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nooossa, quintal de sobra, é porco, tinha porco, cabra aqui era muito
difícil, mais era porco e tinha muito sítio em volta, muita vaca, nós
também tinha vaca, nós tinha moinho no sítio. [Tudo mundo
acostumado] comer polenta, polenta, fubá de tudo quanto era jeito,
nós vendia, trocava comida [por] fubá. Meia lata de milho, eles dava,
é, eles trazia meia lata de milho, nós dava meia de fubá, só que meia
lata de milho dá uma de fubá, depois de moído. Carne era muito
difícil, a gente comprava carne, mas nós criava muito [frango], minha
mãe era de criar frango, que escurecia o quintal, ovo à vontade,
frango à vontade, e porco, porco nós tinha muito. É, porco, frango
nós comia muito, e de domingo meu pai sempre comprava uma
carninha moída pra fazer a macarronada, e meu pai gostava dum
copinho de vinho de domingo, só. Então, nós tomava um copo de
vinho. Tinha tudo, tudo, nós tinha tudo, nós tinha tudo, tinha tudo.
Nós tinha horta de um alqueire, tinha água no meio assim, meu pai
ficava até as onze da noite regando assim. Quando chovia então ele
regava, aí que ele regava, pegava o regador regava toda alface
nova, porque a terra pula em cima e depois requeima. Então
precisava regar pra num queimar a folha, pra você vê. É, tem tudo
essas coisas, a vida ensina muita coisa, né. Dentro da banha,
aquelas lata, matava aqueles porcos de cinco arroba, quatro arroba,
depois minha mãe derretia aqueles tacho, né, de gordura, com carne
e tudo, né, e punha naquelas latas, aquilo endurecia, depois com a
concha tirava com carne e tudo, e a lingüiça “fervida” no varal em
cima do fogão, aquela fumaça do fogão, porque o fogão era à lenha,
né. Isso foi no sítio, num foi aqui na cidade. Ah aí mudou tudo, mas lá
no sítio é tinha aqueles varal de lingüiça, né, [ela] fazia uma bacia de
lingüiça, minhas irmã fazia.
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De primeiro, você tinha só o negócio de sacaria, feijão, arroz, essas
coisas, o resto não, o do dia-a-dia tinha que ir buscar, banha só tinha
aquelas latas assim, né, banha, aquelas latas de gordura, né. Matava
um porco você guardava a carne dentro da lata de gordura, né,
dentro da lata pra num estragar, né. Se não estragava a carne de
porco, então tinha que pôr dentro da gordura, aí você tirava aquele
pedaço de carne de dentro da gordura e fritava ele. Porque nós tinha
muita galinha também, né. Nossa!, galinha era demais, galinha era
demais. Naquele tempo pra matar um frango num precisava chegar
domingo, é pra qualquer hora matava. Agora, hoje não. Hoje é
diferente, né. Café você levanta cedo, toma o café e já ia trabalhar,
né. [Depois] ia almoçar onze horas, né.
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Esse é um outro aspecto da cultura material. Ele refere-se ao que acontece