dinheiro para comprar tintas e ir aos bares. Maria discorda da filha , mas não
consegue justificar algum ganho de André. Começa a contar uma outra história,
negando a falta de colaboração financeira de André.
Atualmente, a família enfrenta sérias dificuldades econômicas. Maria está
afastada do serviço por motivo de dores crônicas e recebe pouco dinheiro por
esse afastamento . A família vive com a aposentadoria de morte deixada pelo
pai de Cláudia, que é um motivo de briga entre Cláudia e Maria. Cláudia afirma
que o dinheiro é dela e que, portanto, não quer que sua mãe sustente André.
Quer guardar seu dinheiro para fazer uma faculdade e gosta de ajudar um
pouco a família. Segundo Cláudia, André é folgado, gasta muito em celular e
bares, nunca traz dinheiro para casa e quebrou financeiramente até a mãe dele,
de tantos gastos feitos.
Maria possui 7 irmãos, assim, na família são 5 mulheres e 3 homens,
sendo que dois irmãos homens morreram, um levou um tiro no rosto, era
bandido, e o outro morreu de HIV, devido às drogas. Sua mãe, atualmente, está
com 80 anos, e o pai é falecido. Maria é a filha caçula da família. Seus pais se
separaram logo após seu nascimento.
Maria qualifica seu relacionamento com sua família como sendo muito
bom e ao mesmo tempo relata as dificuldades familiares e muito sofrimento.
Considera muito seus irmãos, principalmente os homens da família, que a
protegiam das situações difíceis. Ao mesmo tempo que diz serem seus irmão
bandidos, enaltece-os por sua coragem e por serem protetores. Para ela, sua
mãe é, até hoje, muito “trabalhadeira”, ausente por trabalhar demais , mas diz
que é a melhor mãe do mundo. Se não fosse por ela, os filhos não estariam
vivos. Moravam em favela, eram muito pobres, não tinham o que comer. A mãe
trazia, do trabalho no restaurante, as sobras de comida, que eram repartidas
entre todos. Com relação a seu pai, relata grande dificuldade, pois desde 8 anos
a observava no banheiro se trocando e, aos 12 anos, abusou dela sexualmente
por um longo período. O pai era mais velho, estava separado da mãe e pedia
para sua ex- mulher ou para sua filha mais velha levarem a filha caçula, Maria,
para visitá-lo. Nessas ocasiões, ocorria o abuso.
Segundo Maria, o pai não fazia sexo com ela, mas passava a mão e se
esfregava em seu corpo todo. Machucava-a com os dedos, recorda-se da dor
que sentia e até hoje não gosta de sexo, não gosta que o marido a veja nua e
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