
Ao propormos trabalhar com fontes orais, devemos assumir quais são os nossos
objetivos, o que procuramos questionar, o que queremos aprender
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com esses sujeitos
sociais. Mesmo porque eles são colaboradores na elaboração das respostas que damos às
nossas indagações, são a trilha que percorremos em busca de encontrar um sentido para
o processo histórico que vivemos. Temos de declarar a grande contribuição desses
entrevistados para a discussão histórica e dos projetos de sociedade que estão em jogo.
A vivência que eles possuem e o quanto interagiram nas transformações de seus
cotidianos é que vão determinar a sua contribuição para a investigação. Nesse sentido, o
tempo de moradia, na cidade de Uberlândia, os movimentos em que estão (estiveram)
envolvidos são fatores que tornam as entrevistas mais representativas, pois traduzem as
práticas sociais vividas e as estratégias criadas pelos migrantes rurais na cidade.
A princípio, os entrevistados seriam os egressos do campo das décadas de 1970
e 1980 que se rearranjaram na cidade de Uberlândia
21
. Dentro dessa proposta, onze
entrevistas foram realizadas
22
, uma cedida por Maucia Vieira dos Reis para este
trabalho
23
. Porém, ao trabalhar com os moradores do Marielza, esmiuçando seu
cotidiano, outros sujeitos foram inseridos na produção da dissertação
24
: Dona Hilda,
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PORTELLI, A. Tentando aprender um pouquinho. In: Projeto História, São Paulo: EDUC, n.15, abr.
1997, p. 29.
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Não buscamos, com isso, uma homogeneidade de viveres, mas, sim, como Portelli sugere, refletir as
lutas, valores, hábitos, sentimentos desses sujeitos, reconhecendo as diferenças e particularidades de cada
um. Cf. PORTELLI, A. Forma e Significado na História Oral. In: Projeto História. São Paulo: EDUC, n.
14, fev. 1997, p. 23.
22
Seu Zico, 65 anos, morador do B. Alvorada, residente em Uberlândia há 22 anos, entrevista realizada
dia 14/06/2001; Sr. Venâncio Vilela, 65 anos, morador do B. Tibery, residente em Uberlândia há 24 anos,
entrevista realizada dia 14/06/2001, faleceu no dia 31/12/2002; Sr. Boaneja Honorato Gonzaga, 68 anos,
morador do B. Santa Mônica, residente em Uberlândia há 24 anos, entrevista realizada dia 21/07/2001; D.
Neusa Pires Gonzaga, 63 anos, esposa do Sr. Boaneja, moradora do B. Santa Mônica, residente em
Uberlândia há 25 anos, entrevista dia 21/07/2001; Sr. Paulo Henrique Alves Pereira, 53 anos, morador do
B. Jardim Brasília, residente em Uberlândia há 24 anos, entrevista realizada dia 19/19/2001; D. Maria
Rosa de Melo, 44 anos, esposa do Sr. Paulo Henrique, moradora do B. Jardim Brasília, residente em
Uberlândia há 24 anos, entrevista realizada dia 19/09/2001; D. Lucimeire Rodrigues Martins Ramos, 30
anos, moradora do B. Vila Marielza há 19 anos, entrevista realizada dia 09/05/2002; D. Elídia Maria dos
Reis, 76 anos, moradora do B. Vila Marielza há 8 anos, entrevista realizada dia 10/05/2002; D. Nilsa
Ferreira Coutinho. 53 anos, moradora do B. Vila Marielza há 10 anos, entrevista dia 10/05/2002; D.
Ercília Aparecida Carrijo Rodrigues, 62 anos, moradora do B. Vila Marielza há 16 anos, entrevista
realizada dia 14/05/2002 e D. Olívia Rodrigues Martins, 65 anos, moradora do B. Vila Marielza há 19
anos, entrevista dia 30/10/2002, a entrevistada não aceitou a gravação de nossa conversa.
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Sr. Osvaldo Rodrigues do Nascimento, 58 anos, morador do B. Segismundo Pereira, residente em
Uberlândia há 22 anos, entrevista realizada dia 01/12/2001, feita por Maucia Vieira dos Reis, gentilmente
cedida para o meu trabalho.
24
Sr. Zaqueu Maciel Gomes, 30 anos, morador do B. Vila Marielza há 3 anos, entrevista obtida dia
15/08/2002. O entrevistado não aceitou a gravação da nossa conversa. D. Hilda Olinda Martins Vieira, 59