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Presidente da República:
Fernando Henrique Cardoso
Ministro da Educação
Paulo Renato Souza
Secretário Executivo:
Luciano Oliva Patrício
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CADA DIA É UMA HISTÓRIA
KANÁTYO, PONIOHOM E JASSANÃ PATAXÓ
ILUSTRAÇÕES
CRIANÇAS PATAXÓ, PROFESSOR DE CULTURA MONGANGÁ,
LUCIDALVA, LUCIENE E RONALDO PATAXÓ
SEF/MEC
SEE-MC
2001
Secretária de Educação Fundamental:
Iara Glória Areias Prado
Diretor de Política da Educação Fundamental:
Walter Kiyoshi Takemoto
Coordenador-Geral de Apoio às Escolas Indígenas:
Jean Paraízo Alves
MEC/SEF/DPE
Coordenação-Geral de Apoio às Escolas Indígenas
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Sala 721
70047-900 - Brasília - DF
Tel. (61) 410-8630 e (61) 410-8997
Fax: (61)410-9274
KANÁTYO.
Cada dia é uma história. / Kanátyo, Poniohom e
Jassanã Pataxó ; ilustrações crianças Pataxó. - Brasília :
MEC ;SEF, 2001.
39 p. : il.
1. Cultura indígena. 2. Educação indígena.
I. Título. II. Poniohom. III. Jassanã Pataxó
CDU37(=081:81)
KANÁTYO, PONIOHOM E JASSANÃ PATAXÓ
CADA DIA É UMA HISTÓRIA
ILUSTRAÇÕES
CRIANÇAS PATAXÓ, PROFESSOR DE CULTURA MONCANCÁ,
LUCIDALVA, LUCIENE E RONALDO PATAXÓ
SEF/MEC
SEE-MC
2001
Apresentação 5
Cada dia é uma história 7
A nossa aldeia Guarani 8
A vida do Pataxó antigamente 10
Nosso jeito de viver 12
Como se faz farinha de puba 14
Como se faz o munquem 14
Textos das crianças Pataxó 15
Nosso jeito de morar e vestir 16
Nosso jeito de comunicar 17
A floresta era nossa farmácia 18
Língua Pataxó 19, 20 e21
O canto é a nossa mensagem 22
Todos trabalham para todos 24
Os seres da mata 26 e 27
Hamãy 28
Vivendo e caminhando no universo 29
Fazendo arco 30
As pinturas 32
A festa das águas 34
Angoho Hukab Antxuab 35
Nosso jeito de governar 36
A lenda da mandioca 37
O índio e a árvore que falava 38
A menina que virou pássaro cavala 39
ÍNDICE
O projeto arquitetônico da escola foi baseado no desenho do nosso cacique Mongangá
com a colaboração de Sijanete.
APRESENTAÇÃO
Há muitos e muitos anos nosso povo ficou com a voz adorme-
cida, esquecido no passado, sem ter um espaço para falar de
sua vida.
Hoje estamos em outro tempo, lutamos e garantimos o nosso
direito de expressar os nossos saberes que estão guardados
em nossa memória.
Este livro é um fruto do nosso trabalho que estamos realizan-
do em nossa escola Indígena Pataxó Bacumuxá.
Queremos agradecer a nossa amiga Márcia Spyer pela longa
caminhada que fizemos juntos para conquistarmos a nossa
Escola Indígena Diferenciada.
Agradecemos também nossas crianças, nossos velhos, nossa
comunidade e todos aqueles que nos ajudaram a organizar
este livro.
Através da nossa escola estamos enxergando novos hori-
zontes. Ao conhecer bem o nosso passado, podemos organi-
zar e preparar melhor a vida dos nossos descendentes prós
dias que estão por vir.
Os autores
Cada povo tem a sua própria história.
Cada ser que habita na terra tem a sua história e seu próprio
jeito de fazer história.
Cada povo tem um conhecimento sobre seu próprio mundo.
Cada povo tem seus valores, suas sabedorias queo
guardadas num livro grande que se chama memória.
Na memória do nosso povo tem histórias tristes, de medo, de
alegria, de sofrimento, de fracasso, de êxito e coragem.
Cada dia que se vai é uma história.
Cada dia que se vem é uma outra história.
Cada dia devemos ficar mais atentos para registrarmos nossa
história.
Conhecendo bem o nosso passado, poderemos construir bem
o nosso futuro.
CADA DIA É UMA
HISTÓRIA
A NOSSA ALDEIA
GUARANÍ
Nossa aldeia Guarani é muito bonita. Aqui tem muitas mon-
tanhas, água, bichos e passarinhos.
No tempo antigos tínhamos uma expansão de terra que
vinha do sul da Bahia, Espírito Santo e entrava até no Vale do
Jequitinhonha, MG.
Antigamenteo tinha limite, o índio ia onde pensava de ir.
Depois de muito tempo de invasão de nossa terra fomos obri-
gados a fugir para outros lugares.
Hoje temos a nossa terra garantida, aqui estamos fazendo o
nosso próprio mundo para viver com nossos filhos que estão
nascendo.
Nossa terra é localizada em Carmésia, no Estado de Minas
Gerais. Aqui em nossa aldeia estamos construindo um novo
sistema de viver com todos os seres que habitam aqui.
A VIDA DO PATAXÓ
ANTIGAMENTE
Nos tempos mais antigos, nós, Pataxó, vivíamos na aldeia
Barra Velha. Lá é a nossa casa velha que criou todos os seus
filhos.
O nosso sustento, sempre tirávamos do mangue: guaiamum,
caranguejo, aratu, ostras, ouriço, lagosta, camarão, buzo,
moréia e outros. Da mata caçamos paca, anta, teiu, mutum e
outros bichos e passarinhos. Do rio a gente pescava cumbaca,
traíra, corro, jundia e outros peixes.
Naquele tempo o índio vivia no meio da fartura,o precisa-
va ir muito longe para achar comida
Os pataxó faziam as seguintes armadilhas para pegar peixes:
Suru é feito de ripa e cipó. Jequiá e cajuo feitos de cipó. O
chiqueiro é feito com madeira: finca na beira do rio, tampa
por cima para os peixeso sair. Colocavam na mata para
pegar caça: o mundéu, arataca, quizo e fojo. A imbira servia
para fazer laço e arapuca. Existe laço para pegar caza pelo
meio, pescoço e.
ARMADILHAS
Os índios antigamenteo sabiam o que era dinheiro, então
faziam samburá, feito de cipó, que usavam para tudo. O
tamanho do samburá dependia do tamanho da pessoa. Os
velhos colocavam os meninos para buscar mucujé, piquiá,
goti, amora. Quando chegavam em casa estavam com o sam-
burá cheio de frutas.
Os pataxó comiam no chão no meio da casa. As famílias fa-
ziam uma grande roda e ae dividia a comida para todos.
Os ossos da caça e os espinhos dos peixes eram colocados
numa grande cuia. Depois jogavam para os cachorros. Os vel-
hos diziam que era parao espantar as caças e os peixes da
armadilha.
Suas comidas preferidas eram farinha de puba, carne de caça,
peixes e mariscos. O índio pataxó fazia o cozido com folhas de
patioba; o buraco era feito na terra. Só comiam carne do mato
cozida, assada e munquinhada.
NOSSO JEITO DE
VIVER
COMO SE FAZ FARINHA
DE PUBA?
Como se faz farinha de puba: coloca a mandioca dentro
d'agua, deixa uns dias até ela ficar bem mole. Depois rala a
mandioca e mistura com o que está dentro da água. Em segui-
da prensa e amassa e deixa algumas horas, peneira e torra e
está pronta para comer. O índio comia a farinha com coco de
naiá, mangaba e outros.
COMO SE FAZ O
MUNQUEM?
Como se faz o munquem: o munquem é feito para munqui-
nhar carne. A carne fica muito gostosa. Depois que a carne é
munquinhada ela fica até uma semana ou mais sem precisar
salgar. Antigamente o índioo tinha sal, por isso a carne das
caças e peixes era munquinhada para ficar muitos dias sem
perder. A carne ficava sempre na beira do fogo; quando o
índio queria comer, tirava uns pedacinhos e comia com farin-
ha de puba.
TEXTOS DAS CRIANÇAS
PATAXÓ
EU ESTOU COM VONTADE DE COMER.
UM DIA, EU MAIS MEU PAI FOMOS NO MATO
CONSERTAR A ÁGUA. DAÍ EU MAIS MEU PAPAI VIMOS
MACACO. DAÍ EU QUERIA PEGAR UM PARA A COMIDA
FICAR FORTE.
EU GOSTO DE PEGAR COCO PARA QUEBRAR COM A
PEDRA. O COCO É MUITO GOSTOSOl
EU ESTAVA BRINCANDO NO PÉ DE JACA-PINHA. LÁ
TINHA UMA JACA MADURA, EU COLHI E LEVEI PARA
casa
EU GOSTO DE COMER GALINHA. O MEU PEDAÇO
PREFERIDO É A MOELA.
EU ESTAVA NA ROÇA COLHENDO MANDIOCA. DEPOIS EU
ESTAVA COZINHANDO.
EU ESTOU PEGANDO JABUTICABA.
NOSSO JEITO DE
MORAR E VESTIR
Antigamente os índios Pataxó viviam andando
pelas matas colhendo frutas e caçando. Suas
casas eram construídas com varas e cobertas com
palha de ourikana, naiá, marimbú e folha de patioba. O fogão
para cozinhar era feito do lado de fora da casa. Naquele tempo
os índios de nossa aldeiao tinham roupas. Caçavam animais e
tiravam a pele para fazer sua roupa. Usavam a pele por muito
tempo; sóo podiam sair na chuva, seo a pele estragava.
NOSSO JEITO DE
COMUNICAR
Os Pataxó mais velhos se comunicavam através de sinais,
cortes em madeiras, folhas de Patioba, rastros, imitação de
pássaros e assovio com as mãos (tocar boré).
Quando estavam na mata e ficavam perdidos dos compa-
nheiros, deixavam cortes nos troncos das árvores.
Também tocavam boré com as mãos que é um tipo de assovio e
batiam num pau que tinha oco, imitando a batida do pica-pau.
Também pegavam na folha da patioba e batiam, fazendo ela
dar um estalo. E conheciam mensagens deixadas pelos rastros
das pessoas.
E imitavam a capoeira, o caburé e outros pássaros para trans-
mitir mensagens e para fazer a caçada.
A FLORESTA ERA
NOSSA FARMÁCIA
Antigamente nossos velhos co-
nheciam várias plantinhas que
serviam para remédio. O pagé
era uma pessoa que conhecia as
plantas e por isso ele sempre fazia remédio para curar
os doentes. O tempo vai passando e as plantaso aca-
bando e hoje está difícil encontrar as plantas que tinham
antigamente.
LÍNGUA PATAXÓ
O CANTO É A NOSSA
MENSAGEM
O canto é um instrumento de comuni-
cação entre os Pataxó.
O canto faz viajar por mundoso
distantes que conhecemos ou não.
A voz é um espírito que sempre viaja
levando mensagens entre as pessoas.
A voz e a palavra caminham juntos
por toda parte da terra.
A voz do índio é a voz dos pássaros,
das águas, das nuvens, das pedras, do
vento, do sol, da lua...
Através do nosso canto podemos con-
tar a história do nosso passado.
Livrinho "O poniohom é epoxei",
feito pelas crianças Pataxó
TODOS TRABALHAM
PARA TODOS
A chuva cai, as plantas crescem eo frutos.
O sol vem, aquece a terra, dando luz durante
o dia.
A noite cai, vem a escuridão e os vagalumes
saem iluminando os trabalhadores noturnos.
A lua vem e nos ensina como devemos plan-
tar, pescar, caçar e nos passa outros ensina-
mentos.
O vento vem, balança as sementinhas secas
das árvores, que caem no chão dando novas
árvores.
A terra é nossae acolhedora que nos
acompanha cada passo que damos em nossa
vida.
Enfim, eu trabalho para a terra e a terra tra-
balha para me esperar.
SERES DA MATA
PÉ DE MACHADO: O pé de machado é o espírito de um ser
que vive na mata. Ele gosta muito de mel. Quando ele ouve
alguém cortando pau para tirar mel, faz a pessoa correr
assombrada. Ele tem a cabeça cabeluda, um queixo grande e
oss como um machado.
BICHO CIPOERO: O bicho cipoero é o dono do cipó e a sua
moradia é no meio deles. Ele tem um cabeção e corpo fino,
como um cipó. Ele assusta as pessoas queo cortar cipó.
PAI DA MATA: O pai da mata é o protetor da mata. Ele é cabe-
ludo, tem o umbigo grande e pode ser confundido com um pé
de palmeira piaçaba.
VELHA DO PIRULITO: A velha do pirulito mora na mata e
tem os peitos em forma de pirulitos. Atrai as crianças com
seus pirulitos. Eles cheiram de muito longe deixando as cri-
anças abobadas e carregando-as para o meio da mata.
LOMBETA: O lombêta é um ser que mora nas roças de man-
dioca. Ele gosta de beber cauim. O cauim é uma bebida que
nós, Pataxó, fazemos da mandioca. O lombêta é barrigudo
com a boca bicuda e a língua comprida. A sua língua vai se
esticando até beber o cauim. Quando a índia faz cauim,e
três pedaços de carvão e duas varinhas em cruz em cima do
cajo (vasilha feita de pau onde coloca o cauim). Quando o
lombêta bebe o cauim, ele fica espumado.
TIGUM-LIM-GUMBÊ: O tigum-lim-gumbê é um espírito de
um ser que mora na mata. Ele gosta de pegar criança
teimosa e pessoas que gostam de andar à noite. Ele é cabe-
ludo, tem unhas grandes, olho grande com a
beirada avermelhada e com a bocona achatada.
CAFUM-CAFUM: O cafum-cafum é um espírito,
rei da dança da mata. Ele tem a cabeça grande
esquadrada, bocão, olhão pelancudo; é narigudo,
barrigudo e bundudo com as canelas finas.
CAVEIRA: A caveira é um ser que mora no pé de
goti (um pé de árvore que dá um fruto com o
mesmo nome). Se alguém vai pegar goti, se ela
estiver, corre atrás da pessoa. A caveira tem
cabeça sem cabelo, olhos fundos, dente de fora e
anda arrastando suas tripas pelo chão.
Desde os antepassados, a Hamãy vem
protegendo os nossos animais. Os nos-
sos velhos levavam fumo para ela,
porque ela gostava de fumar.
Colocavam o fumo numa taboca,
socavam e deixavam curtir. Seo le-
vassem o fumo poderiam levar um pedaço de pano vermelho
(ou qualquer coisa vermelha). Mas, comoo existia pano,
tintava imbira com tinta (arariba) da árvore do mato que serve
como tinta. Quando levava o presente certo, facilitava a caça-
da; mas quandoo levava, ela dava uma surra.
A surra que davao era para deixar machucado e, sim, pedi-
do no meio da mata. Mas logo desconfiavam que era a Hamãy
que os deixava perdidos poro terem levado o presente.
Quando ficavam perdidos, pegavam a folha da patioba e da-
vam um. Aí faziam o desembaraço. Então encontravam o
caminho de volta para casa.
Ela fazia isso porque é protetora dos animais. Também surra-
va as pessoas queo tinham devoção, e caçavam sem ter pre-
cisão. O grito da Hamãy é diferente do da coruja, mas muitas
pessoas acham que Hamãy grita igual a coruja.
Todas as noites ela junta a caçarada, mas quandoo estão
todas, vai à procura e encontra. Muitas estão feridas,o
agüentam voltar para casa. Hamãy leva com carinho para
cuidar. Contam os nossos antepassados que um dia ela deci-
diu levar um índio que caçava sem precisão, atirava nos ani-
mais.
Então decidiu levá-lo para cuidar dos animais feridos.
Chegando no lugar onde todos os bichos estavam, viu muitos
animais feridos. Hamãy fez ele cuidar de todos.
A Hamãy é um espírito (protetora dos nossos animais) e da
cultura pataxó.
HAMÃY
A terra, o sol e a lua caminham
pelo universo.
Eu também caminho todos os
dias de minha vida.
Quando olho ou durante a
noite, estou caminhando pelo
universo.
Quando faço um artesanato, um
desenho ou uma música, estou
viajando no mundo da arte.
Todos fazemos parte do univer-
so e caminhamos sempre juntos.
VIVENDO E
CAMINHANDO
NO UNIVERSO
FAZENDO ARCO
Quando o dia vem amanhecendo,
eu acordo, ascendo o fogo, lavo o
rosto, tomo café e às 7:00 horas
pego o machado, o facão, e vou
para a mata tirar madeira.
Quando eu saio de casa vou
dando passos até chegar onde
tem as madeiras queo próprias
para fazer arcos.
Lá na mata eu vejo a maritaca, o
jacu, o bem-te-vi, oo e outros
bichos. Aí eu procuro um pé de
árvore bem linheiro, derrubo,
racho e tiro vários pedaços. Corto
um cipó, amarro e volto para casa às 11:00 horas.
Quando chego em minha casa, minha mulher está me
esperando com galinha munquinhada.
Coloco os pedaços de madeira no terreiro e depois como,
bebo água, converso com meus filhos e descanso meia hora.
O arco tem um bajau para carregar as flexas.
O arco e o bajauo tecidos com talisca de bambu e embira.
Geralmente a embira é tingida com murtinha e araúba.
As taliscaso do mesmo tamanho, nenhuma pode ser
maior do que a outra.
Depois que o arco e o bajau estão tecidos, enfeitamos com
penas para ficarem ainda mais bonitos. Com as cores da
natureza.
Os tecimentosm vários desenhos que representam casco
de tatu, malha de cobra e outros significados.
Cada pintura tem o seu significado. Tem a
pintura que significa espinho de peixe
encantado. Esse índio casou com uma índia
muito bonita e ela virou a dona da água.
Quando os índios iam atravessar para o
outro lado do rio, o peixe virava ponte e os
índios passavam por cima dele. Tem pintura
que significa cipó escada. Hamây sobe nele
para descansar e gritar a seus animais.
A$ PINTURAS
FESTA DAS AGUAS
No dia 5 de outubro,s festejamos a festa das águas.
Nesse dia, reúnem-se os homens, mulheres, jovens e cri-
anças.
As famílias levam mandioca, farinha de puba e carne
para cozinhar e assar.
Durante a festa,s cantamos para as famílias, as cri-
anças, os protetores da mata, a lua, o sol, a terra e as
águas.
s fazemos essa festa para nos fortalecer e dar saúde
para a nossa comunidade.
Depois que terminamos de fazer os nossos rituais,s
vamos tomar banho no córrego para purificar o nosso
corpo. Essa festa paras é muito importante porque a
água é o principio da nossa vida.
ANGOHO HUKAB
ANTXUAB
Angoho Hukab Antxuab é nosso awé.s
fazemos-essa dança e esse canto para receber
a lua cheia.
ANGOHO : lua
ANTXUAB: bonita
HUKAB: está
NOSSO JEITO DE
GOVERNAR
O cacique é uma pessoa muito importante em nossa
aldeia. Ele organiza e representa a nossa comunidade lá
fora. Todoss devemos respeitar o cacique e ele tam-
m deverá respeitar a sua comunidade. O caciqueo
trabalha sozinho, sempre tem apoio da comunidade
para fazer o seu trabalho. Para um índio ser cacique,
tem que ser muito forte e aprender desde criança a
lutar e defender seu povo. O cocar, maracá, colar e outros
enfeites do caciqueo diferentes de todos os outros
índios da aldeia.
A LENDA DA
MANDIOCA
Contam os nossos antepassados que um índio tinha uma
linda filha. Todos da aldeia gostavam dela; algumas
índias ficavam com inveja. Mas é normal. Ela chamava
Mandi. Tinha cabelos longos e pretos, olhos esticados,
pele morena.
Então, um dia, Mandi ficou doente, seus pais ficaram
preocupados sem saber o que fazer.o conheciam o que
ela tinha, mas mandaram chamar o pajé para vir vê-la.
Quando chegou já era tarde. Mandio resistiu. Todos
da aldeia vieram ver e choraram por sua partida. Mas até
hoje acreditam que Mandio morreu, e está aqui, fazen-
do parte da nossa cultura. Por Mandi ser uma pessoa boa,
que respeitava todos da aldeia, o cacique e o pajé decidi-
ram enterrar seu corpo dentro de uma oca de religião.
o enterraram fundo, apenas num buraco raso. Após
uns dias notaram que havia no lugar do seu corpo,
nascendo, uma linda planta. Deixaram a planta crescer
com tempo, tiraram-na e tinha raiz (longa, casca morena,
e por dentro era branca) Então o pajé e o cacique reuni-
ram a aldeia e apresentaram a planta. E falaram:
- Aqui está a Mandi. Elao morreu; nem quis que seu
povo passasse fome, pois todos podem provar dessa
raiz, que é um delicioso alimento. Foi aí que deram o
nome de Mandioca, porque enterraram Mandi dentro da
oca. Por isso deram o nome de Mandioca. Como eu disse,
até hoje a mandioca é da nossa cultura e representa muita
coisa boa paras índios; porque é dela que fazemos
cauim, farinha, beiju, tapioca, carimã, e comemos sua
raiz.
Queremos queo acreditem que seja apenas uma lenda,
mas que é uma realidade, porque realmente a mandioca
existe.
O ÍNDIO E A ÁRVORE
QUE FALAVA
Um dia um índio foi para a mata caçar. Chegando bem dis-
tante da aldeia, encontrou com uma árvore que falava.
Naquele momento, a árvore perguntou pro índio: Amigo
índio, você vai pra onde? O índio respondeu: Estou caçando
uma caça para alimentar meus filhos.
A árvore respondeu novamente: Segue por este lado que
você vai encontrar muitas e muitas caças.
Animado, o índio seguiu o caminho que a árvore lhe ensinou.
De repente, o índio saiu numa velha casinha de palha.
Quando olhou para sua frente, percebeu uma fumacinha
bem longe.
O índio olhou e pensou:
Deve ser a Hamãy.
Naquele instante um pé de árvore falou: Cuidado! Tem uma
onça atrás de você. Depois do aviso da árvore o silêncio
tomou conta da floresta.
O índio, sem dar um passo para a frente, pediu silenciosa-
mente ajuda a Hamãy. Naquele mesmo instante o índio
ouviu uma voz:
Vai embora! A onçao fará mal a você. Quando o índio
olhou para trás estava a Hamãy junto com a onça.
Com muito respeito o índio agradeceu a Hamãy, deu um
pedacinho de fumo e seguiu em busca de caças.
Chegando bem adiante saiu em um pequeno córrego.
Quando estava bebendo água, um pé de árvore falou:
Está na hora de ir embora! Feche os olhos e pense em casa.
O índio fechou os olhos, quando abriu estava em casa, junto
com sua família e muitas caças. Toda vez que o índio ia pra
mata caçar a árvore o ajudava a conseguir muita fartura de
caça.
A MENINA QUE VIROU
O PÁSSARO CAVALA
Nos tempos antigos tinha uma menina muito teimosa para
sua mãe. Elao gostava de fazer madado nenhum que sua
e mandava.
Mas um dia suae foi para a mata pegar lenha e levou a
menina com ela.
Quando chegaram em casa ae estava com muita sede, e
pediu à menina para buscar água na bica. Mas a menina foi
com muita má vontade.
Quando chegou deu água para sua mãe. Mas em seguida sua
e pediu para ela guardar a lenha que elas tinham trazido
da mata.
Mas a menina começou a discutir com sua mãe, que estava
grávida. E nessa discução ela chamou suae de cavala.
Sua mãe, no mesmo momento, disse para ela: você que é uma
cavala. E nesta hora deu um trovão no céu. E a menina saiu
gritando cavala, cavala...
Enquanto ela gritava, ia se transformando em um pássaro.
Com pouco já estava voando e falando cavala, cavala...
Por causa do cantado desse pássaro ele ganhou o nome de ca-
vala.
E esse pássaro, durante o dia, ele fica com o bico enfiado na
lama; mas quando é de noite ele
sai pelo mundo gritano cavala,
cavala...
Por isso é bom as crianças
respeitarem os pais, principal-
mente as mães, quando elas estão
grávidas.
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