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Julho – Agosto 2005 www.unemet.al.org.br
A SBMET e a Política Nacional
de Meteorologia
Por Que Sabotam
a Nossa Lei Profissional?
Sampaio Ferraz
O Pioneiro da Meteorologia Sinótica
CEFET-RJ
A Nossa Primeira Escola
Meteorologia
CONAME, PEC 12/2003 e os Novos Rumos do Setor
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Ano I – Número 3 – Julho – Agosto 2005
Diretoria Executiva
Presidente
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Secretário Geral
Daniel Carlos Menezes (COPPE/UFRJ)
Diretor Administrativo e Financeiro
Carlos Henrique D’Almeida Rocha (COPPE/UFRJ)
Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento
José Francisco de Oliveira Júnior (COPPE/UFRJ)
Diretor de Comunicação e Marketing
Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP)
Diretora de Educação e Treinamento
Maria Céli Santos de Lima (UFAL)
Diretor de Cooperação Nacional e
Internacional
José de Lima Filho (UFAL)
Conselho Diretor
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP)
José de Lima Filho (UFAL)
Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ)
Maria Céli Santos de Lima (UFAL)
Conselho Fiscal
José Luiz Cabral da Silva Junior (UFV)
Gustavo Bastos Lyra (ESALQ/USP)
Sylvia Elaine Marques de Farias (INPE)
Conselho Editorial
Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP)
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
José Francisco de Oliveira Júnior (COPPE/UFRJ)
Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ)
Alexandre Silva dos Santos (UFAL)
Paulo Ricardo Teixeira da Silva (UFAL)
Revista Cirrus
, dos aficionados por
Meteorologia, é uma publicação da União Nacional
dos Estudiosos em Meteorologia - UNEMET,
distribuída gratuitamente aos usuários
cadastrados no site.
A revista não se responsabiliza por opiniões
emitidas pelos entrevistados e por artigos
assinados.
Reprodução permitida desde que citada a fonte.
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Editorial
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A Luta contra a Correnteza
Radar
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Fique Antenado
Entrevista
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Profa. Maria Alvarez Justi
Ponto de Vista
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Gustavo Necco
Agenda
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Não deixe para última hora
Capa
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Novos Rumos para a Meteorologia
Memória
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A Contribuição de Sampaio Ferraz
Curiosidades
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6
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Luz: onda ou partícula?
Nossas Escolas
2
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CEFET-RJ, onde tudo começou
Reflexões
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Por que sabotam a nossa Lei
Redação
Cartas para o editor, sugestões de temas, opiniões
ou dúvidas sobre o conteúdo editorial de CIRRUS.
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Anuncie em CIRRUS e fale com o mundo.
UNEMET – Brasil
Rua Dona Alzira Aguiar, 280 - Pajuçara
57030-270 – Maceió – Alagoas - Brasil
Fone: (82) 377-0268
www.unemet.al.org.br
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orreio
CIRRUS N° 2: FIRMES E FORTES
Que boa notícia, isso mostra que vocês estão
firmes e fortes no propósito da Cirrus. No
sentido de colaborar, queria que você visse
uma notícia que publiquei dias atrás sobre o
uso de imagens de satélites da Agencia Espacial
Européia como auxílio em pesquisas
epidemiológicas na África. Eles estudam
fenômenos meteorológicos que precedem
surtos de meningite. Acho que vale um
aprofundamento sobre o tema para um artigo
no próximo número da Cirrus. Acho que essas
matérias são muito interessantes para difundir
a importância das ciências e da tecnologia na
vida das pessoas. Outra área, que em minha
opinião merece foco, é a agricultura brasileira,
que, entre outros elementos, tem melhorado
muito seus resultados e desempenho com a
ajuda da Meteorologia. Um forte abraço para
toda a equipe e continuo à disposição.
SUELY BÁRBARA LASKOWSKI
Fator Gis, Curitiba-PR
CRESCE A INICIATIVA
Gostaria muito de parabenizá-los pelo
esforço de ir à frente com esse projeto! Vejo
que só cresce a iniciativa, e cada vez mais
profissional. Realmente PARABÉNS!
MARCELO MARTINS
Epagri/Ciram, Florianópolis-SC
CIRRUS EM ESPANHOL
Muito obrigado por essa deferência para
conosco de compartilhar o novo volume da
Revista Cirrus. Não tenha dúvida que a
leremos e fiquem certos que enviaremos
nossas apreciações. Muito obrigado
novamente por nos informarmos e poder
compartilhar informações como uma das
formas de intercambiar experiências em
Meteorologia.
SANDRA JEANNETTE CARRANZA AYALA
SNET, El Salvador
REVISOR “AD HOC”
O número dois da revista CIRRUS me
pareceu excelente. É um esforço muito
grande o de produzi-la em espanhol. Se
vocês quiserem posso me oferecer como
revisor do texto em espanhol.
GUSTAVO V. NECCO
Buenos Aires, Argentina
NOTA
Devido ao grande volume de matérias
pendentes para a Edição de Jul-Ago, o Corpo
Editorial da Revista tomou a liberdade de
suprimir uma pagina dessa Seção. Pedimos
assim a compreensão dos nossos leitores.
Lembramos que todas as mensagens foram
prontamente respondidas e as sugestões já
estão sendo avaliadas pelo Corpo Editorial.
OS EDITORES
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hegamos no meio do ano de 2005 e talvez estejamos presenciando um momento único
para a ciência meteorológica brasileira. Os motivos são os mais diversos, o principal deles,
talvez seja a
criação do Conselho Nacional de Meteorologia e Climatologia (CONAME) pela
Presidência da República, cuja finalidade será coordenar a formulação e acompanhar a
execução da Política Nacional de Meteorologia e Climatologia, bem como, promover sua
articulação com as ações do governo nas áreas espacial, de hidrologia, oceanografia e de meio
ambiente.
Uma outra boa notícia é a aprovação
da Proposta de Emenda Constitucional (PEC)
0002/2003, pelo Senado Federal, que
objetiva definir a competência da União para
ordenar e legislar sobre a Meteorologia e
Climatologia. Assim, a comunidade
meteorológica brasileira deve refletir,
discutir, sugerir, e principalmente, formular
propostas para a Política Nacional de
Meteorologia e Climatologia que permita
uma visão geral do setor, com vistas na
democratização tanto do uso da informação
como da gestão do Sistema Nacional de
Meteorologia – SNM. Desta maneira, nós
temos a oportunidade e estamos num
momento especial de fazermos a diferença.
Não devemos deixar passar em branco esse
momento para contribuirmos efetivamente
para melhorar a nossa profissão.
No entanto, ao mesmo tempo em que
vemos com bons olhos todas essas
discussões, que são de extrema importância
para a Meteorologia em nosso país, ficamos
abismados e tristes com o descumprimento,
em todos os níveis, da Lei n° 6.385 que
regulamenta a Profissão de Meteorologista
(aprovada em 14/10/1980), principalmente
nas áreas acadêmica e operacional. Por quê?
Ultimamente, estão sendo realizados
inúmeros concursos, em diversas instituições
brasileiras (públicas e privadas), para
disciplinas de Meteorologia e Climatologia e
percebemos que a grande maioria infringe a
Lei nos seus princípios básicos. Às vezes,
essa situação se torna pior ainda, e
inacreditável, quando em alguns casos os
Editais sabotam integralmente a Lei de
Regulamentação, chegando ao absurdo de
impedirem que Meteorologistas possam
inscrever-se em concursos, onde são para
disciplinas constantes nos currículos dos
cursos de Graduação em Meteorologia,
conforme estabelecidas em Lei.
O que tem acontecido muitas vezes é
que diversos profissionais formados em
Meteorologia - e até mesmo instituições -
que deveriam estar lutando e fiscalizando o
exercício profissional, acabam se omitindo
ou até mesmo se curvando diante das
ilegalidades existentes e, por conseqüência,
atuando inadvertidamente como um grande
desagregador da profissão.
Assim, a comunidade meteorológica
brasileira deve refletir e é importante
salientar que todo direito que existe no
mundo - e a da nossa profissão não é
diferente - foi alcançado através de muita
luta, onde seus postulados mais importantes
tiveram de ser conquistados num combate
contra diversos opositores.
Gostaríamos de indagar a todos os
colegas meteorologistas se devemos lutar
para sermos profissionais que honrem e
dignifiquem a nossa profissão ou
continuaremos a ver outros profissionais
ocupando nossos lugares e, o que é pior,
impedindo-nos de atuarmos. Afinal de
contas, o mundo precisa de profissionais que
façam a diferença e que sejam lembrados
não pela ambição do poder, mas pelo
heroísmo de lutar contra a correnteza da
devastação moral, da corrupção e da
indiferença do homem para com o homem.
Para que possam refletir: Queremos
que a nossa Lei seja cumprida
efetivamente. Ou será que esta é mais
uma em nosso País “que não pegou”?
Os Editores
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AMAZONAS AGORA TAMBÉM TEM
BACHARELADO EM METEOROLOGIA
O Governo do Estado, através da
Universidade do Estado do Amazonas (UEA),
divulgou o edital do Vestibular/2005. Em
coletiva, o reitor Lourenço Braga anunciou
novidades e instruções para participação
neste vestibular, que oferecerá um total de
3.519 vagas.
A grande novidade é o novo curso de
Graduação em Meteorologia, que já é
considerado como um dos mais concorridos
do país, 1463 inscritos para as 50 vagas
disponíveis (quase 30 candidatos por vaga).
O curso iniciará as suas atividades já em
março de 2006 e funcionará no campus da
capital durante o período noturno.
Outra novidade é a reserva de vagas
para candidatos pertencentes a etnias
indígenas do Estado. A medida dá
cumprimento à Lei 2.894, que estabelece a
obrigatoriedade da reserva de vagas nos
cursos oferecidos pela UEA, conforme o
percentual da população indígena
amazonense. As vagas destinadas aos povos
indígenas, num total de 146, serão
preenchidas por candidatos que comprovem
sua origem, através de certidão de registro
administrativo passada pela FUNAI.
Mais informações no site: http://
www.uea.edu.br
Fonte:www.uea.edu.br
SAIBA MAIS SOBRE O NOVO
PASSAPORTE
O novo documento de viagem do
brasileiro, que passará a ser emitido a partir
de 2006, terá a cor azul, de acordo com o
padrão estabelecido pelo Mercosul As
mudanças seguem as normas internacionais
de segurança estabelecidas pela organização
de Aviação Civil Internacional (ICAO),
agência ligada às Nações Unidas.
O novo passaporte brasileiro terá, ao
todo, 20 itens de segurança, que tornarão
sua falsificação praticamente impossível.
Incluirá, por exemplo: código de barra
bidimensional; perfuração cônica a laser;
papel reativo a produtos químicos, com
fibras visíveis e invisíveis e fio de segurança
e fotografia digitalizada e impressa no
documento.
A mudança é resultado da crescente
pressão internacional pós-11 de setembro de
2001. Como o Brasil é um país de grande
diversidade racial, o passaporte brasileiro é
um dos mais cobiçados no mercado global
da ilegalidade. Os novos itens de segurança
têm o objetivo de acabar com falsificações e
outras fraudes. As alterações visam também
a dar maior tranqüilidade aos brasileiros
residentes no exterior ou em viagem.
Mais informações no site:
http://
www.dpf.gov.br/
Fonte:www.dpf.gov.br
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ntrevista Maria Alvarez Justi
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Parece que a falta de vontade de não
cumprir a lei não tem sido um
privilégio dos órgãos que abrem
concurso para a área de
Meteorologia e nem muito menos um
problema recente
undada em 29 de dezembro de 1958,
a SBMET (Sociedade Brasileira de
Meteorologia) já passou por diversas
mudanças e até foi desativada no
período de 1962 a 1974. Porém em 1975, a
luta e o empenho de alguns profissionais,
dentre eles a recém graduada Maria
Gertrudes Alvarez Justi, conseguiram que
uma nova diretoria fosse eleita e a SBMET
finalmente reativada. Trinta anos depois,
aquela recém graduada, hoje Professora da
UFRJ, ainda não perdeu o espírito de luta e,
recentemente, tornou-se na terceira mulher
a assumir a presidência da entidade.
Detentora de uma vasta experiência e
dedicação à Meteorologia brasileira, a
Professora Justi, como é mais conhecida,
vem mobilizando e conduzindo debates em
torno da Política Nacional de Meteorologia.
Tema que trata com maestria, entre outros
assuntos, em entrevista concedida
especialmente a nossa redação.
CIRRUS - Por que a senhora quis ser
presidente da SBMET?
Profa. Justi - Existem várias razões, uma
delas é o desejo que sempre tive de ajudar
na consolidação da SBMET. Já participei
várias vezes de diretorias anteriores onde
exerci alguns cargos. Recentemente, meu
envolvimento como Diretora do Núcleo
Regional do Rio de Janeiro, hoje denominada
de Diretoria Regional, me estimulou a
compor uma chapa para concorrer a
Diretoria Executiva da SBMET no biênio
2005/2006. Aliás, devo enfatizar que entre
os diretores atuais da SBMET, a maioria
deles possui experiência para ser Presidente
da SBMET, foi uma honra para mim acabar
me tornando a Presidente e poder liderar as
ações deste grupo tão motivado de
profissionais.
CIRRUS - Quais são as metas e os planos
da SBMET na atual gestão?
Profa. Justi - São aquelas que tivemos
oportunidade de divulgar durante o último
Congresso. Resumidamente podem ser
organizadas em ações a serem realizadas
dentro de três temas principais, assim
discriminados:
A Meteorologia, suas Potencialidades e
Aplicações: As ações programadas para este
tema são: a presença nos meios de
comunicação, com artigos em revistas de
divulgação científica e entrevistas por
ocasião de eventos notórios; simpósios
temáticos (clima, mesoescala ...) alternando
com os congressos; criação de um portal na
internet, voltado para o público, com
informações úteis e links para os sites de
previsão e serviços especializados; estimular
encontros de estudantes, apoiando-os na
busca de recursos e na organização.
Valorização Profissional: Neste tema as
ações programadas são: promover cursos e
oficinas de trabalho para treinamento e
diversificação de conhecimentos, com a
colaboração de instituições de ensino;
profissionalizar a infra-estrutura da SBMET
(secretaria e finanças); incentivar e apoiar a
criação de novas Diretorias Regionais, para
descentralizar as ações e aproximar a
SBMET dos sócios; manter a regularidade
das publicações da Revista Brasileira de
Meteorologia e do Boletim da SBMET;
estimular a participação dos sócios mais
jovens na direção da SBMET e buscar novas
modalidades de captação de recursos.
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No momento estou começando a acreditar
que temos que lançar mão do Ministério
Público já que o Sistema CREA/CONFEA não é
suficiente, ou não tem todos os mecanismos
necessários, para resolver este problema
Presença na Política Nacional: As ações
aqui programadas são: participar das
discussões sobre o Sistema Nacional de
Meteorologia e a Política Nacional de
Meteorologia; participar do processo da
Reforma Universitária e da reforma e
adequação curricular dos cursos existentes;
aumentar a relação com outras entidades no
Brasil e no exterior, além das instituições
que atuam na Meteorologia.
CIRRUS – Após 240 dias na presidência,
qual a avaliação que a senhora faz da nova
gestão da SBMET?
Profa. Justi - Acho que muitos dos planos
elaborados pela Diretoria Executiva da
SBMET já tiveram seu início. Aparentemente
a SBMET está começando há aparecer um
pouco mais para os sócios, se fazendo
presente e tratando de algumas questões
relevantes para estes sócios. De qualquer
maneira falta muito a ser feito e o tempo é
bem curto.
CIRRUS - Nos últimos meses surgiram
vários concursos para a área de
Meteorologia no Brasil, mas infelizmente
apenas em um único concurso realizado o
edital (promovido pelo CEFET-RJ) respeita a
Lei nº 6.835, que regulamenta o exercício da
profissão de Meteorologista no Brasil. Desta
forma, qual a avaliação que a senhora faz
acerca da defesa dos direitos profissionais
dos meteorologistas no Brasil e o que a
SBMET pretende fazer para coibir este tipo
de arbitrariedade?
Profa. Justi - Parece que a falta de vontade
de não cumprir a lei não tem sido um
privilégio dos órgãos que abrem concurso
para a área de Meteorologia e nem muito
menos um problema recente. A lei existe, e
nos últimos anos a SBMET tem feito gestões
firmes através do Sistema CREA/CONFEA
para fazer com que os editais sejam
redigidos adequadamente e que profissionais
habilitados preencham as vagas oferecidas.
Mesmo tendo conseguido alguns sucessos
pontuais devo confessar que me sinto
frustrada nesta questão. Nem nas situações
mais óbvias a lei é cumprida com facilidade.
Tem sido uma batalha constante e, como já
disse, frustrante. No momento estou
começando a acreditar que temos que lançar
mão do Ministério Público já que o Sistema
CREA/CONFEA não é suficiente, ou não tem
todos os mecanismos necessários, para
resolver este problema.
CIRRUS - Por que a SBMET tem atuado de
maneira pouco eficiente na luta contra a
invasão de outros profissionais na nossa
profissão?
Profa. Justi - Somos poucos. Como os
cerca de 1.000 profissionais formados da
área vão fazer frente às demandas da
sociedade como um todo? Como dar conta
de todo o trabalho que se espera nas
questões ambientais relacionadas à
atmosfera? Existem várias profissões que
têm um sombreamento de atividades
conosco, como é o caso de Geógrafos,
Engenheiros Agrônomos e Químicos, por
exemplo. Como pedir para a sociedade
esperar para resolver seus problemas
somente depois que tivermos um número
significativo de profissionais? Por outro lado,
mesmo naquelas cidades onde já há um
número razoável de meteorologistas em
atuação, na minha maneira de ver, acredito
que estes têm se comportado de uma forma
bastante tímida, não buscando alternativas
de atuação que levem ao reconhecimento de
suas capacidades. Lembrar que a SBMET é a
soma de seu corpo social e este corpo social
tem sido tímido.
CIRRUS - O que a senhora acha que se
deve fazer objetivamente para que todos os
profissionais de Meteorologia sejam
incentivados a obter o registro do
CREA/CONFEA?
Profa. Justi - Bom, talvez o que fizemos no
Rio de Janeiro: trouxemos as atividades e
eventos para dentro do CREA-RJ. Neste
aspecto tanto os profissionais da área de
Meteorologia passam a conhecer o CREA e
seus objetivos como os demais profissionais
do sistema passam a perceber que existem
meteorologistas. A Diretoria Regional de
Meteorologia do Rio de Janeiro da SBMET
8
Por incrível que possa parecer, as palavras
Meteorologia e Climatologia não constam de
nossa constituição. Sem que essa inserção
seja feita não se pode criar leis para tratar
das questões relativas à Política Nacional de
Meteorologia
é a única entidade com representação no
CREA do Brasil. Onde há representantes,
estes são por entidades de ensino. A atual
Diretoria da SBMET está investindo na
criação de mais Diretorias Regionais e
tentando com isso aumentar a ligação com o
sistema CREA/CONFEA em mais estados.
CIRRUS - Qual a posição da SBMET em
relação à reformulação das atribuições das
carreiras no CONFEA?
Profa. Justi - Esse é um assunto polêmico
mesmo entre as demais carreiras. No nosso
caso, que temos uma profissão
regulamentada há dúvidas se o CONFEA
pode introduzir qualquer mudança nas
atribuições de um meteorologista através de
uma resolução apenas. Da maneira que as
coisas estão sendo encaminhadas podemos
ter mais problemas ainda de garantir que as
atividades de Meteorologia sejam realmente
realizadas por Meteorologistas,
principalmente em Estados onde o número
de profissionais de nossa área é pequeno ou
onde não temos uma representação nos
Colegiados do sistema CREA/CONFEA. Uma
série de questões podem passar a ser
decididas em plenárias destes órgãos sem
que sejamos ouvidos.
CIRRUS - Qual o posicionamento da SBMET
no que tange a criação do Conselho Nacional
de Meteorologia e Climatologia – CONAME?
Profa. Justi - A SBMET produziu um
excelente trabalho com sugestões à Política
Nacional de Meteorologia e uma de suas
propostas seria a criação do CONAME.
Consideramos um grande avanço, enviamos
propostas para ajudar na elaboração do
texto de criação do conselho assim como de
sua constituição, algumas delas foram
aceitas e incorporadas. Sugiro a todos que
acessem o Portal da SBMET
(www.sbmet.org.br) onde, através do
Informativo n° 1, todas as questões
relevantes e documentos importantes sobre
o assunto estão compilados e acessíveis.
CIRRUS - Até o momento o que foi
desenvolvido em termos de Política Nacional
de Meteorologia no Brasil?
Profa. Justi - Acho que não muito porque é
necessário que a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) nº 12, de 2003, que está
no senado, seja aprovada. Por incrível que
possa parecer, as palavras Meteorologia e
Climatologia não constam de nossa
constituição. Sem que essa inserção seja
feita não se pode criar leis para tratar das
questões relativas à Política Nacional de
Meteorologia.
CIRRUS - Quais são as propostas da SBMET
para a implementação da Política Nacional
de Meteorologia no Brasil, que terá como
objetivo central, ordenar e legislar as
atividades desenvolvidas no âmbito da
Meteorologia?
Profa. Justi - Existe no Portal da SBMET o
documento na íntegra em que é explicitado
quais são as propostas da nossa Sociedade
para esta política. Este documento foi
elaborado consultando toda a comunidade e
julgo interessante que todos leiam este
documento e tomem ciência do mesmo.
CIRRUS - Qual o cenário dos próximos vinte
anos para a profissão de Meteorologista que
a senhora imagina?
Profa. Justi - Acho que o número de
profissionais crescerá, onde as demandas
serão muitas, que várias ações precisam ser
iniciadas agora para que tenhamos
profissionais adequadamente preparados
para atender aos desafios que as questões
do meio ambiente e do planejamento do país
vão exigir.
Ficha Técnica
Bacharel em Meteorologia pela UFRJ
(1975);
Mestre em Matemática pelo IMPA
(1979);
Doutora em Ciências Atmosféricas pela
COPPE/UFRJ (2003);
Presidente da SBMET (Gestão: 2005-06),
eleita em 02/09/2004 e empossada em
12/09/2004.
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METEOROLOGIA DA UFPEL REALIZA
II JORNADA DE PALESTRAS
A Faculdade de Meteorologia da
Universidade Federal de Pelotas - UFPel,
através do Programa de Educação Tutorial
(PET), realizou nos dias 11, 12 e 13 de maio
de 2005 a II Jornada de Palestras dos
Estudantes de Meteorologia, cuja temática
desse ano foi “Conhecimentos Adquiridos”.
O evento contou com a participação de
estudantes, professores e inúmeras
autoridades. Na palestra de abertura, o vice-
reitor, Prof. Telmo Pagana Xavier, destacou
o papel fundamental que a Meteorologia tem
para o desenvolvimento humano,
principalmente, em prever as condições do
tempo para que catástrofes possam ser
minimizadas.
O destaque do evento foi a palestra da
Meteorologista Gilsane Mari da Costa
Pinheiro, que mostrou aos participantes
como é feita a previsão do tempo no CPPMET
(Centro de Pesquisas e Previsões
Meteorológicas da UFPel), e ainda,
apresentou a previsão em tempo real das
condições atmosféricas durante todos os dias
do evento.
O encerramento da II Jornada contou
com um churrasco de confraternização.
Fonte: Diego Simões Fernandes, PET/UFPel
http://www.ufpel.tche.br/meteorologia/pet/
FENÔMENO CATARINA FOI
CLASSIFICADO COMO UM FURACÃO
Aconteceu nos dias 28 e 29 de junho,
nas dependências do INPE, em São José dos
Campos-SP, o Workshop sobre o Fenômeno
Catarina. O Evento, organizado pela
Sociedade Brasileira de Meteorologia
(SBMET) contou com a presença de vários
pesquisadores, estudantes, profissionais,
jornalistas e outros interessados no assunto.
Os pesquisadores não descartaram a
possibilidade de que outros fenômenos
parecidos atinjam a costa do Brasil. Foi
sugerido, entre outras estratégias, um
programa de bóias fixas à deriva,
monitorando as condições em alto mar. Uma
rede de estações meteorológicas ao longo da
costa, além de uma melhor cobertura
através de radares meteorológicos e
qualificação de pessoal, através de cursos e
troca de experiências com profissionais de
outros centros.
Como conclusão do evento, o fenômeno
foi classificado como um Furacão, devido a
intensidade da tempestade e suas
características ao se aproximar da costa. As
estratégias sugeridas, entre elas algumas
das anteriormente citadas, foram integradas
em um documento que será encaminhado as
diversas áreas do Governo Brasileiro.
Fonte: Rodrigo Costa, COPPE/UFRJ
http://www.sbmet.org.br
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nível do mar nas zonas costeiras está determinado por muitos fatores
ambientais globais que operam em uma ampla faixa de escalas temporais:
desde horas (as marés) até milhões de anos (mudanças nas bacias marinhas
devido à sedimentação e à tectônica). Em escalas temporais que vão de décadas a
séculos, muitas das influências sobre os níveis médios do mar estão diretamente ligadas
ao clima e aos processos climáticos.
A mudança climática e seus possíveis
efeitos sobre os ecossistemas e as atividades
humanas já é uma preocupação a vários
anos da comunidade científica e por esta
razão as Nações Unidas (através do PNUMA -
Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e a OMM - Organização
Meteorológica Mundial) criaram em 1988 o
IPCC - Grupo Intergovernamental de
Especialistas sobre a Mudança Climática,
integrado por especialistas de todo o mundo.
O IPCC é a principal fonte de
assessoramento científico para os governos
sobre a mudança climática, seu
entendimento, os impactos e as opções para
combatê-la.
Este Grupo produziu três informes de
avaliação que resumem as conclusões de
milhares de cientistas de todo o mundo
sobre o problema da mudança climática.
O Primeiro Informe de Avaliação foi
publicado pelo IPCC no ano de 1990 e
formou a base científica para a negociação
do Convênio das Nações Unidas sobre
Mudança Climática, que culminou na
Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento no Rio de
Janeiro em 1992.
O Segundo Informe de Avaliação foi
publicado em 1995 e sua conclusão principal
foi: "O conjunto das evidências sugere uma
influência humana visível sobre o clima
global". Este informe foi decisivo na
negociação do Protocolo de Quioto em
dezembro de 1997.
O Terceiro Informe de Avaliação
completo (ciência, impactos e economia),
publicado no ano de 2001, contem várias
conclusões com relação ao clima e sua
influência no aumento médio do nível do
mar. Resumo a seguir as mais relevantes
para o nosso tema.
CAUSA HUMANA: "Há novas e mais fortes
evidências de que a maior parte do
aquecimento observado durante os últimos
50 anos é atribuída as atividades humanas",
devido ao aumento nas concentrações de
gases de efeito estufa".
AUMENTO INDUZIDO DO NÍVEL DO MAR:
"Além disso, é muito provável que o
aquecimento do século XX tenha contribuído
significativamente para o aumento do nível
do mar observado (10 - 20 cm no último
século)".
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O
11
AUMENTO PREVISTO DO NÍVEL DO MAR: A
faixa prevista de aumento global do nível do
mar durante o próximo século está agora
entre 9 e 88 cm comparado com 13 - 94 cm
no Segundo Informe de Avaliação do IPCC.
FUSÃO DE GELOS: Os glaceares e os gelos
polares seguirão fundindo-se, e continuará a
ocorrer a diminuição da cobertura de neve e
gelo do hemisfério Norte.
GROENLÂNDIA: As camadas de gelo
continuarão sofrendo reações ao
aquecimento climático e contribuirão para o
aumento do nível do mar durante milhares
de anos mesmo após o clima se estabilizar.
Os modelos de camadas de gelo estimam
que um aquecimento local maior de 3ºC, que
por acaso se mantenha durante milênios,
levará praticamente a uma fusão completa
da camada de gelo da Groenlândia, com um
aumento do nível do mar resultante de
aproximadamente 7 metros. "É provável que
o aquecimento em torno da Groenlândia
seja de 1 a 3 vezes maior do que o
aquecimento médio mundial, que como se
indica mais adiante estima-se que esteja na
faixa de 1,4 a 5,8 ºC, portanto, um
aquecimento de 3 ºC ao redor da
Groenlândia provavelmente ocorra dentro do
próximo século".
ANTÁRTICA: "Os atuais modelos de dinâmica
do gelo sugerem que a Camada de Gelo da
Antártica Ocidental poderia contribuir com
até 3 metros para a elevação do nível do
mar ao longo dos próximos 1000 anos".
Existe essencialmente dois tipos de
observações que medem diretamente o nível
do mar: as medições com marégrafos, que
em alguns casos tem mais de um século, e
as medições com altímetros de satélites, que
estão disponíveis desde a última década.
As figuras 1 e 2 mostram uma
comparação entre os valores médios globais
e regionais do nível do mar entre ambos os
sistemas desde a metade até o final do
século passado.
Não existe certeza sobre a distribuição
regional futura do aumento do nível do mar
e a velocidade com que ocorrerá dado que
os processos climáticos são de grande
interatividade e complexidade, e alguns
aspectos do clima que afetam os oceanos
(como por exemplo, o ciclo hidrológico), são
muito variáveis regionalmente. A rotação da
Terra, as variações de certos litorais e as
mudanças nas correntes oceânicas fariam
com que a elevação do nível médio do mar
não fosse igual em todas as costas. Isto gera
grande incerteza sobre os efeitos nas costas
de cada país.
Uma análise simples nos valores de
elevação não indicam que seja muito
grande. No entanto, uma elevação da
magnitude que se prevê representa uma
ameaça real para as regiões costeiras baixas
e as pequenas ilhas. Alguns dos efeitos
associados a este incremento do nível do
mar seriam: possíveis danos na infra-
estrutura turística, a salinização das águas
subterrâneas, uma redução nas regiões de
manguezais e de terras agrícolas localizadas
nos deltas dos rios, e um aumento dos
danos causados pelos furacões e pelas
tormentas tropicais devido as inundações
costeiras.
Figura 1 - Variação média global do nível do mar entre janeiro de 1950 e dezembro de 2000 através de
reconstruções, ou seja, métodos indiretos, e o nível médio do mar global através de altímetro do satélite
TOPEX/Poseidon. Fonte: Extraída de J. A. Church et al., BAMS, Vol. 85, N° 7, Julho de 2004.
12
Figura 2 - Distribuição regional estimada do aumento do nível do mar entre janeiro de 1950 e dezembro de
2000. A linha sólida indica 2 mm por ano, e o intervalo dos contornos é 0,5 mm por ano. Fonte: Extraída de J.
A. Church et al., BAMS, Vol. 85, N° 7, Julho de 2004.
De acordo com as últimas descobertas
de pesquisadores da NASA, foi registrado
uma aceleração no derretimento de gelo do
Ártico e da Antártica, portanto, as
estimativas do IPCC em relação ao aumento
do nível do mar deveriam ser revistas para
valores maiores. Imagens de satélites
recentes da Groenlândia sobre o Ártico
canadense e a Antártica demonstram que
parte dessas regiões estão derretendo
rapidamente e contribuem com até três
vezes mais do que se imaginava no que
tange a elevação do nível do mar.
Além disso, segundo um novo estudo
da equipe de modelagem do Clima do
National Center for Atmospheric Research
(NCAR) - publicado na revista Science -
alerta que se todos os gases de efeito estufa
fossem estabilizados ou “congelados” no ano
de 2000, ainda estaríamos condicionados a
ter um planeta mais quente e um maior
aumento do nível médio do mar no século
atual. Este estudo de modelagem quantifica
os índices relativos a elevação do nível do
mar e o aumento da temperatura global que
estamos gerando já no século XXI. Mesmo
que os gases de efeito estufa não sejam
agregados à atmosfera, as temperaturas
globais do ar na superfície subiriam em
média mais de meio grau centígrado e os
níveis do mar aumentariam outros 11 cm em
2100, somente devido a expansão térmica.
O aumento da temperatura em meio grau é
similar ao observado até o final do século
XX, porém a elevação estimada do nível do
mar é mais de duas vezes a que ocorreu
durante a última metade do século anterior
(5 cm). Estas estimativas não consideram a
água doce das fusões dos glaceares
1
que
poderiam, pelos menos, dobrar o aumento
do nível do mar causado somente pela
expansão térmica. É interessante explorar as
estimativas das diferentes contribuições para
a elevação do nível médio do mar.
Já temos indicativo de que um dos
contribuintes mais importantes para as
mudanças históricas dos níveis médios do
mar seria a expansão térmica (a mudança
no nível do mar devido à variações no
volume do oceano resultante de variações
térmicas e de salinidade, conhecido como
"estérico").
O nível do mar também muda quando
a massa de água nos oceanos aumenta ou
diminui. Isto ocorre quando existem
intercâmbios de águas oceânicas com águas
acumuladas no continente.
1
Um glacial é uma massa grande de gelo perene que se
origina em terra pela recristalização da neve ou outras
formas de precipitação sólida e que mostra evidências de
deslocamentos. São denominados também de "rios de
gelo" ou “ geleiras”.
13
Os reservatórios continentais mais
importantes são as águas congeladas nos
glaceares e nas camadas de gelo
2
(a
mudança no nível do mar devido à massa de
água agregada, ou removida, dos oceanos
como resultado do intercâmbio de massas
entre os oceanos e outros reservatórios
continentais chamado de "eustático").
O nível do mar também é influenciado
por processos que não se relacionam
explicitamente com a mudança do clima. O
armazenamento terrestre da água (e
portanto, o nível do mar) pode ser reduzido
pela extração da água subterrânea, a
construção de reservas aqüíferas, a
mudança no escoamento superficial, e a
extração em aqüíferos profundos para
reservatórios e irrigação. Assim, estes
fatores podem contribuir com a diminuição
do nível do mar e, por conseguinte
compensar o aumento deste devido à
expansão térmica e a fusão dos glaciares.
Além disso, o afundamento costeiro em
regiões de deltas fluviais também pode
influenciar o nível do mar local. Os
movimentos verticais da terra causados por
2
Uma camada de gelo normalmente é um glacial que
ocupa uma zona extensa, relativamente plana da terra e
que exibe um deslocamento desde seu centro até a
periferia. São encontradas somente na Antártica e
Groenlândia, e são massas enormes de gelo glacial e
neve.
processos geológicos naturais, tais como os
lentos movimentos do manto terrestre e os
deslocamentos tectônicos da crosta, podem
ter efeitos no nível do mar local que são
comparáveis aos impactos relacionados ao
clima. Finalmente, em escala de tempo
sazonal, interanual e decadal, o nível do mar
responde às mudanças na dinâmica
atmosférica e oceânica (o exemplo mais
evidente é o fenômeno “El Niño”).
Vejamos na Tabela 1 as estimativas
das distintas contribuições dos fatores
considerados significativos para a mudança
no nível do mar dadas pelo IPCC (2001).
Portanto, as observações através de
marégrafos diferem de um fator 2 com
relação as estimativas das contribuições
climáticas, situação esta que tem sido
chamado de "enigma" da mudança no nível
do mar. A componente estérica (devida à
expansão térmica) é somente 0,5 mm/ano e
as devidas ao derretimento dos glaceares é
ainda menor.
Há dois enfoques para resolver este
dilema. Um sugere que as observações com
marégrafos possuem incertezas na ordem de
2 ou 3 devido à baixa resolução espacial do
instrumento. Isto implicaria em uma
aceleração enorme em tempos recentes, do
aumento no nível do mar para chegar a um
valor corrigido de 2,8 (± 0,4) mm/ano
observado por altimetria de satélite.
Fatores Aumento do nível do mar (mm/ano) Faixa
Expansão Térmica 0,5 0,3 – 0,7
Glaceares e Campos de Gelo
3
0,3 0,2 – 0,4
Groenlândia (Século XX) 0,05 0,0 – 0,1
Antártica (Século XX) -0,1 -0,2 – 0,0
Camadas de Gelo (longo prazo) 0,25 0,0 – 0,5
Permafrost
4
0,025 0,0 – 0,05
Deposição de Sedimentos 0,025 0,0 – 0,05
Armazenamento Terrestre -0,25 -1,1 - -0,4
TOTAL ESTIMADO 0,7 -0,8 - +2,2
OBSERVADO 1,5 1,0 – 2,0
Tabela 1 - Estimativas dos Fatores considerados Significativos para a Mudança no Nivel do Mar. Extraído do
IPCC (2001).
3
Geleira confinada entre montanhas, com área de 10 – 10.000 km
2
.
4
O "permafrost" é uma camada de solo quase impermeável impregnada de gelo e que representa 20% da superfície da
Terra (no Ártico e Antártica). Ele é somente polar e está congelado perpetuamente em profundidade (às vezes até 1.000 m) e
só degela parcialmente na superfície durante o verão.
14
Alternativamente se sugeriu que os
marégrafos não estão inclinados e que a
contribuição eustática é de
aproximadamente 1,3 mm/ano, o que está
de acordo com as estimativas recentes da
renovação oceânica ("freshening"). Isto
implicaria em uma taxa histórica de 1,8
mm/ano, que ainda requer uma aceleração
considerável para alcançar a taxa altimétrica
observada na última década.
Há fortes argumentos para apoiar
ambos os enfoques e está claro que no
futuro as medições altimétricas, obtidas
mediante satélites, serão cada vez mais
importantes, porém isto não implica que as
observações maregráficas e hidrográficas
convencionais não sejam imprescindíveis. A
compreensão das limitações de ambos os
conjuntos de dados será então uma
componente critica na problemática da
estimativa das mudanças no nível médio do
mar.
Para saber mais:
Cazenave, A. & Nerem, R.S., 2004. Present-
Day Sea Level Change: Observations and
Causes. Reviews of Geophysics, Vol. 42, No.
3, September 2004.
http://www.ucar.edu/news/index.jsp
http://earthobservatory.nasa.gov/Newsroom/
MediaAlerts/2005/2005031718563.html
http://yosemite.epa.gov/oar/globalwarming.n
sf/content/ResourceCenterPublicationsSeaLev
elRiseIndex.html
Gustavo Victor Necco
Meteorologista
Foi Diretor do Inter-American
Institute for Global Change
Research - IAI (2002-2004),
Diretor do Departamento de
Educação e Treinamento da
OMM/ONU (1985-2002) e
Prof. da Univ. de Buenos
Aires, Argentina (1974-1985)
Ontem, um Sonho ...
Hoje, uma Realidade!
C I R R U S - A REVISTA DOS AFICIONADOS POR METEOROLOGIA.
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onfira aqui o resumo dos principais eventos, no Brasil e no mundo, já
programados para esse e também para o próximo ano. Se você quiser divulgar
algum evento relacionado com a área de Meteorologia, e/ou áreas afins, é só
enviar um e-mail para [email protected].
TW 2005
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http://my.unidata.ucar.edu/content/events/2005TrainingWorkshop/
O evento acontece no campus da UCAR, em Boulder, CO e o workshop
este ano consistirá em 6 sessões consecutivas (duas sessões de LDM, uma
sessão de GEMPAK, uma sessão de McIDAS, e duas sessões de IDV)
dedicadas a aplicação de projetos e pacotes computacionais Unidata.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com Emily Doremire ([email protected]).
IAMAS 2005
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http://www.iamas2005.com
A Conferencia da Associação Internacional de Meteorologia e Ciências
Atmosféricas acontecerá na cidade de Beijing, China.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas na secretaria do evento.
Ms. Zheng Lin (Secretário do IAMAS2005)
XI SBGFA
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http://www.sbgfa.com.br
O XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada acontecerá este ano
no Campus da USP em São Paulo, SP.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com Jurandyr Luciano Ross. ([email protected])
WSN05
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http://www.meteo.fr/cic/wsn05/
O Simpósio de Previsão de Curto e Curtíssimo Prazo acontecerá este ano
nas instalações da Meteo-France, em Toulouse, França.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com Andrew Crook ([email protected]), ou na Secretaria
local do evento com Stéphane Sénési ([email protected])
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ICB2005
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http://www.phoeppe.de/ICB2005
O Congresso Internacional de Biometeorologia acontecerá este ano na
cidade de Garmisch-Partenkirchen, na região da Bavaria (Alemanha).
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Peter Hoeppe (icb2005@phoeppe.de)
Gerd Jendritzky (Gerd.Jendritzky@dwd.de)
FITABES 2005
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http://www.fitabes.com.br
O 23° Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
acontecerá no Centro de Exposições Albano Franco, Campo Grande, MS.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas no site acima ou pelo E-mail: [email protected]
ICDC7
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http://www.cmdl.noaa.gov/info/icdc7
A Sétima Conferencia Internacional sobre Dióxido de Carbono acontecerá
este ano nas instalações do belíssimo Omni Interlocken Resort, na cidade
de Boulder (Colorado, EUA). O evento conta com o apoio da OMM.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas podem
ser obtidas com Andrew Crook ([email protected]).
IX CONGREMET
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http://www.atmo.at.fcen.uba.ar/~congremet
O IX Congresso Argentino de Meteorologia acontecerá este ano na cidade
de Buenos Aires (Argentina). O evento tem o apoio da OMM.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Gustavo Necco ([email protected]).
SIC 2005
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http://www.sbmet.org.br
O Simpósio Internacional de Climatologia acontecerá na cidade de
Fortaleza-CE. O tema será "A Hidroclimatologia e os Impactos Ambientais
em Regiões Semi-Áridas". O prazo limite para o envio dos trabalhos vai só
até 15 de Agosto. O evento é uma promoção da SBMET.
Mais informações sobre inscrição, podem ser obtidas com o Comitê
Organizador do Evento. Teresinha Xavier ([email protected]).
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http://www.iz.sp.gov.br/4cbb
O IV Congresso Brasileiro de Biometeorologia acontecerá este ano na
cidade de Ribeirão Preto/SP. O tema será "Mudanças climáticas: Impacto
sobre Homens, Plantas e Animais". O prazo limite para apresentação dos
resumos vai só até 1º de Agosto.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Maria da Graça Pinheiro ([email protected]).
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http://www.ametsoc.org/meet/fainst/fireandforest.html
O VI Simpósio sobre Meteorologia e Incêndios Florestais acontecerá este
ano na cidade de Canmore, Alberta (Canadá). O prazo limite para
apresentação dos resumos vai até 1º de Setembro.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Tim Brown ([email protected]).
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http://www.acquaviva.com.br/mudglobais
A II Conferencia Regional sobre Mudanças Globais acontecerá na cidade
de São Paulo. O evento é uma promoção do Instituto de Estudos
Avançados da USP - IEA.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Anna Letícia Fogaça ([email protected]).
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http://www.met.inf.cu
O III Congresso Cubano de Meteorologia acontecerá na cidade de Havana,
Cuba. O prazo limite para apresentação dos resumos vai só até 31 de
Agosto.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Andrés Planas Lavié (flismet@met.inf.cu).
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http://coralx.ufsm.br/meteorologia/workshop/
O IV Workshop Brasileiro de Micrometeorologia acontecerá no Campus da
Universidade Federal de Santa Maria, RS. A submissão dos artigos foi
prorrogada para 10 de setembro de 2005.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com a Comissão Organizadora do Evento.
Otavio Acevedo (otavio@smail.ufsm.br)
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http://www.gvc.gu.se/icuc6
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A VI Conferência Internacional de Clima Urbano acontecerá no ano que
vem, na cidade de Göteborg, Suíça. O prazo limite para apresentação dos
resumos vai até 10 de Novembro.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento.
Sven Lindqvist ([email protected]).
Nota: Se você quiser divulgar algum evento relacionado com a área de Meteorologia,
ou áreas correlatas, é só enviar um e-mail para:
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apa Ednaldo Oliveira dos Santos
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ecentemente, estamos presenciando um momento único de discussões em prol
da formulação de uma Política Nacional de Meteorologia no país. Percebendo isso,
Cirrus - uma Revista de vanguarda - quer mais uma vez contribuir com a
comunidade meteorológica nacional. Nosso intuito é incentivar a participação de todos
nestas discussões, bem como, fornecer subsídios para que nossa comunidade, além de
refletir, possa apontar e sugerir contribuições na busca de um modelo mais abrangente
que culmine com a verdadeira Política Nacional de Meteorologia que tanto sonhamos.
Assim, esperamos que esta intensa
participação seja reveladora das diferentes
visões sobre formas, mecanismos,
atribuições e o papel estratégico que a
Meteorologia deve ter neste país de
dimensões continentais. A seguir
apresentamos um breve histórico de toda a
discussão acerca deste tema.
Na verdade as primeiras discussões
acerca desse tema foram iniciadas no ano de
2002. Desde esse período a Sociedade
Brasileira de Meteorologia (SBMET),
instituição que congrega e representa todos
os Meteorologistas no Brasil, vem
formulando propostas em diversos níveis
objetivando a elaboração de uma Política
Nacional de Meteorologia.
No entanto, neste mesmo período,
os dois principais órgãos federais dedicados
à Meteorologia no país deram início a lutas
que levaram à desentendimentos - e
competições - de maneira exacerbada,
causando diversos transtornos a comunidade
meteorológica (especialistas, adminis-
tradores e usuários do sistema), além de
engessar questões ligadas a formulação de
propostas que seriam de grande importância
para a Meteorologia brasileira.
Ao longo desta disputa foram
apresentadas algumas propostas que devem
ser lembradas:
i) Criação de uma Agência de
Meteorologia e Clima – apresentada pelo
MCT;
ii) Constituição de um
organismo de coordenação do Sistema
Nacional de Meteorologia e Climatologia –
apresentada pelo INMET;
iii) Uma alternativa combinando
as duas propostas anteriores, apresentada
pela Sociedade Brasileira de Meteorologia
(SBMET).
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Este debate alcançou o seu ápice no
final de 2002 e motivou a apresentação, em
2003, de uma Proposta de Emenda à
Constituição pelo senador Osmar Dias (PEC
12/2003), assessorado pela SBMET e
membros da comunidade, que tinha como
objetivo alterar os artigos 21 e 22 da
Constituição Federal para definir a
competência da União no ordenamento do
Sistema Nacional de Meteorologia e
Climatologia.
Esta boa iniciativa em maio de 2004
recebeu o parecer favorável da Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania daquela
casa (Parecer 466, de 2004), na redação
proposta pela Comissão e não apenas
explicitava como competências da União
organizar e manter os serviços oficiais de
Meteorologia e Climatologia, como também
instituía o Sistema Nacional de Meteorologia
e Climatologia e legislava exclusivamente
sobre política e sistema nacionais de
Meteorologia e Climatologia. E em 06 de
maio último foi aprovado pela Comissão de
Constituição e Justiça do Senado, estando
aguardando a inclusão na ordem do dia do
Plenário do Senado para aprovação final.
Em novembro de 2004 foi instituído
um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI)
com o objetivo de elaborar proposta para
integração, coordenação e o aprimoramento
de ações em Meteorologia e Climatologia, a
serem conduzidas pelos Ministérios da
Ciência e Tecnologia (MCT) e da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA). Fizeram
parte deste GTI representantes do
CPTEC/INPE e do INMET. Esse GTI buscou
idealizar mecanismos de integração e
coordenação entre o Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -
INPE e o Instituto Nacional de Meteorologia
– INMET. Na verdade, o objetivo real era
mais o de apaziguar os dois principais
órgãos federais dedicados às atividades
ligadas à Meteorologia no país e que ao
longo dos últimos anos estavam se
desentendendo.
A evolução dos debates também
culminou com a proposição de se criar um
Conselho Nacional de Meteorologia e
Climatologia – CONAME, com o objetivo de
formular a Política Nacional de Meteorologia,
propor mecanismos para ordenar o setor e
gerenciar suas ações, nos diversos
segmentos: Público, Privado, Federal e
Estadual, envolvendo inclusive a participação
formal desses diversos segmentos.
Recentemente a SBMET elaborou um
documento contendo suas contribuições ao
decreto do MCT-MAPA para a criação do
Conselho Nacional de Meteorologia e
Climatologia (CONAME). No documento a
SBMET informa que apóia a iniciativa, porém
este apoio estaria vinculado à criação de um
Conselho que deva atender minimamente
aos preceitos da Política já consensuados
pela comunidade meteorológica brasileira.
Um breve resumo das principais criticas e
sugestões encontram-se nos quadros abaixo.
Em março de 2005 o GTI elaborou um relatório contendo todas discussões e sugestões enviadas pela
comunidade meteorológica. As principais sugestões e conclusões citadas neste relatório foram:
1. Criação de uma Comissão Nacional de
Meteorologia e Climatologia – CONAME, para
coordenar todas as atividades do setor, onde
teriam assento todos os órgãos federais
dedicados a tais atividades e, por adesão
voluntária, também os órgãos federais que
executam atividades afins, além de
representantes de órgãos estaduais, empresas,
universidades e SBMET;
2. Dar continuidade a iniciativas de aproximação
entre o INMET e o CPTEC, como as atualmente
em curso;
3. Estabelecer, por meio de um acordo
interministerial, uma divisão de papéis entre os
dois órgãos;
4. Criar um organismo que englobaria as
atividades tanto do INMET quanto do CPTEC,
sob a supervisão da Comissão Nacional de
Meteorologia e Climatologia;
5. No curto prazo recomenda que seja instituído
um Comitê Misto de Gerenciamento das Ações
de Meteorologia e Climatologia sob
responsabilidade do MAPA e do MCT,
denominado de CLIMEBRAS, integrado pelos
dirigentes dos dois órgãos, pelo coordenador-
geral de Meteorologia e Climatologia no MCT,
pelos Gerentes de Programa e Coordenadores
de Ações nessa área;
6. No médio prazo recomenda a constituição de
um Programa Nacional de Meteorologia e
Climatologia reunindo todas as iniciativas do
governo federal no setor.
Disponível em: http://www.inmet.gov.br/Relatorio_GT_PI_545_FINAL.pdf
20
Principais críticas da SBMET ao decreto do MCT-MAPA para a criação do CONAME:
Segundo a compreensão da SBMET, antes
que se altere a constituição, a União não
teria competência para ordenar ou legislar
sobre serviços do setor de Meteorologia e
Climatologia. Este documento menciona que
a SBMET teria dúvidas sobre a
constitucionalidade de um Decreto que venha
a criar um Conselho com funções
deliberativas nacionais. Desta maneira, é
sugerido que sejam feitas consultas a esse
respeito, para que o Decreto não seja
considerado inconstitucional e interrompa o
processo.
O outro aspecto, que segundo a SBMET, seria
mais crítico do Decreto se refere a incoerência
entre a conceituação dos objetivos do Conselho
em contrapartida com o detalhamento de suas
atribuições. Assim, o Conselho estaria sendo
armado como de caráter Nacional. Então, para
que essa conceituação prevaleça, vários incisos
devem sofrer alterações para compatibilidade
com a proposta. Ou seja, estaria havendo
incoerência entre a conceituação do Conselho e
atribuições de seus membros de acordo com o
documento da SBMET.
Desejamos que sejam fortalecidos os
aspectos que priorizem a defesa da nossa
profissão, dentro de sua autonomia prevista
em Lei e, ao mesmo tempo, possa ser
integrada na interdisciplinaridade tão
necessária atualmente. Claro que também se
faz necessário avançar em outras questões
relativas, principalmente, a educação e
treinamento, integração de dados em todos
os seus níveis, entre outras.
Quando pensamos em apresentar
este assunto nesta edição, imaginamos que
deveria mostrar obrigatoriamente o que de
real está se pensando em termos de Política
de Meteorologia, através de documentos que
foram os precursores nesta questão em
nosso país, e ao mesmo tempo pudesse ser
um elo de ligação de discussão para toda
comunidade meteorológica brasileira.
Esperamos que desta forma,
estejamos contribuindo para o debate deste
tema de suma importância para a vida de
todos que fazem a Meteorologia no Brasil e
que ao final desse processo tenhamos
alcançado o modelo mais adequado para a
ciência meteorológica.
Temos plena consciência que todas
essas discussões, aprovação da PEC e a
formulação de uma Política Nacional de
Meteorologia, ajudarão bastante, mas não
irão resolver todas as questões cruciais da
Meteorologia, pois muitas delas dependerão
dos esforços e principalmente de lutas de
todos nós Meteorologistas.
Para saber mais:
http://www.sbmet.org.br
http://www.inmet.gov.br
http://www.cptec.inpe.br
http://www.mct.gov.br
http://www.senado.gov.br
Ednaldo Oliveira dos
Santos
Meteorologista e Presidente
da UNEMET Brasil
Em breve: www.unemet.org.br
Em agosto, a UNEMET estará em novo endereço. Aguardem!
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Google Earth
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http://earth.google.com
O Google anunciou no último dia 28 de junho o lançamento do Google Earth, serviço que
combina imagens de satélite com a engenharia de busca do Google, e construções em 3D.
O novo produto permite que o usuário voe no espaço e se aproxime até chegar a
panorâmicas de ruas e obter informações geográficas para explorar espaços ao redor do
mundo. O serviço promete a possibilidade de mudar a perspectiva, o ângulo e fazer
rotações das construções em 3D oferecidas. Montanhas, vales e cânions também foram
projetados. Por enquanto somente as maiores cidades dos Estados Unidos contam com as
construções em 3D.
Fonte: Fator Gis
ABRACOS on-line
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ftp://lba.cptec.inpe.br/lba_archives/Pre-lba/abracos/book/
O livro do ABRACOS, Amazonian Deforestation and Climate, foi digitalizado e já pode ser
acessado on-line pelo endereço acima. Notar que os direitos autorais do Amazonian
Deforestation and Climate pertence ao Centre for Ecology and Hydrology. Permissões para
publicar figuras podem ser obtidas com:
Head of Process Hydrology Section
Centre for Ecology and Hydrology
Wallingford OX10 8BB, UK
Fonte: LBA Dis
GrADS em Português
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http://www.cptec.inpe.br/ManualGrADS/
O Centro de Previsão de Tempo e Clima (CPTEC)/INPE traduziu o manual do GrADS e está
disponibilizando, gratuitamente, a versão em português no endereço acima. Esse foi um
grande passo, já que diversas pessoas trabalham com esta ferramenta interativa,
principalmente, para acesso, manipulação e visualização de dados meteorológicos. Ainda
não há planos para produzir uma versão impressa.
Fonte: SBMet
MIT OpenCourseWare
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http://www.universiabrasil.net/mit/
O famoso Massachussetts Institute of Technology (MIT), que reúne as faculdades de
tecnologia mais famosas do mundo, já há algum tempo disponibiliza na Web materiais
(textos, slides e PDFs) utilizados pelos professores em sala de aula. Trata-se do "MIT
OpenCourseWare - OCW", onde vários destes materiais/apostilas podem também ser
encontrados traduzidos para a língua Portuguesa.
Fonte: Universia
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"O desmembramento da Meteorologia em
relação à Astronomia foi importante para
que a Meteorologia conhecesse um novo
surto de desenvolvimento"
Joaquim de Sampaio Ferraz (1882-1966)
ste segundo artigo, da série “Os Primórdios da Meteorologia no Brasil”, retrata
a obra de mais um pioneiro no estudo do tempo e do clima no país. Trata-se de
Joaquim de Sampaio Ferraz, formado em engenharia, já que em sua época
ainda não havia a profissão de Meteorologista e, nem tão pouco, a existência
de cursos regulares para a formão nessa fascinante Ciência.
Joaquim de Sampaio Ferraz nasceu no
Rio de Janeiro em 28 de novembro de 1882,
filho de João Batista de Sampaio Ferraz e de
Elisa Vidal Leite. Faleceu em 24 de
novembro de 1966 também no Rio de
Janeiro. Formou-se em Engenharia Civil
(1909), pelo Merchant Venturer’s Technical
College, Bristol, Inglaterra. Nesse mesmo
ano, ao retornar ao Brasil, Sampaio Ferraz
entrou para o Observatório Nacional como
Assistente de Meteorologista e sendo, em
pouco tempo, promovido a Meteorologista.
Em 1913, ensaiou as primeiras
tentativas de previsão do tempo para o Rio
de Janeiro, com a publicação de um longo
artigo no Jornal do Comércio, intitulada
“Previsão do Tempo”. Em junho do mesmo
ano, publicou o primeiro livro do gênero,
intitulado: "Instruções Meteorológicas", com
vistas a dirimir dúvidas normalmente
encontradas por observadores nas tarefas do
trabalho diário. O interessante é que este
livro tornou-se não só um "Manual de
Instruções", mas o primeiro compêndio de
métodos observacionais (ainda hoje esse
compêndio é consultado aqui no Brasil e em
vários países). Nesse mesmo ano (e no ano
seguinte), fez diversos estágios nos
principais institutos meteorológicos da
Europa.
Com o seu apoio, em 1917, foram
organizados os primeiros mapas sinóticos e
iniciou-se a previsão do tempo propriamente
dita no Brasil, abrangendo apenas o Distrito
Federal (na época, a capital carioca) e o
Estado do Rio de Janeiro.
Na época a Meteorologia e a Astronomia
estavam compartilhadas em funções e
principalmente em espaço físico, ambas
localizadas no Observatório Nacional.
Entretanto, com sua visão futurista, Sampaio
Ferraz verificou que o atrelamento da
Meteorologia à Astronomia oferecia
dificuldades para o desenvolvimento dessa
ciência no país. Para ele, esse
compartilhamento de funções limitava a
expansão e manutenção da rede de
observações climatológicas e a própria
previsão de tempo. Assim, apoiado pelo
estímulo do Presidente Epitácio Pessoa e
pelos ideais progressistas do Ministro da
Agricultura, Simões Lopes, em 1921, foi feito
o desmembramento do Observatório
Nacional, criando-se a Diretoria de
Meteorologia, a qual transformou-se, em
1980, no atual Instituto Nacional de
Meteorologia - INMET.
Em sua primeira administração (1921-
1923), Sampaio Ferraz, promoveu diversas
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ações importantes, destacando-se:
A expansão da rede climatológica;
Publicações dos boletins de prognósticos de
tempo anuais;
Desenvolvimento do serviço de previsão de
tempo abrangendo toda a região sul do Brasil;
Instalação de vários postos semafóricos (de
alarme) para avisos de temporais;
Criação de um posto de sondagem, em
Alegrete (RS), onde iniciaram-se as primeiras
observações aerológicas por meio de
papagaios (pipas) celulares;
Reativação do serviço meteorológico da
Marinha;
Criação dos indispensáveis Serviços de
Meteorologia Agrícola e de Previsão de
Enchentes de Rios.
Primeiro Posto de Sondagem e Observação
Meteorológica, localizado no Rio de Janeiro.
No entanto, com a revolução que levou
Getúlio Vargas ao poder em 1930, iniciou-se
profundas reformas, incluindo aí o Serviço
de Meteorologia. Neste período Sampaio
Ferraz se afasta definitivamente da Diretoria
de Meteorologia e inicia-se um período de
mediocridade praticadas por políticos que
pouco sabiam da importância da
Meteorologia para o desenvolvimento do
país.
Com o seu afastamento da Diretoria de
Meteorologia, passou a assinar, em 1933,
uma sessão chamada “Dicionário
Meteorológico”, publicada na Revista
Nacional de Educação (RNE), um periódico
mensal, de ampla distribuição por todo o
território nacional de forma gratuita, sob a
direção de Edgar Roquette-Pinto e financiado
pelo Ministério da Educação e Saúde Pública.
Nesta sessão ele ensinava as bases da
Climatologia, com verbetes de A a Z
abordando práticas, instrumentos e noções
essenciais. Saberes certamente úteis no
âmbito de um projeto de nação em que o
campo e as atividades agrícolas se tornavam
crescentemente valorizadas.
Sampaio Ferraz foi o primeiro a pensar,
em subdividir a Meteorologia em
Meteorologia Pura (conhecida atualmente
como Meteorologia Básica) e Meteorologia
Aplicada. Realizou inúmeras pesquisas e
participou de todos os fóruns, nacionais e
internacionais, de discussões dos problemas
de Meteorologia da época. Foi membro
honorário da Royal Meteorological Society
(Reino Unido); membro da Sociedade
Meteorológica da França; sócio da American
Meteorological Society (AMS); sócio da
American Geographysical Society; sócio
honorário da Sociedade Nacional de
Agricultura do Brasil e da Sociedade de
Geografia e Estatítica do México. Além disso,
recebeu algumas comendas: Grã-Cruz da
Ordem de Isabel, a Católica da Espanha e,
da Ordem Militar de São Tiago da Espada,
em Portugal.
Observações Aerológicas obtidas através de
papagaios (pipas) celulares em Alegrete, RS.
Escreveu dois livros de suma
importância: “A Previsão do Tempo a Longo
Prazo” em 1928 e “Meteorologia Brasileira -
Esboço Elementar de Seus Principais
Problemas” em 1945.
Publicou também diversos artigos em
revistas e jornais, destacando-se:
“Instruções Meteorológicas” publicado em
Bruxelas no ano de 1914;
“Seguros contra as geadas e outras
Adversidades Meteorológicas” publicada no O
Jornal em 18/set./1927;
24
“Sir Gilbert Walker’s formula for Ceara’s
droughts. Suggestions for its physical
explanation” que foi publicado na The
Meteorological Magazine em maio de 1929;
“A Influência das Florestas sobre as Chuvas”,
volume 2 da Revista Florestal, publicado em
1930; e
“Causas Prováveis das Secas no Nordeste
Brasileiro” publicado em 1948 no Boletim
Geográfico.
No período que permaneceu a frente da
Diretoria de Meteorologia (1921 a 1930),
concedeu-lhe uma verdadeira estrutura de
Serviço Nacional, destacando-se a:
Instalação e obtenção de observações por
meio de radiossondas;
Organização da previsão sistemática do
tempo;
Criação de uma biblioteca contendo um
acervo com os melhores periódicos do mundo.
Desta maneira, a atuação de Sampaio
Ferraz foi decisiva - e extremamente
importante - para que o INMET esteja
atualmente prestando seus serviços à
sociedade brasileira. Desta forma, podemos
dizer que todas as ações idealizadas por ele
constituem marcos importantes para a
Meteorologia nacional.
Para saber mais:
Biblioteca do INMET, Eixo Monumental, Via S1
Sudoeste, Brasília-DF.
DUARTE, R.H., 2004. "Em todos os lares, o
conforto moral da ciência e da arte": a Revista
Nacional de Educação e a divulgação científica no
Brasil (1932-34). História, Ciências, Saúde-
Manguinhos, Vol. 11, n. 1, Jan/Abr, 2004.
SANT’ANNA NETO, J.L., 2001. Por uma
Geografia do Clima Antecedentes Históricos,
Paradigmas Contemporâneos e uma Nova Razão
para um Novo Conhecimento. Terra Livre, São
Paulo, n. 17, p. 49-62.
Sugestões de Leitura
FERRAZ, J. de Sampaio, 1948. Causas
prováveis das secas no Nordeste Brasileiro.
Boletim Geográfico (CNG), n. 63, p.210-228. Rio
de Janeiro.
FERRAZ, Joaquim de Sampaio. A Meteorologia
no Brasil. In: FERRI, Mario Guimarães,
MOTOYAMA, Shozo (Coords.). História das ciências
no Brasil. São Paulo: EDUSP, 1979.
SEREBRENICK, S. Notas sobre o clima do
Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da
Agricultura/Serviço de Documentação, 1945. 33 p.
Temas em C&T
Meteorologia, Climatologia e Hidrologia
http://www.mct.gov.br/Temas/mch/
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WEATHER ANALYSIS AND FORECASTING
Academic Press
Patrick Santurette, Christo Georgiev
Este livro é único em seu gênero ao
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d’água, os campos de vorticidade potencial e de
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análises dos modelos numéricos de prognósticos
de curto e curtíssimo prazo.
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a multiplicidade de ilustrações baseadas em
situações reais, que mostram imagens do vapor
d’água com campos meteorológicos superpostos
observados e analisados.
Foi desenvolvido na Meteo-France em
parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia
e Hidrologia da Bulgária.
O livro está dirigido para servir de guia
para a interpretação de padrões considerados nas
imagens do vapor d’água em termos dos
processos dinâmicos que ocorrem dentro da
atmosfera e de sua relação com o diagnóstico
disponível da previsão numérica do tempo.
O novo material é interessante e de
grande valor para os meteorologistas e para os
previsores dos sistemas operacionais,
especialmente para a previsão de curto e
curtíssimo prazo. Pode ajudar também de forma
eficaz aos cursos voltado a Meteorologia aplicada.
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genialidade dos cientistas escolhidos, mas
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que é exatamente a luz? Como ela é produzida? De que ela é feita? Nos últimos
quatro séculos essas perguntas atormentaram os cientistas. Uma das primeiras
pistas importantes sobre o que era a luz surgiu a partir de uma experiência
muito simples realizada por Isaac Newton no final do século XVII.
Nessa época os cientistas, ou melhor
os "filósofos naturais" pois ainda não havia sido
inventada a palavra "cientista", sabiam que um
feixe de luz solar ao atravessar um prisma de
vidro era separado em um conjunto de cores
semelhantes àquelas que eram observadas nos
arco-íris. Essa banda com as cores do arco-íris
foi chamada de spectrum (palavra latina com
o plural spectra) e que em português passou a
ser espectro.
Até aquela época os filósofos naturais
acreditavam que a separação observada da luz
branca em várias bandas coloridas quando
atravessava um prisma era devida à
interferência do próprio prisma. Para eles o
prisma adicionava essas cores à luz branca.
Newton mudou essa interpretação. Ele
sugeriu que a luz branca, na verdade, era uma
mistura de todas as cores e que essa separação
em bandas coloridas não tinha qualquer relação
com o prisma. Para provar isso ele passou um
feixe de luz solar em um prisma, obtendo o
conhecido espectro colorido e em seguida
passou esse espectro por um segundo prisma
invertido em relação ao primeiro.
Como resultado ele encontrou que
somente luz branca emergia do segundo
prisma. Ficava claro que o segundo prisma
reunia as cores do arco-íris e formava
novamente o feixe de luz solar original.
Isaac Newton também sugeriu que a
luz era composta de pequeníssimas partículas
indetectáveis ou seja, corpúsculos. Com isso
ele apresentou ao mundo científico a chamada
teoria corpuscular da luz.
Em meados do século XVII o
astrônomo holandês Christian Huygens propôs
uma teoria que explicava a natureza da luz de
um modo bem diferente daquele apregoado por
Newton. Para Huygens a luz se desloca no
espaço sob a forma de ondas e não como
partículas. Ele apresentou a chamada teoria
ondulatória da luz.
Isaac Newton (esquerda) e Christian Huygens
(direita) precursores da física moderna
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Por volta de 1801 a comunidade
científica ficou convencida de que a luz era
realmente uma onda graças às experiências
realizadas pelo físico inglês Thomas Young. Sua
experiência era bem simples. Ele fez com que
um feixe de luz, após passar por um anteparo
opaco onde haviam duas fendas estreitas e
paralelas, incidisse sobre uma superfície branca
situada a alguma distância dessas fendas. Se a
luz fosse formada por partículas, idéia
defendida por Newton, os dois feixes de luz
provenientes das duas fendas formariam
simplesmente imagens brilhantes das fendas
sobre a superfície branca.
Thomas Young (1773-
1829) o primeiro a
provar as propriedades
ondulatórias da luz
No entanto, não era isso que
acontecia. Ao realizar sua experiência Young
notou que na superfície branca do anteparo era
formada uma distribuição regular de bandas
claras e escuras que se alternavam
regularmente. Isso era exatamente o que se
esperava acontecer se a luz tivesse
propriedades ondulatórias.
A luz é algumas vezes onda e
algumas vezes partícula!
A teoria quântica, desenvolvida no
início do século XX, postula que a luz é
composta de pequeníssimos pacotes de energia
chamados fótons.
As partículas de luz são os fótons. No
entanto, isso não significa que o modelo
ondulatório da luz tenha sido abandonado. Os
dois modelos, seja o do fóton ou o ondulatório,
são igualmente úteis para explicar as
propriedades físicas da luz tais como brilho, cor
e velocidade. É por essa razão que a física
moderna hoje fala que a luz possui uma
dualidade onda-partícula.
Assim, os físicos hoje podem escolher
qual o modelo que melhor descreve um
fenômeno particular. Por exemplo, a reflexão
da luz em um espelho é mais facilmente
compreendida se imaginarmos fótons ou seja,
partículas de luz, golpeando o espelho e
retornando do mesmo modo que uma bola
retorna ao colidir com uma parede. Por outro
lado, o modelo ondulatório explica bem mais
facilmente a focalização de um feixe luminoso
por uma lente. O brilho ou intensidade da luz
pode ser descrito de modo conveniente por
ambos modelos.
Afinal, o que é a luz?
Hoje sabemos que a luz é a parte
visível da radiação eletromagnética que se
propaga em qualquer meio e até mesmo no
vácuo. Mas, para chegar a essa compreensão,
foram necessários muitos anos de pesquisas.
Várias experiências mostraram que
uma carga elétrica é circundada por um campo
elétrico e que um objeto magnetizado é
circundado por um campo magnético. No início
do século XIX várias experiências
demonstraram que uma carga elétrica que se
desloca produz um campo magnético e que o
movimento em um campo magnético dá origem
a um campo elétrico. Mesmo assim,
considerava-se naquela época que existiam
duas ciências independentes: a ciência da
eletricidade e a ciência do magnetismo.
Em meados do século XIX o físico e
matemático escocês James Clerk Maxwell
mostrou que todos os fenômenos elétrico e
magnético podiam ser descritos por um
conjunto básico de apenas quatro equações.
Essas equações mostravam que a força elétrica
e a força magnética eram apenas duas
manifestações diferentes de um único
fenômeno físico que hoje conhecemos como
eletromagnetismo.
James Clerk Maxwell (1831-
1879) descreveu o principio
das ondas eletromagnéticas
com apenas quatro equações
Combinando suas equações, Maxwell
mostrou que os campos elétrico e magnético
propagavam-se através do espaço sob a forma
de ondas. O conjunto formado pelas ondas de
campo elétrico e magnético que se propagam
acopladas no espaço passou a ser conhecido
como onda eletromagnética. Ele também
verificou que as ondas eletromagnéticas se
deslocavam no espaço a uma velocidade de 3 x
10
8
metros por segundo, um valor semelhante
àquele medido para a velocidade da luz. Dessa
forma Maxwell mostrou que as equações que
descreviam o eletromagnetismo traziam dentro
delas o conceito de luz.
Para saber mais:
http://www.on.br
http://en.wikipedia.org
http://www.nationalgeographic.com
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educação de meteorologistas no Brasil teve início em 1958, com a criação do
primeiro Curso de Meteorologia (em nível de 2° grau), na Escola Técnica Federal
Celso Suckov da Fonseca, hoje, Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio
de Janeiro, CEFET – RJ.
Além do ensino técnico de qualidade, a
Escola - localizada no bairro do Maracanã -
desenvolve diversas linhas de pesquisas nas
áreas de: Micrometeorologia; Variabilidade
Climática; Análise e Previsão do Tempo; e
Modelagem Computacional.
A diversidade dos estudos realizados
vem possibilitando a participação dos alunos
e professores em diversos eventos, nacionais
e internacionais, tais como simpósios,
congressos, feiras e workshops, onde este
grupo tem demonstrado seu potencial,
conquistando vários prêmios (Quadro 1).
O Curso de Meteorologia também vem
prestando consultoria em projetos que
envolvem o uso e aplicação da energia eólica
juntamente com a Universidade Federal
Fluminense (UFF) e o Instituto Luiz Alberto
Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de
Engenharia (COPPE/UFRJ).
Realizam ainda diariamente observações
meteorológicas, nos horários sinóticos das
12:00 e 18:00 (TMG), em uma estação
meteorológica convencional mantida pelo
próprio curso para fins didáticos.
Um outro serviço oferecido pelo Curso é
a previsão diária no Jornal “O Dia” do Rio de
Janeiro, que é feita desde 1999, com grande
êxito, conforme modelo abaixo.
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Quadro 1 - Veja os principais prêmios conquistados pelo Curso do CEFET-RJ nos últimos dois anos:
Primeira colocação geral na área de Meteorologia
da Feira de Exposição de Ciência e Tecnologia de
Alunos de Escolas Técnicas – EXPOTEC 2003 com
o projeto “Escoamento de um Tornado dentro de
um Caixote” desenvolvido pela aluna Patrícia
Borges Coutinho da Silva e orientado pelo
professor Leanderson Marcos da Silva Paiva.
Na EXPOTEC, realizada em 2004 na cidade do Rio
de Janeiro, lograram o primeiro lugar com o
projeto “Uma Análise Qualitativa do Fenômeno
Catarina” desenvolvido pelas alunas Carolina
Pinheiro Mattos, Danielle Rodrigues, Gabriella
Fernades Gachet e Nayane Caldeira, e orientado
pelo professor Leanderson Marcos da Silva Paiva.
Prêmio concedido pela Sociedade Americana de
Meteorologia pelo projeto “Previsão do Tempo
para os Bairros do Rio de Janeiro” desenvolvido
pelos professores Leanderson Marcos da Silva
Paiva e Guilherme Oliveira Chagas durante a
Segunda Edição da Feira Brasileira de Ciências e
Engenharia – FEBRACE em 2004.
Primeira colocação geral, na categoria rigor
científico obtido na FEBRACE, realizada em 2005;
neste mesmo evento receberam ainda o prêmio
”Destaque de Criatividade na Investigação de um
Problema Matemático UM Alpha Theta” da
Sociedade Americana para o projeto de
“Acompanhamento e Previsão de Inversão térmica
para Centros Urbanos” desenvolvido pelos alunos
Rodrigo de Souza Barreto Mathias e Guilherme
Oliveira Chagas, orientados pelo professor
Leanderson Marcos da Silva Paiva.
Professores e alunos na EXPOTEC 2004 ...
... e os Professores Leanderson Paiva (esquerda) e
Guilherme Chagas (direita) premiados na FEBRACE
2004 pela AMS (Americam Meteorological Society).
Para saber mais: http://www.cefet-rj.br/
06 a 10 de Novembro de 2005 - Blue Tree Convention Ibirapuera, São Paulo
http://www.acquaviva.com.br/mudglobais
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Em 14 de outubro de 1980 foi
sancionada, pelo então Presidente João
Baptista de Figueiredo, a Lei de
Regulamentação da Profissão de
Meteorologia (Lei n° 6.835), que foi
publicada no Diário Oficial no dia seguinte.
Ela dispõe sobre o exercício da profissão de
Meteorologista e dá outras providências,
conforme o quadro ao lado (disponível
também em http://www.unemet.al.org.br).
Vinte e cinco anos praticamente se
passaram desde a regulamentação da Lei
profissional do Meteorologista e é terrível
verificar que esta Lei não é cumprida e as
instituições que deveriam fazer esse papel
continuam incapazes de coibir essa
ilegalidade e sem responder às necessidades
dos Meteorologistas do país, fazendo com
que a nossa profissão continue sendo
invadida injustamente por profissionais de
outras áreas, e com isso, a instabilidade e a
insegurança profissional agravem-se com o
tempo.
Mas o efetivo cumprimento da Lei
depende de todos nós: não conseguiremos
que a nossa profissão avance se não
lutarmos por ela, além de exigirmos que os
grilhões burocráticos do sistema
CONFEA/CREA’s cumpram sua obrigação
legal. Assim, esta luta deve ser renhida para
impedir que a nossa profissão seja invadida
por outros profissionais como, por exemplo,
engenheiros civis, agrônomos, físicos,
químicos etc.
Este texto é uma forma de
conscientizar a força que temos, além de
mostrar que é preciso que lutemos
intensamente e deixemos de lado o
pensamento pequeno de sempre aceitarmos
passivamente que outros assumam as
nossas atribuições.
Acreditamos que com o cumprimento
eficaz da Lei de regulamentação, poderemos
fazer com que ocorra um melhor
desenvolvimento da Meteorologia no país, de
forma organizada e profissional, além da
geração de emprego e renda, com
valorização e respeito a nossa profissão.
Gostaríamos de indagar a todos os
colegas Meteorologistas se devemos lutar
para sermos profissionais que honrem e
dignifiquem a nossa profissão ou
continuaremos a ver outros profissionais
ocupando nosso lugares e o que pior
impedindo de atuarmos.
A elaboração deste pequeno texto de
reflexão, só foi possível em decorrência da
existência do esforço constante e pioneiro de
incansáveis professores, pesquisadores e
estudiosos brasileiros, que se debruçaram
durante anos em preocupações
epistemológicas para que tivéssemos uma
Lei que regulamentasse a nossa profissão e
que seus esforços não foram em vão.
A todas que lerem este artigo,
gostaríamos de receber sugestões para que
juntos possamos ampliar essa luta por
nossos interesses profissionais.
Para concluirmos, encerramos esta
reflexão deixando o seguinte pensamento:
“É correto afirmar, e a experiência
histórica confirma, que o possível não
teria sido alcançado se não houvesse
sempre a tentativa de alcançar o
impossível” (Max Weber).
Os Editores
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SAIBA MAIS: LEI Nº 6.835, DE 14 OUTUBRO DE 1980*.
Dispõe sobre o exercício da profissão de Meteorologista, e dá outras providências.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. - É livre o exercício da profissão de Meteorologista em todo o território nacional, observadas as
condições previstas na presente Lei;
a) Aos possuidores de diploma de conclusão de curso superior de Meteorologia, concedido no Brasil, por escola
oficial ou reconhecida e devidamente registrado no órgão próprio do Ministério da Educação e Cultura;
b) Aos possuidores de diploma de conclusão de curso superior de Meteorologia, concedido por instituto
estrangeiro, que revalidem seus diplomas de acordo com a Lei;
c) Aos possuidores de diploma de Bacharel em Física, modalidade Meteorologia, concedido pelo Instituto de
Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro e devidamente registrado no órgão próprio do Ministério
da Educação e Cultura;
d) Os meteorologistas que ingressaram no serviço público mediante concurso público e que sejam portadores de
diploma de um dos cursos superiores de Física, Geografia, Matemática e Engenharia;
e) Os meteorologistas não-diplomados que, comprovadamente, tenham exercido ou estejam exercendo, por mais
de 3 (três) anos, funções de Meteorologista em entidades públicas ou privadas, e que requeiram os
respectivos registros, dentro do prazo de 1 (um) ano, a contar da data da publicação da presente Lei.
Art. - O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA é o órgão superior da
fiscalização profissional.
Art. - O registro profissional será requerido aos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia - CREAs.
§ - Aos meteorologistas referidos nas alíneas "a", "b" e "c" do artigo 1º, após cumpridas as exigências da Lei,
serão expedidas carteiras profissionais pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia -
CREA.
§ - Aos meteorologistas referidos na alínea "d" do artigo 1º, após cumpridas as exigências da Lei, serão feitas
as respectivas anotações em suas carteiras profissionais.
§ - Aos meteorologistas referidos na alínea "e" do artigo 1º serão expedidos documentos hábeis pelo Conselho
Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREA, equivalentes à carteira profissional, que lhes
assegure o pleno exercício da profissão.
Art. 4º - Todo aquele que exercer a função de meteorologista em entidade pública ou privada fica obrigado ao
uso da carteira profissional de meteorologista ou ao respectivo registro, de acordo com a Lei.
Art. - Satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino, é prerrogativa do meteorologista o
exercício do magistério das disciplinas constantes dos currículos dos cursos de Meteorologia em
escolas oficiais ou reconhecidas.
Art. - Os técnicos de Meteorologia diplomados pelas Escolas Técnicas de grau médio, oficiais ou
reconhecidas, cujo diploma ou certificado esteja registrado nas repartições competentes, só poderão
exercer suas funções ou atividades após registro nos CREAs.
Parágrafo único - As atribuições dos graduados referidos neste Artigo serão regulamentadas pelo CONFEA,
tendo em vista seus currículos e grau de escolaridade.
Art. 7º - São atribuições do meteorologista:
a) Dirigir órgãos, serviços, seções, grupos ou setores de Meteorologia em entidade pública ou privada;
b) Julgar e decidir sobre tarefas científicas e operacionais de Meteorologia e respectivos instrumentais;
c) Pesquisar, planejar e dirigir a aplicação da Meteorologia nos diversos campos de sua utilização;
d) Executar previsões meteorológicas;
e) Executar pesquisas em Meteorologia;
f) Dirigir, orientar e controlar projetos científicos em Meteorologia;
g) Criar, renovar e desenvolver técnicas, métodos e instrumental em trabalhos de meteorologia;
h) Introduzir técnicas, métodos e instrumental em trabalhos de Meteorologia;
i) Pesquisar e avaliar recursos naturais na atmosfera;
j) Pesquisar e avaliar modificações artificiais nas características do tempo;
l) Atender a consultas meteorológicas e suas relações com outras ciências naturais;
m) Fazer perícias, emitir pareceres e fazer divulgação técnica dos assuntos referidos nas alíneas anteriores.
Art. 8º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 9º - Revogam-se as disposições em contrário.
JOÃO FIGUEIREDO
Presidente da República
* Publicada no D.O.U. DE 15 OUT 1980 - Seção I - Pág. 20.609.
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