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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL
CARACTERIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE
PÓ-DE-PEDRA EM REVESTIMENTOS PARA
RESTAURAÇÃO DE EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS
EM ESTILO ART DÉCO
Gizela Barbosa do Nascimento
Belo Horizonte
2008
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Gizela Barbosa do Nascimento
CARACTERIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE
PÓ-DE-PEDRA EM REVESTIMENTOS PARA
RESTAURAÇÃO DE EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS
EM ESTILO ART DÉCO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Construção Civil da Escola de
Engenharia da Universidade Federal de Minas
Gerais como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Construção Civil.
Área de concentração: Materiais de Construção
Civil
Linha de pesquisa: Materiais Cimentícios
Orientadora: Profª. Drª. Adriana Guerra Gumieri
Co-orientador: Prof. Dr. Antônio Neves de
Carvalho Júnior
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL
CARACTERIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PÓ-DE-PEDRA EM
REVESTIMENTOS PARA RESTAURAÇÃO DE EDIFICAÇÕES
HISTÓRICAS EM ESTILO ART DÉCO
Gizela Barbosa do Nascimento
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Construção Civil da Escola de
Engenharia da Universidade Federal de Minas
Gerais como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Construção Civil.
Comissão examinadora:
___________________________________
Profª. Drª. Adriana Guerra Gumieri
DEMC/UFMG – (Orientadora)
___________________________________
Prof. Dr. Antônio Neves de Carvalho Júnior
DEMC/UFMG – (Co-orientador)
___________________________________
Profª. Drª. Maria Cristina Villefort Teixeira
Escola de Arquitetura/UFMG
___________________________________
Prof. Dr. Marco Antônio Penido de Rezende
Escola de Arquitetura/UFMG
Belo Horizonte, 20 de fevereiro de 2008.
iii
A Deus
e a minha mãe.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida e por ter-me guiado sempre por um caminho que considero
repleto de realizações.
A minha mãe por toda sua dedicação, seu carinho e sua ajuda na realização dos
meus sonhos pessoais, acadêmicos e profissionais.
Ao meu namorado Alessandro pelo incentivo, pela paciência e pela compreensão
nos momentos mais difíceis.
À professora Adriana pela orientação, pelo estímulo, pela amizade e pela constante
ajuda em meus estudos de pós-graduação.
Ao professor Antônio Júnior pelas valiosas contribuições no desenvolvimento deste
trabalho.
Aos meus amigos do curso de Mestrado, que compartilharam comigo as dificuldades
e alegrias desta empreitada.
Ao arquiteto Sérgio Fagundes que, com sua experiência profissional, muito me
auxiliou no direcionamento de minha dissertação.
À equipe da empresa Metamorphose, que tornou possível a realização do meu
estudo de caso e que esteve sempre à disposição para ajudar.
A todos os profissionais que me forneceram as informações necessárias para esta
pesquisa.
Aos laboratoristas dos Departamentos de Engenharia de Minas e de Engenharia de
Materiais e Construção da UFMG pela boa vontade em auxiliar-me na execução dos
ensaios desta dissertação.
E a todos os demais professores e funcionários do Departamento de Engenharia de
Materiais e Construção da UFMG que, de alguma forma, contribuíram para a
obtenção do meu título de Mestre.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................... VIII
LISTA DE TABELAS ..............................................................................................XIV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..................................................................XV
LISTA DE UNIDADES ............................................................................................XVI
RESUMO................................................................................................................XVII
ABSTRACT...........................................................................................................XVIII
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................19
2. OBJETIVOS ...................................................................................................23
3. JUSTIFICATIVA.............................................................................................24
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..........................................................................25
4.1. A HISTÓRIA DO RESTAURO ........................................................................25
4.1.1. A evolução das teorias do restauro ..................................................................................26
4.1.1.1. John Ruskin..................................................................................................................26
4.1.1.2. Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc ................................................................................26
4.1.1.3. Camillo Boito ................................................................................................................27
4.1.1.4. Alois Riegl ....................................................................................................................28
4.1.1.5. Gustavo Giovannoni.....................................................................................................28
4.1.1.6. Cesare Brandi ..............................................................................................................29
4.2. O ART DÉCO..................................................................................................33
4.2.1. No mundo ............................................................................................................................33
4.2.2. No Brasil ..............................................................................................................................34
4.2.3. Em Belo Horizonte ..............................................................................................................36
4.3. FATORES DE DEGRADAÇÃO DE EDIFICAÇÕES.......................................46
4.3.1. Características da edificação ............................................................................................46
4.3.2. Agentes externos................................................................................................................49
4.4. RESTAURAÇÃO DE EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS ......................................52
4.5. REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA ...........................................................54
4.5.1. Funções ...............................................................................................................................54
4.5.2. Propriedades no estado fresco .........................................................................................55
4.5.2.1. Massa específica e teor de ar incorporado..................................................................55
4.5.2.2. Consistência.................................................................................................................55
4.5.2.3. Trabalhabilidade...........................................................................................................56
4.5.2.4. Coesão e tixotropia ......................................................................................................57
4.5.2.5. Plasticidade ..................................................................................................................57
4.5.2.6. Retenção de água........................................................................................................57
4.5.2.7. Aderência inicial ...........................................................................................................58
4.5.2.8. Retração na secagem ..................................................................................................59
4.5.3. Propriedades no estado endurecido.................................................................................60
vi
4.5.3.1. Resistência mecânica ..................................................................................................61
4.5.3.2. Aderência .....................................................................................................................62
4.5.3.3. Capacidade de absorver deformações (elasticidade)..................................................63
4.5.3.4. Permeabilidade ............................................................................................................64
4.5.3.5. Condutividade térmica..................................................................................................65
4.5.3.6. Resistência ao fogo......................................................................................................65
4.5.3.7. Resistência ao ataque por sulfatos ou outros agentes químicos ................................66
4.5.4. Durabilidade e desempenho ..............................................................................................67
4.5.5. Camadas do revestimento de argamassa ........................................................................68
4.5.6. Bases de aplicação.............................................................................................................69
4.5.7. Sistemas de aderência da argamassa à base..................................................................70
4.5.7.1. Sistema de aderência mecânico ..................................................................................70
4.5.7.2. Sistema de aderência químico.....................................................................................72
4.5.8. Patologias ............................................................................................................................73
4.6. MATERIAIS.....................................................................................................75
4.6.1. Agregados ...........................................................................................................................75
4.6.2. Pó-de-pedra .........................................................................................................................79
4.6.3. Cimento Portland branco ...................................................................................................79
4.6.4. Cal hidratada .......................................................................................................................84
4.7. O REVESTIMENTO EM PÓ-DE-PEDRA........................................................88
5. METODOLOGIA ............................................................................................93
5.1. EDIFÍCIO THIBAU – UM ESTUDO DE CASO................................................93
5.1.1. Características e localização.............................................................................................93
5.1.2. Revestimento original ........................................................................................................96
5.1.3. Restauração da fachada...................................................................................................101
5.2. ENSAIOS ......................................................................................................121
5.2.1. Caracterização da argamassa no estado fresco ...........................................................121
5.2.1.1. Consistência...............................................................................................................121
5.2.2. Caracterização da argamassa no estado endurecido...................................................123
5.2.2.1. Resistência à compressão axial.................................................................................123
5.2.3. Caracterização da argamassa aplicada sobre a base...................................................126
5.2.3.1. Resistência de aderência à tração.............................................................................128
5.2.3.2. Permeabilidade à água ..............................................................................................131
5.2.4. Caracterização física dos componentes da argamassa ...............................................132
5.2.4.1. Granulometria.............................................................................................................132
5.2.4.2. Massa específica........................................................................................................135
5.2.5. Caracterização química/mineralógica dos componentes da argamassa ...................136
5.2.5.1. Moagem e peneiramento ...........................................................................................136
5.2.5.2. Difração de raios-X (DRX) .........................................................................................138
5.2.5.3. Fluorescência de raios-X (FRX).................................................................................143
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................146
6.1. CARACTERIZAÇÃO DA ARGAMASSA NO ESTADO FRESCO................146
6.1.1. Consistência......................................................................................................................146
6.2. CARACTERIZAÇÃO DA ARGAMASSA NO ESTADO ENDURECIDO.......148
6.2.1. Resistência à compressão axial......................................................................................148
6.3. CARACTERIZAÇÃO DA ARGAMASSA APLICADA SOBRE A BASE ......152
6.3.1. Resistência de aderência à tração ..................................................................................152
6.3.2. Permeabilidade à água .....................................................................................................156
vii
6.4. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS COMPONENTES DA ARGAMASSA....159
6.4.1. Granulometria....................................................................................................................159
6.4.2. Massa específica...............................................................................................................163
6.5. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA/MINERALÓGICA DOS COMPONENTES DA
ARGAMASSA......................................................................................................165
6.5.1. Moagem e peneiramento..................................................................................................165
6.5.2. Fluorescência de raios-X (FRX).......................................................................................166
6.5.3. Difração de raios-X (DRX) ................................................................................................167
7. CONCLUSÕES ............................................................................................171
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................173
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................175
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA...................................................................................181
ANEXO A – ESPECTROS OBTIDOS NA FRX DE AMOSTRAS DE PÓ-DE-PEDRA,
GRANITINA FINA E GRANITINA GROSSA ..........................................................183
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Colégio Izabela Hendrix. ....................................................................37
Figura 2 – Sede social do Minas Tênis Clube. ...................................................38
Figura 3 – Cine Metrópole....................................................................................38
Figura 4 – Santa Casa de Misericórdia...............................................................39
Figura 5 – Prefeitura de Belo Horizonte. ............................................................39
Figura 6 – Cine Brasil...........................................................................................40
Figura 7 – Edifício Sulacap..................................................................................41
Figura 8 – Edifício Thibau....................................................................................41
Figura 9 – Casa na Av. do Contorno, 2293 - Floresta........................................42
Figura 10 – Casa na R. Silva Jardim, 380/386 - Floresta. ..................................43
Figura 11 – Casa na R. Padre Rolim, 945 - Santa Efigênia................................43
Figura 12 – Casa na Av. Bernardo Monteiro, 746/750/756 - Funcionários.......44
Figura 13 – Casa na Av. Brasil, 1433 - Funcionários (Palacete Jeha)..............44
Figura 14 – Casa na Av. Álvares Cabral, 510 - Centro.......................................45
Figura 15 – Casa na R. Ceará, 992 - Funcionários.............................................45
Figura 16 – Consistência de argamassas. .........................................................56
Figura 17 – Fissuração na argamassa por retração na secagem: argamassa
forte x argamassa fraca. ......................................................................................60
Figura 18 – Camadas do revestimento de argamassa da vedação vertical:
emboço e reboco; massa única. .........................................................................69
Figura 19 – Granitinas de diversas cores e tamanhos......................................77
Figura 20 – Granitinas provenientes de diferentes tipos de rochas................77
Figura 21 – Patologia no revestimento de pó-de-pedra na fachada de um
edifício: (1) vista geral do pano de argamassa; (2) detalhe do descolamento
da argamassa. ......................................................................................................91
Figura 22 – Amostra do aspecto da argamassa utilizada para a restauração
do revestimento da figura anterior. ....................................................................91
Figura 23 – Microfilme do projeto original do Ed. Thibau.................................93
ix
Figura 24 – Vista do cruzamento da Av. Afonso Pena com as ruas São Paulo
e Tupinambás a partir do 5º andar do Ed. Thibau. ............................................94
Figura 25 – Mapa do “Conjunto Urbano Rua dos Caetés e Adjacências”.......95
Figura 26 – Fachada do Ed. Thibau antes da restauração................................96
Figura 27 – Detalhe das fachadas lateral e frontal originais. Presença do
revestimento de pó-de-pedra somente nesta. ...................................................97
Figura 28 – Vista da fachada lateral. Revestimento em pintura. ......................97
Figura 29 – Duas amostras do revestimento de pó-de-pedra original da
fachada..................................................................................................................98
Figura 30 – Amostra de uma espessa camada de emboço (parte inferior) e de
uma fina camada de revestimento em pó-de-pedra (parte superior)...............98
Figura 31 – Descolamentos de grandes panos do revestimento em pó-de-
pedra da fachada..................................................................................................99
Figura 32 – A sujeira e o desgaste no revestimento demonstram a ausência
de manutenção da fachada. ................................................................................99
Figura 33 – A fachada encontrava-se em estado precário, com
descolamentos em diversos locais. .................................................................100
Figura 34 – Descolamento do revestimento no peitoril da janela..................100
Figura 35 – Descolamento do revestimento na platibanda do prédio. ..........101
Figura 36 – Pó-de-pedra.....................................................................................102
Figura 37 – Granitina fina. .................................................................................103
Figura 38 – Granitina grossa.............................................................................103
Figura 39 – Amostras do pó-de-pedra (esquerda), da granitina fina (meio) e da
granitina grossa (direita), componentes do revestimento de restauro da
fachada................................................................................................................104
Figura 40 – Amostra do revestimento antigo (esquerda) e amostra do
revestimento novo (direita). ..............................................................................104
Figura 41 – Detalhe mostrando a interface entre o emboço preexistente, o
revestimento antigo (já bastante sujo) e o revestimento novo. .....................105
Figura 42 – Mistura dos agregados. .................................................................106
Figura 43 – Mistura dos aglomerantes. ............................................................106
Figura 44 – Mistura final da argamassa de pó-de-pedra.................................106
x
Figura 45 – Trecho da fachada já sem o revestimento antigo........................107
Figura 46 – Local onde houve descolamento também do chapisco e do
emboço................................................................................................................107
Figura 47 – Recomposição do chapisco/emboço............................................108
Figura 48 – Umedecimento do emboço para receber o revestimento...........108
Figura 49 – Aplicação do revestimento em pó-de-pedra: (1) argamassa; (2)
aplicação com colher de pedreiro; (3) aspersão de água para facilitar o
espalhamento da argamassa; (4) desempeno. ................................................109
Figura 50 – Etapa após a aplicação do revestimento em pó-de-pedra: (1) e (2)
pulverização com a mistura dos aglomerantes e espalhamento com colher de
pedreiro; (3) lavagem do revestimento com equipamento que utiliza jato
d’água a baixa pressão (4).................................................................................110
Figura 51 – Marcação dos frisos do revestimento. .........................................111
Figura 52 – Esquema de marcação dos frisos do revestimento da fachada.112
Figura 53 – Evolução do processo de restauro do Ed. Thibau: (1) retirada do
revestimento antigo e recomposição do chapisco/emboço; (2) execução da
área das janelas do lado direito; (3) execução da área central; (4) execução
da área das varandas do lado direito; (5) execução da área das janelas do
lado esquerdo; (6) fachada totalmente restaurada..........................................113
Figura 54 – Vista geral da fachada antes da restauração...............................114
Figura 55 – Vista geral da fachada depois da restauração.............................114
Figura 56 – Varandas com a argamassa em pó-de-pedra original.................115
Figura 57 – Varandas com a nova argamassa em pó-de-pedra. ....................115
Figura 58 – Vista da entrada do prédio antes do restauro..............................116
Figura 59 – Vista da entrada do prédio depois do restauro. ..........................116
Figura 60 – Detalhe da varanda antes da obra. ...............................................117
Figura 61 – Detalhe da varanda depois da obra. .............................................117
Figura 62 – Detalhe do revestimento antigo. ...................................................118
Figura 63 – Detalhe do revestimento novo. .....................................................118
Figura 64 – Detalhe da parte superior do prédio antes da restauração. .......119
Figura 65 – Detalhe da parte superior do prédio depois da restauração. .....119
Figura 66 – Detalhe do acabamento no topo do prédio após a obra.............120
xi
Figura 67 – Mesa do flow table test. .................................................................122
Figura 68 – Capeamento de CP com mistura de enxofre................................124
Figura 69 – CP’s com relação água/aglomerantes de 0,22 já capeados e
prontos para o rompimento...............................................................................124
Figura 70 – CP’s com relação água/aglomerantes de 0,19 já capeados e
prontos para o rompimento...............................................................................125
Figura 71 – Rompimento de CP na prensa EMIC PC200: (1) vista geral da
prensa; (2) detalhe do CP. .................................................................................126
Figura 72 – Execução do revestimento na varanda onde foram realizados os
ensaios de caracterização da argamassa aplicada sobre a base. .................126
Figura 73 – Vista externa da varanda do 6º andar já com o novo revestimento
em pó-de-pedra. .................................................................................................127
Figura 74 – Vista externa ampliada da varanda do último pavimento...........127
Figura 75 – Vista interna da varanda do 6º andar, com a indicação dos locais
de realização dos ensaios. ................................................................................128
Figura 76 – Seqüência de colagem das pastilhas: (1) e (2) cortes com serra-
copo; (3) limpeza das superfícies dos CP’s; (4) suportes para auxiliar na
sustentação inicial das pastilhas; (5) a cola à base de resina epóxi é passada
na pastilha; (6) e (7) colagem das pastilhas; (8) e (9) pastilhas já coladas no
revestimento da fachada. ..................................................................................129
Figura 77 – Seqüência de arrancamento de um CP com o equipamento de
tração PROCEQ DYNA Z16................................................................................130
Figura 78 – Os três cachimbos acoplados em locais distintos na fachada da
varanda................................................................................................................131
Figura 79 – Detalhe do cachimbo 1...................................................................132
Figura 80 – Exemplares de peneiras.................................................................133
Figura 81 – Agitação mecânica das peneiras do ensaio.................................134
Figura 82 – Ensaio de massa específica da granitina grossa no frasco
Chapman.............................................................................................................136
Figura 83 – Moagem de uma amostra de material no moinho de disco orbital
TECNAL TE-360. .................................................................................................137
Figura 84 – Câmara do moinho de disco orbital TECNAL TE-360..................138
Figura 85 – Peneiramento, na peneira # 200, da granitina grossa já moída..138
Figura 86 – Desenhos esquemáticos representando a Lei de Bragg. ...........140
xii
Figura 87 – Pó-de-pedra moído e peneirado preparado para o ensaio
(esquerda) e porta-amostras (direita)...............................................................142
Figura 88 – Detalhe do porta-amostras com uma camada fina de pó-de-pedra
compactado, já pronto para ser encaminhado ao difratômetro.....................142
Figura 89 – DRX sendo realizada no difratômetro PHILIPS PW-3710............143
Figura 90 – FRX sendo realizada no espectrômetro de raios-X PHILIPS PW-
2510. ....................................................................................................................145
Figura 91 – Porta-amostras para espectrômetro de raios-X...........................145
Figura 92 – Gráfico comparativo da média da resistência à compressão
obtida para a argamassa 1 e para a argamassa 2. ..........................................149
Figura 93 – CP’s com relação água/aglomerantes de 0,22 após o rompimento
na prensa. ...........................................................................................................150
Figura 94 – CP’s com relação água/aglomerantes de 0,19 após o rompimento
na prensa. ...........................................................................................................151
Figura 95 – Gráfico comparativo da resistência de aderência à tração obtida
para cada CP.......................................................................................................153
Figura 96 – Locais do ensaio de resistência de aderência à tração. .............154
Figura 97 – Detalhes das superfícies de ruptura após o teste de arrancamento
dos CP’s..............................................................................................................155
Figura 98 – Evolução da permeabilidade com o tempo para cada ponto
ensaiado..............................................................................................................157
Figura 99 – Locais de realização do ensaio de permeabilidade à água. .......158
Figura 100 – Material passante na peneira 0,075 mm no ensaio a seco da NBR
11579 (ABNT, 1991) . ..........................................................................................160
Figura 101 – Material retido na peneira 0,075 mm no ensaio a úmido da NBR
NM 46 (ABNT, 2003b). ........................................................................................160
Figura 102 – Detalhe do volume obtido com o conjunto água-granitina grossa
no ensaio utilizando o frasco Chapman...........................................................164
Figura 103 – Amostra de pó-de-pedra após moagem e peneiramento..........165
Figura 104 – Amostra de granitina fina após moagem e peneiramento........165
Figura 105 – Amostra de granitina grossa após moagem e peneiramento...166
Figura 106 – Espectro de difração da amostra de pó-de-pedra. ....................167
Figura 107 – Espectro de difração da amostra de granitina fina....................168
xiii
Figura 108 – Espectro de difração da amostra de granitina grossa. .............168
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Nível de exigência das propriedades do revestimento de
argamassa.............................................................................................................60
Tabela 2 – Limites da resistência de aderência à tração. .................................63
Tabela 3 – Composição dos cimentos Portland brancos. ................................82
Tabela 4 – Exigências químicas..........................................................................83
Tabela 5 – Influência dos tipos de cimento nas argamassas e concretos......83
Tabela 6 – Exigências químicas das cales hidratadas......................................85
Tabela 7 – Exigências físicas e mecânicas das cales hidratadas....................86
Tabela 8 – Índice de consistência.....................................................................146
Tabela 9 – Limites de consistência segundo a finalidade das argamassas. 147
Tabela 10 – Resistência à compressão do revestimento em pó-de-pedra com
relação água/aglomerantes de 0,22 (argamassa 1). ........................................148
Tabela 11 – Resistência à compressão do revestimento em pó-de-pedra com
relação água/aglomerantes de 0,19 (argamassa 2). ........................................148
Tabela 12 – Resistência de aderência à tração do revestimento em pó-de-
pedra....................................................................................................................152
Tabela 13 – Permeabilidade à água no revestimento em pó-de-pedra..........156
Tabela 14 – Composição granulométrica do pó-de-pedra..............................159
Tabela 15 – Composição granulométrica da granitina fina. ...........................161
Tabela 16 – Composição granulométrica da granitina grossa.......................162
Tabela 17 – Classificação das areias quanto ao módulo de finura................163
Tabela 18 – Massa específica............................................................................163
Tabela 19 – Elementos químicos resultantes da FRX.....................................166
xv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland
ABPC Associação Brasileira dos Produtores de Cal
CIAM Congresso Internacional de Arquitetura Moderna
CP Corpo-de-prova
C-S-H Silicato de cálcio hidratado
CSTC Centre Scientifique et Techinique de la Construction
DEMC Departamento de Engenharia de Materiais e Construção
DEMIN Departamento de Engenharia de Minas
DRX Difração de raios-X
EDS Espectrômetro dispersivo em energia
FRX Fluorescência de raios-X
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
MEV Microscópio eletrônico de varredura
NBR Norma Brasileira Registrada
NBR NM Norma Brasileira Registrada / Norma Mercosul
Ra Resistência de aderência à tração
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
xvi
LISTA DE UNIDADES
Å Angstron
kgf/cm² quilograma-força por centímetro quadrado
MPa mega Pascal
N Newton
N/mm² Newton por milímetro quadrado
nm nanometro
tf tonelada-força
W Watts
µm micrometro
# mesh (malha de peneira)
ø diâmetro
xvii
RESUMO
Nas décadas de 30 e 40, difundiu-se por vários centros urbanos brasileiros o estilo
arquitetônico art déco, baseado em uma nova linguagem técnica e formal: simetria,
linhas retas, horizontalidade, limpeza ornamental, sobriedade e monumentalidade.
Com o art déco, propagou-se também o uso do concreto armado e o emprego do
revestimento em pó-de-pedra em muitas fachadas, que, atualmente, apresentam
algumas patologias e necessitam de obras de restauração. Assim, foi realizada uma
pesquisa sobre as técnicas de restauro da argamassa de pó-de-pedra, por meio de
um estudo de caso na fachada do Edifício Thibau, construção art déco de 1943,
localizada na cidade de Belo Horizonte. Com o objetivo de avaliar o desempenho do
revestimento após sua restauração, foram feitos ensaios de caracterização da
argamassa no estado endurecido e desta aplicada sobre a base. No teste de
resistência à compressão axial, em comparação com outras pesquisas, foram
obtidos bons resultados e, em relação à resistência de aderência à tração, o
revestimento foi aprovado. As medidas realizadas com o método do cachimbo
indicaram que não há um padrão único de permeabilidade na edificação. Para a
caracterização sica dos componentes da argamassa, utilizaram-se os ensaios de
granulometria e de massa específica. Na caracterização química/mineralógica, pelo
ensaio de fluorescência de raios-X, verificou-se, no pó-de-pedra, o predomínio dos
elementos químicos cálcio, magnésio e oxigênio, e, pela difração de raios-X, foi
notada grande presença de picos cristalinos de dolomita. Concluiu-se ainda que, na
composição da argamassa estudada, o pó-de-pedra é utilizado, essencialmente,
como uma adição mineral.
Palavras-chave: Pó-de-pedra. Revestimento. Restauração. Art déco.
xviii
ABSTRACT
In the decades of 30 and 40, the architectural style called art déco took place in
many brazilian urban centers. It was based on a new technical and formal language,
exploring the symmetry, straight lines, horizontality, ornamental cleaning, soberness
and monumentality. This style set common the reinforced concrete application and
the use of the stone dust covering in many façades, that nowadays have some
pathologies and need restoration works. Therefore, this research analyses the stone
dust mortar restoration techniques applied on Thibau Building façade, an art déco
construction from 1943, placed at Belo Horizonte city. In order to evaluate the
covering performance after its restoration, were done mortar characterization tests in
the hardened condition and related to the mortar-substrate conditions. Concerning
the axial compression tests, good results were obtained comparing to other
researches, and regarding the pull-off strength values, the façade covering was
approved. The water permeability test indicated that there isn’t a standard
performance at the building. The granulometry and the specific mass tests were used
to characterize the mortar components. The chemical/mineralogical characterization,
by means of X-rays fluorescence spectrometry, showed a big concentration of
calcium, magnesium and oxygen at the stone dust, and, by means of X-rays
diffraction, showed a big presence of dolomite crystalline peaks. It was also possible
to conclude that the stone dust of the studied mortar is essentially used as a mineral
addition.
Keywords: Stone dust. Covering. Restoration. Art déco.
19
1. INTRODUÇÃO
A partir do século XIX, começam a organizar-se pensamentos mais estruturados que
aqueles de épocas anteriores sobre a proteção do patrimônio cultural, entretanto, é
no século XX que posturas e legislações mais abrangentes o praticadas. Desde
então, foram elaboradas diversas cartas patrimoniais, ou seja, cartas conclusivas
das reuniões relativas à proteção do patrimônio histórico e cultural, que registraram a
evolução do pensamento preservacionista.
Em outubro de 1931, é elaborada a primeira dessas cartas, a Carta de Atenas,
contendo deliberações da organização internacional Sociedade das Nações. Este
documento discute a racionalização de procedimentos em arquitetura e propõe
normas e condutas em relação à preservação, conservação e valorização dos
monumentos antigos (SOCIEDADE DAS NAÇÕES, 1931).
Com o decorrer do tempo, a velocidade das transformações e do desenvolvimento
urbano tornou imprescindível uma preocupação cada vez maior com a preservação
do patrimônio nas cidades, preocupação essa que se evidenciou, em novembro de
1933, com uma outra carta patrimonial, também denominada Carta de Atenas,
elaborada durante o 4º Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM).
Esta carta propõe que se adapte o mundo aos recursos e às formas da
modernidade, de forma que o cidadão tenha uma vida de civilização comum a todos
os povos, com todas as facilidades e todas as faculdades, usufruindo das funções
principais da cidade, que são: habitação, trabalho, lazer e circulação (COSTA, 1957).
Já naquele ano, segundo esse documento:
A maioria das cidades estudadas oferece hoje a imagem do caos. Essas
cidades o correspondem, de modo algum, à sua destinação, que seria
satisfazer as necessidades, primordiais, biológicas e psicológicas de sua
população. (CIAM, 1933).
Neste contexto, a Carta de Atenas de 1933 relata sobre o estado crítico das cidades
em relação ao patrimônio histórico (na época, entendido tão somente como
monumento) e sobre o que deveria ser feito em relação à sua preservação. No
entanto, se, por um lado, essa carta é um marco nas discussões acerca do assunto,
20
por outro, de se apontar para a necessidade de algumas alterações no seu texto
original, que foram realizadas em outras cartas de intenção.
No ano de 1964, a Carta de Veneza, aprovada no Congresso Internacional de
Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, passou a incorporar um novo
conceito: a noção de “bem cultural”. Este documento distinguiu-se das cartas
anteriores por alguns pontos relevantes: são instituídas noções básicas de
preservação segundo a idéia de que cada bem, para ser salvaguardado, necessita
ter uma função junto à comunidade onde está instalado; a utilização do bem cultural
o distancia da deterioração e do esquecimento; passam a ser asseguradas as
manutenções das ruínas de bens patrimoniais culturais, bem como as medidas para
a preservação e a conservação permanente dos elementos arquitetônicos e dos
testemunhos históricos encontrados (CONGRESSO INTERNACIONAL DE
ARQUITETOS E TÉCNICOS DOS MONUMENTOS HISTÓRICOS, 1964).
Além das cartas, a preservação de bens culturais é ainda orientada por declarações,
por tratados nacionais e internacionais e por legislação nacional específica. Nesta
estão incluídos o Decreto-Lei 25/1937, que cria o tombamento
1
, e a Constituição
Federal, que, em seu artigo 216, define patrimônio cultural:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência
à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem:
[...]
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (BRASIL, 1988).
Com a ampliação do conceito de patrimônio, não se podem excluir as questões mais
contemporâneas, como a arquitetura do século XX, que também possui seu
significado histórico e cultural na sociedade brasileira e é merecedora de proteção,
visando à sua permanência para as gerações futuras. E nessa situação se encontra
o art déco, estilo disseminado em todo o país, mas que, segundo Manso (2004), não
1
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o tombamento é um ato
administrativo realizado pelo Poder blico com o objetivo de preservar, por intermédio da aplicação
de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor
afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados (IPHAN,
2008).
21
recebe a mesma atenção dada a outros estilos arquitetônicos produzidos no Brasil,
como, por exemplo, o barroco.
Seguindo uma tendência predominante no Rio de Janeiro, na década de 30, o estilo
art déco passou a ser também para Belo Horizonte a influência nas novas
construções, desde exemplares mais puros (importados) até os mais simples e
menos definidos, executados por mestres-de-obras da época. Caracterizadas por
simetria geométrica, jogos de volumes e revestimentos de pó-de-pedra, essas
edificações revelavam sua contemporaneidade com as transformações em curso
(GOMES, [19--]).
Essa arquitetura, que preponderou em Belo Horizonte durante os anos 30 e 40,
passados mais de 60 anos, vem necessitando de obras com o objetivo de restaurar
o que foi desgastado pelo tempo. Atualmente, alguns edifícios art déco estão
passando ou ainda passarão por reformas (outros sofreram intervenções),
principalmente em suas fachadas, cujo revestimento de pó-de-pedra empregado na
época da construção encontra-se total ou parcialmente sem aderência.
Entretanto, o desafio dessas reformas está em recuperar um revestimento não mais
utilizado, cuja técnica era muito artesanal, empírica e sobre a qual há poucos
registros disponíveis. Segundo Costa (1957), “este revestimento [...] consiste na
substituição da areia pelo pó-de-pedra, juntando-se certa quantidade de mica em
pequenas partículas. Depois de feito o revestimento, lava-se a superfície com ácido.”
Segawa (1999), por sua vez, faz alusão ao acabamento com o pó-de-pedra ao
descrever uma fachada art déco: “[...] paredes lisas revestidas com argamassa de
cimento branco, cal, areia, grãos de mármore, granito, quartzo e mica [...]”.
Assim, além das questões estéticas, é importante buscar os traços e as
composições que mais se aproximam da argamassa de pó-de-pedra original e,
também, realizar análises e testes que garantam o bom desempenho do
revestimento relativo a aspectos como: aderência, permeabilidade, resistência
mecânica e durabilidade.
De acordo com Castriota e Passos (1998), apenas recentemente alguns autores têm
destacado a qualidade e importância das obras do período art déco, o que não
ocorria há algum tempo atrás:
22
É curioso que essa arquitetura que se pretendia moderna e que marca a
cena urbana belo-horizontina nos anos 30 e 40 tenha tido uma fortuna
crítica desfavorável, aparecendo na historiografia da arquitetura moderna
brasileira sob uma ótica negativa como uma variante sem maior
importância ou interesse (CASTRIOTA; PASSOS, 1998).
Apesar dessa ausência de relevância na bibliografia, não se pode deixar de ressaltar
a importância do art déco no que diz respeito à idéia de modernidade e de
desenvolvimento. A compreensão contemporânea do patrimônio deixou de se ater
apenas às qualidades estéticas do bem, ampliando-se para os aspectos sociais e
culturais das comunidades, constituindo-se um dos importantes responsáveis por
sua identidade e qualidade de vida. Isso torna necessária, portanto, a preocupação
em se preservarem as construções que ainda são testemunhas de uma história e de
uma época.
23
2. OBJETIVOS
Diante da relevância das obras art déco para a arquitetura moderna e da ausência
de estudos sobre seu revestimento característico, como objetivo geral desta
dissertação, optou-se por fazer uma pesquisa sobre as técnicas de restauração da
argamassa de pó-de-pedra. Isso tornará possível analisar o que está sendo
realizado recentemente e auxiliar em outras intervenções nos edifícios da mesma
época.
Sendo assim, os objetivos específicos a serem atingidos são:
a) analisar as teorias do restauro e sua evolução através dos tempos, a fim de
se compreender melhor quais são os parâmetros que vêm sendo utilizados
nas restaurações das obras que compõem nosso acervo arquitetônico;
b) fazer uma pesquisa bibliográfica sobre a produção art déco no Brasil e, mais
especificamente, em Belo Horizonte, buscando obter dados sobre a
argamassa de pó-de-pedra utilizada nos edifícios de então;
c) coletar informações sobre propriedades, traços e métodos de execução dos
revestimentos de pó-de-pedra in loco, durante as obras de recuperação
destes, e mediante entrevistas com técnicos, engenheiros, arquitetos e
fornecedores de matéria-prima;
d) realizar um estudo de caso e avaliar, por meio de testes, o desempenho
obtido após a restauração do revestimento em pó-de-pedra, analisando,
ainda, as características das matérias-primas e as formas de execução;
e) identificar os aspectos passíveis de melhoria em relação ao restauro do
revestimento de pó-de-pedra e contribuir com dados científicos para
intervenções futuras.
24
3. JUSTIFICATIVA
Em Belo Horizonte, várias construções das décadas de 1930 e 1940 têm passado
por obras de recuperação do revestimento de pó-de-pedra já danificado pela ação
do tempo, seja no seu aspecto estético (sujeira, manchas, etc.), seja na sua
estabilidade ou no seu desempenho (descolamentos, porosidade excessiva, etc.).
Entretanto, determinadas intervenções não foram bem sucedidas, originando novas
patologias nas fachadas.
Existem algumas suposições baseadas em dados empíricos sobre os motivos que
poderiam causar tais problemas, mas faltam ainda fundamentos científicos que
possam constituir-se como orientação para essas obras. Diante da bibliografia
escassa, torna-se de grande valia, portanto, uma pesquisa mais aprofundada sobre
o assunto.
Além disso, existe o mito de que a memória arquitetônica do país estaria apenas no
período do Brasil-colônia, mas foi no período entre as duas guerras mundiais (1918-
1939) que ocorreram as grandes mudanças qualitativas na vida cosmopolita
nacional, e a produção arquitetônica art déco dessa época passou a ser de
fundamental importância para a inserção do país no contexto mundial (MANSO,
2004). Apesar de ser considerada como arte menor em alguns círculos, talvez o art
déco seja hoje, individualmente, o estilo arquitetônico mais disseminado no país:
Edifícios art co estão presentes o apenas por toda parte, em todas as
regiões do país, mas a quantidade de bancos de praça, postes, relógios,
estações ferroviárias, entre muitas outras peças do mobiliário urbano,
parece permanecer incomparavelmente superior em número que a
produção de qualquer outro estilo. (MANSO, 2004).
Buscando desenvolver melhores técnicas de restauro do revestimento em pó-de-
pedra, característico do art déco, resgata-se também o valor deste estilo para a
memória histórica brasileira, impedindo que o acervo de obras existentes seja
descaracterizado ou desapareça e caia no esquecimento por completo.
25
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1. A HISTÓRIA DO RESTAURO
Segundo Neves (1999), a sociedade renascentista, baseando-se na idéia de sua
superioridade, realizava intervenções nas obras arquitetônicas com o objetivo de
superar os antepassados, apenas conservando o que fosse conveniente para a
época. No maneirismo e no barroco, o intuito preservacionista continua não se
fazendo presente, sendo que muitas construções antigas eram até mesmo utilizadas
como fonte de material para novas obras.
Com a Revolução Industrial no século XVIII, além da rápida transformação das
técnicas de produção, passam a ocorrer também grandes reformas urbanísticas que
modificam de forma acelerada as cidades, ameaçando a paisagem existente. As
questões do patrimônio e da preservação surgem nesse cenário de destruição do
antigo e, diante da necessidade de aliar passado e futuro num mesmo contexto,
surgem diversas teorias sobre o restauro, tanto em relação ao urbano quanto ao
objeto arquitetônico em si.
A princípio, a questão da memória era associada apenas à conservação física dos
monumentos, cuja maioria “[...] expressa exatamente a visão de mundo e história
dos vencedores, atendendo, portanto, na grande maioria das vezes, a função de
guardião de uma memória e tradição escolhidas.” (NEVES, 1999). Os bens
escolhidos para serem preservados eram, principalmente, aqueles de arquitetura
erudita de então.
Entretanto, o campo de interesse da preservação aumenta ao longo dos anos e o
conceito de monumento é substituído pelo termo patrimônio histórico, de maior
abrangência, visto que se relaciona não só à edificação em si, mas também à
paisagem urbana. E posteriormente, estendendo-se aos dias atuais, a expressão
patrimônio cultural é a que passa a designar todo o conjunto de bens de valor
histórico-cultural merecedor de proteção, incluindo aí tanto as obras produzidas pela
classe hegemônica como aquelas oriundas da cultura popular.
26
4.1.1. A evolução das teorias do restauro
Diante da preocupação com a preservação, surgem rios conceitos sobre o
restauro arquitetônico. Serão apresentadas, a seguir, algumas das principais teorias
desenvolvidas ao longo da história.
4.1.1.1. John Ruskin
Para Ruskin (1996), são sete os valores que iluminam a arquitetura: o sacrifício, a
verdade, a potência, a beleza, a vida, a memória e a obediência, sendo todos eles
articulados entre si. A respeito da memória, o autor considera que dois deveres
em relação à arquitetura: conferir uma dimensão histórica àquela do presente e
conservar a de épocas passadas, tanto para os edifícios públicos monumentais ou
históricos, quanto para os privados.
Como reação à destruição provocada pela Revolução Industrial, na Inglaterra
romântica, Ruskin (1996) defende a conservação e não a restauração, para que o
homem possa ter a noção perfeita da degradação com o passar dos anos.
Considera que a pátina (modificações impostas à matéria pelo tempo) possui grande
valor histórico e estético, tornando-se essencial para a obra, não podendo, portanto,
ser falseada por nenhum tipo de intervenção ou restauro:
Ela [a palavra restauro] significa a mais total destruição que um edifício
possa sofrer: uma destruição no fim da qual o resta nem ao menos um
resto autêntico a ser recolhido, uma destruição acompanhada da falsa
descrição da coisa que destruímos. [...] é impossível em arquitetura
restaurar, como é impossível ressuscitar os mortos [...]. (RUSKIN, 1996).
Segundo o teórico, a glória de um edifício está na sua idade, e é por isso que se
deve pensar em construir o apenas para o tempo atual, mas também para as
gerações futuras.
4.1.1.2. Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc
Em meados do século XIX, desponta na França o conceito de estilo arquitetônico
(unidade formal de um período histórico) e o arquiteto Viollet-le-Duc se destaca na
defesa de uma corrente do restauro oposta à de Ruskin, propondo a reconstituição
das edificações respeitando o estilo e a época a que pertencem (NEVES, 1999).
Segundo Viollet-le-Duc (1996), “restaurar um edifício não é conservá-lo, repará-lo ou
27
refazê-lo, é restituí-lo a um estado de inteireza que pode jamais ter existido em um
dado momento.”
Gregos e romanos, ao invés de restaurar, reconstruíam seus edifícios segundo os
métodos adotados na época da reconstrução. Sendo contrário a isso, Viollet-le-Duc
foi pioneiro ao dar ênfase à importância social e econômica da arquitetura, que ele
reconstituía não como uma forma de retorno ao passado (já que considerava isso
impossível), mas para que fosse usada no presente.
Segundo esse teórico, cada edifício deve ser restaurado no estilo que lhe é próprio,
tanto no que diz respeito à estética, quanto em relação à estrutura, substituindo as
partes retiradas por outras executadas com materiais melhores, visando à
durabilidade da construção. Para que isso ocorra, o arquiteto deve conhecer todos
os detalhes da obra a ser reparada, assegurando-se de que tem à disposição todos
os meios para executar um bom trabalho (VIOLLET-LE-DUC, 1996).
4.1.1.3. Camillo Boito
Camillo Boito, no final do século XIX, defende uma posição intermediária entre o
esteticismo de Viollet-le-Duc e a defesa imparcial da história de Ruskin, unindo arte
e história aos princípios do restauro. Deste, Boito retira a noção de autenticidade,
defendendo a preservação da pátina e sendo contra a reconstituição estilística, e de
Viollet-le-Duc provém a noção de contemporaneidade do passado, confirmando a
legitimidade do restauro. Segundo Meniconi (1997 apud NEVES, 1999):
Este critério, denominado histórico, nada mais é que o critério analógico,
estilístico revisitado, isto é, continua sendo lícito refazer, não mais os
elementos que possam ter existido, mas aqueles que seguramente
houvessem existido.
Para esse teórico, os monumentos devem sofrer a mínima interferência possível,
numa antecipação ao restauro preventivo de Cesare Brandi. Como reconhece que
toda intervenção é marcada pelo seu tempo, Boito coloca que toda interferência
deve seguir alguns critérios: diferenciação novo/velho pelo emprego de novos
materiais e novas cores, datação das adições, documentação e registro do
processo.
28
4.1.1.4. Alois Riegl
Riegl (1987) trabalha com os conceitos de tempo, história e arte, estruturando uma
base teórica para fundamentar as obras de preservação, e questiona, ainda, as
práticas de restauro e o conceito de monumento histórico. Do valor da memória,
segundo ele, provêm dois valores: o de história e o de história da arte, que requerem
um saber especializado; e o da empatia provocada pelas coisas antigas, que atinge
todas as pessoas. E do valor do presente têm-se: o valor de arte do antigo, que
ainda afeta a sensibilidade atual; o valor do novo, que é o valor artístico da
população em geral; e o valor de uso, que exige o monumento íntegro, para que
possa ser utilizado.
O valor antigo de uma obra não se revela por seu estilo (que pode ser uma
imitação), mas por sua aparência antiga, que possui características da
degradação natural. Esse valor apela aos sentimentos e se manifesta pela
percepção de qualquer pessoa, diferentemente do valor histórico, que depende da
razão e do conhecimento, sendo, portanto, mais seletivo.
Os valores antigo e histórico da obra são contraditórios, que enquanto o primeiro
aceita a degradação permanente do objeto, o segundo exige a conservação deste
como documento histórico. Daí surge o conflito de que quanto mais antigo é um
monumento, maior é sua degradação e menor seu valor histórico. Isso leva Riegl
(1987) a considerar a ruína como um objeto com alto valor de antigo e com nenhum
valor histórico, propondo, então, que nela não se toque a fim de que não perca o
único valor que ainda possui - o valor de antigo.
Riegl deu grande contribuição na compreensão do conceito de monumento, pois,
pela oposição de valores (passado/presente, antigo/contemporâneo), ele analisa e
classifica o processo pelo qual as obras se tornam monumentos e adquirem valor
histórico.
4.1.1.5. Gustavo Giovannoni
Giovannoni (1912 apud BEZERRA, 2003) continua e consolida, sob determinados
aspectos, a postura de Camilo Boito. A teoria daquele propõe uma classificação
rigorosa dos monumentos segundo sua origem, estado de conservação, importância
29
e caráter e distingue cinco tipos de restauro: de consolidação, quando as condições
físicas do monumento o exigirem (reforços ou proteções); de recomposição, quando
o monumento apresenta-se desmontado e existirem documentos que possam
subsidiar a recomposição; de liberação, em caso de elementos colocados por
ocasião de uma intervenção anterior estarem prejudicando o entendimento da obra;
de complementação (reintegração), caso haja necessidade de se refazer uma parte
destruída do elemento e existir documentação fidedigna; de inovação, se necessária
uma ampliação em caso de arruinamento ou de uma obra não concluída.
Ainda, de acordo com o teórico, não se deve interferir no volume, na cor ou
decoração do monumento quando a inovação for necessária, deve-se primar pela
autenticidade da obra (não se permitindo confundir partes antigas com as atuais) e
deve-se dar valor ao antigo, ao belo, ao artístico, à forma original e à ruína. Gustavo
Giovannoni, diferentemente de Alois Riegl, nega a arquitetura contemporânea, seu
resultado plástico e sua tecnologia e, assim como Camillo Boito, defende a
contraposição entre o antigo e original e o novo (BEZERRA, 2003).
Giovannoni amplia o conceito de monumento para englobar também o conjunto
histórico, defendendo a relação entre a obra e o entorno. Dessa forma, a
restauração, segundo ele, passa a se relacionar com toda a paisagem urbana
histórica, e não apenas com o edifício isoladamente.
4.1.1.6. Cesare Brandi
Após a Segunda Guerra Mundial, a destruição provocada pelos ataques impediu que
se reconstruíssem as cidades baseando-se unicamente no valor histórico-
documental das edificações. Em função disso, a arquitetura tem seu aspecto
artístico privilegiado em relação ao histórico (não sendo mais passível de repetições
formais gratuitas) e, cronologicamente, a partir da década de 60, a teoria do restauro
de Cesare Brandi foi a última que conseguiu conciliar os diferentes valores que
devem ser considerados em um ato de restauro (NEVES, 1999).
A teoria de Brandi (2004) engloba as formas artísticas em geral: pintura, escultura,
arquitetura, etc. Para ele, ao contrário do que geralmente se entende por
restauração, em se tratando de obra-de-arte, o restabelecimento da funcionalidade
na intervenção do restauro é apenas um dos objetivos deste, e não é o principal, já
30
que “[...] a restauração constitui o momento metodológico do reconhecimento da
obra-de-arte, na sua consistência física e na sua dúplice polaridade estética e
histórica, com vistas à sua transmissão para o futuro.” (BRANDI, 2004).
Percebe-se que não é necessário sequer acrescentar a instância da utilidade, basta
que ocorra o reconhecimento da obra-de-arte como tal. E, primordialmente, da
instância estética depende o nível de intervenção que se deve realizar (desde o
simples respeito à intervenção mais radical), sendo a consistência material e a
historicidade fatores secundários nesse processo. Mas isso deve ser feito de modo a
se obter o “[...] restabelecimento da unidade potencial da obra-de-arte, desde que
isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem
cancelar nenhum traço da passagem da obra-de-arte no tempo.” (BRANDI, 2004).
A obra-de-arte não pode ser considerada como constituída por partes, devendo,
entretanto, ser entendida como uma unidade, fato que impede que se intervenha na
obra já mutilada e fragmentada utilizando-se apenas a analogia, sem levar em
consideração dados mais concretos sobre o seu estado originário. Disso derivam
alguns princípios:
a) a integração, quando houver, deverá ser facilmente reconhecível quando o
observador se encontrar próximo do objeto e invisível à distância (mantendo
a unidade da obra-de-arte);
b) a matéria da obra-de-arte constitui-se de estrutura e aspecto, mas, em caso
de conflito nas intervenções, este último deve prevalecer sobre aquela;
c) as restaurações atuais devem facilitar eventuais intervenções futuras;
d) não devem ser feitas integrações fantasiosas a fim de suprimir as lacunas
surgidas com o passar do tempo.
Com esses pontos, mantém-se, como havia sido posto, desde o século XIX, por
Boito, a idéia da distinguibilidade das intervenções contemporâneas nos
monumentos do passado, datando a restauração como fato histórico indissociável
do presente histórico que o produziu.
31
O teórico afirma, ainda, que a restauração, para ser legítima, o deve
desconsiderar a pátina, que representa a historicidade da obra, apesar de ser
necessário avaliar cada caso e atentar para possíveis interferências no aspecto
estético, que é mais relevante. Além disso, a unidade da obra-de-arte também deve
ser preservada pela sua espacialidade, garantindo a permanência de uma situação
do espaço físico de entorno ou impedindo que a obra seja levada para outro local
que possa prejudicar sua imagem.
Brandi (2004) também considera que: “Ruína será, pois, tudo aquilo que é
testemunho da história humana, mas com um aspecto bastante diverso e quase
irreconhecível em relação àquele de que se revestia antes.” Desta forma, no caso da
ruína, a restauração deve se limitar à conservação do status quo da obra, pois, caso
contrário, ela perderia sua autenticidade. Ainda, faz-se referência ao restauro
preventivo de uma obra, que engloba a tutela, a remoção de perigos e a busca por
condições favoráveis do meio, com o objetivo de prevenir as alterações sofridas com
o passar dos anos.
Para a arquitetura podem-se aplicar os mesmos princípios relativos às outras obras-
de-arte, especialmente no que diz respeito à ilegitimidade da decomposição e
recomposição de um monumento em lugar diverso daquele onde foi realizado. Além
disso, o teórico considera inaceitável inserir uma construção moderna em um
contexto antigo, o que, segundo ele, invalida a estética e a historicidade da obra
original.
Percebe-se no texto brandiano, portanto, que o principal guia de uma intervenção
deve ser o juízo crítico de valor, e, como nas recomendações da Carta de Veneza,
nota-se a extensão dos procedimentos de restauro para o entorno da obra, de forma
a garantir sua conservação física e sua leitura como obra-de-arte. O rigor de
princípios é a marca da reflexão de Cesare Brandi, em cuja teoria fica evidente que a
restauração é um ato crítico-cultural do presente sem, no entanto, poder se eximir à
responsabilidade que o ato de restauro traz, tanto para sua própria geração, quanto
para as seguintes.
O grande avanço de Cesare Brandi está em considerar tanto a história quanto a
estética como fatores importantes na preservação de um monumento, com a
32
prevalência, no entanto, do valor estético, visto que é exatamente a condição de
artística o que diferencia uma obra-de-arte de outros produtos da ação humana
(BRANDI, 2004). Esse pensamento refuta as teorias precedentes que preconizavam
a manutenção dos monumentos apenas como documentos históricos, relegando a
um segundo plano sua imagem figurativa.
Brandi (2004) retira a restauração do empirismo e a coloca como pensamento
científico. Dentro do movimento moderno, ele é considerado um dos mais
importantes teóricos e sua teoria tem influenciado as gerações mais recentes de
preservacionistas. Segundo Torraca ([19--?] apud LOURENÇO; OLIVEIRA, 2002),
professor da Escola de Restauração de Monumentos da Universidade de Roma, os
trabalhos de restauração devem ser sempre orientados respeitando os princípios
brandianos, dentre eles: possibilidade de reversibilidade das intervenções, menor
intervenção possível no monumento e utilização apenas de materiais compatíveis
com os originais.
33
4.2. O ART DÉCO
4.2.1. No mundo
Com a Revolução Industrial, os trabalhos manuais do artesanato foram sendo
substituídos pelos produtos industrializados e os resultados mais imediatos dessa
mudança foram visíveis na arquitetura, que, apesar de sua grande produção, não
possuía uma característica própria da época. Os edifícios eram erguidos numa
diversidade de estilos históricos que funcionavam apenas como ornamentos para as
fachadas, sem nenhum sentido com a finalidade da obra em si (GOMBRICH, 1977).
Entretanto, em fins do século XIX, críticas surgiram em relação a essa arquitetura
eclética e ansiava-se por uma arte mais espontânea, que fosse baseada numa nova
sensibilidade para o desenho e para as possibilidades de cada material. Daí, entre
1890 e 1905, o estilo art nouveau teve seu auge na França, Bélgica, Alemanha e
Áustria, e, com menor intensidade, na Grã-Bretanha, Itália, Países Baixos e EUA,
com repercussão igualmente no Brasil. Era o momento de a nova arquitetura de
ferro e aço criar um estilo ornamental próprio.
Posteriormente, desponta o art déco numa época em que se desenvolvem novos
padrões de elegância e consumo, a partir do surgimento das camadas sociais
enriquecidas com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e de uma nova classe
média que buscava prestígio social. Com a idéia de modernidade, um novo estilo
surgia na Europa e Estados Unidos, apresentando padrões para a arquitetura,
mobiliário, vestuário, utensílios domésticos, artes gráficas, automóveis, etc. e se
diferenciando do art nouveau presente até então (GOMES, [19--]).
Comparativamente, o art nouveau foi um estilo com as seguintes características: arte
floral e de detalhes; a parte é tomada pelo todo; notabilizado pela arquitetura de
interiores (crescimento de dentro para fora); marcado pela assimetria. O art déco,
por sua vez, concentra sua atenção em aspectos coletivos (em detrimento dos
detalhes), desenvolveu-se de fora para dentro (a arquitetura foi sua base), é
geométrico e simétrico. Esta nova proposta se apresentou como uma tentativa de
unir arte e indústria na era industrial.
34
De acordo com Manso (2004), o surgimento do art déco se com sua
apresentação formal na Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais
Modernas, em Paris no ano de 1925, com a intenção de reformular os conceitos
estéticos impostos pelo art nouveau ou pelo ecletismo. Desenvolve-se, assim, uma
nova linguagem técnica e formal a partir do uso do concreto armado, na qual o
ornamento deixa de ter função em si e passa a derivar-se da volumetria dos
edifícios, de sua estrutura e das técnicas construtivas; até mesmo o contexto externo
deve ser equacionado, pelo intermédio do traçado das vias, dos afastamentos e dos
recuos.
O art déco desponta na França em contraposição ao desenho proposto pela escola
alemã Bauhaus, protagonista do movimento moderno na arquitetura, apesar de
ambos defenderem os mesmos princípios básicos: a estrutura funcional e o apuro da
técnica construtiva como definidor da estética das fachadas. Segundo Manso (2004),
o art déco e o modernismo nascem de forma paralela, no entanto, a diferença está
nos seguintes aspectos: o primeiro propõe uma releitura da arquitetura, adaptando-a
às condições da vida naquele momento, sem se aprofundar nas questões sociais,
políticas e ideológicas e sem se caracterizar como movimento (distingue-se por
signos de fácil identificação que mantêm uma unidade no conjunto); o segundo tinha
como base na busca de novas soluções um movimento ideológico, político e social
que desenvolveu diversos estilos.
Devido a seu aspecto constituído por linhas retas, horizontalidade, simetria, limpeza
ornamental, sobriedade, centralidade, escalonamento e monumentalidade na
composição estética do conjunto e na configuração espacial, o art déco apresenta-
se como uma nova arquitetura representativa de poder (MANSO, 2004). Por isso
esse estilo torna-se o oficial para a maioria dos regimes totalitários entre 1930 e
1940 (em alguns locais, até 1950).
4.2.2. No Brasil
Da Europa e Estados Unidos, o art déco veio para o Brasil. Em apenas 15 anos, de
1925 a 1940, esse estilo difundiu-se por vários Estados da federação, atingindo não
os edifícios públicos, mas também os residenciais e comerciais (nestes, sem a
monumentalidade e a imponência daqueles). Diante do novo poder político instalado
35
com o governo de Getúlio Vargas, o art déco representava progresso e
desenvolvimento e traduzia nos prédios oficiais os significados de grandeza e poder
(MANSO, 2004).
Segundo Gomes ([19--]), esse novo estilo tornou-se marcante na arquitetura de
bares, cinemas, salões de festas e clubes. De forma geral, as características
dominantes assemelhavam-se às do art déco no restante do mundo: muros com
profusão de formas angulares; distribuição regular e simétrica; janelas geminadas
destacando a horizontalidade; barrados geometrizados de tipo francês no
coroamento; faixas paralelas horizontais ou escalonadas que se repetem na
fachada; utilização de colunas, capitéis e volutas de forma plana e esquematizada;
uso de balaústres de cimento cilíndricos ou prismáticos; formas geométricas simples,
paralelas, ondas, zig-zag, espirais, temas florais geometrizados, silhuetas de cactus
e palmeiras; utilização de espelhos e cristais esmerilhados. Ainda, com essa nova
tendência, veio o advento do uso do concreto armado e de um novo tipo de
revestimento aplicado sobre paredes lisas, o pó-de-pedra - “[...] uma argamassa de
cimento com lâminas de mica.” (ESTADO DE MINAS, 1996).
Nota-se, no Brasil, grande influência desse estilo principalmente nos maiores centros
de então, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Inúmeras obras
públicas seguiram o déco e foram importantes referências para a disseminação da
tendência pelo país: a Prefeitura de Belo Horizonte (1936-1939), projetada por Luiz
Signorelli; os primeiros edifícios de Goiânia, a nova capital do Estado de Goiás,
projetada em 1930 por Attílio Correia Lima; o viaduto Boa Vista, em o Paulo,
projetado em 1930 por Oswaldo Arthur Bratke; a estátua do Cristo Redentor, no Rio
de Janeiro. Na maioria das grandes cidades durante as décadas de 30 e 40, o art
déco também predominou nas obras de verticalização da paisagem (SEGAWA,
1999).
Na segunda metade dos anos 30, o déco estava disseminado por várias regiões do
país, conquistando, até mesmo, adeptos populares ao ser adotado, em linhas mais
simplificadas, nas moradias de diversas vilas operárias. As cidades construídas no
período de 1930-1940 concentram variadas interpretações de arquitetura popular
nesse estilo.
36
4.2.3. Em Belo Horizonte
Belo Horizonte foi inaugurada em 1897, nascendo num momento histórico de grande
identidade com a república recém-instaurada e com os ideais iluministas, o
positivismo científico e a racionalidade. A nova capital (no lugar de Ouro Preto) é
construída em tempo recorde e a partir de um projeto que pretende: superar as
formas arcaicas, predominantes até então; negar o passado; substituir o natural pelo
racional, o espontâneo pelo científico, o orgânico pelo geométrico, o cultural pelo
progressista, enfim, o velho pelo novo (CARSALADE, 1991).
A nova cidade tem seu urbanismo caracterizado por ruas largas e de traçado
geométrico, pela exaltação dos mbolos edificados do poder e pelo zoneamento
funcional. A arquitetura é marcada pelo tratamento estilístico eclético (de inspiração
clássica), associado aos ideais de democracia e predomínio da razão, e o
paisagismo destaca-se pela uniformidade e disciplina na situação das árvores.
De acordo com Castriota e Passos (1998), nos anos 20 o equilíbrio econômico de
Minas Gerais, que até então pendia para o Sul e a Zona da Mata, começa a se
deslocar para Belo Horizonte, que deixa de ser meramente administrativa. Nos anos
30 e 40 a capital se torna o mais importante pólo industrial, comercial e financeiro do
Estado, e, com isso, a cena urbana belo-horizontina começa a ser marcada por
distritos industriais, pela verticalização e remodelação de algumas áreas centrais e
pelo espalhamento da cidade planejada.
Até o início da década de 30, a arquitetura enfatizava o eclético, com forte marca do
neoclássico; a partir daí começou a surgir uma nova tendência que, na época, era
conhecida como cubista, mas que, posteriormente, recebeu a denominação de art
déco. Assim como no restante do país, as construções ganharam volumes
geométricos, fachadas mais simples, decoração com poucos elementos (em linha
reta e baixo-relevo), balcões de concreto armado e revestimento de pó-de-pedra. O
novo estilo se fez presente em Belo Horizonte em quase todas as edificações de
então, desde as obras mais monumentais, até as de forma mais simples, executadas
por mestres-de-obras.
37
Raffaello Berti e Luiz Signorelli foram os principais arquitetos que adotaram o art
déco na nova capital. Do primeiro, podem ser citados os seguintes projetos: Casa
d’Itália (1935); Colégio Izabela Hendrix (1937/1939) – Figura 1; sede social do Minas
Tênis Clube (1940) Figura 2; Cine Metrópole (1942) Figura 3; Hospital Municipal
de Belo Horizonte atual Odilon Behrens (1944/1945); Santa Casa de Misericórdia
(1948) Figura 4; entre outros. Do segundo, destacam-se o edifício da Feira de
Amostras (1935) e a Prefeitura de Belo Horizonte (1936/1939), que, com linhas retas
e bem marcadas, foi um dos principais prédios em art déco dos anos 30 Figura 5
(CASTRIOTA; PASSOS, 1998; ESTADO DE MINAS, 1996; SEGAWA, 1999).
Figura 1 – Colégio Izabela Hendrix.
38
Figura 2 – Sede social do Minas Tênis Clube.
Fonte: CASTRO, 2006.
Figura 3 – Cine Metrópole.
Fonte: CASTRIOTA; PASSOS, 1998.
39
Figura 4 – Santa Casa de Misericórdia.
Fonte: CASTRIOTA; PASSOS, 1998.
Figura 5 – Prefeitura de Belo Horizonte.
Fonte: ESTADO DE MINAS, 1996.
40
Podem ser dados, ainda, outros exemplos que marcaram a arquitetura dos anos 30
e 40 e também o início da verticalização: Cine Brasil (1932) – Figura 6, Edifício Ibaté
(1935) e Casa de Saúde São Lucas (1939), de Ângelo Murgel; Edifício Chagas Dória
(1934), de Alfredo Marestrof; Colégio Santo Agostinho (1935), Colégio Imaculada
Conceição (1936) e Colégio Nossa Senhora do Monte Calvário (1937), de Romeo de
Paoli; Edifício Sulacap (1941), de Roberto Capello – Figura 7; Edifício Thibau (1943),
de Hermínio Gauzi Figura 8; Edifício Acaiaca (1943), de Luís Pinto Coelho
(CASTRIOTA; PASSOS, 1998; ESTADO DE MINAS, 1996; SEGAWA, 1999).
Figura 6 – Cine Brasil.
Fonte: CASTRIOTA; PASSOS, 1998.
41
Figura 7 – Edifício Sulacap.
Fonte: SEGAWA, 1999.
Figura 8 – Edifício Thibau.
42
A capital do Estado adquiriu ares de metrópole a partir da construção de seus
primeiros edifícios altos. O Cine Brasil chegou a ser atração devido aos seus seis
pavimentos, sendo cobrados ingressos para subir no terraço e ver a cidade do alto.
Mas foi o Edifício Ibaté, de dez andares, que oficializou o ciclo do arranha-céu em
Belo Horizonte, sendo superado, em 1936, pelo Edifício Capichaba, com 14
andares.
Além das edificações institucionais, comerciais ou de serviços, em diversos bairros
de Belo Horizonte, foram construídas várias residências no estilo art déco, apesar de
muitas destas casas possuírem atualmente outros usos: Av. do Contorno, 2293
Floresta (1922) Figura 9; R. Silva Jardim, 380/386 Floresta (década de 30)
Figura 10; R. Padre Rolim, 945 Santa Efigênia (1930) Figura 11; Av. Bernardo
Monteiro, 746/750/756 – Funcionários (1933), de José Castro – Figura 12; Av. Brasil,
1433 Funcionários (Palacete Jeha - 1934) Figura 13; Av. Álvares Cabral, 510
Centro (1937), de Caetano de Franco Figura 14; R. Ceará, 992 Funcionários
(1937), de Francisco Farinelli – Figura 15 (CASTRO, 2006).
Figura 9 – Casa na Av. do Contorno, 2293 - Floresta.
Fonte: CASTRO, 2006.
43
Figura 10 – Casa na R. Silva Jardim, 380/386 - Floresta.
Fonte: CASTRO, 2006.
Figura 11 – Casa na R. Padre Rolim, 945 - Santa Efigênia.
Fonte: CASTRO, 2006.
44
Figura 12 – Casa na Av. Bernardo Monteiro, 746/750/756 - Funcionários.
Fonte: CASTRO, 2006.
Figura 13 – Casa na Av. Brasil, 1433 - Funcionários (Palacete Jeha).
Fonte: CASTRO, 2006.
45
Figura 14 – Casa na Av. Álvares Cabral, 510 - Centro.
Fonte: CASTRO, 2006.
Figura 15 – Casa na R. Ceará, 992 - Funcionários.
Fonte: CASTRO, 2006.
46
4.3. FATORES DE DEGRADAÇÃO DE EDIFICAÇÕES
Os fatores de degradação (ou agentes degradantes) são aqueles que afetam
desfavoravelmente o desempenho de uma edificação, ou de suas partes. A forma
como esses agentes atuam sobre os materiais e componentes é diferenciada
dependendo das características e propriedades destes, da função que
desempenham e das condições em que se encontram na edificação e em relação ao
meio ambiente (CINCOTTO; SILVA; CARASEK, 1995).
Avaliar a ação conjunta dos fatores de degradação é fundamental para a
durabilidade de um edifício, visto que o efeito isolado pode ser insignificante, mas a
combinação de dois ou mais agentes pode resultar em processos de deterioração
consideráveis. Por isso, é importante que haja o entendimento do universo de
fatores que influenciam e promovem a degradação das edificações, incluindo as de
interesse histórico-cultural, conforme descrição a seguir.
4.3.1. Características da edificação
As características de uma edificação que podem determinar o grau de sua
deterioração ao longo do tempo são, em geral, aspectos definidos pelas decisões de
projeto, que devem ser adequados ao clima a que o prédio será exposto. Essas
características estão relacionadas a:
a) implantação: determina a disposição do edifício sobre o terreno a partir das
condições mais favoráveis do ambiente físico; no entanto, alguns problemas
podem ocorrer em relação aos seguintes fatores (LERSCH, 2003):
- insolação: a orientação solar, que influi na carga térmica que cada plano
de fachada recebe durante o ano, deve, preferencialmente, maximizar a
quantidade de calor obtida durante os meses mais frios e minimizar a
obtida nos meses mais quentes;
- incidência de ventos e chuva: a orientação dos ventos predominantes
tem grande importância para o conforto térmico das edificações, mas,
aliados à chuva, os ventos podem trazer grandes danos. A água das
chuvas sobre os planos verticais pode ser absorvida pelos materiais,
47
penetrar em juntas, ser conduzida por capilaridade ou ser forçada pela
pressão do vento;
- condições geotopográficas: devem ser consideradas características do
terreno como: resistência às cargas transmitidas pelas fundações,
declividade, características de superfície, modalidades de fluxo das
águas superficiais;
b) materiais: variam em função da sua disponibilidade e do domínio de sua
utilização na época da edificação histórica (madeira, pedra, materiais
cerâmicos). Os danos nos materiais de construção se devem a (LERSCH,
2003):
- defeitos de origem: as pedras podem conter fissuras, os tijolos podem
apresentar defeitos devido à qualidade das argilas ou da queima, as
argamassas podem ter seu desempenho comprometido a partir de sua
preparação e as madeiras podem ter seu uso comprometido por
problemas de secagem;
- formas de manuseio e utilização do material: os materiais podem sofrer
danos durante a extração, o transporte, o dimensionamento, os cortes,
etc.;
- atuação de agentes de degradação: esta atuação está relacionada às
propriedades dos materiais, à função que estes desempenham na
edificação e à exposição a esses agentes de degradação (umidade,
fungos e insetos, raios ultravioletas do sol, variações de temperatura,
ação do CO
2
da atmosfera, sais solúveis, gelo/degelo, desgaste pelo
uso, gases agressivos, etc.);
c) componentes das edificações: os danos a esses componentes (fundações,
estruturas, alvenarias, cobertura, revestimentos) dependem tanto dos
materiais empregados, quanto da função que estes exercem, e, sob a ação
de determinados agentes, alguns componentes acabam por perder sua
utilidade com o passar do tempo. Alguns danos que podem ser encontrados
são: recalques de fundação por sobrecargas, deformações de estruturas,
48
flambagem de paredes, deterioração do madeiramento do telhado, oxidação
de ferragens das esquadrias, umidade em pisos e forros, dentre outros. No
caso dos revestimentos de argamassa, os principais danos são
(CINCOTTO; SILVA; CARASEK, 1995; LERSCH, 2003):
- descolamento por empolamento: o reboco geralmente se destaca do
emboço, formando bolhas cujo diâmetro aumenta progressivamente.
Dano ocasionado pelo fenômeno da expansão;
- descolamento em placas do revestimento: causado por falta de
aderência da argamassa à base, por grandes variações de temperatura
ou pelo tempo insuficiente de carbonatação da cal existente na
argamassa;
- fissuras: ocorrem devido a movimentações da base, a problemas na
execução do revestimento de argamassa, a solicitações higrotérmicas, à
retração hidráulica;
- manchas: geradas pela umidade e pela ação de microorganismos;
- vesículas: aparecem em decorrência da presença de pedras de cal não
completamente extintas, de matéria orgânica nos agregados, de torrões
de argila na argamassa, de outras impurezas como pirita e torrões
ferruginosos;
- eflorescências: alteram a aparência das superfícies devido a depósitos
salinos provenientes da migração de sais solúveis presentes na
alvenaria;
- criptoflorescências: crescimento de sais ou cristais no interior dos
materiais, cuja expansão ocasiona desagregação ou deslocamento dos
materiais de construção.
49
4.3.2. Agentes externos
O edifício, além de possuir determinadas características que podem influenciar na
sua deterioração, também pode estar sujeito a diversos agentes externos que atuam
na obra ao longo do tempo (LERSCH, 2003):
a) agentes ambientais ou climáticos:
- radiação solar: degradações ocorrem devido à exposição aos raios
ultravioleta e à quantidade de calor absorvida pelos materiais;
- temperatura: os materiais podem sofrer mudanças físicas devido às
variações de temperatura, gerando tensões que podem levar a
deformações ou rupturas;
- água: seu deslocamento pode ocorrer por capilaridade ou por forças
externas como a da gravidade e a da pressão do vento, que empurram a
água pelas aberturas (fendas, trincas ou rachaduras). Segundo o Centre
Scientifique et Techinique de la Construction (CSTC), a presença de
umidade nas edificações está relacionada a: umidade ascensional
proveniente do solo, que tem origem na absorção de água do terreno
pelas fundações; absorção e penetração de água de chuva, que está
associada à combinação desta com a pressão do vento; umidade de
condensação do vapor d’água presente no ambiente; umidade devido à
higroscopicidade dos materiais, que é conseqüência da difusão para o
interior destes, através de seus poros, do vapor d’água presente no ar;
umidade incorporada durante o processo construtivo, que corresponde à
quantidade de umidade presente num edifício após o término da obra e
que tende a desaparecer gradualmente; umidade acidental, proveniente
de vazamentos (CSTC, 1982 apud LERSCH, 2003). A presença da água
contribui para: o transporte de sais dissolvidos, que podem precipitar-se
e aumentar de volume; os processos de expansão e retração; o
fenômeno da gelividade (gelo/degelo), que pode levar à desagregação
das superfícies devido à expansão a água ao congelar-se; o
desenvolvimento de microorganismos;
50
- vento: os ventos podem contribuir para a queda de partes de uma
edificação ou desta como um todo e podem desgastar fachadas, mas os
principais danos são causados em combinação com a chuva, pois a
pressão do vento pode provocar infiltrações em fendas, fissuras e
materiais porosos;
- constituintes do ar: dentre os principais poluentes do ar que afetam os
materiais se encontram os óxidos de enxofre (efeito corrosivo em
metais), cloretos (podem penetrar pelos poros) e partículas de fuligem
(manchas);
b) agentes biológicos:
- microorganismos: os principais microorganismos envolvidos em
deteriorações são as bactérias, os fungos, as algas e os líquens.
Manchas, mofos, bolores e apodrecimento são problemas causados por
fungos (principalmente em madeiras), que, ao permanecerem por longo
tempo sobre revestimentos, também podem gerar a biodeterioração de
argamassas. As bactérias, por sua vez, geram fenômenos de
decomposição química nos materiais e as algas e líquens são
responsáveis pela formação de camadas escorregadias sobre as
superfícies da edificação, causando coloração e aparência suja;
- vegetação: a vegetação, dependendo de seu porte, pode causar:
retenção de água em reentrâncias nas fachadas, aparecimento de
microorganismos (por formar barreira ao sol e à ventilação), fissuras no
reboco e na alvenaria (ao se desenvolver sobre a superfície de
paredes), entupimento de calhas, danos à estrutura do telhado, etc.;
- insetos: os insetos que causam maiores danos às edificações são as
formigas, que criam galerias que podem gerar recalques em fundações
e desagregações de argamassas, e os carunchos e cupins, que se
alimentam de madeira e podem reduzir as seções das peças resistentes
nas estruturas deste material (além de facilitar a entrada de umidade);
51
- animais de pequeno porte: roedores podem danificar instalações
elétricas e hidráulicas e fazer buracos sob a edificação; aves danificam
elementos de fachada e suas fezes, além de sujarem as paredes, geram
reações químicas quando em contato com a água;
c) fenômenos incidentais da natureza: terremotos, maremotos, deslizamentos
de terra, movimentos e colapsos do solo, erupções vulcânicas, ciclones,
tufões e tornados, inundações, avalanches, incêndios por auto-ignição,
ações do gelo, dentre outros;
d) uso e ão do homem: desgaste pelo uso abusivo ou exagerado, falta de
conservação preventiva, intervenções indevidas, desenvolvimento urbano
(alterações no entorno, impermeabilização de pavimentações, tráfego
intenso, poluição ambiental), vandalismo, etc.
52
4.4. RESTAURAÇÃO DE EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS
Segundo Klüppel e Santana (1999), uma diferença fundamental entre uma obra
de construção civil comumente realizada e uma obra de restauro em edificações
consideradas bens patrimoniais: no primeiro caso, dá-se início à obra a partir de um
projeto técnico completo e de um terreno livre para a implantação; no segundo caso,
são as condições da edificação que determinam o desenvolvimento dos trabalhos.
E, para evitar que surjam situações imprevisíveis no desenvolvimento da obra de
restauração, é fundamental conhecer o maior número possível de elementos para a
correta compreensão da edificação.
Assim, antes de intervir em um bem imóvel histórico, é necessário fazer um
diagnóstico da edificação, de forma a se evitarem ações que possam descaracterizar
a obra ou seus materiais constituintes. A fim de obter-se a mais adequada técnica de
restauração, as etapas a serem seguidas nesse processo são (RIO DE JANEIRO,
1991; POLETI; SILVA NETO, 2007):
a) análise dos projetos existentes;
b) medições e levantamento fotográfico;
c) identificação das informações históricas;
d) análise da tendência estilística;
e) técnicas construtivas utilizadas;
f) características do espaço arquitetônico;
g) análise do estado de conservação;
h) estudo do entorno da edificação (solos, meio ambiente, interferências);
i) realização de ensaios, conforme necessidade de informações técnicas para
diagnóstico;
j) elaboração de projeto para restauro da edificação estudada.
53
A pesquisa histórica deverá propiciar o conhecimento do processo construtivo e das
intervenções ocorridas, a detecção de eventuais anomalias e respectivas soluções
que, muitas vezes, requerem tempo e equipe multidisciplinar. No caso do restauro
de revestimentos de edifícios históricos, deve-se sempre levar em consideração a
constituição e o desempenho dos revestimentos antigos ao se realizarem as
intervenções, a fim de evitar que ocorram patologias futuras.
Nos casos de tombamento de uma edificação isolada ou de parte de conjunto
arquitetônico ou urbanístico, alguns fatores importantes a serem considerados no
processo de restauro são: a estabilidade da obra e sua conservação; a restauração
propriamente dita; a preservação pela ambiência. Quanto à preservação de
conjuntos arquitetônicos ou urbanísticos, entre outros fatores mais complexos,
devem-se considerar: a infra-estrutura urbana; o grau de degradação ou de
desenvolvimento socioeconômico da população; as medidas corretivas, quer visando
melhorar o nível socioeconômico vigente, quer visando ordenar o desenvolvimento
urbano, etc. (KLÜPPEL; SANTANA, 1999). Em imóveis tombados, eventuais obras
devem ser executadas mediante projetos previamente aprovados pelo órgão público
competente.
Nota-se, portanto, que é fundamental obter as informações necessárias para
embasar as propostas de intervenções, visto que aquelas vão revelar: a importância
da edificação na história da arquitetura, do urbanismo e da cultura da cidade; as
técnicas e os materiais adotados originalmente; o nível de alterações ocorridas ao
longo do tempo. Isso permitirá o desenvolvimento de ões que promovam a
preservação das composições estéticas e espaciais originais da edificação. O
respeito ao bem a ser restaurado, à autenticidade dos materiais e aos processos
construtivos é que vão manter o valor histórico e artístico, valorizando as
contribuições de distintas épocas.
54
4.5. REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA
4.5.1. Funções
Conforme Baía e Sabbatini (2000), as principais funções do revestimento de
argamassa em uma edificação são:
a) proteger os elementos de vedação da ação direta dos agentes agressivos;
b) auxiliar as vedações no cumprimento de suas funções, como o isolamento
termoacústico e a estanqueidade à água e aos gases;
c) regularizar a superfície dos elementos de vedação para o recebimento de
revestimentos ou para constituir-se no acabamento final;
d) contribuir para a estética da fachada.
Ainda, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece, por
intermédio da Norma Brasileira Registrada (NBR) 13749 (ABNT, 1996b), que um
revestimento de argamassa deve satisfazer às seguintes condições:
a) ser compatível com o acabamento decorativo (pintura, revestimento
cerâmico e outros);
b) ter resistência mecânica decrescente ou uniforme a partir da primeira
camada em contato com a base, sem comprometer a sua durabilidade ou o
seu acabamento final;
c) ser constituído por uma ou mais camadas superpostas de argamassas
contínuas e uniformes;
d) ter propriedade hidrofugante, no caso de revestimento externo de
argamassa aparente, sem pintura e base porosa;
e) ter propriedade impermeabilizante, no caso de revestimento externo em
contato com o solo;
f) resistir à ação de variações normais de temperatura e umidade do meio.
55
4.5.2. Propriedades no estado fresco
E para que a argamassa possa atender a suas funções, ela necessita apresentar
algumas características específicas nos estados fresco e endurecido. Segundo
Cincotto, Silva e Carasek (1995) e Sabbatini et al. (1988), as principais propriedades
da argamassa no estado fresco, que resultam nas propriedades do estado
endurecido, são as descritas nos itens a seguir.
4.5.2.1. Massa específica e teor de ar incorporado
A massa específica diz respeito à relação entre a massa do material e o seu volume
e pode ser absoluta (não são considerados os vazios existentes no volume do
material) ou aparente (consideram-se os vazios impermeáveis). A massa unitária
constitui-se na massa do material que ocupa um recipiente com capacidade unitária,
valor utilizado para a conversão de quantidades expressas em massa para as
expressas em volume. Para um material com determinada massa específica, a
massa unitária depende do adensamento conferido ao material e, portanto, da forma
e distribuição de tamanho das partículas, relacionando-se com a distribuição
granulométrica da areia.
O teor de ar é a quantidade de vazios existentes em um certo volume de argamassa.
Esses vazios constituem-se como ar aprisionado/incorporado ou espaços deixados
após evaporação do excesso de água, dependendo, ainda, da granulometria das
partículas mais finas da mistura.
Tanto a massa específica como o teor de ar interferem em outras propriedades da
argamassa, como trabalhabilidade, que é melhorada com uma menor massa
específica e maior teor de ar incorporado; no entanto, um aumento excessivo deste
pode trazer prejuízos, por exemplo, para a resistência mecânica e para a aderência
da argamassa.
4.5.2.2. Consistência
Consistência é a propriedade da argamassa pela qual esta tende a resistir à
deformação, e a manutenção da consistência diz respeito à capacidade da
argamassa de manter esta tendência ao longo do tempo de aplicação. As
argamassas podem ser classificadas em secas, plásticas ou fluidas, dependendo da
56
situação da película da pasta que envolve os grãos do agregado (Figura 16): na
argamassa seca, a pasta preenche os vazios entre os grãos, que permanecem em
contato; na plástica, uma fina película de pasta atua como lubrificante na superfície
dos grãos de agregado; na argamassa fluida, ocorre a imersão dos grãos de
agregado na pasta.
Figura 16 – Consistência de argamassas.
Fonte: SABBATINI, 1984 apud CINCOTTO; SILVA; CARASEK, 1995.
A consistência é diretamente determinada pelo conteúdo de água, sendo
influenciada pelos seguintes fatores: relação água/aglomerante; relação
aglomerante/areia; granulometria da areia; natureza e qualidade do aglomerante. A
influência da granulometria do agregado diz respeito às dimensões, à distribuição
granulométrica e à forma dos grãos, sendo particular a cada tipo de areia
empregada.
4.5.2.3. Trabalhabilidade
Uma argamassa pode ser considerada trabalhável quando: deixa penetrar
facilmente a colher de pedreiro, sem ser fluida; mantém-se coesa ao ser
transportada, mas não adere à colher ao ser lançada; distribui-se rapidamente e
preenche todas as reentrâncias da base; não endurece rapidamente quando
aplicada. Embora à trabalhabilidade possam associar-se as propriedades de
plasticidade, retenção e exsudação de água, coesão interna, tixotropia, adesão e
massa específica, a influência do agregado sobre a mesma representa, também, a
influência sobre a consistência. A trabalhabilidade é alterada, positivamente, à
57
medida em que decresce o módulo de finura do agregado, mantém-se a
continuidade da granulometria e decresce o teor de grãos angulosos.
Em relação ao aglomerante, a utilização de cal melhora a trabalhabilidade da
argamassa. Para os cimentos, as diferentes classes de resistência não têm
influência significativa sobre essa propriedade, mas os de maior finura podem
resultar em argamassas com maior trabalhabilidade e maior retenção de água.
4.5.2.4. Coesão e tixotropia
A coesão está relacionada às forças físicas de atração entre as partículas sólidas da
argamassa e às ligações químicas da pasta aglomerante. A tixotropia é a
propriedade pela qual um material sofre transformações isotérmicas reversíveis, do
estado sólido para o de gel (massa coesiva de aglomerante na pasta, mais densa
após a hidratação).
A influência da cal sobre a consistência e a trabalhabilidade das argamassas provém
das condições de coesão interna que a mesma proporciona, em função da
diminuição da tensão superficial da pasta aglomerante e da adesão ao agregado. A
estabilidade plástica das argamassas origina-se também da coesão interna.
4.5.2.5. Plasticidade
A plasticidade é a propriedade pela qual a argamassa tende a reter a deformação
após a redução do esforço desta. É influenciada pelo teor de ar, natureza e teor de
aglomerantes e pela intensidade de mistura das argamassas.
Estudos mostraram que uma argamassa no estado fresco, com plasticidade
adequada, apresenta baixa segregação de água, e que uma maior plasticidade pode
ser obtida com um maior conteúdo de finos menores que 0,075 mm na mistura seca.
4.5.2.6. Retenção de água
Retenção de água é a capacidade que a argamassa tem de manter sua consistência
ou trabalhabilidade, retendo a água de amassamento contra a sucção da base ou
contra a evaporação. O tempo disponível para a aplicação, regularização e
desempeno da camada de revestimento também depende dessa propriedade, sendo
58
função da superfície específica dos materiais da argamassa, visto que a retenção de
água está relacionada à tensão superficial da pasta aglomerante.
Essa propriedade permite que as reações de endurecimento da argamassa sejam
gradativas, permitindo a adequada hidratação do cimento e ganho de resistência. A
rápida perda de água prejudica a aderência, a capacidade de absorver deformações
e a resistência mecânica, ou seja, a durabilidade e a estanqueidade do
revestimento.
As argamassas de cal apresentam condições favoráveis de retenção de água pela
elevada superfície específica da cal e pela grande capacidade de adsorção de seus
cristais (até 100% do seu volume). Pode também melhorar a retenção de água a
utilização de aditivos cujas características impedem a perda de água para o
componente, como é o caso dos derivados de celulose, e aditivos que impedem a
percolação de água capilar, como os incorporadores de ar.
Os fatores que influem na capacidade de retenção de água das argamassas o: a
área específica dos materiais constituintes e o número de íons ativos por unidade de
superfície; a maturação prévia das argamassas de cal (período de descanso antes
da aplicação); a natureza da cal (melhores resultados são obtidos com o emprego de
cal dolomítica); as relações cal/cimento e agregado/aglomerante no traço.
Para que existam alterações significativas nessa propriedade, é necessário que a
adição de cal ocorra pelo menos em igual proporção ao teor de cimento. Quanto à
relação agregado/aglomerante, observa-se que, em caso de grande consumo de
aglomerante, a retenção de água é elevada, independentemente do teor de cal.
Entretanto, quando decresce o consumo de aglomerante, a retenção de água da
argamassa melhora com o aumento da relação cal/cimento. Fixando-se a relação
cal/cimento, a retenção de água decresce com o aumento da relação
agregado/aglomerante.
4.5.2.7. Aderência inicial
A aderência inicial está relacionada ao fenômeno mecânico da ancoragem da
argamassa na base, por meio da entrada da pasta nos poros, reentrâncias e
saliências, seguido do endurecimento progressivo da pasta. A aderência inicial
59
depende das outras propriedades no estado fresco, das características da base
(porosidade, rugosidade, limpeza) e da superfície de contato efetivo entre a
argamassa e a base de aplicação.
Para uma adequada aderência inicial, a argamassa deve apresentar trabalhabilidade
e retenção de água adequadas à sucção do substrato e às condições de exposição
e, após a aplicação, deve ser comprimida para permitir um maior contato com a
base. Esta, por sua vez, deve estar limpa, ter uma rugosidade adequada e não
conter oleosidade.
4.5.2.8. Retração na secagem
A retração na secagem ocorre devido à evaporação da água de amassamento da
argamassa e pelas reações de hidratação e carbonatação dos aglomerantes,
podendo causar fissuras prejudiciais ao revestimento, comprometendo a
estanqueidade à água já no estado endurecido.
Os fatores que influenciam essa propriedade são: as características e as proporções
dos materiais (argamassas com alto teor de cimento “fortes” estão mais sujeitas
às tensões causadoras de fissuras durante a secagem, além da possibilidade da
ocorrência de trincas e descolamentos no estado endurecido, conforme ilustra a
Figura 17); a espessura e o intervalo de aplicação das camadas (camadas aplicadas
em espessuras maiores superiores a 25 mm estão mais sujeitas à retração na
secagem e ao aparecimento de fissuras); o respeito ao tempo de sarrafeamento e
desempeno (essas operações devem ser feitas após a argamassa perder parte da
água de amassamento, pois, caso ela esteja muito úmida, poderão formar-se
fissuras e ocorrer descolamento).
60
Figura 17 Fissuração na argamassa por retração na secagem: argamassa
forte x argamassa fraca.
Fonte: BAÍA; SABBATINI, 2000.
4.5.3. Propriedades no estado endurecido
No estado endurecido, o nível de exigência das propriedades da argamassa é
variável, pois depende das condições de exposição do revestimento. A Tabela 1
mostra, por uma escala qualitativa que cresce de 1 a 4, a variação do nível de
exigência para as propriedades mais relevantes.
Tabela 1 – Nível de exigência das propriedades do revestimento de argamassa.
Condições de exposição
Interno Externo
Paredes Teto Paredes
Propriedades
Base
pintura
Base
cerâmica
Base
pintura
Base
cerâmica
Capacidade de
aderência
2 2 3 3 4
Capacidade de
absorver
deformações
3 1 3 4 4
Resistência à
tração e à
compressão
1 2 1 3 4
Resistência ao
desgaste
superficial
3 1 1 2 1
Durabilidade 2 2 1 4 3
Fonte: BAÍA; SABBATINI, 2000.
61
Ainda de acordo com os autores Cincotto, Silva e Carasek (1995) e Sabbatini et al.
(1988), as principais propriedades das argamassas no estado endurecido são as
descritas a seguir.
4.5.3.1. Resistência mecânica
A resistência mecânica está relacionada à capacidade das argamassas de
suportarem as tensões de tração, compressão ou cisalhamento às quais o
revestimento pode estar sujeito. Esses esforços podem ser causados por cargas
estáticas ou dinâmicas decorrentes do uso da edificação e por solicitações de
fenômenos térmicos ou climáticos, dependendo das condições de exposição das
superfícies.
A resistência à compressão se manifesta a partir do endurecimento da argamassa.
No caso das argamassas de cimento, o endurecimento ocorre mediante as reações
de hidratação do cimento, quando, em presença de água, os silicatos e aluminatos
do cimento resultam em produtos hidratados. As propriedades da pasta endurecida
dependem da estrutura física dos produtos da hidratação, principalmente das forças
físicas e químicas de coesão da relação água/cimento e do teor de aglomerante.
O endurecimento da argamassa que contém cal ocorre pelo processo de
carbonatação do hidróxido de cálcio, por intermédio da ação do anidrido carbônico
do ar. Esta reação é mais lenta que a de hidratação do cimento.
A resistência mecânica depende do consumo e natureza dos agregados e
aglomerantes da argamassa empregada e da técnica de execução (compactação da
argamassa). Essa propriedade aumenta com a redução da proporção de agregado
na argamassa e varia inversamente com a relação água/aglomerante da argamassa.
Dentre as solicitações a que pode estar sujeita a argamassa endurecida, destacam-
se as solicitações devidas às movimentações higroscópicas e térmicas no
revestimento e na base. A movimentação higroscópica tem sua origem no
deslocamento da água ou da umidade no interior dos materiais, podendo ocorrer por
difusão, por forças externas (penetração de água nas superfícies) ou por
capilaridade, e resulta na variação dimensional dos componentes ou materiais
devido à variação no teor de umidade. Quando a resistência mecânica não é
62
suficiente para responder a essas solicitações, podem ocorrer fissuras e
desagregação, comprometendo a durabilidade da argamassa.
A movimentação térmica decorre das oscilações de temperatura ambiente e da
radiação solar incidente sobre os revestimentos externos e caracteriza-se por
variações dimensionais que dependem, por sua vez, do coeficiente de dilatação
térmica das argamassas, das variações de umidade do ar e da ação de forças
externas (como a aderência da base). As tensões geradas por essas
movimentações podem ser de compressão ou tração, conforme o movimento seja de
expansão ou de retração.
4.5.3.2. Aderência
A aderência constitui-se como a propriedade do revestimento de manter-se fixo ao
substrato, por meio da resistência às tensões normais e tangenciais que surgem na
interface argamassa-base. É resultante da resistência de aderência à tração, ao
cisalhamento e da extensão de aderência da argamassa.
Essa propriedade é muito influenciada pelas condições da base, como porosidade,
absorção de água, resistência mecânica, textura e limpeza superficial, e, ainda,
pelas condições de execução do assentamento dos componentes da base, visto que
a superfície de contato efetivo entre a argamassa e a base exige um assentamento
homogêneo, sem descontinuidades excessivas entre juntas de componentes.
Também exerce influência sobre a aderência a natureza do aglomerante, devido à
macroestrutura da pasta aglomerante. As argamassas de cal em geral, em virtude
de sua plasticidade e retenção de água, permitem o preenchimento das
irregularidades da base, favorecendo a aderência; no entanto, a resistência de
aderência à tração adquire valores maiores quando se utiliza cal dolomítica em vez
de cal cálcica.
A aderência depende, ainda, da capacidade de retenção de água, da consistência e
do conteúdo de ar da argamassa e dos procedimentos de execução do
revestimento. Ao contrário da retração, a granulometria fina do agregado favorece
uma melhor aderência da argamassa.
63
A resistência de aderência à tração do revestimento pode ser medida pelo ensaio de
arrancamento por tração, método prescrito pela NBR 13528 (ABNT, 1995). Segundo
a NBR 13749 (ABNT, 1996b), esse ensaio deve ser executado em pelo menos seis
pontos, escolhidos aleatoriamente, a cada 100 m
2
, ou menos, da área a ser
avaliada; o revestimento deve ser aceito se, de cada grupo de seis ensaios
realizados (com idade igual ou superior a 28 dias), quatro valores, no mínimo, forem
iguais ou superiores aos indicados na Tabela 2. Conforme esta tabela, o limite de
resistência de aderência à tração (Ra) para o revestimento argamassado varia de
acordo com o local de aplicação e o tipo de acabamento.
Tabela 2 – Limites da resistência de aderência à tração.
Local Acabamento Ra (MPa)
Interna
Pintura ou base para reboco
Cerâmica ou laminado
0,20
0,30
Parede
Externa
Pintura ou base para reboco
Cerâmica
0,30
0,30
Teto ____ 0,20
Fonte: ABNT, 1996b.
4.5.3.3. Capacidade de absorver deformações (elasticidade)
Capacidade de absorver deformações, ou elasticidade, é a propriedade do
revestimento de suportar tensões, sofrendo deformação sem ruptura ou fissuras não
prejudiciais. As fissuras são decorrentes do alívio de tensões originadas pelas
deformações da base e elas são consideradas prejudiciais quando permitem a
percolação de água, comprometendo a aderência, a estanqueidade, o acabamento
superficial e a durabilidade do revestimento. Este só tem a responsabilidade de
absorver as deformações de pequena amplitude, que ocorrem em função da ação
da umidade ou da temperatura, e não as de grande amplitude, provenientes de
outros fatores, como os recalques estruturais.
A capacidade de absorver deformações depende:
64
a) do módulo de deformação da argamassa: quanto menor for o módulo de
deformação (menor teor de cimento), maior a capacidade de absorver
deformações;
b) da espessura das camadas: espessuras maiores contribuem para melhorar
essa propriedade, desde, no entanto, que não se tenham espessuras
excessivas que possam comprometer a aderência;
c) das juntas de trabalho do revestimento: as juntas delimitam panos com
dimensões menores, compatíveis com as deformações, contribuindo para a
obtenção de um revestimento sem fissuras prejudiciais;
d) da técnica de execução: a compressão após a aplicação da argamassa e a
compressão durante o acabamento superficial, iniciado no momento correto,
vão contribuir para o não aparecimento de fissuras;
4.5.3.4. Permeabilidade
A permeabilidade está relacionada à passagem de água pela argamassa
endurecida, que é um material poroso, por meio de infiltração sob pressão,
capilaridade ou difusão de vapor de água. O revestimento deve ser estanque à
água, impedindo a sua percolação, mas é recomendável que ele seja permeável ao
vapor, para favorecer a secagem de umidade de infiltração (como a água da chuva)
ou decorrente da ação direta do vapor de água (principalmente nos banheiros).
Quando existem fissuras no revestimento, o caminho para percolação da água é
direto até a base e a estanqueidade da vedação fica comprometida. Essa
propriedade depende: das características da base, da composição e dosagem da
argamassa, da técnica de execução, da espessura da camada de revestimento e do
acabamento final.
De modo geral, em relação às argamassas de cal, as de cimento são menos
permeáveis, e quanto maior o teor deste, menor a permeabilidade. Esta também
reduz com a evolução do endurecimento da argamassa e, ainda, é diretamente
proporcional à relação água/aglomerante(s) e inversamente proporcional à
resistência da pasta aglomerante.
65
Na avaliação da permeabilidade do revestimento, normalmente é utilizada a medida
de absorção da água capilar, que deve ser inferior à absorção da base, a fim de
oferecer proteção contra a água de chuva, cuja penetração se principalmente por
fissuras que possam ter sido formadas, em geral, com dimensões microscópicas.
Quando a água de chuva encontra aberturas maiores (superiores a 4,5 mm), a
absorção do revestimento é secundária, pois a água penetra apenas em função da
própria energia cinética.
4.5.3.5. Condutividade térmica
A condutividade térmica do revestimento em argamassa pode ser influenciada por
fatores como: a composição e a quantidade de matéria sólida; a distribuição, a
geometria e as dimensões dos poros da estrutura celular da argamassa; o teor de
umidade; o tipo de gás contido no interior dos poros.
Essa propriedade é inversamente proporcional à quantidade de ar presente no
material e diretamente proporcional à massa específica aparente. A condutividade
aumenta em função do teor de umidade contida nos materiais, uma vez que a água
tem capacidade de isolamento inferior ao do ar e substitui parte do volume gasoso
contido nos poros. Ainda, agregados de estrutura cristalina com poros
interconectados conduzem mais calor que aqueles de estrutura vítrea com poros em
distribuição discreta.
A energia radiante incidente sobre a superfície vertical externa é parcialmente
absorvida e refletida ou é transmitida diretamente, dependendo das características
dos materiais que a compõem, da natureza e do ângulo de incidência da radiação;
nas superfícies opacas ocorrem apenas absorção e reflexão. O revestimento tem
efeito direto reduzido sobre as características de transmissão global de energia
radiante da parede, devido à espessura maior dos componentes de vedação, e sua
função é manter estes últimos secos, mantendo baixa a condutividade da parede.
4.5.3.6. Resistência ao fogo
A resistência ao fogo está relacionada à estabilidade e à integridade dos elementos
da edificação quando sujeitos à elevação de temperatura decorrente da ação do
fogo. Isso depende, dentre outros aspectos, das características dos materiais
66
constituintes, que devem impedir a elevação acentuada da temperatura durante um
incêndio.
O revestimento contribui para a resistência ao fogo, mas não isoladamente, e sim
atuando em conjunto com outras características da parede, como o traço e a
espessura da argamassa de assentamento.
4.5.3.7. Resistência ao ataque por sulfatos ou outros agentes químicos
A resistência de uma argamassa de revestimento ao ataque por sulfatos ou outros
agentes químicos depende da sua composição, da natureza de seus materiais, da
sua resistência ao desgaste superficial, da sua permeabilidade e a dos materiais
adjacentes.
Como a argamassa é um material poroso, o ataque químico ocorre na sua superfície
e se estende para o seu interior em função da permeabilidade. Esses ataques se
dividem em:
a) reações de materiais instáveis em relação à umidade: podem ocorrer
expansões devido à hidratação retardada, principalmente, da cal dolomítica
e devido à presença de impurezas nos agregados (argilo-minerais
expansivos, pirita, concreções ferruginosas, matéria orgânica, etc);
b) reações com ácidos e álcalis: podem atacar os revestimentos os ácidos
orgânicos (como o ácido lático e o acético), os ácidos de efluentes de
esgotos e os gases ácidos (como o anidrido sulfúrico e o anidrido
carbônico);
c) reações com sulfatos: consistem em uma série de reações com os
constituintes do cimento Portland, que resultam em expansão da argamassa
com perda de resistência mecânica, podendo levar à desintegração do
revestimento. O ataque por sulfatos depende da presença de água, da
quantidade e do tipo de sulfato presente, da quantidade de aluminato
tricálcico do cimento e da permeabilidade da argamassa.
67
4.5.4. Durabilidade e desempenho
A durabilidade é uma propriedade da argamassa no período de uso e consiste na
capacidade de um revestimento argamassado manter o desempenho de suas
funções ao longo do tempo (CARVALHO JÚNIOR, 2006). Os mecanismos de
degradação que comprometem a durabilidade consistem numa seqüência de
alterações químicas, mecânicas ou físicas que geram mudanças prejudiciais em
uma ou mais propriedades. A durabilidade não se configura como um atributo do
material, que uma mesma argamassa de revestimento, em condições de
exposição distintas e aplicada em edificações com características diferentes,
apresentará durabilidades também distintas (CINCOTTO; SILVA; CARASEK, 1995).
A quantificação da durabilidade é uma tarefa difícil para a avaliação da maioria dos
materiais e componentes devido ao grande número de fatores intervenientes, mas
se sabe, entretanto, que a qualidade e o desempenho do sistema de revestimento
(base de aplicação + argamassa) dependem de decisões tomadas desde o projeto
da edificação até a manutenção e o reparo do sistema. Em relação à argamassa de
revestimento é importante identificar (CINCOTTO; SILVA; CARASEK, 1995):
a) seu papel específico no desempenho do sistema de revestimento;
b) as características e as propriedades que respondem às exigências de
desempenho;
c) os mecanismos pelos quais atuam estas características e propriedades, os
agentes degradantes, a qualidade dos materiais, os procedimentos
adotados ao longo do processo de produção, a aplicação da argamassa, o
uso e a manutenção da edificação e de seu revestimento;
d) as variáveis a serem consideradas para a elaboração de uma metodologia
de avaliação de argamassas para revestimento externo.
A seguir, apresentam-se alguns fatores que podem influir na durabilidade de um
revestimento (CARVALHO JÚNIOR, 2006):
68
a) movimentações de origem térmica, higroscópica ou impostas por forças
externas, promovendo fissuração, desagregação (umidade) e descolamento
dos revestimentos;
b) espessura excessiva dos revestimentos, intensificando a movimentação
higroscópica nas primeiras idades e ocasionando fissuras de retração,
comprometendo a capacidade de aderência;
c) técnica de execução, com revestimentos executados em múltiplas camadas
e com sarrafeamento e desempeno realizados em momento inadequado;
d) incompatibilidade química entre os componentes, tais como mistura de
gesso e cimento promovendo formação de etringita, que apresenta
expansibilidade indesejável, e incompatibilidade alcalina entre a base e
certos tipos de tinta;
e) cultura e proliferação de microorganismos, que ocorrem, geralmente, em
áreas permanentemente úmidas dos revestimentos, provocando manchas
escuras.
4.5.5. Camadas do revestimento de argamassa
O revestimento de argamassa pode ser de uma única camada, denominado massa
única, ou de duas camadas, denominado emboço e reboco (BAÍA; SABBATINI,
2000).
Nos revestimentos constituídos por duas camadas, emboço e reboco, cada uma
delas cumpre funções específicas, sendo o emboço uma camada de regularização
da base e o reboco uma camada de acabamento. nos revestimentos constituídos
por uma única camada, esta cumpre ambas as funções de regularização e
acabamento. Cada uma das camadas é constituída por argamassas com
propriedades específicas para o cumprimento de suas funções.
A Figura 18 ilustra os tipos de revestimento da vedação vertical, que podem ser
aplicados sobre o chapisco, camada de preparo da base que tem a finalidade de
uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento.
69
Por fim, pode ser aplicada, ainda, uma camada de acabamento decorativo (BAÍA;
SABBATINI, 2000).
Figura 18 – Camadas do revestimento de argamassa da vedação vertical:
emboço e reboco; massa única.
Fonte: BAÍA; SABBATINI, 2000.
4.5.6. Bases de aplicação
De forma geral, as bases de aplicação (substratos) dos revestimentos de argamassa
em um edifício são a estrutura de concreto armado e a alvenaria de vedação. Esta é
constituída por componentes que são os tijolos ou blocos, que podem ser cerâmicos,
de concreto, de concreto celular ou sílico-calcários. Cada um deles apresenta
características próprias que influenciam no comportamento da alvenaria como um
todo.
As diferentes características dos substratos interferem significativamente nas
propriedades do revestimento de argamassa, devendo ser consideradas desde o
momento de definição desta (a absorção de água, a porosidade e a rugosidade da
base, por exemplo, influenciam na aderência da argamassa). As principais
características variáveis para as diferentes bases de aplicação do revestimento o:
absorção de água, porosidade, resistência mecânica, movimentações higroscópicas,
rugosidade e homogeneidade (BAÍA; SABBATINI, 2000).
70
4.5.7. Sistemas de aderência da argamassa à base
A aderência é um fenômeno predominantemente mecânico, no entanto, também
uma parcela de adesão química, sendo que ambos os mecanismos dependem, em
geral, de fatores como (SELMO; LICHTENSTEIN, 1986 apud GEYER, 1994):
a) natureza dos materiais;
b) área de contato;
c) recuperação das deformações elásticas nos pontos de contato;
d) atrito.
A seguir, serão abordados os sistemas mecânico e químico de aderência da
argamassa à base e seus aspectos fundamentais.
4.5.7.1. Sistema de aderência mecânico
A aderência da argamassa endurecida à base é um fenômeno essencialmente
mecânico, devido à penetração da primeira nos poros ou entre as rugosidades da
base de aplicação. Quando a argamassa no estado plástico entra em contato com a
superfície absorvente do substrato, parte da água de amassamento penetra nos
poros deste. Em seguida, ocorrem fenômenos de precipitação dos produtos de
hidratação do cimento e da cal no interior dos poros e, transcorrido algum tempo,
com a cura, esses precipitados intracapilares exercem ação de ancoragem da
argamassa à base (CARASEK; CASCUDO; SCARTEZINI, 2001).
Segundo Cincotto, Silva e Carasek (1995), a ancoragem mecânica sofre influência
dos seguintes fatores:
a) natureza da argamassa;
b) natureza da base;
c) estado de conservação e limpeza da base;
d) condições atmosféricas durante a aplicação.
71
A aderência decorre, principalmente, do intertravamento de etringita
(3CaO.Al
2
O
3
.3CaSO
4
.32H
2
O trissulfoaluminato de lcio hidratado), um dos
produtos da hidratação do cimento, no interior dos poros do substrato. O aumento
local da concentração de etringita surge quando, ao se misturar o cimento Portland
com água, a gipsita (CaSO
4
.2H
2
O) empregada como fonte reguladora de pega do
cimento dissolve-se e libera íons sulfato e cálcio; estes íons são os primeiros a
entrar em solução, seguidos dos íons aluminato e cálcio provenientes da dissolução
do aluminato tricálcico (C
3
A ou 3CaO.Al
2
O
3
) do cimento.
Devido ao efeito de sucção ou absorção capilar causado pela base porosa, os íons
em solução são transportados para regiões mais internas do substrato, formando o
trissulfoaluminato de cálcio hidratado no interior dos poros capilares. Assim, a
etringita preenche prioritariamente estes últimos, o que explica sua maior
abundância na zona de contato argamassa/base, deixando menos espaço para a
precipitação de outros produtos de hidratação do cimento, como o silicato de cálcio
hidratado (C-S-H), ou produtos posteriores da carbonatação da cal, como a calcita
(CaCO
3
). A precipitação da etringita contribui para o enrijecimento (perda de
consistência), para a pega (solidificação da pasta) e para o desenvolvimento da
resistência inicial (MEHTA; MONTEIRO, 1994).
E para não prejudicar a aderência devido à fuga da água necessária para a
hidratação do aglomerante, é necessário que (CARASEK, 1991 apud GEYER,
1994):
a) a argamassa fresca possua adequada retenção da água de amassamento;
b) a argamassa não seja aplicada em camadas muito finas (espessura ideal na
ordem de 1,5 cm);
c) o substrato não seja demasiadamente absorvente;
d) as condições atmosféricas não favoreçam a evaporação rápida da água.
Ainda, Gallegos (1995) relata sobre a importância do uso da cal para a manutenção
da aderência, pois observou que nas obras de alvenaria estanques e sem fissuras
foram utilizadas argamassas com os aglomerantes cimento e cal, enquanto que
naquelas onde se utilizou somente o cimento aparecem infiltrações e fissurações.
72
Isto ocorre porque o cimento sozinho produz argamassas pouco trabalháveis que
geram um contato tentacular forte, porém incompleto, na interface argamassa/base,
e se retrai ao avançar em seu processo de hidratação. A cal, por sua vez, aumenta a
extensão da aderência e endurece lentamente, mantendo a argamassa “elástica” e
resistindo a fissuras de maneira autógena durante sua carbonatação.
4.5.7.2. Sistema de aderência químico
Conforme Galembeck (1985 apud GEYER, 1994), a aderência química
argamassa/base sofre influência da natureza química do aderente e do adesivo e
ocorre em nível intermolecular ou atômico, sendo que a resistência de aderência
advém de forças como as de London, de van der Waals, eletrostáticas,
coordenativas e covalentes desenvolvidas entre o substrato e os produtos da
hidratação do cimento. Ainda, para o autor, a aderência pode se processar segundo
essas forças desde que não existam tensões diferenciadas significativas na interface
de aderência (secagem prematura do adesivo, variações térmicas, etc.) e a distância
entre as superfícies seja da ordem de alguns Angstrons.
Sabe-se que a contribuição do sistema mecânico para a resistência de aderência é
muito superior à contribuição do sistema químico. No entanto, esta última pode ser
ampliada pela introdução de aditivos adesivos (como aqueles à base de polímeros
de estireno-butadieno SBR) nas argamassas, que podem ter seu desempenho
melhorado (resistência à compressão, resistência à tração, aderência,
permeabilidade) em comparação a argamassas comuns. A introdução desses
produtos se apresenta como uma interessante alternativa para revestimento de
bases que apresentem condições de porosidade, rugosidade e absorção de água
incompatíveis com o desenvolvimento da aderência mecânica, como tubos de PVC,
vigas ou pilares metálicos (CARVALHO JÚNIOR, 2005).
A contribuição de cada um dos tipos de ancoragem (mecânica ou química) na
aderência entre materiais é função da natureza do adesivo e do aderente, da
rugosidade e da absorção da superfície.
73
4.5.8. Patologias
diversos fatores físicos, mecânicos, químicos ou biológicos que podem
influenciar as propriedades dos revestimentos de argamassa, afetando o seu
desempenho adequado ao longo da vida útil esperada. Duas das principais formas
de degradação são: a perda da coesão, que se constitui como a perda da resistência
mecânica de camadas de reboco, devido à alteração dos traços de ligação entre
partículas; e a perda de aderência, ou seja, a separação entre as diferentes
camadas de um reboco ou entre o reboco e o suporte (AGUIAR; TAVARES; VEIGA,
2005). Para Baía e Sabbatini (2000), as patologias que mais ocorrem nesses
revestimentos são as seguintes:
a) fissuração e descolamento da pintura;
b) formação de manchas de umidade, com desenvolvimento de bolor;
c) descolamento da argamassa de revestimento da alvenaria;
d) formação de vesículas, causando o descolamento da pintura;
e) descolamento entre o reboco e o emboço;
f) formação de fissuras e trincas na argamassa, que podem ser sinais do
comprometimento da segurança da estrutura e do desempenho da vedação
quanto à estanqueidade, durabilidade e isolação acústica, além de causar
um constrangimento psicológico aos usuários.
Ainda, segundo os mesmos autores, as origens desses problemas estão associadas
às seguintes fases do revestimento:
a) fase de projeto: ausência do projeto do revestimento ou má concepção
deste (detalhes insuficientes ou deficientes), seleção inadequada dos
materiais ou das técnicas construtivas (visando diminuir custos e tempo);
b) fase de execução: não conformidade entre o projetado e o executado,
alterações inadequadas das especificações de projeto, qualidade dos
materiais, técnicas inadequadas de produção e controle da argamassa e do
revestimento, mão-de-obra inadequada ou atuação de agentes imprevistos;
74
c) fase de utilização: remodelação e/ou alteração mal estudadas, degradação
dos materiais por utilização dos usuários, ausência ou insuficiência de
manutenção.
75
4.6. MATERIAIS
4.6.1. Agregados
Os agregados o materiais granulares, sem forma e volume definidos, de
dimensões e propriedades adequadas para uso em argamassas e concretos. Podem
ser classificados quanto à sua origem (naturais/artificiais), à sua densidade
(leves/normais/pesados) e ao tamanho dos fragmentos (graúdos/miúdos), sendo
esta última a mais importante classificação para fins de utilização prática (FRAZÃO,
2005).
De acordo com França (2007), o agregado natural consiste no material pétreo que
pode ser utilizado tal como é encontrado na natureza, podendo ser submetido à
lavagem, classificação ou britagem (exemplos: depósitos fluviais de areia, cascalho
e seixos, areia de mina, pedreiras com rochas de diversos tipos - gnaisse, granito,
calcário, basalto, etc.). O agregado artificial, por sua vez, é o material resultante de
processo industrial, para uso como agregado em concreto e argamassa (exemplos:
argila expandida, escórias de alto-forno, vermiculita, limalhas, etc.).
Segundo a NBR 7225 (ABNT, 1993a), agregado é o material natural, de
propriedades adequadas ou obtido por fragmentação artificial de pedra, de dimensão
nominal máxima inferior a 100 mm e de dimensão nominal nima igual ou superior
a 0,075 mm. As classes de materiais de pedra e agregados naturais são definidas
por essa mesma norma, sendo algumas delas as discriminadas a seguir:
a) agregado graúdo: pedra britada, brita ou pedregulho muito grosso, grosso e
médio, de dimensões nominais compreendidas entre 100 e 4,8 mm;
b) agregado miúdo: pedregulho fino, pedrisco grosso, médio e fino, areia
grossa, média e fina, de dimensões nominais compreendidas entre 4,8 e
0,075 mm;
c) pedra britada: material proveniente de britagem de pedra, de dimensão
nominal máxima inferior a 100 mm e de dimensão nominal mínima igual ou
superior a 4,8 mm;
76
d) pedrisco: material proveniente de britagem de pedra, de dimensão nominal
máxima inferior a 4,8 mm e mínima igual ou superior a 0,075 mm;
e) areia: material natural, de propriedades adequadas, de dimensão nominal
máxima inferior a 2,0 mm e mínima igual ou superior a 0,075 mm.
Dependendo das dimensões de suas partículas, a areia obedece à seguinte
classificação:
- areia grossa: partículas de 2,0 a 1,2 mm;
- areia média: partículas de 1,2 a 0,42 mm;
- areia fina: partículas de 0,42 a 0,075 mm.;
f) pó-de-pedra: material proveniente de britagem de pedra, de dimensão
nominal máxima inferior a 0,075 mm;
g) fíler: material constituído de pó-de-pedra ou outros materiais minerais, de
dimensão nominal máxima inferior a 0,075 mm, destinado a ser empregado
como enchimento em pavimentações betuminosas.
Há também, no mercado da construção civil, o termo granitina (granilite ou granilha),
que corresponde a grãos de rochas moídas, derivados de um processo de moagem
seletiva por cores e granulometria. É utilizada principalmente em pisos e
revestimentos, entretanto, pode ser aplicada também em artefatos de cimento,
paisagismo, decoração, aquários e bricolagem. Existem granitinas em variadas
cores e tamanhos, que são selecionados durante a moagem de diferentes tipos de
rochas - calcário dolomítico, gnaisse, basalto, etc. (MINASIT, 2007), conforme pode
ser visto nas Figuras 19 e 20.
77
Figura 19 – Granitinas de diversas cores e tamanhos.
Figura 20 – Granitinas provenientes de diferentes tipos de rochas.
As características dos agregados que são importantes para a tecnologia do concreto
incluem porosidade, massa específica, composição granulométrica, absorção de
água, forma e textura superficial das partículas, resistência à compressão, módulo
de elasticidade e os tipos de substâncias deletérias presentes. Essas características
derivam da composição mineralógica da rocha matriz (que é afetada pelos
processos geológicos de formação da rocha), das condições de exposição às quais
78
a rocha foi submetida antes de gerar o agregado e dos tipos de operação e
equipamento usados para a produção do agregado (MEHTA; MONTEIRO, 1994).
As rochas são classificadas de acordo com a origem em três grupos principais:
ígneas, sedimentares e metamórficas. Esses grupos se subdividem, ainda, de
acordo com a composição química e mineralógica, textura ou granulação, e estrutura
cristalina.
As rochas ígneas são formadas pelo resfriamento do magma (material rochoso em
fusão) acima, abaixo ou próximo da superfície terrestre. O grau de cristalinidade e a
granulação variam com a velocidade com que o magma foi resfriado, no momento
da formação da rocha: magma introduzido a grandes profundidades resfria a uma
velocidade baixa e forma minerais completamente cristalinos, com granulação
grosseira (grão > 5,0 mm), tal como o granito; rochas formadas próximo à superfície
da terra, por sua taxa de resfriamento mais rápida, contêm minerais com cristais
menores, de granulação fina (grão de 1,0 a 5,0 mm), e podem conter algum vidro,
como o diabásio; magma resfriado rapidamente, como nas erupções vulcânicas,
contém, em sua maior parte, matéria vítrea ou não-cristalina, tal como o basalto
(MEHTA; MONTEIRO, 1994).
Rochas sedimentares são aquelas estratificadas, depositadas debaixo d’água ou
acumuladas com a ação do vento e do gelo. Os agregados produzidos de
sedimentos estratificados podem variar amplamente em suas características (forma,
textura, porosidade, resistência e sanidade), visto que as condições de consolidação
das rochas o bastante diversas: as rochas tendem a ser porosas e fracas quando
formadas sob pressões relativamente baixas e são densas e resistentes se formadas
sob alta pressão. Ainda, comparadas às rochas ígneas, as sedimentares,
freqüentemente, contêm impurezas que podem comprometer o seu uso como
agregado. São exemplos de rochas sedimentares: pedregulho, areia, silte, argila,
arenito, calcário e dolomito.
As rochas metamórficas são rochas ígneas ou sedimentares que tiveram alteradas a
sua textura original, estrutura cristalina ou composição mineralógica, face a
condições químicas e físicas abaixo da superfície terrestre. As rochas são densas,
79
mas, freqüentemente, folheadas. Os tipos de rochas mais comuns pertencentes a
esse grupo são: mármore, xisto, filito e gnaisse (MEHTA; MONTEIRO, 1994).
4.6.2. Pó-de-pedra
O pó-de-pedra é um material resultante da britagem de rochas que, segundo a NBR
7225 (ABNT, 1993a), possui dimensão nominal máxima inferior a 0,075 mm. Esse
material, também conhecido por areia britada de rocha, areia artificial, finos de
pedreira, etc., vem se tornando, cada vez mais, uma alternativa para substituição da
areia natural proveniente dos leitos de rios, à medida que as jazidas de areia natural
se esgotam ou sofrem restrição de uso devido à necessidade de proteção ambiental
(SILVA; BUEST; CAMPITELI, 2005).
Assim, o pó-de-pedra tem sido bastante utilizado na produção de argamassas mistas
de cimento e cal para assentamento e revestimento de paredes de alvenaria, porém,
ainda se conhece pouco sobre as conseqüências dessa substituição em termos de
desempenho. Já se sabe, entretanto, que a substituição total da areia natural pela
artificial pode prejudicar a trabalhabilidade, devido ao fato de a areia artificial possuir
grãos angulosos e de arestas vivas. O ideal é compor os dois materiais em
proporções convenientes, para corrigir a curva granulométria do agregado miúdo
utilizado em concretos e argamassas (FRANÇA, 2007).
Outrossim, segundo França (2007), o uso de areia artificial proveniente do
britamento de rochas calcárias gera um sensível aumento (de aproximadamente
10%) na resistência à compressão do concreto. Uma reação física, conhecida como
epitáxica, melhora a aderência entre os agregados calcários e a pasta de cimento,
elevando a resistência no transcorrer do tempo.
4.6.3. Cimento Portland branco
Segundo a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), o cimento Portland é
um fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece
sob ação da água. Misturado com água e outros materiais de construção (areia,
pedra britada, pó-de-pedra, cal, etc.) resulta nos concretos e nas argamassas
usadas na construção civil, cujas características e propriedades vão depender da
80
qualidade e proporções dos materiais com que são compostos. Dentre eles,
entretanto, o cimento é o mais ativo, do ponto de vista químico (ABCP, 2002).
O cimento, por sua vez, é composto de clínquer e de adições minerais:
a) clínquer: é o principal componente e está presente em todos os tipos de
cimento Portland. Tem como matérias-primas o calcário e a argila, cuja
mistura, em proporções adequadas, após moagem, atravessa um forno
giratório de grande diâmetro e comprimento a 1450ºC. O intenso calor
produz um novo material, denominado clínquer, que se apresenta sob a
forma de pelotas. Na saída do forno, este é resfriado para, posteriormente,
ser finamente moído, transformando-se em pó. O clínquer em pó reage
quimicamente na presença de água, tornando-se pastoso e, em seguida,
endurecendo, adquirindo elevada resistência e durabilidade;
b) adições minerais: são outras matérias-primas que, misturadas ao clínquer na
fase de moagem, permitem a fabricação dos diversos tipos de cimento. São
elas:
- gesso: tem como função básica controlar o tempo de pega, isto é, o
início do endurecimento do clínquer moído quando este é misturado com
água e, por isso, ele é uma adição presente em todos os tipos de
cimento. Geralmente, a quantidade adicionada é de 3% de gesso para
97% de clínquer, em massa;
- escórias de alto-forno: são obtidas durante a produção de ferro-gusa nas
indústrias siderúrgicas. São ligantes hidráulicos muito resistentes, ou
seja, reagem em presença de água, desenvolvendo características
aglomerantes de forma muito semelhante às do clínquer. Essa adição,
guardadas certas proporções, permite que se obtenha um tipo de
cimento que apresenta melhoria de algumas propriedades, como
durabilidade e resistência final;
- materiais pozolânicos: são rochas vulcânicas ou matérias orgânicas
fossilizadas encontradas na natureza, certos tipos de argilas queimadas
em elevadas temperaturas (550ºC a 900ºC) e derivados da queima de
81
carvão mineral nas usinas termelétricas, entre outros. Os materiais
pozolânicos também apresentam a propriedade de ligantes hidráulicos
quando pulverizados em partículas muito finas e colocados, em
quantidades adequadas, em presença de água e, ainda, em presença
de mais um outro material. O clínquer é um desses materiais, pois no
processo de hidratação libera hidróxido de cálcio (cal) que reage com a
pozolana. O cimento assim obtido oferece, como uma de suas
vantagens, maior impermeabilidade a concretos e argamassas;
- materiais carbonáticos: são rochas moídas, que apresentam carbonato
de cálcio em sua constituição, tais como o próprio calcário. Essa adição
serve também para tornar os concretos e as argamassas mais
trabalháveis, porque os grãos ou partículas desses materiais moídos
têm dimensões adequadas para se alojar entre os grãos ou partículas
dos demais componentes do cimento, funcionando como um verdadeiro
lubrificante. Quando presentes no cimento são conhecidos como fíler
calcário.
A maioria dos tipos de cimento existentes no mercado serve para o uso geral.
Alguns deles, entretanto, em função de sua composição, possuem certas
características e propriedades que os tornam mais adequados para determinados
usos, permitindo que se obtenham concretos ou argamassas com a resistência e
durabilidade desejadas, de forma mais econômica. Os principais tipos de cimento
Portland são: comum, composto, de alto-forno, pozolânico, de alta resistência inicial,
resistente a sulfatos, branco, de baixo calor de hidratação, para poços petrolíferos
(ABCP, 2002).
O cimento Portland branco se diferencia dos demais pela coloração branca, obtida a
partir de matérias-primas com baixos teores de óxidos de ferro e manganês e por
condições especiais durante a fabricação, tais como resfriamento e moagem do
produto e, principalmente, utilizando o caulim no lugar da argila. O índice de
brancura deve ser maior que 78%. Adequado aos projetos arquitetônicos mais
ousados, o cimento branco oferece a possibilidade de escolha de cores, uma vez
que pode ser associado a pigmentos coloridos.
82
Esse cimento é regulamentado pela norma NBR 12989 (ABNT, 1993b), que o
classifica em dois subtipos: cimento Portland branco estrutural e não-estrutural,
cujas composições são apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3 – Composição dos cimentos Portland brancos.
Composição (% em massa)
Tipo de cimento
Portland
Código de
identificação (sigla +
classe)
Clínquer branco +
gesso
Material carbonático
Branco estrutural
CPB-25
CPB-32
CPB-40
100 a 75 0 a 25
Branco não-estrutural CPB 74 a 50 26 a 50
Fonte: ABNT, 1993.
O cimento Portland branco estrutural é aplicado em concretos brancos para fins
arquitetônicos, possuindo as classes de resistência 25, 32 e 40, similares às dos
outros tipos de cimento. Estas classes apontam os valores mínimos de resistência à
compressão, garantidos pelo fabricante, aos 28 dias de idade (25 MPa, 32 MPa e
40 MPa, respectivamente).
Esse tipo de cimento pode ser utilizado em: concreto armado com função estrutural;
concreto protendido com protensão das barras antes do lançamento do concreto;
concreto protendido com protensão das barras após o endurecimento do concreto;
concreto armado para desforma rápida, curado por aspersão de água ou produto
químico; concreto armado para desforma rápida, curado a vapor ou com outro tipo
de cura térmica; elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento
curados por aspersão de água; elementos pré-moldados de concreto e artefatos de
cimento para desforma rápida, curados por aspersão de água; elementos pré-
moldados de concreto e artefatos de cimento para desforma rápida, curados a vapor
ou com outro tipo de cura térmica; concreto arquitetônico; argamassa armada
(ABCP, 2002).
o cimento Portland branco não-estrutural não tem indicação de classe e é
aplicado, por exemplo, no rejuntamento de azulejos e na fabricação de ladrilhos
hidráulicos, isto é, em aplicações não estruturais.
83
Os cimentos Portland brancos devem atender às exigências químicas indicadas na
Tabela 4 a seguir.
Tabela 4 – Exigências químicas.
Limites (% da massa)
Determinações químicas
CPB-25 CPB-32 CPB-40 CPB
Resíduo insolúvel (RI) 3,5 3,5 3,5 7,0
Perda ao fogo (PF) 12,0 12,0 12,0 27,0
Óxido de magnésio (MgO)
6,5 6,5 6,5 10,0
Trióxido de enxofre (SO
3
) 4,0 4,0 4,0 4,0
Anidrido carbônico (CO
2
) 11,0 11,0 11,0 25,0
Fonte: ABNT, 1993.
A Tabela 5 mostra de que forma os diversos tipos de cimento agem sobre as
argamassas e concretos de função estrutural com eles constituídos.
Tabela 5 – Influência dos tipos de cimento nas argamassas e concretos.
Tipo de cimento Portland *
Propriedade
CP I
CP II
CP III CP IV CP V-ARI RS CPB-E
BCH
Resistência à
compressão
Padrão
Menor nos
primeiros
dias e
maior no
final da
cura
Menor nos
primeiros
dias e maior
no final da
cura
Muito
maior nos
primeiros
dias
Padrão
Padrão
Menor nos
primeiros
dias e
padrão no
final da
cura
Calor gerado na
reação do cimento
com a água
Padrão Menor Menor Maior Padrão
Maior Menor
Impermeabilidade Padrão Maior Maior Padrão Padrão
Padrão
Padrão
Resistência aos
agentes
agressivos (água
do mar e de
esgotos)
Padrão Maior Maior Menor Maior Menor Maior
Durabilidade Padrão Maior Maior Padrão Maior Padrão
Maior
* CP I: comum; CP II: composto; CP III: alto-forno; CP IV: pozolânico; CP V-ARI: alta resistência
inicial; RS: resistente a sulfatos; CPB-E: branco estrutural; BCH: baixo calor de hidratação.
Fonte: ABCP, 2002.
84
As influências das propriedades podem ser ampliadas ou reduzidas dependendo da
modificação na quantidade dos componentes das argamassas e concretos,
especialmente a água e o cimento. As características dos demais materiais
constituintes, que o principalmente os agregados (areia, pedra britada, pó-de-
pedra, etc.), assim como o uso de aditivos químicos, também poderão alterar o grau
de influência nas propriedades finais.
Para se obter uma composição com melhor custo-benefício, é necessário, portanto,
estudar a dosagem ideal dos componentes das argamassas e concretos a partir do
tipo de cimento escolhido. Além disso, é indispensável fazer corretamente o
adensamento e a cura, pois, caso contrário, podem ocorrer problemas como baixa
resistência, trincas e fissuras, corrosão da armadura, etc. (ABCP, 2002).
4.6.4. Cal hidratada
Diferentemente do cimento (aglomerante hidráulico que endurece em função de sua
reação com a água de preparo da argamassa), de acordo com a Associação
Brasileira dos Produtores de Cal (ABPC), a cal hidratada é um aglomerante aéreo,
ou seja, endurece ao reagir com o gás carbônico presente no ar. Nessa reação
conhecida como recarbonatação os hidróxidos de cálcio e de magnésio presentes
na argamassa são transformados em carbonatos o sólidos quanto a rocha matriz
que originou o produto. Como subproduto dessa reação, é liberada a água que antes
estava presa à estrutura química molecular da cal hidratada. Livre, essa água se
torna fundamental para melhorar a cura prolongada do cimento (ABPC, 2007).
Na produção da cal, o calcário extraído, selecionado e moído é submetido a
elevadas temperaturas (850ºC a 1000ºC) em fornos industriais (calcinação), o que
origem a CaO (óxido de cálcio) e CO
2
(gás carbônico). A equação química da
calcinação é:
CaCO
3
+ Calor CaO (cal virgem) + CO
2
Para a obtenção da cal hidratada, é necessário promover a reação da cal virgem
com água, conforme a equação:
CaO (cal virgem)+ H
2
O (água) Ca(OH)
2
(cal hidratada)
85
Segundo análises realizadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (INMETRO), a qualidade química da cal hidratada depende das
características e das impurezas contidas na rocha que lhe deu origem e do processo
de calcinação de sua matéria-prima (INMETRO, 2007).
O poder aglomerante da cal está diretamente associado ao trabalho da fração
hidróxido do produto. Quanto mais hidróxidos disponíveis, numa granulometria
adequada, maior será o poder aglomerante, o que resulta, portanto, de uma
conjugação entre a pureza da matéria-prima e adequados processos industriais de
calcinação, hidratação e moagem.
Na construção civil, a cal é utilizada, principalmente, na forma hidratada, como
componente fundamental no preparo de argamassas de assentamento e de
revestimento de grande durabilidade e ótimo desempenho. É utilizada também no
preparo de tintas alcalinas de alta alvura, atribuindo à pintura propriedades
fungicidas e bactericidas, e na construção de estradas, como elemento de
estabilização de solos de baixa capacidade de suporte e como aditivo de misturas
asfálticas, assegurando maior longevidade ao capeamento das rodovias (ABPC,
2003).
Segundo a NBR 7175 (ABNT, 2003), a cal hidratada pode ser classificada em três
tipos: CH-I, CH-II e CH-III. As exigências químicas, físicas e mecânicas de cada um
desses tipos são apresentadas nas Tabelas 6 e 7 a seguir.
Tabela 6 – Exigências químicas das cales hidratadas.
Compostos CH-I CH-II CH-III
Na fábrica 5% 5% 13%
Anidrido carbônico
(CO
2
)
No depósito ou
obra
7% 7% 15%
Óxidos de cálcio e magnésio não-
hidratados calculados (CaO + MgO)
10% 15% 15%
Óxidos totais na base de não-voláteis
(CaOt + MgOt)
90% 88% 88%
Fonte: ABPC, 2003; VOTORANTIM CIMENTOS, 2007.
86
Tabela 7 – Exigências físicas e mecânicas das cales hidratadas.
Compostos CH-I CH-II CH-III
Peneira 0,600 mm
0,5% 0,5% 0,5%
Finura
Peneira 0,075 mm
10% 15% 15%
Retenção de água 75% 75% 70%
Incorporação de areia 3,0 2,5 2,2
Estabilidade Ausência de cavidades ou protuberâncias
Plasticidade 110 110 110
Fonte: ABPC, 2003; VOTORANTIM CIMENTOS, 2007.
As exigências para a cal CH-I são maiores do que para a CH-II, que, por sua vez,
apresenta mais exigências que a CH-III; isto significa que se o consumidor quiser
uma cal mais pura ele deve adquirir uma CH-I, já que para ser definida desta
maneira, seus requisitos obedecem a limites acima dos exigidos para a CH-III. O tipo
CH-II seria a cal com pureza intermediária (INMETRO, 2007).
Os requisitos considerados essenciais para a cal hidratada o os seguintes (ABPC,
2003):
a) anidrido carbônico (CO
2
): esse requisito permite a avaliação do processo de
calcinação da matéria-prima empregada na produção da cal, a rocha
calcária. Na calcinação, os carbonatos de cálcio e de magnésio que
compõem a rocha matriz são transformados em óxidos (cal virgem) pela
ação do calor, perdendo o anidrido carbônico preso à sua estrutura química
molecular;
b) óxidos não-hidratados: avalia o processo de hidratação do produto calcinado
(cal virgem). Quanto maior a fração de óxidos não-hidratados, menor será a
fração de cal hidratada efetivamente disponível no produto final;
c) óxidos totais: avalia a pureza da matéria-prima empregada na calcinação.
Quanto maior o teor de óxidos totais, maior também será a pureza da rocha
matriz, e menor será o risco potencial de introdução de impurezas deletérias
no produto final;
87
d) finura: avalia o processo de moagem do produto final (cal hidratada), com
influência direta também no rendimento do produto e na trabalhabilidade
esperada para a argamassa no estado fresco (liga/plasticidade).
E como requisitos complementares da cal hidratada são considerados (ABPC,
2003):
a) retenção de água: representa a capacidade da cal reter água em sua
estrutura física molecular, o que possibilita sua liberação durante a cura da
argamassa, prevenindo a eventual formação de trincas por retração ou
secagem excessiva. É uma decorrência da conjugação dos teores dos
quatro requisitos essenciais: CO
2
, óxidos totais, óxidos não-hidratados e
finura;
b) incorporação de areia: capacidade molecular da cal envolver os grãos de
areia presentes na argamassa, o que influencia diretamente o trabalho da
fração hidróxido do produto e seu poder aglomerante. Também é
conseqüência dos teores dos quatro requisitos essenciais anteriormente
citados;
c) estabilidade: determina a tendência das argamassas de revestimento e de
assentamento para apresentarem eventuais problemas patológicos futuros,
decorrentes de sua expansão volumétrica pela hidratação retardada da
fração de óxidos não-hidratados. É decorrência direta da maior ou menor
presença de óxidos não-hidratados e da própria natureza da matéria-prima
(calcítica ou dolomítica), sofrendo influência também do teor de finura do
produto;
d) plasticidade: permite a verificação prática da trabalhabilidade esperada para
a argamassa no estado fresco, o que tem influência direta na produtividade
do trabalho. Esse atributo é conseqüência dos teores de finura e da própria
natureza da matéria-prima.
88
4.7. O REVESTIMENTO EM PÓ-DE-PEDRA
Os revestimentos cimentícios decorativos são constituídos por agregados miúdos
aglomerados com cal hidratada e cimento. Compõem-se, geralmente, de cimento
branco, areia fina, dolomito e/ou calcário moído, pigmentos e aditivos, podendo-se
incluir plastificantes, incorporadores de ar, retentores de água, hidrofugantes e até
polímeros. Independentemente da quantidade destes, esses revestimentos o
considerados rígidos, constituem camadas com cerca de 4 ou 5 mm de espessura e
podem receber diferentes acabamentos: massa raspada, travertino, acabamento
vassourado, etc. (THOMAZ, 2007).
No caso do revestimento em pó-de-pedra (ou pó de pedreira, como era conhecido),
de acordo com Rezende (2007), segundo algumas anotações de antigos mestres-
de-obras, a argamassa possuía o traço 1:2 (cimento:pó de pedreira) e, geralmente,
utilizava-se o de granito e acrescentava-se mica. O método de execução do
revestimento era o seguinte:
1º) fazia-se o emboço normalmente;
2º) sobre o emboço, aplicava-se com desempenadeira 0,5 cm de reboco
(revestimento de pó-de-pedra);
3º) penteava-se com arco de serra;
4º) depois de 8 horas, jogava-se água para curar, a fim de não trincar o
revestimento;
5º) limpava-se com solução ácida na proporção 10:1 (água:ácido).
É importante ressaltar também que esse tipo de acabamento consiste numa
argamassa de reboco, possuindo espessuras que variam, geralmente, de 0,5 a
2,0 cm (sistema de acabamento = emboço + revestimento de pó-de-pedra) (BELO
HORIZONTE, 2006).
Na maioria das edificações art déco recentemente restauradas, a argamassa de
revestimento de pó-de-pedra que está sendo utilizada é composta deste fino
89
propriamente dito, de cimento, de mica e de granitina (granulados de pedra) em
tamanhos diversos.
O pó-de-pedra e a granitina não são resíduos de pedreiras, mas sim resultado do
beneficiamento (trituração e peneiramento) de pedras como: calcário dolomítico (nas
cores: branco, vermelho, preto, etc.), gnaisse (mais resistente), basalto, etc. O
peneiramento é feito de maneira gradual, de forma a separar cada granulação, que
vai sendo recolhida em sacos sob as peneiras; todo o processo deve ser feito a seco
(sem lavagem), pois, caso contrário, o pó-de-pedra o se separa da granitina,
tornando necessário refazer o peneiramento (MINASIT, 2007).
A mica é um mineral caracterizado por uma ótima clivagem
2
laminar e boa
elasticidade. Distinguem-se duas variedades principais (LEINZ; AMARAL, 1989):
a) muscovita: mica branca (K
2
O.3Al
2
O
3
.6SiO
2
.2H
2
O). Incolor, transparente,
também esverdeada ou amarelada, com brilho vítreo e densidade de 2,76 a
2,9. Mineral comum em rochas graníticas, pegmatitos, micaxistos, gnaisses e
muitas vezes em sedimentos, pelo fato de ser um mineral quimicamente
estável;
b) biotita: mica preta. Silicato complexo, contendo K, Mg, Fe e Al. Cor preta ou
preto-acastanhada, às vezes dourada quando decomposta, com densidade
de 2,9 a 3,1. Constituinte comum em granitos, micaxistos e gnaisses.
Além da clivagem perfeita, podendo facilmente se desfolharem, as micas se
caracterizam pela dureza
3
baixa (ao redor de 2,5), riscando-se com muita facilidade
com uma ponta de agulha de aço ou com o vidro.
Para restauração de revestimentos com pó-de-pedra em fachadas de patrimônios
históricos, é preciso seguir as seguintes etapas (BELO HORIZONTE, 2007;
METAMORPHOSE, 2007):
2
Clivagem é a propriedade de uma substância cristalina de se dividir em planos paralelos a uma face
possível do cristal. Ela se graças à estrutura do respectivo mineral. Pode ocorrer uma clivagem
segundo uma ou mais direções (LEINZ; AMARAL, 1989).
3
A dureza exprime a resistência que um mineral oferece à penetração de uma ponta aguda que tenta
riscá-lo. Para comparação, usa-se uma escala relativa MOHS, que ordena os diferentes minerais:
1 talco; 2 gipsita; 3 calcita; 4 fluorita; 5 apatita; 6 ortoclásio; 7 quartzo; 8 topázio;
9 – coríndon; 10 – diamante (LEINZ; AMARAL, 1989).
90
1º) aplicação de removedor químico para retirada de pintura sobre o
revestimento de pó-de-pedra (caso exista);
2º) lavagem das paredes da fachada com água quente (em baixa pressão) e
com sabão neutro, retirando a sujeira acumulada ao longo do tempo, para
permitir melhor análise do pó-de-pedra e observação de sua tonalidade
exata,
3º) realização de estudos com amostras diversas a fim de encontrar o traço que
mais se aproxima da fachada original da edificação;
4º) aprovação pelo órgão público competente do traço da argamassa a ser
utilizado na restauração;
5º) retirada do revestimento que esteja defeituoso e recomposição da alvenaria
e/ou emboço, caso necessário;
6º) aplicação do revestimento de pó-de-pedra.
Em Belo Horizonte, as empresas contratadas para os restauros de revestimentos de
pó-de-pedra são responsáveis por realizar testes em laboratório a fim de verificar a
composição original da argamassa, de forma a permitir a melhor reprodução
possível do traço na restauração. Dessa forma, são produzidas diversas amostras
do aspecto do novo revestimento para, em seguida, ser escolhida a composição que
mais se aproxima da original. Esta escolha é feita pelo órgão público municipal
competente, baseando-se nas idéias defendidas por Cesare Brandi, o mais atual
protagonista das teorias do restauro (BELO HORIZONTE, 2006).
A Figura 21 apresenta um exemplo de patologia no revestimento de pó-de-pedra e a
Figura 22, a amostra do aspecto da argamassa utilizada na recuperação da fachada.
91
(1) (2)
Figura 21 – Patologia no revestimento de pó-de-pedra na fachada de um
edifício: (1) vista geral do pano de argamassa; (2) detalhe do descolamento da
argamassa.
Figura 22 Amostra do aspecto da argamassa utilizada para a restauração do
revestimento da figura anterior.
Em alguns casos, grande dificuldade para se fazer uma restauração, que o
traço do revestimento histórico pode sofrer variações na edificação e podem existir
várias tonalidades de pó-de-pedra na mesma fachada. Ademais, experiências
advindas de obras de restauração mostraram que não como fazer recuperação
em apenas algumas áreas isoladas de um pano de argamassa de pó-de-pedra, pois
o material novo e o antigo irão sofrer movimentações diferentes e ocorrerá
descolamento; deve-se fazer, portanto, a reconstituição de todo o pano
argamassado (BELO HORIZONTE, 2006).
92
Muitas edificações históricas são descaracterizadas por sofrerem, ao longo do
tempo, diversas intervenções inadequadas como pinturas e substituições de
revestimento. Todavia, segundo Brandi (2004), o projeto de restauração deve
respeitar e valorizar o prédio, com o menor número possível de intervenções e
utilizando somente materiais compatíveis com os originais, estando sempre presente
a preocupação com a harmonia entre o moderno e antigo e com a manutenção da
unidade do edifício.
93
5. METODOLOGIA
5.1. EDIFÍCIO THIBAU – UM ESTUDO DE CASO
Diante do grande número de restaurações do revestimento em pó-de-pedra
realizadas recentemente em Belo Horizonte, percebeu-se a necessidade de avaliar-
se o desempenho deste após as obras de restauro. Sendo assim, optou-se por fazer
um estudo de caso no Edifício Thibau, cuja restauração da fachada, efetuada por
uma empresa sediada em Belo Horizonte, ocorreu no decurso desta pesquisa, o que
tornou possível o acompanhamento de todo o processo. As obras sucederam de
março a agosto de 2007 e foram acompanhadas desde seu início, obtendo-se,
portanto, dados e informações de fundamental importância para a compreensão das
etapas adotadas neste tipo de recuperação.
5.1.1. Características e localização
A construção do Ed. Thibau se deu em 1943 por Gilberto Andrade e Sabino José
Ferreira, sendo Hermínio Gauzi o arquiteto responsável pelo projeto em estilo art
déco (Figura 23). Localizada no Centro de Belo Horizonte, na rua São Paulo 401,
essa edificação possui 6 pavimentos (além do térreo) e foi, originalmente, concebida
para uso misto residencial e comercial. No entanto, atualmente, é ocupada com
serviços e comércio (CASTRO, 2006).
Figura 23 – Microfilme do projeto original do Ed. Thibau.
Fonte: CASTRO, 2006.
94
Desde os anos 90, a concepção plural de bem cultural, baseada na diversidade das
formas de viver na cidade, foi incorporada à política de proteção do patrimônio
histórico de Belo Horizonte. A partir de estudos sobre a formação, a ocupação, a
história, as tipologias arquitetônicas e as manifestações sociais foram definidos
Conjuntos Urbanos, cujas áreas atuam como perímetro de proteção dos bens
culturais de valor simbólico e referencial para a cidade, garantindo sua visibilidade e
apropriação na paisagem urbana. Por suas características, imagem e história, o Ed.
Thibau pertence ao “Conjunto Urbano Avenida Afonso Pena e Adjacências” (em
sobreposição com o “Conjunto Urbano Rua dos Caetés e Adjacências”) e possui
tombamento municipal desde 10/11/1994 de suas fachadas e do seu volume.
A Av. Afonso Pena é a principal via da cidade e cruza o plano original de Aarão Reis
de norte a sul, passando por ruas com nomes de tribos indígenas, estados
brasileiros e personagens da história. A avenida e suas adjacências possuem uma
grande coleção estilística de arranha-céus e de edifícios mais baixos, além de
atravessarem trechos urbanos com apropriações diferenciadas; na região em que se
localiza o Ed. Thibau, a presença popular é marcante, com uma movimentação
intensa de pessoas que aí moram ou trabalham (Figura 24).
Figura 24 Vista do cruzamento da Av. Afonso Pena com as ruas São Paulo e
Tupinambás a partir do 5º andar do Ed. Thibau.
A região do Conjunto Urbano Rua dos Caetés (Figura 25) é formada por três
grandes eixos viários (Av. Santos Dumont, Rua dos Caetés e Rua dos Guaicurus),
95
todos com grande vocação comercial, principalmente para o comércio popular.
Segundo Castro (2006), o conjunto resume a evolução estilística da cidade,
apresentando exemplares desde a sua fundação até a arquitetura modernista.
Entretanto, a grande maioria é de edifícios com até quatro pavimentos, construídos
nas décadas de 1930 e 1940, de inspiração art déco e neoplasticista, com uma
linguagem estética de linhas geométricas e volumetria bica, popularmente
conhecida como “estilo pó-de-pedra”, características que podem ser observadas no
Ed. Thibau (Figura 26).
Figura 25 – Mapa do “Conjunto Urbano Rua dos Caetés e Adjacências”.
Fonte: CASTRO, 2006.
96
Figura 26 – Fachada do Ed. Thibau antes da restauração.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
Na Figura 26, é possível perceber as características art déco presentes na fachada
principal do Ed. Thibau. O revestimento utilizado é a argamassa de pó-de-pedra. A
geometria é simples, com o predomínio de linhas retas e de simetria, que pode ser
observada pela existência de um volume central dividindo a fachada em dois lados
iguais. A decoração ocorre com poucos elementos, visto que, excetuando o detalhe
que coroa o edifício, aquela é feita utilizando-se apenas dos elementos
arquitetônicos presentes, como os volumes gerados pelas varandas e os frisos
horizontais formados pelo acabamento diferenciado do peitoril das janelas e da parte
superior dos guarda-corpos.
5.1.2. Revestimento original
Percebeu-se, in loco, que a argamassa com pó-de-pedra do edifício em estudo
encontra-se presente somente em sua fachada frontal (Figuras 27 e 28). Nela, o
revestimento em questão possui espessuras variando de 0,5 a 1,5 cm, assim como o
emboço antigo preexistente também não mantém uma espessura uniforme em toda
sua fachada. Na Figura 29 podem ser vistas duas amostras do revestimento original
97
e na Figura 30, uma amostra retirada da fachada frontal, contendo uma camada de
emboço, com cerca de 3,0 cm, e uma camada de argamassa em pó-de-pedra, com
0,5 cm de espessura.
Figura 27 Detalhe das fachadas lateral e frontal originais. Presença do
revestimento de pó-de-pedra somente nesta.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
Figura 28 – Vista da fachada lateral. Revestimento em pintura.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
98
Figura 29 Duas amostras do revestimento de pó-de-pedra original da
fachada.
Figura 30 Amostra de uma espessa camada de emboço (parte inferior) e de
uma fina camada de revestimento em pó-de-pedra (parte superior).
As Figuras 31 a 35 mostram o estado em que se encontrava o revestimento em pó-
de-pedra original da fachada antes do restauro.
99
Figura 31 – Descolamentos de grandes panos do revestimento em pó-de-pedra
da fachada.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
Figura 32 A sujeira e o desgaste no revestimento demonstram a ausência de
manutenção da fachada.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
100
Figura 33 A fachada encontrava-se em estado precário, com descolamentos
em diversos locais.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
Figura 34 – Descolamento do revestimento no peitoril da janela.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
101
Figura 35 – Descolamento do revestimento na platibanda do prédio.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
5.1.3. Restauração da fachada
Com a finalidade de obter a composição ideal para o revestimento de pó-de-pedra
restaurado, verificou-se que a empresa responsável pela restauração da fachada do
Ed. Thibau seguiu os seguintes passos:
1º) lavagem de alguns trechos da fachada com água quente (em baixa
pressão) e com sabão neutro, para retirar a sujeira e possibilitar a
verificação da tonalidade exata da argamassa de pó-de-pedra antiga;
2º) execução de várias amostras com composições e traços diferenciados para
o novo revestimento;
3º) obtenção de aprovação pelo órgão público municipal competente da
composição para o novo revestimento em pó-de-pedra.
A composição aprovada para o revestimento de pó-de-pedra utilizado na
restauração da fachada do Ed. Thibau foi a seguinte (METAMORPHOSE, 2007;
MINASIT, 2007):
102
a) pó-de-pedra fino na cor pérola (utilizado para dar um tom amarelado à
argamassa e aproximá-la mais da tonalidade original), comercializado com a
seguinte nomenclatura: pó pérola fino;
b) granitina fina – granitina na cor branca, comercializada com a seguinte
nomenclatura: granitina branco nacional nº 00 (# 22);
c) granitina grossa granitina na cor branca, comercializada com a seguinte
nomenclatura: granitina branco nacional nº 0 fino (# 10);
d) cimento Portland branco estrutural CPB-40;
e) cal hidratada CH-III.
Nas Figuras 36 a 39, a seguir, podem ser vistas amostras dos materiais em estudo
dessa composição, ou seja, do pó-de-pedra, da granitina fina e da granitina grossa.
Já nas Figuras 40 e 41, pode-se comparar o revestimento em pó-de-pedra novo com
o aspecto em que se encontrava o revestimento original antes da restauração.
Figura 36 – Pó-de-pedra.
103
Figura 37 – Granitina fina.
Figura 38 – Granitina grossa.
104
Figura 39 Amostras do pó-de-pedra (esquerda), da granitina fina (meio) e da
granitina grossa (direita), componentes do revestimento de restauro da
fachada.
Figura 40 Amostra do revestimento antigo (esquerda) e amostra do
revestimento novo (direita).
105
Figura 41 – Detalhe mostrando a interface entre o emboço preexistente, o
revestimento antigo (já bastante sujo) e o revestimento novo.
Os traços (em volume), aprovados pelo órgão público municipal competente,
utilizados na obra pela empresa responsável pelo restauro foram:
a) para recomposição de alguns trechos danificados (no restante da fachada
foram mantidos o chapisco e o emboço originais):
- chapisco: 1:3,5 (cimento:areia);
- emboço: 1:6 (cimento:areia) utilizou-se uma massa mais fraca para
acompanhar a dilatação da massa antiga (traço empírico);
b) revestimento de pó-de-pedra (“reboco”):
- traço agregados: 3:1 (granitina fina:granitina grossa) – mistura seca
(Figura 42);
- traço aglomerantes: 1:1:3 (cimento branco:cal:pó-de-pedra) – mistura
seca (Figura 43);
- traço final da argamassa de pó-de-pedra: 2:1 (traço aglomerantes:traço
agregados) não uma quantidade exata de água na mistura, pois
esta vai sendo acrescentada aos poucos, até que se atinja uma boa
consistência, de forma que a argamassa não fique muito dura (pouco
Emboço antigo
Revestimento antigo
Revestimento novo
106
trabalhável) e nem muito mole, para que não escorra durante a
aplicação (Figura 44).
Figura 42 – Mistura dos agregados.
Figura 43 – Mistura dos aglomerantes.
Figura 44 – Mistura final da argamassa de pó-de-pedra.
107
O processo de aplicação do revestimento no edifício Thibau, acompanhado in loco
nesta pesquisa, constituiu-se das seguintes etapas:
1º) retirada do revestimento antigo e recomposição da alvenaria e/ou
chapisco/emboço onde necessário (Figuras 45 a 47);
Figura 45 – Trecho da fachada já sem o revestimento antigo.
Figura 46 Local onde houve descolamento também do chapisco e do
emboço.
108
Figura 47 – Recomposição do chapisco/emboço.
2º) umedecimento do emboço (Figura 48);
Figura 48 – Umedecimento do emboço para receber o revestimento.
109
3º) aplicação do revestimento - traço final da argamassa de pó-de-pedra (Figura
49);
(1) (2)
(3) (4)
Figura 49 – Aplicação do revestimento em pó-de-pedra: (1) argamassa; (2)
aplicação com colher de pedreiro; (3) aspersão de água para facilitar o
espalhamento da argamassa; (4) desempeno.
4º) 10 a 15 minutos após a aplicação do revestimento, fazia-se a lavagem da
fachada com equipamento de jato d’água a baixa pressão - para não
danificar o material, retirando a mistura cimento branco/cal/pó-de-pedra que
estivesse sobre as granitinas, a fim de realçar o brilho destas.
Ocasionalmente, antes da lavagem, pulverizava-se o revestimento com a
mistura do pó-de-pedra, da cal e do cimento branco (traço aglomerantes)
com o objetivo de secar mais rapidamente a argamassa (Figura 50);
110
(1) (2)
(3) (4)
Figura 50 Etapa após a aplicação do revestimento em pó-de-pedra: (1) e (2)
pulverização com a mistura dos aglomerantes e espalhamento com colher de
pedreiro; (3) lavagem do revestimento com equipamento que utiliza jato d’água
a baixa pressão (4).
5º) marcação dos frisos do revestimento, conforme o desenho original da
fachada, no qual foi baseado o projeto de restauração (Figuras 51 e 52).
111
(1) (2)
(3) (4)
(5)
Figura 51 – Marcação dos frisos do revestimento.
112
Figura 52 – Esquema de marcação dos frisos do revestimento da fachada.
Fonte: METAMORPHOSE, 2007 (desenho de Wanderson de Souza).
É importante ressaltar, ainda, que esse tipo de revestimento requer que cada pano
de argamassa entre frisos/detalhes seja executado de uma única vez, visto que,
caso contrário, as juntas de execução ficam aparentes após a secagem do material
(METAMORPHOSE, 2007).
Quando as argamassas são executadas em painéis ou em prumadas, divididos por
panos delimitados por frisos (verticais e horizontais), além de facilitar a execução,
estes também ajudam a reduzir os problemas de retração em panos muito grandes e
diferenças de tonalidade provocadas pela aplicação (FIGUEROLA, 2006). Ademais,
a execução em painéis é vantajosa porque diferenças no teor de água entre
argamassas cimentícias preparadas em momentos distintos também podem
provocar manchas nas fachadas, produzindo alterações na tonalidade quando a
área de aplicação é muito extensa. E, somado a esses aspectos, os frisos podem
também ser utilizados como itens decorativos.
A Figura 53, apresentada a seguir, retrata a evolução do processo de restauro do
Edifício Thibau, que foi acompanhado desde seu início.
113
(1) Março-Abril/2007 (2) Maio/2007 (3) Junho/2007
(4) Junho/2007 (5) Julho/2007 (6) Agosto/2007
Figura 53 Evolução do processo de restauro do Ed. Thibau: (1) retirada do
revestimento antigo e recomposição do chapisco/emboço; (2) execução da
área das janelas do lado direito; (3) execução da área central; (4) execução da
área das varandas do lado direito; (5) execução da área das janelas do lado
esquerdo; (6) fachada totalmente restaurada.
Nas Figuras 54 a 66, a seguir, pode ser visto o resultado final obtido com a
restauração, em comparação com o estado anterior da fachada.
114
Figura 54 – Vista geral da fachada antes da restauração.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
Figura 55 – Vista geral da fachada depois da restauração.
115
Figura 56 – Varandas com a argamassa em pó-de-pedra original.
Figura 57 – Varandas com a nova argamassa em pó-de-pedra.
116
Figura 58 – Vista da entrada do prédio antes do restauro.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
Figura 59 – Vista da entrada do prédio depois do restauro.
117
Figura 60 – Detalhe da varanda antes da obra.
Figura 61 – Detalhe da varanda depois da obra.
118
Figura 62 – Detalhe do revestimento antigo.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
Figura 63 – Detalhe do revestimento novo.
119
Figura 64 – Detalhe da parte superior do prédio antes da restauração.
Fonte: METAMORPHOSE, 2006.
Figura 65 – Detalhe da parte superior do prédio depois da restauração.
120
Figura 66 – Detalhe do acabamento no topo do prédio após a obra.
121
5.2. ENSAIOS
5.2.1. Caracterização da argamassa no estado fresco
5.2.1.1. Consistência
Dentre os vários métodos de ensaio propostos para avaliação da consistência de
argamassas, o de determinação do índice de consistência pelo espalhamento do
tronco de cone na mesa, também conhecido como flow table test, é o mais
empregado e difundido (CINCOTTO; SILVA; CARASEK, 1995).
Conforme estabelecido pela NBR 13276 (ABNT, 2005b), este método se inicia com a
preparação da argamassa no misturador mecânico (tempo de mistura de quatro
minutos, com velocidade lenta) e sua posterior moldagem em uma fôrma
troncocônica (base maior: ø=12,5 cm; base menor: ø=8,0 cm; altura: 6,5 cm)
posicionada sobre uma mesa plana com manivela (Figura 67). A argamassa é,
então, colocada na fôrma em três camadas da mesma altura e, com soquete, são
aplicados 15, 10 e 5 golpes uniformes e homogeneamente distribuídos,
respectivamente, da primeira à terceira camada. Após o preenchimento, a fôrma é
retirada e, em seguida, a manivela da mesa é movimentada, fazendo com que esta
caia 30 vezes, em aproximadamente 30 segundos, provocando o espalhamento do
cone da argamassa. Com o paquímetro, devem-se medir três diâmetros tomados em
pares de pontos uniformemente distribuídos ao longo do perímetro, para, em
seguida, calcular-se o índice de consistência pela média dessas medidas.
122
Figura 67 – Mesa do flow table test.
Fonte: CARVALHO JÚNIOR, 2006.
Nesta pesquisa, por ser um revestimento com constituição diferente das argamassas
comuns, a argamassa de pó-de-pedra utilizada no ensaio não seguiu as quantidades
de materiais normatizadas. Foram usados, portanto, 1348 g da mistura do traço
aglomerantes e metade dessa massa do traço agregados - visto que o traço final da
obra do Ed. Thibau é de 2:1 (traço aglomerantes:traço agregados), para avaliação
da consistência e posterior moldagem de nove corpos-de-prova (CP’s) cilíndricos, de
50 mm de diâmetro e 100 mm de altura, a serem utilizados no ensaio de resistência
à compressão.
As argamassas para o ensaio foram preparadas reproduzindo o traço final
empregado na argamassa de pó-de-pedra utilizada na obra do Ed. Thibau. No
entanto, como não uma quantidade exata de água na mistura, foram preparados
dois tipos de argamassa, com relações água/aglomerantes
4
diferentes, variando
apenas o teor de água necessário para a obtenção de consistências dentro da faixa
de argamassas trabalháveis. Como referência, utilizou-se o valor do índice de
consistência normal prescrito pela NBR 5752 (ABNT, 1992), que é de 225 ± 5 mm.
Assim, foi obtida uma argamassa com relação água/aglomerantes de 0,22 e outra
com 0,19, sendo ambas utilizadas na análise da resistência à compressão axial.
4
Traço aglomerantes: 1:1:3 (cimento branco:cal:pó-de-pedra).
123
O ensaio de consistência foi realizado no Laboratório de Concreto do Departamento
de Engenharia de Materiais e Construção (DEMC) da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
5.2.2. Caracterização da argamassa no estado endurecido
5.2.2.1. Resistência à compressão axial
Segundo Cincotto, Silva e Carasek (1995), a resistência à compressão manifesta-se
na argamassa a partir do seu endurecimento, determinado por diferentes
mecanismos. Os esforços que geram as tensões às quais o revestimento pode estar
sujeito (tração, compressão ou cisalhamento) são oriundos de cargas estáticas ou
dinâmicas decorrentes do tipo de uso da edificação e das solicitações decorrentes
de fenômenos térmicos ou climáticos que, por sua vez, dependem das condições de
exposição das superfícies.
O método da NBR 7215 (ABNT, 1996a) compreende a determinação da resistência
à compressão de CP’s cilíndricos de 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura. No
Laboratório de Concreto do DEMC (UFMG), foram moldados e compactados
manualmente, seguindo o traço da argamassa utilizada na obra do Ed. Thibau, cinco
CP’s com relação água/aglomerantes de 0,22 e quatro com 0,19, valores obtidos no
ensaio de consistência. Para cura inicial, os CP’s foram mantidos nos moldes, em
câmara úmida, com a face superior protegida por uma placa de vidro plano, por 48
horas. Este tempo superou as 24 horas geralmente requeridas para a cura inicial de
argamassas de cimento Portland, pois a argamassa em estudo continha, além do
cimento, a cal e o pó-de-pedra como materiais finos, retardando, assim, o tempo
para desforma.
Posteriormente à etapa da cura, os CP’s foram desmoldados e submetidos à cura
final em água saturada de cal até a data de ruptura (28 dias). Na data prevista, os
CP’s foram retirados do tanque de cura, capeados com mistura de enxofre (Figuras
68 a 70) e rompidos para determinação da resistência à compressão axial (tensão
de ruptura), que corresponde à carga de ruptura dividida pela área da seção do CP.
Foi calculada também a média das resistências individuais dos CP’s com a mesma
relação água/aglomerantes.
124
Figura 68 – Capeamento de CP com mistura de enxofre.
Figura 69 CP’s com relação água/aglomerantes de 0,22 já capeados e
prontos para o rompimento.
125
Figura 70 CP’s com relação água/aglomerantes de 0,19 já capeados e
prontos para o rompimento.
Utilizou-se no ensaio uma prensa de compressão axial EMIC PC200 (Figura 71),
com sistema de medição de carga direta, por meio de célula com capacidade de
carga de 200 tf e sensibilidade de 10N. Funciona acoplada a microcomputador e em
conjunto com o software TESC-EMIC, que permite a realização de ensaios com taxa
de incremento de carga constante ou manutenção de carga, com emissão de
relatório final contendo os valores da tensão de ruptura de cada CP e da
resistência média.
126
(1) (2)
Figura 71 – Rompimento de CP na prensa EMIC PC200: (1) vista geral da
prensa; (2) detalhe do CP.
5.2.3. Caracterização da argamassa aplicada sobre a base
Os ensaios de caracterização da argamassa aplicada sobre a base foram realizados
na fachada do último pavimento (6º andar) do Ed. Thibau, em uma das varandas
(Figuras 72 a 75).
Figura 72 Execução do revestimento na varanda onde foram realizados os
ensaios de caracterização da argamassa aplicada sobre a base.
127
Figura 73 Vista externa da varanda do andar com o novo revestimento
em pó-de-pedra.
Figura 74 – Vista externa ampliada da varanda do último pavimento.
128
Figura 75 Vista interna da varanda do andar, com a indicação dos locais
de realização dos ensaios.
5.2.3.1. Resistência de aderência à tração
De acordo com a NBR 13528 (ABNT, 1995), a resistência de aderência à tração de
uma argamassa é a “tensão máxima suportada por um corpo-de-prova de
revestimento, na interface em avaliação, quando submetido a um esforço normal de
tração.” A aderência argamassa-substrato sofre grande influência dos seguintes
aspectos: das condições da base (porosidade, resistência mecânica, textura
superficial); das condições de execução do assentamento de componentes da base;
e da capacidade de retenção de água, da consistência e do teor de ar incorporado
da argamassa (CARVALHO JÚNIOR, 2005).
Seguindo as recomendações da NBR 13528 (ABNT, 1995), foram ensaiados, na
varanda do último pavimento do Ed. Thibau (Figuras 72 a 75 anteriores), seis CP’s
de seção circular – com 50 mm de diâmetro, com idade de 28 dias, espaçados entre
si e dos cantos ou quinas em, no nimo, 50 mm. Inicialmente, com serra-copo,
foram feitos os seis cortes no revestimento de pó-de-pedra até a camada do emboço
(já que o objetivo era de avaliar a aderência entre as duas camadas) e limparam-se
as superfícies dos CP’s para, em seguida, as pastilhas (placas metálicas) serem
coladas com cola à base de resina epóxi no revestimento (Figura 76).
Ensaio de
resistência
de aderência
à tração
Ensaio de
permeabilidade
à água
(Cachimbo 3)
Ensaio de
permeabilidade
à água
(Cachimbo 1)
Ensaio de
permeabilidade
à água
(Cachimbo 2)
129
(1) (2) (3)
(4) (5) (6)
(7) (8) (9)
Figura 76 Seqüência de colagem das pastilhas: (1) e (2) cortes com serra-
copo; (3) limpeza das superfícies dos CP’s; (4) suportes para auxiliar na
sustentação inicial das pastilhas; (5) a cola à base de resina epóxi é passada
na pastilha; (6) e (7) colagem das pastilhas; (8) e (9) pastilhas coladas no
revestimento da fachada.
Posteriormente, decorridas 24 horas da colagem, o equipamento foi acoplado a cada
pastilha, que foi tracionada até o arrancamento do CP (Figura 77). Foi utilizado o
equipamento de tração PROCEQ DYNA Z16 Pull-off Tester digital, que já fornece
1
2
3
4
5
6
130
leitura direta da tensão obtida no ensaio, correspondente à divisão da carga de
ruptura pela área da pastilha.
(1) (2)
(3) (4)
Figura 77 Seqüência de arrancamento de um CP com o equipamento de
tração PROCEQ DYNA Z16.
Segundo Cincotto, Silva e Carasek (1995), os resultados obtidos nesse ensaio o
bastante variáveis, apresentando coeficientes de variação da ordem de 10 a 35%,
que a resistência de aderência depende tanto das características da argamassa,
quanto das do substrato, além do método de aplicação do revestimento. Da mesma
forma que os substratos apresentam alta variabilidade em suas características,
especialmente quanto à absorção de água, a metodologia de aplicação da
argamassa é bastante inconstante ao longo da execução do revestimento, o que
pode resultar em resistências bem diferentes.
Após o arrancamento, foi registrado o tipo de ruptura de cada CP: na interface
argamassa/emboço, da argamassa de revestimento, do emboço, na interface
argamassa de revestimento/cola e/ou na interface cola/pastilha. Quando ocorreram
diferentes tipos de ruptura no mesmo CP, anotou-se a porcentagem aproximada da
131
área de cada uma, mediante análise da superfície fraturada. Esta análise é de
fundamental importância para o ensaio, visto que existe efeito significativo do tipo de
ruptura nos valores de aderência.
5.2.3.2. Permeabilidade à água
Seguindo as prescrições do CSTC (1982 apud CARVALHO JÚNIOR, 2005), foi
utilizado o método do cachimbo para avaliação da permeabilidade em três pontos
distintos (Figura 78) do revestimento em pó-de-pedra, localizados em uma varanda
do andar do Ed. Thibau, conforme já indicado, anteriormente, na Figura 75. Neste
ensaio, um cachimbo de vidro (com pescoço graduado) é acoplado com mástique às
superfícies a serem ensaiadas e preenchido com água até a referência do nível. Em
seguida, fazem-se registros, a cada minuto, do nível de água, até completar quinze
minutos ou o nível de água atingir 4 cm
3
(Figura 79).
O cachimbo permite avaliar a permeabilidade do revestimento por meio da
propriedade de absorção de água, sob uma pressão inicial de 92 mm de água, que
corresponde à ação estática de um vento com velocidade aproximada de 140 km/h.
Cachimbo 1 Cachimbo 2 Cachimbo 3
Figura 78 Os três cachimbos acoplados em locais distintos na fachada da
varanda.
132
Figura 79 – Detalhe do cachimbo 1.
5.2.4. Caracterização física dos componentes da argamassa
5.2.4.1. Granulometria
A medida do tamanho das partículas de um agregado é feita pela granulometria e a
composição granulométrica mostra a distribuição dos grãos que constituem os
agregados, sendo expressa em termos de porcentagens individuais ou acumuladas
retidas em cada uma das peneiras da série normal ou intermediária definidas na
NBR 7211 (ABNT, 2005a). Uma distribuição granulométrica equilibrada produz
misturas mais trabalháveis e econômicas, além do fato de proporcionar uma
estrutura mais fechada, diminuindo o volume de vazios, ou seja, os espaços por
onde podem penetrar agentes agressivos à argamassa na forma de líquidos e gases
ou vapores.
O peneiramento é a técnica mais empregada para análise e fracionamento do
tamanho de minerais. É também o mais rápido e convencional todo para
partículas maiores que 50 µm, sendo que algumas peneiras de micromesh foram
desenvolvidas para análise de partículas menores que 1 µm; define-se por mesh
como sendo o número de aberturas por polegada linear. A série de peneiras
133
normalmente empregada é do tipo Tyler, padronizadas basicamente com 400 mesh
(38 µm) (TANNOUS, 2007). A Figura 80 apresenta dois exemplares de peneiras.
Figura 80 – Exemplares de peneiras.
Fonte: BRANDÃO, 2007d.
A eficiência do peneiramento pode ser definida como sendo a taxa de peso do
material que passa através de certa peneira pelo peso total do material menor que
sua abertura. A eficiência do peneiramento é muito sensível às variáveis de
operação como: distribuição de tamanho e propriedades da superfície da partícula,
abertura da peneira, método de vibração e carga da partícula.
A análise por peneiramento pode ser realizada tanto a seco quanto a úmido e,
segundo Tannous (2007), o peneiramento a seco é razoavelmente preciso para
partículas grandes. Assim, este método foi utilizado no ensaio de granulometria das
granitinas do revestimento em estudo, seguindo as determinações da NBR NM 248
(ABNT, 2003d); utilizou-se a série normal de peneiras da NBR NM ISO 3310-1
(ABNT, 1997) com as seguintes aberturas de malhas, em milímetros: 0,15; 0,3; 0,6;
1,2; 2,4; 4,8.
Como a dimensão máxima nominal dos agregados em estudo é menor que
4,75 mm, a massa mínima da amostra de ensaio exigida pela NBR NM 248 (ABNT,
2003d) é de 300 g. Utilizaram-se 702 g de amostra para cada um dos dois tipos de
granitina e realizou-se, no Laboratório de Concreto do DEMC (UFMG), o
134
peneiramento de acordo com o seguinte procedimento: encaixaram-se as peneiras
previamente limpas, com abertura de malha em ordem crescente da base para o
topo e com um fundo de peneiras adequado para o conjunto; a amostra foi colocada
sobre a peneira superior do conjunto e foi feita a agitação mecânica do conjunto
durante 3 minutos (Figura 81); os materiais retidos foram removidos para bandejas
identificadas (o material removido pelo lado interno é considerado como retido e o
desprendido na parte inferior como passante); determinou-se a massa total do
material retido em cada uma das peneiras e no fundo do conjunto.
Figura 81 – Agitação mecânica das peneiras do ensaio.
De acordo com procedimento estabelecido pela NBR NM 248 (ABNT, 2003d), após
a determinação da porcentagem retida em cada peneira, deve-se calcular o módulo
de finura e a dimensão máxima característica. O módulo de finura é a soma das
porcentagens retidas acumuladas, em massa, de um agregado, nas peneiras da
série normal, dividida por 100 (quanto maior o módulo de finura, mais grosso será o
agregado); a dimensão máxima característica corresponde à abertura nominal, em
milímetros, da malha da peneira da série normal ou intermediária, na qual o
agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente
inferior a 5% em massa.
135
O peneiramento úmido é usado, preferencialmente, quando as partículas possuem
tendência à aglomeração, minimizando-se, assim, a emissão de poeira e os erros
resultantes na análise de tamanho (TANNOUS, 2007). Por isso, para a determinação
da composição granulométrica do pó-de-pedra, por ele ser um material mais fino, foi
realizado o ensaio para agregados estabelecido pela NBR NM 46 (ABNT, 2003b),
que permite a determinação, por lavagem, da quantidade de material mais fino que a
abertura de malha da peneira de 75 µm (# 200); após o peneiramento na presença
de água, a fração retida é seca em estufa para ser pesada. Utilizaram-se no ensaio
500 g de pó-de-pedra, quantidade bem superior à exigida por essa mesma norma
(amostra mínima de 100 g, para dimensão máxima característica de 2,36 mm), visto
que podem ocorrer muitas perdas nesse tipo de peneiramento.
Contudo, para fins de comparação de resultados, realizou-se para o pó-de-pedra,
devido à sua finura, também o ensaio de peneiramento estabelecido pela NBR
11579 (ABNT, 1991), adaptado para o material em questão. Esta norma prescreve o
método de ensaio para determinação, a seco, da finura de cimento Portland, com o
emprego da peneira # 200, permitindo o cálculo da massa de material cujas
dimensões dos grãos são superiores a 75 µm (fração retida). Nesse caso, foram
utilizados 200 g de pó-de-pedra.
5.2.4.2. Massa específica
Segundo a NBR NM 52 (ABNT, 2003c), massa específica é a relação entre a massa
do agregado e seu volume, excluídos os poros permeáveis. No Laboratório de
Concreto do DEMC (UFMG), foi determinada a massa específica de cada material
do revestimento do Ed. Thibau pelo emprego do frasco Chapman. Para o ensaio da
granitina fina, foi utilizada uma amostra de 500 g, para o da granitina grossa, a
mesma quantidade anterior e, para o ensaio do pó-de-pedra, 512 g de material
(utilizou-se um pouco mais deste devido à maior densidade do pó-de-pedra em
relação às granitinas).
O frasco Chapman (Figura 82) consiste em um frasco de vidro, composto de dois
bulbos e de um gargalo graduado. No estrangulamento entre os bulbos, uma
marcação que corresponde a 200 cm
3
e, acima dos bulbos, situa-se o tubo graduado
de 375 cm
3
a 450 cm
3
.
136
Na execução do ensaio, deve-se colocar água no frasco até a marca de 200 cm
3
,
deixando-o em repouso por alguns minutos, para que a água aderida às faces
internas escorram totalmente. Em seguida, acrescentar 500 g do agregado miúdo
seco no frasco, que deve ser agitado para eliminação de bolhas de ar. A leitura do
nível atingido pela água no gargalo indica o volume, em cm
3
, do conjunto água-
agregado; assim, obtém-se o volume do agregado pela diferença entre o volume do
conjunto e o de água adicionada ao frasco. A massa específica é calculada
dividindo-se a massa da amostra seca pelo volume do agregado.
Figura 82 Ensaio de massa específica da granitina grossa no frasco
Chapman.
5.2.5. Caracterização química/mineralógica dos componentes da argamassa
5.2.5.1. Moagem e peneiramento
Para a realização dos ensaios de caracterização química/mineralógica das granitinas
e do pó-de-pedra da argamassa, foram realizados a moagem e o peneiramento dos
materiais. Utilizaram-se as seguintes quantidades de amostras: pó-de-pedra: 36,38g;
granitina fina: 41,32g; granitina grossa: 43,31g.
Inicialmente, foi feito o quarteamento, processo de redução e homogeneização da
amostra (GUMIERI, 2006), no qual o material foi bem misturado e despejado sobre
137
uma bandeja para, em seguida, ser espalhado e dividido em quatro frações.
Descartaram-se, então, duas dessas frações, localizadas em lados opostos - mas
não vizinhas, e o material restante foi novamente misturado, repetindo-se o mesmo
procedimento até a obtenção da quantidade de amostra desejada, que foi
acondicionada em saco plástico limpo até a moagem.
Posteriormente, no Laboratório de Tratamento de Minérios do Departamento de
Engenharia de Minas (DEMIN) da UFMG, foi realizada a moagem de cada material,
por cerca de 40 minutos, no moinho de disco orbital TECNAL TE-360, equipamento
também conhecido como moinho de porcelana (Figuras 83 e 84). Em seguida, foi
feito o peneiramento das três amostras na peneira # 200 (Figura 85).
Figura 83 Moagem de uma amostra de material no moinho de disco orbital
TECNAL TE-360.
138
Figura 84 – Câmara do moinho de disco orbital TECNAL TE-360.
Figura 85 – Peneiramento, na peneira # 200, da granitina grossa já moída.
5.2.5.2. Difração de raios-X (DRX)
Segundo Formoso (1984), raios-X são radiações eletromagnéticas que, como tais,
podem ser polarizadas, difratadas, refratadas e refletidas, e são produzidos a partir
do bombardeio do anodo por elétrons do catodo acelerados por alta voltagem. No
espectro eletromagnético, os raios-X estendem-se de 1000 Å (1 Å = 10
-8
cm), na
parte dos comprimentos de onda longos, a 10
-5
Å, naqueles mais curtos. As
radiações mais usadas na DRX são as Kα, com comprimentos de onda
139
compreendidos entre 0,56 e 2,29 Å (raios-X “moles” com comprimentos de onda
relativamente grandes), e os tubos em que são geradas são de Cr, Mn, Fe, Co, Ni,
Mo, Ag e Cu, que é o mais utilizado (radiação CuKα).
A DRX ocorre em (BRANDÃO, 2007b):
a) cristais simples, com diferentes graus de perfeição;
b) superestruturas em cristais;
c) películas em multicamadas paralelas, depositadas da interface ar-solução
aquosa;
d) películas em multicamadas paralelas, depositadas no vácuo (em geral,
metálicas);
e) quasicristais.
O cristal é um lido homogêneo que possui as seguintes características: pode
possuir faces geométricas planas; seus átomos (ou íons ou moléculas) constituintes
se distribuem segundo uma rede geométrica tridimensional repetitiva; possui célula
unitária; possui composição química definida. Na estrutura cristalina, podem-se
visualizar planos sucessivos paralelos contendo e sendo definidos por átomos (ou
íons ou moléculas); estes planos constituem famílias, com espaçamento constante
(distância interplanar).
Os quasicristais possuem todas as características e, portanto, todas as propriedades
dos cristais, inclusive DRX, mas eles não têm célula unitária; neles duas (ou
mais) unidades primitivas, em combinações que se sucedem ao longo do sólido,
semelhantemente à célula unitária, mas sempre num arranjo não periódico.
A DRX pelos cristais resulta de um processo em que os raios-X são dispersos pelos
elétrons dos átomos sem mudança de comprimento de onda (dispersão coerente).
Esse processo consiste nas seguintes etapas: um elétron de um átomo da rede
cristalina, influenciado pelos raios-X, é excitado pelo campo elétrico flutuante,
tornando-se uma fonte de ondas eletromagnéticas de mesma freqüência e mesmo
comprimento de onda que os raios-X incidentes; assim, o elétron dispersa o feixe
140
incidente; as ondas dispersas pelos diversos elétrons do átomo se combinam,
segundo direções definidas (ângulo de difração), daí podendo-se dizer que o átomo
difrata a radiação X (FORMOSO, 1984).
A difração resultante de um cristal, compreendendo posições e intensidades das
linhas de difração, é uma propriedade física fundamental da substância, servindo
não só à identificação, como também ao estudo de sua estrutura. Substâncias
amorfas, por possuírem carência de periodicidade nos arranjos cristalinos,
apresentam dificuldades nas análises por DRX.
Na análise difratométrica, um feixe difratado é produzido por dispersão só quando
algumas condições geométricas, expressas pela Lei de Bragg, são satisfeitas:
n.λ = 2.d.sen θ
Sendo:
λ = comprimento de onda da radiação (Å);
d = distância interplanar para a família de planos cristalográficos (Å);
θ = ângulo de difração (graus) - condição limite da difração: sen θ 1 θ 90°;
n = ordem de difração (número inteiro simples).
O ângulo de difração θ é difícil de ser medido diretamente, entretanto, o ângulo 2θ
pode ser determinado com facilidade, pois este é o ângulo formado pelo feixe
incidente, ou seu prolongamento, com o feixe difratado (BRANDÃO, 2007b),
conforme pode ser visto na Figura 86, que representa esquematicamente a Lei de
Bragg.
Figura 86 – Desenhos esquemáticos representando a Lei de Bragg.
Fonte: BRANDÃO, 2007b.
141
Esse método de ensaio é de grande importância na análise mineralógica (fases),
que permite que se obtenham informações sobre a natureza e os parâmetros do
reticulado cristalino, assim como detalhes a respeito do tamanho, da perfeição e da
orientação dos cristais. Outrossim, o espectro de difração obtido permite a
determinação da fração volumétrica de cada fase, apesar de existir dificuldade de
detecção de fases com frações volumétricas menores que 3 - 5%, pois seus picos se
confundem com a radiação de fundo, além da superposição pelas raias das fases
majoritárias.
Dos métodos de DRX, o do pó é o de uso mais amplo e é o utilizado pelo
difratômetro de raios-X (BRANDÃO, 2007a). Em sua operação, o instrumento gera
os raios-X que incidem sobre as amostras em pó; os raios difratados o recebidos
por um detector, que os transforma em pulsos elétricos, os quais vão a um sistema
de análise que identifica os picos e possibilita a identificação das fases cristalinas do
material. Conhecendo-se o comprimento de onda das radiações X, é possível, pelo
emprego da equação de Bragg, determinar os valores das distâncias interplanares
(d) para cada banda de difração. O difratômetro se caracteriza por incluir um
medidor de intensidade dos raios difratados a diversos ângulos 2θ (FORMOSO,
1984).
No Laboratório de Análise por Raios-X do DEMIN (UFMG), com amostras do pó-de-
pedra (Figuras 87 e 88) e das granitinas fina e grossa, o ensaio de DRX foi realizado
utilizando-se o difratômetro de raios-X PHILIPS PW-3710 (Figura 89), que utiliza
tubo de anodo de cobre.
142
Figura 87 Pó-de-pedra moído e peneirado preparado para o ensaio
(esquerda) e porta-amostras (direita).
Figura 88 Detalhe do porta-amostras com uma camada fina de pó-de-pedra
compactado, já pronto para ser encaminhado ao difratômetro.
143
Figura 89 – DRX sendo realizada no difratômetro PHILIPS PW-3710.
5.2.5.3. Fluorescência de raios-X (FRX)
O emprego de técnicas diversas de excitação possibilita aos elementos químicos,
em geral, a emissão de luz na região do espectro eletromagnético correspondente
aos raios-X. Em condições adequadas, as radiações produzidas podem ser
utilizadas para fins de identificação e estimativa de concentrações de elementos em
amostras de minerais e rochas. Na espectrografia por fluorescência, esse processo
está associado à irradiação da amostra por um feixe primário emanado de um tubo
de raios-X (DUTRA; GOMES, 1984).
Para sua maior eficiência, os tubos, em geral, possuem alvo de natureza metálica de
um elemento pesado, como Ti, Cr, Mo, W, Pt, Au e Rh. Esses tubos representam a
fonte da emissão primária que atingirá a amostra e, como tal, devem satisfazer à
condição básica de serem capazes de gerar um feixe de raios-X muito intenso, que
traz como resultado a emissão de elétrons a partir dos orbitais internos, criando
vacâncias (condição instável); o átomo, ao retornar à sua condição estável, tem seus
elétrons dos orbitais exteriores transferidos aos orbitais internos, liberando raios-X
característicos, que são chamados de fluorescentes. Conhecendo-se os ângulos de
reflexão e as intensidades dessa radiação, é possível a identificação dos elementos
componentes e a determinação de sua quantidade; um espectro de raios-X pico
144
para uma amostra submetida à radiação exibirá múltiplos picos de diferentes
intensidades.
A FRX possui diversas vantagens: simplicidade do espectro, comportamento
previsível dos elementos, exatidão alta, reprodutibilidade boa, limite de sensibilidade
baixo (da ordem de partes por milhão), ampla capacidade de detecção, grande
versatilidade analítica, caráter não-destrutivo e rapidez de execução da análise.
Aliado a isso, permite a determinação dos elementos ditos leves, ou seja, com
número atômico inferior a 12 (DUTRA; GOMES, 1984).
Segundo Brandão (2007c), assim como a DRX, esse método de ensaio também
deve satisfazer à Lei de Bragg (n.λ = 2.d.sen θ). No entanto, enquanto na DRX a
incógnita da equação é a distância interplanar para a família de planos
cristalográficos (d), na FRX é o comprimento de onda da radiação (λ).
O método do pó é o mais empregado nas determinações de elementos-traços, pois
processos envolvendo diluição ou mesmo fusão das amostras têm contra si o fato de
acarretarem diminuição dos níveis de contagens, prejudicando, em muito, sua
sensibilidade. Esse é o método utilizado pelo espectrômetro de FRX, que é um
instrumento seqüencial, com configuração WDS (wavelength dispersive
spectrometer - espectrômetro dispersivo em comprimento de onda), que prioriza a
alta intensidade da excitação, isto é, usa um tubo de anodo dedio de alta
intensidade (mínimo de 3000-4000 W). O objetivo é minimizar o limite de detecção
para todos os elementos químicos, atingindo a faixa de partes por milhão e, até
mesmo, partes por bilhão para vários elementos (BRANDÃO, 2007c).
No Laboratório de Análise por Raios-X do DEMIN (UFMG), a análise de
fluorescência das amostras de pó-de-pedra e das granitinas fina e grossa foi
realizada utilizando um espectrômetro de raios-X PHILIPS PW-2510 (Figura 90). A
Figura 91 mostra um exemplo de porta-amostras utilizado neste tipo de
equipamento.
145
Figura 90 FRX sendo realizada no espectrômetro de raios-X PHILIPS
PW-2510.
Figura 91 – Porta-amostras para espectrômetro de raios-X.
Fonte: BRANDÃO, 2007c.
146
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1. CARACTERIZAÇÃO DA ARGAMASSA NO ESTADO FRESCO
6.1.1. Consistência
No ensaio do flow table test, os índices de consistência obtidos para os dois tipos de
argamassa, com diferentes relações água/aglomerantes, foram os contidos na
Tabela 8.
Tabela 8 – Índice de consistência.
Argamassa de pó-de-pedra
Índice de consistência
(mm)
(1) Relação água/aglomerantes = 0,22 280
(2) Relação água/aglomerantes = 0,19 225
Para a argamassa 1, o espalhamento do tronco de cone resultou em três diâmetros
iguais de 280 mm, obtendo-se, assim, com a média, um índice de consistência de
mesmo valor. O mesmo ocorreu com a argamassa 2, que obteve um índice de
225 mm, em virtude dos três diâmetros com esta mesma medida resultantes do
espalhamento do tronco de cone.
O valor de 225 mm, obtido para a argamassa 2, encontra-se dentro do intervalo de
referência de 220 a 230 mm, conforme prescrito pela NBR 5752 (ABNT, 1992). O
mesmo não ocorrendo com o índice de 280 mm da argamassa 1.
Segundo Ferreira et al. (1996 apud CARVALHO JÚNIOR, 2005), a consistência ideal
depende da finalidade da argamassa, conforme apresentado na Tabela 9.
147
Tabela 9 – Limites de consistência segundo a finalidade das argamassas.
Finalidade da argamassa
Índice de consistência
(mm)
Para assentamento de tijolos cerâmicos 240 – 270
Para revestimento interno (base para pintura)
Para revestimento interno (base para assentamento de
azulejos ou cerâmicas)
Para emboço externo (base para assentamento de
cerâmicas)
Para revestimento externo (base para pinturas de baixa
permeabilidade)
280 – 320
Para contrapiso (assentamento de peças cerâmicas
internas e externas)
180 – 200
Para chapisco > 350
Para base de assentamento de carpete
160 – 180
(consistência de terra úmida)
Industrializada para assentamento de cerâmicas e
azulejos
330 – 350
Fonte: FERREIRA et al., 1996 apud CARVALHO JÚNIOR, 2005.
Observa-se, neste caso, que a argamassa 1 atende à Tabela 9, visto que o índice de
consistência obtido foi de 280 mm, indicado para revestimento externo. a
argamassa 2 estaria inadequada de acordo com os valores tabelados.
É possível perceber que não há uma concordância de resultados em relação à
exigência normativa e à Tabela 9, resultante de um projeto experimental. Entretanto,
por ser um revestimento cimentício específico, diferente daqueles mais usuais, a
argamassa de -de-pedra em estudo possui características próprias, o que permite
apenas uma aproximação em relação a valores de consistência obtidos com
argamassas-padrão, com tipos e quantidades de materiais normatizados. Assim,
optou-se por utilizar os dois tipos de argamassa no ensaio de resistência à
compressão.
148
6.2. CARACTERIZAÇÃO DA ARGAMASSA NO ESTADO ENDURECIDO
6.2.1. Resistência à compressão axial
As Tabelas 10 e 11, a seguir, apresentam os resultados do ensaio de resistência à
compressão axial das argamassas de pó-de-pedra, e a Figura 92, um gráfico
comparativo das médias das tensões de ruptura obtidas.
Tabela 10 – Resistência à compressão do revestimento em pó-de-pedra com
relação água/aglomerantes de 0,22 (argamassa 1).
Corpo-de-prova
Diâmetro
(mm)
Área
(cm
2
)
Carga de
ruptura
(kgf)
Tensão de
ruptura
(MPa)
Média da
tensão de
ruptura
(MPa)
1 50 19,63 3165 16,1
2 50 19,63 3031 15,4
3 50 19,63 2897 14,8
4 50 19,63 2873 14,6
5 50 19,63 2788 14,2
15,0
Tabela 11 – Resistência à compressão do revestimento em pó-de-pedra com
relação água/aglomerantes de 0,19 (argamassa 2).
Corpo-de-prova
Diâmetro
(mm)
Área
(cm
2
)
Carga de
ruptura
(kgf)
Tensão de
ruptura
(MPa)
Média da
tensão de
ruptura
(MPa)
1 50 19,63 2873 14,6
2 50 19,63 3713 18,9
3 50 19,63 3092 15,8
4 50 19,63 3445 17,6
16,7
149
15,0
16,7
0
5
10
15
20
1 2
Argamassa de pó-de-pedra
Média da resistência à compressão
(MPa)
Figura 92 Gráfico comparativo da média da resistência à compressão obtida
para a argamassa 1 e para a argamassa 2.
Com a análise das tabelas e da figura anteriores, observa-se que, conforme
condizente com o esperado, a argamassa com menor relação água/aglomerantes
(argamassa 2), apresentou maior valor médio de resistência à compressão que a
argamassa 1.
Em um estudo semelhante sobre argamassas com areia britada, realizado por Silva,
Buest e Campiteli (2005), foram executados ensaios de resistência à compressão
com quatro tipos diferentes de argamassas. Para a argamassa constituída por
cimento Portland CP-II-Z-32, cal virgem moída e areia britada com finos (oriunda de
rocha calcária calcítica), com traço de 1:1:6 (cimento:cal:areia britada) e relação
água/aglomerantes de 1,216, o resultado médio da resistência à compressão aos 28
dias foi de 4,3 MPa.
As argamassas de pó-de-pedra ensaiadas possuem traço final mais forte - 2:1 (traço
aglomerantes:traço agregados) - e relações água/aglomerantes bem menores que a
argamassa citada de Silva, Buest e Campiteli (2005), o que tende a proporcionar
maior resistência à compressão. Isso pôde ser confirmado na comparação do
resultado de 4,3 MPa destes autores e nos de 15,0 e 16,7 MPa obtidos nesta
dissertação.
150
Outrossim, Carvalho Júnior (2005), em sua tese para avaliação da aderência de
revestimentos argamassados, obteve uma média de resistência à compressão em
quatro CP’s de 8,8 MPa para uma argamassa de cimento, cal e areia com traço de
1:1:6. Nota-se que, também em relação a esta situação, as argamassas de pó-de-
pedra 1 e 2 apresentaram melhor resistência à compressão, visto que o traço destas
é mais forte, conforme já relatado anteriormente.
As Figuras 93 e 94 a seguir mostram os CP’s após o ensaio de resistência à
compressão.
Figura 93 CP’s com relação água/aglomerantes de 0,22 após o rompimento
na prensa.
151
Figura 94 CP’s com relação água/aglomerantes de 0,19 após o rompimento
na prensa.
152
6.3. CARACTERIZAÇÃO DA ARGAMASSA APLICADA SOBRE A BASE
6.3.1. Resistência de aderência à tração
Os resultados obtidos no ensaio de resistência de aderência à tração podem ser
vistos na Tabela 12 e na Figura 95 a seguir.
Tabela 12 – Resistência de aderência à tração do revestimento em pó-de-pedra.
Forma de ruptura
( A )
(%)
Corpo-de-prova
Tensão
(MPa)
a b c d e
1 0,45 100 - - - -
2 0,24 - 95 5 - -
3 0,35 100 - - - -
4 0,43 100 - - - -
5 0,49 100 - - - -
6 0,51 95 - 5 - -
( A ) Formas de ruptura:
a) ruptura na interface argamassa/emboço;
b) ruptura da argamassa de revestimento;
c) ruptura do emboço;
d) ruptura na interface argamassa de revestimento/cola;
e) ruptura na interface cola/pastilha.
153
0,45
0,24
0,35
0,43
0,49
0,51
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
1 2 3 4 5 6
Corpo-de-prova
Resistência de aderência à tração
(MPa)
Figura 95 Gráfico comparativo da resistência de aderência à tração obtida
para cada CP.
Na análise dos resultados, percebe-se que, para cinco CP’s, as tensões de ruptura
aos 28 dias de idade foram maiores que 0,30 MPa, valor recomendado pela NBR
13749 (ABNT, 1996b) para, pelo menos, quatro de cada seis CP’s ensaiados, na
situação de parede externa com acabamento em pintura ou base para reboco
(conforme mostrado na Tabela 2 do item 4.5.3.2). Sob este aspecto, o revestimento,
foi, portanto, aprovado.
Ainda, pela observação dos CP’s rompidos, verificou-se que, nos locais ensaiados, o
revestimento possui espessura de 5 mm.
O tipo de ruptura exerce grande influência nos valores de aderência e, por isso, a
forma em que aquela ocorreu em cada CP deve ser examinada criticamente. Para
os CP’s 1, 3, 4 e 5, a ruptura ocorreu 100% na interface argamassa-emboço,
demonstrando uma boa resistência da argamassa, o que pode ser verificado nos
resultados das tensões de ruptura. No caso do CP 6, apesar de a ruptura não ter
ocorrido totalmente naquela mesma interface (95%), percebe-se que foi a maior
resistência obtida no ensaio.
O pior resultado foi o do CP 2, visto que 95% da ruptura se deu na argamassa de
revestimento, ocasionando uma resistência à tração mais baixa (0,24 MPa), menor
que a exigida pela NBR 13749 (ABNT, 1996b). Essa discrepância em relação às
154
demais tensões obtidas, principalmente à do CP 1, localizado no mesmo pano de
argamassa, pode ter ocorrido no ponto 2 devido a um ou mais dos seguintes fatores:
proximidade da quina da parede, apesar de ter sido respeitada a distância nima
de 50 mm segundo recomenda a NBR 13528 (ABNT, 1995); falha pontual na
execução do revestimento, ou seja, dispersão da energia de aplicação da
argamassa em comparação à dos demais pontos; influência de fatores climáticos na
secagem do revestimento (vento, insolação, chuva).
A Figura 96 mostra os locais onde foi realizado o ensaio de resistência de aderência
à tração, e a Figura 97, detalhes das superfícies correspondentes a cada CP,
ilustrando as formas de ruptura verificadas logo após o arrancamento, conforme as
porcentagens contidas na Tabela 12.
Figura 96 – Locais do ensaio de resistência de aderência à tração.
1
2
4
5
6
3
4
5
6
155
Figura 97 Detalhes das superfícies de ruptura após o teste de arrancamento
dos CP’s.
1 2 3
4 5 6
156
6.3.2. Permeabilidade à água
As avaliações de permeabilidade feitas no revestimento em pó-de-pedra são
apresentadas na Tabela 13 e na Figura 98.
Tabela 13 – Permeabilidade à água no revestimento em pó-de-pedra.
Tempo
(minutos)
Ponto 1
(cm
3
)
Ponto 2
(cm
3
)
Ponto 3
(cm
3
)
1 0,00 0,25 0,30
2 0,05 0,50 0,50
3 0,10 0,65 0,70
4 0,10 0,80 0,90
5 0,25 0,95 1,10
6 0,30 1,10 1,35
7 0,30 1,20 1,50
8 0,30 1,35 1,70
9 0,35 1,50 1,90
10 0,40 1,60 2,05
11 0,40 1,70 2,20
12 0,40 1,80 2,40
13 0,45 1,95 2,55
14 0,50 2,05 2,70
15 0,50 2,15 2,85
157
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Tempo (minutos)
Permeabilidade (cm ³)
Cachimbo 1
Cachimbo 2
Cachimbo 3
Figura 98 Evolução da permeabilidade com o tempo para cada ponto
ensaiado.
É possível notar que o ponto 1 apresenta um comportamento diferenciado, visto que
sua permeabilidade é bastante baixa se comparada à dos demais locais ensaiados:
aos 15 minutos ela foi de 0,50 cm³, correspondente à permeabilidade aos 2 minutos
nos pontos 2 e 3. Os testes com os cachimbos 2 e 3 obtiveram resultados
aproximados até os 5 minutos, mas, a partir de então, o local 3 se mostrou mais
permeável.
Essa diferença de resultados entre os três pontos estudados, localizados em
paredes distintas (Figura 99), pode ser causada por diversos fatores, dentre eles a
espessura da camada de revestimento que, no caso, não é uniforme, devido às
características originais da edificação. A argamassa em pó-de-pedra possui
espessuras que variam de 0,5 a 1,5 cm na fachada do Ed. Thibau.
158
Cachimbo 1 Cachimbo 2 Cachimbo 3
Figura 99 – Locais de realização do ensaio de permeabilidade à água.
Ademais, a permeabilidade é diretamente proporcional à relação
água/aglomerantes, que não possui um valor preciso no traço final da argamassa de
pó-de-pedra, pois a água vai sendo acrescentada aos poucos na mistura, até que se
atinja, empiricamente, uma boa consistência. Assim, os menores valores na
evolução da permeabilidade no cachimbo 1 podem ter ocorrido devido a uma menor
relação água/aglomerantes. Pelo mesmo raciocínio, é provável que o local do
cachimbo 3, mais permeável, possua maior relação água/aglomerantes que os
pontos 1 e 2.
Para fins de comparação, utilizaram-se as medidas de permeabilidade para uma
argamassa de cimento, cal e areia com traço de 1:1:6 obtidas por Carvalho Júnior
(2005) na sua pesquisa para avaliação da aderência de revestimentos
argamassados. Nesta, o maior valor medido aos 15 minutos de contato da água
presente no cachimbo com a superfície da argamassa foi de 2,30 cm³, sendo que,
no caso do Ed. Thibau, este valor foi de 2,85 cm³ (ponto 3). Observa-se, portanto,
que a permeabilidade máxima foi maior para a argamassa de pó-de-pedra que para
a argamassa estudada por Carvalho Júnior (2005), porém os traços utilizados o
diferentes em cada caso.
159
6.4. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS COMPONENTES DA ARGAMASSA
6.4.1. Granulometria
A Tabela 14, a seguir, apresenta a composição granulométrica do pó-de-pedra.
Tabela 14 – Composição granulométrica do pó-de-pedra.
NBR 11579 (seco)
NBR NM 46 (úmido)
Peneira
(mm)
Material retido
(g)
% Retida
Material retido
(g)
% Retida
0,075 125,30 62,65 344,20 68,84
Massa total 200,00 - 500,00 -
Pode-se observar que os resultados obtidos a seco e a úmido são semelhantes, com
porcentagens retidas entre 60 e 70%, significando que o -de-pedra utilizado na
restauração do Ed. Thibau é constituído, em sua maior parte, por partículas com
dimensões maiores que 0,075 mm. Assim, nota-se que esse material não atende à
classificação da NBR 7225 (ABNT, 1993a), que considera como pó-de-pedra aquele
resultante da britagem de rochas com dimensão nominal máxima inferior a
0,075 mm. Diante das terminologias estabelecidas por esta mesma norma, o pó-de-
pedra em estudo se aproximaria mais de uma areia fina artificial se levado em
consideração o tamanho médio aproximado da maioria das partículas (entre 0,42 e
0,075 mm).
Com os resultados contidos na Tabela 14, é possível concluir que o pó-de-pedra é
constituído de uma fração grossa (cerca de 2/3 do material) - agregado miúdo, e de
uma fração fina (aproximadamente 1/3) - adição mineral. Entretanto, observa-se que,
na execução da argamassa de restauro do Ed. Thibau, o pó-de-pedra foi utilizado,
essencialmente, como uma adição mineral na mistura dos aglomerantes, na
proporção 1:1:3 (cimento branco:cal:pó-de-pedra).
160
A Figura 100 retrata a fração passante no ensaio a seco e a Figura 101 a
porcentagem retida no teste a úmido.
Figura 100 Material passante na peneira 0,075 mm no ensaio a seco da NBR
11579 (ABNT, 1991) .
Figura 101 Material retido na peneira 0,075 mm no ensaio a úmido da NBR
NM 46 (ABNT, 2003b).
161
A Tabela 15 apresenta a composição granulométrica da granitina fina.
Tabela 15 – Composição granulométrica da granitina fina.
Composição
granulométrica
Módulo de finura: 3,20
Dimensão máxima característica: 2,4 mm
Peneiras
(mm)
Material retido
(g)
% Retida % Retida Acumulada
4,8 0 0 0
2,4 0 0 0
1,2 165,0 24 24
0,6 521,1 74 98
0,3 7,2 1 99
0,15 1,8 0 99
Fundo 5,1 1 100
Total 700,2 100 -
Na composição granulométrica da granitina fina, a maior porcentagem do material
ficou retida na peneira 0,6 mm e a dimensão máxima característica obtida foi de
2,4 mm.
A massa retida em cada uma das peneiras e no fundo do conjunto somaram
700,2 g, diferindo da quantidade de material inicial da amostra (702,0 g) em 0,26%,
ou seja, porcentagem inferior à máxima perda de 0,3% exigida pela NBR NM 248
(ABNT, 2003d).
O módulo de finura obtido para a granitina fina foi de 3,20.
162
A Tabela 16, a seguir, apresenta a composição granulométrica da granitina grossa.
Tabela 16 – Composição granulométrica da granitina grossa.
Composição
granulométrica
Módulo de finura: 3,98
Dimensão máxima característica: 2,4 mm
Peneiras
(mm)
Material retido
(g)
% Retida % Retida Acumulada
4,8 0 0 0
2,4 0 0 0
1,2 689,6 98 98
0,6 7,8 2 100
0,3 2,0 0 100
0,15 0,9 0 100
Fundo 1,2 0 100
Total 701,5 100 -
No caso da granitina grossa, a maior porcentagem do material ficou retida na
peneira 1,2 mm e a dimensão máxima característica obtida também foi de 2,4 mm,
como na composição granulométrica da granitina fina.
A massa retida em cada uma das peneiras e no fundo do conjunto somaram
701,5 g, diferindo da quantidade de material inicial da amostra (702,0 g) em 0,07%,
porcentagem inferior à perda máxima normatizada de 0,3%.
Apesar de os dois tipos de granitina possuírem a mesma dimensão xima
característica, percebe-se que, por ser constituída por grãos maiores, o valor do
módulo de finura da granitina grossa, de 3,98, é superior ao da fina.
Assim, as granitinas usadas na argamassa de restauração do Ed. Thibau, pela
dimensão máxima característica de suas partículas (2,4 mm), enquadram-se na
classificação de agregado miúdo segundo a NBR 7225 (ABNT, 1993a), visto que
esta considera como agregados deste tipo aqueles com dimensões nominais
compreendidas entre 4,8 e 0,075 mm.
Como comparação, segundo os dados da Tabela 17, apresentados por Ribeiro,
Pinto e Starling (2002), o módulo de finura da granitina fina (3,20) possui valor
163
correspondente ao de uma areia média, utilizada para emboço, e o da granitina
grossa (3,98) equivale ao módulo de finura de uma areia grossa, usada para
concreto e chapisco. Nota-se que, de acordo com essa tabela, as granitinas são
mais grossas que a areia para reboco, pois aquelas já fazem parte da argamassa de
acabamento final da fachada, visto que esta não recebe nenhum tipo de pintura ou
revestimento cerâmico.
Tabela 17 – Classificação das areias quanto ao módulo de finura.
Tipos Módulo de finura - MF Utilização
Areia grossa MF > 3,3 Concreto e chapisco
Areia média 2,4 < MF < 3,3 Emboço
Areia fina MF < 2,4 Reboco
Fonte: RIBEIRO; PINTO; STARLING, 2002.
6.4.2. Massa específica
A Tabela 18 mostra os resultados obtidos no ensaio de massa específica
Tabela 18 – Massa específica.
Material Massa específica (g/cm³)
Pó-de-pedra 2,893
Granitina fina 2,747
Granitina grossa 2,793
Pela observação da massa específica de cada material, percebe-se que o pó-de-
pedra é o que apresenta o maior valor, ou seja, é o que possui o maior grau de
concentração de massa em relação ao seu volume, sem os poros permeáveis. Isso
decorre do fato de ele ser um material mais fino e de possuir uma composição
química diferente daquela das granitinas, conforme será visto no item 6.5 a seguir.
Para a trabalhabilidade da argamassa, provavelmente, a granitina fina é a que
exerce melhor contribuição, visto que sua massa específica é a menor dentre as três
164
obtidas no ensaio, apesar de aquela propriedade também ser melhorada pelo
emprego de agregados com menor módulo de finura.
Para fins de comparação, nota-se que os materiais do revestimento em estudo são
um pouco mais densos que as areias normalmente utilizadas em argamassas e
concretos, que possuem uma massa específica de, aproximadamente, 2,60 g/cm³.
A Figura 102 mostra um detalhe da marca do volume obtido com o conjunto água-
granitina grossa no frasco Chapman.
Figura 102 Detalhe do volume obtido com o conjunto água-granitina grossa
no ensaio utilizando o frasco Chapman.
165
6.5. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA/MINERALÓGICA DOS COMPONENTES DA
ARGAMASSA
6.5.1. Moagem e peneiramento
As Figuras 103 a 105, a seguir, mostram o resultado da moagem e do peneiramento
das amostras de pó-de-pedra, granitina fina e granitina grossa, utilizadas na
realização dos ensaios de DRX e FRX.
Figura 103 – Amostra de pó-de-pedra após moagem e peneiramento.
Figura 104 – Amostra de granitina fina após moagem e peneiramento.
166
Figura 105 – Amostra de granitina grossa após moagem e peneiramento.
6.5.2. Fluorescência de raios-X (FRX)
Por intermédio da FRX, foram determinados os principais elementos químicos
constituintes das amostras de pó-de-pedra, granitinas fina e grossa, conforme
apresentado na Tabela 19. Os espectros obtidos no ensaio de cada material podem
ser vistos no Anexo A.
Tabela 19 – Elementos químicos resultantes da FRX.
Amostra Alto teor dio teor Baixo teor Traços
Pó-de-pedra Ca, Mg, O Fe Mn Cr, K, Cl, S, Si, Al
Granitina fna Ca, Mg, O - Si Fe, Al, K
Granitina grossa Ca, Mg, O - Si Al, Cu, Fe, Cr, K, S
Nota-se que, nos três casos, um predomínio de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e
oxigênio (O). No pó-de-pedra há, ainda, ferro (Fe) e manganês (Mn) em médio e
baixo teores, respectivamente, elementos que oferecem tonalidade ao material. As
granitinas apresentam composições semelhantes entre si, diferenciando-se apenas
nos traços de alguns elementos encontrados.
167
6.5.3. Difração de raios-X (DRX)
A partir da DRX, com o auxílio dos resultados obtidos na FRX, foi possível efetuar
uma análise mineralógica das amostras de pó-de-pedra e das granitinas.
Na amostra do pó-de-pedra (Figura 106), houve a predominância de picos cristalinos
característicos de dolomita (CaMg(CO
3
)
2
), existindo também traços de quartzo (SiO
2
)
e caulinita (AlSi
2
O
5
(OH)
4
).
Figura 106 – Espectro de difração da amostra de pó-de-pedra.
Tanto para a granitina fina (Figura 107), quanto para a granitina grossa (Figura 108),
os resultados foram semelhantes. Notou-se a presença de muitos picos de dolomita
(em menor quantidade, entretanto, que no pó-de-pedra), seguidos por outros
característicos de calcita (CaCO
3
) e, em proporção muito pequena, verificou-se
também a presença de quartzo.
Apesar de, na maioria das restaurações em edificações art déco, ser utilizada a mica
na argamassa de pó-de-pedra, seguindo a composição original desta, aquele
mineral não foi identificado nos resultados da DRX para o caso do revestimento
restaurado do Ed. Thibau.
168
Figura 107 – Espectro de difração da amostra de granitina fina.
Figura 108 – Espectro de difração da amostra de granitina grossa.
169
O quartzo é um mineral duro (dureza 7 na escala MOHS), de cor branca ou incolor,
podendo também apresentar outras variedades, como roxo, amarelo, vermelho,
preto, etc. É transparente ou opaco, possui densidade 2,65 e está presente em
rochas ígneas tipo ácidas (SiO
2
> 65%), tal como o granito. Devido à sua resistência
ao intemperismo, é também um importante constituinte de muitos depósitos de areia,
pedregulho e arenitos, exemplares de rochas sedimentares silicosas (LEINZ;
AMARAL, 1989; MEHTA; MONTEIRO, 1994).
A calcita possui cor branca, rósea, cinza ou amarela, brilho vítreo, dureza 3 na
escala MOHS e densidade 2,7. A dolomita apresenta cor branca ou cinza-
amarelada, brilho vítreo, dureza 3,5 na escala MOHS e densidade 2,85 (LEINZ;
AMARAL, 1989).
A calcita (carbonato de cálcio) e a dolomita (carbonato de cálcio e magnésio) são
minerais carbonáticos. A dolomita é o principal mineral presente no dolomito e a
calcita o principal componente do calcário; no calcário dolomítico, 50 a 90% da
composição é de calcita e o restante de dolomita e, no dolomito calcítico, 50 a 90% é
de dolomita e o restante de calcita. Geralmente, a cor do dolomito e do calcário é
branca, mas pode ser cinzenta azulada, cinzenta escura, negra, amarelada ou
acastanhada. As rochas sedimentares carbonáticas são menos duras que as
silicosas, entretanto, geralmente, produzem agregados de qualidade satisfatória
(MEHTA; MONTEIRO, 1994).
A caulinita é um argilomineral de alumínio hidratado. Os argilominerais, que
consistem essencialmente de silicatos hidratados de alumínio, magnésio e ferro, são
os principais constituintes das argilas e folhelhos. Eles são de baixa dureza e se
desintegram pela ação da água; algumas argilas sofrem grandes expansões na
presença desta. Portanto, argilominerais não são usados diretamente como
agregados, mas podem estar presentes como contaminantes em um agregado
natural, o que ocorre freqüentemente em rochas sedimentares (MEHTA;
MONTEIRO, 1994).
Pela análise mineralógica dos componentes da argamassa de -de-pedra, é
possível concluir que, de forma geral, as rochas predominantes são o dolomito e o
calcário. Nota-se que a utilização destas se deu, provavelmente, muito mais em
170
função da tonalidade necessária para os materiais do que devido às demais
características dos minerais constituintes. Para as granitinas, o calcário e o dolomito
foram importantes para propiciar a cor branca dos grãos e, para o pó-de-pedra,
conforme a análise química da FRX, é possível que tenham sido acrescentados ferro
e manganês na composição para auxiliar na obtenção da cor perolada do material.
171
7. CONCLUSÕES
Após a realização dos testes na fachada do Ed Thibau, edificação escolhida para o
estudo de caso, os resultados foram analisados e compilados em tabelas e gráficos,
e foi feita a avaliação do desempenho do revestimento em pó-de-pedra restaurado.
No ensaio de resistência à compressão axial, em comparação com estudos
realizados por outros autores, foram obtidos bons resultados, tanto para a
argamassa mais forte (relação água/aglomerantes de 0,19), quanto para a mais
fraca (relação água/aglomerantes de 0,22). Pelas médias dos resultados
apresentados nesse ensaio, 15,0 e 16,7, de acordo com os requisitos estabelecidos
pela NBR 13281 (ABNT, 2005c), a argamassa de pó-de-pedra possui classe P6
(resistência à compressão maior que 8,0 MPa).
Em relação à resistência de aderência à tração, o revestimento foi aprovado, visto
que as tensões de ruptura de cinco dos seis CP’s ensaiados foram maiores que
0,30 MPa, valor recomendado pela NBR 13749 (ABNT, 1996b) para, no mínimo
quatro CP’s.
As medidas realizadas com o método do cachimbo indicaram que não há um padrão
único de permeabilidade na edificação, visto que, no preparo da argamassa de pó-
de-pedra, não uma quantidade exata de água a ser adicionada. Provavelmente,
as diferenças nas relações água/aglomerantes ocorrem, até mesmo, entre panos
diferentes de revestimento em uma mesma parede, principalmente se executados
com argamassas preparadas em momentos distintos e/ou por operários diversos.
Como a relação água/aglomerantes influencia diretamente na permeabilidade, o
ideal seria que se estabelecesse um traço com uma proporção exata de água, sem
interferir nas demais propriedades, a fim de se evitarem variações no
comportamento da argamassa.
Na composição da argamassa estudada nesta pesquisa, o pó-de-pedra, com maior
massa específica que as granitinas, é utilizado como adição mineral na mistura dos
aglomerantes (cimento branco e cal). As granitinas, por sua vez, pela dimensão
máxima característica de suas partículas (2,4 mm), são os agregados miúdos da
mistura segundo classificação da NBR 7225 (ABNT 1993a); e, devido à sua menor
172
massa específica e ao seu menor módulo de finura, a granitina fina é o agregado
que melhor deve contribuir para a trabalhabilidade da argamassa de pó-de-pedra.
No ensaio de FRX, foi possível verificar que os elementos químicos predominantes
no pó-de-pedra e nos dois tipos de granitina são o cálcio (Ca), o magnésio (Mg) e o
oxigênio (O). Em seguida, com a DRX, como se percebeu grande presença de
dolomito nos três materiais e de calcário no caso das granitinas, pode-se inferir que
essas rochas foram utilizadas para dar a tonalidade aos grãos, visto que parecem
não exercer influência em outras características como resistência ou permeabilidade;
no caso do pó-de-pedra, acrescentaram-se ferro e manganês para, provavelmente,
oferecer cor perolada ao material.
Em relação aos traços utilizados na preparação da argamassa, observa-se que a
utilização da cal como aglomerante pode ter sido importante para o bom
desempenho em relação à resistência de aderência à tração do revestimento em pó-
de-pedra e para a melhoria da trabalhabilidade. Como a cal é boa retentora de água,
ela impede que a base do revestimento absorva a água necessária à hidratação do
cimento e mantém a plasticidade necessária para a aplicação da argamassa. Além
disso, a cal aumenta a extensão da aderência e endurece lentamente, mantendo a
argamassa “elástica” e resistindo a fissuras durante seu processo de carbonatação.
Os ensaios realizados nesta pesquisa foram de grande importância para a
compreensão de algumas propriedades e do desempenho do revestimento de pó-
de-pedra de maneira mais ampla, indo além de uma análise puramente estética. Isso
possibilitará que outras restaurações deste tipo de argamassa sejam feitas levando
sempre em consideração análises técnicas e de caráter científico.
173
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As questões relativas à manutenção do patrimônio histórico-cultural de uma cidade
têm ganhado relevância não para arquitetos e engenheiros, como também para
comunidades locais e até para o Poder Público, que vem demonstrando um maior
interesse nessas questões. Na revisão bibliográfica, abordou-se o assunto por meio
do estudo da evolução das teorias do restauro e de seus reflexos nas intervenções
realizadas até os dias atuais.
A maior preocupação do arquiteto-restaurador é manter a memória histórica das
edificações, diferenciando o processo de restauração de uma simples reforma. E é
nessa preocupação preservacionista que se baseou este estudo de caracterização e
utilização de pó-de-pedra em revestimentos para restauração de edificações
históricas em estilo art déco.
Com isso, diante da utilização de materiais novos em edificações históricas, foi
verificado o desempenho do revestimento utilizado na restauração da fachada do
Ed. Thibau e foi feita a caracterização dos componentes utilizados na argamassa.
Apesar de esta dissertação ter sido baseada em um estudo de caso, as informações
obtidas poderão ser úteis também em outras obras de restauro utilizando o
revestimento em pó-de-pedra.
Para o restauro de imóveis históricos com o uso de novos materiais, deve ser
realizada uma análise prévia das técnicas construtivas aplicadas originalmente na
edificação. O estudo dos materiais constituintes das construções, com o auxílio de
ensaios laboratoriais e de levantamento de dados, deve anteceder qualquer projeto
de restauração, de forma a proteger ao máximo a integridade construtiva e histórica
do edifício.
Para trabalhos futuros, sugere-se fazer um estudo de caracterização dos
componentes da argamassa em pó-de-pedra original, de forma a compará-los com
aqueles utilizados no revestimento atual. Ainda, para complementar a caracterização
química/mineralógica dos componentes da nova argamassa de pó-de-pedra, pode
ser feita uma avaliação microestrutural do revestimento utilizando-se microscópio
174
eletrônico de varredura (MEV) com microanalisador EDS (espectrômetro dispersivo
em energia).
Pode-se sugerir também o beneficiamento (moagem) do pó-de-pedra, com a
finalidade de avaliar-se a influência da presença de diferentes teores de finos neste
material nas propriedades da argamassa: consistência, resistência à compressão,
resistência de aderência à tração, permeabilidade à água, massa específica, dentre
outras.
175
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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conservação de rebocos antigos - o restauro através da técnica de consolidação. In:
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, 6., 2005,
Florianópolis. Anais... Florianópolis: ANTAC, 2005. 1CD.
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do cimento Portland. 7.ed. São Paulo: ABCP, 2002. 28p. (BT-106). Disponível em:
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índice de atividade pozolânica com cimento. Rio de Janeiro, 1992.
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1993a.
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______. NBR 13276: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes
e tetos - preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Rio de
Janeiro, 2005b.
______. NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes
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183
ANEXO A Espectros obtidos na FRX de amostras de pó-de-pedra,
granitina fina e granitina grossa
184
185
186
187
188
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