
Republica”.
433
Tinha conhecimento dos mesmos, apenas por ter ouvido notícias a respeito. Os
boletins, segundo constava, eram assinados pelos chefes revolucionários: Isidoro Dias Lopes,
João Francisco
434
, Zeca Netto, Honorio Lemes, Leonel Rocha, Miguel Costa, Bernardo
Padilha, Olinto Mesquita e Felipe Portinho.
Segundo o depoente, depois da ocupação de Tesouras, os revolucionários requisitaram
mercadorias das casas comerciais, cavalos, produtos e roupas dos colonos. Confirmou ter
chefiado o movimento de resistência às forças de Leonel Rocha, em Tesouras, que era sede do
Distrito, onde exercia a função de escrivão no cartório de registro civil.
435
O resultado das averiguações constantes do processo foi publicado em 1929, sob a
seguinte manchete: “O Supremo Tribunal, por seis votos contra cinco, pronunciou os cabeças
da revolução rio-grandense de 24”.
436
O artigo, como outros publicados no dia seguinte, faz
críticas a Washington Luís e defende a anistia. Informa que, em virtude da decisão do
Supremo Tribunal Federal, foram postos em liberdade vários oficiais revolucionários. Diante
da condenação dos cabeças do movimento, vários artigos defendem a “necessidade da
anistia”, citando artigo do Jornal do Comércio e destacando que “quase toda a imprensa
carioca ataca fortemente o governo por esse acto”. Afirma que, no Rio Grande do Sul, há uma
“ampla pacificação dos espíritos”, pois quase ninguém se lembra de Honório Lemes a não ser
para “evocar o legendário batalhador”. A decisão do Supremo Tribunal Federal é criticada por
chegar em hora imprópria, porque todos estão se unindo em torno de Getúlio Vargas. Finaliza,
ressaltando que “não é fora de tempo a condenação de uma política que, se infelizmente não
acabou, de todo, felizmente, já vae acabando”.
437
Como se pode constatar nos depoimentos, os locais de atuação de Leonel Rocha, no
movimento de 1924, coincidem com áreas onde atuavam companhias de colonização
particular. Relativamente à Colônia Xingu
438
e Colônia de Tesouras
439
não nos foi possível
433
Correio do Povo de 29/01/1926.
434
Trata-se de João Francisco Pereira de Souza, chimango de 1893, que, conforme Caggiani, aparece como um
dos articuladores do movimento de 1924, no Rio Grande do Sul, acompanhando seus genros, que em São Paulo
participavam do movimento tenentista. Em 24 de setembro envia carta a Leonel Rocha, através do Comandante
Cunha Filho, a fim de acertar encontro. “V. Excia., é uma das primeiras figuras, guiarem a juventude liberal no
caminho da honra marchando com a bandeira da nossa revolução (...) se vossas falanges gloriosas de 22 –
Senhor General – nos ajudarem agora a conquistar aquilo que a perfídia de Bernardes, Medeiros e Setembrinos
vos roubou, violando e burlando o Pacto de Pedras Altas, podeis estar seguro de que é fácil, e muito fácil vingar-
vos, desafrontar o Rio Grande liberal e salvar a República das garras dos abutres!” Ver CAGGIANI, Ivo. João
Francisco: a hiena do Cati. 2ª. Ed. Porto Alegre: Martins Livreiro Editor, 1997. p. 168.
435
O Correio do Povo segue destacando os depoimentos, nas várias regiões do estado, nas seguintes
datas:30/01/1926; 02/02/1926; 09/02/1926; 27/02/1926; 05/03/1926.
436
Correio do Povo, 29/01/1929. A caminho da annistia. p. 3.
437
Correio do Povo, 30/01/1929. Há vários artigos sobre o assunto, confirmando o clima de conciliação.
438
A Colônia Xingu, assim denominada pelo empresário Hermann Meyer, que veio ao Brasil para uma excursão
ao Xingu, na Amazônia, “da qual participaram alguns teutos-riograndenses que seriam futuros sócios seus no