Download PDF
ads:
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
FLÁVIO BRACALE BRANDESPIM
Características fisico-químicas e celulares na secreção
láctea de caprinos da raça Saanen durante o processo de
secagem da glândula mamária
São Paulo
2007
ads:
FLÁVIO BRACALE BRANDESPIM
Características fisico-químicas e celulares na secreção
láctea de caprinos da raça Saanen durante o processo de
secagem da glândula mamária
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Clínica Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Medicina Veterinária
Departamento:
Clínica Médica
Área de concentração:
Clínica Veterinária
Orientador:
Prof. Dr. Eduardo Harry Birgel Junior
São Paulo
2007
Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome: BRANDESPIM, Flávio Bracale
Título: Características fisico-químicas e celulares na secreção láctea de caprinos da raça
Saanen durante o processo de secagem da glândula mamária
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Clínica Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Medicina
Veterinária
Data: ____/____/____
Banca Examinadora
Prof. Dr. ________________________ Instituição: ____________________
Assinatura: ________________________ Julgamento: ____________________
Prof. Dr. ________________________ Instituição: ____________________
Assinatura: ________________________ Julgamento: ____________________
Prof. Dr. ________________________ Instituição: ____________________
Assinatura: ________________________ Julgamento: ____________________
Dedico esta dissertação à minha
querida Ana Paula, uma pessoa
que entrou em minha vida para
mudá-la para sempre, para me
mostrar a beleza de estar vivo.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, que sempre serão meus ídolos, por terem lutado todos esses anos
para dar as melhores oportunidades para mim e meus irmãos e por nunca deixarem
faltar o que é mais importante: amor.
À Ana Paula, minha eterna companheira, por ter estado do meu lado nessas
aventuras todas que vivenciamos até aqui. Sua presença ao meu lado trouxe um
brilho para minha vida que jamais terei como retribuir.
À toda minha família: irmãos, tios, avós e primos.
Ao meu Tio Artur Vicente (in memoriam) por ter sido uma pessoa maravilhosa, um
exemplo a ser seguido e por ter me ensinado a dirigir lá em Peruíbe.
Ao André e à Nury, amigos inseparáveis que fizeram companhia por essas
aventuras no mundo da veterinária! Sem eles não teria metade da graça! Nunca
esquecerei daquela semana de julho, cuidando das cabras no hospital. Jamais
esquecerei vocês!
À Dona Geny Isabel, Seu Laercio, Dona Ruth e Seu Ulderigo, toda família da Ana
Paula, que sempre me recebeu com muito carinho lá em Santos.
A todos os cães que já fizeram parte da minha família, verdadeiros amigos que
jamais esquecerei.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Harry Birgel Junior, pelos ensinamentos
passados nesses anos todos.
Ao Prof. Fernando José Benesi por toda a ajuda prestada, muito além de qualquer
obrigação, durante a residência e todo período que passei na faculdade.
À Profa. Dra. Lilian Gregory por tantas conversas divertidas e pelo incentivo durante
a graduação.
À Profa. Dra. Alice Della Libera por ser um exemplo a ser seguido, pelos
ensinamentos da veterinária e pelas excelentes conversas.
À Profa. Dra. Solange Gennari e ao Prof. Dr. Rodrigo Soares por terem ministrado a
melhor disciplina que freqüentei durante o curso de pós-graduação.
Ao Prof. Dr. Idércio Sinhorini por ter me mostrado a beleza da fotografia durante sua
disciplina da pós-graduação.
À Cláudia do Laboratório de Imunologia do Departamento de Clínica Médica, cuja
ajuda foi fundamental para a conclusão dos exames microbiológicos.
Á todos os funcionários da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP
pela ajuda nas aulas e pela agradável convivência nesses anos.
Aos funcionários do Hospital de Bovinos e Pequenos Ruminantes (Maria, Elias,
Luisinho, Francisco e Edson), que tanto me ajudaram no ano da residência.
Aos funcionários da biblioteca, que sempre trabalharam com muita eficiência e me
trataram muito bem.
À Carmem pela ajuda com o material de laboratório.
À todos os professores da veterinária, cursinho e escola, que tão prontamente me
ajudaram nesses anos todos, sempre prontos para ensinar algo mais.
Aos meus colegas de pós-graduação: Raquel, Fernanda, Fabio, Tio Chico, Daniela,
Humberto e Sandra.
Aos meus amigos de longa data, Luciano, Martin e Mário, protagonistas de histórias
da infância e adolescência.
Ao Rodrigo Norberto. Um grande amigo, uma pessoa cheia de energia e
inesquecível,
À Graziela (in memorian), uma pessoa cheia de luz e alegria, que nunca será
esquecida.
Às amigas da 69: Juliana Nogueira e Mariana Abe.
Aos amigos da 70, estagiários da minha residência.
A todos os meus colegas da 65ª Turma da FMVZ, pessoas inesquecíveis que farão
parte da minha vida para sempre, principalmente os amigos da turma A. Jamais
esquecerei de tudo que vivenciamos nos cinco anos que estudamos juntos, das
aulas, dos passeios, de toda nossa história, que ainda está sendo escrita.
Ao Campus de Pirassununga, protagonista de alguns dos momentos mais felizes e
inesquecíveis da minha vida.
À cidade de Santos, um lugar paradisíaco em que a vida tem mais brilho e energia.
Meu futuro lar.
À CAPES, pela bolsa de mestrado concedida.
“Viver é a coisa mais rara do mundo.
A maioria das pessoas apenas existe.”
(Oscar Wilde)
RESUMO
BRANDESPIM, F. B. Características fisico-químicas e celulares na secreção
láctea de caprinos da raça Saanen durante o processo de secagem da glândula
Mamária. [Physico-chemical and cellular characteristics on milk secretion of Saanen
goats during the mammary gland drying off]. 2007. 157 f. Dissertação (Mestrado em
Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2007.
Para avaliar a influência do processo de secagem da glândula mamária sobre as
características físico-químicas e celulares da secreção láctea foram avaliadas 216
amostras provenientes de 27 glândulas mamárias de 15 cabras da raça Saanen
consideradas sadias, sendo que essas mamas foram separadas de acordo com o
resultado do exame microbiológico da secreção láctea, caracterizando dois grupos:
com e sem isolamento bacteriano, composto por 17 e 10 mamas, respectivamente.
A partir do dia da interrupção da ordenha e em mais sete momentos (1, 3, 5, 7, 10,
15 e 30 dias após o início da secagem) foi feita a inspeção e a palpação das
glândulas mamárias e posterior avaliação do aspecto da secreção láctea.
Imediatamente após o exame clínico foram colhidas amostras de leite para a
realização do exame microbiológico e das determinações das características físico-
químicas e celulares (pH, eletrocondutividade, cloreto, lactose, proteínas, gordura,
sólidos totais, índice cloreto/lactose, California Mastitis Test (CMT) e contagem de
células somáticas). As glândulas mamárias apresentaram sua maior distensão no
terceiro dia após a interrupção da ordenha, mesmo período em que foi possível
observar o aparecimento de edema na base dos tetos e em toda a glândula,
desaparecendo após o quinto dia, quando teve início a involução do úbere e a
freqüência de mamas distendidas começou a declinar, sendo que ao final do
processo 37,04% das mamas observadas eram classificadas como não distendidas.
A secreção láctea inicial com aspecto de leite foi substituída a princípio por uma de
coloração creme clara e mais tardiamente por uma de aspecto aquoso, sendo que
ao final do processo as duas últimas eram mais observadas que a com aspecto de
leite. Apenas o pH, a eletrocondutividade, os teores de cloretos, lactose, proteínas e
índice cloreto/lactose sofreram uma significativa influência do processo de secagem,
sendo que os valores do pH, eletrocondutividade, cloretos, proteínas e índice
cloreto/lactose aumentaram e os valores de lactose declinaram. O CMT também
sofreu uma influência do processo de secagem, mais especificamente as respostas
“traços” e “duas cruzes”. Estas, de maneira geral, aumentaram no decorrer da
secagem, sendo que no último momento de colheita ocorreu uma queda na
freqüência da resposta “traços” e a freqüência da resposta “duas cruzes” teve uma
pequena diminuição no meio do processo. Ainda foi observado que, apesar de
existirem diferenças estatísticas significativas entre valores das características físico-
químicas e celulares das amostras de secreção láctea com e sem isolamento
bacteriano, as diferenças são isoladas e limitadas a algumas características
estudadas, impossibilitando afirmar que o processo de secagem dos dois grupos
difere de maneira significativa.
Palavras-chave: Caprinos. Secagem (processo). Glândula mamária de animal.
Secreção láctea caprina. Físico-químicas (características). Células somáticas
ABSTRACT
BRANDESPIM, F. B. Physico-chemical and cellular characteristics on milk
secretion of Saanen goats during the mammary gland drying off.
[Características fisico-químicas e celulares na secreção láctea de caprinos da raça
Saanen durante o processo de secagem da glândula mamária]. 2007. 157f.
Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
To evaluate the influence of the mammary gland drying off on the physiochemical
and cellular characteristics in the milk secretion they were appraised 216 coming
samples of 27 mammary glands of 15 Saanen goats considered healthy, those
mammas were separate in agreement with the result of the microbiological test of the
milky secretion characterizing two groups: one with 17 mammas without bacterial
isolation and other with 10 mammas that presented positive bacterial isolation.
Starting from the day of the interruption of the milking and in more seven moments
(1, 3, 5, 7, 10, 15 and 30 days after the beginning of the drying off) it was made the
inspection and palpation of the mammary glands with subsequent evaluation of the
aspect of the milky secretion. Immediately after the exam they were picked samples
of milk for the accomplishment of the microbiological test and of the determinations of
the physiochemical and cellular characteristics (pH, electrical conductance, chloride,
lactose, proteins, fat, total solids, chloride/lactose ratio, California Mastitis Test (CMT)
and somatic cell count). The mammary glands presented its largest distention in the
third day after the milking interruption, same period in that was possible to observe
the edema emergence in the teats base and in the whole gland, that disappeared
after the fifth day, when involution of the udder begins and the frequency of distended
mammas began to refuse, and at the end of the process 37,04% of the observed
mammas they were classified as no distended. The initial milky secretion with aspect
of milk was substituted at first for one of coloration cream clear and, so late, for one
of aqueous aspect, and in the end of the process those two last they were more
observed that the secretion with aspect of milk. Just the pH, electrical conductance,
chloride, lactose, proteins and chloride/lactose ratio suffered a significant influence of
the drying off, and the values of the pH, electrical conductance, chloride, proteins and
chloride/lactose ratio increased and the lactose values refused. CMT also suffered an
influence of the drying off, more specifically the answers "lines" and "two crosses."
These, in a general way, increased in elapsing of the drying off, and in the last
moment studied it happened a fall in the frequency of the answer "lines" and the
frequency of the answer "two crosses" had a small decrease in the middle of the
process. It was still observed that in spite of significant statistical differences exist
among values of the physiochemical and cellular characteristics of the samples of
milky secretion with isolation and without bacterial isolation, the differences are
punctual and limited to some studied characteristics, disabling to affirm that the
process of drying of the two groups differs in a significant way.
Key-words: Goats. Drying off (process). Physico-chemical (characteristics). Animal
mammary gland. . Somatic cells.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1.1 –
Rebanho de caprinos do mundo, divididos por países – FAO –
2005...........................................................................................................
34
Quadro 1.2 – Rebanho de caprinos, com aptidão leiteira do mundo divididos por
países – FAO – 2005.........................................................................
34
Quadro 1.3 – Toneladas de leite caprino produzido no ano de 2005 divididos por
países................................................................................................
35
Quadro 3.1 – Interpretação do exame de plenitude e distensão da glândula
mamária (Fonte: modificado de EWBANK, 1963).............................
69
Quadro 3.2 – Interpretação do exame de plenitude e distensão dos tetos............
69
Quadro 3.3 – Interpretação do exame de edema da glândula mamária.................
69
Quadro 3.4 – Interpretação do exame de fundo escuro para avaliar o aspecto da
secreção láctea..................................................................................
70
Quadro 3.5
Interpretação do California Mastitis Test (CMT) para caprinos
(SCHALM; CARROLL; JAIN, 1971)...................................................
73
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Grupo de alvéolos da glândula mamária de uma cabra (Fonte:
STABENFELDT; DAVIDSON, 2004).................................................
40
Figura 2.2 – Descrição do úbere de uma cabra, com os tecidos alveolares, a
cisterna glandular e seus grandes ductos, cisterna da teta, e o
canal da teta. (Fonte: STABENFELDT; DAVIDSON, 2004)..............
41
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 4.1 – Influência do processo de secagem da glândula mamária na
ocorrência dos diferentes graus de plenitude e distensão da
mama de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007...................
76
Gráfico 4.2 – Influência do processo de secagem da glândula mamária na
ocorrência dos diferentes graus de plenitude e distensão do teto
de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007..............................
79
Gráfico 4.3 – Influência do processo de secagem da glândula mamária na
ocorrência dos diferentes graus de edema de úbere de cabras da
raça Saanen – São Paulo – 2007....................................................
82
Gráfico 4.4 – Influência do processo de secagem da glândula mamária na
ocorrência dos diferentes aspectos da secreção láctea de cabras
da raça Saanen – São Paulo – 2007...............................................
85
Gráfico 4.5 –
A
valiação da influência do processo de secagem da glândula
mamária nos valores médios de pH da secreção láctea de cabras
da raça Saanen – São Paulo – 2007................................................
87
Gráfico 4.6 –
A
valiação da influência do processo de secagem da glândula
mamária nos valores médios de eletrocondutividade da secreção
láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007...................
89
Gráfico 4.7 –
Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária
nos valores médios dos teores de cloretos da secreção láctea de
cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007...........................................
91
Gráfico 4.8 –
Avaliação da influência do processo de secagem da glândula
mamária nos valores médios dos teores de lactose da secreção
láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007.................
93
Gráfico 4.9 –
A
valiação da influência do processo de secagem da glândula
mamária nos valores médios do índice cloreto/lactose da
secreção láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007.
95
Gráfico 4.10 – Avaliação da influência do processo de secagem da glândula
mamária nos valores medos de gordura da secreção láctea de
cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007................................
97
Gráfico 4.11 –
A
valiação da influência do processo de secagem da glândula
mamária nos valores médios de proteína da secreção láctea de
cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007................................
99
Gráfico 4.12 –
A
valiação da influência do processo de secagem da glândula
mamária nos valores médios de sólidos totais da secreção
láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007................
101
Gráfico 4.13 – Avaliação da influência do processo de secagem da glândula
mamária no número médio de células somáticas da secreção
láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007...............
103
Gráfico 4.14 –
A
valiação da influência da presença de isolamento bacteriano
durante o processo de secagem nos valores do pH da secreção
láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007................
107
Gráfico 4.15 –
A
valiação da influência da presença de isolamento bacteriano
durante o processo de secagem nos valores da
eletrocondutividade da secreção láctea de cabras da raça
Saanen – São Paulo – 2007.........................................................
109
Gráfico 4.16 –
A
valiação da influência da presença de isolamento bacteriano
durante o processo de secagem nos teores de cloreto da
secreção láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007.
111
Gráfico 4.17 – Avaliação da influência da presença de isolamento bacteriano
durante o processo de secagem nos teores de lactose da
secreção láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007
113
Gráfico 4.18 –
A
valiação da influência da presença de isolamento bacteriano
durante o processo de secagem no índice cloreto/lactose da
secreção láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007.
115
Gráfico 4.19 –
A
valiação da influência da presença de isolamento bacteriano
durante o processo de secagem no teor de gordura da
secreção láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007.
118
Gráfico 4.20 –
A
valiação da influência da condição de saúde da glândula
mamária durante o processo de secagem no teor de proteína
da secreção láctea de cabras da raça Saanen – São Paulo
2007..............................................................................................
120
Gráfico 4.21 –
A
valiação da influência da condição de saúde da glândula
mamária durante o processo de secagem no teor de sólidos
totais da secreção láctea de cabras da raça Saanen – São
Paulo – 2007................................................................................
122
Gráfico 4.22 –
A
valiação da influência da condição de saúde da glândula
mamária durante o processo de secagem no número de células
somáticas da secreção láctea de cabras da raça Saanen – São
Paulo – 2007................................................................................
124
Gráfico 4.23 – Ocorrência dos resultados do California Mastitis Test (CMT) da
secreção láctea de cabras da raça Saanen sem isolamento
bacteriano durante o processo de secagem da glândula
mamária – São Paulo – 2007.......................................................
126
Gráfico 4.24 – Ocorrência dos resultados do California Mastitis Test (CMT) da
secreção láctea de cabras da raça Saanen com isolamento
bacteriano durante o processo de secagem da glândula
mamária – São Paulo – 2007.......................................................
127
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 Constituição dos grupos experimentais para avaliar as
características físico-químicas e celulares na secreção láctea de
cabras da raça Saanen durante o processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007...........................................
66
Tabela 4.1 – Resultados obtidos na avaliação do grau de plenitude e distensão
da mama, por palpação, durante a evolução do processo de
secagem da glândula mamária de cabras da raça Saanen - São
Paulo – 2007....................................................................................
77
Tabela 4.2 Resultados obtidos na avaliação do grau de distensão dos tetos,
por palpação, durante a evolução do processo de secagem da
glândula mamária de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007
80
Tabela 4.3 Resultados obtidos na avaliação do grau de edema da mama
durante a evolução do processo de secagem da glândula
mamária de cabras da raça Saanen - São Paulo – 2007...............
83
Tabela 4.4 Resultados obtidos na avaliação do aspecto da secreção láctea
presente na mama, durante a evolução do processo de secagem
da glândula mamária de cabras da raça Saanen – São Paulo –
2007.................................................................................................
86
Tabela 4.5 Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e
amplitude de variação, dos valores de pH da secreção láctea de
cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007..
88
Tabela 4.6 Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e
amplitude de variação, dos valores de eletrocondutividade da
secreção láctea de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo
a evolução do processo de secagem da glândula mamária – São
Paulo – 2007...................................................................................
90
Tabela 4.7 Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e
amplitude de variação, dos teores de cloretos da secreção láctea
de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do
processo de secagem da glândula mamária - São Paulo – 2007...
92
Tabela 4.8 Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e
amplitude de variação, dos teores de lactose da secreção láctea
de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007..
94
Tabela 4.9 Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e
amplitude de variação dos valores do índice cloreto/lactose da
secreção láctea de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo
a evolução do processo de secagem da glândula mamária – São
Paulo – 2007....................................................................................
96
Tabela 4.10 Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e
amplitude de variação dos valores de gordura na secreção láctea
de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007..
98
Tabela 4.11 Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e
amplitude de variação dos valores de proteína da secreção láctea
de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007..
100
Tabela 4.12 Média, desvio padrão, coeficiente de variação (CV) e amplitude
de variação dos teores de sólidos totais da secreção láctea de
cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007..
102
Tabela 4.13 Média, desvio padrão, coeficiente de variação (CV) e amplitude
de variação do número de células somáticas da secreção láctea
de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007.
104
Tabela 4.14 Freqüência dos graus de intensidade da reação do California
Mastitis Test (CMT) na secreção láctea de cabras da raça
Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de
secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007.......................
106
Tabela 4.15 – Valores de pH (expressos pela média ± desvio padrão e
mediana) na secreção láctea de mamas sem e com isolamento
bacteriano de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a
evolução do processo de secagem da glândula mamária – São
Paulo – 2007...................................................................................
108
Tabela 4.16 – Valores de eletrocondutividade (expressos pela média ± desvio
padrão e mediana) na secreção láctea de mamas sem e com
isolamento bacteriano de cabras da raça Saanen, distribuídos
segundo a evolução do processo de secagem da glândula
mamária – São Paulo – 2007..........................................................
110
Tabela 4.17 – Valores de cloretos (expressos pela média ± desvio padrão e
mediana) na secreção láctea de mamas sem e com isolamento
bacteriano de cabras da raça Saanen, distribuídos a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007..
112
Tabela 4.18 Valores de lactose (expressos pela média ± desvio padrão e
mediana) na secreção láctea de mamas sem e com isolamento
bacteriano de cabras da raça Saanen, distribuídos a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007..
114
Tabela 4.19 – Valores do índice cloretos/lactose (expressos pela média ±
desvio padrão e mediana) na secreção láctea de mamas sem
isolamento e com isolamento de cabras da raça Saanen,
distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária - São Paulo – 2007............................................
116
Tabela 4.20 Valores de gordura (expressos pela média ± desvio padrão e
mediana) na secreção láctea de mamas sem e com isolamento
bacteriano de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a
evolução do processo de secagem da glândula mamária – São
Paulo – 2007...................................................................................
118
Tabela 4.21 Valores de proteína (expressos pela média ± desvio padrão e
mediana) na secreção láctea de mamas sem e com isolamento
de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007..
120
Tabela 4.22 – Valores de sólidos totais (expressos pela média ± desvio padrão
e mediana) na secreção láctea de mamas sem isolamento e com
isolamento de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a
evolução do processo de secagem da glândula mamária – São
Paulo – 2007...................................................................................
123
Tabela 4.23 – Valores do número de células somáticas (expressos pela média ±
desvio padrão e mediana) na secreção láctea de mamas sem e
com isolamento de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo
a evolução do processo de secagem da glândula mamária – São
Paulo – 2007...................................................................................
125
Tabela 4.24 – Freqüências das reações classificadas como negativas do
California Mastitis Test - CMT na secreção láctea de mamas sem
e com isolamento bacteriano de cabras da raça Saanen,
distribuídas segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007...........................................
128
Tabela 4.25 Freqüências das reações, classificadas como meia e uma cruz,
do California Mastitis Test - CMT na secreção láctea de mamas
sem e com isolamento bacteriano de cabras da raça Saanen,
distribuídas segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007...........................................
129
Tabela 4.26 Freqüências das reações, classificadas como duas e três cruzes,
do California Mastitis Test - CMT na secreção láctea de mamas
sem e com isolamento bacteriano de cabras da raça Saanen,
distribuídas segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007...........................................
130
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
cap. capítulo
céls/ml células por mililitro
Cl
-
cloro
CCS contagem de células somáticas
CMT California Mastitis Test
CV coeficiente de variação
DNA ácido desoxirribonucleico
EST extrato seco total
f. folhas
FIL feedback inhibitor of lactation
FMVZ Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
g% gramas por cento
g/dl grama por decilitro
g/l grama por litro
g/Kg gramas por quilograma
GLM general linear models
H
+
íon hidrogênio
IGF fator de crescimento semelhante à insulina
IGFBP proteína
IgG imunoglobulina da classe G
K
+
íon potássio
Kw produto iônico da água
LDL lipoproteína de baixa densidade
m metro
mg/l miligrama por litro
μl microlitro
μm micrômetro
ml mililitro
mm milímetros
μS/cm microSiemens por centímetro
mS/cm miliSiemens por centímetro
mMol/l milimol por litro
Nº número
Na
+
íon sódio
nm namômetro
OH
-
hidroxila
p. página
pat. parte
pH potencial hidrogeniônico
RNA ácido ribonucleico
ST sólidos totais
USP Universidade de São Paulo
v. volume
LISTA DE SÍMBOLOS
% porcentagem
µ micro
K kapa
Β beta
α alfa
º grau
minuto
’ ’ segundo
ºC grau Celsius
®
marca registrada
N normal
= igual
x multiplicação
* asterisco
p nível de significância
> maior
menor ou igual
± mais ou menos
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO...........................................................................................
33
2
REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................
39
2.1 Anatomia da glândula mamária de cabras.................................................
39
2.2 Importância do período Seco.....................................................................
42
2.3 Fisiologia da glândula mamária durante o período seco...........................
43
2.3.1
Involução ativa........................................................................................
46
2.3.2
Involução constante.................................................................................
48
2.3.3
Lactogênese ou Colostrogênese............................................................
49
2.4 Características físico-químicas da secreção láctea...................................
50
2.4.1
Concentração hidrogeniônica (pH).......................................................
50
2.4.2
Eletrocondutividade.................................................................................
52
2.4.3
Cloretos.....................................................................................................
53
2.4.4
Lactose......................................................................................................
54
2.4.5
Sólidos totais............................................................................................
55
2.4.6
Proteína.....................................................................................................
56
2.4.7
Gordura.....................................................................................................
57
2.5 Características celulares da secreção láctea.............................................
60
3
MATERIAIS E MÉTODO...........................................................................
65
3.1 Considerações gerais................................................................................
65
3.2 Grupos experimentais................................................................................
65
3.3 Manejo dos animais...................................................................................
67
3.4 Colheitas....................................................................................................
67
3.5 Exame dos animais....................................................................................
68
3.5.1
Avaliação da glândula mamária e da secreção láctea..........................
68
3.6 Determinações realizadas nas amostras de leite......................................
70
3.6.1
Determinação da concentração hidrogeniônica (pH)...........................
70
3.6.2
Determinação dos valores de eletrocondutividade no leite............
70
3.6.3
Determinação dos valores de cloretos no leite...............................
71
3.6.4 Determinação dos valores de gordura, lactose, proteína e sólidos
totais..........................................................................................................
71
3.6.5
Determinação do índice cloretos/lactose..............................................
72
3.6.6
Prova de Schalm e Noorlander – California Mastitis Test (CMT)........
72
3.6.7
Contagem eletrônica do número de células somáticas.......................
73
3.6.8
Exame microbiológico............................................................................
74
3.7 Análise Estatística......................................................................................
74
4
RESULTADOS...........................................................................................
75
4.1 Avaliação do exame clínico da glândula mamária de cabras da raça
Saanen, durante a evolução do processo de secagem da mama.............
75
4.1.1 Avaliação da influência do processo de secagem na plenitude e
75
distensão da glândula mamária.............................................................
4.1.2 Avaliação da influência do processo de secagem na plenitude e
distensão dos tetos..................................................................................
78
4.1.3 Avaliação da influência do processo de secagem no edema de
glândula mamária.....................................................................................
80
4.1.4 Avaliação da influência do processo de secagem na ocorrência de
ejeção espontânea de secreção láctea..................................................
82
4.1.5 Avaliação da influência do processo de secagem no aspecto da
secreção láctea........................................................................................
83
4.2 Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária
nas características físico-químicas e celulares da secreção láctea de
cabras da raça Saanen..............................................................................
85
4.2.1 Avaliação da influência do processo de secagem nos valores de
pH da secreção láctea......................................................................
86
4.2.2 Avaliação da influência do processo de secagem nos valores de
eletrocondutividade da secreção láctea................................................
87
4.2.3 Avaliação da influência do processo de secagem nos teores de
cloretos da secreção láctea....................................................................
89
4.2.4 Avaliação da influência do processo de secagem nos teores de
lactose da secreção láctea.....................................................................
91
4.2.5 Avaliação da influência do processo de secagem no índice
cloreto/lactose da secreção láctea.........................................................
93
4.2.6 Avaliação da influência do processo de secagem no teor de
gordura da secreção láctea.............................................................
95
4.2.7 Avaliação da influência do processo de secagem no teor de
97
proteína da secreção láctea....................................................................
4.2.8 Avaliação da influência do processo de secagem no teor de
sólidos totais da secreção láctea.........................................................
100
4.2.9 Avaliação da influência do processo de secagem no número de
células somáticas da secreção láctea.................................................
101
4.2.10 Avaliação da influência do processo de secagem no resultado do
California Mastitis Test da secreção láctea..........................................
104
4.3 Avaliação da influência da presença de isolamento bacteriano, durante
o processo de secagem, nas características físico-químicas e celulares
da secreção láctea de cabras da raça Saanen..........................................
108
4.3.1 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no pH da
secreção láctea........................................................................................
108
4.3.2 Avaliação da influência do isolamento bacteriano na
eletrocondutividade da secreção láctea................................................
109
4.3.3 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no teor de
cloretos da secreção láctea....................................................................
111
4.3.4 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no teor de
lactose da secreção láctea......................................................................
113
4.3.5 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no índice
cloretos/lactose da secreção láctea......................................................
115
4.3.6 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no teor de
gordura da secreção láctea.....................................................................
118
4.3.7 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no teor de
proteína da secreção láctea....................................................................
120
4.3.8 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no teor de
122
sólidos totais da secreção láctea.......................................................
4.3.9 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no número de
células somáticas da secreção láctea...................................................
124
4.3.10 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no resultado do
California Mastitis Test da secreção láctea...........................................
126
5
DISCUSSÃO..............................................................................................
132
5.1 Características físico-químicas da secreção láctea de cabras durante o
processo de secagem................................................................................
132
5.2 Exame Clínico da Glândula Mamária durante o Processo de Secagem...
138
5.3 Influência da presença de isolamento bacteriano nas características
físico-químicas e celulares da secreção láctea de cabras durante o
processo de secagem................................................................................
142
6
CONCLUSÕES..........................................................................................
146
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................
149
33
1 INTRODUÇÃO
A cabra foi um dos primeiros animais a ser domesticado pelo homem com o
intuito de produzir alimento. Esta domesticação teve início há dez mil anos, nas
montanhas Zagros, localizadas ao oeste do que hoje é o Irã (ZEDER; HESSER,
2000). A cabra doméstica é a Capra hircus que descende, provavelmente, da Capra
aegragus da Pérsia e Ásia menor, Capra falconeri do Himalaia e Capra prisca da
bacia do Mediterrâneo (RIBEIRO, 1997).
No Brasil a criação de caprinos teve início entre os séculos XVI e XVIII com a
introdução de uma centena de animais não padronizados, ou seja, sem raça
definida. Somente no século XIX as raças modernas começaram a aparecer no País,
com a chegada de cerca de mil animais da raça Alpina, mil da raça Saanen e suas
variedades, quinhentos animais Toggenbourg, quinhentos animais da Anglo-
Nubiana, duas centenas de Angorás e uma centena da raça Murciana. Alguns
poucos animais das raças Boer, Cachemire, Dwarf e outras foram trazidos também
(MACHADO, 1996).
O rebanho caprino no ano de 2006 foi estimado em 11.460.735 animais
(ANUALPEC, 2006). Deste total, 92,78% estão na região Nordeste, 2,38% no
Sudeste, 1,46% no Norte, 2,27% no Sul e 1,11% no Centro-Oeste. Segundo dados
da FAO (2005), o Brasil possuía o décimo quinto maior rebanho caprino do mundo
no ano de 2005, com dez milhões e setecentos mil animais (Quadro 1.1) sendo que
quatro milhões e meio destes animais são de aptidão leiteira (Quadro 1.2),
correspondendo a 42,05% do rebanho nacional e colocando o País como o oitavo
maior rebanho de caprinos leiteiros do mundo.

34
Colocação País Número de cabeças
1º
China 195.758.954
2º
Índia 120.000.000
3º
Paquistão 56.700.000
4º
Sudão 42.000.000
5º
Bangladesh 36.900.000
6º
Nigéria 28.000.000
7º
República Islâmica do Irã 26.500.000
8º
Quênia 13.882.600
9º
Indonésia 13.182.100
10º
Somália 12.700.000
15º
Brasil 10.700.000
Quadro 1.1 – Rebanho de caprinos do mundo, divididos por países – FAO – 2005
Colocação País Número de cabeças
1º
Índia 23.800.000
2º
Sudão 20.000.000
3º
Bangladesh 17.700.000
4º
República Islâmica do Irã 12.700.000
5º
Paquistão 7.700.000
6º
Somália 6.580.000
7º
Indonésia 5.500.000
8º
Brasil 4.500.000
9º
Mali 3.976.500
10º
Grécia 3.800.000
Quadro 1.2 – Rebanho de caprinos, com aptidão leiteira do mundo divididos por
países – FAO – 2005
Segundo dados do ANUALPEC (2006), pode-se observar uma tendência de
crescimento do rebanho caprino, que vem aumentando desde o ano de 2003, sendo
que entre 2005 e 2006 o aumento foi de 6,32%.
35
Apesar da grande maioria dos caprinos concentrarem-se na região Nordeste,
estimativas mostram que a região Sudeste é responsável por 54,3% da produção de
leite caprino processada por laticínios, que gira em torno de 7.920.000 litros de leite
por ano (COSTA, [200_?]). Isso se deve principalmente a uma cadeia produtiva
organizada e utilização de animais de raças leiteiras especializadas, tais como
Saanen, Alpina e Toggenbourg criados em manejo intensivo (BORGES, 2003). O
Nordeste, por sua vez, possui grande maioria de animais sem raça definida.
Segundo estimativas da FAO (2005) observadas no quadro 1.3, a produção de leite
caprino no Brasil durante o ano de 2005 foi de 135.000.000 quilos, apenas a décima
oitava do mundo e 1,08% do total produzido, mostrando a grande diferença entre
leite produzido e leite processado. Corroborando essas informações, Nogueira e De
Mello (2005) informaram que no sudoeste paulista 79% do leite produzido é
comercializado de maneira informal, 12% da produção é destinada a intermediários
e apenas 9% têm como destino a indústria de laticínios.
Colocação País Toneladas de leite caprino/ano
1º
Índia 2.700.000
2º
Bangladesh 1.416.000
3º
Sudão 1.295.000
4º
Paquistão 675.000
5º
França 587.000
6º
Grécia 495.000
7º
Espanha 482.903
8º
Somália 393.500
9º
República Islâmica do Irã 365.000
10º
Ucrânia 266.455
18º
Brasil 135.000
Quadro 1.3 – Toneladas de leite caprino produzido no ano de 2005 divididos por
países. (Fonte: FAO 2005)
Ao observarmos o destino do leite de cabra no mercado, podemos detectar
uma divisão desigual, com 93% para o mercado de leite fluído, 4% para o leite em
pó e 3% para queijos, doces e iogurtes (COSTA, [200_?]). Entretanto, Cordeiro
(2006) atentou para o surgimento de novos mercados para o leite caprino no Brasil,
crescendo cada vez mais sua utilização na fabricação de sorvetes, cosméticos e, em
36
especial, de iogurte, que apresenta grande aceitação, baixo custo de produção e
sem necessidade de equipamentos sofisticados, sendo de fácil preparação.
Pode-se destacar três principais mercados para o leite caprino: consumo
caseiro; derivados de leite, que apresenta grande aumento da demanda,
principalmente em países desenvolvidos e por fim pessoas que apresentam alergia
ao leite bovino ou distúrbios gastrointestinais (HAENLEIN, 2004). Cerca de 2,5% de
crianças com até 3 anos de idade podem apresentar alergia ao leite bovino
(BUSINCO; BELLANTI, 1993). Na Itália (LOTHE et al.
1
, 1982 apud HAENLEIN,
2004, p.157) foi encontrado um índice de 3% em crianças até 2 anos com alergia ao
leite bovino, sendo que a substituição do leite bovino pelo caprino resolveu 30% a
40% dos casos. Haenlein (2004) relatou que estudos franceses encontraram
resultados positivos em 93% dos casos de alergia ao leite bovino tratados com leite
caprino.
Dentre as qualidades do leite caprino ainda podemos citar como vantagens
para crianças que consomem leite de cabra em substituição ao leite bovino um maior
ganho de peso e altura, maior mineralização do esqueleto e maior concentração de
vitamina A, cálcio, tiamina, riboflavina, niacina e hemoglobina no sangue (MACK
2
,
1952 apud HAENLEIN, 2004, p.157).
Em um estudo, Alferez e colaboradores (2001) concluiram que o consumo de
leite caprino reduz os níveis de colesterol e da fração de lipoproteína de baixa
densidade (LDL) devido à grande presença de cadeias médias de triglicerídeos em
sua composição (36% no leite caprino contra 21% no bovino).
Haenlein (2004) relatou que a atual produção de leite caprino no mundo é
muito baixa, podendo ainda aumentar consideravelmente. Segundo este autor, é de
fundamental importância o estabelecimento de valores de referência específicos
para o leite de cabra. No Brasil, a legislação deixa a desejar quanto a esse ponto e,
apesar da existência de uma lei específica que regulamenta a produção de leite
caprino (BRASIL, 2000), ainda falta uma regulamentação abrangente tal qual a
Instrução Normativa Nº51 utilizada para bovinos.

1
LOTHE, L.; LINDBERG, T.; JACOBSON, I. Cow’s milk formula as a cause for infantile colic. Pediatrics,
v. 70, p. 7–10, 1982.
2
MACK, P.B. A preliminary nutrition study of the value of goat’s milk in the diet of children. Mena,
Arkansas, USA: Yearbook. American Goat Society Publishers, , 1952. p. 106–132.
37
Danés (200_?) alertou para a necessidade de esforços conjuntos de todos os
elos da cadeia produtiva da caprino-ovinocultura para que este setor alcance a
devida importância econômica no cenário nacional, reforçando a necessidade do
aumento da escala de produção, constância e padronização do leite fornecido,
incentivo ao consumo de derivados e pesquisas voltadas para novas tecnologia de
produção.
Atualmente, a CAPRILAT já paga bônus pela qualidade do leite de cabras de
produtores que apresentarem baixa contagem de células somáticas e altos teores de
sólidos totais, pagando mais pelo fornecimento de leite no período da entressafra e
pela rastreabilidade do produto.
Na atual conjuntura da caprinocultura, é de fundamental importância que se
realizem mais estudos sobre leite caprino para o estabelecimento de padrões de
qualidade para essa espécie, dando aporte a criadores e laticínios, com informações
técnicas para melhoramento da indústria láctea, possibilitando o reconhecimento de
leite de maior qualidade e melhor remuneração do produtor, fortalecendo o setor.
Apesar da existência de pesquisas sobre o período de lactação dos caprinos
(GUIMARÃES et al., 1989; BARROS e LEITÂO, 1992; LIMA JUNIOR et al., 1994;
PRATA et al., 1998; ANDRADE et al., 2001; FERNANDES; TONIN et al., 2002;
ARCURI et al.; GOMES, 2004), a revisão de literatura demonstra que as alterações
da composição físico-química e celular da secreção láctea no período de secagem
da espécie caprina não foram objeto de estudo, sendo as recomendações de
tratamento e prevenção das mamites dos caprinos nesse período realizadas sem
que se conheça as características da involução da mama durante a supressão da
ordenha.
Levando-se em conta que a grande maioria de caprinocultores de leite
costuma utilizar um período de secagem em seus animais, é de fundamental
importância a realização de um maior número de pesquisas acerca do assunto a fim
de fundamentar o conhecimento necessário para que o veterinário possa garantir ao
produtor uma assistência eficaz e que o leite fornecido seja de qualidade e
quantidade suficiente para satisfazer a indústria láctea e o consumidor final.
A presente pesquisa teve a finalidade de estudar o processo de secagem de
fêmeas da raça Saanen, avaliando, conforme o delineamento experimental proposto,
38
a involução da glândula mamária por meio da inspeção e da palpação das mamas e
dos tetos e também o exame da secreção láctea durante todo o processo. Foram
avaliados o aspecto e as características físico-químicas, celulares e microbiológicas
da secreção láctea durante a evolução do processo de secagem, sendo os
seguintes parâmetros determinados: potencial hidrogeniônico (pH),
eletrocondutividade, cloretos, lactose, cálculo do índice cloreto/lactose, sólidos totais,
proteína, número de células somáticas e reações do California Mastits Test (CMT).
39
2 REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura contém informações sobre a anatomia e fisiologia da
glândula mamária e características físico-químicas e celulares da secreção láctea, e
com isso, contribuir para a compreensão do trabalho.
2.1 Anatomia da glândula mamária de cabras
O úbere é uma glândula que se origina da invaginação de brotos
ectodérmicos para o interior do mesoderma subjacente, que na cabra fica localizado
na região inguinal junto à parede ventral do abdômen, porém sem qualquer
comunicação com a cavidade abdominal, exceto pelo canal inguinal por onde os
vasos sanguíneos, linfáticos e a inervação entram e saem do úbere. (HAENLEIN;
CACCESE, 1992). O úbere caprino é constituído por duas metades com uma
glândula cada, sendo cada metade drenada por um único teto. O formato dos tetos
varia bastante, podendo ser pequenos e curtos ou grandes e afunilados.
A glândula mamária, à semelhança das glândulas sebáceas e sudoríparas, é
uma glândula cutânea, classificada histologicamente como tubuloalveolar composta
(PARK; JACOBSON, 1996).
A sustentação de cada metade do úbere é feita por um aparato suspensório
em forma de bolsa formado por duas lamelas, uma medial e outra lateral. O
ligamento suspensório medial é formado por fortes feixes de tecido elástico inseridos
no arco pélvico. Esses ligamentos são particularmente importantes durante o pico de
lactação para evitar a formação de úberes pendulares (HAENLEIN; CACCESE,
1992). A lâmina lateral está localizada lateralmente à veia pudica externa lateral,
próxima ao anel inguinal superficial, e dá suporte à parte lateral do úbere, formando
septos colagenosos profundos na glândula.
A artéria pudica externa, originada da artéria ilíaca externa, é a única fonte de
sangue para o úbere dos caprinos. O sistema venoso é mais evidente que o arterial
e pode ser visualizado no úbere ou na parede abdominal. O sangue é drenado da
40
glândula mamária pela veia pudica externa ou pela veia subcutânea abdominal
(mamária) que se forma na primeira lactação pela anastomose das veias
epigástricas superficiais cranial e caudal.
As células secretoras são formadas por células epiteliais diferenciadas que
revestem estruturas côncavas denominadas alvéolos, cada um com diâmetro que
varia entre 0,01 e 0,03mm (HAENLEIN; CACCESE, 1992). Os alvéolos são
considerados as estruturas fundamentais da secreção de leite da glândula mamária
(Figura 2.1).
Os alvéolos possuem uma forma de sustentação especial em forma de rede
invertida, permitindo que a secreção láctea flua à cisterna da glândula. Esta funciona
como ponto de acumulação dos ductos principais, os quais se ramificam
repetidamente até os alvéolos, verdadeiro tecido secretor do leite caprino.
Figura 2.1 - Grupo de alvéolos da glândula mamária de uma cabra (Fonte: STABENFELDT;
DAVIDSON, 2004)
41
Apesar da existência da cisterna (Figura 2.2), que nada mais é que um reservatório
de leite durante o período compreendido entre mamadas ou ordenhas diárias, a
maior quantidade de secreção fica acumulada nos alvéolos. Cada alvéolo é
envolvido por células mioepiteliais que são responsáveis pela “descida” do leite ao
se contrairem e expulsarem a secreção láctea dos alvéolos. (STABENFELDT;
DAVIDSON, 2004).
Figura 2.2 - Descrição do úbere de uma cabra, com os tecidos alveolares, a cisterna
glandular e seus grandes ductos, cisterna da teta, e o canal da teta. (Fonte:
STABENFELDT; DAVIDSON, 2004)
O canal do teto possui uma estrutura em sua extremidade que, quando
fechada, evita qualquer comunicação entre o meio externo e o interior da glândula.
Esta estrutura, popularmente chamada de esfíncter, é composta por tecido fibroso e
elástico e não é realmente um esfíncter por definição, já que não possui um músculo
de esfíncter verdadeiro (HAENLEIN; CACCESE, 1992). Outro mecanismo de defesa
da glândula contra microorganismos é a roseta de Fuerstenberg, uma estrutura
constituída de diversos desdobramentos recobertos por membranas mucosas, cada
42
uma com dobraduras secundárias, que sob pressão do leite da cisterna se fecha e
evita a saída de leite e a entrada de microorganismos (HAENLEIN; CACCESE,
1992).
2.2 Importância do Período Seco
As principais vantagens com relação à adoção de um período seco ao final da
lactação estão diretamente ligadas à saúde da glândula mamária, à produtividade e
à saúde do animal, em geral, na lactação seguinte (DINGWELL et al., 2003).
O período seco proporciona um descanso à glândula mamária a fim de
promover uma renovação das células secretórias de leite (CAPUCO et al., 1997). O
tecido danificado ou as células senescentes são substituídos para que a glândula se
prepare para uma nova lactação. Em bovinos já é sabido da grande importância
desse período seco, sendo que a supressão desta fase de descanso da mama leva
a uma redução da produção leiteira na lactação seguinte (SWANSON, 1965). Em
caprinos esse assunto ainda é motivo de controvérsia, pois Fowler (1991) concluiu
que a ausência do período seco não resulta em diminuição da produção de secreção
láctea na lactação subseqüente. Entretanto, em pesquisa mais recente realizada por
Salama (2005), verificou-se que cabras que não tiveram período seco apresentaram
uma redução de 16% na produção de leite e que cabras com 27 e 56 dias de
período seco produziram, respectivamente, 15% e 4% mais leite na lactação
subseqüente.
Ainda sobre as alterações da secreção láctea relacionadas ao período seco,
Salama (2005) relatou que cabras sem período seco tiveram filhotes com menor
peso ao nascer e colostro com menor quantidade de IgG, sólidos totais e proteínas
quando comparadas às cabras submetidas a um período seco.
Segundo Capuco, Akers e Smith (1997), uma menor produção observada em vacas
que não foram submetidas à secagem da glândula mamária se deu em razão da
menor produção de células secretórias no período seco, sendo que em estudos
realizados por esse autor foi encontrada uma maior proliferação de células epiteliais
mamárias em vacas com 60 dias de período seco quando comparadas a vacas sem
período seco.
43
2.3 Fisiologia da glândula mamária durante o período seco
A lactação tem início logo após o parto e alcança seu pico após dois meses e
meio em cabras pluríparas e após um mês e meio nas primíparas (GARCÉS et al.,
2004). O período de lactação em caprinos pode variar de 127 (JAITNER et al., 2006)
a 316 dias (MACEDO et al., 2001).
Após o pico de lactação, a produção de leite diminui até que cesse por
completo. Paralelamente ocorre um processo de regressão do tecido mamário até o
período de secagem, quando esse processo se acentua e uma intensa apoptose das
células epiteliais mamárias e a reabsorção do leite presente na glândula ocorrem.
Com isso se inicia uma substituição do tecido secretor por tecido conjuntivo, que
passa a representar grande parte do tecido existente na glândula mamária durante o
período seco (FRANDSON; WILKE; FAILS, 2005).
Acredita-se que o Fator de Crescimento Semelhante à Insulina-Tipo I (IGF-I)
tenha um importante papel na sobrevivência das células epiteliais mamárias. A
ativação da IGF-I nos tecidos é modulada pela produção local de proteínas de
ligação IGF, uma família de proteínas que pode inibir ou intensificar a atividade da
IGF. Durante o início da involução da glândula mamária de roedores e suínos, a
proteína de ligação de Fator de Crescimento Semelhante à Insulina-Tipo 5 (IGFBP-
5) produzida pelo tecido mamário tem relação com a inibição da sobrevivência das
células mediada por IGF, podendo ser este um dos mecanismos para incrementar a
apoptose das células mamárias no período de secagem (HURLEY; FORD, 2003).
O período seco tem início cerca de 30 a 45 dias antes do parto e é de
fundamental importância para a perfeita recuperação da glândula mamária para a
próxima lactação.
Boutinaud et al. (2003) relataram que, ao diminuir a freqüência de ordenha
das cabras, os alvéolos sofreram uma redução de diâmetro relacionada à diminuição
do número de células secretórias dos alvéolos. O subseqüente acúmulo de leite na
cisterna levou à abertura das junções celulares e a um aumento da permeabilidade
vascular. Também foi observado que a inflamação que ocorre numa das mamas
pode acometer a mama contralateral após três dias.
Ainda com relação ao número de ordenhas realizadas, Wilde (1987) constatou que
glândulas que sofreram três ordenhas diárias continham, ao final da lactação, maior
44
número de células epiteliais do que mamas contralaterais ordenhadas duas vezes
ao dia, mostrando que o número de células da glândula mamária sofre um controle
local da freqüência da retirada do leite.
Em conjunto com as mudanças estruturais da glândula mamária no período
seco ocorrem diversas mudanças na secreção láctea. Mesmo durante a lactação,
quando ocorre um acúmulo da secreção láctea na glândula mamária, a taxa de
secreção diminui e ocorrem mudanças na composição do leite (TURNER
3
, 1953
apud FLEET; PEAKER, 1978 p.491).
Fleet e Peaker (1978) relataram que na cabra ocorre uma redução de 57% na
produção da secreção láctea logo no segundo dia após a interrupção da ordenha e
que no terceiro dia após a interrupção a quantidade de leite secretado corresponde a
apenas 22% do volume ordenhado antes da interrupção da ordenha. Esta redução
da produção de secreção láctea é acompanhada de uma queda do aporte de
oxigênio, glicose e acetato para a glândula mamária, sendo que no terceiro dia após
a interrupção da ordenha pode ser observada uma redução de 74% no aporte de
glicose, 64% de acetato e 59% no consumo de oxigênio. A partir do quarto dia sem
ordenha, a reabsorção de leite se inicia e a taxa de secreção é considerada nula.
Ainda segundo Fleet e Peaker (1978), as mudanças nas características físico-
químicas do leite só aparecem a partir do terceiro ou quarto dia, com um aumento do
pH, da concentração de proteínas e de íons de sódio e cloro associados a uma
diminuição dos teores de potássio, lactose e citrato, nesse mesmo período o volume
do úbere atinge o grau máximo de distensão. O úbere retorna ao volume normal,
equivalente ao volume da glândula vazia pós-ordenha, após 30 dias sem ser
ordenhado. Com base em seu estudo, Fleet e Peaker (1978) apontaram a distensão
do úbere após a interrupção da ordenha como principal fator responsável pela
diminuição da secreção láctea.
Segundo Henderson e Peaker (1983), a distensão física por si só não é a
responsável pela inibição da secreção láctea nos caprinos, pois a infusão de solução
isosmótica de dissacarídeo na cisterna da glândula mamária não determinou
qualquer alteração na quantidade de leite produzido pela mama. Todavia, nessa
mesma pesquisa, os autores observaram que a presença de leite na cisterna da

1
TURNER, H. G. Dependence of residual milk in the udder of the cow upon total yield: its
bearing upon supposed inhibition of secretion. Australian Journal of Agricultural
Research, v. 4, p. 118-126, 1953.
45
mama determinava diminuição da produção de leite. Baseados nessas observações,
os autores levantaram a hipótese de que o controle é realizado por algum
componente presente na secreção que tem sua ação desencadeada ou
potencializada pela distensão da glândula mamária.
Pesquisas realizadas por Wilde (1995) evidenciaram a presença de uma
proteína no soro lácteo de caprinos, denominada pelo autor de Feedback Inhibitor of
Lactation (FIL), que teria a capacidade de reduzir a produção de secreção láctea,
pois a introdução desta proteína (FIL) na glândula mamária de uma cabra em
lactação reduziria a produção de leite.
Segundo Linzel e Peaker (1971), durante o período seco de cabras não
gravídicas os ductos mamários tornam-se permeáveis à lactose e íons, ao contrário
do que ocorre no período de lactação, quando os ductos são impermeáveis à
passagem desses componentes do leite.
Em seus estudos sobre secagem da glândula mamária em bovinos, Smith e
Todhunter (1982) decidiram dividir o período seco em três fases: involução ativa,
involução constante e lactogênese/colostrogênese. Estudos dessa natureza ainda
não foram realizados em caprinos, sendo que desta maneira serão detalhados os
achados na espécie bovina.
Recentemente, Birgel (2006) realizou estudo em vacas Holandesas com a
finalidade de analisar as características físico-químicas e celulares do leite desses
animais, assim como as alterações sofridas pela glândula mamária após a
interrupção da ordenha e no decorrer do período seco. A pesquisadora observou
que os valores de pH sofreram aumento abrupto do primeiro para o terceiro dia da
secagem (6,76 para 7,08), seguido de aumento gradual, sendo que entre o décimo e
o quadragésimo quinto dias de secagem os valores tenderam e a se estabilizar. Os
valores de eletrocondutividade do leite nas amostras colhidas entre a última ordenha
e o terceiro dia de secagem aumentaram de 5,63mS/cm para 8,02mS/cm,
respectivamente, e entre o terceiro e o décimo dias de secagem foram observadas
flutuações nos valores médios, que voltaram a aumentar após o décimo quinto dia.
Já os teores de cloretos sofreram um aumento abrupto, passando de 132,33±31,51
para 242,20±51,07mg/dl entre a última ordenha e o terceiro dia do processo de
secagem, sofrendo variação somente a partir do décimo quinto dia do início do
processo de secagem, quando estes voltaram a apresentar um leve aumento.
46
Com ralação à lactose, Birgel (2006) observou que entre a última ordenha e o
quinto dia houve uma grande queda nos valores, de 4,23g/dl para 1,73g/dl, sendo
que entre o quinto e o trigésimo dias os valores continuaram caindo, mas de forma
gradual. Já em relação à quantidade de sólidos totais durante o período seco de
bovinos, foi observado pela autora que entre o primeiro e o sétimo dias de secagem
houve um aumento gradual dos valores (de 10,73g/dl para 16,35g/dl), sendo que no
período compreendido entre o sétimo e o décimo dias houve estabilização para
então ocorrer uma queda até o trigésimo dia (10,81g/dl). Houve aumento gradual
nos teores de proteína total em amostras colhidas entre o primeiro e o décimo quinto
dias (de 4,22g/dl para 8,95g/dl), sendo que após o décimo quinto dia os valores
sofreram flutuações sem que qualquer tendência pudesse ser detectada. Houve uma
significativa influência do processo de secagem nos valores de gordura do leite. A
partir do primeiro dia de secagem, que apresentou o valor mínimo dessa variável
(2,02g/dl), houve um gradual aumento até o sétimo dia (7,97g/dl), quando então
houve uma estabilização dos valores médios até o décimo dia, ocorrendo nova
queda até o trigésimo dia (3,24g/dl). Também houve uma significativa influência no
número de células somáticas do leite. Em amostras colhidas entre a última ordenha
e o sétimo dia de secagem houve um aumento abrupto de 649.450céls/ml para
4.898.850céls/ml, ocorrendo uma estabilização até o décimo quinto dia e um novo
aumento até o trigésimo dia (6.486.900céls/ml).
2.3.1 Involução Ativa
Segundo Hurley (2003), durante o processo de secagem da glândula mamária
de bovinos ocorre, entre 3 e 7 dias após a interrupção da ordenha, uma redução
substancial no volume de leite obtido da glândula mamária, sendo que o volume
continua a diminuir durante as quatro semanas subseqüentes. Com relação à
composição da secreção láctea, ocorre uma diminuição da concentração de
proteínas, gordura e lactose durante as duas primeiras semanas de secagem,
enquanto que a concentração de fatores de proteção como lactoferrina e leucócitos
aumenta durante o início da involução.
47
Ainda sobre o processo de involução da glândula mamária de bovinos, Hurley
(2003) relata que alterações histológicas e ultraestruturais já ocorrem a partir de
quarenta e oito horas após a interrupção da ordenha, com formação de grandes
vacúolos de estase nas células epiteliais em decorrência do acúmulo de gordura nas
células. Os vacúolos persistem até a segunda semana de secagem e desaparecem
completamente na quarta semana. O volume da luz alveolar diminui durante a
involução, enquanto que a área de estroma aumenta. Em conformidade com esse
experimento, Quarrie, Addey e Wilde (1996) relataram que após vinte quatro horas
de interrupção da retirada do leite da glândula mamária de camundongos já era
possível observar uma grande distensão dos alvéolos. Porém, após quarenta oito
horas do início da estase láctea, já havia sinais de diminuição da distensão, mas
com sinais de desorganização do epitélio secretor decorrentes da apoptose.
Fowler (1991) relatou que o volume do parênquima do úbere de cabras que pararam
de ser ordenhadas passou de pouco mais de 0,616 litros por glândula para pouco
menos que 0,365 litros por glândula em duas semanas, mostrando uma redução de
44,44%.
Um dos primeiros eventos que pode ser observado nessa fase de involução
ativa é o aparecimento de lisossomos nas células epiteliais secretoras. Esses
lisossomos são responsáveis pela autofagocitose dos constituintes celulares durante
a regressão mamária, enquanto que a heterofagocitose será realizada por
macrófagos que migrarão para a mama durante a involução ativa (SMITH;
TODHUNTER, 1982).
As proteínas da secreção originárias do soro sanguíneo estão normalmente
presentes no soro lácteo, com a concentração variando pouco nos primeiros dias da
involução. Entretanto, após sete dias é possível observar um grande aumento da
concentração dessas proteínas, refletindo, provavelmente, um aumento da
permeabilidade da barreira das células secretórias à passagem das proteínas
séricas. Porém, o aumento de proteínas não chega aos níveis alcançados em
processos inflamatórios, indicando que deva existir algum tipo de controle por parte
da glândula mamária sobre a permeabilidade das junções celulares. Outra proteína
que tem grande aumento em sua concentração é a lactoferrina, que está ligada à
defesa da glândula mamária, pois é um constituinte normal dos
polimoformonucleados e possui grande capacidade de ligação ao ferro, competindo
com as bactérias (SMITH; TODHUNTER, 1982).
48
Em pesquisa realizada por Birgel (2006) com a finalidade de avaliar a
influência do processo de secagem na glândula mamária em fêmeas bovinas da
raça Holandesa foi constatado que a distensão da glândula aumentou
consideravelmente nas primeiras vinte quatro horas após a interrupção da ordenha,
sendo que a freqüência de mamas distendidas (com conteúdo no úbere e certa
dificuldade de pregueamento da pele) passou de 2,7% no dia da última ordenha
para 22,3% no primeiro dia de secagem. Até o terceiro dia 20,5% das mamas ainda
estavam distendidas. Porém, a partir desse momento, o processo de reabsorção já
pôde ser observado com maior clareza, sendo que no décimo dia havia 2,3% de
mamas distendidas e nenhuma aos trinta dias de secagem. Com relação à distensão
dos tetos, logo no dia da interrupção da ordenha havia 25% de tetos distendidos
(com flutuação no seu interior, paredes tensas e brilhantes, preservando ainda as
pregas de pele) e, após vinte quatro horas, 9,15% dos tetos estavam extremamente
distendidos (luzidios, com paredes tensas e lisas). No terceiro dia, 63,6% dos tetos
estavam distendidos e a partir do sétimo dia o percentual de tetos distendidos
começou a diminuir.
Complementando as informações do exame clínico do úbere durante a
secagem, Birgel (2006) relatou que não foi observado qualquer grau de edema na
mama durante o período e que durante os três primeiros dias esta característica foi
observada em 29,5% dos tetos, diminuindo a freqüência ao longo da secagem e
cessando completamente no quadragésimo quinto dia.
2.3.2 Involução constante
A existência ou não de um período de involução constante está diretamente
relacionada com a duração do período seco. Em criações que tendem a diminuir o
período seco, a glândula pode ficar um período muito curto nesse estado de
involução total, sendo que muitas vezes a mama poderá passar do estado de
involução ativa diretamente para a lactogênese (SMITH; TODHUNTER, 1982).
Durante essa fase de involução constante, a quantidade de fluído presente na
glândula fica extremamente reduzida e os principais constituintes do leite ficam
limitados a uma concentração mínima. As concentrações de imunoglobulinas e
49
lactoferrina permanecem elevadas, porém menores que na involução ativa. A
freqüência de novas infecções nesse período é extremamente baixa devido
provavelmente à grande concentração de fatores antibacterianos e ao tampão de
queratina presente na abertura do esfíncter do teto, que evita a entrada de
patógenos (SMITH; TODHUNTER, 1982).
2.3.3 Lactogênese ou Colostrogênese
Em contraste com a primeira fase, esse período é caracterizado por um
processo de reconstrução da glândula mamária, transformação mediada por
hormônios.
A principal função da glândula mamária durante essa fase é acumular
colostro, secreção que possui grande concentração de IgGs. Os constituintes
principais do leite começam a se acumular na secreção aproximadamente duas
semanas antes do parto, com considerável aumento das concentrações de gordura,
caseína e lactose cerca de cinco dias antes do parto. A quantidade de fluído se
acumula lentamente durante as duas semanas que antecedem o parto, com um
considerável aumento cerca de 1 a 3 dias antes do nascimento, sendo que este
acúmulo está diretamente relacionado com o aumento de citrato na secreção. Neste
período de duas semanas pré-parto também é possível observar a redução dos
níveis de lactoferrina. A concentração máxima de imunoglobulinas ocorre cerca de 5
a 10 dias antes do parto e tende a cair com o aumento de fluído acumulado na
mama (SMITH; TODHUNTER, 1982).
Fleet et al. (1975) dividiram a colostrogênese de caprinos em duas etapas: um
primeiro estágio é caracterizado pelo início da produção de secreção láctea e um
segundo caracterizado pela produção abundante de secreção, ocorrendo um pouco
antes do parto.
No final do período seco de fêmeas da espécie caprina, a fase preparatória do
parto é caracterizada por uma distensão da mama e dos tetos, em decorrência do
acúmulo de secreção láctea para formação do colostro. Segundo Prina (2007), em
animais da raça Saanen até cerca de quatro dias antes do parto a glândula mamária
se encontra não distendida ou moderadamente distendida, sendo possível ainda
50
preguear a pele. Sete dos dezoito animais observados apresentavam uma mama
não distendida e os onze restantes apresentavam mamas moderadamente
distendidas. A partir do quarto dia a proporção de animais com distensão moderada
se elevou gradativamente até um dia e meio antes do parto, quanto já totalizavam
dezesseis dos dezoito animais. A partir de vinte quatro horas antes do parto, dois
dos dezoito animais tiveram a mama classificadas como distendida, ou seja, havia
dificuldade de preguear a pele. Doze horas antes do parto o número de animais com
mama distendida havia passado para seis e um animal já apresentava a mama
extremamente distendida. No momento do parto, a metade dos animais apresentava
mamas distendidas e dois animais possuiam mamas extremamente distendidas,
mostrando que a maior parte da produção de colostro ocorreu cerca de trinta e seis
horas antes do parto (em fase de elaboração)
2
.
2.4 Características físico-químicas da secreção láctea
2.4.1 Concentração hidrogeniônica (pH)
Em 1909, Sören P. T. Sörensen estabeleceu o pH, ou seja, o logaritmo
negativo da concentração de íons hidrogênio como método para expressar a acidez
de uma solução aquosa. Os valores de pH variam entre 0 e 14, sendo que a 25ºC o
pH 7 é considerado neutro, valores menores que 7 são próprios de soluções ácidas
e maiores que 7 de soluções básicas.
Os ácidos são substâncias que produzem, em solução aquosa, íons
hidrogênio (H
+
) e, analogamente, bases produzem íons hidroxila (OH
-
). Os estudos
da dissolução de sais na água e de seus componentes iônicos resultaram na
determinação do produto iônico da água (Kw=[H
+
][OH
-
]) por Friedrich Kohlrausch e
Adolf Heydweiller, o que seria fundamental para a formulação do conceito de pH
anos mais tarde (GAMA; AFONSO, 2007).

2
PRINA, A. P. M. A fase preparatória do parto de cabras da raça Saanen. Manifestações
clínicas indicadoras da parição iminente e avaliação do perfil hormonal. 2007. 141 f.
Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
51
Segundo Birgel (2004), a secreção láctea apresenta uma reação anfótera, ou
seja, pode se comportar como ácido ou base. Normalmente, a secreção láctea de
caprinos é levemente ácida (PARK et al., 2006). Os principais fatores que
determinam a acidez do leite são os grupos ácidos das proteínas, os citratos e os
fosfatos livres (SCHALM; CARROLL; JAIN, 1971). Um fator que pode alterar essa
acidez natural do leite seria a fermentação da lactose por bactérias mesófilas,
acarretando uma acidificação do leite pela produção do ácido lático (BARROS;
LEITÃO, 1992). Essa acidificação por bactérias é um forte indicativo da falta de
higiene ou conservação inadequada do leite, sendo estes fatores importantes que
podem ocasionar perdas significativas na produção de leite caprino de qualidade
para a indústria de leite e derivados.
Durante o processo inflamatório diversas mudanças ocorrem no tecido
mamário, desencadeando uma alteração na permeabilidade capilar e permitindo que
íons bicarbonato passem para a secreção láctea, alcalinizando a secreção de
glândulas mamárias com mamite, sendo que as variações do pH serão
proporcionais aos danos sofridos pelas estruturas celulares e vasculares do tecido
mamário (SCHALM; CARROLL; JAIN, 1971). Segundo Birgel (2004), a ação
alcalinizante do bicarbonato na secreção pode até sobrepor a ação de bactérias
lactolíticas que causam a diminuição de pH.
Já foram realizados diversos trabalhos em relação aos valores de pH da
secreção láctea de caprinos durante a lactação. Fernandes (2002) encontrou valores
médios de 6,58 do leite de animais da raça Saanen. Em pesquisa envolvendo
diversos rebanhos caprinos, com maioria da raça Saanen, Prata et al. (1998)
encontraram um valor médio de 6,648. Em outras pesquisas envolvendo caprinos da
raça Saanen, Torii et al. (2004) observaram valores médios de pH para a secreção
láctea em torno de 6,49, Chornobai
3
(1998 apud TORII et al., 2004 p. 905) encontrou
valores de pH no leite in natura em torno de 6,7 e Nunes (2002) encontrou um valor
médio de pH de 6,62.
Morgan et al. (2003) analisou amostras de secreção láctea provenientes de
diversos rebanhos caprinos de países do mediterrâneo e encontrou valores de pH
entre 6,12 e 6,89.

3
Chornobai, C. A. M. Avaliação físico-química de leite in natura de cabras cruza Saanen,
ao longo do período de lactação. 1998. 100 f. Dissertação (Mestrado), Universidade
Estadual de Maringá – Maringá. 1998.
52
2.4.2 Eletrocondutividade
Eletrocondutividade é a medida da resistência de um material em particular a
uma corrente elétrica, sendo que a resistência elétrica de uma solução eletrolítica é
definida pela resistência de um centímetro cúbico da solução. A condutibilidade é
medida em Siemens e é calculada dividindo-se amperagem pela voltagem.
A eletrocondutividade do leite é determinada pela concentração de ânions e
cátions, sendo que os mais importantes são o sódio (Na
+
), o potássio (K
+
) e o cloreto
(Cl
-
). As células secretórias da glândula mamária utilizam transporte ativo para
deslocar o sódio para o fluído extracelular e potássio para dentro das células, que
são transportados passivamente das células secretórias para o leite. A relação Na:K
é de 3:1 no fluído extracelular e no sangue e de 1:3 no fluído intracelular e no leite.
Os ductos mamários parecem ser impermeáveis a íons e a lactose, mantendo a
concentração de cloreto maior no sangue e no fluído extracelular do que no leite
(NIELEN et al., 1992).
Segundo Nielen et al. (1992), durante o processo inflamatório as células
secretoras sofrem danos e os íons de sódio e cloro do líquido extracelular
extravasam para o lúmen alveolar, enquanto que os íons de potássio vão para a
secreção láctea, aumentando a eletrocondutividade sem que a pressão osmótica
seja alterada.
Outro fator que pode alterar a eletrocondutividade da secreção láctea é a
porcentagem de gordura do leite, devido a sua característica de não condutora
elétrica e da barreira ao movimento dos íons que os glóbulos de gordura
representam (FERNANDO; RINDSIG; SPAHR, 1982).
A literatura é rara em relação aos valores de eletrocondutividade da secreção
láctea de caprinos. Entretanto, Sharma e Roy (1977) estudaram a influência da
temperatura na eletrocondutividade do leite caprino e encontraram uma média de
6,979mS/cm a 30ºC. Fernandes (2002) encontrou valores de 6,55mS/cm durante a
lactação para a raça Saanen e Park (1991), num estudo com caprinos da raça
Alpina e Nubiana, encontrou valores médios de eletrocondutividade da mistura da
secreção láctea em torno de 6.948µS/cm (6,948mS/cm).
53
2.4.3 Cloretos
Nos processos inflamatórios que acometem a glândula mamária é possível
constatar um aumento do aporte sanguíneo que irriga o órgão que, associado ao
aumento da permeabilidade dos capilares e destruição das junções celulares e
bombas de transporte ativo de íons, acarreta um aumento da concentração de
cloretos na secreção láctea (AMARAL; NADER FILHO; LEW, 1988).
Diversos trabalhos nacionais já foram realizados para estudar a concentração
de cloretos na secreção láctea de caprinos, assim como suas possíveis alterações.
Tonin e Nader Filho (2002) relataram um aumento de cloretos no leite de caprinos
da raça Saanen em diferentes estágios de lactação, encontrando valores entre
0,175g/100ml (175mg/dl) e 0,217g/100ml (217mg/dl). Em animais ordenhados duas
vezes ao dia foi observado um aumento do teor médio de cloretos do inicio para o
meio da lactação – 0,175g/100ml (175mg/dl) pela manhã e 0,183g/100ml (183mg/dl)
pela tarde e 0,211g/100ml (211mg/dl) pela manhã e 0,217g/100ml (217mg/dl) pela
tarde, respectivamente – sendo que animais ordenhados uma vez ao dia
apresentaram aumento do teor de cloretos de 0,179g/100ml (179mg/dl) no início da
lactação para 0,201g/100ml (201mg/dl) no final da lactação.
Com relação à raça Saanen, Fernandes (2002) encontrou valores de
46,62mmol/dl (146,8mg/dl). Já Barros e Leitão (1992), em cabras das raças Parda
Alpina, Saanen e Toggenburg e cabras mestiças, encontraram um teor médio de
cloretos de 0,20% (200mg/dl) para Saanen sadias e 0,19% (190mg/dl) para o leite
misturado dos quatro tipos de cabras, enquanto que as cabras mestiças (Parda
Alpina e Saanen) registram 0,24% (240mg/dl) quando estavam sadias e valores
médios significativamente maiores de 0,34% (340mg/dl) de cloretos após serem
inoculadas com Staphyloccocus aureus.
Akinsoyinu e Akinnyele (1979), ao estudarem cabras Anãs do Oeste Africano
entre a segunda e décima nona semana de lactação, encontraram um valor médio
de cloretos de 2,46g/l (246mg/dl). Prata et al. (1998) encontraram uma média de
teores de cloreto de 0,172g% (172mg/dl) quando estudaram rebanhos caprinos de
diversas raças em lactação.
Upadhyaya e Rao (1993) estudou cabras de aptidão leiteira da raça Ganjam
entre 2 e 4 anos de idade e encontrou valores médios de cloretos que variaram entre
54
0,103% (103mg/dl) e 0,137% (137mg/dl). As amostras foram separadas pelos
resultados do CMT: negativo, traços, uma cruz, duas cruzes, e três cruzes e foram,
respectivamente, 0,103% (103mg/dl), 0,103% (103mg/dl), 0,120% (120mg/dl),
0,129% (129mg/dl) e 0,137% (137mg/dl).
2.4.4 Lactose
A lactose, composto de glicose e galactose, é o principal carboidrato do leite e
sua síntese ocorre nas células secretórias de leite. É encontrada quase que
exclusivamente na glândula mamária e no leite, sendo que durante a lactação
pequenas concentrações podem ser observadas no plasma sangüíneo.
Este carboidrato tem fundamental importância no equilíbrio hidrostático do
leite, pois é responsável por aproximadamente 50% da pressão osmótica total da
secreção láctea, causando um fluxo de água das células e do tecido intersticial para
o leite. Durante a lactação o leite é isosmótico ao sangue.
Segundo Fernandes (2002), a concentração de lactose tende a diminuir na
ocorrência de certas infecções da mama devido ao consumo pelas bactérias
fermentadoras de lactose, sendo este um bom parâmetro para verificar a saúde da
glândula mamária.
Muitos estudos já foram conduzidos com a finalidade de determinar a
concentração de lactose na secreção láctea caprina. Fernandes (2002) encontrou
valores médios de 4,30g/dl para a raça Saanen. Prata et al. (1998) encontraram uma
média de 4,35% (4,35g/dl) de lactose na secreção láctea de rebanhos
predominantemente Saanen com diferentes manejos e dietas. Torii et al. (2004)
estudou diferentes tipos de volumosos na alimentação de cabras Saanen e
encontrou um valor médio de lactose na secreção láctea de 4,28% (4,28g/dl).
Ainda com relação aos estudos realizados com cabras da raça Saanen,
Gomes (2004) encontrou um valor médio de 4,33g/dl durante uma lactação de oito
meses. Os valores médios apresentaram uma queda durante o período estudado,
chegando ao seu valor mínimo no sétimo mês (4,22g/dl) e máximo no primeiro mês
(4,67g/dl).
55
Leitner, Merin e Silanikove (2004), ao estudarem a secreção láctea de cabras
israelenses, detectaram uma diferença significante entre os valores de lactose da
secreção láctea sem isolamento bacteriano – 47,0g/l (4,7 g/dl) – e com isolamento
bacteriano – 41,7g/l (4,17g/dl).
Morgan et al. (2003) analisaram amostras de secreção láctea provenientes de
diversos rebanhos caprinos de países do mediterrâneo e encontraram valores de
lactose entre 32,9g/kg (3,29g/dl) e 48,0g/kg (4,8 g/dl).
Upadhyaya e Rao (1993) estudaram cabras de aptidão leiteira da raça
Ganjam entre 2 e 4 anos de idade e encontraram valores médios de lactose que
variaram entre 3,98% (3,98g/dl) e 4,73% (4,73g/dl). As amostras foram separadas
pelos resultados do CMT, negativo, traços, uma cruz, duas cruzes, e três cruzes e
foram, respectivamente, 4,73% (4,73g/dl), 4,52% (4,52g/dl), 4,23% (4,23g/dl), 3,99%
(3,99g/dl) e 3,98% (3,98g/dl).
2.4.5 Sólidos Totais
Como sólidos totais (ST) ou extrato seco total (EST) entende-se a fração do
leite formada pelas proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais e vitaminas. A
quantidade de sólidos totais está diretamente relacionada como rendimento da
produção de derivados do leite como o queijo, por exemplo.
Sabe-se que a diminuição de 0,5% de sólidos totais pode significar perda de
até cinco toneladas de leite em pó para cada milhão de litros de leite processados
(FONSECA; SANTOS, 2000).
Muitos estudos foram realizados com a finalidade de determinar o valor médio
de sólidos totais presentes na secreção láctea de caprinos. Prata et al. (1998),
estudando animais da raça Saanen, encontraram um valor médio de 11,51% (11,51
g/dl), ao passo que Gomes (2004), ao estudar cabras durante os primeiros 8 meses
de lactação, encontrou valores médios de 12,70g/dl. A quantidade de sólidos totais
teve valor máximo no primeiro mês (13,09g/dl) e caiu durante o período analisado,
sendo que o menor valor encontrado foi 11,61g/dl no sétimo mês (GOMES, 2004).
Silva et al. (2006) estudaram animais submetidos a diferentes tipos de concentrados
e encontraram um valor médio de 10,85% (10,85g/dl).
56
Ainda a respeito da raça Saanen, Chornobai
4
(1998 apud TORII et al. 2004
p.905) encontrou valores de sólidos totais no leite in natura em torno de 12,4%
(12,4g/dl), enquanto que Nunes (2002) e Torii et al. (2004) encontraram valores
médios iguais a 11,07% (11,07g/dl) e 10,13% (10,13 g/dl), respectivamente. Salama
(2005) encontrou valores iguais a 13,6% (13,6g/dl) e 12,9% (12,9 g/dl) para caprinos
ordenhados uma e duas vezes ao dia, respectivamente.
Morgan et al. (2003), ao analisarem amostras de secreção láctea
provenientes de diversos rebanhos caprinos de países do mediterrâneo,
encontraram valores de sólidos totais entre 10,4g/kg (10,4g/dl) e 14,8g/kg (14,8g/dl).
2.4.6 Proteína
O leite caprino contém, basicamente cinco proteínas, a saber: K-caseína, β-
caseina, αs-2 caseína, β-lactoglobulina e α-lactoalbumina. As caseínas constituem a
maior parte das proteínas. Estas frações protéicas são insolúveis em pH menor que
4,6 e são conhecidas como proteína bruta. Já as lactoglobulinas, lactoalbuminas,
albuminas advindas do soro sanguíneo e imunoglobulinas são solúveis em pH
menor que 4,6 e são conhecidas como proteínas do soro lácteo. (REECE, 1997).
Segundo Le Mens
5
(1985 apud FERNANDES 2002 p. 11), quando
comparamos os leites caprino e bovino notamos que o primeiro contém um teor
menor de αs-caseína (21,2% contra 40,0% do bovino) e uma maior quantidade de β-
caseína (67,4% contra 43,3% do bovino). O tamanho das micelas de caseína
também difere entre as duas espécies, sendo 50nm no leite caprino e 75nm no
bovino (LE JAOUEN
6
, 1981 apud FERNANDES, 2002 p. 14).

4
Chornobai, C. A. M. Avaliação físico-química de leite in natura de cabras cruza Saanen,
ao longo do período de lactação. 1998. 100 f. Dissertação (Mestrado), Universidade
Estadual de Maringá – Maringá. 1998
5
LE MENS, P. Propriétés physico-chimiques nutritionelles et chimiques. In: LUQUET, F. M.
Lait et produits laitiers. Paris, tec. Doc. Lavoisier, 1985, v. 1, pat. 3, cap. 1, p. 349-368
6
LE JAOUEN, J. C. Milking and the technology of milk and milk products. In: GALL, C. (Ed.).
Goat production. London: Academic Press, 1981. p. 345-377.
57
Ao analisar características físico-químicas da secreção láctea de cabras da
raça Saanen, Fernandes (2002) encontrou valores de 3,08g/dl. Segundo a autora,
esse fator é muito mais influenciado pela genética do animal (raça) do que pela
saúde da glândula mamária, não sendo um bom indicador da saúde do úbere. Prata
et al. (1998) encontraram 3,27% (3,27g/dl) de proteína bruta no leite de caprinos
predominantemente da raça Saanen submetidos a diferentes manejos e dietas. Já
Gomes (2004), ao estudar cabras durante os primeiros 8 meses de lactação,
encontrou valores médios de 2,83g/dl, sendo que o menor e o maior valores
encontrados foram 2,55g/dl e 2,97g/dl, respectivamente. Torii et al. (2004) anotaram
um valor médio de proteína na secreção láctea de cabras da raça Saanen em torno
de 2,84% (2,84g/dl). Silva (2006), também em animais da raça Saanen, porém
submetidos a diferentes tipos de concentrados, obteve um valor médio de 3,17%
(3,17g/dl) de proteína no leite.
Park e Humphrey (1986) encontraram uma média de 3,42% (3,42g/dl) de
proteína na secreção láctea de cabras das raças Alpina e Nubiana. Entretanto, num
estudo posterior, Park (1991) encontrou na mistura da secreção láctea das duas
raças (Alpina e Nubiana) valores médios em torno de 3,51% (3,51g/dl) de proteína.
Já Benedet (1996), ao estudar caprinos em Santa Catarina, obteve um valor médio
de proteína do leite menor, 3,28% (3,28g/dl).
Leitner (2004), ao estudar cabras israelenses, encontrou um valor de 34,2g/l
(3,42g/dl) de proteína na secreção láctea de mamas sadias, valores que tendiam a
uma diferença significativa do valor encontrado em mamas infectadas (35,0g/l ou
3,5g/dl). Já Salama (2005) encontrou valores de proteínas na secreção láctea de
3,28% (3,28g/dl) e 3,20% (3,2g/dl) para caprinos ordenhados uma e duas vezes ao
dia, respectivamente.
58
2.4.7 Gordura
A gordura do leite é constituída principalmente por triglicérides, porém
pequenas frações de fosfolípides, colesteróis, ácidos graxos livres, monoglicerídios e
vitaminas lipossolúveis também podem ser encontradas.
A síntese da gordura do leite de ruminantes é originária, principalmente, de
ácidos graxos formados no rúmen, tais como o ácido acético e butírico, e portanto é
diretamente influenciado pela dieta do animal (REECE, 1997). Animais que recebem
altas quantidades de concentrado tendem a apresentar uma menor quantidade de
gordura no leite devido à menor produção de ácido acético e maior produção de
ácido propiônico (CALDERON, 1984)
A constituição da gordura do leite caprino difere significativamente da gordura
do leite bovino, sendo muito mais rico em ácidos butírico, capróico, caprílico, cáprico,
láurico, mirístico, palmítico e linoléico. Porém, possui menores teores de ácidos
esteárico e oléico. Três das cadeias médias de triglicerídeos (capróico, caprílico e
cáprico) têm nome relacionado com a espécie caprina, devido a sua predominância
no leite desses animais (JENNES, 1980). Segundo Tzibola-Clarice (2003), essa
diferença deve-se, principalmente, a diferença existente entre a polimerização do
ácido acético no rúmen caprino e bovino.
O ácido cáprico, caprílico e outras cadeias médias de triglicerídeos tornaram-
se tratamentos médicos rotineiros para síndromes de má-absorção, esteatorréia,
hiperlipoproteinemia, ressecção intestinal, má nutrição infantil, epilepsia, fibrose
cística e cirurgia de ponte de safena devido a seu metabolismo único que provém
energia direta, ao invés de ser depositada como tecido adiposo.
Uma das particularidades dos ácidos graxos do leite caprino é seu papel na
determinação do “sabor de cabra” da secreção láctea em decorrência da liberação
de ácidos graxos de cadeia média ramificada ou da rancidez do leite devido a
grandes concentrações do ácido butírico. Os lipídeos estão relacionados também
com a produção, consistência, coloração e sabor do queijo produzido. (CHILLIARD,
2003)
Segundo Fernandes (2002), o teor de gordura da secreção láctea de cabras
Saanen é 3,30g/dl e tende a aumentar de acordo com o número de lactações e com
o decorrer da mesma. Prata et al. (1998) também estudaram cabras Saanen e
59
encontraram uma média de 3,74% (3,74g/dl) de gordura na secreção láctea. Já
Guimarães et al. (1989), estudando cabras das raças Saanen, Parda e
Toggenburgen e utilizando amostras provenientes de animais em sua primeira
lactação, anotaram um valor médio de 2,85% (2,85g/dl). Porém, quando considerado
apenas o final da lactação desses animais, o valor médio foi de 2,04% (2,04g/dl).
Utilizando animais em diferentes estágios de lactação, a média encontrada para o
período de lactação foi de 2,86% (2,86g/dl) e 2,98% (2,98g/dl) para a fase final. Em
outro estudo com cabras da raça Saanen, conduzido por Barros e Leitão (1992), foi
encontrado um valor médio de 3,5% (3,5g/dl). O teor médio de gordura do leite de
cabras da raça Saanen obtido por Gomes (2004) variou entre 3,25 e 5,39g/dl no
sexto e quarto mês, respectivamente, sendo que o teor médio durante toda a
lactação foi de 4,10g/dl.
Damasceno et al. (1997) estudaram a influência de diferentes níveis de
concentrados na dieta nos teores de gordura do leite de cabras com variados graus
de sangue da raça Saanen e encontraram um valor médio de 3,5% (3,5g/dl) durante
a lactação, enquanto que Chornobai
7
(1998 apud Torii et al. 2004) e Nunes (2002)
encontraram valores de gordura no leite in natura de cabras Saanen em torno de
3,81% (3,81g/dl) e de 2,74% (2,74g/dl), respectivamente. Silva (2006), estudando
animais da raça Saanen submetidos a diferentes tipos de concentrados, obteve um
valor médio de 2,89% (2,89g/dl) de gordura no leite.
Park e Humphrey (1986), em rebanhos de caprinos das raças Nubianas e
Alpinas, encontraram uma média de 4,47% (4,47g/dl) de gordura no leite. Já em
outro estudo com as mesmas raças, porém no meio da lactação, Park (1991)
encontrou valores médios de gordura na mistura da secreção láctea das duas raças
em torno de 3,94% (3,94g/dl).
Leitner (2004), em cabras israelenses, anotou valores médios de gordura na
secreção láctea de mamas não infectadas iguais a 38,9 g/l (3,89g/dl), valor que não
diferiu de maneira significativa do encontrado em mamas infectadas (38,8g/l ou
3,88g/dl).
Boutinaud et al. (2003), ao estudarem a influência do número de ordenhas
diárias na composição do leite e na glândula mamária de cabras Saanen sadias,

7
Chornobai, C. A. M. Avaliação físico-química de leite in natura de cabras cruza Saanen,
ao longo do período de lactação. 1998. 100 f. Dissertação (Mestrado), Universidade
Estadual de Maringá – Maringá. 1998
60
encontrou valores médios de 31,0±0,7g/kg (3,10±0,7g/dl) para a gordura no leite. Já
Benedet (1996), estudando caprinos do estado de Santa Catarina, obteve um valor
médio de gordura do leite de 3,34% (3,34g/dl).
Morgan (2003) analisou amostras de secreção láctea provenientes de
diversos rebanhos caprinos de países do mediterrâneo e encontrou valores de
gordura entre 29,0 e 60,3g/Kg (2,90 e 6,03g/dl).
2.5 Características celulares da secreção láctea
A primeira linha de defesa contra as infecções da glândula mamária é o canal
do teto, sendo que durante o período seco é possível observar a formação de um
tampão de queratina no canal do teto. Na realidade, esse tampão se forma após um
período de 24 a 60 horas sem ordenha (NICKERSON, 2003) e serve como uma
barreira contra a entrada de bactérias no úbere. Porém, a oclusão total do orifício do
teto só ocorre de duas a três semanas após a interrupção da ordenha.
As bactérias que passarem por essa barreira e chegarem à cisterna do teto
enfrentarão a segunda linha de defesa da glândula mamária, constituída pelos
leucócitos fagocitários. Os neutrófilos constituem a maior parte das células
somáticas do leite de cabra sem infecção intramamária (50 a 70%). Já nos bovinos,
os neutrófilos representam apenas 5 a 20% das células somáticas presentes no
leite. Isso sugere que existe uma migração muito mais rápida de leucócitos no leite
caprino do que no leite bovino, contribuindo para uma contagem naturalmente mais
alta de células somáticas nos caprinos (PAAPE; CAPUCO, 1997). A importância dos
neutrófilos fica ainda mais evidenciada levando-se em conta o que disseram Schalm,
Jain e Carroll (1975), que afirmaram que uma depleção no número de neutrófilos
representa um considerável aumento na susceptibilidade a infecções intramamárias.
A contagem de células somáticas na secreção láctea tem sido muito utilizada nos
últimos anos como referência da saúde do úbere e da qualidade do leite caprino,
servindo como base para programas de sanidade do rebanho e como fator para
remuneração extra ao produtor que comercializa o leite caprino com baixa contagem
de células somáticas (CCS). Diversas pesquisas no âmbito nacional e internacional
61
já foram conduzidas sobre o assunto e deve-se salientar que existem muitas
diferenças entre o leite caprino e bovino.
Andrade et al. (2001) recomendam a enumeração de células presentes no
leite como forma de acompanhar o estado sanitário do úbere, sendo um bom
indicador de possíveis reduções na produção de leite e alterações na composição
físico-química. Entretanto, deve-se ressaltar que a contagem de células somáticas
fisiológica do leite caprino é naturalmente maior que no leite bovino. Poutrel et al.
(1997) concluíram que a contagem de células somáticas pode ser utilizada para
identificar animais com infecção intramamária e que essa infecção tem um papel
preponderante na contagem de células somáticas.
Em caprinos, segundo Dulin et al. (1983), especial atenção deve ser tomada
na contagem de células somáticas, pois devido ao tipo de secreção apócrina, na
qual a parte apical das células secretórias do leite é eliminada junto com o leite,
diversas partículas citoplasmáticas são encontradas na secreção láctea. Essas
partículas apresentam um diâmetro e morfologia semelhante aos leucócitos e
contém grande quantidade de proteína e ácido ribonucléico (RNA), mas não
apresentam ácido desoxirribonucléico (DNA). Portanto, os métodos de contagem
utilizados devem sempre ser aqueles baseados especificamente na detecção do
DNA, evitando superestimação das contagens. Outros aspectos que devem ser
considerados na contagem de células somáticas devido à influência que exercem
são: estágio de lactação, infecção intramamária e infecção pelo vírus da artrite
encefalite caprina (DULIN et al., 1983; RYAN; GREENWOOS; NICHOLLS, 1993;
ZENG; ESCOBAR, 1995; PAAPE; CAPUCO, 1997).
Wilson, Stewart e Sears (1995) afirmaram que mais de 90% das variações da
contagem de células somáticas em cabras não são devidas a infecções
intramamárias, sendo que os fatores que mais contribuem para a alteração da
contagem, na ausência de infecção, são: estágio de lactação, mês do ano e, numa
proporção menor, o número de partos e a produção de leite. Mesmo assim, 75% das
variações em cabras sem infecção intramamária permaneceram sem explicação,
sugerindo que essas variações poderiam ser explicadas pela presença do vírus da
Artrite Encefalite Caprina (CAE), de bactérias anaeróbicas e de infecções por
micoplasma. Ainda em relação aos fatores que podem alterar a CCS da secreção
láctea, McDougall e Voermans (2002) afirmaram que cabras no estro podem
62
apresentar uma contagem mais elevada, mas não foi possível determinar a razão
dessa alteração.
Paape e Capuco (1997) recomendam que a contagem de células somáticas
não seja usada para identificar infecções intramamária em caprinos justamente
devido à grande variação decorrente de fatores fisiológicos.
Zeng (1996), em estudo com leite caprino, observou que ao realizar a
contagem de células por citometria de fluxo em aparelho calibrado para leite de vaca
a contagem era 27,3% maior do que quando o mesmo aparelho estava calibrado
com leite de cabra. Entretanto, Arcuri et al. (2004) não encontraram diferença na
contagem de células somáticas de leite conservado com Bronopol
®
realizada com o
Somacount 300
®
calibrado com leite de vaca e a microscopia com lâminas coradas
com Pyronina-y, corante específico para DNA, concluindo que a contagem
automática poderia ser utilizada na contagem de células somáticas do leite caprino.
Em outro estudo da mesma linha, Zeng et al. (1999) compararam novamente a
contagem de células somáticas no leite caprino em quatro diferentes laboratórios,
sendo que um deles calibrou o aparelho com leite caprino e os outros três usaram o
aparelho calibrado com leite bovino, os resultados dos três laboratórios foram, em
média, 24,5% (21,7%, 25,3 e 26,5%) maiores do que as médias obtidas pelo
laboratório que calibrou o aparelho com leite caprino.
Diversos estudos foram desenvolvidos no sentido de se obter valores de
referência para a contagem de células somáticas no leite caprino.
Park e Humphrey (1986) estudaram rebanhos de cabras Nubianas e Alpinas em
lactação e encontraram uma média de 9,08 x 10
5
céls/ml na contagem de células
somáticas do leite desses animais. No mesmo trabalho, os autores sugeriram que a
utilização de métodos de contagem de células somáticas baseadas especificamente
no DNA não seria suficiente para garantir a fidelidade dos resultados quando o leite
caprino for examinado, indicando que em caprinos possa ser necessária a utilização
de técnicas mais avançadas para se determinar a contagem de células somáticas do
leite sem erros causados por corpúsculos citoplasmáticos, concluindo que a
contagem das células pode não ser um bom indicador da saúde da glândula
mamária. Park e Humphrey (1996) relataram, ainda, que existe uma grande
correlação entre a contagem de células somáticas e as porcentagens de proteína e
gordura do leite, indicando que, conforme a produção de leite decai durante a
63
lactação, a concentração dos constituintes sólidos do leite aumenta, assim como o
número de células somáticas.
Boutinaud et al. (2003) utilizaram cabras Saanen sadias para estudar a
influência do número de ordenhas diárias na composição do leite e na glândula
mamária e detectaram uma tendência ao aumento da CCS em cabras ordenhadas
uma vez ao dia, sendo que nas cabras ordenhadas três vezes ao dia a contagem se
manteve estável durante o período estudado.
Andrade et al. (2001) utilizou o leite de cabras da raça Alpina para comparar
as diferentes técnicas utilizadas para a contagem de células no leite de bovinos. O
rebanho em fase final da lactação apresentou contagem de células somáticas que
de 77.000 a 3.284.000céls/ml em contagem realizada por citometria de fluxo
(Somacount 300), sendo que 40% do rebanho apresentou contagem maior do que
1x10
6
céls/ml. A contagem por microscopia direta com azul de metileno e a contagem
por citometria de fluxo foram muito semelhantes e não apresentaram diferença
estatística.
Fernandes (2002) encontrou uma média de 7x10
5
céls/ml para as raças
Saanen e Alpina. A contagem média encontrada em animais que foram
classificados, através do CMT, como sendo negativos, traços, uma cruz, duas cruzes
e três cruzes foi: 7,8x10
5
céls/ml, 3,7x10
6
céls/ml, 3,8x10
6
céls/ml, 6,8x10
6
céls/ml e
8,8x10
6
céls/ml, respectivamente. É recomendada a associação do CMT com outra
prova, como, por exemplo, os exames clínico completo e microbiológico.
Guimarães et al. (1989) estudou cabras em diversas lactações, inclusive a
primeira, e encontrou, por microscopia, diferentes valores na contagem de células
somáticas para cada grupo de animais. Animais com apenas uma lactação
apresentaram contagem média de 1.368x10
3
céls/ml no início da lactação,
2.663x10
3
céls/ml no meio da lactação e 3.080x10
3
céls/ml na fase final. O grupo
composto por cabras com diferentes números de lactações apresentou uma
contagem média de 1.211x10
3
céls/ml na fase inicial da lactação, 2.161x10
3
céls/ml
no meio da lactação e 2.177x10
3
céls/ml na fase final.
Gomes (2004) encontrou um valor médio de 582.000céls/ml no leite caprino
entre um e oito meses em lactação. No mesmo trabalho, a autora relacionou os
valores medianos de contagem de células somáticas com os resultados do California
Mastitis Test: negativo (239.000céls/ml), traços (812.500céls/ml), uma cruz
(999.000céls/ml), duas cruzes (3.978.000céls/ml) e três cruzes (9.999.000céls/ml).
64
Madureira (2006) estudou a contagem celular do leite de cabras da raça Saanen e
encontrou diferentes valores para o início (159.500céls/ml), meio (508.000céls/ml) e
fim (277.000céls/ml) da lactação. Divindo os dados de acordo com os resultados do
California Mastitis Test, temos os seguintes valores: 181.000céls/ml (negativo),
578.000céls/ml (traços), 628.000céls/ml (uma cruz), 1.421.500céls/ml (duas cruzes)
e 5.542.000céls/ml (três cruzes).
Dulin et al. (1983) compararam as duas metades do úbere de cada cabra,
sendo que uma delas era infectada e a outra não. Enquanto que as metades
infectadas passaram de 0,126x10
6
céls/ml antes da infecção para 1,178x10
6
céls/ml.
As metades que não foram infectadas sofreram um aumento significativo de
0,08x10
6
céls/ml para 0,481x10
6
céls/ml, mostrando que uma infecção numa metade
do úbere influenciou a outra metade.
Estudando cabras no meio da lactação Poutrel e Lerondelle (1983)
encontraram uma média de 614x10
3
céls/ml para úberes livres de infecção e
1.293x10
3
céls/ml para úberes com isolamento de Stafilococcus coagulase negativo.
Já Leitner (2004), estudando cabras israelenses, anotou valores médios de
417x10
3
céls/ml para não infectadas e 1.750x10
3
céls/ml para infectadas.
65
3 MATERIAIS E MÉTODO
3.1 Considerações gerais
Na presente pesquisa foram avaliadas 27 glândulas mamárias consideradas
sadias de 15 cabras da raça Saanen. A seleção dos animais utilizados foi baseada
no exame clínico e no histórico dos mesmos antes do início do experimento, não
sendo utilizados animais que apresentaram alterações das características
macroscópicas do leite, tais como: presença de grumos ou alterações da cor do leite
detectadas na prova do fundo escuro. Também foram descartadas cabras que na
palpação da glândula mamária, realizada após a ordenha, apresentaram alterações
de consistência que pudessem estar relacionadas à existência de quadro de mamite,
conforme as recomendações de Birgel (1982), bem como aqueles que apresentaram
episódios recorrentes de mamite ou que tivessem recebido qualquer medicação
intramamária há pelo menos 2 meses antes do início do processo de secagem.
3.2 Grupos experimentais
Ao final da fase experimental, considerando os resultados do exame
microbiológico, as glândulas mamárias foram divididas em dois grupos:
- mamas sadias que não apresentaram qualquer distúrbio durante o processo de
secagem e cujo exame do exame microbiológico era negativo;
- mamas sadias que não apresentaram qualquer distúrbio durante o processo de
secagem, mas que no exame microbiológico realizado na secreção láctea foi
possível o isolamento de bactérias.
Em 70 oportunidades nas quais bactérias foram isoladas do leite, observou-se
a presença de bactérias dos gêneros Staphylococcus e Corynebacterium em
51,43% e 48,57% das amostras, respectivamente. Nestas 70 amostras de secreção
láctea foram identificadas bactérias das seguintes espécies: Corynebacterium bovis
(34 amostras); Staphylococcus hominis hominis (10 amostras), Staphylococcus
66
haemolyticus (7 amostras), Staphylococcus hominis novobiocpticus (7 amostras),
Staphylococcus caeseolyticus (6 amostras), Staphylococcus epidermidis (4
amostras), Staphylococcus intermedius (1 amostra) e Staphylococcus caprae (1
amostra). Posteriormente, as mamas examinadas foram divididas em dois grupos.
As mamas nas quais não foi encontrado isolamento bacteriano em nenhuma
oportunidade foram consideradas “sem isolamento” e as mamas que em algum
momento apresentaram isolamento bacteriano foram colocadas no grupo “com
isolamento”.
De acordo com o início da interrupção da ordenha, os animais foram divididos
em oito grupos experimentais, procurando avaliar os 30 primeiros dias do período
seco, bem como a influência do isolamento bacteriano, sendo a constituição dos
grupos experimentais apresentados na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 - Constituição dos grupos experimentais para avaliar as características físico-
químicas e celulares na secreção láctea de cabras da raça Saanen durante o processo de
secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
Grupos
Experimentais
Sem Isolamento
Bacteriano
Com Isolamento
Bacteriano
Dia da supressão da ordenha 17 10
1º Dia do Período Seco
17 10
3º Dia do Período Seco
17 10
5º Dia do Período Seco
17 10
7º Dia do Período Seco
17 10
10º Dia do Período Seco
17 10
15º Dia do Período Seco
17 10
30º Dia do Período Seco
17 10
67
3.3 Manejo dos animais
Durante a da fase experimental os animais ficaram alojados em baias com
solário no Centro de Pesquisas e Diagnóstico de Enfermidades de Ruminantes do
Hospital de Bovinos e Pequenos Ruminantes da Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia da Universidade de São Paulo (HOVET–FMVZ–USP), situado na cidade
de São Paulo (latitude 23º 32’ 51’’, longitude 46º 38’ 10’’, a 760m de altitude). A
alimentação fornecida era constituída de feno de coast-cross, fornecido no período
da manhã e da tarde, ração peletizada com 14% de proteína bruta fornecida pela
manhã e água ad libitum. Semanalmente, era fornecido aos animais sal mineral de
bovinos.
A interrupção da ordenha foi realizada de forma abrupta e sem a aplicação de
antibióticos intra-mamários de qualquer natureza, sendo utilizadas somente as
mamas que durante o exame clínico realizado não apresentaram qualquer distúrbio
de secreção durante o processo de secagem. Desta maneira, três glândulas
mamárias que apresentaram grumos na secreção láctea e/ou alterações
perceptíveis pela palpação da mama foram excluídas dos grupos experimentais.
3.4 Colheitas
No momento de cada colheita os animais eram retirados da baia e contidos
com cabrestos. Imediatamente antes de cada colheita foi realizada a higienização do
úbere e dos tetos através de pré-dipping com solução de hipoclorito de sódio e
posterior secagem individual com papel toalha. Após os procedimentos de
higienização, era realizado o teste do fundo escuro.
Para a colheita das amostras estéreis de leite, era feita a anti-sepsia da
extremidade do teto, particularmente do orifício do teto, utilizando-se um chumaço
de gaze estéril embebido em álcool 70%, de acordo com os padrões recomendados
em boletim da International Dairy Federation (1981). Após a limpeza e anti-sepsia,
os primeiros jatos de leite foram desprezados, a fim de evitar que resíduos de anti-
sépticos contaminassem as amostras, e foi realizada a colheita de 2ml de leite em
68
frascos de plástico estéreis e com tampas de rosca destinados ao exame
microbiológico. As amostras foram conservadas em freezer a -20ºC para análises
futuras.
Dando seqüência à colheita das amostras, foram colhidos 50ml de leite de
cada teto em frascos de plástico livres de íons. Imediatamente após as colheitas, as
amostras seguiam ao laboratório para a determinação dos valores do pH,
eletrocondutividade, cloretos e realização do California Mastitis Test (CMT). Na
seqüência, foram colhidos cerca de 20ml de leite de cada teto em frascos de plástico
contendo duas pastilhas de conservante à base de bronopol (2-bromo-2-nitro-
propano-1,3-diol) e natamycin para a contagem automática de células somáticas e
determinação dos valores de lactose, proteínas, sólidos totais e gordura. Os frascos
foram acondicionados em caixas apropriadas fornecidas pela instituição responsável
pelas análises e foram mantidos, até o momento da leitura, em temperatura
ambiente, num prazo máximo de sete dias após a colheita do leite. Estas amostras
eram então encaminhadas via sedex para o Laboratório de Fisiologia da Lactação
do Departamento de Produção Animal do Centro de Tecnologia para o
Gerenciamento da Pecuária de Leite da Escola Superior de Agronomia Luiz de
Queiroz da USP localizada na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo, onde
eram processadas.
3.5 Exame dos animais
3.5.1 Avaliação da glândula mamária e da secreção láctea
O exame clínico da glândula mamária durante a evolução do processo de
secagem foi realizado no dia da última ordenha e também no 1º, 3º, 5º, 7º, 10º, 15º e
30º dias do processo de secagem.
Antes da colheita das amostras de leite, a glândula mamária era submetida a
minucioso exame clínico feito por inspeção e palpação da mama, caracterizando a
plenitude e a distensão da mama e dos tetos, determinando a consistência e a
presença de edema da glândula mamária. A avaliação era complementada pela
69
observação da ocorrência de ejeção espontânea do leite e verificação do aspecto
da secreção láctea, assinalando sua coloração e consistência. As classificações
utilizadas para caracterizar essas observações foram descritas nos quadros 3.1, 3.2,
3.3 e 3.4.
Grau Plenitude e Distensão da Glândula Mamária
1 Não distendida
2 Moderadamente distendida e possível de preguear a pele
3 Distendida e difícil de preguear a pele
4 Extremamente distendida e impossível o pregueamento da pele
Quadro 3.1 – Interpretação do exame de plenitude e distensão da glândula mamária (Fonte:
modificado de EWBANK, 1963)
Grau Plenitude e Distensão dos Tetos
1 Pequenos e vazios
2 Com conteúdo (flutuação), mas relaxados
3 Distendidos, pouco brilhantes, mas preservando ainda as pregas
4 Tensos, lisos e luzidios
Quadro 3.2 – Interpretação do exame de plenitude e distensão dos tetos
Grau Ocorrência de Edema da Glândula Mamária
1 Ausente
2 Restrito à base do teto ou da glândula
3 Difuso por toda a glândula
4 Estendendo-se até o abdômen
Quadro 3.3 – Interpretação do exame de edema da glândula mamária
70
Aspecto da Secreção Láctea
1 Leite
2 Leite com coloração creme clara
3 Aquosa
4 Viscosa de cor dourada
Quadro 3.4 - Interpretação do exame de fundo escuro para avaliar o aspecto da secreção
láctea
3.6 Determinações realizadas nas amostras de leite
3.6.1 Determinação da concentração hidrogeniônica (pH)
Imediatamente após a colheita, as amostras de leite foram levadas ao
laboratório para a determinação da concentração hidrogeniônica. Foi utilizado um
medidor de pH da marca Digimed
®
modelo DM 20 calibrado com soluções de pH
conhecidos (6,86 e 4,0) e regulado para a temperatura ambiente.
3.6.2 Determinação dos valores de eletrocondutividade no leite
Para a determinação dos valores de eletrocondutividade do leite foi utilizado o
aparelho Mastitron Plus V da empresa MILKU
®
, que mede a capacidade dos íons
cloro, sódio e potássio existentes no leite de conduzirem corrente elétrica. Antes do
início das determinações, o equipamento foi calibrado com uma solução de cloreto
de potássio a 0,1N (a 25°C) e o valor lido no equipamento ajustado para 12,9mS/cm.
As amostras de leite de cada glândula mamária foram depositadas
diretamente no receptáculo do equipamento, em quantidade suficiente
(aproximadamente 10ml) para cobrir os eletrodos nele presentes, permitindo que
ocorresse a passagem de corrente elétrica, sendo a condutividade registrada,
71
automaticamente, no visor digital do aparelho e o resultado expresso em mS/cm
(miliSiemens por centímetro).
3.6.3 Determinação dos valores de cloretos no leite
A determinação dos valores de cloretos no leite foi realizada por titulação
coloumétrica utilizando-se o analisador de cloretos modelo 925 da marca Corning
®
.
O aparelho analisador de cloretos apresenta um circuito composto de eletrodos de
prata que recebem uma corrente elétrica e liberam íons deste metal numa taxa
constante. Essa reação ocorre em meio ácido e por essa razão emprega-se uma
solução tampão. Com o aparelho já calibrado, foram adicionados 100μl de leite
numa solução tampão ácida. Com o acionamento do equipamento, os íons de cloro
presentes no leite reagiram com os íons de prata liberados no meio ácido, formando
um sal (cloreto de prata) e acionando um cronômetro ao mesmo tempo. Com o
consumo dos íons de cloro presentes na solução tampão, aparecem íons de prata
não ligados que são reconhecidos por um eletrodo específico, interrompendo a
corrente elétrica responsável pela liberação dos íons de prata e parando o
cronômetro. O tempo de funcionamento do cronômetro é diretamente proporcional
ao conteúdo de cloreto na amostra analisada. Os resultados, expressos em mMol/l,
foram multiplicados pelo fator de 3,55 a fim de converter os valores para unidade
mg/dl.
3.6.4 Determinação dos valores de gordura, lactose, proteína e sólidos totais
Antes do início da análise, as amostras de leite foram mantidas em banho-
maria a 38°C durante 15 minutos, sendo as determinações dos valores dos
diferentes constituíntes do leite realizadas por radiação infravermelha, utilizando-se
o equipamento BENTLEY 2000
®
da empresa Bentley Instruments Inc. A alíquota de
leite, quando aspirada pelo equipamento, é exposta a uma fonte de radiação
infravermelha que provoca a emissão de um espectro de ondas, sendo que os
72
constituintes do leite (gordura, lactose, proteína e sólidos totais), que apresentam
pico máximo da absorbância entre 2μm e 15μm, são identificados e quantificados
pelo equipamento, fundamentado na lei de Beer-Lambert, cuja definição diz que a
porcentagem de cada constituinte é relacionada com a quantidade de energia
absorvida, estabelecendo que a absorbância da luz por uma substância, numa
determinada espessura, é diretamente proporcional à concentração de um
componente. Os resultados foram expressos em g/dl.
3.6.5 Determinação do índice cloretos/lactose
O índice cloretos/lactose foi obtido conforme preconizado por Vanlandingham
et al. (1941) mediante a divisão do valor de cloreto expresso em mg/dl pelo valor da
lactose expresso na mesma unidade, multiplicando-se o resultado por 100, sendo os
resultados apresentados em porcentagem (%).
Cloretos
Í
ndice
=
Lactose*
x 100
* o valor de lactose em g/dl deve ser multiplicado por 1000 para converter a unidade em mg/dl
3.6.6 Prova de Schalm e Noorlander – California Mastitis Test (CMT)
A avaliação indireta da celularidade do leite de cada glândula foi realizada por
meio da prova descrita por Schalm e Noorlander (1957) e denominada de California
Mastitis Test (CMT). Desenvolvida a partir do Teste de Whiteside, esta prova baseia-
se na capacidade que os agentes tensoativos aniônicos, como o alquilarisulfonato,
têm de destruir as células somáticas do leite, liberando o DNA presente no núcleo
dessas células, resultando no aumento da viscosidade e/ou gelificação da mistura.
Para melhorar a visualização da prova, inclui-se um corante à base de púrpura de
bromocresol que permite avaliar o pH da amostra.
Para a realização da prova foram utilizadas placas especiais contendo quatro
receptáculos. Em dois deles foram colocados 2ml de leite e 2ml do reativo de CMT
73
(FATEC
®
) e a mistura foi homogeneizada, por aproximadamente 10 segundos, com
movimentos circulares feitos com uma das mãos segurando a haste da placa para, a
seguir, ser realizada a avaliação subjetiva dos resultados, segundo o grau de
intensidade da viscosidade desenvolvida. Esta interpretação está apresentada a
seguir (Quadro 3.5), conforme preconizado por Schalm; Carroll; Jain (1971).
Escore Avaliação da reação
Estimativa do número de
células somáticas por ml
Negativo
(-)
sem modificação 60.000 (até 480.000)
Traços
(+)--
líquido mucoso na periferia do
receptáculo
270.000 (até 630.000)
Levemente positivo
+--
formação muco-floculenta, sem
tendência a formar cume central
660.000
(240.000 a 1.440.000)
Fracamente Positivo
++-
formação de gel semi-líquido, com
movimento em massas e presença
de cume central
2.400.000
(1.080.000 a 5.850.000)
Fortemente positivo
+++
formação de massa gelatinosa
convexa e presa ao fundo do
receptáculo
>10.000.000
Quadro 3.5 - Interpretação do California Mastitis Test (CMT) para caprinos (
SCHALM;
CARROLL; JAIN, 1971).
3.6.7 Contagem eletrônica do número de células somáticas
As amostras de leite, antes do início da análise, foram mantidas em banho-
maria a 38°C, durante 15 minutos, e a seguir foram homogeneizadas manualmente,
sendo a contagem de células somáticas realizada por citometria de fluxo, utilizando-
se o equipamento SOMACOUNT 300
®
da empresa Bentley Instruments Inc.
Nesta análise, uma alíquota de leite, depois de ser aspirada pelo equipamento
SOMACOUNT 300
®
, é misturada com o corante brometo de etídio que cora o DNA
do núcleo das células somáticas. As células coradas, quando expostas a uma fonte
luminosa de laser, fluorescem, e no tubo multiplicador do equipamento são
convertidas em impulsos elétricos que serão registrados. Os resultados são
expressos em células somáticas x10
3
/ml.
74
3.6.8 Exame microbiológico
As amostras de leite, após serem descongeladas, foram semeadas em meio
ágar-sangue de carneiro e incubadas a 37°C. As leituras foram realizadas com 24,
48 e 72 horas de incubação. Os exames bacterioscópicos foram realizados em
lâminas coradas pelo método de Gram e os microorganismos foram isolados e
identificados por provas bioquímicas, de acordo com as técnicas descritas por
Lennette et al. (1985) e classificados de acordo com o Bergey´s Manual of
Systematic Bacteriology (KRIEG; HOLT, 1984).
3.7 Análise Estatística
Para determinar a influência da fase do processo de secagem nas
características físico-químicas da secreção láctea foram calculados a média, o
desvio-padrão, a mediana, o coeficiente e a amplitude de variação e o intervalo de
confiança para cada variável analisada, como preconizam Berquó, Souza e Gottlieb
(1981).
Para testar a influência do processo de secagem em cada um dos fatores
estudados utilizou-se o modelo General Linear Models (GLM), que devido ao não
balanceamento das variáveis estudadas mostrou-se ser o mais adequado, sendo
que para a comparação dos pares de médias foi utilizada a Comparação Múltipla de
Tukey.
Para a análise das variáveis qualitativas, primeiramente foi calculada a
freqüência de ocorrência para cada variável e então foi utilizado o Teste de
Igualdade de Duas Proporções com nível de significância igual a 5%.
Complementando a análise estatística, a comparação entre os grupos de
mamas sem isolamento e com isolamento bacteriano foi utilizado o Teste Não-
Paramétrico de Mann-Whitney, indicado por Sampaio (1998), quando existem
apenas dois grupos experimentais independentes, inclusive com tamanhos variados.
Os programas utilizados para realizar as análises descritas acima foram o
SPSS V.11, o Minitab V.14 e o Excel XP.
75
4 RESULTADOS
4.1 Avaliação do exame clínico da glândula mamária de cabras da raça Saanen,
durante a evolução do processo de secagem da mama
Para avaliar os resultados do exame clínico da glândula mamária durante o
processo de secagem foram utilizados os dados obtidos de todas as 27 mamas
presentes no estudo. Os dados estão expressos em porcentagens, mostrando a
freqüência da ocorrência de cada resposta ou observação em cada momento.
4.1.1 Avaliação da influência do processo de secagem na plenitude e distensão
da glândula mamária
No gráfico 4.1 e tabela 4.1 foram apresentados os resultados relativos à
palpação do grau de plenitude e distensão da glândula mamária, durante a evolução
do processo de secagem. Nesse período observou-se que o grau de plenitude e
distensão da mama sofreu significativas variações.
O grau de distensão máximo foi atingido no terceiro dia após o início do
processo de secagem, quando 62,96% (17/27) estavam distendidas ou
extremamente distendidas, sendo que 33,33% (9/27) das mamas estavam
extremamente distendidas e apenas 37,04% (das mamas foram classificadas como
moderadamente distendidas ou não distendidas. No quinto dia após a secagem, as
glândulas iniciaram o processo de involução, quando mais de 44,45% (12/27) eram
classificadas como moderadamente distendidas ou não distendidas, até atingir a
menor distensão no final da secagem, com 37,04% (10/27) das mamas não
distendidas e apenas 7,41% (2/27) de mamas distendidas.
76
Gráfico 4.1 - Influência do processo de secagem da glândula mamária na ocorrência dos diferentes graus de plenitude e distensão da
mama de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007
77
Tabela 4.1 - Resultados obtidos na avaliação do grau de plenitude e distensão da mama, por palpação, durante a evolução do processo de
secagem da glândula mamária de cabras da raça Saanen - São Paulo – 2007
PLENITUDE E DISTENSÃO DA MAMA
Momentos de colheita
Não distendida Moderadamente distendida Distendida Extremamente distendida
Dia da supressão da ordenha
18,52%
acd
(5/27)
81,48%
b
(22/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
1º Dia do Período Seco
25,93%
cd
(7/27)
51,85%
a
(14/27)
22,22%
ac
(6/27)
0,00%
a
(0/27)
3º Dia do Período Seco
7,41%
ac
(2/27)
29,63%
a
(8/27)
29,63%
bc
(8/27)
33,33%
b
(9/27)
5º Dia do Período Seco
7,41%
ac
(2/27)
37,04%
a
(10/27)
25,93%
c
(7/27)
29,63%
b
(8/27)
7º Dia do Período Seco
0,00%
b
(0/27)
48,15%
a
(13/27)
44,44%
bc
(12/27)
7,41%
a
(2/27)
10º Dia do Período Seco
0,00%
b
(0/27)
62,96%
ab
(17/27)
37,04%
bc
(10/27)
0,00%
a
(0/27)
15º Dia do Período Seco
3,70%
ac
(1/27)
62,96%
ab
(17/27)
33,33%
bc
(9/27)
0,00%
a
(0/27)
30º Dia do Período Seco
37,04%
d
(10/27)
55,56%
a
(15/27)
7,41%
ac
(2/27)
0,00%
a
(0/27)
abcd - letras não coincidentes, na mesma coluna, significam diferença estatística significante (p0,05)
78
4.1.2Avaliação da influência do processo de secagem na plenitude e distensão
dos tetos
No gráfico 4.2 e tabela 4.2 foram apresentados os resultados relativos à
palpação do grau de plenitude e distensão dos tetos durante a evolução do processo
de secagem, quando observou-se que o grau de plenitude e distensão dos tetos
sofreu significativas variações.
A maior distensão dos tetos ocorreu no terceiro dia após o início da secagem da
glândula mamária, quando 48,15% (13/27) dos tetos estavam extremamente
distendidos ou distendidos, e nenhum teto apresentava a classificação não
distendido. No sétimo dia após a secagem, grande parte dos tetos (66,67%) já
estava classificada como moderadamente distendidos e no final da secagem mais
de 85,18% (23/27) dos tetos estavam moderadamente distendidos ou não
distendidos.
79
Gráfico 4.2 - Influência do processo de secagem da glândula mamária na ocorrência dos diferentes graus de plenitude e distensão do teto de
cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007
80
Tabela 4.2 - Resultados obtidos na avaliação do grau de distensão dos tetos, por palpação, durante a evolução do processo de secagem da
glândula mamária de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007
PLENITUDE E DISTENSÂO DO TETO
Momentos de colheita
Não distendido Moderadamente distendido Distendido Extremamente distendido
Dia da supressão da ordenha
3,70%
a
(1/27)
48,15%
a
(13/27)
48,15%
a
(13/27)
0,00%
a
(0/27)
1º Dia do Período Seco
3,70%
a
(1/27)
59,26%
a
(16/27)
33,33%
ab
(9/27)
3,70%
ab
(1/27)
3º Dia do Período Seco
0,00%
a
(0/27)
51,85%
a
(14/27)
33,33%
ab
(9/27)
14,81%
b
(4/27)
5º Dia do Período Seco
0,00%
a
(0/27)
59,26%
a
(16/27)
22,22%
bc
(6/27)
18,52%
b
(5/27)
7º Dia do Período Seco
0,00%
a
(0/27)
66,67%
a
(18/27)
25,93%
abc
(7/27)
7,41%
ab
(2/27)
10º Dia do Período Seco
7,41%
ab
(2/27)
51,85%
a
(14/27)
37,04%
ab
(10/27)
3,70%
ab
(1/27)
15º Dia do Período Seco
7,41%
ab
(2/27)
55,56%
a
(15/27)
33,33%
ab
(9/27)
3,70%
ab
(1/27)
30º Dia do Período Seco
14,81%
b
(4/27)
70,37%
a
(19/27)
11,11%
c
(3/27)
3,70%
ab
(1/27)
abc - letras não coincidentes, na mesma coluna, significam diferença estatística significante (p0,05)
81
4.1.3 Avaliação da influência do processo de secagem no edema de glândula
mamária
Como podemos observar no gráfico 4.3 e na tabela 4.3, houve uma mudança
significativa no edema da glândula mamária durante o processo de secagem.
O edema de glândula mamária esteve ausente até o terceiro dia de secagem,
quando 14,81% (4/27) das cabras apresentaram edema restrito à base do teto e
7,41% (2/27) edema difuso por toda a glândula.
No quinto dia de secagem a porcentagem de mamas com edema na base dos
tetos aumentou para 37,04% (10/27), sendo que o restante das mamas não
apresentou edema. No sétimo dia de secagem ainda podiam ser observado edema
na base dos tetos de 3,70% (1/27) das mamas. Porém, a partir do décimo dia de
secagem nenhuma mama apresentou edema.
82
Gráfico 4.3 - Influência do processo de secagem da glândula mamária na ocorrência dos diferentes graus de edema de úbere de cabras
da raça Saanen – São Paulo – 2007
83
Tabela 4.3 - Resultados obtidos na avaliação do grau de edema da mama durante a
evolução do processo de secagem da glândula mamária de cabras da raça
Saanen – São Paulo – 2007
EDEMA DA MAMA
Momentos de colheita
Ausente
Restrito à
base do teto
Difuso por
toda a glândula
Estendendo-se
até o abdômen
Dia da supressão da ordenha
100,00%
a
(27/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
1º Dia do Período Seco
100,00%
a
(27/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
3º Dia do Período Seco
77,78%
bc
(21/27)
14,81%
bc
(4/27)
7,41%
a
(2/27)
0,00%
a
(0/27)
5º Dia do Período Seco
62,96%
c
(17/27)
37,04%
c
(10/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
7º Dia do Período Seco
96,30%
ab
(26/27)
3,70%
ab
(1/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
10º Dia do Período Seco
100,00%
ab
(27/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
15º Dia do Período Seco
100,00%
ab
(27/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
30º Dia do Período Seco
100,00%
ab
(27/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
abc - letras não coincidentes, na mesma coluna, significam diferença estatística não significante
(p>0,05)
4.1.4 Avaliação da influência do processo de secagem na ocorrência de ejeção
espontânea de secreção láctea
Em nenhum momento, durante todo o processo de secagem, os animais deste
experimento apresentaram ejeção espontânea de leite.
84
4.1.5 Avaliação da influência do processo de secagem no aspecto da secreção
láctea
O gráfico 4.4 e a tabela 4.4 mostram que houve uma significativa mudança no
aspecto da secreção láctea durante a evolução do processo de secagem.
No momento da interrupção da ordenha todos as mamas apresentavam uma
secreção láctea cujo aspecto era de leite, quadro esse que se manteve até o
primeiro dia após o início do processo de secagem. Porém, a partir do terceiro dia,
40,74% (11/27) das mamas já apresentavam uma secreção com aspecto de leite de
coloração creme clara e a secreção láctea do restante das glândulas mamárias
(59,26%) continuava com aspecto de leite.
Do terceiro até o décimo quinto dia após a última ordenha houve um aumento
gradativo do percentual de mamas com secreção de aspecto de leite com coloração
creme clara, indo de 40,74% (11/27) no terceiro dia até 81,48% (22/27) no décimo
quinto dia. Ao mesmo tempo, foi observada uma queda gradual da quantidade de
mamas que apresentavam secreção com aspecto de leite, sendo 59,26% (16/27) no
terceiro dia e 7,41% (2/27) no décimo quinto dia, quando foi possível observar
também o aparecimento de secreção de aspecto aquoso em 11,11% (3/27) das
mamas.
No último dia do processo de secagem, 11,11% (3/27) das glândulas
mamárias ainda apresentavam secreção de aspecto de leite, 59,26% (16/27)
apresentavam secreção com aspecto de leite com coloração creme clara e 29,63%
(8/27) com aspecto aquoso.
85
Gráfico 4.4 - Influência do processo de secagem da glândula mamária na ocorrência dos diferentes aspectos da secreção láctea de cabras da
raça Saanen – São Paulo – 2007
86
Tabela 4.4 - Resultados obtidos na avaliação do aspecto da secreção láctea presente na
mama, durante a evolução do processo de secagem da glândula mamária de
cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007
ASPECTO DA SECREÇÃO LÁCTEA
Momentos de colheita
Leite
Leite de coloração
creme clara
Aquoso
Viscosa de
cor dourada
Dia da supressão da ordenha
100,00%
a
(27/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
1º Dia do Período Seco
100,00%
a
(27/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
3º Dia do Período Seco
59,26%
b
(16/27)
40,74%
b
(11/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
5º Dia do Período Seco
40,74%
b
(11/27)
59,26%
bc
(16/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
7º Dia do Período Seco
37,04%
b
(10/27)
62,96%
bc
(17/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
10º Dia do Período Seco
37,04%
b
(10/27)
62,96%
bc
(17/27)
0,00%
a
(0/27)
0,00%
a
(0/27)
15º Dia do Período Seco
7,41%
c
(2/27)
81,48%
c
(22/27)
11,11%
ab
(3/27)
0,00%
a
(0/27)
30º Dia do Período Seco
11,11%
c
(3/27)
59,26%
bc
(16/27)
29,63%
b
(8/27)
0,00%
a
(0/27)
abc - letras não coincidentes, na mesma coluna, significam diferença estatística significante (p0,05)
4.2 Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária nas
características físico–químicas e celulares da secreção láctea de cabras da raça
Saanen
Para avaliar a influência do processo de secagem sobre as características
físico-químicas e celulares da secreção láctea de cabras da raça Saanen foram
utilizados os dados das 17 mamas sadias que não apresentaram isolamento
bacteriano positivo.
87
4.2.1 Avaliação da influência do processo de secagem nos valores de pH da
secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.5 e na tabela 4.5
demonstrou a significativa influência do processo de secagem da glândula mamária
nos valores do pH da secreção láctea, pois a partir do quinto dia do período seco
observou-se um gradual aumento nos seus valores.
Nas amostras colhidas entre a última ordenha e o terceiro dia do período seco
verificou-se que os valores de pH na secreção oscilaram entre 6,66±0,09 e
6,71±0,06 sem que diferenças estatísticas fossem observadas. A partir do quinto dia
do período seco, observou-se um gradual aumento dos valores do pH, sendo que os
valores encontrados no sétimo (7,09±0,15), décimo (7,09±0,29), décimo quinto
(7,33±0,26) e trigésimo dias do período seco (7,48±0,31) foram estatisticamente
maiores do que os observados nos três primeiros dias do processo de secagem.
abcd - letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
Gráfico 4.5 - Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária nos
valores médios de pH da secreção láctea de cabras da raça Saanen – São
Paulo – 2007
88
Tabela 4.5 - Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e amplitude de
variação, dos valores de pH da secreção láctea de cabras da raça Saanen,
distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da glândula
mamária – São Paulo – 2007
Momentos
de colheita
Número
de mamas
Média
Desvio
Padrão
Mediana CV (%)
Amplitude
de Variação
Dia da
Supressão da ordenha
17 6,67
a
0,06 6,68 0,90 6,57 - 6,79
1º Dia
do Período Seco
17 6,66
a
0,09 6,64 1,30 6,52 - 6,88
3º Dia
do Período Seco
17 6,71
a
0,06 6,71 0,90 6,60 - 6,87
5º Dia
do Período Seco
17 6,95
ab
0,16 6,9 2,20 6,73 - 7,25
7º Dia
do Período Seco
17 7,09
bc
0,15 7,06 2,10 6,80 - 7,33
10º Dia
do Período Seco
17 7,09
c
0,29 7,13 4,10 6,62 - 7,65
15º Dia
do Período Seco
17 7,33
cd
0,26 7,35 3,60 6,84 - 7,77
30º Dia
do Período Seco
17 7,48
d
0,31 7,55 4,10 6,41 - 7,73
abcd – letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
4.2.2 Avaliação da influência do processo de secagem nos valores de
eletrocondutividade da secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.6 e na tabela 4.6
demonstrou a significativa influência do processo de secagem da glândula mamária
secagem nos valores de eletrocondutividade da secreção láctea, pois a partir do
décimo quinto dia do período seco observou-se um gradual aumento nos seus
valores.
Entre a última ordenha e o décimo dia do período seco, verificou-se que os
valores de eletrocondutividade oscilaram entre 6,96±0,66mS/cm e 7,46±1,30mS/cm
sem que diferenças estatísticas fossem observadas, sendo que os valores obtidos
em amostras colhidas no trigésimo dia do período seco (9,72±2,12mS/cm) foram
89
estatisticamente maiores do que os observados em amostras colhidas entre o dia de
supressão da ordenha e o décimo dia do período seco.
ab – letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
Gráfico 4.6 - Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária nos
valores médios de eletrocondutividade da secreção láctea de cabras da raça
Saanen – São Paulo – 2007
90
Tabela 4.6 - Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e amplitude de
variação, dos valores de eletrocondutividade da secreção láctea de cabras da
raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007
Momentos de colheita
Número
de mamas
Média
(mS/cm)
Desvio
Padrão
(mS/cm)
Mediana
(mS/cm)
CV (%)
Amplitude
de Variação
(mS/cm)
Dia da
supressão da ordenha
17 7,10
a
0,66 7,2 9,30 6,00 - 8,30
1º Dia
do Período Seco
17 6,96
a
0,66 7,1 9,50 5,70 - 8,10
3º Dia
do Período Seco
17 7,39
a
0,89 7,5 12,00 5,20 - 9,20
5º Dia
do Período Seco
17 6,98
a
0,75 7,1 10,70 4,90 - 8,20
7º Dia
do Período Seco
17 6,72
a
0,61 6,8 9,10 4,80 - 7,50
10º Dia
do Período Seco
17 7,46
a
1,30 7,2 17,40 5,20 - 11,50
15º Dia
do Período Seco
17 8,16
ab
1,50 8,2 18,40 5,90 - 10,70
30º Dia
do Período Seco
17 9,72
b
2,12 10,1 21,80 5,10 - 12,50
ab– letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
4.2.3 Avaliação da influência do processo de secagem nos teores de cloretos
da secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.7 e na tabela 4.7
demonstrou a significativa influência do processo de secagem da glândula mamária
nos teores de cloretos da secreção láctea, pois a partir do décimo dia do período
seco ocorria um gradual aumento nos seus valores.
Entre a última ordenha e o décimo dia do período seco, verificou-se que os
teores lácteos de cloretos oscilaram entre 175,52±26,73mg/dl e 200,47±55,05mg/dl
sem que diferenças estatísticas fossem observadas, sendo que os valores obtidos
em amostras colhidas no trigésimo dia do período seco (272,20±53,53mg/dl) foram
91
estatisticamente maiores do que os observados em amostras colhidas entre o dia de
supressão da ordenha e o décimo dia do período seco.
ab - letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
Gráfico 4.7 - Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária nos
valores médios dos teores de cloretos da secreção láctea de cabras da raça
Saanen – São Paulo – 2007
92
Tabela 4.7 - Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e amplitude de
variação, dos teores de cloretos da secreção láctea de cabras da raça
Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007
Momentos de colheita
Número
de mamas
Média
(mg/dl)
Desvio
Padrão
(mg/dl)
Mediana
(mg/dl)
CV
(%)
Amplitude
de Variação
(mg/dl)
Dia da
supressão da ordenha
17 176,04
a
27,35 181,05 15,50 129,58 - 237,85
1º Dia
do Período Seco
17 175,52
a
26,73 177,5 15,20 126,03 - 230,75
3º Dia
do Período Seco
17 185,75
a
33,72 186,38 18,20 126,03 - 252,05
5º Dia
do Período Seco
17 192,33
a
36,32 184,6 18,90 131,35 - 259,15
7º Dia
do Período Seco
17 184,29
a
32,40 175,73 17,60 131,35 - 237,85
10º Dia
do Período Seco
17 200,47
a
55,05 198,8 27,50 111,83 - 321,28
15º Dia
do Período Seco
17 229,19
ab
53,20 236,08 23,20 140,23 - 312,40
30º Dia
do Período Seco
17 272,20
b
53,53 285,78 19,70 168,63 - 340,80
ab – letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
4.2.4 Avaliação da influência do processo de secagem nos teores de lactose da
secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.8 e na tabela 4.8
demonstrou a significativa influência do processo de secagem da glândula mamária
nos teores de lactose da secreção láctea, pois a partir do décimo dia do período
seco ocorria uma gradual diminuição nos seus valores.
Entre a última ordenha e o sétimo dia do período seco, verificou-se que os
teores lácteos de cloretos oscilaram entre 4,10±0,50g/dl e 4,32±0,36g/dl sem que
diferenças estatísticas fossem observadas. A partir do décimo dia do período seco
observou-se uma gradual diminuição dos teores de lactose, sendo que os valores
93
encontrados no décimo (2,98±1,06g/dl) e trigésimo dias do período seco
(1,62±0,94g/dl) foram estatisticamente menores do que os observados nos sete
primeiros dias do processo de secagem.
abc - letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
Gráfico 4.8 - Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária nos
valores médios dos teores de lactose da secreção láctea de cabras da raça
Saanen – São Paulo – 2007
94
Tabela 4.8 - Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e amplitude de
variação, dos teores de lactose da secreção láctea de cabras da raça Saanen,
distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da glândula
mamária – São Paulo – 2007
Momentos de colheita
Número
de mamas
Média
(g/dl)
Desvio
Padrão
(g/dl)
Mediana
(g/dl)
CV
(%)
Amplitude
de
Variação
(g/dl)
Dia da
supressão da ordenha
17 4,10
a
0,50 4,13 12,30 2,51 - 4,68
1º Dia
do Período Seco
16 4,28
a
0,54 4,22 12,70 2,70 - 4,88
3º Dia
do Período Seco
17 4,24
a
0,42 4,2 9,80 3,20 - 4,84
5º Dia
do Período Seco
16 4,32
a
0,36 4,36 8,30 3,54 - 4,81
7º Dia
do Período Seco
17 4,23
a
0,34 4,32 8,00 3,70 - 4,73
10º Dia
do Período Seco
17 4,00
ab
0,50 4,07 12,50 3,14 - 4,73
15º Dia
do Período Seco
17 2,98
bc
1,06 3,18 35,50 0,86 - 4,18
30º Dia
do Período Seco
17 1,62
c
0,94 1,50 58,16 0,29 -2,97
abc – letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
4.2.5 Avaliação da influência do processo de secagem no índice
cloretos/lactose da secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.9 e na tabela 4.9
demonstrou a significativa influência do processo de secagem da glândula mamária
nos valores do índice cloretos/lactose da secreção láctea, pois a partir do décimo
quinto dia do período seco observou-se um gradual aumento nos seus valores.
Entre a última ordenha e o décimo dia do período seco, verificou-se que os valores
do índice cloretos/lactose oscilaram entre 4,23±1,04% e 5,23±2,10% sem que
diferenças estatísticas fossem observadas, sendo que os valores obtidos em
amostras colhidas no trigésimo dia do período seco (24,13±19,79%) foram
95
estatisticamente maiores do que os observados em amostras colhidas entre o dia de
supressão da ordenha e o décimo dia do período seco.
ab – letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
Gráfico 4.9 - Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária nos
valores médios do índice cloreto/lactose da secreção láctea de cabras da
raça Saanen – São Paulo – 2007
96
Tabela 4.9 - Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e amplitude de
variação dos valores do índice cloreto/lactose da secreção láctea de cabras da
raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007
Momentos de colheita
Número
de mamas
Média
(%)
Desvio
Padrão
(%)
Mediana
(%)
CV
(%)
Amplitude
de Variação
(%)
Dia da
supressão da ordenha
17 4,40
a
1,07 4,35 24,30 2,81 – 6,86
1º Dia
do Período Seco
16 4,23
a
1,04 4,30 24,50 2,58 – 6,11
3ºDia
do Período Seco
17 4,49
a
1,30 4,44 28,90 2,89 – 7,54
5º Dia
do Período Seco
16 4,50
a
1,29 4,04 28,80 2,93 – 7,24
7º Dia
do Período Seco
17 4,44
a
1,13 4,05 25,60 2,99 – 6,32
10º Dia
do Período Seco
17 5,23
a
2,10 4,88 40,10 2,47 – 9,79
15º Dia
do Período Seco
17 10,50
ab
9,01 7,16 85,80 3,35 – 36,32
30º Dia
do Período Seco
17 24,13
b
19,79 18,84 82,00 6,04 – 66,65
ab – letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
4.2.6 Avaliação da influência do processo de secagem no teor de gordura da
secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.10 e na tabela 4.10
demonstrou que o processo de secagem da glândula mamária não influenciou os
teores de gordura na secreção láctea, sendo que no período estudado os valores
oscilaram entre 2,07±1,49g/dl e 3,49±1,39g/dl sem que qualquer diferença estatística
fosse observada.
97
a - letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
Gráfico 4.10 - Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária nos
valores medos de gordura da secreção láctea de cabras da raça Saanen –
São Paulo – 2007
98
Tabela 4.10 - Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e amplitude de
variação dos valores de gordura na secreção láctea de cabras da raça
Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007
Momentos de colheita
Número
de mamas
Média
(g/dl)
Desvio
Padrão
(g/dl)
Mediana
(g/dl)
CV
(%)
Amplitude
de Variação
(g/dl)
Dia da
supressão da ordenha
17 3,31
a
1,61 3,01 48,80 1,99 - 8,74
1º Dia
do Período Seco
16 2,84
a
1,55 2,50 54,60 1,30 - 8,05
3º Dia
do Período Seco
17 2,07
a
1,49 1,72 71,70 0,55 - 6,18
5º Dia
do Período Seco
16 2,76
a
1,19 2,61 43,20 1,29 - 6,19
7º Dia
do Período Seco
17 3,49
a
1,39 3,07 39,90 1,42 - 5,79
10º Dia
do Período Seco
17 2,81
a
1,25 2,70 44,60 1,13 - 6,21
15º Dia
do Período Seco
17 3,41
a
1,75 3,31 51,40 1,05 - 8,20
30º Dia
do Período Seco
17 2,76
a
3,36 1,21 121,60 0,03 - 12,94
a – letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
4.2.7 Avaliação da influência do processo de secagem no teor de proteína da
secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.11 e na tabela 4.11
demonstrou a significativa influência do processo de secagem da glândula mamária
nos teores de proteína da secreção láctea, pois observou-se um gradual aumento
nos seus valores durante o período estudado.
No último dia de ordenha, antes do início do processo de secagem foram
encontrados valores médios de proteína iguais a 2,89±0,87g/dl. Com a evolução do
processo de secagem observou-se uma gradual aumento nos teores de protéina,
sendo que os valores encontrados no décimo quinto e trigésimo dias do período
99
seco, iguais a 4,47±1,40g/dl e 5,27±2,07g/dl respectivamente, foram
estatisticamente maiores do que os verificados no último dia de ordenha.
abc – letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
Gráfico 4.11 - Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária nos
valores médios de proteína da secreção láctea de cabras da raça Saanen –
São Paulo – 2007
100
Tabela 4.11 - Média, desvio padrão, mediana, coeficiente de variação (CV) e amplitude de
variação dos valores de proteína da secreção láctea de cabras da raça
Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007
Momentos de colheita
Número
de mamas
Média
(g/dl)
Desvio
Padrão
(g/dl)
Mediana
(g/dl)
CV
(%)
Amplitude
de Variação
(g/dl)
Dia da
supressão da ordenha
17 2,89
a
0,87 2,72 30,20 2,28 - 6,15
1º Dia
do Período Seco
16 2,95
ab
1,03 2,79 34,90 2,2 - 6,65
3º Dia
do Período Seco
17 3,11
ab
0,64 3,04 20,60 2,54 - 5,45
5º Dia
do Período Seco
16 3,64
ab
0,61 3,59 16,80 2,99 - 5,69
7ºDia
do Período Seco
17 4,02
abc
0,78 3,9 19,30 3,05 - 6,31
10º Dia
do Período Seco
17 4,16
abc
0,95 3,85 22,90 2,97 - 6,71
15º Dia
do Período Seco
17 4,47
bc
1,4 3,94 31,30 2,87 - 7,56
30º Dia
do Período Seco
17 5,27
c
2,07 4,83 39,30 2,64 - 9,27
abc – letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
101
4.2.8 Avaliação da influência do processo de secagem no teor de sólidos
totais da secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.12 e na tabela 4.12
demonstrou que o processo de secagem da glândula mamária não influenciou os
teores de sólidos totais na secreção láctea, sendo que no período estudado os
valores oscilaram entre 9,81±4,91g/dl e 11,68±2,08 g/dl sem que qualquer diferença
estatística fosse observada.
a- letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
Gráfico 4.12 - Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária nos
valores médios de sólidos totais da secreção láctea de cabras da raça
Saanen – São Paulo – 2007
102
Tabela 4.12 - Média, desvio padrão, coeficiente de variação (CV) e amplitude de variação
dos teores de sólidos totais da secreção láctea de cabras da raça Saanen,
distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da glândula
mamária – São Paulo – 2007
Momentos de colheita
Número
de mamas
Média
(g/dl)
Desvio
Padrão
(g/dl)
Mediana
(g/dl)
CV
(%)
Amplitude
de Variação
(g/dl)
Dia da
supressão da ordenha
17 11,25
a
2,27 10,69 20,10 8,84 - 19,04
1º Dia
do Período Seco
16 11,02
a
2,39 10,58 21,70 8,6 - 19,11
3º Dia
do Período Seco
17 10,29
a
2,28 10,04 22,10 7,18 - 17,44
5º Dia
do Período Seco
16 11,60
a
1,93 11,16 16,60 9,8 - 17,85
7º Dia
do Período Seco
17 12,55
a
1,92 12,42 15,30 10,17 - 18
10º Dia
do Período Seco
17 11,68
a
2,08 11,27 17,80 9,79 - 18,57
15º Dia
do Período Seco
17 11,28
a
3,02 10,86 26,80 7,08 - 18,16
30º Dia
do Período Seco
17 9,81
a
4,91 7,8 50,10 4,68 - 21,56
a – letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
4.2.9 Avaliação da influência do processo de secagem no número de células
somáticas da secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.13 e na tabela 4.13
demonstrou que o processo de secagem da glândula mamária não influenciou o
número de células somáticas na secreção láctea, sendo que no período estudado os
valores oscilaram entre 1.576,10 ± 1.410,00 e 3.440,10± 2.151,80 x 10
3
céls/ml sem
que qualquer diferença estatística fosse observada.
103
a - letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
Gráfico 4.13 - Avaliação da influência do processo de secagem da glândula mamária no
número médio de células somáticas da secreção láctea de cabras da raça
Saanen – São Paulo – 2007
104
Tabela 4.13 - Média, desvio padrão, coeficiente de variação (CV) e amplitude de variação do número de células somáticas da secreção láctea
de cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
Momentos de colheita
Número
de mamas
Média
(cels/mlx10
3
)
Desvio
Padrão
(cels/mlx10
3
)
Mediana
(céls/mlx10
3
)
CV
(%)
Amplitude
de Variação
(cels/mlx10
3
)
Dia da
supressão da ordenha
17 3.034,60
a
2.503,00 2.106,00 82,50 105,00 - 6.602,00
1º Dia
do Período Seco
16 2.836,10
a
2.339,80 2.342,00 82,50 980,00 - 7.174,00
3º Dia
do Período Seco
17 2.142,90
a
1.731,90 1.885,00 80,80 45,00 - 5.420,00
5º Dia
do Período Seco
16 2.221,70
a
1.897,20 1.896,50 85,40 66,00 -6.328,00
7º Dia
do Período Seco
17 2.335,20
a
2.031,10 1.291,00 87,00 9,00 - 5.915,00
10º Dia
do Período Seco
17 1.613,30
a
1.649,50 839,00 102,20 11,00 - 4.404,00
15º Dia
do Período Seco
17 1.576,10
a
1.410,00 1.181,00 89,50 64,00 - 5.748,00
30º Dia
do Período Seco
17 3.440,10
a
2.151,80 2.996,00 62,60 688,00 - 8.000,00
a - letras não coincidentes significam diferença estatística significante (p 0,05)
105
4.2.10 Avaliação da influência do processo de secagem no resultado do
California Mastitis Test da secreção láctea
De acordo com a tabela 4.14 houve uma significativa influência do processo
de secagem nos resultados “traços” e “duas cruzes” que, de modo geral,
aumentaram de freqüência durante a secagem. A freqüência da reação “traços”
aumentou até o décimo quinto dia, enquanto que a reação “duas cruzes” oscilou um
pouco durante a secagem mas terminou com uma freqüência maior que a inicial.
Foi possível observar que o dia da supressão da ordenha apresentou o maior
número de mamas com a reação três cruzes (59,26%), sendo que essa freqüência
caiu até o quinto dia da secagem, momento no qual atingiu seu menor percentual
(33,33%), voltando a aumentar no sétimo e décimo dia (40,74 e 48,15%
respectivamente) para então cair até 39,13% no último dia da secagem.
A quantidade de reações negativas oscilou durante o todo processo de
secagem, sendo que no dia da supressão da ordenha 22,22% dos animais eram
negativos para o teste de CMT, freqüência que diminuiu para 14,81% ao final da
secagem. No último dia de secagem mais de 70% das mamas apresentavam reação
duas ou três cruzes.
106
Tabela 4.14 - Freqüência dos graus de intensidade da reação do California Mastitis Test (CMT) na secreção láctea de cabras da raça Saanen,
distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
REAÇÃO DO “CALIFORNIA MASTITS TEST” (CMT)
Momentos de colheita
negativo
- - -
traços
(+) - -
uma cruz
+ - -
duas cruzes
+ + -
três cruzes
+ + +
Dia da supressão da ordenha
22,22%
a
(6/27)
0,00%
a
(0/27)
18,52%
a
(5/27)
0,00%
a
(0/27)
59,26%
a
(16/27)
1º Dia do Período Seco
18,52%
a
(5/27)
3,70%
ab
(1/27)
22,22%
a
(6/27)
11,11%
ab
(3/27)
44,44%
a
(12/27)
3º Dia do Período Seco
22,22%
a
(6/27)
3,70%
ab
(1/27)
14,81%
a
(4/27)
18,52%
bc
(5/27)
40,74%
a
(11/27)
5º Dia do Período Seco
14,81%
a
(4/27)
11,11%
ab
(3/27)
22,22%
a
(6/27)
18,52%
bc
(5/27)
33,33%
a
(9/27)
7º Dia do Período Seco
11,11%
a
(3/27)
14,81%
b
(4/27)
7,69%
a
(2/27)
22,22%
bc
(6/27)
40,74%
a
(11/27)
10º Dia do Período Seco
18,52%
a
(5/27)
14,81%
b
(4/27)
7,41%
a
(2/27)
11,11%
ab
(3/27)
48,15%
a
(13/27)
15º Dia do Período Seco
11,11%
a
(3/27)
18,52%
b
(5/27)
14,81%
a
(4/27)
11,11%
ab
(3/27)
44,44%
a
(12/27)
30º Dia do Período Seco
14,81%
a
(4/27)
3,70%
ab
(1/27)
11,11%
a
(3/27)
37,03%
c
(10/27)
33,33%
a
(9/27)
abc - letras não coincidentes na mesma coluna significam diferença estatística significante (p 0,05)
107
4.3 Avaliação da influência da presença de isolamento bacteriano, durante o
processo de secagem, nas características físico-químicas e celulares da secreção
láctea de cabras da raça Saanen.
4.3.1 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no pH da secreção
láctea
O gráfico 4.14 e a tabela 4.15 evidenciam a existência de influência do
resultado do exame microbiológico nos valores do pH da secreção láctea entre os
grupos avaliados pois nas amostras colhidas no trigésimo dia do período seco
observou-se que os valores de pH encontrados nas amostras colhidas de mamas
sadias e nas quais não era possível o isolamento de bactérias (7,15±0,49) foram
estatisticamente menores do que os observados em mamas que não apresentavam
qualquer distúrbio durante o processo de secagem, porém nas quais era possível o
isolamento de bactérias (7,48±0,31). Na comparação entre os grupos experimentais
nos demais momentos avaliados (última ordenha e primeiros quinze dias do período
seco) não foram observadas diferenças estatísticas significantes.
Gráfico 4.14 - Avaliação da influência da presença de isolamento bacteriano durante o
processo de secagem nos valores do pH da secreção láctea de cabras da
raça Saanen – São Paulo – 2007
108
Tabela 4.15 - Valores de pH (expressos pela média ± desvio padrão e mediana) na
secreção láctea de mamas sem e com isolamento bacteriano de cabras da
raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007
pH
Momentos de Colheita
N Sem Isolamento N Com Isolamento
Dia da supressão da ordenha 17
6,67 ± 0,06
(6,68)
a
10
6,73 ± 0,12
(6,69)
a
1º Dia do Período Seco
17
6,66 ± 0,09
(6,64)
a
10
6,72 ± 0,12
(6,71)
a
3º Dia do Período Seco
17
6,71 ± 0,06
(6,71)
a
10
6,82 ± 0,19
(6,77)
a
5º Dia do Período Seco
17
6,95 ± 0,16
(6,90)
a
10
7,09 ± 0,35
(7,10)
a
7º Dia do Período Seco
17
7,09 ± 0,15
(7,06)
a
10
7,26 ± 0,41
(7,45)
a
10º Dia do Período Seco
17
7,09 ± 0,29
(7,13)
a
10
7,34 ± 0,41
(7,44)
a
15º Dia do Período Seco
17
7,33 ± 0,26
(7,35)
a
10
7,36 ± 0,42
(7,44)
a
30º Dia do Período Seco
17
7,48 ± 0,31
(7,55)
a
10
7,15 ± 0,49
(7,42)
b
ab – letras coincidentes, na mesma linha, significam diferença estatística não significante (p 0,05); N
– número de glândulas mamárias avaliadas; ( ) – valor entre parêntesis correspondem à mediana
4.3.2 Avaliação da influência do isolamento bacteriano na eletrocondutividade
da secreção láctea
A análise dos resultados apresentados na gráfico 4.15 e na tabela 4.16 não
evidenciou a existência de influência do resultado do exame microbiológico nos
valores de eletrocondutividade da secreção láctea dos grupos avaliados.
Nos primeiros trinta dias do período seco observou-se que os valores de
eletrocondutividade na secreção láctea variavam entre 6,72±0,61 e 9,72±2,12mS/cm
para o grupo composto de mamas sadias e nas quais não era possível o isolamento
de bactérias na secreção láctea e entre 6,63±0,54 e 8,69±2,63mS/cm para o grupo
composto de mamas que não apresentavam qualquer distúrbio durante o processo
de secagem, porém nas quais era possível o isolamento de bactérias na secreção
láctea.
109
Gráfico 4.15 - Avaliação da influência da presença de isolamento bacteriano durante o
processo de secagem nos valores da eletrocondutividade da secreção láctea
de cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007
110
Tabela 4.16 - Valores de eletrocondutividade (expressos pela média ± desvio padrão e
mediana) na secreção láctea de mamas sem e com isolamento bacteriano de
cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de
secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
ELETROCONDUTIVIDADE (mS/cm)
Momentos de Colheita
N Sem Isolamento N Com Isolamento
Dia da supressão da ordenha 17
7,10 ± 0,66
(7,20)
a
10
6,68 ± 0,61
(6,45)
a
1º Dia do Período Seco 17
6,96 ± 0,66
(7,10)
a
10
6,63 ± 0,54
(6,55)
a
3º Dia do Período Seco 17
7,39 ± 0,89
(7,50)
a
10
6,93 ± 0,79
(6,95)
a
5º Dia do Período Seco 17
6,98 ± 0,75
(7,10)
a
10
7,18 ± 1,23
(7,3)
a
7º Dia do Período Seco 17
6,72 ± 0,61
(6,80)
a
10
7,82 ± 1,68
(8,05)
a
10º Dia do Período Seco 17
7,46 ± 1,3
(7,20)
a
10
8,51 ± 2,04
(8,65)
a
15º Dia do Período Seco 17
8,16 ± 1,5
(8,20)
a
10
8,59 ± 2,02
(9,6)
a
30º Dia do Período Seco 17
9,72 ± 2,12
(10,10)
a
10
8,69 ± 2,63
(8,15)
a
a - letras não coincidentes, na mesma linha, significam diferença estatística significante (p 0,05); N
– número de glândulas mamárias avaliadas; ( ) – valor entre parêntesis correspondem à mediana
4.3.3 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no teor de cloretos da
secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.16 e na tabela 4.17 não
evidenciou a existência de influência do resultado do exame microbiológico nos
valores de cloretos da secreção láctea dos grupos avaliados.
Nos primeiros trinta dias do período seco observou-se que os teores lácteos
de cloretos variavam entre 175,52±26,73 e 272,2±53,53mg/dl para o grupo
composto de mamas sadias e nos quais não era possível o isolamento de bactérias
na secreção láctea e entre 162,41±22,19 e 238,56±71,22 mg/dl para o grupo
composto de mamas que não apresentavam qualquer distúrbio durante o processo
de secagem, porém nas quais era possível o isolamento de bactérias na secreção
láctea.
111
Gráfico 4.16 - Avaliação da influência da presença de isolamento bacteriano durante o
processo de secagem nos teores de cloreto da secreção láctea de cabras da
raça Saanen – São Paulo – 2007
112
Tabela 4.17 - Valores de cloretos (expressos pela média ± desvio padrão e mediana) na
secreção láctea de mamas sem e com isolamento bacteriano de cabras da
raça Saanen, distribuídos a evolução do processo de secagem da glândula
mamária – São Paulo – 2007
CLORETOS (mg/dl)
Momentos de Colheita
N Sem Isolamento N Com Isolamento
Dia da supressão da ordenha 17
176,04 ± 27,35
(181,05)
a
10
165,08 ± 24,00
(166,85)
a
1º Dia do Período Seco 17
175,52 ± 26,73
(177,5)
a
10
162,41 ± 22,19
(165,08)
a
3º Dia do Período Seco 17
185,75 ± 33,72
(186,38)
a
10
176,26 ± 34,03
(174,84)
a
5º Dia do Período Seco 17
192,33 ± 36,32
(184,6)
a
10
192,77 ± 49,40
(210,34)
a
7º Dia do Período Seco 17
184,29 ± 32,40
(175,73)
a
10
211,58 ± 65,32
(230,75)
a
10º Dia do Período Seco 17
200,47 ± 55,05
(198,8)
a
10
225,43 ± 68,41
(230,75)
a
15º Dia do Período Seco 17
229,19 ± 53,20
(236,08)
a
10
238,56 ± 71,22
(270,69)
a
30º Dia do Período Seco 17
272,2 ± 53,53
(285,78)
a
10
235,72 ± 78,37
(228,09)
a
a - letras não coincidentes, na mesma linha, significam diferença estatística significante (p 0,05); N
– número de glândulas mamárias avaliadas; ( ) – valor entre parêntesis correspondem à mediana
4.3.4 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no teor de lactose da
secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.17 e na tabela 4.18
evidencia a existência de influência do resultado do exame microbiológico nos teores
lácteos de lactose dos grupos avaliados.
Nas amostras colhidas no quinto, sétimo e décimo dias do período seco,
observou-se que os valores de lactose encontrados nas amostras colhidas de
mamas sadias e nas quais não era possível o isolamento de bactérias
(respectivamente iguais a 4,32±0,36g/dl; 4,23±0,34g/dl e 4,00±0,50g/dl) foram
estatisticamente maiores do que os observados em mamas que não apresentavam
qualquer distúrbio durante o processo de secagem, porém nas quais era possível o
113
isolamento de bactérias (respectivamente iguais a 3,47±0,84g/dl; 2,88±1,51g/dl e
1,95±1,64g/dl).
O comportamento das curvas durante a evolução do processo de secagem
nos dois grupos avaliados foram diferentes, já que a partir do terceiro dia de
secagem os valores de lactose de mamas sadias sem isolamento bacteriano sofriam
uma abrupta diminuição da secreção de lactose, enquanto no grupos de amostras
sem isolamento bacteriano esta diminuição nos valores de lactose podia ser
observada somente a partir do décimo dia do início do processo de secagem.
Gráfico 4.17 - Avaliação da influência da presença de isolamento bacteriano durante o
processo de secagem nos teores de lactose da secreção láctea de cabras da
raça Saanen – São Paulo – 2007
114
Tabela 4.18 - Valores de lactose (expressos pela média ± desvio padrão e mediana) na
secreção láctea de mamas sem e com isolamento bacteriano de cabras da
raça Saanen, distribuídos a evolução do processo de secagem da glândula
mamária – São Paulo – 2007
LACTOSE (g/dl)
Momentos de Colheita
N Sem Isolamento N Com Isolamento
Dia da supressão da ordenha 17
4,1 ± 0,50
(4,13)
a
10
3,96 ± 0,72
(4,29)
a
1º Dia do Período Seco 16
4,28 ± 0,54
(4,22)
a
10
4,13 ± 0,68
(4,35)
a
3º Dia do Período Seco 17
4,24 ± 0,42
(4,2)
a
10
4,11 ± 0,41
(4,17)
a
5º Dia do Período Seco 16
4,32 ± 0,36
(4,36)
a
10
3,47 ± 0,84
(3,64)
b
7º Dia do Período Seco 17
4,23 ± 0,34
(4,32)
a
10
2,88 ± 1,51
(2,76)
b
10º Dia do Período Seco 17
4,00 ± 0,50
(4,07)
a
10
1,95 ± 1,64
(1,81)
b
15º Dia do Período Seco 17
2,98 ± 1,06
(3,18)
a
10
1,94 ± 1,45
(1,44)
a
30º Dia do Período Seco 17
1,53 ± 0,99
(1,38)
a
10
2,18 ± 1,41
(1,68)
a
ab - letras não coincidentes, na mesma linha, significam diferença estatística significante (p 0,05); N
– número de glândulas mamárias avaliadas; ( ) – valor entre parêntesis correspondem à mediana
4.3.5 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no índice
cloretos/lactose da secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.18 e na tabela 4.19
evidencia a existência de influência do resultado do exame microbiológico nos
valores do índice cloretos/lactose dos grupos avaliados.
Nas amostras colhidas no décimo dia do período seco observou-se que os
valores do índice cloretos/lactose encontrados nas amostras colhidas de mamas
sadias e nas quais não era possível o isolamento de bactérias (5,24±2,10%) foram
estatisticamente menores do que os observados em mamas que não apresentavam
qualquer distúrbio durante o processo de secagem, porém nas quais era possível o
isolamento de bactérias (29,36±35,54%).
115
Na comparação entre os grupos experimentais nos demais momentos
avaliados não foram observadas diferenças estatísticas significantes, sendo que os
valores do índice cloretos/lactose na secreção láctea variavam entre 4,24±1,04% e
24,13±19,79% para o grupo composto de mamas sadias e nas quais não era
possível o isolamento de bactérias na secreção láctea e entre 4,11±1,23% e
20,97±21,16% para o grupo composto de mamas que não apresentavam qualquer
distúrbio durante o processo de secagem, porém nas quais era possível o
isolamento de bactérias na secreção láctea.
Gráfico 4.18 - Avaliação da influência da presença de isolamento bacteriano durante o
processo de secagem no índice cloreto/lactose da secreção láctea de cabras
da raça Saanen – São Paulo – 2007
116
Tabela 4.19 - Valores do índice cloretos/lactose (expressos pela média ± desvio padrão e
mediana) na secreção láctea de mamas sem isolamento e com isolamento de
cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de
secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
ÍNDICE CLORETOS/ LACTOSE (%)
Momentos de Colheita
N Sem Isolamento N Com Isolamento
Dia da supressão da ordenha 17
4,40 ± 1,07
(4,35)
a
10
4,42 ± 1,57
(3,87)
a
1º Dia do Período Seco 16
4,24 ± 1,04
(4,30)
a
10
4,11 ± 1,23
(3,75)
a
3º Dia do Período Seco 17
4,49 ± 1,30
(4,44)
a
10
4,37 ± 1,17
(4,09)
a
5º Dia do Período Seco 16
4,51 ± 1,30
(4,04)
a
10
6,06 ± 3,19
(5,78)
a
7º Dia do Período Seco 17
4,44 ± 1,14
(4,05)
a
10
14,68 ± 19,27
(8,60)
a
10º Dia do Período Seco 17
5,24 ± 2,10
(4,89)
a
9
29,36 ± 35,54
(14,27)
b
15º Dia do Período Seco 17
10,50 ± 9,01
(7,16)
a
8
15,81 ± 14,67
(12,72)
a
30º Dia do Período Seco 17
24,13± 19,79
(18,84)
a
10
20,97 ± 21,16
(15,94)
a
ab - letras não coincidentes, na mesma linha, significam diferença estatística significante (p 0,05); N
– número de glândulas mamárias avaliadas; ( ) – valor entre parêntesis correspondem à mediana
117
4.3.6 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no teor de gordura da
secreção láctea
A análise dos resultados apresentados na gráfico 4.19 e na tabela 4.20
evidencia a existência de influência do resultado do exame microbiológico nos teores
lácteos de gordura dos grupos avaliados.
Nas amostras colhidas no terceiro e décimo dias do período seco, observou-
se que os teores lácteos de gordura encontrados nas amostras colhidas de mamas
sadias e nas quais não era possível o isolamento de bactérias (respectivamente
iguais a 2,07±1,49g/dl e 2,81±1,25g/dl) foram estatisticamente menores do que os
observados em mamas que não apresentavam qualquer distúrbio durante o
processo de secagem, porém nas quais era possível o isolamento de bactérias
(respectivamente iguais a 3,77±1,99g/dl e 4,26±1,48g/dl).
Na comparação entre os grupos experimentais nos demais momentos
avaliados não foram observadas diferenças estatísticas significantes, sendo que os
valores de gordura na secreção láctea variavam entre 2,76±1,19g/dl e 3,49±1,39g/dl
para o grupo composto de mamas sadias e nas quais não era possível o isolamento
de bactérias na secreção láctea e entre 3,57±1,72g/dl e 4,20±2,38g/dl para o grupo
composto de mamas que não apresentavam qualquer distúrbio durante o processo
de secagem, porém nas quais era possível o isolamento de bactérias na secreção
láctea.
118
Gráfico 4.19 - Avaliação da influência da presença de isolamento bacteriano durante o
processo de secagem no teor de gordura da secreção láctea de cabras da
raça Saanen – São Paulo – 2007
119
Tabela 4.20 - Valores de gordura (expressos pela média ± desvio padrão e mediana) na
secreção láctea de mamas sem e com isolamento bacteriano de cabras da
raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da
glândula mamária – São Paulo – 2007
GORDURA (g/dl)
Momentos de Colheita
N Sem Isolamento N Com Isolamento
Dia da supressão da ordenha 17
3,31 ± 1,61
(3,01)
a
10
3,62 ± 1,77
(3,29)
a
1º Dia do Período Seco 16
2,84 ± 1,55
(2,5)
a
10
3,57 ± 1,72
(3,63)
a
3º Dia do Período Seco 17
2,07 ± 1,49
(1,72)
a
10
3,77 ± 1,99
(3,52)
b
5º Dia do Período Seco 16
2,76 ± 1,19
(2,61)
a
9
3,74 ± 1,44
(3,44)
a
7º Dia do Período Seco 17
3,49 ± 1,39
(3,07)
a
10
3,65 ± 1,14
(3,59)
a
10º Dia do Período Seco 17
2,81 ± 1,25
(2,7)
a
10
4,26 ± 1,48
(4,16)
b
15º Dia do Período Seco 17
3,41 ± 1,75
(3,31)
a
10
4,01 ± 1,79
(3,56)
a
30º Dia do Período Seco 17
2,76 ± 3,36
(1,21)
a
10
4,2 ± 2,38
(3,69)
a
ab - letras não coincidentes, na mesma linha, significam diferença estatística significante (p 0,05); N
– número de glândulas mamárias avaliadas; ( ) – valor entre parêntesis correspondem à mediana
4.3.7 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no teor de proteína da
secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.20 e na tabela 4.21
evidencia a existência de influência do resultado do exame microbiológico nos teores
lácteos de proteína dos grupos avaliados.
Nas amostras colhidas no quinto e décimo quinto dias do período seco,
observou-se que o teor lácteo de proteína encontrado nas amostras colhidas de
mamas sadias e nas quais não era possível o isolamento de bactérias
(respectivamente iguais a 3,64±0,61g/dl e 4,47±1,40g/dl) foram estatisticamente
menores do que os observados em mamas que não apresentavam qualquer
120
distúrbio durante o processo de secagem, porém nas quais era possível o
isolamento de bactérias (respectivamente iguais a 4,70±1,59g/dl e 6,12± 1,85g/dl).
Na comparação entre os grupos experimentais nos demais momentos
avaliados não foram observadas diferenças estatísticas significantes, sendo que os
valores de proteína na secreção láctea variavam entre 2,89±0,87g/dl e 5,27±2,07g/dl
para o grupo composto de mamas sadias e nas quais não era possível o isolamento
de bactérias na secreção láctea e entre 3,28±1,39g/dl e 5,07±1,70g/dl para o grupo
composto de mamas que não apresentavam qualquer distúrbio durante o processo
de secagem, porém nas quais era possível o isolamento de bactérias na secreção
láctea.
Gráfico 4.20 - Avaliação da influência da condição de saúde da glândula mamária durante o
processo de secagem no teor de proteína da secreção láctea de cabras da
raça Saanen – São Paulo – 2007
121
Tabela 4.21 - Valores de proteína (expressos pela média ± desvio padrão e mediana) na
secreção láctea de mamas sem e com isolamento de cabras da raça Saanen,
distribuídos segundo a evolução do processo de secagem da glândula
mamária – São Paulo – 2007
PROTEÍNA (g/dl)
Momentos de Colheita
N Sem Isolamento N Com Isolamento
Dia da supressão da ordenha 17
2,89 ± 0,87
(2,72)
a
10
3,40 ± 1,2
(3,19)
a
1º Dia do Período Seco 16
2,95 ± 1,03
(2,79)
a
10
3,28 ± 1,39
(2,99)
a
3º Dia do Período Seco 17
3,11 ± 0,64
(3,04)
a
10
3,61 ± 0,8
(3,50)
a
5º Dia do Período Seco 16
3,64 ± 0,61
(3,59)
a
10
4,70 ± 1,59
(4,47)
b
7º Dia do Período Seco 17
4,02 ± 0,78
(3,90)
a
10
4,47 ± 1,24
(4,71)
a
10º Dia do Período Seco 17
4,16 ± 0,95
(3,85)
a
10
5,07 ± 1,7
(4,94)
a
15º Dia do Período Seco 17
4,47 ± 1,4
(3,94)
a
10
6,12 ± 1,85
(6,19)
b
30º Dia do Período Seco 17
5,27 ± 2,07
(4,83)
a
10
4,71 ± 1,58
(4,53)
a
ab - letras não coincidentes, na mesma linha, significam diferença estatística significante (p 0,05); N
– número de glândulas mamárias avaliadas; ( ) – valor entre parêntesis correspondem à mediana
4.3.8 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no teor de sólidos totais
da secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.21 e na tabela 4.22
evidencia a existência de influência do resultado do exame microbiológico nos teores
lácteos de sólidos totais dos grupos avaliados.
Nas amostras colhidas no terceiro dia do período seco observou-se que os
teores lácteos de sólidos totais encontrados nas amostras colhidas de mamas sadias
e nas quais não era possível o isolamento de bactérias (10,29±2,28g/dl) foram
estatisticamente menores do que os observados em mamas que não apresentavam
qualquer distúrbio durante o processo de secagem, porém nas quais era possível o
isolamento de bactérias (12,51±2,45 g/dl).
122
Na comparação entre os grupos experimentais nos demais momentos
avaliados não foram observadas diferenças estatísticas significantes, sendo que os
valores de sólidos totais na secreção láctea variavam entre 9,81±4,91g/dl e
12,55±1,92g/dl para o grupo composto de mamas sadias e nas quais não era
possível o isolamento de bactérias na secreção láctea e entre 11,68±3,47g/dl e
12,75±3,46g/dl para o grupo composto de mamas que não apresentavam qualquer
distúrbio durante o processo de secagem, porém nas quais era possível o
isolamento de bactérias na secreção láctea.
Gráfico 4.21 - Avaliação da influência da condição de saúde da glândula mamária durante o
processo de secagem no teor de sólidos totais da secreção láctea de cabras
da raça Saanen – São Paulo – 2007
123
Tabela 4.22 - Valores de sólidos totais (expressos pela média ± desvio padrão e mediana)
na secreção láctea de mamas sem isolamento e com isolamento de cabras
da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de secagem
da glândula mamária – São Paulo – 2007
SÓLIDOS TOTAIS (g/dl)
Momentos de Colheita
N Sem Isolamento N Com Isolamento
Dia da supressão da ordenha 17
11,25 ± 2,27
(10,69)
a
10
12,02 ± 2,60
(11,85)
a
1º Dia do Período Seco
16
11,02 ± 2,39
(10,58)
a
10
11,98 ± 2,75
(11,90)
a
3º Dia do Período Seco
17
10,29 ± 2,28
(10,04)
a
10
12,51 ± 2,45
(12,67)
b
5º Dia do Período Seco
16
11,60 ± 1,93
(11,16)
a
10
11,68 ± 3,47
(12,23)
a
7º Dia do Período Seco
17
12,55 ± 1,92
(12,42)
a
10
11,92 ± 2,45
(11,46)
a
10º Dia do Período Seco
17
11,68 ± 2,08
(11,27)
a
10
12,10 ± 3,49
(11,65)
a
15º Dia do Período Seco
17
11,28 ± 3,02
(10,86)
a
10
12,75 ± 3,46
(12,60)
a
30º Dia do Período Seco
17
9,81 ± 4,91
(7,80)
a
10
11,98 ± 5,13
(13,73)
a
ab - letras não coincidentes, na mesma linha, significam diferença estatística significante (p 0,05); N
– número de glândulas mamárias avaliadas; ( ) – valor entre parêntesis correspondem à mediana
4.3.9 Avaliação da influência da presença de isolamento bacteriano no número
de células somáticas da secreção láctea
A análise dos resultados apresentados no gráfico 4.22 e na tabela 4.23 o não
evidenciou a existência de influência do resultado do exame microbiológico número
de células somáticas da secreção láctea dos grupos avaliados.
Nos primeiros trinta dias do período seco observou-se que o número de
células somáticas variou entre 1.576.100±1.410.000céls/ml e
3.440.100±2.151.800céls/ml para o grupo composto de mamas sadias e nas quais
não era possível o isolamento de bactérias na secreção láctea e entre
2.692,60±1.609,100céls/ml e 4.814,40±2.409.300céls/ml para o grupo composto de
mamas que não apresentavam qualquer distúrbio durante o processo de secagem,
124
porém nas quais era possível o isolamento de bactérias na secreção láctea sem que
diferenças estatísticas fossem observadas.
Gráfico 4.22 - Avaliação da influência da condição de saúde da glândula mamária durante o
processo de secagem no número de células somáticas da secreção láctea de
cabras da raça Saanen – São Paulo – 2007
125
Tabela 4.23 - Valores do número de células somáticas (expressos pela média ± desvio
padrão e mediana) na secreção láctea de mamas sem e com isolamento de
cabras da raça Saanen, distribuídos segundo a evolução do processo de
secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
Números de células somáticas (x10
3
/ml)
Momentos de Colheita
N Sem Isolamento N Com Isolamento
Dia da supressão da ordenha 17
3.034,60 ± 2.503,00
(2.106,00)
a
10
3.910,70 ± 2.115,50
(3.633,50)
a
.
Dia do Período Seco 16
2.836,10 ± 2.339,80
(2.342,00)
a
10
3.394,90 ± 2.519,90
(2.625,00)
a
.
Dia do Período Seco 17
2.142,90 ± 1.731,90
(1.885,00)
a
10
3.475,60 ± 1.563,40
(3.807,00)
a
.
Dia do Período Seco 16
2.221,70 ± 1.897,20
(1.896,50)
a
10
2.912,10 ± 1.759,30
(3.000,00)
a
.
Dia do Período Seco 17
2.335,20 ± 2.031,10
(1.291,00)
a
10
3.021,20 ± 1.715,50
(2.735,50)
a
10º
.
Dia do Período Seco 17
1.613,30 ± 1.649,50
(839,00)
a
10
2.881,60 ± 1.911,40
(2.479,50)
a
15º
.
Dia do Período Seco 17
1.576,10 ± 1.410,00
(1.181,00)
a
10
2.692,60 ± 1.609,10
(3.092,50)
a
30º
.
Dia do Período Seco 17
3.440,10 ± 2.151,80
(2.996,00)
a
10
4.814,40 ± 2.409,30
(4.423,50)
a
a - letras não coincidentes, na mesma linha, significam diferença estatística significante (p 0,05); N
– número de glândulas mamárias avaliadas; ( ) – valor entre parêntesis correspondem à mediana
4.3.10 Avaliação da influência do isolamento bacteriano no resultado do
California Mastitis Test da secreção láctea
A análise dos gráficos 4.23 e 4.24 e das tabelas 4.24, 4.25 e 4.26 mostra que
houve influência da presença de isolamento bacteriano no resultado do California
Mastitis Test.
No final do processo de secagem, o grupo composto por mamas sadias e nas
quais não era possível o isolamento de bactérias na secreção láctea apresentou
freqüências de respostas “ três cruzes” iguais a 25,53% (décimo quinto dia) e
17,65% (trigésimo dia), significativamente menores que as freqüências apresentadas
pelo grupo composto de mamas que não apresentavam qualquer distúrbio durante o
processo de secagem, porém nas quais era possível o isolamento de bactérias na
secreção láctea, iguais a 80% (décimo quinto dia) e 60% (trigésimo dia).
126
Gráfico 4.23 - Ocorrência dos resultados do California Mastitis Test (CMT) da secreção láctea de cabras da raça Saanen sem isolamento
bacteriano durante o processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
127
Gráfico 4.24 - Ocorrência dos resultados do California Mastitis Test (CMT) da secreção láctea de cabras da raça Saanen com isolamento
bacteriano durante o processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
128
Tabela 4.24 - Freqüências das reações classificadas como negativas do California Mastitis
Test (CMT) na secreção láctea de mamas sem e com isolamento bacteriano
de cabras da raça Saanen, distribuídas segundo a evolução do processo de
secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
REAÇÃO DO CMT
negativo
Momentos de Colheita
Sem isolamento Com isolamento
Dia da supressão da ordenha
23,53%
a
(4/17)
20,00%
a
(2/10)
.
Dia do Período Seco
25,00%
a
(4/16)
10,00%
a
(1/10)
.
Dia do Período Seco
29,41%
a
(5/17)
10,00%
a
(1/10)
.
Dia do Período Seco
23,53%
a
(4/17)
0,00%
a
(0/10)
.
Dia do Período Seco
18,75%
a
(3/16)
0,00%
a
(0/10)
10º
.
Dia do Período Seco
23,53%
a
(4/17)
10,00%
a
(1/10)
15º
.
Dia do Período Seco
17,65%
a
(3/17)
0,00%
a
(0/10)
30º
.
Dia do Período Seco
17,65%
a
(3/17)
10,00%
a
(1/10)
a - letras coincidentes, na mesma linha, significam diferença estatística não significante (p> 0,05)
129
Tabela 4.25 - Freqüências das reações, classificadas como meia e uma cruz, do California
Mastitis Test (CMT) na secreção láctea de mamas sem e com isolamento
bacteriano de cabras da raça Saanen, distribuídas segundo a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
REAÇÃO DO CMT
traços
(+) - -
uma cruz
+ - -
Momentos de Colheita
Sem
isolamento
Com
isolamento
Sem
isolamento
Com
isolamento
Dia da supressão da ordenha
0,00%
a
(0/17)
0,00%
a
(0/10)
29,41%
a
(5/17)
0,00%
a
(0/10)
.
Dia do Período Seco
0,00%
a
(0/16)
10,00%
a
(1/10)
31,25%
a
(5/16)
10,00%
a
(1/10)
.
Dia do Período Seco
5,88%
a
(1/17)
0,00%
a
(0/10)
23,53%
a
(4/17)
0,00%
a
(0/10)
.
Dia do Período Seco
11,76%
a
(2/17)
10,00%
a
(1/10)
35,29%
a
(6/17)
0,00%
b
(0/10)
.
Dia do Período Seco
25,00%
a
(4/16)
0,00%
a
(0/10)
12,50%
a
(2/16)
0,00%
a
(0/10)
10º
.
Dia do Período Seco
23,53%
a
(4/17)
0,00%
a
(0/10)
11,76%
a
(2/17)
0,00%
a
(0/10)
15º
.
Dia do Período Seco
29,41%
a
(5/17)
0,00%
a
(0/10)
17,65%
a
(3/17)
10,00%
a
(1/10)
30º
.
Dia do Período Seco
5,88%
a
(1/17)
0,00%
a
(0/10)
17,65%
a
(3/17)
0,00%
a
(0/10)
ab - letras não coincidentes, na mesma linha para reação (+)-- e para reação +-- , significam
diferença estatística significante (p 0,05)
130
Tabela 4.26 - Freqüências das reações, classificadas como duas e três cruzes, do California
Mastitis Test (CMT) na secreção láctea de mamas sem e com isolamento
bacteriano de cabras da raça Saanen, distribuídas segundo a evolução do
processo de secagem da glândula mamária – São Paulo – 2007
REAÇÃO DO CMT
duas cruzes
++ -
três cruzes
+++
Momentos de Colheita
Sem
isolamento
Com
Isolamento
Sem
isolamento
Com
Isolamento
Dia da supressão da ordenha
0,00%
a
(0/17)
0,00%
a
(0/10)
47,06%
a
(8/17)
80,00%
a
(8/10)
.
Dia do Período Seco
6,25%
a
(1/16)
10,00%
a
(1/10)
37,50%
a
(6/16)
60,00%
a
(6/10)
.
Dia do Período Seco
11,76%
a
(2/17)
30,00%
a
(3/10)
29,41%
a
(5/17)
60,00%
a
(6/10)
.
Dia do Período Seco
5,88%
a
(1/17)
40,00%
b
(4/10)
23,53%
a
(4/17)
50,00%
a
(5/10)
.
Dia do Período Seco
12,50%
a
(2/16)
40,00%
a
(4/10)
31,25%
a
(5/16)
60,00%
a
(6/10)
10º
.
Dia do Período Seco
5,88%
a
(1/17)
20,00%
a
(2/10)
35,29%
a
(6/17)
70,00%
a
(7/10)
15º
.
Dia do Período Seco
11,76%
a
(2/17)
10,00%
a
(1/10)
23,53%
a
(4/17)
80,00%
b
(8/10)
30º
.
Dia do Período Seco
41,18%
a
(7/17)
30,00%
a
(3/10)
17,65%
a
(3/17)
60,00%
b
(6/10)
ab - letras não coincidentes, na mesma linha para reação ++- e para reação +++, significam
diferença estatística significante (p 0,05)
131
5 DISCUSSÃO
Até hoje foram poucos os pesquisadores que se propuseram a estudar o
período seco das cabras, o que pôde ser observado na revisão bibliográfica.
Entretanto, alguns estudos sobre a fisiologia do processo de secagem em caprinos
foram desenvolvidos na década de setenta (FLEET et al., 1975; 1978). Novos
estudos só foram realizados na década de noventa, quando Fowler (1991) estudou a
importância e os efeitos do período seco na produção de leite de cabras. Nesta
pesquisa, o autor utilizou um período seco extremamente longo, de cerca de vinte e
sete semanas, destoando bastante do período comumente usado pelos produtores
(cerca de trinta a quarenta dias). Mais recentemente, Salama (2005) estudou o
período seco de cabras para determinar sua duração ideal, avaliar a qualidade do
colostro e a produção láctea dos animais.
No presente trabalho, optou-se por estudar oito momentos do processo de
secagem da glândula mamária. A princípio, foram colhidas amostras no momento da
última ordenha e os valores das características físico-químicas e celulares do leite
nesse momento foram comparados com os valores referentes ao período de
lactação normal de caprinos relatados na revisão bibliográfica, já que a lactação é
um período amplamente estudado por pesquisadores nacionais e internacionais.
Visto que as características físico-químicas da secreção láctea durante o período
seco ainda não haviam sido estudadas em caprinos, pesquisas realizadas na
espécie bovina foram utilizadas para analisar esse período.
5.1 Características físico-químicas da secreção láctea de cabras durante o processo
de secagem
Poucas pesquisas foram realizadas no período de secagem da glândula
mamária de caprinos e nenhuma delas teve como objetivo avaliar as características
físico-químicas da secreção láctea. Portanto, as alterações observadas serão
discutidas em comparação com os valores conhecidos no período de lactação de
caprinos.
132
No dia da última ordenha, os seguintes valores foram obtidos: pH =
6,67±0,06; eletrocondutividade = 7,10±0,66mS/cm; cloretos = 176,04±27,35mg/dl;
lactose = 4,10±0,50g/dl; índice cloreto/lactose = 4,40±1,07%; gordura =
3,31±1,61g/dl; proteína = 2,89±0,87g/dl; sólidos totais = 11,25±2,27g/dl e células
somáticas = 3.034.600±2.503.000céls/ml. Com exceção da eletrocondutividade,
esses valores ficaram dentro dos parâmetros observados durante o período de
lactação de caprinos relatados na revisão bibliográfica: pH = 6,49-6,70;
eletrocondutividade = 6,55-6,97mS/cm; cloretos = 103,00-217,00mg/dl; lactose =
3,19-4,73g/dl; gordura = 2,74-4,47g/dl; proteína = 2,83-3,70g/dl; sólidos totais =
10,13-12,70g/dl e células somáticas = 77.000-3.284.000céls/ml (SHARMA; ROY,
1977; AKINSOYINU; AKINNYELE, 1979; PARK; HUMPHREY, 1986; GUIMARÃES
et al., 1989; PARK, 1991; BARROS; LEITÃO, 1992; UPADHYAYA; RAO, 1993;
BENEDET; CARVALHO, 1996; DAMASCENO et al., 1997; CHORNOBAI
1
, 1998
apud TORII et al., 2004 p. 905; PRATA et al., 1998; ANDRADE et al., 2001;
FERNANDES, 2002; NUNES, 2002; TONIN; NADER FILHO, 2002; BOUTINAUD et
al., 2003; MORGAN et al., 2003; GOMES, 2004; TORII et al., 2004; MADUREIRA,
2006; SILVA et al., 2006).
Da análise dos resultados obtidos pode-se concluir que houve uma
significativa influência do processo de secagem nos valores de pH,
eletrocondutividade, cloretos, lactose e proteínas, sendo que a gordura, sólidos
totais e células somáticas não sofreram influência do processo de secagem. A seguir
cada parâmetro será discutido com detalhes.
Os valores de pH da secreção láctea durante o período de secagem
apresentaram duas fases de crescimento: entre o terceiro e o sétimo dias e entre o
décimo e o trigésimo dias. No terceiro dia da secagem, o valor médio de pH já era
6,71±0,06 e estava fora do intervalo de valores considerados normais para cabras
em lactação, entre 6,49 e 6,70 (PRATA et al., 1998; CHORNOBAI
1
, 1998 apud
TORII et al., 2004 p. 905; FERNANDES, 2002; NUNES, 2002; TORII et al., 2004).
Esses resultados foram semelhantes aos obtidos por Birgel (2006) na secagem de
vacas holandesas, quando os valores de pH também apresentaram um crescimento,

1
Chornobai, C. A. M. Avaliação físico-química de leite in natura de cabras cruza Saanen,
ao longo do período de lactação. 1998. 100 f. Dissertação (Mestrado), Universidade
Estadual de Maringá – Maringá. 1998
133
sendo que nas cabras esse aumento foi oservado até o final do processo de
secagem e nas vacas o valor de pH se estabilizou após o décimo dia de secagem.
No dia do início do processo de secagem, o valor médio da
eletrocondutividade da secreção láctea era 7,10±0,66mS/cm, um pouco acima do
limite superior do intervalo considerado normal, 6,55 a 6,979mS/cm. Porém, logo no
primeiro dia de secagem este valor sofreu uma ligeira queda para 6,96±0,66mS/cm e
continuou oscilando até o sétimo dia do processo de secagem, quando atingiu
6,72±0,61mS/cm e então começou a aumentar, sendo que apenas no décimo dia
estave fora dos limites de normalidade da lactação (SHARMA; ROY, 1977; PARK,
1991; FERNANDES, 2002). Birgel (2006) detectou que em vacas a
eletrocondutividade sofre um aumento logo início da secagem, se estabiliza e sofre
um novo aumento no final do processo. Entretanto, nesse estudo um aumento mais
significativo só foi observado no final do processo de secagem.
Em relação ao teor de cloretos da secreção láctea, pode-se afirmar que logo
no início do processo de secagem há uma ligeira queda seguida de um aumento
muito sutil que se segue até o décimo dia, quando um aumento mais pronunciado
pode ser observado, levando a uma alteração significativa dos valores. Levando-se
em conta os valores de referência para o teor de cloretos na lactação de caprinos
aqui considerados que se situam entre 103,0 – 217,0mg/dl, só houve uma diferença
desses teores com relação à lactação a partir do décimo quinto dia, pois até o
décimo dia os valores observados se encontravam dentro dessa faixa considerada
(AKINSOYINU; AKINNYELE, 1979; BARROS; LEITÃO, 1992; UPADHYAYA; RAO,
1993; PRATA et al., 1998; FERNANDES, 2002; TONIN; NADER FILHO, 2002).
Birgel (2006) observou que em bovinos o aumento de cloretos se dá de forma
abrupta no início do processo, se estabilizando logo após, para apresentar um leve
aumento no final do processo, entretanto, como já ocorrera com a
eletrocondutividade, os caprinos só apresentaram um aumento significativo no final
do processo.
No dia da última ordenha o valor médio de lactose da secreção láctea era de
4,10±0,50 g/dl, e oscilou até o quinto dia do processo de secagem (4,32±0,36g/dl),
quando então começou a cair lentamente até o décimo dia (4,00±0,50g/dl), sempre
dentro da faixa de valores considerada normal para a lactação que vai de 3,194 a
4,73 g/dl (UPADHYAYA; RAO, 1993; BENEDET; CARVALHO, 1996; PRATA et al.,
134
1998; FERNANDES, 2002; MORGAN et al., 2003; GOMES, 2004; TORII et al.,
2004)
No décimo quinto dia ocorre uma queda abrupta dos valores de lactose para
2,98±1,06g/dl, seguida de outra queda abrupta no trigésimo dia quando os valores
chegaram a 1,62±0,94g/dl, uma redução de cerca 61% dos teores de lactose da
secreção láctea se for comparado o início e o final do processo de secagem. Em
contrapartida , no processo de secagem de fêmeas bovinas Birgel (2006) observou
uma queda muito mais precoce dos teores de lactose, que entre a última ordenha e
o quinto dia caíram de 4,23g/dl para 1,73g/dl de lactose, sendo que no restante do
processo a queda continuou, de forma gradual.
Foi possível observar um grande coeficiente de variação para a variável
lactose nos dois últimos dias de colheita (décimo quinto e trigésimo), ficando acima
dos 30%, valor máximo aceito por Sampaio (1998) para experimentações
envolvendo animais.
O índice cloretos/lactose só aumentou após o décimo dia, o que já era
esperado já que a lactose e o cloreto só começaram a sofrer modificações mais
evidentes a partir desse momento. Levando-se em conta que o cloreto e a lactose
são os principais responsáveis pela isotonicidade do leite (SCHALM; CARROLL;
JAIN, 1971), o índice pode ser utilizado como indicador de uma possível alteração
nessa característica do leite. Birgel (2006), observou as principais alterações no
índice cloreto/lactose entre o primeiro e quinto dia da secagem de bovinos,
diferentemente do que foi constatado nesse estudo. O índice cloretos/lactose
apresentou alguns valores de coeficiente de variação bastante altos a partir do
décimo dia de secagem, assim como havia ocorrido com a lactose.
Os valores de gordura da secreção láctea de cabras variaram bastante
durante todo o processo de secagem, entretanto nenhum padrão foi observado. O
menor valor atingido foi no terceiro dia (2,07±1,49g/dl) sendo esta a única ocasião,
durante toda a secagem em que os valores de gordura ficaram fora da faixa
considerada normal para a secreção láctea de caprinos que vai de 2,74 a 4,47 g/dl
(PARK; HUMPHREY, 1986; GUIMARÃES et al., 1989; PARK, 1991; BARROS E
LEITÃO, 1992; BENEDET; CARVALHO, 1996; DAMASCENO et al., 1997;
135
CHORNOBAI
2
, 1998 apud TORII et al., 2004 p. 905; NUNES, 2002; BOUTINAUD et
al., 2003; MORGAN et al., 2003; GOMES, 2004; SILVA et al., 2006). Diferentemente
dos caprinos, os bovinos apresentam um gradual aumento dos teores de gordura
durante a secagem até o sétimo dia de secagem, quando então esses teores sofrem
uma diminuição para valores pouco acima do início do processo (BIRGEL, 2006).
Durante todo o processo de secagem, o teor de gordura apresentou níveis de
coeficiente de variação muito acima do esperado para uma experimentação animal,
sendo isso um fator que pode ter prejudicado a análise desse parâmetro nesse
estudo. Esse problema pode estar relacionado ao fato das amostras terem sido
processadas em um aparelho calibrado com leite de bovino e não de caprino, já que
Zeng (1996) já havia alertado sobre problemas de processamento de amostras de
leite caprino com aparelho de infravermelho calibrado com leite bovino.
Durante todo o processo de secagem da glândula mamária pode-se observar
um aumento gradual dos teores de proteína. No último dia de ordenha, antes de se
iniciar o processo de secagem, o valor médio era de 2,89±0,87g/dl. Os valores foram
crescendo até alcançar o valor de 5,27±2,07g/dl no trigésimo dia de secagem, o que
representa um aumento de 82,35% no teor de proteínas da secreção láctea. Até o
quinto dia o teor de proteína ainda se encontrava dentro do intervalo de normalidade
para leite caprino compreendido entre 2,83g/dl e 3,7g/dl (PARK; HUMPHREY, 1986;
PARK, 1991; PRATA et al., 1998; BENEDET, 1996; FERNANDES, 2002; MORGAN
et al., 2003; GOMES, 2004; TORII et al., 2004; SILVA et al., 2006). Segundo Birgel
(2006) os bovinos apresentam uma gradual elevação do teor de proteínas do leite
entre a interrupção da ordenha e o décimo quinto dia do processo de secagem,
quando sofreram uma estabilização, e sofreram pequenas flutuações até o final da
secagem. Nesse caso o comportamento das duas espécies foi mais semelhante já
que houve um aumento dos teores de proteína na secreção láctea de 82% para
caprinos e 112,08% para bovinos. Em três oportunidades (primeiro, décimo quinto e
trigésimo dia) pode ser observada uma elevação do coeficiente de variação acima
do esperado para ensaios com animais.
Assim como já ocorrera com a gordura os teores de sólidos totais da secreção
láctea de caprinos variaram muito durante a secagem da mama e apenas no último

2
Chornobai, C. A. M. Avaliação físico-química de leite in natura de cabras cruza Saanen,
ao longo do período de lactação. 1998. 100 f. Dissertação (Mestrado), Universidade
Estadual de Maringá – Maringá. 1998
136
dia de ordenha (9,81±4,91g/dl) ficou fora dos valores considerados normais para
lactação de caprinos (10,13 - 12,7 g/dl). Já quando a espécie considerada é a bovina
os valores tendem a aumentar entre o primeiro o sétimo dia de secagem, já no
período compreendido entre o sétimo e décimo dia houve uma estabilização para
então ocorrer uma queda até o trigésimo dia (BIRGEL, 2006).
Apenas no final do processo de secagem (trigésimo dia) o coeficiente de
variação dos sólidos totais ficou fora do limite aceito por Sampaio (1998).
A CCS da secreção láctea no dia da interrupção da ordenha
(3.034,60x10
3
céls/ml) se encontrava dentro da faixa considerada normal para
caprinos (GUIMARÂES et al., 1989; ANDRADE et al., 2001; FERNANDES, 2002;
GOMES, 2004; MADUREIRA, 2006). A contagem diminuiu até o décimo quinto dia e
sofreu um aumento abrupto até o trigésimo dia da secagem. No processo de
secagem de bovinos Birgel (2006) relatou que a contagem de células somáticas do
leite já sofre um grande aumento do início até o sétimo dia, para então sofrer
pequenos aumentos até o final do processo, mostrando uma grande diferença com
relação aos caprinos. Em todos os momentos observados o coeficiente de variação
ficou muito acima do considerado normal em ensaios com animais, sendo este um
fator que pode ter alterado a interpretação dos dados relativos à CCS.
Os resultados do Califonia Mastits test (CMT) mostrou uma concordância
parcial como os valores encontrados na CCS, já que no início do processo 59% das
mamas apresentavam uma classificação três cruzes. Esse percentual foi diminuindo,
acompanhando a queda da CCS até o sétimo dia, porém a partir do décimo dia o
percentual de mamas com classificação três cruzes voltou a aumentar e caiu no
trigésimo dia, justamente quando houve o maior aumento da CCS, entretanto mais
de 70% das mamas apresentaram reação duas ou três cruzes no final da secagem.
Nos parâmetros determinados na ESALQ (lactose, gordura, proteína e sólidos
totais e contagem de células somáticas) pode ser observado um problema com
elevados coeficientes de variação, principalmente nas amostras provenientes do
final do processo de secagem, ficando uma dúvida se esse seria o método ideal de
se trabalhar com leite caprino na ocasião da determinação desses parâmetros, já
que no local não se utiliza a calibração dos aparelhos com leite caprino, já que os
aparelhos utilizados como o contador por citometria de fluxo (SOMACOUNT 300
®
) e
aparelho de infravermelho (BENTLEY 2000
®
) já foram utilizados por outros autores
(ARCURI et al., 2004; ZENG, 1996; DUBLIN et al. 1982; ZENG et al., 1999) sem
137
problema, porém todos fizeram ressalva quanto à calibração dos mesmos, que pode
interferir no resultado final.
De maneira geral o que foi observado foi que, com exceção da
eletrocondutividade, os parâmetros estavam dentro do descrito na bibliografia
consultada no início do processo de secagem, momento que o animal poderia ser
considerado ainda em lactação. A interrupção da ordenha causou um acúmulo de
secreção láctea nos alvéolos e na cisterna da glândula. Esse acúmulo desencadeou
uma série de reações que resultou na alteração dos componentes da secreção
láctea, algumas mais precoces e outras mais tardias. Logo no início da secagem
alguns parâmetros já se alteraram, o pH de forma mais evidente e o teor de
proteínas de maneira bem mais discreta, entretanto modificações na lactose,
proteína, cloretos e eletrocondutividade ocorreram apenas após a primeira semana
do processo de secagem. Parâmetros como a contagem de células somáticas
tiveram um comportamento bem distinto, diminuindo no início do processo de
secagem para aumentar no final, já os teores de sólidos totais e gordura
apresentaram variações sem que qualquer padrão pudesse ser determinado.
5.2 Exame clínico da glândula mamária durante o processo de secagem
Apesar da citação desse procedimento em praticamente todos os trabalhos
com glândula mamária e leite de caprinos e bovinos, poucos são os trabalhos que
dão destaque a essas observações, com isso mostrou-se de fundamental
importância a publicação dos resultados observados nesse estudo para servir de
base para futuros estudos relacionados ao assunto em questão.
Durante o processo de secagem o exame físico da glândula mamária
objetivou avaliar a plenitude e a distensão da mama e dos tetos, presença de edema
da glândula mamária, ocorrência da ejeção espontânea do leite e aspecto da
secreção láctea, assinalando a sua coloração e consistência.
Com a interrupção da ordenha se inicia o processo de secagem e a involução
da glândula mamária, entretanto a produção de leite não cessa imediatamente,
ocorrendo um acúmulo de leite nos alvéolos e na cisterna da glândula que,
associado com outros fatores resulta na inibição da produção de leite pelas células
138
alveolares, induzindo ao processo de involução da glândula mamária. (FLEET et al.,
1975; FLEET; PEAKER, 1978;; SMITH; TODHUNTER, 1982; HURLEY; FORD,
2003)
O grau de distensão máximo das mamas foi atingido no terceiro dia após o
início do processo de secagem, quando 33,33% (9/27) das mamas estavam
extremamente distendidas sendo impossível de preguear a pele da mama e mais de
50% estavam pelo menos distendidas e era difícil preguear a pele da mama,
indicando um acúmulo considerável de secreção láctea no úbere. No quinto dia após
a secagem as glândulas já se encontravam em processo de involução, e mostravam
uma reabsorção da secreção, com isso mais de 44,45% das mamas já estavam com
uma classificação de moderadamente distendida ou não distendida. Esta diminuição
pode ser atribuída a reabsorção da água que constitui cerca de 80% da secreção
láctea, assim como havia concluído Birgel (2006) no processo de secagem de
vacas. Dando continuidade a esse processo de involução com reabsorção de
líquidos e apoptose do tecido mamário, as mamas diminuíram de volume até atingir
a menor distensão no final da secagem, com 37,04% (10/27) das mamas não
distendidas, 55,56% (15/27) moderadamente distendidas e apenas 7,41% (2/27)
distendidas. Prina (2007) encontrou, de um total de dezoito, oito cabras (44,44%)
com mamas não distendidas e dez cabras (55,56%) com mamas moderadamente
distendidas dezesseis dias antes do parto, indicando que uma pequena involução
ainda pode ocorrer após os trinta dias de secagem, entretanto isto indica que
distensão da mama tende a se manter relativamente estável até quinze dias antes
da parição, quando a colostrogênese têm início. (em fase de elaboração)
3
Acompanhando essas transformações do úbere encontramos um paralelo nas
modificações de distensão sofridas pelos tetos. A maior distensão dos tetos ocorreu
no terceiro dia após o início da secagem da glândula mamária quando mais de 40%
dos tetos estavam distendidos ou extremamente distendidos e nenhum teto
apresentava a classificação não distendido, mostrando que havia um acúmulo
significativo de leite nessas estruturas. No sétimo dia grande parte dos tetos
(66,67%) já estavam moderadamente distendidos e no final da secagem mais de
85,00% dos tetos estavam moderadamente distendidos ou vazios mostrando que a

3
PRINA, A. P. M. A fase preparatória do parto de cabras da raça Saanen. Manifestações clínicas
indicadoras da parição iminente e avaliação do perfil hormonal. 2007. 141 f. Dissertação
(Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2007
139
secreção láctea havia sido reabsorvida. Prina (2007) observou treze cabras de
dezoito (72,22%) com tetos vazios e quatro de dezoito (22,22%) com tetos com
conteúdo mas relaxados e apenas uma das dezoito (5,56%) com tetos distendidos,
mostrando novamente resultados semelhantes com o início do processo seco.
Durante todo o processo de secagem os tetos do grupo sem isolamento bacteriano
apresentou um grau de distensão um pouco maior que o grupo com isolamento.(em
fase de elaboração)
3
O edema de glândula mamária esteve ausente até o terceiro dia de secagem
quando 14,81% apresentaram um edema restrito à base do teto e 7,41% um edema
difuso por toda a glândula, sendo que no quinto dia a porcentagem de animais com
edema na base dos tetos aumentou para 37,04% enquanto os outros animais não
apresentaram edema, mostrando a presença de um extravasamento de fluídos para
o tecido extracelular durante a secagem dos animais, decorrente, provavelmente, de
um processo inflamatório resultante do acúmulo de secreção láctea no úbere.
No sétimo dia ainda podiam ser observados 3,70% dos animais com edema
na base dos tetos, porém a partir do décimo dia todas as mamas não apresentaram
mais edema, mostrando que a partir do momento em que a involução das mamas se
iniciou e os fluídos foram reabsorvidos a presença de edema foi diminuindo.
Com relação à secreção láctea dos animais que foram secados, foi observado
que no momento da interrupção da ordenha todas as mamas apresentavam uma
secreção láctea cujo aspecto era de leite, esse quadro se manteve até o primeiro dia
após o início do processo de secagem. Após o terceiro dia, quando já havia um
acúmulo de secreção láctea no úbere, 40,74% dos animais já apresentavam uma
secreção com aspecto de leite de coloração creme clara e o restante dos animais
(59,26%) continuavam com secreção com aspecto de leite. No decorrer do processo
de secagem pode ser observada uma transformação da secreção, adquirindo cada
vez mais um aspecto com coloração creme clara, ainda foi possível observar que
algumas mamas passaram a apresentar uma secreção de aspecto aquosa,
indicando um processo de involução mais adiantado, entretanto mesmo no final dos
trinta dias estudados alguns animais ainda apresentavam uma secreção com
aspecto de leite.
Dezesseis dias antes do parto, Prina (2007) observou uma grande variedade
de secreções, entretanto a mais observada foi a secreção aquosa creme clara em
cinco das dezoito cabras (27,78%), seguida pela viscosa de cor dourada em quatro
140
das dezoito cabras (22,22%), entre viscoso e fluído de cor amarelo escuro e leite em
três de dezoito (16,67%) cabras cada uma. Esses resultados indicam certa
concordância com esse estudo, principalmente quando observamos que até
dezesseis dias antes do parto ainda existem cabras que mantém a secreção da
mama com aspecto de leite. (em fase de elaboração)
4
No presente estudo, em nenhum momento em que foram feitas as colheitas,
os animais apresentaram ejeção espontânea do leite, mesmo em animais com
grande distensão da glândula mamária, diferentemente do que ocorre em bovinos,
onde, segundo Birgel (2006) é possível observar, nos três primeiros dias do
processo de secagem, até 29,5% dos tetos, com ejeção espontânea de leite, porém
esse percentual diminui com o passar do tempo, podendo ser observada em apenas
2,3% dos tetos no trigésimo dia e em nenhum caso no quadragésimo quinto dia.
Talvez essa diferença esteja ligada com a formação do tampão de queratina no teto
dos animais, apesar de que a formação completa do mesmo só ocorra após 24 a 60
horas sem ordenha (NICKERSON, 2003).
As mamas examinadas durante a secagem mostraram uma distensão
bastante pronunciada logo no início do processo de secagem, porém, sua regressão
já se iniciou após o quinto dia. Esse acúmulo de secreção pode ser observado
também por outras manifestações na glândula mamária, como a ocorrência de
edema entre o terceiro e sétimo dia, entretanto esse acúmulo de leite não levou à
ocorrência de ejeção espontânea de leite.

4
PRINA, A. P. M. A fase preparatória do parto de cabras da raça Saanen. Manifestações clínicas
indicadoras da parição iminente e avaliação do perfil hormonal. 2007. 141f. Dissertação (Mestrado
em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2007
141
5.3 Influência do isolamento bacteriano nas características físico-químicas e
celulares da secreção láctea de cabras durante o processo de secagem
Durante o processo de secagem, diversas alterações morfo-funcionais
ocorrem na glândula mamária, portanto, a comparação realizada nesse trabalho,
pareando dados de mamas com isolamento bacteriano e sem isolamento bacteriano,
pretendia determinar se a presença de bactérias na secreção láctea poderia interferir
no processo de secagem, exacerbando o processo inflamatório e comprometendo a
secagem da mama.
Desde a última ordenha até o décimo quinto dia de secagem os valores de pH
da secreção láctea de mamas que apresentaram isolamento bacteriano tiveram um
valor ligeiramente maior do que as amostras provenientes de mamas sem
isolamento, entretanto em nenhum desses momentos houve uma diferença
estatisticamente significante entre os dois pares de médias. Ao contrário de todo o
processo, o valor médio de pH das amostras sem isolamento bacteriano, no
trigésimo dia, foi maior do que o valor médio das amostras com isolamento, e nesse
caso sim pode-se observar uma diferença estatística entre os valores.
Quanto à eletrocondutividade da secreção láctea, pode-se dizer que nos dois
grupos o valor médio final foi maior do que o valor da última ordenha realizada antes
do início do processo de secagem, com um aumento de 36,9% para o valor das
amostras sem isolamento bacteriano e 30,0% para amostras com isolamento. O que
diferiu realmente entre os dois grupos foi o comportamento da eletrocondutividade
durante a secagem, já que as amostras com isolamento mostraram um aumento
progressivo durante todo o processo, sendo que esse comportamento era, ora mais
intenso, ora menos intenso, porém as amostras sem isolamento tiveram um
pequeno crescimento no início da secagem, mas a partir do terceiro dia a
eletrocondutividade diminuiu até o sétimo dia, quando começou a aumentar de
forma considerável. Em nenhum dos momentos estudados houve diferença
estatística entre as médias.
O teor de cloretos teve um comportamento muito parecido com a
eletrocondutividade, sendo que os valores das amostras sem isolamento tiveram um
aumento de 54,62% do começo até o fim do processo de secagem, e as amostras
com isolamento tiveram um aumento de 42,79%. Como ocorreu com a
142
eletrocondutividade as amostras com isolamento tiveram, de um modo geral, um
crescimento constante, só podendo ser observada um queda muita pequena dos
valores entre o décimo quinto e trigésimo dia. Já as amostras sem isolamento
tiveram um crescimento bem discreto até o quinto dia, quando decaiu até o sétimo
dia, para então ter um grande crescimento até o final. A principal diferença com a
eletrocondutividade foi a queda dos valores mais tardia e curta, já que com a
eletrocondutividade a queda se iniciou no terceiro dia e foi até o sétimo e os valores
de cloreto apenas caíram entre o quinto e sétimo dia.
Os dois grupos apresentaram uma queda significativa dos valores de lactose
durante a secagem. O início do processo foi muito semelhante e até o terceiro dia os
valores permaneceram praticamente estáveis, sendo que as amostras sem
isolamento apresentavam, valores um pouco maiores, a partir do terceiro dia os
valores de lactose das amostras com isolamento começaram a cair drasticamente
até o décimo dia, quando estabilizaram e permaneceram sem muitas variações até o
final, já os valores de lactose das amostras sem isolamento só começaram a cair, de
forma muito discreta, a partir do quinto dia, e de uma forma mais acentuada a partir
do décimo dia. No quinto, sétimo e décimo dia pode ser observado uma diferença
estatística entre os dois grupos.
Em todos os momentos da secagem, observados durante esse trabalho, o
teor de gordura do grupo de amostras com isolamento bacteriano foi superior ao do
grupo sem isolamento, entretanto o único momento em que houve uma diferença
estatística foi no terceiro dia. A média de gordura na secreção láctea sem isolamento
sofreu uma redução de 16,61%, enquanto que o teor de gordura das amostras com
isolamento sofreu um aumento de 16,02%. Os valores médios do grupo com
isolamento mostrou uma tendência ao aumento desde o início do processo, porém
as médias do grupo sem isolamento oscilou bastante durante o processo, não
mostrando tendência alguma.
Analogamente à gordura, os teores de proteína da secreção láctea do grupo
com isolamento foram maiores do que os do grupo sem isolamento durante o
processo de secagem, com exceção do período compreendido entre o décimo
quinto e trigésimo dia, quando houve uma queda dos teores de proteína do grupo
com isolamento para valores inferiores ao do outro grupo. Durante todo o processo
de secagem os valores médios de proteína das amostras sem isolamento sofreram
um aumento gradual, enquanto que os valores médios de proteína das amostras
143
com isolamento bacteriano apresentaram dois momentos de crescimento, sendo o
primeiro da última ordenha até o quinto dia, e o segundo do sétimo até o décimo
quinto dia, quando sofreu nova queda até o trigésimo dia. Apesar da diferença entre
os dois grupos, em ambos pode ser observado um aumento do teor de proteínas no
decorrer do processo de secagem, de 82,35% no grupo sem isolamento e de
apenas de 38,52% no grupo com isolamento bacteriano. Esse menor aumento do
grupo com isolamento se deve principalmente à queda ocorrida entre o décimo
quinto e trigésimo dia, já que até o décimo quinto dia o aumento já era de 80%. Os
únicos dias em que houve uma diferença estatisticamente significativa entre os dois
grupos foram no quinto e no décimo quinto dia, justamente no final das duas fases
de crescimento do teor de proteína do grupo com isolamento.
Com exceção do período compreendido entre o quinto e o décimo dia os
valores de sólidos totais na secreção láctea do grupo com isolamento foram maiores
do que os teores do grupo sem isolamento. Nos dois casos houve uma queda dos
valores se comparado o primeiro e último dia do processo de secagem, porém a
maneira como isso ocorreu difere nos dois grupos. Enquanto que o grupo com
isolamento bacteriano apresentou uma oscilação dos valores durante o processo,
sem qualquer indicação de uma tendência, os valores de sólidos totais do grupo sem
isolamento sofreu uma queda inicial até o terceiro dia, seguida de um aumento
brusco até o sétimo dia para finalizar com nova queda entre o sétimo e o trigésimo
dia. A diminuição do teor de sólidos totais do grupo de mamas com isolamento foi da
ordem de apenas 0,33%, enquanto que das mamas sem isolamento foi de 12,8%.
Ao se comparar o número de células somáticas da secreção láctea do
primeiro e último dia observa-se um aumento desse número em ambos os grupos,
sendo de 13,36% no grupo sem isolamento e 23,10% no grupo com isolamento.
Apesar desse aumento, no início do processo tanto o grupo sem isolamento como o
com isolamento apresentaram uma queda da CCS até o décimo quinto dia de,
respectivamente, 48,0 e 31,14%. Em todos os momentos observados a CCS do
grupo com isolamento foi maior que a do grupo de mamas sem isolamento, porém
não houve diferença significativa em nenhum desses momentos.
Foi observada uma influência da presença do isolamento bacteriano no
resultado do California Mastitis Test, sendo que esta diferença estatisticamente
significante ocorreu apenas em dois momentos do processo de secagem da
glândula mamária (décimo quinto e trigésimo dia). Essa diferença limitou-se a
144
resposta do CMT “três cruzes”, sendo que nas duas ocasiões citadas o grupo de
mamas sem isolamento bacteriano apresentou valores significativamente menores
do que o grupo de mamas com isolamento bacteriano positivo.
A influência do isolamento bacteriano ficou restrita a apenas alguns
momentos das determinações de pH, lactose, índice cloretos/lactose, proteína,
gordura, sólidos totais e CMT.
145
6 CONCLUSÕES
1) A partir do momento em que a ordenha foi interrompida a glândula mamária
sofreu diversas modificações morfo-funcionais que levaram a um acúmulo de
secreção láctea, cujo ponto máximo de distensão ocorreu após três dias do iníco da
secagem, porém já a partir do quinto dia sinais de reabsorção de leite já podiam ser
observados, sendo que no trigésimo dia após a interrupção da ordenha 37,04% das
mamas foram classificadas como não distendias estando, portanto, com o processo
de involução completo.
2) Quando ocorreu o grau máximo de acúmulo de secreção na mama pode ser
observado certo grau de edema na glândula mamária, sendo este classificado como
restrito a base dos tetos e difuso por toda a glândula no início, porém no quinto dia o
único tipo de edema observado foi o restrito à base dos tetos, no sétimo dia de
secagem a porcentagem de mamas com edema já havia caído bastante e
desaparecido completamente após o décimo dia.
3) O início do processo de secagem foi caracterizado por uma secreção de aspecto
leite (100%) que foi sendo substituído a partir do terceiro dia por uma secreção com
aspecto de leite com coloração creme clara (40,74%) e ao final do processo, mais
especificamente após o décimo quinto dia, por uma secreção de aspecto aquosa
(11,11%) e leite de coloração creme clara (81,48%).
4) A contagem de células somáticas declinou até o décimo quinto dia de secagem,
quando sofreu um aumento abrupto para valores um pouco maiores que os
observados no dia da interrupção da ordenha.
5) No início do processo pouco mais da metade das mamas apresentavam CMT
duas cruzes ou mais, porém no final do processo esse porcentual já era maior que
70%, sendo que até o último dia de secagem ainda existiam mamas com reação
negativa ao CMT.
146
6) A análise dos resultados obtidos pode concluir que houve uma significativa
influência do processo de secagem no pH, eletrocondutividade, cloretos, lactose e
proteína da secreção láctea, sendo que a gordura, sólidos totais e células somáticas
não sofreram uma influência significativa.
7) A partir do terceiro dia de secagem já podia ser observado um aumento dos
valores de pH da secreção láctea, entretanto os valores de eletrocondutividade e de
cloretos só começou a aumentar após o sétimo dia de secagem. Passados cinco
dias da interrupção da ordenha os valores de lactose começaram a diminuir e
sofreram uma queda abrupta a partir do décimo dia, com isso o índice cloreto/lactose
sofreu um aumento a partir do décimo dia de secagem.
8) Os teores de gordura e de sólidos totais tiveram uma leve diminuição durante o
período seco, porém oscilaram muito durante o processo. O teor de proteína da
secreção aumentou gradativamente no decorrer da secagem.
9) As alterações das características físico-químicas e celulares da secreção láctea
de caprinos durante a secagem da glândula mamária ocorrem de forma mais tardia,
se comparada com as mudanças ocorridas em bovinos. O pH ficou acima do normal
já no terceiro dia, entretanto o teor de proteínas só ficou acima do considerado
normal a partir do sétimo dia de secagem, a eletrocondutividade teve um elevação
temporária para fora da faixa de normalidade entre o terceiro e quinto dia, caiu e só
ficou acima dos valores normais novamente a partir do décimo dia, os cloretos e a
lactose ficaram acima e abaixo, respectivamente, dos limites considerados normais
apenas depois do décimo quinto dia de secagem e a contagem de células somáticas
só ficou ligeiramente acima dos valores normais no último dia de secagem. A
gordura da secreção láctea oscilou muito e apenas no terceiro dia ficou abaixo dos
valores considerados normais, enquanto que os sólidos totais só ficaram fora da
faixa de normalidade no trigésimo dia.
10) Entre o terceiro e trigésimo dia de secagem foram obtidos os seguintes valores
das características físico-químicas e celulares do leite caprino: pH entre 6,71 e 7,48;
eletrocondutividade entre 6,72mS/cm e 9,72mS/cm; cloretos entre 184,29mg/dl e
272,20mg/dl; lactose entre 4,32g/dl e 1,62g/dl; índice cloreto/lactose entre 4,44% e
147
24,13%; gordura entre 2,07g/dl e 3,49g/dl; proteína entre 3,11g/dl e 5,27g/dl; sólidos
totais entre 9,81g/dl e 12,55g/dl; células somáticas entre 1.576x10
3
céls/ml e
3.440x10
3
céls/ml.
11) A influência da presença de isolamento bacteriano nas características físico-
químicas e celulares da secreção láctea durante o processo de secagem foi parcial e
ficou restrita a apenas alguns momentos das determinações de pH, lactose, índice
cloretos/lactose, proteína, gordura, sólidos totais e CMT, não permitindo que se
afirme que a secagem de glândulas mamárias sem isolamento bacteriano difere da
secagem de mamas com secreção láctea que apresentaram isolamento bacteriano
positivo.
148
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALFEREZ, M. J. M.; BARRIONUEVO, M.; LOPEZ ALIAGA, I.; SANZ SAMPELAYO,
M. R.; LISBONA, F.; ROBLES, J. C.; CAMPOS, M. S. Digestive utilization of goat
and cow milk fat in malabsorption syndrome. Journal of Dairy Ressearch, v. 68, p.
451–461, 2001.
AMARAL, L. A.; NADER FILHO, A.; LEW, B.J. Estudo da variação do teor de
cloretos no colostro e no leite de vacas abatidas. Ars Vet, v. 4, p. 105-112, 1988.
ANDRADE, P. V. D.; SOUZA, M. R.; BORGES, I; PENNA, C. F. A. M. Contagem de
células somáticas em leite de cabra. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia, v.53, n.3, p. 396-400, 2001.
ANUALPEC 2006 - Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: Instituto FNP, 2006,
369p.
AKINSOYINU, A. O.; AKINNYELE, I. O. Major elements in milk of the West African
Dwarf goats as affected by stage of lactation. Journal of Dairy Research, v. 46, p.
427-431, 1978.
ARCURI, E. F.; DA SILVA, P. D. L.; BRITO, J. R. F.; SILVA, M. R.; SOUZA, G. N.
Emprego do Somacount 300, calibrado com leite de vaca, na contagem de células
somáticas no leite de cabra. Ciência Rural, v. 34, n. 5, p. 1497-1500, 2004.
BARROS, G. C.; LEITÃO, C. H. Influência da mastite sobre as características físico-
químicas do leite de cabra. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 12, n. 4, p. 45-48,
1992.
BENEDET, H. D.; CARVALHO, M. W. Caracterização do leite de cabra no estado de
Santa Catarina, Brasil. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 16, n. 2, p. 116-119,
1996.
BERQUÓ, E. S.; SOUZA, J. M. P.; GOTLIES, S. L. D. Bioestatística. 2. ed. São
Paulo: Pedagógica e Universitária, 1981. 350p.
BIRGEL, E. H. Semiologia da glândula mamária de ruminantes In: FEITOSA, F. L. F.
Semiologia veterinária. A arte do diagnóstico. São Paulo: Roca. 2004. p. 353-
398.
149
BIRGEL, E. H. Avaliação das provas utilizadas no diagnóstico da mamite bovina. In:
BIRGEL, E. H.; BENESI, F. J. Patologia clínica veterinária. São Paulo: Sociedade
Paulista de Medicina Veterinária, 1982, p. 177-213.
BIRGEL, D. B. Processo de secagem da glândula mamária de bovinos da raça
Holandesa: avaliação física da involução da mama e das características físico-
químicas, celulares e microbiológicas da secreção láctea durante o período
seco. 2006. 192f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
BORGES, C. H. P. Custos de produção do leite de cabra na região Sudeste do
Brasil. In: I Simpósio Internacional sobre o Agronegócio da Caprinocultura Leiteira.
João Pessoa, 2003. Disponível em: <http://www.capritec.com.br/pdf/
custo_sudeste.pdf> Acesso em: 24 abr 2007.
BOOUTINAUD, M, ROUSSEAU, C, KEISLER, D. H., JAMMES, H. Growth hormone
and milking frequency act differently on goat mammary gland in late lactation.
Journal Dairy Science, v. 86, p. 509-520, 2003;
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Departamento de
Inspeção de Produtos de Origem Animal/Divisão de Normas Técnicas. Instrução
Normativa nº 37, de 31 de outubro de 2000. Regulamenta a produção, identidade e
qualidade do leite de cabra. Diário Oficial da União, Brasília, 8 nov. 2000. Sec. 1. p.
23.
BUSINCO, L.; BELLANTI, J. Food allergy in childhood. Hypersensitivity to cow’s milk
allergens. Clinical & Experimental Allergy, v. 23, n. 6, p. 481–483, 1993.
CALDERON, I.; DE PETERS, E. J.; SMITH, N. E.; FRANKE, A. A. Composition of
goat’s milk: changes within milking and effects of a high concentrate diet. Journal of
Dairy Science, v. 67, p. 1905–1911, 1984
CAPUCO, A. V.; AKERS, R. M.; SMITH, J. J. Mammary growth in Holstein cows
during the dry period: quantification of nucleic acids and histology. Journal of Dairy
Science, v. 80, n. 3, p. 477–487, 1997.
CHILLIARD, Y.; FERLAY, A.; ROUEL, J.; LAMBERET, G. A review of nutritional and
physiological factors affecting goat milk lipid synthesis and lipolysis. Journal of Dairy
Science, v. 86, p. 1751–1770, 2003.
150
CORDEIRO, P. R. C. Mercado do leite de cabra e de seus derivados. Revista do
Conselho Federal de Medicina Veterinária, n. 39, p. 19-23. 2006.
COSTA, A. L. Leite caprino: um novo enfoque de pesquisa. Empresa Brasileira de
PesquisaAgropecuária: CentroNacionaldePesquisadeCaprinos. [200_?] Disponível em:
<http://www.cnpc.embrapa.br/artigo-4.htm> Acesso em: 17 set 2006
DAMASCENO, J. C.; FERREIRA, A. C. D.; GEAHL, S. E.; DOS SANTOS, G. T.;
CECATO, U.; MACEDO, F. A.; RIBAS, N. P. Produção e composição do leite de
cabras recebendo suplementação com concentrado em diferentes níveis. Anais da
XXXIV Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Juiz de Fora- MG
28/07/1997 – 01/08/1997 v. 19, p. 235-265, 2003.
DANÉS, M. A. C. Colocando em prática a estruturação das cadeias. Farmpoint.
[200_?]. Disponível em: <http://www.farmpoint.com.br/?actA=7&areaID=1&secao
ID=5&noticiaID=33421>. acesso em: 24 abr 2007
DINGWELL, R. T.; KELTON, F. D.; LESLIE, K. E. Management of the dry cow in
control of peripartum disease and mastitis. Veterinary Clinics Food Animal
Practice, v. 19, p. 235-265, 2003.
DULIN, A. M.; PAAPE, M. J.; SCHULTZE, W. D.; WEINLAND, B. T. Effect of parity,
stage of lacatation and intramammary infection on concentration of somatic cells and
cytoplasmic particles in goat milk. Journal of Dairy Science, v. 66, n. 11, p. 2426-
2433, 1983.
PARK, C. S.; JACOBSON, N. L. Glândula Mamária e Lactação. In: SWENSON, M.J.;
REECE, W. O. (Eds.). Dukes Fisiologia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1996. p. 856.
EWBANK, R. Prediciting the time of parturition in the normal cow: a study of the
precalving drop in body temperature en relation to the external signs of imminent
calving. The Veterinary Record, v. 75, n. 14, p. 367-370, 1963.
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. FAOSTAT statistical
databases. [2005]. Disponível em: <http://faostat.fao.org/
>. Acesso em: 15 fev 2007.
151
FERNANDES, M. A. Avaliação das características físico-químicas, celulares e
microbiológicas do leite de cabras, das raças Saanen, e Alpina, criadas no
estado de São Paulo. 2002. 152 f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) –
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2002.
FERNANDO, R. S.; RINDSIG, R. B.; SPAHR, S. L. Eletrical condutictivity of milk for
detection of mastitis Journal of Dairy Science, v. 65, n. 4, p. 659-664, 1982.
FLEET, I. R.; GOODE, J. A.; HAMON, M. H.; LAURIE, M. S.; LINZELL, J. L.;
PEAKER, M. Secretory activity of goat mammary glands during pregnancy and the
onset of lactation. Journal of Physiology London, v. 251, p. 763-773, 1975.
FLEET, I. R.; PEAKER, M. Mammary function and its control at the cessation of
lactation in the goat. Journal of Physiology London, v. 279, p. 491-507, 1978.
FONSECA, L. F. L.; SANTOS, M. V. Propriedades e composição do leite. In: ______
Qualidade do leite e controle da mastite. São Paulo: Lemos Editorial, 2000. p. 17-
26.
FOWLER P. A.; KNIGHT C. H.; FOSTER M. A. Omitting the dry period between
lactations does not reduce subsequent milk production in goats. Journal Dairy
Research, v. 58, p. 13-19, 1991.
GAMA, M. S.; AFONSO, J. C. De Svante Arrhenius ao peagâmetro digital: 100 anos
de medida de acidez. Química Nova, v. 30, n. 1, p. 232-239, 2007.
GARCÉS A. R.; BOZA L. J.; ACEVEDO S. P.; BRANDI E.; BRUCKMAIER R. M.;
LOPEZ F. J. L. Índice de persistencia y descripción de los primeros 100 días de la
curva de lactancia de cabras saanen primíparas y multíparas mantenidas en
confinamiento. Agricultura Técnica, v. 64, n. 3, p. 319-326, 2004.
GOMES, V. Influência do estágio de lactação na secreção láctea de cabras
(Capra hircus) Saanen. 2003. 86 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária)
– Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2003.
152
GUIMARÃES, M. P. M. P.; CLEMENTE, W. T.; SANTOS, E. C.; RODRIGUES, R.
Caracterização de alguns componentes celulares e físico-químicos do leite para
diagnóstico de mamite caprina. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia, v.41, n.2, p. 129-142, 1989.
HAENLEIN, G. F. W.; CACCESE, R. The udder. In: VARNER, M. Goat Handbook.
Porto Alegre: Sulina. 1992. p. 387-390
HAENLEIN, G. F. W. Goat milk in human nutrition. Small Ruminant Research, v.
51, p.155–163, 2004.
HENDERSON, A. J.; PEAKER, M. Feed-back control of milk secretion in the goat by
a chemical in milk. Journal of Physiology London, v. 351, p. 39-45, 1986.
HURLEY, W. L.; FORD JUNIOR, J. A.. Mammary gland: growth, development and
involution. In: ROGINSKI, H;FUQUAY, J.W.; FOX, P.(Eds). Encyclopedia of dairy
sciences. San Diego: Academic Press, 2003. v. 3. p. 1689-1697
INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION. Laboratory methods for use in mastitis
work. Brussels: Federation Internationale de Laiteric, 1981. 27 p. (Bulletin, 132).
JAITNER, J.; NJIE, M.; CORR, N.; DEMPFLE, L. Milk production of West African
Dwarf goats in the Gambia. Tropical Animal Health Production. v. 38, p. 261-266,
2006
KRIEG, N. R.; HOLT, J. G. (Ed.) Bergey’s manual of systematic bacteriology.
Baltimore: Williams & Williams, 1984. 964 p.
LENNETTE, E. H. (Ed.). Manual of clinical microbiology. 4th ed. Washington,
D.C.:American Society for Microbiology, 1985. 1149 p.
LIMA JÚNIOR, A. D.; VIANNI, M. C. E.; NADER FILHO, A. Estudo comparativo entre
algumas características físico-químicas, celulares e bacteriológicas do leite de
cabras reagentes e negativas ao California Mastits Test. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia. v. 46, n. 3, p. 290-300, 1994.
LINZELL, J. L.; PEAKER, M. The permeability of mammary ducts. Journal of
Physiology London, v. 206, p. 701-716, 1971.
153
LEITNER, G.; MERIN, U.; SILANIKOVE, N. Changes in milk composition as affected
by subclinical mastitis in goats. Journal of Dairy Science. v. 87, p. 1719-1726,
2004.
MABROOK, M. F.; PETTY, M. C. Effect of composition on the electrical conductance
of milk. Journal of Food Engineering, v. 60, n. 3, p. 321-325, 2003.
MACEDO, V. P.; DAMASCENO, J. C.; DOS SANTOS, G. T.; MARTINS, E. N.;
MACEDO, F. A .F. Comportamento da curva de lactação de cabras mestiças Saanen
em função da suplementação de concentrado e do sistema de produção. Revista
Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 6, p. 2093-2098, 2001. Suplemento.
MACHADO, T. M. M. Número e tipo de caprinos introduzidos no Brasil até 1995. In:
Congresso Panamericano de Ciências Veterinárias, 15. Abstracts… Campo
Grande:Panamerican Association of Veterinary Sciences. 1996, p. 368.
MADUREIRA, K. M. Contagem celular total e diferencial no leite e sangue de
cabras hígidas criadas no Estado de São Paulo. 2006. 96 f. Dissertação
(Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
McDOUGALL S.; VOERMANS M. Influence of Estrus on Somatic Cell Count in Dairy
Goats. Journal of Dairy Science. v. 85, n. 2, p. 378–383, 2002
MORGAN, F.; MASSOURAS, T.; BARBOSA, M.; ROSEIRO, L.; RAVASCO, F.;
KANDARAKIS, I.; BONNIN, V.; FISTAKORIS, M.; ANIFANTAKIS, E.; JAUBERT, G.;
RAYNAL-LJUTOVAC, K. Characteristics of goat milk collected from small and
medium enterprises in Greece, Portugal and France. Small Ruminant Research. v.
47, p. 39–49, 2003.
NIELEN, M; DELUYKER, H.; SCHUKKEN, Y.H.; BRAND, A. Electrical conductivity of
milk: measurement, modifiers, and meta analysis of mastitis detection performance.
Journal of Dairy Science, v. 75, p. 606-614, 1992.
NICKERSON, S. C. Mammary resistance mechanisms. In: ROGINSKI, H; FUQUAY,
J. W.; FOX, P.(Eds). Encyclopedia of dairy sciences. San Diego: Academic Press.
2003. v. 3, p. 1967-1701.
NOGUEIRA, E. A.; DE MELLO, N. T. C. Diagnóstico sócio-econômico da
caprinocultura no sudoeste paulista. Informações Econômicas, v. 35, n. 8, p. 67-
70, 2005.
154
NUNES, S. A. Influência do estágio de lactação e da ordem de parição nas
características físico-químicas do leite de cabra. 2002. 59 f. Dissertação
(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteria, Universidade
Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2002.
PAAPE, M. J.; CAPUCO, A. V. Cellular defense mechanisms in the udder and
lactation of goats. Journal of Animal Science, v. 75, p. 556-565, 1997.
PARK, Y. W. Interrelationships between somatic ceil counts, electrical conductivity,
bacteria counts, percent fat and protein in goat milk. Small Ruminant Research, v.
5, p. 367-375. 1991.
PARK, Y. W.; HUMPHREY, R. D. Bacterial cell counts in goat milk and their
correlations with somatic cell counts, percent fat, and protein. Journal of Dairy
Science, v. 69, p. 32-37, 1986.
PARK, Y. W.; JUÁREZ, M.; RAMOS, M.; HAENLEIN, G. F. W. Physico-chemical
characteristics of goat and sheep milk. Small Ruminants Research, v.68, n1-2,
p.88-113, 2006.
POUTREL, B.; CRÉMOUX, R.; DUCELLIEZ, M.; VERNEAU, D. Control of
intramammary Infections in goats: impact on somatic cell counts. Journal of Animal
Science, v. 75, p. 566-570, 1997.
POUTREL, B.; LERONDELLE, C. Cell content of goat milk: California mastitis test,
Coulter counter, and fossomatic for predicting half infection. Journal of Dairy
Science, v. 66, n. 12, p. 2575-2579, 1983.
PRATA, L. F.; RIBEIRO, A. C; REZENDE, K. T.; CARVALHO, M. R. B.; RIBEIRO, S.
D. A.; COSTA, R. G. Composição, perfil nitrogenado e características do leite
caprino (Saanen). Região Sudeste, Brasil. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.
18, n4 p. 556-565, 1998.
QUARRIE, L. H.; ADDEY, C. V. P.; WILDE, C. J. Programmed cell death during
mammary tissue involution induced by weaning, litter removal, and milk stasis.
Journal of Cellular Physiology, v. 168, p. 559-569, 1996.
RIBEIRO, A. C. Estudos dos efeitos genéticos e de ambientesobre
características de importância econômica em caprinos da raça Saanen. 116f.
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1997.
155
RYAN, D. P.; GREENWOOD, P. L.; NICHOLLS, P. J. Effect of caprine arthritis-
encephalitis virus infection on milk cell count and N-acetyl-beta-glucosaminidase
activity in dairy goats. Journal of Dairy Research, v. 60, n. 3, p. 299-306, 1993.
REECE, W. O. Lactation. In: ______ Physiology of domestic animals. 2. ed.
Baltimore: Willians & Wilkins, 1997, p. 410-425.
SALAMA, A. A. K. Modifying the lactation curve in dairy goats: Effects of
milking frequency, dry period, and kidding interval. 2002. 142f. Tese (Doutorado
em Ciência Animal) – Department de Ciencia Animal i dels Aliments, Universidad
Autónoma de Barcelona, Barcelona, 2005.
SAMPAIO, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. 1 ed. Belo
Horizonte:Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia
1998. 221 p.
SCHALM, O. W.; CARROLL, E. J.; JAIN, N. C. Bovine mastitis. Philadelphia: Lea &
Febiger, 1971. 360 p.
SCHALM, O. W.; NOORLANDER, B. S. Experiments and observations leadind to
development of the California Mastitis Test. Journal Americal Veterinary Medical
Association, v. 30, n. 5, p. 199-204, 1957.
SCHALM, O. W.; JAIN, N. C.; CARROLL E. J. Veterinary Haematology. 3 ed.
Philadelphia: Lea and Febiger. 1975
SILVA, H. G.; PIRES, A. J. V; SILVA, F. F; VELOSO, C. M.; CARVALHO, G. G. P.;
CEZÁRIO, A. S.; SANTOS, C. C. Características físico-químicas e custo do leite de
cabras. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 58, n. 1, p.
116-123, 2006.
SHARMA, G. S.; ROY, N. K. Electrical conductivity of milk from goats of the Beetal
breed. Journal of Dairy Research, v. 44, p. 345-346, 1977.
SMITH, K. L.; TODHUNTER, D. A. The physiology of mammary glands during the dry
period and the relationship to infection. In: ANNUAL MEETING OF NATIONAL
MASTITIS COUNCIL, 21., 1982, Louisville. Proceedings... Kentucky: N.M.C, 1982.
p. 87-100.
156
STABENFELDT, G. H.; DAVIDSON, A. P. A glândula mamária In: CUNNINGHAN, J.
G. Tratado de fisiologia veterinária. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2004. p 417-431.
SWANSON, E. W. Comparing continuous milking with sicty-day dry periods in
successive lactations. Journal of Dairy Science, v. 48, n.9, p. 1205-1209, 1965.
TZIBOULA-CLARKE, A. Goat milk. In: ROGINSKI, H; FUQUAY, J. W.; FOX, P.
(Eds). Enciclopedia of dairy sciences. San Diego: Academic Press, 2003. v.2, p.
1270-1279.
TONIN, F. B.; NADER FILHO, A. Influência do estádio de lactação, hora e número
de ordenhas sobre o teor de cloretos do leite caprino. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 54, n. 1, p. 64-67, 2002.
TORII, M. S.; DAMASCENO, J. C.; RIBEIRO, L. R.; SAKAGUTI, E. S.; DOS
SANTOS, G. T.; MATSUSHITA, M; MASSARU, F. Physical-chemical characteristics
and fatty acids composition in dairy goat milk in response to roughage diet. Brazilian
Archives of Biology and Technology, v. 47, n. 6, p. 903-909, 2004.
TUCKER, H. A. Quantitative estimates of mammary growth during various
physiological states: a review. Journal of Dairy Science, v. 70, n. 9, p. 1958-1966,
1987.
UPADHYAYA, T. N.; RAO, A. T. Diagnosis and threshold values of subclinical
mastitis in goats. Small Ruminant Research, v. 12, p. 201-210, 1993.
WILDE, C. J.; HENDERSON, A. J.; KNIGHT, C. H.; BLATCHFORD, D. R.;
FAULKNER, A.; VERNON, R. J. Effects of long-term thrice-daily milking on
mammary enzyme activity, cell population and milk yield. Journal of Animal
Science, v. 64, p. 533-539, 1987.
WHEELOCK, J. V.; SMITH, A.; DODD, F. H.; LYSTER, R. L. J. Changes in the
quantity and composition of mammary gland secretion in the dry period between
lactations I: the beginning of the dry period. Journal of Dairy Research, v. 34, n. 1,
p. 1-12, 1967.
WILSON, D. J.; STEWART, K. N; SEARS, P. M. Effects of stage of lactation,
production, parity and season on somatic cells counts in infected and uninfected
dairy goats. Small Ruminants Research, v. 16, p. 165-169, 1995.
157
ZEDER, M. A.; HESSE. B. The initial domestication of goats (Capra hircus) in the
Zagros Mountains 10,000 years ago. Science, v. 287, p. 2254-2257, 2000.
ZENG, S. S. Comparison of goat milk standards with cow milk standards for analyses
of somatic cell count, fat and protein in goat milk. Small Ruminant Research, v. 21,
p. 221-225, 1996.
ZENG, S. S; ESCOBAR, E. N. Effect of parity and milk production on somatic cell
count, standard plate count and composition of goat milk. Small Ruminant
Research, v. 17, p. 269-274, 1995.
ZENG, S. S.; ESCOBAR, E. N.; HART, S. P.; HINCKLEY, L; BAULTHAUS, M;
ROBINSON, G. T., JAHNKE, G. Comparative study of the effects of testing
laboratory, counting method, storage and shipment on somatic cell counts in goat
milk. Small Ruminant Research, v. 31, p. 103-107, 1999.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo