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municipal, e essa lei foi revogada na calada da noite, eu digo porque há indícios que alguns
vereadores foram subornados também, na época era o Afrânio Gavião, Fabiano, eles dizem
que fizeram alguns subornos a esses vereadores. Na época da revogação foram mais de 700
pessoas que foram pra câmara e essas pessoas gritavam que não queriam que a lei fosse
revogada, que queriam preservação das cachoeiras, uma vez que seria um prejuízo natural
para o município, em questão também do eco-turismo, que poderia ser explorado mais tarde, e
as pessoas não queriam perder aquela riqueza que eram as cachoeiras, e elas sabiam que
tinham pela frente um empreendimento, 735 milhões, o Afranio Gavião afirmava, e que
poderia revogar todas as leis, revogando a lei municipal eles partiram então para o canteiro de
obras, iniciar as obras, mas a nossa mobilização não parou por aí, enviamos documento, e a
lei 3370/99, que foi de Maria José, ela tornou patrimônio paisagístico turístico do estado de
Minas Gerais. E criou a Arpa, que é a área de proteção ambiental que começava em Itapuã,
próximo da cidade, também uma área urbana, e viria toda a cidade, protegendo a areia,
pedras. Porém teve um deputado, Ivair Nogueira, que apresentou uma emenda pra revogar
essa lei, a gente não sabe de que maneira teve influência, a gente só sabe que a empresa
realmente articulava de todas as maneiras, todas. E nós ficamos na época indignados com o
Ibama, que não tomou todas as providências, sem ver em loco, vir ao local pra ver o que
estava realmente acontecendo. Apresentaram essa licença e isso a gente estaria também a
outros órgãos, de estar tentando de todas as maneiras proteger as cachoeiras, e eles
conseguiram a revogação e conseguiram então iniciar as obras. Que mais tarde teve o
enchimento dos lagos, começamos a fazer audiências, a organizar o povo, e na época foi
bastante acirrada a discussão, porque os moradores cercavam de frente os tratores, paravam,
reivindicando mesmo os direitos, e foi uma luta muito grande, não foi fácil, foi reuniões que
duravam horas, representante da empresa e do ministério público, e da comunidade, e as
pessoas tiveram muita luta pra conseguir, quando a empresa então conseguiu revogar a lei,
conseguiu encher o lago, algumas pendências sociais ficaram pra trás, e a empresa usava
muita artimanha, ela costumava por exemplo, o pessoal de carreira cumprida era o pessoal da
zona rural, que tinham grande acesso a Salto da Divisa, e nós lutamos demais pra que essas
pessoas fossem assentadas, já que elas vinham do meio rural, que precisavam exercer a
atividade delas como nós também defendíamos isso, que cada um exercesse a sua atividade, a
empresa usava as pessoas como iscas, ela chegava, pegava lá indenizava por 15 mil reais e
diante disso começava a desestruturar algum, porque se ele conseguisse com um os outros
conseguiam acompanhar, e era difícil da gente reorganizar esse grupo, então foi uma luta
muito grande, com muitas artimanhas pra desarticular, e quando ela viu que era impossível,
porque a gente, os membros que faziam parte, essas pessoas todas tavam ligadas ao GADDH,
que a palavra final seria do GADDH com a promotoria, ela recuava, usava muitos meios, ela
chegou falando de progresso, de emprego, falando de modernização, falando de vida melhor
pra população e que a cidade seria outra, e não era isso que a gente queria, a gente não era
contra o progresso, mas não da forma que tá acontecendo, passar por cima das pessoas
pequenas, e sem justiça social, a gente lutava, como por exemplo, ela não cumpriu que o
córrego lava-pés, que é o córrego que cobre a cidade, casas, esgotos, instalados, casas de lava-
pés, que jorram diretamente no rio sem fazer tratamento antes de chegar no lago, a conquista
do bairro vila união, por exemplo, foi uma exigência dos moradores da questão da lagoa de
tratamento, existe a lagoa de tratamento, um pouco o bairro em si da vila união, esgoto é
jogado nessa lagoa, agora em relação a cidade, eles não cumpriram, porque eles teriam que ter
criado uma estação de tratamento pra essa água não cair da forma que ela cia no rio, poluindo
mais ainda.