
Um dos fatores atraentes no Curso
existente na UFRJ é a sua aplicação aos
estudos de impactos ambientais e sua inter-
relação com as atividades humanas. Além da
formação acadêmica, o curso fornece ao
aluno um conhecimento complementar
através do contato com instituições que
atuam na área operacional da Meteorologia
como CPTEC, INMET, GeoRio, FURNAS e
INFRAERO, entre outras, e através do
incentivo à participação em atividades como
congressos, jornadas de iniciação científica,
trabalhos de campo etc.
Oferece também diversos trabalhos de
campo, a qual pode citar: Parque Nacional
do Itatiaia, CPTEC-INPE, aeroportos,
empresas de instrumentação meteorológica,
etc.
34
Figura 3 Numero de alunos ativos no Curso de
Meteorologia para o período de 1985-2004.
Com uma mudança significativa no seu
quadro de pessoal docente nestes últimos
anos, e na busca permanente da qualidade
acadêmico-científica, o Departamento vêm
procurando adequar-se ao desenvolvimento
verificado na Meteorologia bem como em
suas aplicações. Hoje conta com 14
professores efetivos, sendo que destes, 11
possuem doutorado
1
. Suas atividades são
ligadas principalmente aos problemas
ambientais regionais, ao estudo das
previsões numéricas do tempo e do clima e a
Meteorologia por satélites.
Figura 4 – Numero de alunos formados no Curso
de Meteorologia para o período de 1976-2004.
No âmbito da pós-graduação, o
Departamento vem consolidando suas linhas
de pesquisa nas áreas de Previsão do
Tempo, Dinâmica de Escoamentos
Geofísicos, Interação Oceano-Atmosfera,
Modelagem Computacional, Mudanças
Climáticas, Poluição Atmosférica e
Meteorologia por Satélite, através de seu
curso de pós-graduação em Ciências
Atmosféricas Aplicadas a Engenharia, em
conjunto com a COPPE/UFRJ. O total de
1
Extraída do site do departamento de Meteorologia
http://www.meteorologia.ufrj.br/
em 30 de agosto de
2005.
alunos que entraram no Curso desde o inicio
foi de 44 no mestrado e 17 no doutorado.
Até o momento 15 alunos no mestrado e 09
no doutorado já defenderam teses. Nas
Figuras 5 e 6 podem-se observar a evolução
no número de alunos e de defesas de teses
no Curso até 2005.
Figura 5 Evolução Temporal do Número de
Alunos no Curso de Ciências Atmosféricas.
Figura 6 – Evolução Temporal de teses defendidas
no Curso de Ciências Atmosféricas.
O Departamento vem desenvolvendo
suas atividades de extensão, ampliando suas
área de atuação junto à sociedade, através
da elaboração de projetos de ensino das
Ciências Atmosféricas para alunos do ensino
fundamental e do ensino médio.
Além disso, o Departamento
disponibiliza, em sua página na Internet,
produtos resultantes de suas atividades de
ensino e pesquisa, como previsão do tempo
(Laboratório de Prognósticos de Mesoescala
– LPM,
www.lpm.meteoro.ufrj.br, Figura 7), de
ondas oceânicas (Laboratório de Modelagem
de Processos Marinhos e Atmosféricos -
LAMMA,
http://acd.ufrj.br/~ondas/, Figura 8),
poluição atmosférica (Núcleo Computacional
da Qualidade do Ar – NCQAR), divulgação do
nível de radiação ultravioleta para diversas
cidades do Brasil (Laboratório de Estudos de
Poluição Atmosférica – LEPA,
http://www.lepa.ufrj.br, Figura 9) e Avaliação
de Métodos de Estimativa da
Evapotranspiração Potencial
(Laboratório de
Agrometeorologia - LAGRO).
35
Figura 7 – Exemplo de produto elaborado pelo
LPM.
Figura 8 – Exemplo de produto elaborado pelo
LAMMA.
Figura 9 – Exemplo de produto elaborado pelo
LEPA.
Além disso, há um Grupo de Estudos e
Aplicações em Meteorologia Aeronáutica
(GEMA, http://www.geama.ufrj.br/
). O
departamento de Meteorologia possui uma
estação automática de tempo instalada no
Campus do Fundão da UFRJ (Figura 10) que
serve tanto para obtenção de dados como
também para uso didático.
Figura 10 – Estação Meteorológica Automática
pertencente ao Departamento de Meteorologia.
O Departamento de Meteorologia da
UFRJ desenvolve diversos projetos e
atividades de extensão com a sociedade:
¾ Curso Básico de Meteorologia e
Oceanografia;
¾ Meteorologista Mirim;
¾ Estudo Agroclimático do
Município de Carmo-RJ;
¾ Estudo do Potencial
Agroclimático da Região de
Santa Cruz Aplicado ao Cultivo
do Coco – Um Subsidio ao
Desenvolvimento da Agricultura
Familiar Local;
¾ Curso de Treinamento à
Distância: "Gestão da Qualidade
do Ar em Centros Urbanos"
(Banco Mundial);
¾ Iniciativa do Ar Limpo nas
Cidades da América Latina
(Banco Mundial);
¾ Entre outros.
Mais informações:
Departamento de Meteorologia da UFRJ:
http://www.meteorologia.ufrj.br
http://graduacao.meteoro.ufrj.br/informacoe
s/conhecendo/home.html
36
eflexões
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todas as atividades que fazem
parte do nosso cotidiano existe
a influência das condições do
tempo. É só pensar nas nossas
viagens (terrestres, aéreas e marítimas), no
plantio e na colheita, em todas as nossas
atividades ao ar livre, na saúde, etc. Nesses
momentos, a maioria das pessoas nem
lembra que há diversas pessoas altamente
qualificadas e especializadas, observadores e
cientistas que, apoiados pela moderna
tecnologia, trabalham dia e noite para
pesquisar e prever as condições do tempo
que vamos enfrentar. Além da previsão do
tempo, os Meteorologistas atuam em
diversos setores de nossa sociedade
abrangendo diversos estudos nas áreas da
agricultura, aviação, dinâmica da atmosfera,
hidrometeorologia, entre outras.
O meteorologista exerce este
fundamental papel social e econômico com
seriedade e paciência, diante das eventuais
surpresas dispensadas pela natureza e
também da, ainda existente, parcela de
pouca credibilidade e conhecimento por
parte da população sobre seus trabalhos,
suas funções e suas limitações.
Há bem pouco tempo, 03 de março era
dita ser a data comemorativa do
meteorologista, porém essa data que se
celebra não é a data comemorativa correta,
mas estes são pequenos "erros históricos"
que devemos corrigir.
Muita coisa deveria ser dita em torno do
assunto, mas vamos nos restringir
objetivamente para esclarecer o fato. A
vontade era de dizer com ênfase: O sistema
CONFEA/CREA possui uma inoperância,
inconseqüência enorme em aceitar decisões
dos profissionais meteorologistas e da
SBMet, porque eles ainda estão com o
pensamento mesquinho, cooperativista em
vez de avançar em seus procedimentos e
estreitar laços com todas as profissões. Sim,
porque o desejo da UNEMET era expor todas
as dificuldades existentes acerca desta e de
outras questões que são de responsabilidade
do sistema CONFEA/CREA. Infelizmente não
conseguimos termos êxito para solucionar
esse problema devido à inoperância do
sistema CONFEA/CREA!
Falamos isso porque mesmo dentro do
sistema CONFEA/CREA, aonde a data é dita
ser o dia do meteorologista, não encontra
nenhuma justificativa plausível para que seja
comemorada. Primeiro devido a não se saber
por que essa data foi escolhida! Segundo
porque as datas comemorativas às
profissões em nosso país é feita de acordo
com o dia da promulgação de sua lei de
regulamentação.
Assim, é que a UNEMET está lançando a
campanha para que todos os profissionais
meteorologistas comemorem a partir de
agora seu dia em 14 de outubro, que é a
verdadeira data para ser celebrada como o
Dia do Meteorologista.
Por quê? Foi nesta data que a Lei de
Regulamentação de nossa Profissão foi
sancionada (Lei n° 6.835) que dispõe sobre
o exercício da profissão de Meteorologista e
dá outras providencias em nosso país. Um
outro motivo que justifique este fato é que
esta data foi aprovada em Assembléia Geral
da SBMET realizada em 08 de agosto de
2002 na cidade de Foz do Iguaçu, PR,
durante a realização do XII Congresso
Brasileiro de Meteorologia.
Assim, a UNEMET parabeniza a todos os
Meteorologistas pelo seu Dia que se
comemorará no próximo dia 14 de outubro.
Este texto é uma forma de conscientizar
sobre a comemoração desta data de suma
importância para todos os profissionais de
Meteorologia e também para que lutemos
em defesa da nossa profissão.
Comemore, Festeje, pois esse é o seu
dia!
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