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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
FRANCILENE FIGUEIRÊDO DA SILVA PASCOAL
Síndrome de Burnout entre os Profissionais de Saúde da
Estratégia Saúde da Família: risco de adoecimento mental
João Pessoa – PB
2008
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1
FRANCILENE FIGUEIRÊDO DA SILVA PASCOAL
Síndrome de Burnout entre os profissionais de saúde da
Estratégia Saúde da Família: risco de adoecimento mental.
Dissertação apresentada ao Programa de s-
Graduação em Enfermagem, Nível Mestrado,
do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal da Paraíba Campus I,
na área de concentração em Enfermagem na
Atenção à Saúde inserida na linha de pesquisa
Epidemiologia em saúde como requisito
parcial para a obtenção do grau de Mestre em
Enfermagem.
Orientadora: Prof ª Drª. Maria de Oliveira Ferreira Filha
João Pessoa – PB
2008
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2
FRANCILENE FIGUEIRÊDO DA SILVA PASCOAL
Síndrome de Burnout entre os profissionais de saúde da Estratégia
de Saúde da Família: risco de adoecimento mental
APROVADA EM: ___/___/___
Prof.ª Dra. Maria de Oliveira Ferreira Filha- Orientadora
(Universidade Federal da Paraíba)
Prof ª Dr. Rodrigo Pinheiro de Toledo Vianna - Examinador
(Universidade Federal da Paraíba)
Prof ª Dra. Soraya Maria de Medeiros - Examinadora
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
Prof ª Dra. Jordana Nogueira - Examinadora
(Universidade Federal da Paraíba)
JOÃO PESSOA
2008
3
DEDICATÓRIA
Aos meus pais
Aos meus paisAos meus pais
Aos meus pais,
em retribuição a tudo que eles realizaram e se submeteram para que
eu alcançasse este dádiva; pelo exemplo de força, luta, dignidade e
perseverança em atingir os objetivos apesar das adversidades.
Ao João Paulo
Ao João PauloAo João Paulo
Ao João Paulo (in memorian),
que mesmo com os percalços da vida, com toda sua humildade e
carinho, contribuiu como voluntário nesta pesquisa, movido pelo
desejo e entusiasmo ao tema
Burnout
.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me ofertado saúde, perseverança, força e por ter me amparado nos momentos
de limitações;
Ao meu pai, João Rodrigues Pascoal, que percorreu comigo em todas as equipes participantes
desta pesquisa, esperando com paciência, por muitas vezes, revigorando a minha força para
continuar nos momentos em que eu recebia um o”. E por ter ultrapassado o apoio de um
pai e ter sido pesquisador voluntário e incentivador constante;
A minha mãe, Maria do Carmo da Silva Pascoal, pelos mimos, carinhos, dedicação e
conforto em toda a fase deste estudo;
Aos meus amados sobrinhos, por terem se comportado durante as minhas horas de estudo;
Aos meus irmãos, pelo apoio e incentivo;
À Gilma Brito Nunes e Nélia Nery, pelos pulos de alegria que deram após o resultado do
processo seletivo do mestrado; pela torcida, credibilidade, carinho, conselhos e apoio para a
realização dessa minha grande conquista;
Aos estudantes voluntários, Marina Nascimento de Moraes, Fabiana Camila Guedes de
Cunha e João Paulo Carvalho dos Santos (in memorian), pela desmedida contribuição na
coleta e revisão dos dados desta pesquisa;
À Tia Regina; pelo carinho e banquetes emitidos para me fortalecer;
Aos amigos do mestrado, em especial ao Marlos Suenney e à Káren Souza pela amizade;
incentivo, disponibilidade constante em me ajudar durante todas as etapas do meu estudo e
principalmente por ter me ofertado a oportunidade de construir uma amizade além dos muros
da Universidade;
5
À Adriene de Lima Jacinto, por ter me orientado no primeiro passo para se chegar ao
mestrado;
À Edlene de Freitas, pela amizade e por compartilhar as angústias e desafios do trabalho e do
mestrado;
À Lindinalva Dantas, em nome da Gestão municipal do município de Pedras de Fogo, pelo
apoio, compreensão e credibilidade no meu trabalho, autorizando, muitas vezes, a minha
ausência para que eu pudesse atingir essa minha grande conquista;
A minha orientadora Profª Drª Maria de Oliveira Ferreira Filha, pela paciência, estímulo,
credibilidade e confiança em meu potencial;
Ao Profª D Rodrigo Pinheiro de Toledo Vianna, pelo acolhimento e importante
contribuição durante toda a fase deste estudo;
À Profª Drª Jordana, pela contribuição na qualificação deste estudo;
À Profª D Soraya, pelo incentivo as reflexões para o enriquecimento teórico do meu
estudo;
A todos da Equipe de Saúde da Família de Itabatinga, pelo carinho, compreensão, apoio,
admiração e incentivo ao meu crescimento profissional, pessoal e acadêmico;
Aos amigos de trabalho de Pedras de Fogo e do P. A. S. M de Mangabeira, em especial à
Iale, Morgana, Eliziana e Aldilânia, que sempre estiveram disponíveis para me ajudar,
assumindo, muitas vezes, na minha ausência, as minhas atividades, sem o apoio destas
pessoas eu não teria conseguido alcançar essa minha conquista;
Aos Professores do Mestrado, pelos momentos de reflexão e aprendizado;
À Liana, à Márcia Rique, aos diretores dos Distritos e aos funcionários da SMS de João
Pessoa, que estiveram dispostos a me fornecer os dados necessários para este estudo e
contribuíram na articulação da coleta dos dados;
6
A todos os profissionais das ESF do município de João Pessoa que participaram deste
estudo, pela disponibilidade e colaboração, pois sem esses atores, não teria sido possível a
realização desta pesquisa;
À Flaviana Pereira, pelas palavras de incentivos e pela ajuda na construção do banco de
dados;
A minha amiga de infância, Karla Michelly Santos Silva, que sempre esteve preocupada
com a minha saúde, com meu empenho e que constantemente me abençoava;
Aos meus amigos que compreenderam a minha ausência durante a realização deste estudo,
entendendo que nada disso dilui a nossa amizade;
A todos aqueles que, acreditaram, torceram e oraram por mim;
Eu reconheço e agradeço o precioso auxílio de todos,
Muito obrigada!
7
“O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra”
(Aristóteles)
8
PASCOAL, F. F. S. Síndrome de Burnout entre os profissionais de saúde da Estratégia Saúde
da Família: risco de adoecimento mental. 2008. 126f. Dissertação (Mestrado em
Enfermagem) - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.
RESUMO
A Síndrome de Burnout é um estresse crônico relacionado ao trabalho de caráter
tridimensional, identificado através da exaustão emocional, despersonalização e baixa
realização profissional. A presente pesquisa teve como objetivo investigar a presença da
Síndrome de Burnout em trabalhadores da Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de
João Pessoa PB, e averiguar a relação dessa Síndrome com o risco de adoecimento mental.
Trata-se de um estudo do tipo transversal. Foi realizado com 170 profissionais dos cinco
Distritos Sanitários do município de João Pessoa, isto equivale a 90,42% da amostra
pretendida. A coleta de dados foi realizada através dos instrumentos de investigação: Maslach
Burnout Inventory (MBI), Questionário de perfil sócio-demográfico e de valores pessoais
relacionados ao trabalho e Self-Report Questionnaire (SRQ-20). Os instrumentos foram
aplicados nos locais de trabalho, individualmente. Para a análise e discussão dos resultados foi
preparado banco de dados com a utilização do Programa SPSS e da Planilha Eletrônica Excel.
Os dados foram analisados estatisticamente e discutidos com base na literatura existente. Por
o encontrarmos um consenso entre os valores apresentados nos instrumentos de
investigação, no que se refere ao ponto de corte das dimenes da Síndrome, bem como a
ausência de um único critério para identificação da mesma, optamos por descrever os
resultados utilizando os três modelos propostos: Grunfeld, Ramirez, Maslach e Jackson. A
presença da Síndrome foi identificada em 2,4% (4) conforme Ramirez; 42,4% (72) segundo
Grunfeld, e 61,7% (104) seguindo o critério sugerido por Maslach e Jackson. Os indivíduos
identificados no estado da Síndrome de Burnout, de acordo com o critério de Maslach, têm
formação superior completa (65,6%), trabalham em outro local, além da UBS (71,1%), com
atuação superior há 8 anos na ESF (70,3%). No que diz respeito à associão entre a
Síndrome e o risco de adoecimento mental, verificou-se que das 32 (18,9%) pessoas que
apresentaram o risco, 29 (90,6%) estão com Burnout. Os sinais e sintomas mais prevalentes
assinalado entre as pessoas com Burnout foram: falta de apetite; choro mais do que de
costume; dificuldades para realizar com satisfação as atividades drias; perda do interesse
pelas coisas e cansaço. Nesse contexto, é relevante investigar a ocorrência da Síndrome de
Burnout na ESF, visto que, permite uma melhor compreensão das experiências desses
trabalhadores, dos aspectos da organização e do ambiente de trabalho que podem estar
contribuindo para o seu sofrimento mental e para redução de produtividade e qualidade no
serviço.
Palavras chaves: Síndrome de Burnout. Trabalhadores da Saúde. Saúde Mental. Estratégia
Saúde da Família.
9
PASCOAL, F.F.S. Burnout Syndrome among the health professionals in the Health Family
Strategy: risk of getting mental health problems. 2008. 126f. Dissertation (Master in Nursing)
– Health Sciences Center, Federal University of Paraiba, João Pessoa.
ABSTRACT
The Burnout Syndrome is a chronic stress related to the three-dimensional work identified
through emotional exhaustion, depersonalization and low professional aspiration. This
research aimed at investigating the occurrence of the Burnout Syndrome among professionals
in the Health Family Strategy (HFS) in the city of João Pessoa PB, and at looking into this
syndrome relation with the risk of getting mental health problems. This is a transversal study
conducted with 170 professionals within the area of the sanitary districts of the city of João
Pessoa, which corresponds to 90,42 % of the target sample. The data collection was carried
out using the Maslach Burnout Inventory (MBI), Semi-Demographic Profile Questionnaire
and personal values related to work and the Self-Report Questionnaire (SRQ-20). The data
collection instruments were individually applied in the workplace. For the analysis and
discussion of the results, a data base was constructed with the SPSS and Excel Programs. The
data was statistically analyzed and discussed in the light of the existing literature. Since it was
impossible to reach a consensus among the values in the investigative instruments in relation
to the cutting point of the syndrome dimensions as well as the absence of a unique criterion to
identify the syndrome, we decided to describe the results drawing on three proposed models:
Grunfeld, Ramirez, Maslach and Jackson. The occurrence of the syndrome was identified
in 2,4% (4) according to Ramirez; 42,4% (72) according to Grunfeld, and 61,7% (104)
following the criteria suggested by Maslach and Jackson. The subjects identified as having the
Burnout Syndrome, according to the Maslach criteria, have higher education (65,6%), work
somewhere else, besides the UBS (71,1%?), working for over 8 years at ESF (70,3%). In
relation to the association between the Syndrome and the risk of getting mental health
problems, it was observed that out of the 32 (18, 9%) people who revealed to have the risk, 29
(90,6%) have the Burnout Syndrome. The most recurrent signs and symptoms identified in
the people having the Burnout Syndrome were the following: lack of appetite, lack of interest
for everything and tiredness. Within this context, it is relevant to investigate the occurrence of
the Burnout Syndrome in the ESF, since it allows for a better understanding of the
experiences of these professionals, of the organizational aspects and the working environment
that may be contributing to the mental suffering and to the reduction of the service quality and
productivity.
Key Words: Burnout Syndrome. Health Workers. Mental Health. Health Family Strategy.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
TABELAS
Tabela 1: Distribuição das Patologias e Processos mórbidos relacionados ao
trabalho
33
Tabela 2: Universo e amostra estimada para cada distrito sanitário. João Pessoa,
2008.
45
Tabela 3: Escala de classificação dos níveis das dimensões do Burnout segundo
recomendação de Maslach e Jackson.
50
Tabela 4: Distribuição do percentual dos participantes da pesquisa por Distrito
Sanitário. João pessoa, 2008.
56
Tabela 5:
Distribuição das categorias profissionais da ESF segundo o sexo. João
pessoa, 2008.
56
Tabela 6: Distribuição dos profissionais da saúde da ESF do município de João
Pessoa segundo as variáveis sociodemográficas, 2008.
57
Tabela 7: Distribuição das atividades utilizadas durante o tempo livre pelos
trabalhadores da ESF do município de João Pessoa, 2008.
58
Tabela 8: Distribuição das categorias profissionais da ESF que atuam em outro
serviço além da SF. João pessoa, 2008.
58
Tabela 9: Distribuição dos trabalhadores segundo as variáveis sociodemográficas.
João Pessoa, 2008.
59
Tabela 10:
Distribuição das atividades oferecidas pela instituição para os
trabalhadores da saúde da ESF do município de João Pessoa, 2008.
60
Tabela 11:
Distribuição da pontuação do SRQ-20. João Pessoa, 2008
61
Tabela 12: Relação entre o risco de adoecimento mental e sexo segundo o SRQ-20.
João Pessoa, 2008.
62
Tabela 13 Relação entre horas por semana no trabalho e risco ao adoecimento
mental. João pessoa, 2008.
63
Tabela 14: Relação entre atividades utilizadas durante o tempo livre e risco de
adoecimento mental. João Pessoa, 2008.
63
Tabela 15: Relação entre atividades para melhoria da saúde e risco ao adoecimento
mental. João pessoa, 2008
64
11
Tabela 16: Freqüência das respostas da dimensão Despersonalização.
65
Tabela 17: Freqüência das respostas da dimensão Exaustão Emocional
66
Tabela 18:
Freqüência das respostas da dimensão Realização Profissional. 67
Tabela 19: Médias, Desvio-Padrão, Valores Mínimos e Máximos das dimensões de
Burnout e Alfa de Cronbach do MBI em trabalhadores da Saúde da ESF
do município de João pessoa.
68
Tabela 20: Ocorrência do Burnout em trabalhadores da Saúde da ESF do município
de João pessoa baseado em três critérios.
71
Tabela 21 Distribuição dos valores do MBI do acordo com os pontos de corte da
amostra, segundo critério de Maslach e Jackson. João pessoa, 2008.
71
Tabela 22: Distribuição dos trabalhadores com Burnout de acordo com as variáveis
sociodemográficas.
73
Tabela 23: Distribuição dos trabalhadores segundo a Síndrome de Burnout por faixa
etária. João Pessoa, 2008.
74
Tabela 24: Relação entre Burnout e Renda Familiar dos trabalhadores da saúde da
ESF no município de João Pessoa, 2008.
74
Tabela 25: Relação entre atividades utilizadas durante o tempo livre com Burnout.
João Pessoa, 2008.
74
Tabela 26:
Distribuição do Burnout segundo a categoria profissional da ESF no
município de João Pessoa, 2008.
75
Tabela 27: Relação entre o número de horas por semana exercendo a profissão com
Burnout.
76
Tabela 28: Relação entre Burnout e as variáveis ocupacionais.
76
Tabela 29:
Relação entre atividades para melhoria da saúde oferecida pela
instituição com Burnout. João Pessoa, 2008.
78
Tabela 30: Relação entre Burnout e envolvimento com o trabalho entre os
trabalhadores da saúde da ESF no município de João Pessoa, 2008.
78
Tabela 31: Relação entre Burnout e uso de bebida alcoólica entre os trabalhadores
da saúde da ESF no município de João Pessoa, 2008.
79
Tabela 32: Relação entre Burnout e risco de adoecimento mental. João Pessoa,
2008.
79
Tabela 33: Distribuição dos sinais e sintomas mais prevalentes na síndrome de
Burnout de acordo com o Self-report questionare (SRQ-20).
80
12
GRÁFICOS
Gráfico 1
Meta e Evolução do Número de Equipes de Saúde da Família
Implantadas. Brasil 1994 a Julho de 2008.
19
Gráfico 2: Percentual das atividades oferecidas pela instituição para os
trabalhadores da saúde da ESF do município de João Pessoa, 2008.
60
Gráfico 3:
Relação entre atividade profissional e risco de adoecimento mental
conforme somatório do SRQ-20.
62
Gráfico 4:
Média Ponderada das dimensões do Burnout em trabalhadores da
saúde das ESF do município de João Pessoa.
69
Gráfico 5:.
Distribuição da amostra por profissão e nível de exaustão emocional.
João pessoa, 2008
69
Gráfico 6:
Distribuição da amostra por profissão e nível de despersonalização.
João pessoa, 2008.
70
Gráfico 7:
Distribuição da amostra por profissão e vel de realização
profissional. João pessoa, 2008
71
Gráfico 8: Relação Burnout com a variável sexo. João pessoa, 2008. 73
Gráfico 9 :
Distribuição do
Burnout
entre os trabalhadores da saúde da ESF no município
de João Pessoa por Distrito, 2008.
77
QUADROS
Quadro 1 Resumo esquemático da sintomatologia de Burnout.
40
Quadro 2:
Identificação de Burnout. 49
13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AUX.
Auxiliar
ACS
Agente comunitário de Saúde
ACD
Auxiliar de consultório Dentário
C. DENT.
Cirurgião dentista
CID
Classificão Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde
CCS
Centro de Ciências da Saúde
CEP
Comitê de Ética e Pesquisa
DE
Despersonalização
DGTES
Diretoria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde
EE
Exaustão Emocional
ENF.
Enfermagem
EPS
Educação Permanente em Saúde
ESF
Estratégia Saúde da Família
MBI
Maslach Burnout Inventory
MED.
Medicina
MS
Ministério da Saúde
OMS
Organização Mundial de Saúde
OPAS
Organização Pan-americana de Saúde
PB
Paraíba
PSF
Programa de Agentes Comunitários de Saúde
RP
Realização Profissional
SIAB
Sistema de Informação da Atenção Básica
SB
Síndrome de Burnout
SRQ
Self Report Questionare
SES
Secretaria Estadual de Saúde
SMS
Secretaria Municipal de Saúde
SUS
Sistema Único de Saúde
SF
Saúde da Família
TC
Terapia Comunitária
TÉC.
Técnico
UBSF
Unidade Básica de Saúde da Família
USF
Unidades de Saúde da Família
UFPB
Universidade Federal da Paraiba
UFPB
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
WHO
World Health Organization
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15
1.1. DELIMITANDO O OBJETO DE ESTUDO ................................................................. 16
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 23
1.2.1 Objetivo geral: ............................................................................................................ 23
1.2.2 Objetivos específicos: .................................................................................................. 23
2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 24
2.1 O TRABALHO E A POLÍTICA NACIONAL DA SAÚDE DO TRABALHADOR ...... 25
2.1.1 O Trabalho e a construção da Saúde do Trabalhador no Brasil ..................................... 25
2.1.2 O desenvolvimento da Potica Nacional de Saúde do Trabalhador no Brasil ............... 27
2.1.3 O Panorama organizacional e do processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família. 28
2.2. SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES E O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA .. 31
2.3. SÍNDROME DE BURNOUT ........................................................................................ 34
2.3.1 História do conceito .................................................................................................... 34
2.3.2 Mensuração do Burnout .............................................................................................. 35
2.3.3 A diferença da Síndrome de Burnout e o Estresse ........................................................ 37
2.3.4 A etiologia do Burnout ................................................................................................ 38
2.3.5 Sintomatologia, diagnósticos e estratégias de enfrentamento do Burnout. .................... 40
3 DESENHO METODOLÓGICO .................................................................................... 44
3.1 DELINEAMENTO ........................................................................................................ 45
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ........................................................................................ 45
3.3 LOCAL DO ESTUDO ................................................................................................... 46
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DOS DADOS ............................................................ 47
3.4.1 Questionáriociodemográfico ................................................................................... 47
4.4.2 Maslach Burnout Inventory Human Services Survey– MBI-HSS................................. 47
4.4.3 Self-Report Questionnaire (SRQ-20) ........................................................................... 51
3.5 PROCEDIMENTOS ...................................................................................................... 52
3.6 ANÁLISE DOS DADOS.E AVALIAÇÃO DE CONFIABILIDADE DOS
INSTRUMENTOS DE COLETA..................................................................................... 53
4 RESULTADOS ............................................................................................................... 55
4.1 DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS ............................................................................. 56
4.2 DADOS OCUPACIONAIS ............................................................................................ 58
4.3 RESULTADO DO SRQ-20 ............................................................................................ 61
4.4 DESCRIÇÕES DOS RESULTADOS DO MBI. ............................................................. 65
4.5 RESULTADO DA CORRELAÇÃO ENTRE SRQ-20 E MBI. ....................................... 79
5 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 81
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 99
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 103
APÊNDICES .................................................................................................................... 114
ANEXOS .......................................................................................................................... 120
15
1 INTRODUÇÃO
16
1.1 DELIMITANDO O OBJETO DE ESTUDO
O termo "burn-out" (do inglês "estar-queimado") descreve a sensão de exaustão de
uma pessoa e serve como metáfora para definir aquele ou aquilo que chegou ao seu limite e,
por falta de energia, não tem mais condições de desempenho sico ou mental (CHACON e
GRAU, 1997; BENEVIDES – PEREIRA, 2002).
Em 1974 o conceito de Burnout foi utilizado pelo dico psicanalista Herbert
Freudenberger, num artigo intitulado Staff Burn-out para a Revista de Psicologia, com a
intenção de alertar a comunidade científica para os possíveis problemas aos quais os
profissionais de saúde estão expostos em função do trabalho, (SILVA, F., 2006; BENEVIDES
-PEREIRA, 2002), desde então, este termo é freqüentemente utilizado no meio científico
Atualmente a definição mais aceita da Síndrome de Burnout está baseada na
perspectiva cio-psicológica de Maslach e Jackson (1986). As autoras conceituam a
Síndrome de Burnout como um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está
vinculada à vida profissional, ao qual afeta principalmente os profissionais que mantêm uma
relação íntima de ajuda constante e direta com outras pessoas, como médicos, professores,
enfermeiros, entre outros.
O Burnout deriva como uma resposta ao estresse ocupacional crônico que tem
conseqüência pessoal e institucional, e com repercussões na esfera familiar. É caracterizada
por três aspectos sicos: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização
pessoal e profissional (LIMONGI-FRANÇA et al, 2007).
Um estudo da Organização Mundial de saúde OMS realizado em 2002 considerou o
Burnout como uma das principais doenças dos europeus e americanos, ao lado do diabetes e
das doenças cardiovasculares (AKERSTEDT, 2004; WEBER e JAEKEL-REINHARD, 2000;
WHO, 2002).
No tocante à Síndrome de Burnout, dentre os grupos de profissionais mais afetados, os
trabalhadores da saúde, médicos, enfermeiros, ao lado dos professores são os profissionais
que têm sido apontados, pelas diversos estudos (BENEVIDES-PEREIRA, 2002), como os
mais predisponentes ao desenvolvimento do Burnout, uma vez que o seu contexto laboral
adverso contribui para essa predisposição. Os baixos salários, as expectativas frustradas, as
horas incessantes de trabalho e plantões infindáveis, juntamente com a multiplicidade de
atividades, o poderia deixar os médicos imunes” (BABOSA G., 2007. p. 146).
17
De acordo com a Portaria/MS 1.339/1999, a Síndrome de Burnout ou "Sensação de
Estar Acabado" está contida no grupo V dos Transtornos Mentais e do Comportamento
relacionados com o trabalho, no item XII da tabela, com o código correspondente Z73 do CID
10 (Código Internacional de Doenças). A Lei 3.048/99 reconhece a Síndrome de Burnout
como doença ocupacional (BENEVIDES-PEREIRA, 2002).
Em face dessa classificação, há dados existentes quanto às implicações financeiras que
os problemas ligados à saúde mental podem causar ao Ps, retratando a probletica da
Síndrome para o Estado.
No Brasil, dados do INSS sobre a concessão de benefícios previdenciários de auxílio-
doença, por incapacidade para o trabalho superior a 15 dias e de aposentadoria por invalidez,
por incapacidade definitiva para o trabalho, mostram que os Transtornos Mentais ocupam o
terceiro lugar entre as causas dessas ocorrências (BRASIL, 2001).
Estudos mostram que o Brasil gastou R$ 1,82 bilhões em benefícios para
trabalhadores com problemas ligados à saúde mental entre o ano de 1998 a 2002 (BARBOSA
BRANCO, 2002), ou seja, num universo de 18 milhões de pessoas com carteira assinada
neste período, houve 270. 382 benefícios concedidos a pessoas com algum tipo de Transtorno
Mental ou Comportamental.
As implicações financeiras específicas referentes ao Burnout merecem ser avaliadas
diante da insatisfação, absenteísmo, rotatividade e aposentadoria precoce causados pela
Síndrome (WHO, 2003). Até mesmo por que, “os lucros também são afetados na medida em
que os custos se incrementam em absenteísmo, auxílio doença, reposição de funcionário,
transferências, novas contratações e treinamento(BENEVIDES-PEREIRA, 2002. p 14).
Ainda no que concerne aos índices de absenteísmo, os Transtornos Mentais e
Comportamentais são umas das principais causas para a perda de dia de trabalho, 4 dias por
ano para Transtornos Menores e 200 dias por ano para os Transtornos Graves. (KESSLER,
2004).
As conseqüências dos Transtornos Mentais e Comportamentais no local e relações de
trabalho vão além das implicações financeiras, podem apresentar implicações não para o
indivíduo afetado como também para aqueles envolvidos com a atividade profissional
(Instituição, aluno, paciente, entre outros), uma vez que, os problemas mentais têm efeito
negativo no rendimento do trabalhador, no absenteísmo, na ocorrência de acidentes, além do
aumento do custo para as instituições. (FLOREZ et al, 2008; KARASEK e THEORELL,
1990).
Com relação à Síndrome de Burnout, BENEVIDES-PEREIRA (2002) menciona que:
18
(...) além destes fatores, a qualidade do trabalho é comprometida não só pela
desatenção e negligência, mas especialmente pela relação entre o
profissional e a pessoa a quem presta atendimento ou serviços, com o
distanciamento, falta de empatia e hostilidade evidenciados (BENEVIDES
PEREIRA, 2002. p. 47).
Por essa configuração, podemos verificar que os Transtornos Mentais ou
Comportamentais podem ser ocasionados pelo sofrimento do trabalhador no ambiente laboral,
uma vez que, o trabalho nem sempre possibilita crescimento, reconhecimento e independência
profissional, pois muitas vezes causa problemas de insatisfação, desinteresse, irritação e
exaustão, levando o trabalhador ao sofrimento (DEJOURS, 1992).
Vale salientar que o trabalho é uma atividade que pode ocupar grande parcela da vida
de um indivíduo. Podendo este ser um elemento gerador de expectativas, frustrações ou
vitórias (MENDES e TAMAYO, 2003; CAMPOS, 2005; TRIGO; HALLAK e TENG, 2007),
além disto, pode ser visto como “(...) construtor de identidade e inclusão social atuando sobre
o indivíduo e interferindo na sua vida como um todo, inclusive na relação saúde-doença,
contribuindo, em alguns casos, para o aparecimento de problemas sicos ou psíquicos
(CODO, 2007. p 32).
Por todos estes aspectos, é visto que o trabalho leva o sofrimento psíquico ao
trabalhador e que
(...) compreender o sofrimento psíquico do trabalhador implica em antes
investigá-lo, considerando a cultura e seus valores, significa, ainda,
relacionar este sofrimento aos processos subjetivos envolvidos no campo do
trabalho. Os valores organizacionais servem à própria sobrevivência da
organização e, por essa razão, buscam mediar conflitos para resolver
problemas (MENDES, A., 2001, p.40).
Devido às conseqüências do sofrimento psíquico ou da ocorrência dos transtornos
mentais e comportamentais no campo de trabalho da área da saúde, o Conselho Federal de
Medicina (CFM), numa pesquisa no âmbito nacional, traçou um retrato de como anda a saúde
dos médicos no Brasil e revelou dados preocupantes, entre eles o de que os Transtornos
Mentais e Comportamentais, como ansiedade, depressão, estresse e Burnout, afetam mais da
metade dos médicos entrevistados. Também apontou um quadro de ideação suicida: “Em cada
100 médicos, cinco sentem-se sem esperança, infelizes e têm pensado em dar fim à própria
vida(BARBOSA G., 2007. p 153).
Nessa lógica, vários estudos científicos têm sugerido que os trabalhadores da área da
saúde estão freqüentemente desenvolvendo quadro de estresse e Burnout (LAUTERT, 1999).
19
Em vista disso, existem imeras pesquisas acerca do problema do esgotamento físico e
emocional em indivíduos que atuam na saúde. (CAMPOS, 2005; MENDES, 2003;
BENEVIDES-PEREIRA, 2002; LAUTERT, 1999, HAAG, 2001). No entanto, tais estudos
freqüentemente são realizados no ambiente hospitalar, havendo uma carência literária acerca
da Síndrome de Burnout na área comunitária, ou seja, na Estratégia Saúde da Família (ESF).
A ESF é entendida pelo Ministério da Saúde/Brasil como uma estratégia de
reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a atuação de equipes
multiprofissionais em Unidades Básicas de Saúde, denominadas de Unidade Saúde da Família
(USF). Atua como fortalecimento à Atenção Básica no país e como porta de entrada do SUS e
eixo central da organização do sistema (BRASIL, 2008).
As equipes da saúde da ESF, responsáveis pelo acompanhamento de um número
definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada, atuam através de ações
de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais
freqüentes (hipertensão, diabetes, tuberculose, entre outros), e na manutenção da saúde desta
comunidade. (MAGALHÃES, 2004; BRASIL, 1998; CAMELO, 2006).
Houve uma expansão impactante da Saúde da Família e conseqüentemente, o aumento
do número de equipes atuando nesta Estratégia no Brasil. Dados do Departamento da Atenção
Básica - DAB (BRASIL, 2008) demonstram que em 1998 existia por volta de 4 mil equipes
no País, este ano este número elevou para 29, 149 equipes do SF em 5, 233 municípios
brasileiros. No estado da Paraíba há 1, 195 ESF. O gráfico a seguir demonstra a meta
pretendida pelo Ministério da Saúde do Brasil e o crescimento do número das equipes.
Fonte: Brasil, 2008
Gráfico 1: Meta e Evolução do Número de Equipes de Saúde da Família Implantadas. Brasil
1994 a setembro de 2008
20
Não só a Estratégia Saúde da Família, mas todo o setor da saúde vem crescendo muito
nas últimas décadas e absorve parte considerável do mercado de trabalho, 2,5 milhões de
trabalhadores no Brasil (BRASIL, 2006) e no objetivo de enquadrar aos parâmetros de
qualificação exigidos por esse mercado de trabalho na atualidade baseado nos moldes
Neoliberais, Antunes (2001. p. 20.) cita que:
“os trabalhadores tornaram-se mais qualificado, entretanto em contrapartida,
houve uma precarização no processo de trabalho. Criou-se o trabalhador
polivalente e multifuncional da era informacional, mas também se criaram os
trabalhadores precarizados, com empregos temporário e/ou parciais”.
No contexto da precarização encontram-se os trabalhadores da Saúde da Família,
assim como os demais trabalhadores da saúde, que além de trabalhar num ambiente de riscos
nocivos à saúde, convivem com um clima de tensão, passando por situações de sobrecarga
funcional e de grandes exigências e responsabilidades. Além disto, devem atender a cada
mudança e perspectivas ideológicas sugeridas pelo Gestor direto e do Ministério da
Saúde/Brasil, além de apresentar mensalmente através de dados estatísticos configurados em
sistema de informação a sua atuação/produção no ambiente de trabalho.
Limongi-Franca e Rodrigues (2007. p 155) alerta para o fato de que: “Quando tudo
passa a ser reduzido a uma questão de lucro e os trabalhadores a estatísticas e gráficos, eles
deixam de ser considerados humanos e passam ser engrenagem descartáveis de uma
organização” .
A organização do trabalho é designada por Dejours (1992) como a divisão do trabalho,
o conteúdo da tarefa, o sistema hierárquico, as modalidades de comando, as relações de poder,
as questões de responsabilidades entre outros.
Na maioria das vezes, a organização impõe ao trabalhador um aumento do ritmo de
trabalho, responsabilidade e número de tarefas a serem executadas, sem levar em
consideração a subjetividade do trabalhador (SILVA C. T., 2000), onde esta deveria
apresentar uma importância monumental para organização visto que:
Cada categoria profissional tem suas especificidades ligadas ao seu passado
histórico, podendo estar sujeita a maiores ou menores riscos ocupacionais na
atividade laboral, de acordo com a organização do processo de trabalho, as
relações institucionais, seu nível de hierarquia e seu papel na sociedade.
(CAVALCANTE et al., 2006, p. 90).
21
Na Saúde da Família, além da imposição da organização no processo de trabalho
(cumprimento de metas, assistência ao usuário, campanhas vacinais, entre outros) é freqüente
a ocorrência de mudanças de condutas e práticas sugeridas pelo Ministério da Saúde/Brasil.
Estas mudanças trazidas pela sistematização do serviço têm relação direta com as formas de
organização da produção e, conseqüentemente, com o processo de saúde-doença dos
trabalhadores da saúde. Dessa forma, a própria organização propicia e facilita uma maior
ocorrência de acidentes e de doenças ocupacionais (SILVA C. T., 2000), e dentre estas,
encontra-se o Burnout como uma das enfermidades de maior prevalência no mundo do
trabalho, especificamente na área da saúde, como demonstra pesquisas ao referir que “1 em
cada 10 médicos se encontra no estágio de Burnout extremo” (BARBOSA G.,2007. p. 146).
Por esse propósito, na imincia da problemática trabalho versus doença mental, faz-
se necessário entender o adoecer dos trabalhadores dentro do seu processo de trabalho. Para
isto, SILVA, C. T. (2000) coloca que é importante:
(...) perceber quem é o trabalhador que adoece e de que forma ele está
inserido nessa organização. A intervenção somente no corpo não é suficiente
para um diagnóstico que formule terapêuticas eficazes, diante dos milhares
de casos de doenças decorrentes de ambientes insalubres e processos de
trabalho mal dimensionados (SILVA, C. T., 2000. p.35).
O Burnout apresenta elementos substanciais aos quais se pode estimar a análise da
associação dessa probletica, de modo que é freqüente relacioná-lo com atitudes e
percepções frente a aspectos da organização muito mais do que aos aspectos individuais
(TAMAYO e TRÓCCOLI, 2002).
Nesse contexto, é relevante investigar a natureza da ESF, mais especificamente a
ocorrência da Síndrome de Burnout neste ambiente, visto que permite uma melhor
compreensão das experiências dos trabalhadores que atuam nesta estratégia, dos aspectos da
organização e do ambiente de trabalho que podem estar contribuindo para o seu sofrimento
mental e para redução da produtividade e da qualidade no serviço. Além disto, “a prevalência
dos Transtornos Mentais e Comportamentais, numa significativa proporção de cerca de 1:12,
instiga pesquisas mais aprofundadas e reflexões sobre suas causas e formas de manejo
(BARBOSA G., 2007. p . 172).
Diante do exposto, este estudo buscou investigar a ocorrência da Síndrome de Burnout
entre os profissionais da área da saúde atuando na Estratégia de Saúde da Família do
município de João Pessoa PB. Para tanto, elaboramos as seguintes questões que devem
nortear o desenvolvimento desta pesquisa: Qual a prevalência da Síndrome entre os
22
trabalhadores do equipes do Saúde da Família? Quais as condições de trabalho que estão mais
relacionadas com a ocorrência da Síndrome de Burnout? Quais os sinais e sintomas do
Burnout mais prevalentes entre os trabalhadores que atuam no ESF? Será que os profissionais
com a Síndrome de Burnout apresentam risco de adoecimento mental? Que estratégias eles
utilizam no enfrentamento dessa síndrome?
Situado no campo empírico da saúde blica brasileira, ancorado na experiência
cotidiana da atuação em serviço e da pesquisa-intervenção, este é um trabalho que está
relacionado à construção do campo da Saúde do Trabalhador, em especial no que diz respeito
à saúde mental destes indivíduos. Essa experiência alimenta também a construção do
conhecimento acerca do processo de trabalho da Saúde Família.
23
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 objetivo geral
Investigar a ocorrência da Síndrome de Burnout entre os profissionais da área da saúde
que atuam na Estratégia Saúde da Família do município de João Pessoa – PB.
1.2.2 objetivos específicos
Identificar a prevalência da Síndrome de Burnout em suas três dimensões (exaustão
emocional, despersonalização e falta de envolvimento pessoal no trabalho) entre os
trabalhadores do ESF;
Verificar quais as condições de trabalho que estão mais relacionadas com a ocorrência
da Síndrome de Burnout;
Identificar os sinais e sintomas do SRQ-20 associados à Síndrome de Burnout entre os
trabalhadores que atuam na ESF;
Averiguar a relação da Síndrome de Burnout com o risco de adoecimento mental, no
caso, depressão e ansiedade;
Identificar as estratégias de enfrentamento no Burnout utilizadas pelos trabalhadores.
24
2 REFERENCIAL TEÓRICO
25
2.1 O TRABALHO E A POLÍTICA NACIONAL DA SAÚDE DO TRABALHADOR
2.1.1 O Trabalho e a construção da Saúde do Trabalhador no Brasil
O trabalhador é aquele que desempenha atividades para sustento próprio e/ou de seus
dependentes, em qualquer que seja sua forma de inserção no mercado, seja no setor formal ou
informal da economia. O trabalho, portanto, constitui para este indivíduo além da provisão de
bens e serviços, um espaço importante de relações interpessoais, de realização pessoal,
desenvolvimento dos conhecimentos e capacidades. Prontamente, de socialização, definição
de identidades e da saúde do individuo de maior importância na vida adulta. (TRAVERSO-
YÉPEZ, 2004; BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Podendo funcionar como fonte de prazer,
riqueza e de utilidade para a sociedade.
Contudo, o antecedente histórico e conceitual do termo trabalho, leva a relacioná-lo a
algo necessário que deve ser feito por obrigação de sobrevincia e que tem como
repercussão o sofrimento, culpa e punição. A palavra trabalho vem do Latim tripalium,
referindo-se a um instrumento de tortura para punições dos indivíduos que, ao perderem o
direito à liberdade, eram submetidos ao trabalho forçado(SILVA, F., 2000, p. 1).
O trabalho surge com os primeiros seres humanos - Eva e Adão, mas as relações entre
as atividades laborativas e a doença estiveram ignoradas por séculos, apesar de existirem
estudos como de Georg Bauer, em 1556, e a obra de Hipócrates denominada "Ares, águas e
lugares" no ano 400 a.C (ADAMS, 2005) referindo os fatores nocivos no meio ambiente do
trabalho e a possibilidade da relação com o adoecimento.
Meio ambiente do trabalho de acordo com a definição de Fiorillo é:
“O local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam
remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e
na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica
dos trabalhadores, independentemente da condição que ostentem (homens ou
mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos,
autônomos, etc.) (FIORILLO, 2002. p. 21).
Aos moldes dessa definição fica entendido que todo trabalhador necessita de um meio
ambiente de trabalho adequado e seguro. Caso isto não ocorra, configura a possibilidade do
individuo vir a adoecer.
26
No entanto, entender que o ambiente de trabalho ou a ocupação poderia provocar
enfermidades, começou a ser difundida apenas em 1.700, na Itália, com a publicação do
livro De Morbis Articulum Diatriba, do médico Bernardino Ramazzini, que observando
doenças e sua relação com a ocupação ou profissão da pessoa, foi levado a acrescentar à
anamnese a pergunta: Qual é a sua profissão”? (VIEIRA, S. , 1995; MENDES, 2003; SILVA
F., 2000; HAAG, 2001). Desde então, investigar no intuito de promover o bem-estar do
trabalhador tornou-se de interesse crescente nas pesquisas científicas, legislação e poticas
trabalhistas.
“O processo de investigação orienta-se pelo pressuposto de que o modo de
adoecer de um grupo de trabalhadores é engendrado pelo modo de viver
dentro e fora das organizações. Compreender a gênese, o desenvolvimento e
a configuração de um dado perfil epidemiológico de uma população implica
investigar o perfil produtivo (condições e relações socioprofissionais de
trabalho) e reprodutivo (condições econômicas, sociais e culturais de vida
fora do trabalho) (FERREIRA, 2004, p.163).
Por sua vez, as questões que envolvem a relação saúde-trabalho, mesmo que
mencionadas e reconhecidas desde a antiguidade, começaram a ser tratadas de forma mais
objetiva após a Revolução Industrial ocorrida no final do século XVIII e início do Século XIX
(CODO, 2007). Isto porque, com a ocorrência da Revolão Industrial, iniciou-se a
conscientização de proteção do Estado em relação ao trabalhador, impossibilitado de se
defender diante do poder econômico da grande indústria, decaindo a idéia do poder total e
absoluto do senhor feudal sobre seus servos, originando a história do direito do trabalho.
Com a Revolução Industrial, os operários foram condicionados a se submeterem a
precárias condições de trabalho (longas jornadas de trabalho, acidentes, submissão ao trabalho
insalubre, entre outros). Alertados a esta situação, em 1831-32 na Inglaterra foi implantada
uma comissão de Inquérito para avaliar as condições de trabalho nas fábricas. Em 1919, foi
criado a Organização Internacional do Trabalho OIT, assumindo um importante papel na
conscientização e prevenção das doenças ocupacionais ou do trabalho e (HAAG, 2001;
CODO, 2007). À medida que estes órgãos e tantos outros que foram se desenvolvendo,
conseqüentemente, houve uma melhora gradativa as condições trabalhistas e um crescente
interesse ao cuidado com a saúde do trabalhador por parte das empresas, no sentido de que
manter o trabalhador saudável passou a ser um fator importante para economia nacional.
No Brasil, no governo de Getúlio Vargas, o Estado toma para si o papel regulador das
relações de trabalho, a área da medicina do trabalho fica a cargo do Ministério do Trabalho a
partir da sua criação em 1934. Desde então, o governo passou por transformações, nas quais
27
ficou definido, e desmembrado em 1974, o papel dos Ministérios referente ao trabalho,
ficando: Ministério da Previdência e Assistência Social com o pagamento dos benefícios e
atendimento dos segurados e o Ministério do Trabalho, com a prevenção de acidentes,
segurança e medicina do trabalho (RAMMINGER, 2005).
Esse processo de transformação no Governo do Brasileiro ocorrida principalmente
entre as décadas de 70 e 80, relaciona a luta de movimentos sociais pela redemocratização do
país e melhores condições de vida e do trabalho para todo cidadão.
Dentre as conquistas sociais ocorridas nesta época, a Constituição de 1988 representa
potencialmente o resultado de todas elas. Nesta, a saúde do trabalhador passa ter nova
definição, ao referi-la expressamente no capítulo relativo ao direito à saúde. Portanto,
seguindo a esta definição, a Lei Federal 8080/90 estabelece que a Saúde do Trabalhador é um
campo de atuação do Sistema Único de Saúde, e não mais atribuição exclusiva do Ministério
do Trabalho ou do Ministério da Previncia Social (RAMMINGER, 2005) . Entretanto o
Ministério do Trabalho passa a responsabilizar-se pela fiscalização e normatização e o
Ministério da Saúde, a assumir as questões relativas às poticas de saúde envolvendo
prevenção e intervenção (CODO, 2007; RAMMINGER, 2005).
2.1.2 O desenvolvimento da Política Nacional de Saúde do Trabalhador no
Brasil
A Saúde do Trabalhador, nova área regida de leis, portarias e diretrizes, tem sua
origem na medicina social latino-americana e na saúde coletiva, e apresenta como premissa
básica, o enfoque na relação saúde/trabalho, procurando compreender a relação saúde e
doença, nos trabalhadores, através das pesquisas dos processos de trabalho, articulada as
questões sócio-poticas econômicas, de forma a se estabelecer o nexo biopsiquíco das
coletividades nas sociedades capitalistas industriais (LAURELL, 1989; OLIVEIRA, 2001).
Está inserida no âmbito da Saúde Pública e possui como objeto de estudo e intervenção as
relações entre o trabalho e a saúde.
Em se tratando da Saúde do Trabalhador, é atribuída subseqüentemente a Potica
Nacional de Saúde do Trabalhador. A presente Potica tem por propósito a redução dos
acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, através da execução de ações de promoção,
reabilitação e vigilância na área de saúde, mediante a articulação e integração, de forma
28
contínua, das ações de Governo no campo das relações de produção, consumo, ambiente e
saúde (BRASILIA, 2004).
Somente em 2004 entra em vigor no Brasil a Política Nacional de Saúde do
Trabalhador do Ministério da Saúde amparada, por documentos internacionais sancionados,
pelo país e condizentes com a Constituição Federal, seguidos da legislação nacional
pertinente (HAAG, 2001).
Ao Sistema Único de Saúde (SUS) compete à execução de suas ações, através da
atuação multidisciplinar e interdisciplinar de profissionais especializados na área (médico,
enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, engenheiro de segurança do trabalho,
terapeuta ocupacional, entre outros) que utilizam como referencial trico-metodológico a
experiência sindical italiana, valorizando o saber do trabalhador, no controle dos agravos e
riscos existentes nos ambientes laborais.
Neste sentido, a Saúde do Trabalhador o se limita à identificação de fatores de risco
ou de proteção, mas evidencia e incorpora a relação da saúde com a inserção social e a
dinâmica do processo de trabalho. O processo de trabalho pretende ser a categoria central na
análise da Saúde do Trabalhador e a expressão concreta das relações de exploração por meio
de sua organização e divisão do trabalho (BRANDÃO- JÚNIOR, 2000).
O processo de trabalho é a atividade em que o consumo da força de trabalho humana
converte em um objeto de trabalho definido, através do uso direto ou indireto de meios ou
instrumentos de trabalho, obtendo como resultado um produto (EID, 2000).
A organização do trabalho é a divisão de tarefas, o conteúdo laboral, o sistema
hierárquico, as formas de comando, relações de poder, queses de responsabilidades, entre
outros. Determina não somente a divisão de trabalho, mas também a divisão humana. Cada
trabalhador através da sua subjetividade exerce sua função para o seu bem próprio ou da
melhoria da organização (DEJOURS, 1992).
2.1.3 O Panorama organizacional e do processo de trabalho da Estratégia
Saúde da Família.
No ramo da saúde, alguns estudos determinam que a organização de trabalho tem sido
prejudicial para seus profissionais, na medida em que os efeitos dos horários de trabalho
excessivo, turnos, cargas físicas e mentais prejudicam a saúde destes profissionais ( HAAG,
2000; CARLOTTO e CAMARA, 2007; MAGALHÃES, 2004) . Muitos trabalham mais de 44
29
horas semanais, podendo chegar a 60 horas, devido a necessidade de sobrevivência e
submissão de manter-se em até três empregos. Além disto, existe por parte dos profissionais
da saúde, a dedicação ao estudo, o longo deslocamento ao trabalho (freqüente entre os
profissionais da Estratégia Saúde da Família) e ainda, para alguns, a responsabilidades pelas
atividades domésticas. (LOPES, 2001). O processo de trabalho pode influir no desgaste da
saúde e no adoecimento profissional, dependendo do tipo de ocupação, do contexto de vida do
trabalhador, do mecanismo de defesa individual e coletiva e da organização do trabalho.
Uma equipe de profissionais de saúde da família pode ser responsável por cerca de
1000 (mil) famílias ou 4. 500 (quatro mil e quinhentas) pessoas. O Ministério da Saúde
recomenda que uma equipe deva ser minimamente composta por: dico, enfermeiro,
cirurgião-dentista, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (na
proporção de um agente comunitário para no máximo 150 famílias ou 750 pessoas). Ainda
recomenda que as atribuições técnicas de cada um dos profissionais pautadas no documento
do Ministério da Saúde devem ser realizadas de forma humanizada e competente, envolvendo
ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação. Estes profissionais devem ser
capazes de planejar, organizar, desenvolver e avaliar ações que respondam as necessidades da
comunidade, articulando as múltiplas esferas envolvidas na Promoção da Saúde. (BRASIL,
1998; CAMELO, 2006; BRASIL, 2008)
Trabalhar na Estratégia Saúde da Família, significa além de prestar cuidado
assistencial a outros seres humanos, adequar-se as normas técnicas e organizacionais
preconizada pelo Ministério da Saúde do Brasil, Secretaria de Saúde do Município e a
Coordenação local; conviver com enfermidades, nascimentos e mortes, enfrentar sobrecargas
de demandas funcionais (supervisão, assistência e gerenciamento no caso das enfermeiras);
lidar com situações de risco à contaminação de doenças infecto-contagiosas, a AIDS, por
exemplo; percorrer quilômetros, numa área delimitada, a fim de exercer a função de vigilância
à saúde, (o agente comunitário de saúde cumprindo suas atribuições) e responder aos anseios
da família, paciente e instituição com êxito, muitas vezes, com condição insuficiente de
materiais e medicamentos necessários para uma adequada assistência.( LOPES, 2001;
LAUTERT, 1999; CAMELO, 2006).
Em se tratando da Estratégia Saúde da Família, estudos (CENTA; ALBUQUERQUE e
ARCOVERDE, 2004; CAMELO 2006; MARTINES e CHAVES, 2007) têm debatido à
respeito das condições inadequadas de trabalho nessas instituições. Algumas dessas condições
se referem à: deficiência de preparo e capacitação, sobrecarga de funções, longas jornadas de
trabalho, conflito no trabalho em equipe, dificuldade para conciliar trabalho e família,
30
recursos materiais e humanos insuficientes. Tudo isto, pode ocasionar, entre os profissionais,
desgastes sicos, alteração do ritmo cardíaco, tempo de sono insuficiente, os quais provocam
a diminuição da capacidade cognitiva e de execução de tarefas, favorecendo a ocorrência de
acidentes e doenças relacionadas ao trabalho (SILVA D. M. e MARZIALE, 2003; SÊCCO et
al., 2005).
Tendo em vista o entendimento de que a saúde não é apenas um fenômeno puramente
biológico, uma vez que ela também é resultante de condições sócio-econômicas e ambientais,
a saúde do trabalhador rompe com a concepção hegemônica que estabelece um vínculo causal
entre a doença e um agente específico (BRASIL, 1998; TRAVERSO-YÉPEZ, 2004).
Nessa perspectiva pode-se recorrer à epidemiologia, área que possui como objeto de
estudo o processo saúde-doença em populações humanas, descrevendo sua distribuição em
termos de freqüência, procurando entender seus determinantes, estabelecendo orientações
para que se possa intervir de modo coerente no quadro de saúde das mesmas, seja na
promoção da saúde, na prevenção, recuperação e reabilitação da saúde. (ROUQUAYROL e
ALMEIDA, 1999).
Como processo saúde-doença, segundo Breilh (1995), constitui uma expressão
particular do processo geral da vida social, ou seja, resulta da complexa e dinâmica interação
das condições de vida e da subjetividade de cada pessoa de enfrentar essas próprias condições.
Os trabalhadores da área da saúde, especificamente médicos, enfermeiros, auxiliares
de enfermagem e agentes comunitários de saúde, componentes da equipe da Saúde da Família
(ESF), pelas características das suas atividades laborais, como o contato próximo com a
comunidade, fazem com que estes profissionais estejam em contato constante com riscos no
ambiente de trabalho, tais como: as complexas relações interpessoais, a estrutura social, a
política vigente e a bagagem biológica individual (CAMELO, 2006; MENDES, 2003). E a
exposição a fatores de riscos físicos e / ou psicossociais afeta tanto a saúde física do individuo
bem como a psíquica (EUROPEAN, 2000).
A palavra risco origina-se do latim risicus, que significa perigo, dano ou fatalidade
eventual, provável ou ás vezes, previsível (BULHÔES, 1994). O risco em saúde, de acordo
com Freire (2006), tem conotações especiais e, quando é analisado no ambiente das
instituições, ganha características próprias.
Alguns autores descrevem que os riscos psicossociais presentes nas condições de
trabalho (BENEVIDES-PEREIRA, 2002; COX e RIAL-GONZÁLES, 2002), podem estar
relacionados com várias categorias dentro de um contexto laboral. Estas categorias são:
cultura e função organizacional, profissão, desenvolvimento de carreira, decisão e controle
31
pessoal, relacionamento interpessoal no trabalho, interface trabalho/família, ambiente de
trabalho, planejamento de tarefas, cargas e local de trabalho Salientamos que os riscos fazem
parte da saúde destes profissionais sendo importante identificá-los para que possam ser
evitados.
2.2 SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES E O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
A teoria da determinação social da doença voltou a vigorar a partir dos anos sessenta,
atrelados às grandes transformações sociais ocorrida naquela época, como a Reforma
Sanitária Brasileira. Passou-se a utilizar além das ciências naturais biológicas, e das ciências
sociais (LAURELL, 1989). Neste sentido, pesquisadores começaram a relacionar saúde e
doença como um processo social, resultante da forma de vida, isto é, das relações do homem
consigo mesmo, dos homens entre si, com a sociedade e com a natureza (FRIAS NIOR,
1999).
A saúde/doença mental é um processo determinado pelas condições de vida humana e
capacidade individual para o enfrentamento dos desafios vivenciados (BORSOI, 2007). Dessa
forma, Haag (2001) define as condições de vida humana, como vários aspectos que
relacionados, podem influenciar na qualidade de vida (neste estudo entenderemos qualidade
de vida como saúde) e no trabalho.
As condições de vida humana segundo Haag (2001) pode ser divida em:
(...) bens de consumo coletivo assistência médica, transporte, educação,
urbanização e saneamento; bens de consumo individualizadosalimentação,
lazer, habitação e vestuário e de relações de trabalho e característica da
empresa - setor primário, transformação, serviços, tamanho da empresa
(pequena, média, grande, multinacional) divio sexual do trabalho, divisão
manual e intelectual, salários e forma de pagamento, horários, contrato de
trabalho, exigências de conhecimento técnico, qualificação, mecanismo de
controle dos trabalhadores, perspectiva de ascensão, folga e intervalos, locais
para refeições e condições ambientais, instalações sanitárias e serviços de
saúde. (HAAG, 2001.p.6-8. Grifos nossos)
Essas condições envolvem subjetividades que são fontes de satisfão ou sofrimento.
O aparecimento de sintomas como cefaléia, problemas gástricos ou desordens de sono, pode
estar sinalizando uma dificuldade do trabalhador, em lidar com aspectos intrínsecos à sua
atividade profissional e sinalizando um acometimento a saúde mental (BERTOLETTI e
32
CABRAL, 2007). Estes sintomas de acordo Dejours (1994), surgem em decorrência de
processos de adoecimento no trabalho, onde o trabalhador, por vezes, não conseguindo dar
conta das exigências organizacionais no ambiente de trabalho, provoca os sentimentos de
frustração, desgaste e/ ou desânimo, sobre forma de perturbações orgânicas pelo corpo.
O processo saúde-adoecimento do trabalhador resulta da interação das condições
gerais de vida, das relações de trabalho, do processo de trabalho e dos mecanismos de
enfretamento e ou defesa que os próprios trabalhadores colocam em ação para intervirem nas
condições adversas à vida e ao trabalho.
As condições de trabalho do setor da saúde, como privação do sono e sobrecarga de
trabalho, lidar com doença, dor e morte cotidianamente, têm sido apontadas por diversos
autores como fator de risco para a saúde mental (NOGUEIRA-MARTINS, 1991). Atuar no
ambiente dessa natureza propicia ao efeito de estresse psicológico no indivíduo, neste caso, ao
estresse relacionado ao trabalho.
O estresse relacionado ao trabalho ocorre, segundo Yela et al. (1994), em decorrência
do contexto organizacional da instituição, em combinação com as características da
personalidade do individuo e a situação interpessoal. Cada pessoa através da subjetividade e
dos seus mecanismos de enfrentamento, respondem diferentemente a este tipo de
acometimento psíquico.
Em nossa sociedade, o trabalho é mediador de integração social, seja por seu valor
econômico (subsistência), seja pelo aspecto cultural (simbólico), tendo importância
fundamental na constituição da subjetividade, no modo de vida e, portanto, na saúde física e
mental das pessoas (BRASIL, 2001).
A influência do trabalho na alteração do estado de saúde mental das pessoas dá-se a
partir de ampla gama de aspectos; desde fatores pontuais, como a exposição a determinado
agente tóxico, até a complexa articulação de fatores relativos à organização do trabalho, como
a divisão e parcelamento das tarefas, as poticas de gerenciamento das pessoas e a estrutura
hierárquica organizacional (BRASIL, 2001). Sendo assim, associada não só pelo aspecto
laboral, mas também pelo contexto de vida social deste individuo, surgem os Transtornos
Mentais e do Comportamento relacionado ao trabalho.
O Transtorno Mental provoca alterações de pensamentos, das emoções e/ou do
comportamento. E pode ter como sintomas: desconforto emocional, distúrbio de conduta e
enfraquecimento da memória, ocasionando sofrimento psíquico, dificuldades de convivência
com familiares, amigos e com colegas, interferência na vida escolar e/ou profissional e
acometimento na saúde dos portadores.
33
A pessoa que desenvolve o Transtorno Mental, muitas vezes se sente em sofrimento,
desesperançada, incapaz de levar sua vida na sua plenitude e apresenta pensamentos de morte
e suicídio. Neste sentido, é crescente o número de publicações referentes aos agravos
psíquicos, medicalização e suicídios de médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de
enfermagem (PITA, 2003; MENDES, 2003).
Nesta linha de estudo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a obra “A
Saúde dos Médicos do Brasil” que compreende em âmbito nacional um retrato de como anda
a saúde destes trabalhadores no país. Referente à saúde mental, dos médicos que responderam
à pesquisa, 7,7% declararam ser portadores de Transtornos Mentais ou Comportamentais.
com relação ao uso contínuo de algum medicamento sob recomendação médica, foi revelado
que os fármacos para o tratamento dos transtornos mentais e comportamentais foram o
segundo mais utilizado, sendo apresentadas 416 (20,9%) de um total de 1993 das prescrições
declaradas (BARBOSA, G., 2007). Estes dados revelam que existe uma desproporção entre a
freqüência de tais transtornos e o uso dos psicofarmácos entre os médicos participantes da
pesquisa, esta discrepância de dados pode ser um indicio de que os usuários têm em maquiar
tais patologias.
Os Transtornos Mentais e do Comportamento relacionado ao trabalho pode ser
encontrado numa lista instituída pelo Ministério da Saúde brasileira através da Portaria/MS
1.339/1999. Nesta encontram-se terminologias específicas referentes à quadros
psicopatológicos, está organizada segundo grupos de patologias ou processos mórbidos da
Classificão Internacional das Doenças.
Tabela 1: Distribuição das Patologias e Processos mórbidos relacionados ao trabalho.
PATOLOGIAS/PROCESSOS MÓRBIDOS
CID
Demência em outras doenças especificas classificadas em outros locais
F02.8
Delirium
, não sobreposto à demência, como descrita
F05.0
Transtorno cognit
ivo leve
F06.7
Transtorno orgânico de personalidade
F07.0
Transtorno mental orgânico ou sintomático não especificado
F09.
-
Alcoolismo crônico (relacionado ao trabalho
)
F10.2
Episódios depressivos
F32.
-
Estado de estresse pós
-
traumático
F
43.1
Neurastenia (inclui síndrome de fadiga)
F48.0
Outros transtornos neuróticos especificados (inclui neurose profissional)
F48.8
Transtornos do ciclo vigila
-
sono devido a fatores não orgânicos
F51.2
Sensação de estar acabado (síndrome de
burn
-
out)
, síndrome de esgotamento profissional.
Z73.0
Fonte: BRASIL (2001. p.164).
34
2.3 SÍNDROME DE BURNOUT
2.3.1 História do conceito
Burn-out, ou simplesmente Burnout no jargão popular inglês, se refere àquilo ou
àquele que deixou de funcionar por total falta de energia. Também como ria de rua pode
significar àquele que se acabou pelo excesso de drogas (FRANÇA e RODRIGUEZ, 1987). De
um modo geral, este termo ficou adotado como uma metáfora para expressar aquilo, ou
aquele, que chegou ao seu limite e, por ausência de energia, não tem mais condições de
desempenho físico ou mental (BENEVIDES-PEREIRA, 2002).
Na literatura, a maioria dos autores menciona que o termo Burnout foi utilizado pela
primeira vez num estudo científico pelo médico psicanalista Herbert Freudenberger
(BENEVIDES-PEREIRA, 2002; TAMAYO e TRÓCCOLI, 2002; SILVA, 2006). No entanto,
Schaufeli e Ezaman (1998) destacam que a adoção deste vocábulo e também o entendimento
do Burnout como um problema organizacional já se acontecia muito tempo, tem-se nota
em 1953, pelos autores Schwarta e Will num estudo de caso de uma enfermeira que
apresentava sintomatologia comum ao Burnout; em 1969 utilizado por Brandley, ao referir-se
ao “staff Burnout”, como fenômeno psicológico que acometia os trabalhadores assistenciais;
e notoriamente por Shaskepeare, em 1599, na obra The Passionate Pilgrim - O Peregrino
Apaixonado, ao escrever “She burn out Love, as soon as straw out bunneth” (p.2).
Contudo, sem vida o uso desta terminologia no meio cientifico emergiu em meados
dos anos 70, especificamente, em 1974, quando foi utilizado por Freudenberg num artigo
intitulado Staff Burn-out para a Revista de Psicologia, com a intenção de alertar a comunidade
científica para os possíveis problemas aos quais os profissionais de saúde estão expostos em
função do trabalho (BENEVIDES -PEREIRA, 2002; SILVA F. , 2006).
Neste estudo, Freudenberg observava o comportamento de voluntários de uma
instituição de dependentes químicos, após o primeiro ano de serviço. Ele notou que alguns
voluntários apresentavam sentimento de derrota, exaustão e de frustração por não conseguir
cumprir com os alvos a serem atingidos. E descreveu que estes eram menos sensíveis e
compreensivos, desmotivados e apresentavam comportamentos agressivos em relação aos
dependentes químicos, mantendo um tratamento distanciado e cínico e com tendência a culpá-
los pelos seus próprios problemas. Utilizou, portanto, o termo Burnout como metáfora para
definir estes sentimentos. E descreveu-o como uma síndrome psicológica, decorrente da
35
diminuição gradual de energia e perda de motivação e do comprometimento profissional
acompanhadas de sintomas de caráter físico e mental (FREUDENBERG, 1974; BORGES et
al., 2002; BENEVIDES-PEREIRA, 2003; FARINA, 2004; MULLER, 2004; FORMIGHIERI,
2003).
A partir de então, pesquisas sobre essa temática começaram a se difundir (CAMPOS,
2005) e com a propagação desses estudos, surgiu a necessidade de construção de métodos de
mensuração da Síndrome de Burnout, a fim de que fosse possível detectá-la por meio de
pesquisas aplicadas (PIRES, 2005).
Nesta perspectiva, as pesquisadoras Maslach e Jackson (Psicólogas) elaboraram tanto
um modelo trico quanto um inventário para a mensuração da Síndrome, surgindo no ano de
1981 o Maslach Burnout Inventory (MBI), o instrumento mais utilizado e mais eficaz para a
mensuração da Síndrome no mundo inteiro (FLOREZ et al, 2008; SOUSA e SILVA, 2002).
2.3.2 Mensuração do Burnout
O Maslach Burnout Inventory (MBI) é constituído por 22 itens em forma de
afirmações sobre os sentimentos e atitudes do profissional no seu trabalho e em relação aos
pacientes (MASLACH e JACKSON, 1981).
Devido a diversidade de ambientes laborais e até mesmo extralaborais (ex: donas-de-
casa) passíveis de ocorrência de Burnout existentes na sociedade, Maslach, Jackson e Leiter
(GIL-MONTE, 2002) resolveram adotar três tipos de MBI, a serem aplicados em
circunstâncias específicas, de acordo com o contexto em que os sujeitos estão inseridos:
a) MBI-Human Services Survey (MBI-HSS), voltado aos profissionais de saúde e
serviços, versão original do MBI;
b) MBI-Educators Survey (MBI-ES), versão do MBI-HSS dirigida aos profissionais
da educação, distinguindo-se do anterior por substituir, nos itens, a palavra paciente por aluno,
e, por último,
c) MBI-General Survey (MBI-GS), escala de caráter mais genérico e contendo
apenas 16 itens
Além do MBI, as psicólogas sociais Chirstina Maslach e Susan Jacckson contribuíram
para os estudos sobre a Síndrome de Burnout, ao trazer uma definição fundamentada na
perspectiva social-psicológica, ou seja, “evidenciaram as variáveis sócio-ambientais como
36
coadjuvantes do processo de desenvolvimento desta Síndrome” (BENEVIDES-PEREIRA,
2002. p. 35).
Nesta definição, a Síndrome de Burnout é entendida como um processo constituído
por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização
profissional. Em base desta idéia, as autoras referem que:
Burnout caracteriza-se por três componentes: exaustão emocional, com
fadiga e redução dos recursos emocionais necessários para lidar com
situações estressoras; diminuição da realização pessoal, com percepção de
deterioração da auto-competência e falta de satisfação com as realizações e
os sucessos; e, despersonalização, com atitudes negativas, ceticismo,
insensibilidade e despreocupação com outras pessoas (MASLACH, 2005.
Grifos nossos).
A exaustão emocional (EE) é provavelmente a primeira reação ao estresse causada
pelas exigências do trabalho (TAMAYO e TRÓCCOLI, 2002). É caracterizada pelo
sentimento de desgaste emocional, esvaziamento afetivo e situação de falência da energia dos
recursos emocionais próprios. Uma vez exaustos, os trabalhadores tendem a sentirem-se
sobrecarregados sica e emocionalmente, mesmo quando acordam pela manhã” (BARBOSA
G., 2007. p. 39-40), como também, sentem uma gradativa redução de sua capacidade de
produção e vigor no trabalho (CARLOTTO e CAMARA, 2004; BORGES et al, 2002;
CAMPOS, 2005, grifos nosso).
A despersonalização (DE) é apontada por Barbosa (2007) como a dimensão
encontrada pela pessoa acometida do Burnout em enfrentar a exaustão emocional e os seus
problemas correspondentes. A DE caracteriza-se pelo distanciamento emocional acentuado,
indiferença diante das necessidades dos outros, insensibilidade e postura desumanizada. Os
usuários dos serviços são vistos pelos profissionais, acometido da despersonalização, de
forma desumanizada e negativa, devido ao endurecimento afetivo desenvolvido. A atitude
prestada por esses profissionais, na maioria das vezes, é impregnada de intolerância,
irritabilidade e ansiedade. Geralmente, as pessoas com DE desenvolvem reações distantes e
frias em relação ao seu ambiente de trabalho e ao seu contexto, podendo, inclusive, chegar a
desistir de suas idéias e de seus ideais, passando, às vezes, a ocupar cargos burocráticos,
poupando contato com os demais que demandam seu serviço e sua atenção (BRASIL, 2001;
CARLOTTO e CAMARA, 2004; BORGES et al, 2002; CAMPOS, 2005, BARBOSA G. et
al, 2007; LIMONGI-FRAA e RODRIGUES, 2007, grifos nosso).
E por baixa realização profissional (RP), entende-se como sentimento de diminuição
de competência e de sucesso no trabalho. Pelo sentimento de inadequação pessoal e
37
profissional ao trabalho, o individuo passa a apresentar uma forma negativa de respostas para
consigo e para com o trabalho, obtendo como resultado a depressão, baixa produtividade,
baixa-estima e redução da capacidade de interagir com os outros. (CARLOTTO, 2003;
BORGES et al, 2002; CAMPOS, 2005, grifos nosso).
Sobre a óptica das três dimensões - EE, DE e RP, estudos (TAMAYO, 1997;
BENEVIDES-PEREIRA, 2002; CARLOTTO, 2003; FLOREZ, 2008) demonstram que a
definição de Maslach e Jacckson tem sido a mais aceita e utilizada na comunidade científica,
principalmente pela disseminação do MBI, instrumento elaborado pelas autoras que avalia as
respectivas dimensões.
Independente das várias definições que o termo Burnout receba e das divergências que
elas possam apresentar, todas apresentam cinco elementos em comum de acordo com Maslach
e Schaufeli (1993), são elas: predominância de sintomas relacionados à exaustão emocional, mental,
fadiga e depressão; os sintomas relacionados ao trabalho; ênfase nos sintomas comportamentais e
mentais; manifesta-se em pessoas que até então não sofriam de distúrbios psicológicos e as atitudes e
comportamentos negativos levam a uma redução da afetividade e do desempenho profissional.
No entanto, não existe uma definição unânime sobre esta Síndrome, existe um
consenso em considerar que o Burnout aparece no indivíduo como uma resposta ao estresse
prolongado relacionado ao trabalho, caracterizado por desmotivação, sobrecarga emocional,
insatisfação ocupacional e redução, conseqüente, da produtividade ao trabalho. Contudo,
VILARTA et al (2006) alerta para o fato de que não se deve confundir o Burnout com o
quadro tradicional do estresse e nem tampouco tratá-lo como sinônimo.
2.3.3 A diferença da Síndrome de Burnout e o Estresse
Pesquisas sugerem que há diferenças significativas entre o Burnout e o Estresse
(SHAUFELLI e ENZMANN, 1998; FILGUEIRAS e HIPPERT, 2002; BENEVIDES-
PEREIRA, 2002; MENEGAZ, 2004; CAMPOS, 2005). A primeira envolve atitudes e
condutas negativas com relação aos usuários, aos clientes, à organização e ao trabalho, sendo
uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a
organização, o Burnout sempre traz um aspecto negativo e está sempre ligado a atividades
laborais (CAMPOS, 2005, p. 40), enquanto no estresse não estão envolvidas
necessariamente, tais atitudes e condutas negativas, trata-se substancialmente de um
esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, mas não de modo direto na sua
relação com o trabalho (FILGUEIRAS e HIPPERT, 2002).
38
As implicações do Estresse podem ser negativas, podendo provocar perdas ou
acarretar ameaças ao organismo, denominado de distress ou positivas, possibilitando o prazer
e desenvolvimento emocional e intelectual, chamado de eustress (BARBOSA G., 2007;
LIMONGI-FRANÇA e RODRIGUEZ, 2007), no Burnout não possibilidade de ocorrência
do eustress.
Essa confusão de discernimento entre Burnout e Estresse se deve também pelas
inúmeras outras denominações existentes na literatura acerca da Síndrome do Burnout, do
tipo: estresse ocupacional, estresse laboral assistencial e estresse profissional, dificultando
também de acordo, com FRANCO G. (2007, p.24) “na sistematização das informações e a
busca pelo exato descritor”.
Estas designações não são adequadas, primeiro pela diferença apresentada acima entre
o quadro de estresse e Burnout; e segundo, pelo adjunto de qualificação proposto
Profissional; Laboral assistencial e Ocupacional, limitando-o a uma especificidade da
Síndrome ou a um grupo vulnerável.
Baseado nas explicações de BENEVIDES-PEREIRA (2002), o Burnout não poderia
ser apenas profissional, por estar mais ligada a atividade e não a profissão; não seria Laboral
assistencial por apresentar diversidade de ambientes laborais e até mesmo extralaborais (ex:
donas-de-casa) passíveis de ocorrência de Burnout existentes na sociedade, seguindo a
observação de Maslach, Jackson e Leiter; e ocupacional, porque no estresse ocupacional não
implica necessariamente que exista a despersonalização, dimensão presente no Burnout.
2.3.4 A etiologia do Burnout
No geral, a Síndrome de Burnout tem mais em comum com características do
ambiente de trabalho do que com fatores individuais, sendo mais freqüente relacioná-los com
atitudes e percepções frente a aspectos da organização (TAMAYO e TRÓCCOLI, 2002).
Dessa forma, o que podemos observar é que o Burnout tem sua etiologia no contexto
ocupacional e a sua origem nas rotinas, tipo e eventos no ambiente de trabalho, fazendo com
que ela seja considerada uma doença coletiva e o individual, por sua vez, não seja
unicamente do individuo, mas, potencialmente, do seu local de trabalho.
Observado a etiologia, Maslach e Leiter (1997, 2008. grifos nossos), através de
pesquisas e entrevistas com mais de dez mil pessoas em toda uma gama de organizações em
diferentes países, revelaram que a maioria dos desajustes entre o indivíduo com o trabalho se
39
enquadra em seis categorias: carga de trabalho (excesso de trabalho, falta de recursos);
controle ( microgestão, falta de influência, responsabilidade sem poder); recompensa (salário,
reconhecimento ou satisfação insuficiente); comunidade (isolamento, conflito, desrespeito);
justiça (discriminação, favoritismo); e valores (conflitos éticos, tarefas sem sentido).
A configuração do desenvolvimento negativo presente no ambiente de trabalho entre
estas seis categorias apontadas por Maslach e Leiter pode ter sido fruto das exigências
estruturais da Globalização e do Neoliberalismo ocorrido nas últimas décadas no mundo
inteiro, fazendo com que houvesse uma adaptação organizacional nas instituições sobre a
forma de: enxugamento (downzing) nas chamadas reestruturação produtiva, subcontratação e
aumento da jornada de trabalho. (GUIMARÃES e GRUBITS, 1999; BRASIL, 2001) afetando
diretamente ao trabalhador.
Neste processo, os profissionais da saúde foram submetidos às mesmas regras
impostas aos demais trabalhadores de qualquer empresa capitalista, tais como: instabilidade e
precarização do contrato de trabalho, ritmo intenso e jornadas de trabalho prolongadas,
redução da remuneração e perda do controle de sua atividade. (SCHRAIBER, 1991;
MOURA, 1998). Desenvolvendo fatores predisponentes mais importantes para a ocorrência
da Síndrome de Burnout: o papel conflitante, perda de controle da autonomia e ausência de
suporte social (BRASIL, 2001).
Somado a estes aspectos organizacionais, ainda existe as especificidades de atuação na
área da saúde que predispõe ao surgimento do Burnout, como: aliviar a dor e o sofrimento do
outro e ter a morte como situação rotineira.
Atrelado a essa predisposição de relação e condições de trabalho, os profissionais da
área de saúde, de modo particular, constituem-se no grupo de indivíduos mais analisados em
relação ao Burnout (PIRES, 2005). Apesar de estudos (CARLOTTO et al., 2007) assinalarem
a ocorrência em tantas outras profissões (Educação, Polícia, entre outros).
Tipicamente, é mais provável que as pessoas portadoras dessa Síndrome sejam jovem
(entre 20-30 anos de idade), solteiro, com tendência a ser envolvidos mais em
responsabilidades de trabalho, ambiciosas e que buscam a perfeição (LIMA e FARIAS,
2004), independente de quaisquer que seja o tipo de ocupação.
40
2.3.5 Sintomatologia, diagsticos e estratégias de enfrentamento do
Burnout.
Na literatura encontra-se uma lista extensa de diversos sintomas associadas a
Síndrome de Burnout ( FREUDENBERG, 1974; IWANICKI, 1983; ARROYO, 2004;
CARLOTTO et al., 2007), no entanto, utilizaremos o quadro a seguir como resumo
esquemático apresentado por Benevides-Pereira em um dos seus estudos sobre a Síndrome.
SINTOMATOLOG
IA DE BURNOUT
FÍSICOS
COMPORTAMENTAIS
Fadiga constante e progressiva
Negligência ou excesso de escrúpulos
Distúrbios do sono
Irritabilidade
Dores musculares ou osteomusculares
Incremento da agressividade
Cefaléias, enxaquecas
Incapacidade para relax
ar
Perturbações gastrintestinais
Dificuldade na aceitação de mudanças
Imunodeficiências
Perda de iniciativa
Transtornos cardiovasculares
Aumento do consumo de substâncias
Distúrbios respiratórios
Comportamento de alto risco
Disfunções sexuais
Suicídio
Alterações menstruais
PSÍQUICOS
DEFENSIVOS
Falta de atenção e concentração
Tendências ao isolamento
Alterações de memória
Sentimento de onipotência
Lentificação do pensamento
Perda do interesse pelo trabalho ou lazer
Sentimento de alienação
Absente
ísmo
Sentimento de solidão
Ironia, cinismo
Impaciência
Sentimento de insuficiência
Baixa auto
-
estima
Labilidade emocional
Dificuldade de auto
-
aceitação
Astenia, desânimo, disforia, depressão
Desconfiaa, paranóia
Fonte: Benevides Pereira, 2002.p.44
Quadro 1: Resumo esquemático da sintomatologia de Burnout
Benevides-Pereira (2002) atenta que não é necessário a pessoa apresentar todos os
sintomas para caracterizar Burnout e faz ressalva a ocorrência dos sintomas defensivos,
considerado como constituinte da característica mais importante, por ser o elemento
diferenciador entre a Síndrome e o estresse.
41
Quanto à manifestação dos sintomas da Síndrome de Burnout, Benevides-Pereira,
(2001, pág.34) refere que dependendo das características da pessoa e das circunstâncias em
que esta se encontre, o grau e as manifestações são diferentes”. Isto equivale dizer que, a
manifestação depara com graus diferentes de freqüência e intensidade, por ser um processo
gradual, e cumulativo. Quanto à freqüência: o menor grau é presente quando ocorre o
aparecimento esporádico dos sintomas, e o maior grau é detectado quando a presença é
permanente. Quanto à intensidade, o nível baixo caracteriza-se pela incidência de sentimentos
como a irritação, esgotamento, inquietações e frustração e ovel alto constitui-se na presença
de doenças e somatizações (IWANICKI, 1983).
Quanto às graves implicações que podem afetar a pessoa acometida dessa Síndrome,
existe o abuso de drogas e bebidas alcoólicas, idéias ou tentativas de suicídio, incapacidade
física ou mental e morte pelas doenças associadas como infarto do miocárdio, AVC, Câncer,
entre outras doenças mais graves (ARROYO, 2004).
Reconhecer os sinais e sintomas e as implicações da Síndrome é fundamental para que
ocorra o combate eficaz por parte da instituição, familiares e/ou enfermo contra esta patologia
ocupacional. Entretanto, alguns estudos (BENEVIDES PEREIRA, 2001, 2002) referem que
muitos profissionais desconhecem a doença, sendo incapaz, portanto de fornecer um possível
diagnóstico do Burnout.
Entre os possíveis erros de diagnósticos relacionados à Síndrome, provavelmente,
estes podem acontecer devido o Burnout geralmente ser confundido além do Estresse,
também com a depressão. Olmedo et al. (2001) descrevem que a Síndrome de Burnout está
vinculada a distúrbios psicopatológicos, dentre eles a depressão. Deste modo, uma
correlação entre eles e não um conceito comum.
Contudo, fica evidente que, para obtenção de um diagnóstico da Síndrome de Burnout
é essencial que o profissional tenha condições de diferenciar estresse, depressão e Burnout.
Para isto, a psicopatologia instrui que o diagnóstico no âmbito da saúde mental não seja feito
apenas pela descrição de uma lista de sintomas, mas sim pela observação fenomenológica
criteriosa que propicia a detecção de elementos que permitem reconhecer uma determinada
patologia (MILLAN, 2007). Sendo necessária uma grande experiência clínica
Nesta perspectiva, a família tem fundamental importância no diagnóstico e tratamento
de um paciente com a Síndrome de Burnout, pois estes são capazes de identificar as atitudes
negativas do seu familiar e ajudá-lo a encontrar o melhor caminho para tratar o problema
existente. No entanto, mesmo o paciente e/ou familiar tendo conhecimento do quadro
42
evolutivo e das suas diferentes fases da Síndrome, estes nunca devem ser utilizados como
auto-avaliação ou automedicação (VARALDO, 2006).
No tratamento para o Burnout, a literatura recomenda à psicoterapia e, de acordo com
o caso clinico, uso concomitante de medicações, caso a pessoa apresente problemas
biofisiológicos, a exemplo de dores, alergias, alteração na pressão arterial, problemas
cardíacos, insônia, entre outras possíveis intercorrências.
Quanto a medicação, esta pode variar de analgésicos e complementos minerais até
ansioticos e anti-depressivos, conforme cada sintomatologia apresentada pelo indivíduo
acometido com o Burnout.
Estudos apontam que existem várias estratégias para controle e prevenção do Burnout
(BORGES, 2002) ou como sugere Campos (2005), manobras de enfretamento.
As manobras de enfrentamentos são formas encontradas pelos profissionais em
lidarem com situações estressantes ou de sofrimento, produzindo mudança de atitudes que
servem para amenizar os problemas existentes no ambiente laboral. Utilizaremos, portanto,
neste estudo a denominação de manobras de enfrentamento ou estratégias.
As estratégias podem se individuais ou coletivas. As individuais, segundo Silva F.
(2000) referem-se à atitude do trabalhador de torna-se mais capacitado no trabalho,
estabelecer metas, parâmetros e participar de programas preventivos ao estresse, já as
coletivas, consistem em buscar o apoio grupal.
As estratégias individuais utilizadas pelos professores para lidar com o estresse são:
realizar atividades de relaxamento; organizar o tempo e decidir quais são as prioridades;
manter uma dieta balanceada e fazer exercícios; discutir os problemas com colegas de
profissão; tirar o dia de folga e procurar ajuda profissional na medicina convencional ou
terapias alternativas (CODO, 1999; CARLOTTO e TRÓCCOLI, 2004; CARLOTTO et al.
2007).
Outra estratégia encontrada por Rodrigues (2001), utilizada pelos profissionais da
saúde, é a elaboração religiosa, que serve para atenuar o sofrimento em situações de morte
junto ao paciente. Acreditar que a morte é uma vontade divina dissipa, ao menos
temporariamente, os sentimentos que perturbam a rotina destes profissionais frente à morte do
paciente.
A meditação defende Souza e Silva (2002) como medida preventiva e benéfica para os
trabalhadores, as autoras apontam que esse exercício proporciona uma sensação de bem-estar
e tranqüilidade devido a estimular a produção de endorfinas.
43
Existem também as manobras pessoais presente em indivíduos com personalidade
resistentes, como aponta Kash et al (2000). Estes conseguem controlar ou influenciar os
eventos estressores, através da percepção, interpretação e manipulação dos eventos, logo,
experimentamveis menores de tensão. Vale lembrar que para monitorar um estresse é
necessário, primeiramente, reconhecer a existência do problema.
Para quaisquer que seja a estratégia utilizada para enfrentamento ou ajuda no Burnout,
é imprescindível a parceria da instituição e dos profissionais para seu combate eficaz, sem se
falar da importância fundamental do enfermo e dos seus familiares, em reconhecer os sinais e
sintomas da patologia e os mecanismos de preveão.
No entanto, para que as estratégias individuais e coletivas sejam mais eficazes no
contexto laboral, faz-se necessário que se tenha uma relação intrínseca que desencadeia uma
estratégia organizacional enfocando tanto o trabalhador como o seu ambiente de trabalho
(MASLACH e LEITTER, 1999.), afim de que se possa seguir ao combate as seis categorias
de desajustes definidas por Maslach e Leitter (2008).
Tendo em vista o aspecto psicossocial da Síndrome de Burnout, Benevides-Pereira
(2002) propõe que as intervenções e os programas preventivos que buscam desenvolver as
estratégias ou manobras de enfrentamento ao Burnout, procurem enfocar na resposta do
indivíduo, no contexto ocupacional e na interação do contexto ocupacional e o individuo, ao
modo que, cada uma destas variáveis tem um papel importante na gênese do processo de
Burnout, de forma independente e relacionada.
44
3 DESENHO METODOLÓGICO
45
3.1 DELINEAMENTO
Trata-se de um estudo observacional, do tipo transversal que descreve as
características de determinada população ou fenômeno das relações entre as variáveis (GIL,
2007). É transversal, pelo fato da análise desenvolvida levar em consideração um determinado
corte temporal na população estudada e pode gerar hiteses de causas de doenças e agravos.
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A populão do estudo foi formada por trabalhadores da Estratégia Saúde da Família
do município de João Pessoa dos V (cinco) Distritos Sanitários. A amostra se constituiu de
dicos, enfermeiras, cirurgiões dentistas, auxiliares/técnicos de enfermagem, auxiliar de
consultório dentário e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) das Unidades Básicas da
Saúde da Família (UBSF).
Foi realizado um processo de amostragem aleatória por conglomerados em dois
estágios com probabilidade proporcional ao tamanho dos conglomerados. O primeiro estágio
foi sorteado as UBSF de cada Distrito com partilha proporcional, no segundo estágio, foram
entrevistados um profissional de saúde de cada categoria das Unidades sorteadas no primeiro
estágio. Para os ACS, por compor na equipe em média de cinco a sete integrantes, foi
orientada ao responsável da UBSF sorteada a escolha aleatória entre estes componentes.
O tamanho da amostra foi determinado estimando-se prevalência de 40% do Burnout
na população estudada, com precisão de 7% e Intervalo de Confiança de 90%. Considerando
estes parâmetros o tamanho da amostra seria de 188 profissionais de saúde. Para evitar os
possíveis erros por perda de amostragem, foram acrescentados 10% a esta estimativa para a
realização do sorteio da amostra, totalizando 206 participantes. No quadro a seguir será
demonstrada a distribuição do número de equipes por Distrito.
Tabela 2: Universo e amostra estimada para cada Distrito Sanitário. João Pessoa, 2008.
Distrito
Nº de Equipes
Nº de Equipes sorteadas
Nº de Profissionais
I
4
6
9
54
II
38
7
43
III
53
10
60
IV
2
5
5
2
9
V
18
4
20
Fonte: SMS de João Pessoa, 2008
46
Critério de exclusão
Utilizamos como critérios de exclusão da amostra pessoas afastados por licença
dica, com diagnósticos comprovados de qualquer transtorno mental grave e que se
recusaram a participar da pesquisa. Além daquelas que deixaram de responder pelo menos,
dois dos três questionários aplicados.
3.3 LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi realizado na cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, com
área total de 210,80 km², localizado na mesorregião da Mata Paraibana. Com população
estimada no ano de 2008, de 674.762 mil habitantes de acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2008).
De acordo com a divisão regional do estado da Paraíba, João Pessoa, localiza-se na
macrorregião e na 1ª gerência regional. Habilitada na Gestão Plena do Sistema Único de
Saúde no ano de 2004, com cobertura de 100% da Estratégia Saúde da Família (JOÃO
PESSOA, 2005).
O relatório do ano de 2007 da Diretoria da Gestão do Trabalho e da Educação na
Saúde (DGTES) menciona que:
O projeto político da Gestão Municipal de João Pessoa está fundamentado na
reconstrução da matriz produtiva para a produção do cuidado integral e
humanizado, com evidência nas necessidades de saúde do usuário-cidadão,
configurado em rede de cuidados progressivos com participação dos atores
envolvidos na construção do SUS (JOÃO PESSOA, 2007. p1).
Nesta perspectiva potica, com o propósito de organizar a rede de cuidado progressivo
do sistema e garantir à populão acesso aos serviços básicos, especializados e à assistência
hospitalar, a rede de serviços de saúde deste município está distribuída territorialmente em
cinco Distritos Sanitários.
Para tanto a rede municipal de saúde é visualizada como um espaço de cuidado,
aprendizagem coletiva, de ressignificação de práticas e constituição de sujeitos. Em vista
disso, a SMS adotou como plano estratégico a construção da atenção integral e humanizada e
a Educação Permanente em Saúde (EPS), a fim de viabilizar a transformão, que consiste
num movimento de mudança das práticas de saúde.
47
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DOS DADOS
Para atender os objetivos propostos neste estudo foram utilizados três questionários:
cio-demográfico; Maslach Burnout Inventory Human Services Survey (MBI- HSS) e Self-
Report Questionnaire (SRQ-20).
3.4.1 Questionário sócio-demográfico
Foi utilizado um questionário desenvolvido pelo próprio pesquisador para
levantamento de características sociodemográficas. Este será complementado com itens
relacionados às condições do trabalho (tempo de serviço, carga horária, remuneração etc.)
(Apêndice C).
Este instrumento foi submetido a um Pré-teste para adequar as perguntas; encontrar as
categorias mais freqüentes das perguntas; avaliar o tempo de exploração do questiorio e a
sua aceitação. Entretanto, por ter sido aplicado num ambiente de trabalho da pesquisadora, os
voluntários que participaram da pesquisa não fizeram objeção aos itens de identificação e
renda, porém estes itens foram apontados, muitas vezes, pelos participantes da pesquisa em
João Pessoa - JP, como um obstáculo para participação na pesquisa, omissão dos dados ou até
mesmo, inverdade nas respostas.
Uma vez identificado este entrave durante a aplicação dos instrumentos nas primeiras
equipes da Saúde da Família de JP, foi enfatizado aos próximos entrevistados a importância
da resposta destes dados para a análise da pesquisa e a garantia do cumprimento dos aspectos
éticos à pesquisa com seres humanos. Havendo ainda resistência, orientou-se a possibilidade
de omitir as questões: nome, endereço, e-mail e renda-familar.
3.4.2 Maslach Burnout Inventory Human Services Survey– MBI-HSS
Para avaliação da Síndrome de Burnout foi utilizado o inventário de Burnout de
Maslach (MBI-HSS). Trata-se de um instrumento criado por Cristina Maslach, professora de
psicologia da Califórnia e pela psicóloga Susan Jackson, com objetivo de averiguar os
sentimentos pessoais e atitudes do profissional de serviços humanos em seu ambiente de
trabalho.
48
O MBI é utilizado exclusivamente para a avaliação da Síndrome foi traduzido e
adaptado para o Português por Maurício Tamayo (1997), constando de 22 itens, aos quais os
participantes da pesquisa devem responder de acordo com uma escala de 0 a 6, indicando com
que freqüência experimentam o conteúdo sugerido pelo item. A pontuação vai desde: 1
(nunca), 2 (algumas vezes por ano), 3 (uma vez por mês), 4 (algumas vezes por mês), 5 (uma
vez por semana), 6 (algumas vezes por semanas) e 7 (todos os dias).
As sub-escalas que aferem as três dimensões do Burnout. Tais questões são:
Esgotamento Emocional (EE), Diminuição da Realização Pessoal (RP) e Despersonalização
(DE).
A exaustão emocional (EE) é composta por 9 questões (1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16, e 20),
que traduzem sentimentos de exaustão e esgotamento com o trabalho. Tais questões são:
1. Sinto-me esgotado (a) emocionalmente devido ao meu trabalho
2. Sinto-me cansado (a) ao final da jornada de trabalho
3. Quando me levanto pela manhã e vou enfrentar outra jornada de trabalho sinto-me
cansado (a).
6. Trabalhar com pessoas o dia todo me exige um grande esforço
8. Meu trabalho deixa-me exausto (a).
13. Sinto-me frustrado (que não atingiu o seu ideal, a sua ambão, o seu desejo) em
meu trabalho.
14. Creio que estou trabalhando em demasia. (excesso)
16. Trabalhar diretamente com as pessoas causa-me estresse.
20. Sinto-me no limite de minhas possibilidades.
A despersonalização (DE), formada por 5 itens (5, 10, 11, 15 e 22) que descrevem
respostas impessoais. São:
5. Creio que trato algumas pessoas como se fossem objetos impessoais
10. Tenho me tornado mais insensível com as pessoas desde que exerço este trabalho.
11. Preocupa-me o fato de que este trabalho esteja-me endurecendo emocionalmente.
15. Não me preocupo realmente com o que ocorre às pessoas a que atendo.
22. Sinto que as pessoas culpam-me de algum modo pelos seus problemas.
E a realização profissional (RP), constitda por 8 questões (4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e
21), que descrevem sentimentos ao nível da capacidade e sucessos alcançados no trabalho
49
com pessoas. Segundo estudos (FORMIGHIERI, 2003). Esta última se pontua de forma
inversa. Os itens são:
4. Posso entender com facilidade o que sentem as pessoas.
7. Lido eficazmente (que age com eficiência) com os problemas das pessoas
9. Sinto que através do meu trabalho influencio positivamente na vida de outros.
12. Sinto-me com muita vitalidade. (força)
17. Posso criar facilmente uma atmosfera relaxada para as pessoas.
18. Sinto-me estimulado (a) depois de trabalhar em contato com as pessoas
19. Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão.
21. Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais no meu trabalho.
Para identificar a presença do Burnout entre os trabalhadores de saúde da ESF do
município de João Pessoa foi aplicado o instrumento MBI. Através dos resultados deste
instrumento, em suas dimensões EE, DE e RP, foi possível identificar a incidência de Burnout
na amostra pesquisada. Cabe salientar, no entanto, que não encontramos um consenso entre os
estudos da Síndrome de Burnout com relação aos valores apresentados nos instrumentos de
investigação, no que se refere ao ponto de corte das dimenes da Síndrome, bem como a
ausência de um único critério para identificação da mesma.
Por não existir consenso na literatura para interpretação do questionário MBI optamos
por descrever os resultados utilizando três modelos propostos: Grunfeld et al. (2000),
Ramirez et al. (1995) e Maslach e Jackson (1986). O quadro abaixo demonstra os critérios
de identificação da Burnout de acordo com cada modelo proposto.
Burnout
Grunfeld. E.
Presença de:
Exaustão emocional em nível alto OU
Despersonalização emvel alto OU
Realização pessoal em nível baixo
Ramirez. A.
Presença de:
Exaustão emocional em nível alto E
Despersonalização emvel alto E
Realização pessoal em nível baixo
Maslach e Jackson
Presença de:
Burnout moderado – se pelo menos duas das dimensões em nível médio;
Burnout grave – se pelo menos duas das dimensões em nível alto.
Quadro 2: Identificação de Burnout
50
O manual do M.B.I. recomenda pontuar as dimensões separadamente, uma vez que,
ainda não é claro o peso de cada uma das dimensões no conjunto dos elementos que a
comem. Pode-se também abordar as graduações obtidas através de dois aspectos:
intensidade e freqüência (MASLACH e JACKSON, 1981). De acordo com a intensidade, o
grau baixo é representado pela presença de fadiga, inquietação, frustração e irritação. o
grau máximo está vinculado à presença de doenças e somatizações de caráter crônico
(IWANICKI, 1983). Quanto à freqüência, o grau nimo está associado ao aparecimento
esporádico de sintomas, enquanto o grau máximo corresponde à sintomatologia permanente
no cotidiano do indivíduo (FLOREZ, 2008).
Para verificar o nível/estágio em que se apresenta o Burnout e a ocorrência da
Síndrome, foi adotada a recomendação de Maslach e Jackson (1986). Segundo o critério
destes autores, consideram-se três níveis de Burnout para cada uma das suas três dimensões:
Baixo (pessoas com pontuações abaixo do percentil 25), Médio (quando as pontuações se
situam entre os percentis 25 e 75) e Alto (pontuações superiores ao percentil 75), vale
salientar que este modelo considera unicamente o nível Médio (M) e Alto (A) em cada
dimensão para indicar o grau do Burnout.
Para encontrar estes níveis (Alto, Médio e Baixo), primeiramente foi identificada a
pontuação especifica da amostra, em seguida, através desta pontuação foi encontrado o
percentil dos níveis das dimensões de Burnout e delimitado o ponte de corte da amostra em
estudo (Tabela 3).
Estabelecido estes dados foi criada a escala de classificação dos veis de Burnout e
detectado a incidência das dimensões e da Síndrome na amostra em estudo.
Tabela 3: Escala de classificação dos níveis das dimensões do Burnout segundo
recomendação de Maslach e Jackson.
Dimensões do Burnout
Nível
Percentil
Pontuação
EE
Baixo
0
25
0
Médio
25
75
7
24
Alto
75
100
> 25
DE
Baixo
0 – 25
0
Médio
25
75
1
Alto
75
100
6
23
RP
Baixo
0 – 25
0 – 34
Médio
25
75
35
45
Alto
75
100
46
50
51
3.4.3 Self-Report Questionnaire (SRQ-20)
É um instrumento constitdo de 20 perguntas, que permite fazer o rastreamento de
distúrbios psiquiátricos menores (depressão, ansiedade), mais do que estabelecer categorias
diagnósticas como na Classificação Internacional de Doenças-10 (CID-10) e Diagnostic and
Statistical Manual-IV (DSM-IV) (COSTA, 2002).
As questões numeradas do SRQ-20 o:
01
- Tem dores de cabeça freqüentes
02
- Tem falta de apetite
03
- Dorme mal
04
- Assusta-se com facilidade
05
- Tem tremores de mão
06
- Sente-se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a)
07
- Tem má digestão
08
- Tem dificuldade de pensar com clareza
09
-
Tem se sentido triste ultimamente
10
- Tem chorado mais do que de costume
11
- Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas atividades diárias
12
- Tem dificuldades para tomar decies
13
- Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, causa sofrimento)
14
- É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida
15
- Tem perdido o interesse pelas coisas
16
- Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo
1
7
-
Tem tido idéias de acabar com a vida
18
- Sente-se cansado (a) o tempo todo
19
- Tem sensações desagradáveis no estômago
20
- Você se cansa com facilidade
Os pontos de corte estabelecidos para caracterizar a presença de transtornos mentais
menores (ansiedade e depressão) através do SRQ-20 foram distintos para os sexos: 5 - 6 para
os homens e 7- 8 para as mulheres. Na avaliação do questionário, para encontrar a pontuação,
somam-se as respostas afirmativas (Sim) e utiliza o resultado como ponto de corte.
52
3.5 PROCEDIMENTOS
A coleta de dados desta pesquisa foi realizada obedecendo as seguintes etapas:
a) Contato com as direções das instituições e a Secretária municipal objetivando a
autorização e o apoio para a coleta de dados nos serviços onde os profissionais atuam;
b) Aplicação do pré-teste em duas equipes de profissionais da saúde da ESF do
município de Pedras de Fogo PB e reavaliação do Instrumento;
c) Envio do projeto ao Comitê de Ética e Pesquisa do CCS;
d) Retorno à Secretaria Municipal de Saúde, especificamente a Diretoria de Gestão do
Trabalho e da Educação em Saúde - DGTES, apresentando a certidão de aprovação do
Comitê de Ética e um Memorial do projeto, para que este serviço fizesse um contato
formal com os 5 diretores dos Distritos Sanitários autorizando e informando a
realização da pesquisa nas UBS de abrangência dos mesmos;
e) Ida aos 5 distritos para o contato com o diretor ou algum outro responsável, para a
realização do sorteio das unidades aos quais seriam aplicados os questionários;
No Distrito I, II e IV foi oferecido um encaminhamento de identificação da pesquisa
pelo diretor dos respectivos Distritos. No Distrito V, logo após o sorteio, as equipes foram
comunicadas da realização da pesquisa por telefone pela Assessoria Técnica.
f) Capacitação dos estudantes de graduação do curso de Enfermagem para aplicação do
questionário;
g) Aplicação dos instrumentos de coleta de dados no período entre maio e agosto de 2008
nas Unidades de Saúde da Família sorteadas;
Os questionários foram aplicados pela autora deste estudo e por estudantes do curso de
graduação (bolsistas ou voluntários), da Universidade Federal da Paraíba, que já haviam
cursado disciplinas como epidemiologia, metodologia da pesquisa aplicada a saúde e Saúde
Coletiva.
Para cada participante da pesquisa, foi entregue o TCLE (Apêndice - A), antes do
início da coleta de dados. Após o consentimento de cada trabalhador sorteado em participar da
pesquisa e da prévia autorização da instituição, aplicamos os instrumentos (Anexo A e B e
Andice - C) individualmente, nos locais de trabalho, observando as conveniências de
horário dos profissionais. Quando o profissional não foi encontrado, ou não teve
disponibilidade de tempo para responder o questionário, foram realizados retornos à UBS da
53
família. Em algumas UBSF, os profissionais optaram para que fossem deixados os
questionários e que depois o entrevistado retornasse para pegá-los.
h) Leitura dos instrumentos respondidos e identificação de erros ou omissões nas
respostas;
i) Contatos por telefone ou ida ao local de trabalho para a correção ou preenchimento
dos questionários com os erros ou omissões de respostas;
j) As a fase de revisão, os dados coletados foram devidamente codificados e digitados
na planilha Microsoft Excel e no software Statitical Package for the Social Science -
SPSS com versão 15.0.
Procedimentos éticos
O presente estudo seguiu aos princípios da Resolução 196/96 que apresenta as
diretrizes regulamentadoras acerca de pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil,
incluindo o conteúdo do Termo de Consentimento. (ELLEN; BENTO; OSIS, 2004) e atendeu
às responsabilidades e deveres contidos no capítulo III da Resolução COFEN 311/2007, no
que concerne aos aspectos éticos e legais da pesquisa envolvendo seres humanos,
contemplados nos artigos 89, 90, 91, 92 e 93 (COFEN, 2007).
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Apêndice - A), feito
conforme dispõe a Resolução 196/96, tem por finalidade permitir que a pessoa que está sendo
convidada a participar da pesquisa compreenda os procedimentos, riscos, desconfortos,
benefícios e direitos envolvidos, visando permitir uma decisão autônoma do participante e
este Termo deverá ser assinado pelos participantes do estudo antes da aplicação dos
questionários (CNS, 1996).
3.6 ANÁLISES DOS DADOS E AVALIAÇÃO DE CONFIABILIDADE DOS
INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADO.
Uma vez feita a crítica dos questionários respondidos, os dados coletados foram
devidamente codificados e digitados na planilha Microsoft Excel. Em seguida, foram
submetidos à análise estatística com o auxílio do pacote estatístico SPSS versão 15.0.
54
Inicialmente foram feitas a distribuição de freqüências e a análise descritiva (média,
desvio padrão, nima e máxima) para descrever os dados que serão apresentados na forma
de gráficos e tabelas de freqüência.
Para avaliar a associão entre as variáveis, os testes de qui-quadrado de Pearson
foram aplicados. O nível de significância (α) adotado foi de 10%, sendo considerados
significativos valores de p 0,1.
Para verificarmos a confiabilidade interna dos instrumentos de coleta de dados,
realizamos através do coeficiente alfa de Cronbach (α), a adequação e qualidade dos
instrumentos proposto neste estudo. Maslach Burnout Inventory Human Services Survey
MBI-HSS e o Self-Report Questionnaire - SRQ-20. O instrumento foi considerado confiável
e com boa consistência interna quando o valor de α > 0,70.
55
4 RESULTADOS
56
Distribuídas proporcionalmente pelos cincos Distritos de acordo com o número de
equipe compostas por cada localidade, 173 entrevistados devolveram respondidos os
questionários e após revisão destes, a amostra se constituiu de 170 participantes, isto equivale
a 90,42% da amostra pretendida. Vale mencionar que, das 35 equipes sorteadas, apenas 1
equipe completa (agente comunitário de saúde; auxiliar de consultório dentário; médico;
enfermeira; aux.técn. de enfermagem e cirurgião- dentista) recusou participar da pesquisa.
Tabela 4: Distribuição do percentual dos participantes da pesquisa por Distrito
Sanitário. João pessoa, 2008.
Distrito
N
%
I
38
22,4
II
38
22,4
III
50
29,4
IV
26
15,3
V
1
8
10,6
4.1 DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS
Tabela 5: Distribuição das categorias profissionais da ESF segundo o sexo. João pessoa,
2008.
Feminino
Masculino
N
%
N
%
ACS
25
89,3
3
10,7
ACD
22
75,9
7
24,1
Enfer
magem
30
100,0
0
0,0
Téc/Aux. de Enf.
31
100,0
0
0,0
Medicina
17
81,0
4
19,0
C. dentista
26
83,9
5
16,1
A tabela 5 revela que em todas as profissões investigadas neste estudo existiu a
predomincia do sexo feminino. Na enfermagem, 100% das participantes da pesquisa nesta
área são do sexo feminino.
A presença masculina foi verificada em maior percentual entre os Auxiliares de
Consultório Dentário - ACD (24,1%), seguido dos profissionais de medicina (19,0%), dos
Cirugiões-dentistas (16,1%) e dos Agentes Comunitários de Saúde - ACS (10,7%).
57
Tabela 6: Distribuição dos profissionais da saúde da ESF do município de João Pessoa
segundo as variáveis sociodemográficas, 2008.
Características Sociodemográficas
N
%
Sexo
Masculino
19
11,2
Fem
inino
151
88,8
Idade
20 a 30 anos
32
18,8
31 a 40 anos
42
24,7
41 a 50 anos
47
27,6
51 a 65 anos
45
26,5
Não informaram
4
2,4
Situação Marital
Com companheiro
109
64,1
Sem companheiro
61
35,9
Filhos
Sim
129
75,9
Não
40
23,5
Sem informação
1
0,6
Naturalidade
Do interior da Paraíba
53
31,2
João Pessoa
81
47,6
Outro estado
24
14,1
Informação errada ou sem informação
12
7,1
Escolaridade
Ensino médio/fundamental
76
44,70
Ensino Superior
93
54,70
Sem informação
1
0,6
Religião
Católica
121
71,2
Evangélica
34
20,0
Não tem, outros ou sem informação
15
8,8
Renda Familiar
Até 2 sarios mínimos
36
21,2
De 2,01 a 5 salários nimos
38
22,4
De 5,01 a 10 sarios mínimos
32
18,8
De 10,01 a 50 sarios mínim
os
34
20,0
Sem informação
30
17,6
Foi verificado na tabela 6 que a amostra, foi composta majoritariamente por
trabalhadoras do sexo feminino (88,8%); distribuídos na faixa etária dos 20 aos 65 anos; com
situação marital predominantemente com companheiro (64,1%); com filhos (75,9%); naturais
de João Pessoa (47,6%); católicos (71,2%) e com renda familiar entre 2,01 a 5 salários
mínimos (22,4%). Quanto à escolaridade predominou o ensino superior (54,70%).
58
Tabela 7: Distribuição das atividades utilizadas durante o tempo livre pelos
trabalhadores da saúde da ESF do município de João Pessoa, 2008.
Atividades
N
%
Assistir TV e Vídeo
107
69,2
Trabalho doméstico
103
60,6
Ir à igreja
98
57,6
Lazer (cinema, bares, shopping)
82
48,2
Leitura e estudo
78
45,9
Dormir
67
39,4
Uso do computador para laser
51
30
,0
Prática de esporte
35
20,6
Outra
s
atividades
28
16,5
Atividades artesanais
16
9,4
Trabalho voluntário
15
8,8
Práticas
alternativas
4
2,4
De acordo com a tabela 7, apenas 20,6% dos trabalhadores da saúde da ESF costumam
praticar esporte durante seu tempo livre. Em relação à opção - outras atividades foi comum
encontrar referência a estar com a família (brincar com os filhos). Foram consideradas como
práticas alternativas: yoga, dança, meditação, entre outros. Foi verificado que, somente 4
(2,4%) pessoas afirmaram que utilizava destas práticas durante o tempo livre.
4.2 DADOS OCUPACIONAIS
Tabela 8: Distribuição das categorias profissionais da ESF que atuam em outro serviço
além da ESF. João pessoa, 2008.
o
Sim
N
%
N
%
ACS
26
10,3
3
89,7
ACD
27
3,6
1
96,4
Enfermagem
26
16,1
5
83,9
Téc/Aux. de Enf.
27
10,0
3
90,0
Medicina
7
66,7
14
33,3
C. dentista
19
16,1
12
61,3
A tabela 8 revelou que, em todas as profissões investigadas neste estudo, existiam
pessoas que trabalhavam em outro local. Os profissionais de medicina 14 (66,7%) e os
cirurgiões dentistas 12 (38,7) exibiram maior ocorrência.
Das 38 (22,4%) pessoas que afirmaram trabalhar em outro local, além da ESF, apenas
1 pessoa afirmou ter uma jornada de trabalho de apenas 40 horas semanais, vale salientar que
59
esta pessoa considerou o trabalho doméstico como outro tipo de trabalho, mas não
acrescentou o número de horas dispensada para este serviço.
Tabela 9: Distribuição dos trabalhadores segundo as variáveis ocupacionais. João
pessoa, 2008.
Características Ocupacionais
N
%
Tempo de Profissão
Até
8
,00 anos
58
18,8
De 8,01 anos
até 20,00 anos
52
3
8,2
De 20,01 anos
até 38 anos
60
42,9
Tempo de PSF
De 0 a 8 anos
106
62
,4
Mais de 8 anos
64
37,6
Tempo de trabalho em JP
Menos de 1 ano
32
18,8
De 1,01 anos até 4,0 anos
65
38,2
Mais de 4 anos
73
42,9
Quantidade de pessoas em média atendida por dia
Até 10 pessoas
38
22,1
D
e 11a 20 pessoas
78
45,3
De 21 a 30 pessoas
34
19,8
Mais de 30 pessoas
20
11,6
Reuniões
Não há reuniões
4
2,4
1 vez por semana
156
91,8
De 15 em 15 dias
9
5,3
Na entrega do sistema de informação
1
0,6
Participa de cursos/treinamentos oferecidos p
ela sua
instituição
Não
55
32,4
Sim
111
65,2
Sem informação
4
2,4
Costuma se envolver com o seu trabalho
Além do exigido pela organização e pela sua profissão
79
45,1
O exigido pela organização e pela sua profissão
86
49,1
Menos que a exigência
da organização e profissão
2
1,1
Trabalha em outro local
Não
132
77,6
Sim
38
22,4
Jornada de trabalho
40 horas
133
78,2
41 até 60 horas
27
15,9
61 até 91horas
9
5,3
Não responderam
1
0,6
Em relação ao tempo de profissão, (42,9%) a maior parte dos trabalhadores tem entre
20,01 até 38 anos de profissão; 38,2% entre 8,01 até 20 anos e 18,8% até 8 anos. Na ESF a
60
maioria (62,4%) atuam em menos de 8 anos, e 42,9% trabalham no município de João Pessoa
mais de 4 anos.Ainda referente ao tempo de atuação na Estratégia Saúde da Família, dos
170 participantes da pesquisa, 1 informou ter mais de 14 anos na ESF.
A população da amostra cumpre jornada de 8 horas diárias de trabalho, ou seja, 40
horas por semana na ESF no município de João Pessoa. Considerando que 22,4% da amostra
trabalham em outro local além da ESF, 15,9% tem uma jornada de trabalho entre 41 até 60
horas e 5,3% (9 pessoas) chegam a ter entre 61 até 91 horas. Com uma média de atendimento
entre 11 a 20 pessoas ao dia (45,3%). Foi também verificado na tabela 9 que 32,4% dos
trabalhadores alegaram que não participam de cursos/treinamentos oferecidos pela instituição.
Gráfico 2: Percentual de atividades oferecidas pela instituição para os trabalhadores da saúde
da ESF do município de João Pessoa, 2008.
Em relação à oferta de atividades oferecidas pela instituição para melhoria da saúde do
trabalhador, o gráfico 2 revela que 83,5% (142) da amostra deste estudo referiram que não é
oferecida alguma atividade pela instituição (ESF do município de João pessoa). Sendo que
16,5% (28) confirmaram existir a oferta dessas atividades e a Terapia comunitária foi a
atividade mais mencionada pelos entrevistados 6,5% (11).
Tabela 10: Distribuição das atividades oferecidas pela instituição para os trabalhadores
da saúde da ESF do município de João Pessoa, 2008.
Atividades
N
%
Ginástica laboral
4
2,4
Atividade de relaxamento
5
2,9
Terapia
C
omunitária
11
6,5
Outras atividades
17
10
61
4.3 RESULTADO DO SRQ-20
O Self-Report Questionnaire (SRQ-20) é um instrumento constituído de 20 perguntas
que permite fazer o rastreamento de transtornos mentais menores (depressão, ansiedade)
através de questões que indicam sinais e sintomas que identificam quando a pessoa está
prestes a desenvolver a ansiedade ou depressão.
Na tabela 11 será demonstrada a freqüência das 20 perguntas respondidas
afirmativamente pelos participantes desta pesquisa.
Tabela 11: Distribuição da pontuação do SRQ-20. João Pessoa, 2008.
SRQ
-
20
N
%
Sent
e
-
se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a)
82
48,2%
Tem dores de cabeça freqüentes
51
30,0%
Dorme mal
51
30,0%
Tem se sentido triste ultimamente
46
27,1%
Tem sensações desagradáveis no estômago
40
23,5%
Tem má digestão
36
21,2%
Você se cansa com fac
ilidade
33
19,4%
Tem dificuldades para tomar decisões
33
19,4%
Assusta
-
se com facilidade
29
17,1%
Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas atividades diárias
25
14,7%
Tem dificuldade de pensar com clareza
24
14,1%
Tem chorado mais do q
ue de costume
24
14,1%
Sente
-
se cansado (a) o tempo todo
22
12,9%
Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, causa sofrimento)
9
5,3%
É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida
9
5,3%
Tem falta de apetite
12
7,1%
Tem tremores de mão
1
3
7,6%
Tem perdido o interesse pelas coisas
13
7,6%
Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo
1
0,6%
Tem tido idéias de acabar com a vida
0
0,0%
Os dados desta distribuição revelam que os sinais e sintomas mais freqüentes foram:
48,2% dos profissionais sentem-se nervoso (a), tenso (a) ou preocupado (a), 30,0% tem
dores de cabeça freqüentes e dormem mal e 27,1% tem se sentido triste ultimamente.
Em relação ao trabalho 5,3% ( 9 pessoas) afirmaram ter dificuldades no serviço,
acreditando que este é penoso e causa sofrimento. Dos 170 entrevistados, 27 (14,7 %)
confirmaram que encontram dificuldades para realizar com satisfação suas atividades diárias.
Neste estudo o coeficiente de confiabilidade pelo alfa de Cronbach no SRQ-20 foi de
0,80.
62
4.3.1 Risco para adoecimento mental e variável
sociodemográfica/ocupacional.
Tabela 12: Relação entre o risco de adoecimento mental e sexo segundo o SRQ-20. João
Pessoa, 2008.
Sem risco
Com risco
N
%
N
%
Feminino
121
80,7
29
19,3
P
= 0,5
Masculino
16
84,2
3
15,8
Total
1
37
81,1
32
18,9
Ao correlacionarmos a variável sexo com o SRQ-20 foi observado que o maior
percentual de trabalhadores com risco ao adoecimento mental eram do sexo feminino, isto
equivale a 19,3% das 150 mulheres e 15,8% dos 19 homens participantes da pesquisa. O teste
de significância estatística não foi significativo nesta comparação. 1(um) participante da
amostra recusou responder este questionário.
Em todas as profissões investigadas neste estudo existiu um percentual para o risco ao
adoecimento mental. No entanto, as três categorias que apresentaram maiores riscos foram os
dicos (30,00%), em seguida os cirurgiões-dentistas (25,80%) e as enfermeiras (19,40%).
Gráfico 3: Relação entre atividade profissional e risco de adoecimento mental conforme
somatório do SRQ-20.
63
Tabela 13: Relação entre horas por semana no trabalho com risco ao adoecimento
mental. João pessoa, 2008.
Horas sem
anais
Sem risco
Com risco
N
%
N
%
40 hs
109
82
%
24
18
,0
%
P
=
0,
41 até 60 hs
22
81,5%
5
18,5%
61 até 91 hs
5
62,5%
3
37,5%
Não respondeu
1
100%
0
0
,0
%
Ao correlacionarmos a variável Horas por semana no trabalho com o SRQ-20,
verificamos que à medida que aumenta o numero de horas semanais um aumento
correspondente ao risco de adoecimento mental. Entretanto esta correlação não obteve
correlação estatística significativa (p>0,1) devido ao número pequeno na freqüência de
respostas referentes à carga horária acima de 40 horas semanais.
Tabela 14: Relação entre atividades utilizadas durante o tempo livre e risco de
adoecimento mental. João Pessoa, 2008.
Atividades
Sem risco Com risco
P
N
%
N
%
Prática de esporte
Não
108
80,6
26
19,
Sim
29
82,9
6
17,1
0,48
Práticas alternativas
Não
134
81,2
31
18,8
Sim
3
75,0
1
25,0
0,57
Atividades artesanais
Não
124
81,0
29
19,0
Sim
13
81,3
3
18,8
0,64
Leitura e estudo
Não
72
78,3
20
21,7
Sim
65
84,4
12
15,6
0,20
Lazer
(cinema,bares,shopping)
Não
68
77,3
20
22,7
Sim
69
85,2
12
14,8
0,13
Uso do computador para laser
Não
98
83,1
20
16,9
Sim
39
76,5
12
23,5
0,21
Trabalho voluntário
Não
127
82,5
27
17,5
Sim
10
66,7
5
33,3
0,12
Trabalho doméstico
Não
53
79,1
14
20,9
Sim
84
82,4
18
17,6
0,36
64
Tabela 14: Relação entre atividades utilizadas durante o tempo livre e risco de
adoecimento mental. João Pessoa, 2008.
CONTINUA
Dormir
Não
84
81,6
19
18,4
Sim
53
80,3
13
19,7
0,49
Ir à igrej
a
Não
57
79,2
15
20,8
Sim
80
82,5
17
17,5
0,36
Assistir TV e Vídeo
Não
50
79,4
13
20,6
Sim
87
82,1
17
17,9
0,40
Outros
(passear na praia, ficar com
a família; brincar com os filhos)s
Não
116
82,3
25
17,7
Sim
21
75
7
25,0
0,25
Não houve resultado significativo estatisticamente para este estudo nesta variável,
entretanto, foi verificado uma tendência de diminuição do risco ao adoecimento mental entre
os entrevistados que mencionaram utilizar as atividades - lazer, ir à igreja, assistir TV,
Leitura e estudo e prática de esporte - durante o seu tempo livre.
Tabela 15: Relação entre atividades para melhoria da saúde e risco ao adoecimento
mental. João pessoa, 2008.
Atividades
Risco ao adoecimento mental
P
o
Sim
N
%
N
%
Ginástica laboral
Não
133
80,6
32
19,4
0,4
Sim
4
100,0
0
0
,0
Atividade de relaxamento
Não
132
80,5
32
19,5
0,3
Sim
5
100,0
0
0,0
Terapia comunitária
Não
128
81,0
30
19,0
0,6
Sim
9
81,8
2
18,2
Outras
(meditação/dança/outras)
Não
123
80,9
29
19,1
0,5
Sim
14
82,4
3
17,6
O número de profissionais que desenvolvem atividades para melhoria da saúde
oferecida pela instituição é pequeno e este número reduzido limita a comprovação estatística
65
através de testes de hipótese. Por sua vez, vale destacar que entre os 5 profissionais que
mencionaram a atividade de relaxamento e ginástica laboral, nenhum deles apresentou risco
ao adoecimento mental. Quanto a Terapia comunitária, apenas 18,2% sofrem o risco e para as
outras atividades (meditação/dança/outras) apenas 17,6%.
4.4 DESCRIÇÕES DOS RESULTADOS DO MBI
Através das respostas marcadas afirmativamente no questionário MBI pelos
participantes neste estudo, foi verificado a freqüência das respostas das questões
correspondente de cada dimensão da Síndrome de Burnout, independente do individuo está
acometido ou não com a Síndrome.
Tabela 16: Freqüência das respostas da dimensão Despersonalização.
Questões
Respostas
N/%
Nunca
Uma vez
ao ano
ou menos
Uma vez
ao mês
ou menos
Algumas
vezes ao
mês
Uma
vez por
semana
Algumas
vezes por
semana
Todos
os dias
0
1
2
3
4
5
6
5. Creio que trato algumas
pessoas como se fossem
objetos impessoais
144
(84,7%)
9
(5,3%)
4
(2,4%)
7
(4,1%)
0
(0,0%)
4
(2,4%)
0
(0,0%)
10. Tenho
me tornado mais
insensível com as pessoas
desde que exerço este
trabalho.
126
(74,1%)
10
(5,9%)
9
(5,3%)
3
(1,8%)
0
(0,0%)
6
(3,5%)
14
(8,2%)
11. Preocupa
-
me o fato de
que este trabalho esteja-me
endurecendo
emocionalmente.
126
(74,1%)
17
(10,0%)
7
(4,1%)
6
(3,5%)
2
(1,2%)
4
(2,4%)
7
(4,1%)
15. Não me preocupo
realmente com o que
ocorre às pessoas a que
atendo.
128
(75,3%)
9
(5,3%)
6
(3,5%)
4
(2,4%)
0
(0,0%)
8
(4,7%)
13
(7,6%)
22. Sinto que as pessoas
culpam-me de algum modo
pelos seus problemas
98
(57,6%)
19
(11,2%)
10
(5,9%)
20
(11,8%)
2
(1,2%)
12
(7,1%)
8
(4,7%)
O resultado da tabela 16 demonstra que quase metade (41,9%) da amostra deste estudo
, em freqüência diferenciada, afirma o sentimento de que as pessoas culpam-lhes de algum
66
modo pelos seus problemas. 24,7% revelam que têm se tornado mais insensíveis com as
pessoas desde que exercem este trabalho, neste estudo se referem à ESF; 25,3% sentem-se
preocupados pelo fato de que o trabalho esteja endurecendo-lhes emocionalmente; 13 (7,6%)
pessoas afirmam que todos os dias não se preocupam realmente com o que ocorre às pessoas
as quais eles prestam assistência.
Tabela 17: Freqüência das respostas na dimensão Exaustão Emocional.
Questões
Respostas
N/%
Nunca
Uma vez
ao ano
ou menos
Uma vez
ao mês
ou menos
Algumas
vezes ao
mês
Uma
vez por
semana
Algumas
vezes por
semana
Todos
os dias
0
1
2
3
4
5
6
1. Sinto
-
me esgotado (a)
emocionalmente devido ao
meu trabalho.
66
(38,8%)
23
(13,5%)
24
(14,1%)
33
(19,4%)
5
(2,9%)
14
(8,2%)
4
(2,4%)
2. Sinto
-
me cansado (a) ao
final da jornada de
trabalho.
19
(11,2%)
22
(12,9%)
19
(11,2%)
49
(28,8%)
19
(11,2%
27
(15,9%)
14
(8,2%)
3. Quando me levanto pela
manhã e vou enfrentar
outra jornada de trabalho
sinto-me cansado (a).
75
(44,1%)
11
(6,5%)
23
(13,6%)
32
(18,9%)
5
(3,0%)
14
(8,3%)
9
(5,3%)
6. Trabalhar com pessoas o
dia todo me exige um
grande esforço
92
(54,1%)
7
(4,1%)
14
(8,2%)
17
(10,0%)
5
(2,9%)
14
(8,2%)
20
(11,8%)
8. Meu trabal
ho deixa
-
me
exausto (a).
65
(38,2%)
18
(10,6%)
21
(12,4%)
38
(22,4%)
4
(2,4%)
16
(9,4%)
7
(4,1%)
13. Sinto
-
me frustrado
(Que não atingiu o seu
ideal, a sua ambição, o seu
desejo) em meu trabalho.
90
(52,9%)
20
(11,8%)
19
(11,2%)
22
(12,9%)
3
(1,8%)
6
(3,5%)
8
(4,7%)
14. Creio que estou
trabalhando em demasia.
(excesso).
54
(31,8%)
16
(9,4%)
19
(11,2%)
31
(18,2%)
3
(1,8%)
28
(16,5%)
17
(10,0%)
16. Trabalhar diretamente
com as pessoas causa-me
estresse.
92
(54,1%)
12
(7,1%)
18
(10,6%)
24
(14,1%)
7
(4,1%)
11
(6,5%)
5
(2,9%)
20. Sinto
-
me no limite de
minhas possibilidades
80
(47,1%)
20
(11,8%)
18
(10,6%)
17
(10,0%)
4
(2,4%)
14
(8,2%)
16
(9,4%)
A tabela 17 revela que 60,5% dos participantes da pesquisa afirmaram que se sentem
esgotados emocionalmente devido ao trabalho pelo menos uma vez ao ano; 55,6% referem
67
que ao se levantar pela manhã para enfrentar outra jornada de trabalho sentem cansados (as).
20 (11,8%) afirmaram que trabalhar com pessoas exige para eles, todos os dias, um grande
esforço e 16 (9,4%) mencionaram que todos os dias se encontram no limite das suas
possibilidades.
Tabela 18: Freqüência das respostas da dimensão Realização Profissional.
Questões
Respostas
N/%
Nunca
Uma vez
ao ano
ou menos
Uma vez
ao mês
ou menos
Algumas
vezes ao
mês
Uma
vez por
semana
Algumas
vezes por
semana
Todos
os dias
0
1
2
3
4
5
6
4. Posso entender com
facilidade o que sentem as
pessoas.
5
(2,9%)
1
(0,6%)
1
(0,6%)
9
(5,3%)
2
(1,2%)
31
(18,2%)
120
(70,6%)
7. Lido eficazme
nte (que
age com eficiência) com os
problemas das pessoas
6
(3,5%)
2
(1,2%)
2
(1,2%)
9
(1,8%)
5
(5,3%)
34
(20,0%)
110
(64,7%)
9. Sinto que através do
meu trabalho influencio
positivamente na vida de
outros.
7
(4,1%)
2
(1,2%)
1
(0,6%)
5
(2,9%)
4
(2,4%)
26
(15,3%)
123
(72,4%)
12. Sinto
-
me com muita
vitalidade. (força)
5
(2,9%)
1
(0,6%)
8
(4,7%)
20
(11,8%)
4
(0,0%)
42
(2,4%)
89
(24,7%)
17. Posso criar facilmente
uma atmosfera relaxada
para as pessoas.
10
(5,9%)
7
(4,1%)
7
(4,1%)
20
(11,8%)
10
(5,9%)
38
(22,4%)
76
(44,7%)
18. Sinto
-
me estimulado
(a) depois de trabalhar em
contato com as pessoas
3
(1,8%)
5
(2,9%)
6
(3,5%)
13
(7,6%)
9
(5,3%)
33
(19,4%)
99
(58,2%)
19. Tenho conseguido
muitas realizações em
minha profissão
6
(3,5%)
18
(10,6%)
9
(5,3%)
19
(11,2%)
5
(2,9%)
20
(11,8%)
91
(53,5%)
Os dados demonstram que a maioria dos participantes da pesquisa (70,6%) afirma que
podem entender com facilidade o que sentem as pessoas as quais eles prestam assistência na
freqüência diária do trabalho (questão 4).
Entre os entrevistados neste estudo, 64,70% afirmou que todos os dias lidam de forma
eficaz com os problemas das pessoas as quais prestam assistência (questão 7 ) e 76
profissionais (44,7%) responderam sentir que todos os dias podem criar facilmente uma
68
atmosfera relaxada para os clientes de seu serviço (questão 17). De acordo com os resultados
obtidos, apenas 7 entrevistados (4,1%) não acreditam que possam criar uma atmosfera
relaxada para os pacientes (questão 17). Através do resultado encontrado na questão 19
(Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão), que boa parte (53,5%) dos
trabalhadores participantes desta pesquisa afirmaram que têm atingido realizações na
profissão todos os dias e somente 6 trabalhadores (3,5%) referiram nunca ter conseguido.
Tabela 19: Médias, Desvio-Padrão, Valores Mínimos e Máximos e Alfa de Cronbach das
Dimensões do MBI em trabalhadores da Saúde da ESF do município de João pessoa,
2008.
N
Média
Des
vio
-
padrão
Mínimo
Máximo
Alfa de
Cronbach
EE
170
16,54
11,93
0
51
0,85
DE
170
4,08
4,73
0
23
0,48
RP
170
39,88
8,00
0
50
0,72
Na tabela 19 visualizamos a estatística descritiva das três dimensões do Burnout. A
dimensão Exaustão Emocional EE apresentou dia de 16,54 (DP=11,93), indicando a
existência de esgotamento, tanto sico como mental, visto que a média esperada situa-se entre
16 a 25 pontos na amostra obtida por Benevides-Pereira (2001).
Quanto à Despersonalização - DE, a dia foi de 4,08 (DP=4,73), fornecendo indícios
para afirmar a presença de um moderado distanciamento emocional entre os trabalhadores da
saúde. Esta afirmação decorre da comparação com a média esperada, que está compreendida
entre 3 a 8 pontos.
Com relação à Realização Profissional RP, o índice médio foi de 39,88 (DP=8,00),
tendo como valores padrões de 34 a 42, isto é, o grupo avaliado revelou valores ligeiramente
abaixo da média estabelecida. O valor de alfa de cronbach para o MBI total foi de α = 0,67.
Foi feita a média ponderada das dimensões da Síndrome de Burnout, isto é, a média
considerando-se o número de itens que compõem cada dimensão. Para apreciar o resultado foi
elaborado o gráfico 4 exposto na página seguinte deste estudo.
69
Gráfico 4: Média Ponderada das dimenes do Burnout em trabalhadores da saúde das ESF do
município de João Pessoa, 2008.
A pontuação média global das dimensões do Burnout o atingiu valores altos. Por sua
vez, vale destacar que a EE foi a dimensão que apresentou maior dia entre as três neste
estudo (M = 1,84), seguida da RP. Considerando que a interpretação do resultado da
dimensão RP é inversa, portanto o valor real da média é de 1,01. A DE obteve menor média
(M = 0,82).
4.5.1 Distribuição da amostra por profissão e nível das dimensões do
Burnout.
Gráfico 5: Distribuição da média da amostra por categoria profissional e nível de Exaustão
Emocional. João pessoa, 2008.
Obtendo o resultado da dia ponderada das dimensões de Burnout, foi feito a
comparação destas com as médias encontradas para cada profissão investigada nesta pesquisa.
70
O gráfico 5 demonstra que as profises que apresentaram maiores médias na
Exaustão Emocional – EE, foram: os cirurgiões-dentistas (M=2,19); as enfermeiras (M=1,94)
e os profissionais de medicina (2,11).
As profissões de nível dio, os ACD, Aux./Téc de enfermagem e o ACS
apresentaram uma média menor que a encontrada na amostra. O teste qui-quadrado teve como
resultado o p > 0,1 ( p=0,6), sendo portanto não significativo estatisticamente para este
estudo.
Gráfico 6: Distribuição da amostra por profissão e nível de Despersonalização. João pessoa,
2008.
Os profissionais que apresentaram médias acima de 0,82 em DE foram: os Auxiliares
de Consultório Dentário - ACD, os Agentes Comunitários de Saúde - ACS e os profissionais
de medicina. os profissionais de enfermagem, tanto do nível superior (Enfermeiros) ou do
nível médio (auxiliares ou técnicos de enfermagem), apresentaram a média abaixo de 0,82.
Também foi verificado no gráfico 8 que os Cirurgiões-dentitas foram dentre todas as
profissões investigada neste estudo, a que teve uma dia menor na dimensão da
Despersonalização. O teste qui-quadrado teve como resultado 0,4, sendo, portanto não
significativo par esta pesquisa.
71
Gráfico 7: Distribuição da amostra por profissão e nível de Realização Profissional. João pessoa,
2008.
O gráfico 7 indica que apenas os Auxiliares de Consultório Dentário - ACD
Aux./técnicos de enfermagem e os cirurgiões-dentistas investigados nesta pesquisa estão com
o nível de realização profissional baixo (apresentaram média abaixo de 4,99).
Vale destacar que a profissão de medicina dentre as demais investigadas nesta
pesquisa foi a que apresentou uma maior média na RP, indicando nível alto da realização
profissional. O teste de significância estatística apresentou como resultado p = 0,8, sendo,
portanto, não significativo estatisticamente para pesquisa.
4.4.2 IDENTIFICAÇÃO DE BURNOUT.
Tabela 20: Ocorrência do Burnout em trabalhadores da Saúde da ESF do município de
João Pessoa baseado em três critérios.
Seguindo o modelo proposto por Ramirez foram encontrados apenas 4 (2,4%) pessoas
em Burnout. Por outro lado, adotando o modelo de Grunfeld foi observada a Síndrome de
Burnout em 72 dos entrevistados equivalente a 42,4% da amostra e no modelo sugerido por
Maslach e Jackson, a incidência foi verificada em 104 (61,7%) dos trabalhadores da saúde
BURNOUT
CRITÉRIO
N
%
MBI
Rami
rez et al.
4
2,4%
Grunfeld et al.
72
42
,
4
%
Maslach e Jackson
104
61,7%
72
participantes da pesquisa, destes, 77 (45,3%) estão com o nível moderado da Síndrome de
Burnout e 27 (15,9%) com nível grave.
Para análise e discussão neste estudo, foi considerado o critério sugerido por Maslach
e Jackson, uma vez que o ponte de corte foi construído a partir do percentil da amostra em
estudo. Na tabela 20 encontra-se a distribuição dos valores do MBI de acordo com os pontos
de corte da amostra em estudo.
Tabela 21: Distribuição dos valores do MBI de acordo com os pontos de corte da
amostra, conforme critério de Maslach e Jackson. João pessoa, 2008.
Dimensões do
Burnout
Nível
N
%
M. B. I.
EE
Baixo
42
24,7
Médio
84
49,4
Alto
44
25,9
DE
Baixo
53
31,2
Médio
63
37,1
Alto
54
31,8
RP
Baixo
49
28,8
Médio
86
50,6
Alto
35
20,6
Nas respostas do M.B.I. foi encontrado:
1. Exaustão Emocional - EE: 44 (25,9%) entrevistados apresentaram nível elevado; 84
(49,4%) nível médio; 42 (24,7%) apresentaram nível baixo.
2. Despersonalização - DE: 54 (31,2%) dos entrevistados apresentaram nível alto; 63
(37,1%) nível médio e 53 (31,8%) nível baixo.
3. Realização Profissional - RP: 49 (28,8%) dos participantes da pesquisa apresentaram
nível baixo; 86 (50,6%) nível médio e 35 (20,6%) nível alto.
4.4.2.1 Relação entre as variáveis sociodemográficas/ocupacionais e
Burnout.
Foi feito a relação entre as variáveis ocupacionais e sociodemográfica da amostra em
estudo (trabalhadores da saúde da Estratégia Saúde da Família do município de João Pessoa)
com a Síndrome de Burnout. Através do teste estatístico qui-quadrado foi verificado a
associação entre as variáveis.
73
CARACTERITÍCAS SOCIODEMOGRÁFICAS
Gráfico 8 : Relação Burnout com a variável sexo. João pessoa, 2008.
O gráfico 8 revela a ocorrência de Burnout em ambos os sexos, com um percentual
maior no sexo masculino (63,16%). O teste qui-quadrado encontrado nesta associação foi de
0,5, portanto, não foi observado relação da Síndrome de Burnout com o sexo.
Tabela 22: Distribuição dos trabalhadores com Burnout de acordo com as variáveis
sociodemográficas.
Características
Sociodemográfica
Sem Burnout
Com Burnout
P
N
%
N
%
Situação Marital
Com companheiro
43
39,4
66
60,6
0,4
Sem companheiro
23
37,7
38 62,3
Filhos
Sim
53
41,1
76
5
8,9
0,2
Não
13
32,5
27
67,5
Naturalidade
**
Do interior da Paraíba
21
39,6
32
60,4
João Pessoa
27
33,3
54
66,7
0,1
Outro estado
13
54,2
11
45,8
Escolaridade
*
Ensino médio/fundamental
34
44,7 42
55,3
Ensino Superior
32
34,4
61
65,6
0
,
11
Religião
Católica
46
38,0
75
62,0
Evangélica
14
41,2
20
58,8
0,94
Não tem, outros ou sem informação
6
40
9
60
* Existiu 1 dado perdido ** Existiu 12 dados perdidos
Pelos dados da tabela 22, foi verificado que não existiu correlação estatisticamente
significativa entre as variáveis sociodemográfica presente nesta tabela e o Burnout.
74
Tabela 23: Distribuição dos trabalhadores segundo o Burnout por faixa etária. João
Pessoa, 2008.
Sem Burnout
Com Burnout
P
Faixa etária
N
%
N
%
De 20 a 3
0 anos
12
37,5
20
62,5
0,96
De 31 a 40 anos
15
35,7
27
64,3
De 41 a 50 anos
19
40,4
28
59,6
De 51 a 65 anos
18
40,0
27
60,0
A tabela 23 demonstra que houve ocorrência de Burnout em todas as faixas (p= 0,96).
Existiu 4 dados perdidos nesta correlação.
Tabela 24: Relação entre Burnout e renda familiar dos trabalhadores da saúde da ESF
no município de João Pessoa, 2008.
Renda familiar
Sem Burnout
Com Burnout
N
%
N
%
Até 2 salários mínimos
18
50,0
18
50.0
De 2,01 a 5 salários mínimos
10
26,3
28
73,7
De 5,01 a 10 salários mínimos
13
40,6
19
59,4
De 10,01 a 50 salários mínimos
11
32,4
23
67,6
A tabela 24 revelou resultado o significativo estatisticamente entre a Renda Familiar
e o Burnout ( p = 0,17). Existiram 30 dados perdidos (por erro ou omissão de resposta).
Tabela 25: Relação entre atividades utilizadas durante o tempo livre e Burnout. João
Pessoa, 2008.
Atividades
Sem Burnout
Com Burnout
P
N
%
N
%
Prática de esporte
Não
52
38,5
83
62,5
Sim
14
40,0
21
60,0
0,51
Atividades
alternativas
Não
63
38,0
103
62,0
Sim
3
75
1
25,0
0,16
Atividades artesanais
Não
60
39,0
94
61,0
Sim
6
37,5
10
62,5
0,56
Leitura e estudo
Não
35
38,0
57
62,0
Sim
31
39,7
47
60,3
0,47
75
Tabela 25: Relação entre atividades utilizadas durante o tempo livre e Burnout. João
Pessoa, 2008.
CONTINUA
Lazer (cinema,
bares,shopping)
Não
35
39,8
53
60,2
Sim
31
37,8
51
62,2
0,45
Uso do computador para laser
Não
48
40,3
71
59,7
Sim
18
35,3
33
64,7
0,32
Trabalho voluntário
Não
59
38,1
96
61,9
Sim
7
46,7
8
53,3
0,34
Trabalho doméstico
Não
24
35,8
43
64,2
Sim
42
40,8
61
59,2
0,31
Dormir
Não
42
40,8
61
59,2
Sim
24
35,8
43
64,2
0,31
Ir à igreja
Não
23
31,9
49
68,1
Sim
43
43,1
55
56,1
0,07
Assisti
r TV e Vídeo
Não
25
39,7
38
60,3
Sim
41
38,3
66
61,7
0,49
Outros
Não
52
36,6
90
63,4
Sim
14
50,0
14
50
0,13
Apenas as variáveis - Ir á igreja teve relevância significativa estatisticamente para o
estudo ( p<0,1).
CARACTERITÍCAS OCUPACIONAIS
Tabela 26: Distribuição do Burnout segundo a categoria profissional. João Pessoa, 2008.
Profissão
Sem SB
SB Médio
SB Grave
P
N
%
N
%
N
%
ACD
13
46,4
10
35,7
5
17,9
0,77
ACS
9
31,0
14
48,3
6
20,7
Aux,/Téc. de enferm.
15
50,0
12
40,0
3
10,
C. dentista
11
35,5
15
48,4
5
16,1
Enfermagem
11
35,5
17
54,8
3
9,7
Medicina
7
33,3
9
42,9
5
23,8
O teste qui-quadrado no cruzamento das variáveis da tabela 26, obteve como
resultado, p = 0,77, portanto, não significativo estatisticamente para este estudo.
76
Tabela 27: Relação entre o mero de horas por semana exercendo a profissão com
Burnout.
Horas
Sem Burnout
Com Burnout
N
%
N
%
40 horas
55
41,4
78
58,6
De 41 até 60 horas
9
33,7
18
66,7
De 61 até 91 horas
2
20,0
8
80,0
Embora este cruzamento não tenha sido significativo para o estudo (p=0,33), é
importante notar que, à medida que amplia o número de horas trabalhadas pelo profissional,
aumenta a incidência do Burnout.
Tabela 28: Relação entre Burnout e as variáveis ocupacionais.
Características Ocupacionais
Sem Burnout
Com Burnout
P
N
%
N
%
Tempo de Profissão
Até
8
,00 anos
24
41,4
34
5
8,6
0,55
De 8,01 anos
até 20,00 anos
17
32,7
35
67,3
De 20,01 anos
até 38 anos
25
41,7
35
58,3
Tempo de PSF
De 0 a 8 anos
47
44,3
59
55.7
0,04
Mais de 8 anos
19
29,7
45
70,3
Tempo de trabalho em JP
Menos de 1 ano
6
37,5
6
62,5
De 1,01 anos até 4,0 anos
26
49,1
25
50,9
0,17
Mais de 4 anos
34
33,7
45
66,3
Você trabalha em outro local
Não
55
41,7
11
58,3
0,10
Sim
11
28,9
27
71,1
Quantidade de pessoas em média atendida
por dia
Até 10 pessoas
14
36,8
24
63,2
De 11a 20 pessoas
29
37,2
49
62,8
0,75
De 21 a 30 pessoas
13
38,2
21
61,8
Mais de 30 pessoas
10
50
10
50
Reuniões
Não há reuniões
1
25
3
75
1 vez por semana
61
39,1
95
60,9
0,78
De 15 em 15 dias
4
44,4
5
55,6
Na entrega do sistema de informação
0
0
1
100
Participa de cursos/treinamentos oferecidos
pela sua instituição
Não
27
49,1
28
50,9
Sim
38
34,2
73
65,8
0,04
77
Apenas os achados citados na tabela 28 que foram considerada estatisticamente
significante para o estudo são referente à associação entre: trabalha em outro local e ao
tempo de atuação na Estratégia Saúde da Família; participa de cursos e treinamentos
oferecidos pela instituição com Burnout.
Entre os 38 trabalhadores das equipes da Saúde da Família participantes deste estudo
que trabalham em outro local, 71,1% estavam com a Síndrome de Burnout, enquanto que
entre aqueles que informaram não ter outro serviço além da ESF, foram verificados o
percentual de 58,3% com a Síndrome.
No tocante ao tempo de atuação na Estratégia Saúde da Família entre os entrevistados
com Burnout, 55,7% mencionaram ter menos de 8 anos e 70,3% mais de 8 anos de atuação na
ESF.
De acordo com a tabela 27, houve uma ocorrência maior da Síndrome de Burnout,
65,8%, entre os trabalhadores que mencionaram, pelo menos 1 vez ao ano, participar de
cursos ou treinamentos oferecido pela instituição estavam com Burnout, contra 50,9%
daqueles que alegaram não participar de cursos e treinamentos oferecidos pela instituição.
O gráfico abaixo demonstrará a distribuição dos indivíduos acometidos de Burnout de
acordo com os Distritos Sanitários.
Gráfico 9 : Distribuição do Burnout entre os trabalhadores da saúde da ESF no município de
João Pessoa por Distrito, 2008.
Os trabalhadores que estão em Burnout encontram-se 26 (68,40%) no Distrito
sanitário I; 27 (71,10%) no II; 30 (60,0%) no III; 10 (38,50%) no IV e 11 (61,00%) no V. O
78
teste de significância revelou um qui-quadrado de 0,08, portanto existe associação em SB e
Distrito Sanitário.
Tabela 29: Relação entre atividades para melhoria da saúde oferecida pela instituição e
Burnout. João Pessoa, 2008.
Atividades
Sem
Burnout
Com Burnout
N
%
N
%
P
Ginástica laboral
Não
65
39,2
101
60,8
0,
49
Sim
1
25,0
3
75,0
Atividade de relaxamento
Não
64
38,8
101
61,2
0,6
4
Sim
2
4
0
,0
3
6
0
,0
Terapia comunitária
Não
60
37,7
99
62
,3
0,
21
Sim
6
54,5
5
45,5
Outras
(meditação/dança/outras)
Não
58
37,9
95
62,1
0,31
Sim
8
47,1
9
52,9
Pelos dados da tabela 29 percebeu-se que o cruzamento entre estas variáveis e Burnout
o teve estatística significativa, desde que o p >0,1. Entretanto, é importante observar que os
participantes deste estudo que mencionaram a Terapia Comunitária apresentaram menor
incidência em Burnout.
Tabela 30: Relação entre Burnout e envolvimento com o trabalho entre os trabalhadores
da saúde da ESF no município de João Pessoa, 2008.
Costuma se envolver no traba
lho
Sem SB
S
B moderado
SB grave
N
%
N
%
N
%
Além do exigido pela organização e pela sua
profissão
28
35,4
39
49,4
12
15,2
O exigido pela organização e pela sua profissão
36
41,9
37
43,0
13
15,1
Menos que a exigência da organização e profissão
0
0,0
0
0
,0
2
100,0
Na relação feita com Burnout e as variáveis relacionadas com o envolvimento no
trabalho, foram encontrados os seguinte resultados: 100% dos entrevistados nesta pesquisa
que acreditam se envolver menos que a exigência da organização e profissão encontrava-se no
estágio grave de Burnout; 64,6% daqueles que responderam que se envolve além do exigido
pela organização e pela sua profissão está com a Síndrome, sendo que 49,4% no nível
79
moderado e 15,2% no nível grave; e em menor percentual, 58,1 % dos trabalhadores que
alegaram se envolver apenas com o que é exigido pela organização e pela sua profissão
estavam em Burnout (p = 0,02). Houve 3 dados perdidos (por omissão de resposta).
Tabela 31: Relação entre Burnout e uso de bebida alcoólica entre os trabalhadores da
saúde da ESF no município de João Pessoa, 2008.
Faz uso de bebida alcoólica
Sem Burnout
Com Burnout
N
%
N
%
o
54
40,0
81
60,0
Sim
12
34,3
23
65,7
Total
66
38,8
104
61,2
Na distribuão dos achados da tabela 31, as pessoas que fazem uso de bebida
alcoólica apresentaram maior ocorrência em Burnout (65,7%) em relação àquelas que
declararam não fazerem uso de álcool (60,0%). A correlação estatística não foi significativa
entre o cruzamento destas variáveis (p = 0,33).
4.5 RESULTADOS DA CORRELAÇÃO ENTRE SRQ-20 E MBI
Tabela 32: Relação entre Burnout e risco de adoecimento mental. João Pessoa, 2008.
Adoecimento
mental
Síndro
me de
Burnout
Total
P
Sem SB
SB moderado
SB grave
N
%
N
%
N
%
N
%
Sem risco
63
46,0
61
44,5
13
9,5
137
100
0,00
Com risco
3
9,3
15
46,9
14
43,8
32
100
Total
66
39,0
76
45,5
27
16,0
169
100
Os resultados da análise indicam correlação alta e significativa estatisticamente entre
os veis de Burnout e o risco ao adoecimento mental (p=0,0). Foi revelado que entre as 32
pessoas que sofrem risco ao adoecimento mental neste estudo, 29 (90,7%) estão com Burnout.
Sendo que, 15 (46,9%) em nível moderado de Burnout e 14 (43,8%) em nível grave. Houve 1
dado perdido.
80
Tabela 33: Distribuição dos sinais e sintomas mais prevalentes no Burnout de acordo
com o Self-Report Questionare (SRQ-20).
SRQ-20
BURNOUT
P
N
%
Tem perdido o interesse pelas coisas
13
100
,0
0,00
Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo
1
100
,0
0,60
Tem falta de apetite
11
91,7
0,19
Tem chorado mais do que de costume
22
91,7
0,00
Tem di
ficuldades no serviço (seu trabalho é penoso,
causa sofrimento)
8
88,9
0,07
Encontra dificuldades para realizar com satisfação
suas atividades diárias
22
88,0
0,00
Você se cansa com facilidade
29
87,9
0,00
Assusta
-
se com facilidade
25
86,2
0,01
Dorme
mal
42
82,4
0,00
Sente
-
se cansado (a) o tempo todo
18
81,8
0,02
Tem se sentido triste ultimamente
36
78,3
0,00
Tem má digestão
28
77,8
0,01
Tem tremores de mão
10
76,9
0,17
Sente
-
se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a)
63
76,8
0,00
Tem dores de cab
eça freqüentes
38
74,5
0,01
Tem dificuldade de pensar com clareza
18
75,0
0,09
Tem sensações desagradáveis no estômago
29
72,5
0,05
Tem dificuldades para tomar decisões
20
60,6
0,07
É incapaz de desempenhar um papel útil em sua
vida
6
66,7
0,50
Tem ti
do idéias de acabar com a vida
0
0,0
0,0
A tabela 33 revela que os sinais e sintomas mais prevalentes de acordo com as
questões do SRQ-20 respondidas positivamente pelos participantes da pesquisa com a
Síndrome de Burnout foram: 6 Tem falta de apetite; 10- Tem chorado mais do que de
costume; 11- Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas atividades diárias;
15- Tem perdido o interesse pelas coisas e 20 - Se cansa com facilidade.
81
5 DISCUSSÃO
82
Os trabalhadores do setor saúde, que desempenham uma função assistencial,
freqüentemente vivenciam situações de estresse ocupacional, que resultam das características
do ambiente laboral e da discrepância entre as expectativas do indivíduo e a realidade
enfrentada no trabalho, o que justifica a comum ocorrência da Síndrome de Burnout entre
esses profissionais.
No que concerne à incidência da Síndrome de Burnout entre os trabalhadores de saúde
investigados neste estudo, verificou-se que 2,4% (4) da amostra apresentaram a Síndrome
como resposta, conforme Ramirez et al.(1995), enquanto que, de acordo com o modelo
proposto por Grunfeld et al. (2000), essa incidência elevou-se a 44,4% (76) e seguindo o
modelo sugerido por Maslach e Jackson (1986) 61,7%.
O modelo de Ramirez ao deduzir que o Burnout esteja presente apenas nos indivíduos
com presença grave nas três dimensões (Exaustão Emocional - EE, Despersonalização - DE e
Realização Profissional - RP) corre o risco de omitir inúmeros casos de Burnout, uma vez que
a literatura emprega que a Síndrome se instala de forma insidiosa (LIMONIG-FRANÇA,
2007) e em diferentes graus. Em relação ao critério sugerido por Grunfeld, a Síndrome é
reconhecida se houver pelo menos comprometimento em uma das três dimensões (EE; DE e
RP). A flexibilidade deste modelo pode aumentar a prevalência do Burnout nos estudos.
Pesquisas (BENEVIDES-PEREIRA, 2002; MASLACH; JACKSON, 1986) alertam
que ao utilizar critérios que identificam a Síndrome de Burnout, através de ponte de corte
comum para toda e qualquer amostra, desconsidera não a cultura, como também as
categorias profissionais e características relativas ao trabalho, ocasionando diferenças
gritantes nos resultados dependendo do referencial utilizado. Em um estudo de Schaufelli e
Ezmann (1998) foi possível observar a discrepância do resultado ao utilizar dois padrões de
ponte de corte. Foi encontrado 24% de incidência grave de Burnout em trabalhadores
japoneses quando os resultados foram analisados de acordo com padrões locais, ao usar os
padrões americanos, a porcentagem se elevou para 68%.
Diante destas observações, foi adotado nessa pesquisa, portanto, o modelo de Maslach
e Jackson para fazer as relações entre as variáveis e o Burnout. Uma vez que, este modelo
recomenda o uso do ponte de corte especifico estabelecido de forma particularizada para a
população em estudo.
Os indivíduos identificados no estado da Síndrome de Burnout, de acordo com o
critério de Maslach e Jackson, 60,92% (92) são do sexo feminino, enquanto 63,15% (11) do
sexo masculino, não possuem companheiro e nem filhos, são naturais de João Pessoa e têm o
83
ensino superior. Entre estas variáveis, apenas a que condiz com a escolaridade apresentou
significância estatística para este estudo (p<0,1).
Com relação à escolaridade, algumas pesquisas apresentam como justificativa para a
predisposição deste público ao Burnout, por estes ostentarem maiores expectativas
profissionais ou maior nível de responsabilidade (MASLACH; SCHAUFELI; LEITER, 2001;
SCHAUFELI, 1998). Esta predisposição também se refere à exaustão emocional. Neste
estudo, comprovou-se esta suposição quando encontramos a média da EE maior entre as
profissões de nível superior - os cirurgiões-dentistas (M=2,19); as enfermeiras (M=1,94) e os
profissionais de medicina (M=2,11).
Nesta pesquisa, apesar de não haver existido interferência significativa referente ao
Estado civil, constatamos uma tendência maior para o Burnout entre os indivíduos que não
mantêm um relacionamento afetivo estável, 62,3% contra a 60,6% daqueles que referiram ter
um relacionamento afetivo. Esta correlação é considerada controversa na literatura
(MASLACH e JACKSON, 1981). Alguns estudos compreendem que manter uma relação
conjugal estável denota ter um suporte social e emocional. No entanto, Benevides-Pereira
(2002. p. 53) ressalta que: “deve-se atentar à qualidade do relacionamento e o somente ao
fato de ter ou não um (a) companheiro (a)”, pois, por muitas vezes o relacionamento afetivo
pode resultar em um desgaste emocional.
As variáveis, faixa etária, sexo e religião não apresentaram associação com o
Burnout (p>0,1). O resultado referente ao sexo merece destaque, uma vez que, na literatura
(MASLACH; JACKSON, 1986), esta é uma das variáveis que mais se correlacionam com o
Burnout. Benevides-Pereira (2002) alerta para o fato de que se deve considerar a possibilidade
de interferência entre as características da profissão e o sexo, uma vez que algumas são
predominantemente femininas ou masculinas. No caso deste estudo, não houve interferência
significativa entre um sexo ou outro, mesmo havendo uma predomincia marcante das
mulheres entre as participantes da pesquisa.
A prevalência do sexo feminino na Estratégia Saúde da Família - ESF foi também
encontrada em outros estudos (CAMELO, 2006, MACHADO, 2000). Esta predomincia de
gênero neste ambiente de trabalho pode estar relacionada no sentido de que a ESF, assim
como todo setor da saúde, perpetua em ações voltadas ao cuidar.
Em conformidade com a idéia de que “o cuidado se define como uma relação imediata
que implica em transformação ou manutenção do bem-estar do outro” (CODO, 2007. p. 392)
pode explicar porque a mulher se faz tão presente na área da saúde, por esta
apresentar no seu
âmago a inclinação ao cuidar.
84
Num estudo sobre Trabalho e nero, Pastore (2007.p.3) confirma a inclinação das
mulheres ao cuidado.
Esse atributo ao público feminino à prática do “cuidar” como um processo
“naturalizado”, origina-se essencialmente da construção cultural do papel da
mulher na sociedade, identificado como portadora de maiores habilidades
para os cuidados, neste caso com a saúde/doença (...).
A incumbência da mulher ao cuidado vem dos primórdios da história da humanidade.
A citação de CODO (2007) traduz claramente esta construção.
Tradicionalmente, couberam sempre à mulher as atividades de cuidado da
prole, enquanto que para o homem ficava a cargo a busca pela alimentação
(...). O encargo do cuidar do outro transcendeu mesmo após a saída da
mulher para exercer atividades fora do âmbito doméstico, ao passo que as
funções destinadas para elas foram se constituindo em atividades
semelhantes àquelas realizadas em casa: cuidar de crianças, acompanhar
idosos, educar e ensinar, gerenciar a dinâmica das residências, entre outros
(...) (CODO, 2007. p. 392).
Seguindo a tradição, neste estudo constatou-se a permanência da feminização no
trabalho na área da saúde, em todas as profissões investigadas, principalmente nos setores da
enfermagem. Foi verificado, nesta pesquisa, que 100% dos trabalhadores da área de
enfermagem eram do sexo feminino, não fugindo a caracterização marcante da profissão.
Segundo Pastore (2007), esta caracterização pode também assinalar a crescente precarização e
flexibilização existentes nas relações de trabalho, fatores estes que influem para ocorrência ao
Burnout.
Vale acrescentar que a participação feminina na área da saúde também pode ser
atribuída pelo processo de inserção das mulheres no mercado de trabalho, intensificado pelo
movimento feminista, na década de 1970 (RABELLO; GODOY; PADILHA, 2000). Este
movimento para as mulheres influenciou na construção de outros novos papéis sociais e abriu
novas perspectivas de promoção de igualdades nas organizações de trabalho. Desde esta
época, estudos (BRUSCHINI; LOMBARDI, 1996; RABELLO; GODOY; PADILHA, 2000;
SPÍNDOLA; SANTOS, 2003;) apontam o crescimento intenso e constante da população
feminina no mercado de trabalho no Brasil. Este crescimento é ancorado por diversos fatores:
ensejo e necessidade de melhoria das condições cio-econômicas; consumismo exacerbado;
diminuição da natalidade facilitando a saída das mulheres para o trabalho; a ampliação da
escolaridade e o acesso a universidade, habilitando-as para inserir-se no mercado competitivo,
e as mudanças culturais, como a valorização do exercício da atividade profissional. A
85
feminização na área de saúde ocorre o por influência do movimento feminino e pela
inclinação das mulheres ao cuidado, mas também pelas transformações econômicas, culturais
e sociais ocorridas nas últimas décadas no mundo.
Outra variável investigada neste estudo e que a literatura coloca como determinante
para incidência da Síndrome de Burnout se refere à idade. Pesquisas (MASLACH e
JACKSON, 1981; LAUTERT, 1995; BENEVIDES-PEREIRA, 2002) afirmam que existe
uma maior incidência do Burnout em indivíduos que não chegaram aos 30 anos de idade.
Segundo Franco (2007.p.107) “esse é o período de transição entre as expectativas idealistas e
a prática cotidiana”. Outros estudos atribuem essa incidência a pouca experiência ou ao
choque diante da realidade do trabalho, quando constatam que seus ideais não possuem
alicerce (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Neste estudo, não identificarmos correlação
estatística significativa entre variável idade e Burnout.
Nos aspectos relativos à profissão (ocupação) as variáveis: categoria profissional,
tempo de profissão, e de atuação em João Pessoa (instituição), que são na maioria das
vezes associadas ao Burnout, não obteve significância estatística neste estudo. Isto reforça a
idéia de que o Burnout estar relacionado à maneira como se organiza o trabalho, independente
da atividade exercida e do tempo de atuação profissional e no serviço.
No tocante ao tempo de atuação na Estratégia Saúde da Família o Burnout se fez
mais presente entre os entrevistados com maior tempo de atuação nesta Estratégia. Alguns
estudos explicam que esta relação pode ocorrer devido ao desgastes próprio do tempo de
atuação (CAMPOS, 2005). No caso da ESF, este desgaste pode acontecer devido às
dificuldades encontradas no processo de trabalho frente a uma realidade concreta de miséria
social, atributos burocráticos da instituição e do serviço, entre outros, que impossibilita, por
muitas vezes, os profissionais alcançarem os objetivos propostos e recomendados pela
Estratégia, como ilustram Centa; Albuquerque e Arcoverde (2004. p.2) “em atuar com
autonomia e responsabilidade, procurando interagir com as famílias de forma eficaz e com
resolutividade, atendendo as necessidades da comunidade”.
A perspectiva ambulatorial de produção (realização de maior número de
procedimentos e atendimentos) e a dureza dos instrumentos para atingir metas vão exatamente
à contramão do processo da Saúde da Família. Uma vez impossibilitado, o trabalhador em
decorrência do contexto organizacional da instituição, em combinação com as características
da personalidade e da situação interpessoal, pode desenvolver sentimentos de frustração,
tristeza e impotência, entrando em Burnout.
86
No processo de desenvolvimento do Burnout, o trabalhador que sofreu, ou vem
sofrendo o desgaste profissional, inicialmente apresenta a exaustão emocional, em seqüência,
por vezes, a EE causa outra dimensão da Síndrome, a despersonalização.
Gil-Monte (2002) considera que a despersonalização vem como defesa para amenizar
a exaustão emocional. Os indivíduos neste estágio de Burnout denotam comportamentos
negativos, reações distantes e frias em relação ao seu trabalho, neste caso, um contato frio e
impessoal com os usuários de seus serviços. O nível alto da despersonalização, neste estudo,
representou 31,2% da amostra. Este achado revela, por si , a necessidade de uma ação
interventiva, em especial, por considerara-se que as atitudes presentes na despersonalização
podem prejudicar a qualidade do cuidado que deve ser prestado aos usuários da Estratégia
Saúde da Família.
Nas questões referentes à despersonalização no questiorio MBI, quase metade
(41,9%) dos participantes da pesquisa afirma que pelo menos uma vez ao ano tem o
sentimento de que as pessoas culpam-lhes de algum modo pelos seus problemas. Esta
culpabilidade possivelmente é gerada por que os trabalhadores da saúde adotam uma postura
apostólica” como denomina Balint (1998), ou de “salvador da pátria” como designa Barreto
(2008), tornando os usuários dos seus serviços totalmente submissos da sua ação.
Para a quebra da submissão e do sentimento de culpa nas relações de poderes
existentes na ESF, o ideal é que se construa no usuário e também em toda equipe a co-
responsabilidade e participação coletiva no cuidado ou como sugere a Potica Nacional de
Humanização PNH, desenvolvido pelo MS/Brasil no ano de 2004, que os atores (usuário e
equipe) assumam cada um a sua responsabilidade no Projeto Terapêutico Singular, buscando
ações compartilhadas permeada na singularidade do individuo.
A participação torna as pessoas mais confiantes e menos dependentes na medida em
que estes assumem suas responsabilidades mediante o projeto terapêutico. (BARRETO, 2005;
CAMPOS G., 2006). Para isto, Tenório (2004.p.19) sugere que no trabalhador da saúde:
Não predomine nem a atitude radicalmente “neutra”, que valoriza
sobremaneira a não intervenção, nem a atitude típica da Biomedicina, que
pressupõem que o individuo doente seja passivo diante das intervenções.
O que se propõe é que seja considerada a positividade do poder existente na ESF, que
segundo Michel Foucault não está localizado na instituição (no Estado) e sim nos atores que o
comem. Para Foucault, o poder não é considerado como algo que o indivíduo cede a um
soberano (médico-paciente), mas sim como uma relação de forças e de saberes. Ao ser
87
relação, Foucault avalia que o poder não somente reprime, mas também produz efeitos de
verdade e saber, constituindo confiança, prática e subjetividade. Para Foucault, o poder em
seu exercício nunca é o poder total, absoluto:
“(...) a partir do momento em que uma relação de poder, uma
possibilidade de resistência. Jamais somos aprisionados pelo poder: podemos
sempre modificar sua dominação em condições determinadas e segundo uma
estragia precisa” (FOUCAULT, 2003.p.241).
Quando o trabalhador não sabe lidar com as relações de poderes existentes na ESF
(usuário, comunidade, instituição, Gestão, entre outros) e considera-o unicamente como
exercício da sua responsabilidade profissional, possivelmente gera para si o sentimento de
culpa e frustração, impotência e onipotência, sentimentos estes que podem ser encontrado na
Síndrome de Burnout.
Gil-Monte (2002) afirma que a presea do sentimento de culpa pode levar a uma
diminuição da realização profissional. O que ficou identificado neste estudo foi que apesar
dos trabalhadores da ESF - participantes desta pesquisa afirmarem que pelo menos uma vez
ao ano acreditam que os usuários de alguma forma culpam-lhes por seus problemas, 84,7%
(144) destes trabalhadores menciona que nunca os tratam como se fossem objetos impessoais.
Talvez a alta incidência nesta resposta se deva ao fato de que as pessoas que trabalham com
assistência à saúde tenham dificuldade em assumir tal atitude, por denegrir a sua imagem
profissional ou mesmo por acreditar que seja inadmissível que um profissional da saúde que
lida diretamente com o cuidar tratem alguma pessoa com impessoalidade.
Referente aos aspectos ocupacionais foi identificada a associação existente (p<0,1)
entre a variável trabalhar em outro local com o Burnout. Ao fazer essa relação, foi
descoberto que dos 38 participantes que trabalham em outro local além da ESF, a grande
maioria (71,1%) estavam com a Síndrome. Este dado revela que o acúmulo de serviços
prestados pelo individuo pode desencadear o Burnout.
Quanto à jornada de trabalho, embora o cruzamento não tenha sido significativo
para o estudo (p >0,1) em decorrência ao número da amostra, é importante notar que foi
observado um aumento da incidência do Burnout à medida que amplia o número de horas
trabalhadas pelo profissional. Analisando estes achados, nós podemos perceber que trabalhar
em outro local influencia ao desenvolvimento do Burnout, e, como assevera outros estudos
(SCHRAIBER, 1991; MOURA; PEIXOTO; AGOSTO, 1998; BENEVIDES-PEREIRA,
2002) manter uma longa jornada de trabalho faz com que o individuo desenvolva a Síndrome.
88
A jornada de trabalho foi uma variável que alguns dos entrevistados neste estudo,
apresentaram dificuldade em informar. A dificuldade deles se dava em precisar o número de
horas empregadas nas atividades laborais durante a semana. Fato semelhante foi observado
num estudo de Benevides-Pereira (2001) com profissionais da medicina. Esta autora acredita
que a dificuldade de inferir precisamente o número de horas trabalhadas durante a semana
acontece por:
(...) Muitos destes profissionais dependerem de turnos de plantões mensais
distribuídos de maneira irregular e que dependem de acordos internos,
demanda de pacientes no consultório, horas extras para cobrir horário de
colegas, etc (BENEVIDES-PEREIRA, 2002b. p.115).
Considerando ainda a relação (jornada de trabalho e trabalhar em outro local), foi
verificada que em todas as profissões investigadas neste estudo existiram pessoas que
trabalhavam em outro local (hospital, consultórios, empresa de segurança, faculdade,
escola, clínica de fisioterapia, entre outros) e, conseqüentemente, tinham uma jornada
acima das 40 horas semanais. Vale notar que houve um maior percentual nesta relação entre
os profissionais de medicina (66,4% da amostra total) e os cirurgiões-dentistas (38,7%).
Talvez isto ocorra pela possibilidade destas duas profissões terem autonomia para abrir um
consultório, trabalhar em clínicas e /ou hospitais ou pela exigência social presente nestas
categorias profissionais.
Vale ressalvar que não foi investigada neste estudo a renda mensal das categorias
profissionais entre os participantes da pesquisa, mas sim a renda familiar; entretanto esta não
representou relação significativa estatisticamente com o Burnout. Optamos pela renda
familiar por entender que aquele que tenha um reforço financeiro de algum membro da
família, talvez não precisasse buscar outro emprego ou aumentar a jornada de trabalho para
aumentar a renda.
A busca por outro emprego, na maioria das vezes, se faz pela necessidade de
sobrevincia do individuo, pelo retorno financeiro pretendido. Os trabalhadores movidos por
essa necessidade, geralmente são obrigados a vender sua força de trabalho a valores o
condizentes com a sua formação e seu preparo, submetendo a trabalhar em mais de um local e
a cumprir uma jornada acima de 40 horas semanais, e a exercer mais de uma atividade
profissional. Neste estudo, encontramos pessoas que além de exercer sua atividade na ESF,
são: vendedora de cosmético, professor, segurança, entre outros
. Esta situação se estende
a todas as profissões, inclusive aos médicos.
89
Na publicação do Conselho Federal de Medicina (BARBOSA G., 2007) demonstra
que 85% dos dicos no Brasil exercem mais de duas atividades em Medicina; os que
exercem três ou mais contabilizam 55,4%; e 28,2% exercem quatro ou mais atividades
dicas (CARNEIRO, 2004).
Em relação ao alarmante quadro de múltiplos empregos entre os médicos, Barbosa G.
et al. (2007) comenta:
É evidente que tais números causam profunda consternação, pois revelam a
sobrecarga do trabalho dico, demandando esforços sem limites e
dedicação mais do que incondicional; expressam uma dependência profunda
deste profissionais a um mercado de trabalho aviltante, do qual o SUS é
paradigmático pela baixa remuneração, tornando o exercício da profissão no
Brasil uma coisa penosa e diminutiva, numa evidente e acachapante
contradão com a consideração que se apregoa existir em relação a esse
trabalho e à sua importância (...) (BARBOSA G., 2007.p.23).
Vale salientar que esta situação configura o apenas aos médicos, mas a todos os
profissionais da saúde, sendo ainda pior para os demais profissionais, visto que a remuneração
deste é extremamente mais baixa em relação aos profissionais de medicina. O estudo do
Ministério da Saúde do Brasil no ano 2000 refere que, em nível nacional, os médicos têm uma
renda, em média, de 2.229 lares, enquanto que para o enfermeiro, a média é de 1.123
dólares (BRASIL, 2000).
A diferença salarial entre os profissionais na ESF foi abordada numa pesquisa de
Pedrosa e Teles (2001). Nesta, é apresentada uma justificativa dos médicos especificamente
em relação à diferença de remuneração com a enfermagem. Para eles, essa compensação
salarial se dá pela sua formação, responsabilidade e valorização no mercado de trabalho.
Seguindo a este pensamento de que a remuneração representa o reconhecimento e
valorização do profissional, Ferreira (2008. p. 52) comenta que: os profissionais de
enfermagem (de nível médio ou superior) por ter uma remuneração mais aquém comparada
aos profissionais de medicina, sentem-se insatisfeito e desvalorizado”. Vale salientar que a
renda não é um determinante para o Burnout, mas pode ser um condicionante associado a
outros fatores para o surgimento da Síndrome, uma vez que gera sentimento de iniidade e
de insatisfação mediante as relações laborais.
A indignação perante a questão salarial pode se estender para todos àqueles que se
sentem descontentes com seu salário, visto que “a reduzida remuneração não se traduz
simplesmente em ausência de retorno financeiro, mas também na dificuldade de
90
reconhecimento pelo que é desenvolvido” (MENEGAZ, 2004. p. 17), gerando, portanto, a
insatisfação no trabalho.
Os trabalhadores da saúde têm a expectativa de receber algum tipo de recompensa em
respeito e gratidão por parte dos usuários de seu serviço e raramente essas expectativas m
sido satisfatória. No que se refere ao reconhecimento por parte da organização. Menegaz
(2004) enfatiza de acordo com relatos dos profissionais que:
(...) o investimento emocional que os profissionais da saúde direcionam para
o seu trabalho não é recíproco, o que os leva a reduzir seu investimento na
relação com os próprios pacientes, fomentando erros no trabalho e reduzindo
a realização profissional aliada ao sentimento de exaustão (MENEGAZ,
2004, p.69).
A redução ou o não envolvimento com o trabalho/usuários é um sinal marcante da
despersonalizão, esta dimensão por sua vez, pode ser, segundo autores (BENEVIDES-
PEREIRA, 2002; GIL-MONTE, 2002; MASLACH; JACKSON, 1986; SCHAUFELI, 1988)
um preceptor do sentimento de baixa realização profissional.
A dia da dimensão realização profissional da Síndrome de Burnout encontrada
neste estudo foi de 4,99. Os profissionais de medicina apresentaram a média mais elevada
dentre as demais profissões investigadas nesta pesquisa, indicando nível alto da realização
profissional (M= 5,19). O teste de significância estatística teve como resultado p = 0,8, sendo,
portanto, não significativo estatisticamente para o estudo.
Espera-se que, na freqüência diária do trabalho em saúde, os profissionais sintam-se
realizados profissionalmente. No entanto, dados nesta pesquisa mostram que esta freqüência é
verificada somente em 53,5% (91) dos entrevistados, isto implica a dizer que quase metade
dos trabalhadores não sentem esse prazer diário e 6 deles (3,5%) referiram nunca ter
conseguido.
Por vezes, a realização profissional não ocorre devido ao descrédito nos princípios da
Estratégia Saúde da Família, por parte de alguns dos profissionais e também por eles não
terem a experiência de lidar com a comunidade. Geralmente, profissionais com este perfil tem
sua prática fundamentada em outros elementos do “status quo” que garantem uma imagem,
mais confortável dentro da sociedade, (poder/saber). Na ESF, o trabalho é em equipe e
geralmente o status adquirido pela hierarquização das profissões fica diluído entre os
profissionais de tal modo que nenhum profissional é mais importante que o outro. Percebe-se
também que muitos profissionais optam pela ESF por este serviço ainda garantir uma boa
91
remuneração no setor saúde (comparado a outros serviços na área) ou ainda, servir como
complemento salarial s-aposentadoria.
A reduzida Realização Profissional evidencia o sentimento de insatisfação com o
trabalho, ineficiência, baixa-estima, desmotivação, impotência e onipotência. Para tentar
compensar a sensação de frustração e incapacidade, algumas pessoas reagem passando a
imagem de auto-suficiência, de onipotência.
Quanto ao sentimento de onipotência, Martines e Chaves (2006), num estudo com
Agentes Comunitários da Saúde ACS reconheceu que este sentimento pode ser causador de
adoecimento psíquico gerada na realidade da ESF. Em face disto, esta autora defende que é
preciso rever a missão, a competência, a qualificação e a supervisão destes profissionais para
que seja possível evitar este sentimento e conseqüentemente o adoecimento do trabalhador.
Freqüentemente, como forma de qualificar e desenvolver competências entre os
profissionais, as instituições oferecem reuniões internas, cursos e treinamentos. Pensando
nisto, foram incluídas as variáveis reuniões e oferta de cursos e treinamentos por parte da
instituição, entretanto, a variável reunião não apresentou associação com o Burnout.
Na atualidade, as instituições de saúde podem utilizar como processo pedagógico a
Educação Permanente - EP. Seguindo a idéia de uma “pedagogia em ato”, a Educação
Permanente opera o “Quadrilátero da Formação” sugerido por Ceccim e Feuerwerker (2004).
Este quadrilátero significa a interação entre os segmentos da formação, da atenção, da gestão
e do controle social, a educação permanente é utilizada como metodologia eficaz para
agregar novo conhecimento às equipes e torná-las protagonistas dos processos produtivos na
saúde” (FRANCO, T. B, 2007. p. 438.).
O relatório do ano de 2007, da Diretoria da Gestão do Trabalho e da Educação na
Saúde (DGTES) menciona que a Educação Permanente é “uma das principais estratégias
adotadas pela gestão para a mudança das práticas e da organização da atenção nos serviços da
rede municipal de saúde” (João Pessoa, 2007. p.1), podendo ser entendida como cursos ou
treinamentos nesta pesquisa, estruturados a partir da problematização do processo de trabalho.
Nesse sentido, segundo informações fornecidas pelo DGTES, através da Gerência da
Educação, a gestão de João Pessoa tem produzido movimentos de construção da formação e
desenvolvimento dos profissionais em base à educação permanente em saúde, na perspectiva
de desencadear a reflexão coletiva e de criar condições favoráveis à transformação do
processo de trabalho. Para isto, várias estratégias foram desenvolvidas e novos dispositivos
foram criados desde o inicio da gestão. São realizados movimentos de mediação pedagógica e
aprendizagem coletiva no trabalho a partir de demandas das áreas técnicas da atenção sica.
92
Por sua vez, foi detectado que 32,5% dos trabalhadores que participaram desta
pesquisa alegaram não participar de cursos e treinamentos oferecidos pela instituição, e entre
aqueles que afirmaram a participação, 52,4% mencionaram que estes cursos aconteciam 1 ou
2 vezes ao ano. Este resultado pode indicar que os trabalhadores da saúde de João Pessoa não
devem estar considerando as reuniões de EPS como forma de produção de conhecimento e de
habilidades profissionais; talvez isto aconteça pelo fato de que estes profissionais da saúde
foram, em geral, formados pelo modelo tradicional da pedagogia, que não propicia ao sujeito
que aprende um papel ativo na construção da aprendizagem, e pelo modelo flexnariano da
ação e pensamento, calcado em uma ciência individualista, tecnicista e centrado na doença e
no indivíduo.
O oferecimento de cursos ou treinamentos também é pontuado na literatura
(BENEVIDES-PREIRA, 2002) como forma de incentivo e satisfação profissional, uma vez
que os trabalhadores da Estratégia Saúde da Família de João Pessoa não consideram a EPS
como tal, podem sentir-se insatisfeito pela falta de incentivo a informão. Como foi citada
anteriormente, a insatisfação gera sofrimento e evitar o sofrimento depende além da
organização do serviço, da subjetividade de cada profissional.
A subjetividade implica na forma como o trabalhador lida com as dificuldades de suas
tarefas, nas relações entre produtividade exercida e exigida pela hierarquia da instituição e nas
estratégias que utiliza para enfrentar o sofrimento ou o adoecimento advindo de suas
atividades ocupacionais, inclusive, o Burnout.
A Síndrome de Burnout é uma doença ocupacional que pode afetar a saúde mental do
individuo. Transtornos mentais como: depressão e ansiedade podem estar presentes no
indivíduo acometido de Burnout.
A Organização Panamericana de saúde considera que:
A depressão se caracteriza por um estado de tristeza, falta de satisfação nas
atividades cotidiana, perda de peso, distúrbio do sono, fadiga, sentimentos de
culpa e desmotivação, diminuição da capacidade de concentração, estado de
indecisão e letargia. Em muitas pessoas a depressão se manifesta em um
conjunto de sintomas somáticos incapacitantes, entre eles, dor crônica,
fadiga e dores de cabeças freqüentes (...) (OPAS/OMS, 1997. p. 52).
No que diz respeito ao transtorno de ansiedade, este transtorno se caracteriza por
presença de sintomas de ansiedade (medo, inquietação, tremores, cefaléia, entre outros) e
comportamento de esquiva (OPAS/OMS, 1997; DUNCAN et al, 2004).
93
No relatório da Organização mundial de Saúde em 2001 (OMS; 2001), a depressão
aparece como a quarta doença mais freqüente no mundo, com cerca de 121 milhões de
pessoas atingidas. No Brasil, os levantamentos epidemiológicos apontam para uma estimativa
de 9 % para os transtornos de ansiedade (MARI, JORGE, 1997).
Considerando que o Burnout pode desencadear um comprometimento mental no
indivíduo acometido com a Síndrome e esta pode ter sintomas significantes de depressão e
ansiedade, foi feita uma correlação entre os instrumentos MBI e SRQ-20, e foi verificada uma
correlação alta e significativa estatisticamente entre os níveis de Burnout e o risco ao
adoecimento mental (p = 0.0). Também, foi observado que entre as 32 pessoas que sofrem
risco ao adoecimento mental (ansiedade e depressão), 29 (90,7%) estavam com Burnout.
Ciente disto, foi feito a associação entre os trabalhadores com Burnout e as questões do SRQ-
20, a fim de encontrar os sinais e sintomas mais prevalentes entre as pessoas que tinham
Burnout. Tais sinais foram: falta de apetite; choro mais do que de costume; dificuldades
para realizar com satisfação as atividades diárias; perda do interesse pelas coisas e
cansaço. Esses sinais e sintomas também estão presentes no diagnóstico de depressão,
todavia, “nos depressivos uma maior submissão à letargia e a prevalência aos sentimentos
de culpa e derrota, enquanto nas pessoas com o Burnout os sentimentos de desapontamento e
tristeza.” (BENEVIDES-PEREIRA, 2002. p. 47). Vale salientar que houve associação
significativa estatisticamente (p,<0,1) entre quase todas as variáveis relacionadas.
O aparecimento dos sintomas citados acima está inserido no processo saúde-
adoecimento do trabalhador, que resulta da interação das condições gerais de vida, das
relações de trabalho, do processo de trabalho e dos mecanismos de enfretamento ou de defesa
aos quais os próprios trabalhadores colocam em ação para intervirem nas adversidades da vida
e da labuta.
O processo de adoecimento destes trabalhadores pode estar sinalizando a dificuldade
do trabalhador em lidar com aspectos intrínsecos à sua atividade profissional e com as
exincias organizacionais predefinidas no ambiente de trabalho. As implicações inerentes à
saúde mental dos indivíduos partem da premissa da singularidade, das condições gerais de
vida, que envolve subjetividades, que são fontes de satisfação ou sofrimento e dos aspectos
organizacionais do serviço.
Sob os aspectos relativos à organização do trabalho, os resultados obtidos, através do
teste qui-quadrado, evidenciaram a existência de correlação positiva significativa entre a
Síndrome de Burnout e as variáveis: Distrito Sanitário e envolvimento com o trabalho.
94
Foi verificada a ocorrência de Burnout em mais de 60% dos profissionais de todos os
Distritos, exceto o Distrito IV, (38,50%). É importante referir que utilizando o rigoroso
critério de Ramirez, mesmo com representação estatística não significativa para o estudo pelo
número baixo na amostra, identificou 4 pessoas com Burnout. Entre estas, 2 delas
trabalhavam na mesma Unidade de Saúde da Família do Distrito IV. Esta UBSF localiza-se
numa periferia com potencial de violência urbana do município de João Pessoa.
É importante ressaltar que é nesse cenário de violência, de “ginástica de conciliação
entre pressões de moradores, poder público, pocia, banditismo, medo e tensões, conflitos,
regras de convivência forçada, acordos tácitos e compromissos” (OLIVEIRA J., 1999. p.68)
que a equipe da ESF atua cotidianamente.
Neste sentido, entendendo que o Burnout, segundo Maslach (2001), não representa
uma Síndrome clínica, mas um diagnóstico de situação de trabalho, vale à pena refletir como
denota o processo de trabalho dependendo do tipo de ocupação, do contexto de vida do
trabalhador, do mecanismo de defesa individual e coletiva e da organização do trabalho nestas
equipes da Saúde da Família
Camelo (2005) refere que atuar na área da saúde, especificamente na Estratégia Saúde
da Família implica desenvolver um contato próximo ao outro, neste caso, com a comunidade;
responsabilizar-se por problemas delimitados, e pelo planejamento e execução de ações a fim
de resolvê-los.
Em busca deste propósito ideológico e organizacional da Estratégia, por muitas vezes,
os trabalhadores interagem diretamente com os anseios da comunidade; com a falta de
recursos sociais que influem na perspectiva de melhores condições de vida desta população;
com as relações interpessoais existentes na equipe da Saúde da Família e com as limitações
institucionais (escassez de insumos e materiais, entre outros).
Baseado nisto, o trabalhador da equipe da ESF deve planejar seu trabalho,
estabelecendo prioridades e tipos de procedimentos, tomando decies sobre a utilização dos
recursos disponíveis. O planejamento das ações depende do envolvimento do profissional
com o trabalho e o nível de envolvimento do trabalhador pode refletir num sinal de
identificação do Burnout.
Foi constatada neste estudo a associação das variáveis relacionadas com o
envolvimento no trabalho e o Burnout (p<0,1). Os resultados encontrados demonstram que:
100% dos entrevistados nesta pesquisa que mencionaram se envolver menos que a exigência
da organização e profissão sofre de Burnout e 64,6% daqueles que responderam que se
envolve além do exigido pela organização e pela sua profissão estavam com a Síndrome.
95
Estes dados correspondem com as dimensões da Síndrome de Burnout (a primeira com a
despersonalizão e a segunda com a realização profissional). Esta última relação reforça
também a idéia de que trabalhadores mais idealistas, muito dedicados, que não se permitem
errar e que lidam com pessoas, tendo alguma responsabilidade sobre elas, costumam ser mais
vulneráveis ao Burnout.
De uma forma geral, estudos (CODO, 2007; MASLACH; SCHAUFELI; LEITER,
2001; GIL-MONTE, 1997) têm demonstrado que determinadas características de
personalidades podem levar a uma maior vulnerabilidade ao Burnout, mas é necessário
entender o processo do trabalho e a relação do profissional com o seu trabalho e as estratégias
de enfretamento que este indivíduo disponibiliza para evitar o Burnout.
Na Saúde da Família é exigido do trabalhador, além do conhecimento de uma série de
técnicas e habilidades, estratégias defensivas para lidar com o sofrimento, a angústia e a
tensão decorrentes do dia a dia.
Consideramos como “estratégias defensivas” as estratégias ou manobras de
enfrentamento que o individuo apresenta como forma de impedir, por exemplo, (...) que o
sofrimento se transforme em patologia” (DEJOURS, 2007. p. 120) e que esta manobra é
constituída durante toda a sua vida. Por sua vez, nem sempre o indivíduo consegue
estabelecer estas estratégias e conseqüentemente, tornam-se mais predisponentes ao
adoecimento.
Foram consideradas neste estudo, como estratégias dos profissionais ou da instituição,
as atividades praticadas pelos trabalhadores durante seu tempo livre ou àquelas atividades
oferecidas pela instituição para melhoria da saúde. Fazendo a relação destas variáveis com o
Burnout, detectamos que estas atividades podem influir na diminuição ao risco de
adoecimento mental e à Síndrome de Burnout.
Em relação à Síndrome de Burnout foi verificada relevância estatística e diminuição
da ocorrência da Síndrome nos indivíduos que afirmaram ir á igreja.
Existia a opção denominada outras atividades e, nestas, algumas pessoas
mencionaram o convívio com a família (estar com o njuge, brincar com os filhos, entre
outros) como atividade praticada durante o tempo livre. Apesar desta variável não ter tido um
associação neste estudo com o Burnout e o risco de adoecimento mental, estudos demonstram
que o convívio com a família contribui para a melhoria na carreira profissional e pessoal.
As pessoas que se dedicam aos momentos de lazer foram beneficiadas quanto à
prevenção ao Burnout e risco ao adoecimento mental. No entanto, Benevides-Pereira (2002.
96
p. 229) alerta que “sendo o Burnout característico do meio laboral, o ideal é centrar a
prevenção e a intervenção no contexto em que o trabalho se encontra”.
Nesta perspectiva, apresentamos as estratégias oferecidas pela instituição citadas pelos
trabalhadores da saúde da ESF de João Pessoa, são: Ginástica laboral, atividades de
relaxamento, Terapia Comunitária e outras atividades (dança e meditação). Apesar do
cruzamento destas variáveis com o risco de adoecimento mental e o Burnout não ter obtido
p<0,1, é relevante enfatizar que existiu uma acentuada diminuição de ocorrência destas
complicações entre os indivíduos que praticam algumas destas atividades. A oferta destas
atividades não se faz presente em todas as 180 UBSF, sendo, portanto, privilégio apenas para
alguns dos trabalhadores. A Terapia Comunitária (TC), por exemplo, segundo informação
fornecida pela Coordenação da Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde de João
Pessoa, atualmente, existem 76 rodas da TC no município, entretanto, nem todas as rodas
acontecem nas UBSF e, geralmente, não são direcionadas aos trabalhadores das equipes.
A Terapia Comunitária (TC) foi uma das atividades mais mencionadas pelos
participantes neste estudo como meio de promoção a saúde do trabalhador. Esta tem sido
utilizada pelo município de João Pessoa como um dispositivo tecnológico do cuidado. A TC
tem se consolidado, em todo o país, como estratégia de promoção de saúde e prevenção do
sofrimento psíquico.
A TC, segundo BARRETO (2005) é um dispositivo tecnológico do cuidado que
oferece espaço de escuta e fala garantindo partilha de experiências de vida em busca da
diminuição do sofrimento do cotidiano promovendo a saúde e prevenindo o processo de
adoecimento.
Gil-Monte (2003) sustenta que a Síndrome de Burnout surge quando as estratégias de
enfrentamento falham diante dos estressores laborais. Como podemos perceber, a Estratégia
Saúde da Família congrega com imeros desses estressores (jornada de trabalho, trabalhar
em outro local, localização regional - Distrito, envolvimento com o trabalho, entre outros) e
tomar este estressor positivo (eustres) ou negativo (distress) para vida do trabalhador depende
do individuo e da organização do trabalho.
É importante mencionar que, a adoção de estratégias que previnam o Burnout, a
ansiedade, depressão e promovam a saúde aos trabalhadores exige capacidade organizativa e
participação coletiva de todos os atores envolvidos na ESF. Neste sentido, reconhecer os
sinais e sintomas e as implicações da Síndrome, baseado na perspectiva da Saúde do
Trabalhador, que busca além da identificação de fatores de risco ou de proteção, a relação da
saúde com a inserção social e a dinâmica do processo de trabalho, é fundamental para que
97
ocorra o combate eficaz por parte da instituição, familiares e/ou enfermo contra esta patologia
ocupacional.
Quando a organização do trabalho não proporciona um espaço humanizado, de
construção e conquista coletiva, o trabalhador tende a deixar de considerar o trabalho como
fonte de dignidade para considerá-lo unicamente como objeto de obrigação para a
sustentabilidade econômica e social; e trabalhar em prol da obrigação, abstendo-se do prazer,
pode levar ao adoecimento, porque o trabalho passa ser um fardo, um peso e deixa de ser uma
atividade prazerosa, criadora e que leva ao crescimento humano. Para isto, em se tratando da
área da saúde, Rigoli e Dussault (2003. p.13) enfatizam que:
“os trabalhadores da saúde não podem mais ser considerados simplesmente
instrumentos ou recursos na oferta de cuidados necessários, mas atores que
podem agir individual ou coletivamente influenciando na construção das
políticas".
Para isto, é necessário mais estudos à respeito da Saúde do Trabalhador. Nesta
perspectiva, estudos da Síndrome de Burnout podem possibilitar a reflexão do contexto do
ambiente de trabalho e das subjetividades do trabalhador. Entretanto, estudos sobre o Burnout
ainda são escassos no Brasil e por tratar de questões inerentes ao trabalho, algumas vezes,
existem dificuldades e limitações na coleta de dados para este tipo de pesquisa.
As limitações encontradas para a realização deste estudo foram: encontrar um
consenso entre os valores apresentados nos instrumentos de investigação, no que se refere ao
ponto de corte das dimensões da Síndrome de Burnout, bem como a ausência de um único
critério para identificação da mesma; e dificuldade dos participantes da pesquisa no
preenchimento do instrumento M.B.I., evidenciado por erros ou omissões na respostas. Outras
questões, relacionadas com a pesquisa de campo, merecem ser destacadas como dificuldades
na operacionalização da pesquisa, tais como: resgate dos questionários respondidos
ocasionada por esquecimento do instrumento na residência por parte do entrevistado;
incompatibilidade de horário entre o pesquisador e o entrevistado; fatores burocráticos da
organização, assim como a situação de greve dos profissionais de medicina ocorrida no
período de coleta de dados, desencadeando lentidão na realização da pesquisa. Por sua vez,
estes aspectos não foram impeditivos para o desenvolvimento do estudo e contribuíram para
ampliar a percepção do contexto no qual estão inseridos os trabalhadores e para compreender
a necessidade de aprofundamento nas pesquisas referentes à identificação do Burnout.
Apesar de todas as limitações, conseguimos um índice de retorno de 90,42% dos
questionários respondidos. O retorno dos questionários foi considerado extremamente
98
satisfatório dentro da perspectiva dos estudos anteriores referente à temática Burnout. De
acordo com Tucunduva et al. (2006) as taxas de resposta encontradas na literatura sobre a
Síndrome de Burnout variam entre 50,3% e 83%.
A investigação do Burnout, na maioria das vezes, é feito por estudos epidemiológicos
(CAMPOS, R., 2006). Os estudos epidemiológicos, como quaisquer outros estudos, têm suas
dificuldades. Por sua vez, estudos desta categoria, quando utilizados de acordo, com suas
indicações, vantagens e limitações, consistem em uma ferramenta de grande utilidade para a
descrição de características da população; identificação de grupos de risco; para ação e
planejamento em saúde (BASTOS, 2007). Além de promover o enriquecimento científico
sobre a temática em estudo.
Por esta pesquisa se tratar de um estudo epidemiológico do tipo transversal, a
freqüência da Síndrome de Burnout, foi verificada em uma determinada população específica
- as equipes da Estratégia Saúde da Família do município de João Pessoa, além dos fatores
associados com a Síndrome. Por isto, é importante ressaltar que, os resultados encontrados
neste estudo, não devem ser generalizados.
99
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
100
A presente pesquisa constituiu investigar a ocorrência da Síndrome de Burnout entre
os profissionais na Estratégia Saúde da Família como forma de compreender como o contexto
organizacional e a subjetividade do trabalhador influenciam na edificação ou no sofrimento
do homem. À medida que o Burnout foi investigado no âmbito da institucionalidade das ações
de saúde e, concomitantemente, procurou-se compreender a subjetividade do trabalhador, foi
possível entender como ocorre processo de adoecimento dos trabalhadores e quais condições
de trabalho que podem estar influenciando no desenvolvimento desse processo.
Durante a realização da pesquisa, foram encontrados vários modelos para identificação
da Síndrome de Burnout. Dentre estes, três foram utilizados neste estudo, os modelos
propostos por Ramirez, Grunfeld e Maslach e Jackson. Foi adotado nessa pesquisa, portanto,
o modelo de Maslach e Jackson para fazer as relações entre as variáveis e o Burnout. Uma vez
que, este modelo recomenda o uso do ponte de corte especifico estabelecido de forma
particularizada para a população em estudo.
Seguindo o modelo de Maslach e Jackson foi verificado uma alta incidência do
Burnout nos trabalhadores da ESF e verificado que dentre as dimensões da Síndrome a
exaustão emocional foi a dimensão que obteve maior média, seguida da baixa realização
profissional.
As variáveis sociodemográficas, não causaram impactos sobre as dimensões do
Burnout. Quanto aos aspetos ocupacionais, foi verificado como possíveis fatores de risco para
o Burnout: trabalhar em outro local, tempo de atuação na ESF, Distrito Sanitário,
participa de cursos ou treinamentos e o nível de envolvimento com o trabalho.
Existiram neste estudo, outras variáveis (jornada de trabalho; uso de álcool;
escolaridade; entre outros) que geralmente são descritas na literatura especializada como
predisponente fator para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout, entretanto, estas
variáveis não apresentaram associação estatística nesta pesquisa, o que pode ser atribuído à
limitação dos testes estatísticos com amostras pequenas.
Ficou constatado, neste estudo, que o indivíduo com a Síndrome de Burnout apresenta
risco à ansiedade e depressão. Os índices de Burnout e a sintomatologia depressiva e de
ansiedade mostraram significativa associação entre essas patologias. Os sinais e sintomas
mais prevalentes assinalados pelas pessoas acometidas de Burnout neste estudo com risco a
ansiedade e depressão foram: falta de apetite; choro mais do que de costume; dificuldades
para realizar com satisfação as atividades diárias; perda do interesse pelas coisas e cansaço.
Por sua vez, a Terapia comunitária, disponibilizado em algumas equipes da Estratégia Saúde
da Família de João Pessoa, é um importante dispositivo de prevenção para tais patologias.
101
Outro ponto observado foi referente ao cuidado que a instituição emprega à saúde de
seus trabalhadores. Foi verificado neste estudo que 83,5% dos participantes da pesquisa
alegaram que não havia oferta de atividades por parte da instituição para melhoria da sua
saúde. Dentre as atividades citadas, como tecnologia de cuidado destinada ao trabalhador e
usuário, a Terapia comunitária foi a mais citada. A literatura menciona que esta é uma ótima
tecnologia no sentido de que tem como um dos propósitos, preparar os profissionais da saúde
para lidar com os sofrimentos e demandas psicossociais no ambiente de trabalho.
No que se refere às estratégias utilizadas de prevenção ao Burnout, é visto que as
estratégias são ainda predominantemente individuais. Considerando que a Síndrome de
Burnout é uma doença ocupacional, faz-se necessário desenvolver estratégias coletivas no
âmbito organizacional.
Os resultados deste estudo evidenciaram que o Burnout, na concepção psicossocial, foi
constituinte do resultado de um contexto laboral desfavorável, de características individuais,
do tipo de enfrentamento utilizado, assim como da relação entre estes elementos. Cada uma
destas variáveis tem um papel importante na gênese do processo da Síndrome, de forma
independente e relacionada. É importante ressaltar que, os aspectos ocupacionais foram os
elementos principais de risco para ocorrência do Burnout, acima das características
sociodemográficas e ou vulnerabilidade pessoais.
Diante de todas essas exposições, baseada nos dados encontrados nessa pesquisa
recomenda-se, que é preciso remodelar os processos de trabalho na ESF configurando um
ambiente mais motivador e prazeroso. Pressupõe pensar em um ambiente de trabalho que
proporcione a construção de sujeitos e subjetividades e, sobretudo, num espaço que possibilite
a democratização das relações de trabalho, estabelecendo sempre que possível, espaços de
negociação permanente. Remete também a pensar na garantia de vínculos de trabalho
assegurando os direitos trabalhistas e previdenciários, valorização do trabalho e do
trabalhador melhorando as condições de trabalho e ofertando melhor recompensa.
Outro propósito seria investir na assistência à saúde dos trabalhadores, ampliando e
inserindo para todas as equipes as tecnologias da Educação Permanente, Terapia Comunitária
e demais tecnologias possíveis para fortalecer a auto-estima e a saúde física, mental e
emocional dos trabalhadores. Criar ou potencializar espaços de cuidados (na própria estrutura
física das UBSF) destinados ao trabalhador, com oferta de terapias complementares (Yoga,
massagem, dança, entre outros), psicoterapia e atividades esportivas, com uma periodicidade
de pelo menos um turno semanal.
102
Além disto, elaborar estudos mais aprofundados ou buscar parcerias das Universidades
locais, usando quiçá como metodologia além da epidemiologia a entrevista semi-estruturada
ou a análise de discurso, para melhor compreensão sobre o contexto organizacional da ESF e
a influência deste ao adoecimento mental e ao Burnout.
Para isto, é necessário disseminar estudos desta natureza, no intuito de que se possa
promover uma reflexão sobre a participação do trabalhador em uma perspectiva ampliada, por
meio de uma visão sistêmica do ambiente de trabalho, compreendendo o trabalhador como
um sujeito no seu local de trabalho como um protagonista na história da construção da
Estratégia Saúde da Família.
A incidência da Síndrome de Burnout e sua associação com os transtornos de
ansiedade e depressão ocasionam impactos individuais e coletivos, sob aspecto de morbidade
e custos organizacionais. Estes fatores apontam subsídios importantes para a possibilidade de
esta Síndrome tornar-se um problema de saúde blica no país. Por este aspecto, converge-se
a percepção de que não é apenas discutir medidas pontuais, mas é preciso estabelecer um
conjunto de ações que se possa tornar a rotina de trabalho corporativo mais produtivo e sem
prejuízos para a saúde física e mental. Congregando esforços, é possível tornar o ambiente de
trabalho menos estressante e mais prazeroso para o trabalhador.
103
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114
APÊNDICES
115
APÊNDICE A –
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esta pesquisa intitulada Síndrome de Burnout entre os profissionais de saúde do
PSF: Risco de adoecimento mental tem por objetivo investigar a Síndrome entre os
profissionais da saúde do PSF deste município; verificar quais as condições de trabalho estão
mais relacionadas com a ocorrência da Síndrome de Burnout; identificar os sinais e sintomas
da Síndrome de Burnout mais prevalentes entre os trabalhadores que atuam no PSF e
identificar as estratégias de enfrentamento no Burnout utilizadas pelos trabalhadores.
Os dados serão coletados através de dois questionários estruturados. O primeiro é o
inventario em Burnout de Maslach (MBI), desenvolvido pela psicóloga Christina Maslach que
busca estabelecer o nexo entre a ocorrência da Síndrome de Burnout e a precarização do
trabalho. O segundo instrumento a ser utilizado neste estudo é um questionário para
levantamento de características sociodemográficas. E o terceiro é o o Self-Report
Questionnaire (SRQ-20), um instrumento constituído de 20 perguntas que permite fazer o
rastreamento de distúrbios psiquiátricos menores (depressão, ansiedade).
Sua contribuição neste estudo consiste em responder estes questionários, que será
aplicado no ambiente de trabalho, de acordo com sua disponibilidade a fim de obter
informações necessárias para elaboração desta pesquisa. Nenhum dos procedimentos usados
oferece riscos à sua dignidade.
Esta pesquisa segue de acordo com o que rege a Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde, sobre a pesquisa com seres humanos, garantindo ao participante a garantia
de receber esclarecimentos sobre qualquer dúvida relacionada à pesquisa; a liberdade de
retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar da pesquisa; a segurança de
que não será identificado e que será mantido o caráter confidencial da informação;
Entretanto, solicito também a sua autorização para apresentação dos resultados obtidos
neste estudo em eventos científicos e publicações em revista ou outros veículos de
comunicação.
A pesquisadora agradece a colaboração e a confiança depositada. E estará a sua
disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da
pesquisa.
116
As estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para
participar desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem:
Consentimento Livre e Esclarecido
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu
consentimento em participar da pesquisa
João Pessoa, _______/_______/_________.
_____________________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
_______________________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsável
Para maiores esclarecimentos entrar em contato com:
Coordenação do Programa do Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba / João Pessoa
(UFPB). Centro de Ciências da Saúde. Campos Universitários I. CEP: 58059-900; telefone (83) 3216-7109. E-
mail: ppgenf@ccs.ufpb.br
Orientadora da pesquisa: Drª. Maria de Oliveira Ferreira Filha E-mail: marfilha@yahoo.com.br
Pesquisadora: Mestranda Francilene Figueiredo da Silva Pascoal E-mail: francypascoal@hotmail.com
117
APÊNDICE B
PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
João Pessoa, 09 de maio de 2008
Prezado Senhor (a),
Utilizo-me desta para encaminhar a Vsa. o projeto de pesquisa intitulada Síndrome
de Burnout entre os profissionais de saúde do PSF: risco ao Adoecimento Mental. sobre a
minha responsabilidade solicitando, desta instituição, a autorização para que eu possa realizar
a coleta de dados para que se cumpra os objetivos do projeto apresentado. Os dados serão
coletados através de três questionários (em anexo e apêndice), e serão aplicados aos
profissionais de saúde atuando nas unidades de saúde da família dos cinco (5) distritos. Este
estudo está sendo realizado para a obtenção do título de mestre em Enfermagem em Atenção à
Saúde pela Universidade Federal da Paraíba. Aproveito para infor-lo que o projeto foi
submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFPB (Anexo).
Desde já agradeço sua colaboração.
Atenciosamente,
Francilene Figueiredo da Silva Pascoal
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem
Mat - 107100471
118
APÊNDICE C –
QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO E PROFISSIONAL
Nome:__________________________________________________________
Endereço:_______________________________________________________
Email:______________________________Escolaridade: _________________
Profissão:_____________________
1. Sexo: ( ) fem ( ) masc
2. Idade: ____
3. Estado Civil:
( ) casado(a) ( ) solteiro(a) ( ) união consensual
( ) viúvo(a) ( ) divorciado(a) ( )outros
4. Tem filho?
( ) não ( ) sim Quantos? ______
5. Naturalidade:__________________
6. Religião:_______________________
7. Local de trabalho no município de João Pessoa:
( ) PSF - Qual Unidade? _______________ Qual Distrito?________________
8. Quantas horas por semana você trabalha no PSF? _________________________________
9. Qual a sua Renda familiar? _______________________________________
10. Quantas pessoas residem na sua casa?____________________________
11. Há quanto tempo você exerce sua profissão? _____ anos _____ meses
12. Há quanto tempo você atua no PSF? _____ anos _____ meses
10. Você trabalha em outro local?
( ) o ( ) sim
Se sim, em qual local? ___________________
11. Quantas horas você trabalha por semana exercendo sua profissão?
____________________________________
12. Há quanto tempo você trabalha no PSF do município de João Pessoa?
_____ anos _____ meses
13. Você exerce alguma outra atividade profissional?
( ) o ( ) sim , qual? _______________________
14. Quantas pessoas, em média, você atende por dia?
( ) menos de 5 ( ) 5 a 10 ( ) 10 a 15 ( ) 15 a 20
119
( ) 20 a 30 ( ) mais de 30
15. No seu local de trabalho, no município de João Pessoa, existem reuniões da equipe:
( ) 1 vez por semana ( ) 15 em 15 dias
( ) Apenas na entrega do sistema (no caso, para PSF) ( ) o há reuniões.
16. No seu ambiente de trabalho é oferecida alguma atividade para a melhoría da sua saúde?
( ) Sim ( ) o
Se afirmativo, que atividade você faz? _________________________
( ) ginástica laboral ( ) atividade de relaxamento ( ) meditação
( ) Yoga ( ) dança ( ) outro ___________________
17. Com que freqüência você participa de cursos/treinamentos oferecidos pela sua Instituição?
( ) 1 ou 2 vezes ao ano ( ) 3 vezes ou mais ( ) não participa
18. Durante o seu tempo livre a que atividades você se dedica? :
( ) Prática de esporte ( ) Atividades alternativas (Yoga, reyki, etc)
( ) Atividades artesanais ( ) lazer (cinema, shopping, barzinho, viagens, etc)
( ) Leitura e estudo ( ) Uso de computador para lazer
( ) Trabalho voluntário ( ) Trabalhos domésticos
( ) Dormir ( ) Ir à igreja
( ) Assistir TV e vídeos ( ) Outros : _____________
19. Atualmente, você acredita que costuma se envolver com o seu trabalho?
( ) além do exigido pela organização e pela sua profissão
( ) o exigido pela organização e pela sua profissão
( ) menos que a exincia da organização e profissão
20. Faz uso de bebidas alcóolicas?
( ) Sim ( ) Não
Se afirmativo, com que freqüência?
( ) uma vez na semana
( ) todos os dias
( ) Apenas em momentos festivos
( ) outros : _________________________
120
ANEXOS
121
ANEXO A –
QUESTIONÁRIO MASLACH BURNOUT INVENTORY (MBI)
Maslach Burnout Inventory (MBI - HSS, 1986)
Por favor, leia atentamente cada um dos itens a seguir e responda se experimentou o que é relatado, em relação a seu
trabalho. Caso nunca tenha tido tal sentimento, responda "0" (zero) na coluna ao lado. Em caso afirmativo, indique a
freqüência (de 1 a 6) que descreveria melhor seus sentimentos, conforme a descrição abaixo:
FREQUÊNCIA
0 1 2 3 4 5 6
Nunca Uma vez ao
ano ou
menos
Uma vez ao
mês ou
menos
Algumas
vezes ao
mês
Uma vez
por semana
Algumas
vezes por
semana
Todos os
dias
OBS: Lembre-se que o diagnóstico definitivo só pode ser fornecido por um profissional.
1.
Sinto-me esgotado (a) emocionalmente devido ao meu trabalho
2.
Sinto-me cansado (a) ao final da jornada de trabalho
3.
Quando me levanto pela manhã e vou enfrentar outra jornada de trabalho sinto-me cansado (a).
4.
Posso entender com facilidade o que sentem as pessoas.
5.
Creio que trato algumas pessoas como se fossem objetos impessoais
6.
Trabalhar com pessoas o dia todo me exige um grande esforço
7.
Lido eficazmente (que age com eficiência) com os problemas das pessoas
8.
Meu trabalho deixa-me exausto (a).
9.
Sinto que através do meu trabalho influencio positivamente na vida de outros.
10.
Tenho me tornado mais insenvel com as pessoas desde que exerço este trabalho.
11.
Preocupa-me o fato de que este trabalho esteja-me endurecendo emocionalmente.
12.
Sinto-me com muita vitalidade. (força)
13.
Sinto-me frustrado (Que não atingiu o seu ideal, a sua ambão, o seu desejo) em meu trabalho.
14.
Creio que estou trabalhando em demasia. (excesso)
15.
Não me preocupo realmente com o que ocorre às pessoas a que atendo.
16.
Trabalhar diretamente com as pessoas causa-me estresse.
17.
Posso criar facilmente uma atmosfera relaxada para as pessoas.
18.
Sinto-me estimulado (a) depois de trabalhar em contato com as pessoas
19.
Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão.
20.
Sinto-me no limite de minhas possibilidades.
21.
Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais no meu trabalho.
22.
Sinto que as pessoas culpam-me de algum modo pelos seus problemas.
122
ANEXO B –
QUESTIONÁRIO SOBRE FATORES DE RISCO
Self Report Questionnaire - SRQ-20
Instruções: Estas questões são relacionadas a certas dores e problemas que podem ter lhe incomodado nos
últimos 30 dias. Se você acha que a questão se aplica a você e você teve o problema descrito nos últimos 30 dias
responda SIM. Por outro lado, se a questão não se aplica a voe você não teve o problema nos últimos 30 dias,
responda NÃO.
OBS: Lembre-se que o diagnóstico definitivo só pode ser fornecido por um profissional.
Vojá sentiu algum desses sintomas nos últimos 30 dias?
PERGUNTAS
RESPOSTAS
01- Tem dores de cabeça freqüentes? Sim ( ) Não ( )
02- Tem falta de apetite? Sim ( ) Não ( )
03- Dorme mal? Sim ( ) Não ( )
04- Assusta-se com facilidade? Sim ( ) Não ( )
05- Tem tremores de mão? Sim ( ) Não ( )
06- Sente-se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a) Sim ( ) Não ( )
07- Tem má digestão? Sim ( ) Não ( )
08- Tem dificuldade de pensar com clareza? Sim ( ) Não ( )
09- Tem se sentido triste ultimamente? Sim ( ) Não ( )
10- Tem chorado mais do que de costume? Sim ( ) Não ( )
11- Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas atividades diárias? Sim ( ) Não ( )
12- Tem dificuldades para tomar decisões? Sim ( ) Não ( )
13- Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, causa sofrimento)? Sim ( ) Não ( )
14- É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida? Sim ( ) Não ( )
15- Tem perdido o interesse pelas coisas? Sim ( ) Não ( )
16-Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo? Sim ( ) Não ( )
17-Tem tido idéias de acabar com a vida? Sim ( ) Não ( )
18- Sente-se cansado (a) o tempo todo? Sim ( ) Não ( )
19- Tem sensações desagradáveis no estômago? Sim ( ) Não ( )
20- Você se cansa com facilidade? Sim ( ) Não ( )
123
ANEXO C –
CÓPIA DA CERTIDÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
124
ANEXO D –
ENCAMINHAMENTO DO DISTRITO I
125
ANEXO E –
ENCAMINHAMENTO DO DISTRITO II
126
ANEXO F –
ENCAMINHAMENTO DO DISTRITO IV
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
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Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
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