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SAÚDE, DOENÇA MENTAL E SERV IÇOS DE SAÚDE NA VISÃO DE
ADOLESCENTES E SEUS CUIDADORES
Camila de Aquino Morais
Dissertação apresentada como exigência parcial para a obtenção do grau de Mestre em
Psicologia sob orientação da Prof ª. Dr ª. Sílvia Helena Koller
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
2008
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2
AGRADECIMENTOS
Ao longo deste trabalho pude ser enriquecida com a vida de muitas pessoas que
comigo, direta ou indi retamente, compartilharam essa experiência. Aqui vou tentar
deixar minha reverência a todos(as) vocês e o meu Muito Obrigada!
Ao meu pai, Morais Neto, pelo exemplo de determinação e obstinação que me
foram fundamentais ao alçar o vôo para a vida. Obrigada por cada ensinamento sobre o
mundo, eles fizeram a diferença na hora de enfrentar os leões.
À minha mãe, Fátima Morais, pela ternura e amor incondicion al. Obrigada por
todos os ensinamentos, desde os pequenos atos de boa convivência em casa aos grandes
gestos de perdão e compaixão. Inúmeras vezes suas palavras ressoavam, “ama, ama
sem contar o custo”. Foi com esse brado que busquei viver cada instante destes anos
longe de casa.
Ao Gerardo César (Ge), sempre no coração, inúmeras vezes me lembrei de
você ao sair morro adentro encontrando aquelas crianças e adolescentes, lembrava -me
de teu sempre desmedido amor para com estes. Obrigada irmão querido, carrego comigo
sua fortaleza, espirituosidade e alegria mesmo na dor. À Josie Lima, irmã querida, pelo
exemplo de bravura e irrepreensível sede de justiça. Obrigada por rechear minhas noites
com fofocas, histórias de crianças e risadas fogosas. Ao Morais Júnior (Moraizinho),
pela eterna cumplicidade e docilidade. Amigo fiel em todas as horas, companheiro de
traquinagens e estripulias.
Ao Matheus e Anelise, sobrinhos (as) queridos que com suas vidas fazem a
minha ter mais sentido. Obrigada por babarem muito a t itia mais legal do mundo. Aos
tios e primos, Lacerda Melo, Jaqueline Aquino (Cafu), Sandra Aquino, Elisa Moraes,
Emmanuel Machado (Manú), Andréia Machado, que mesmo a distância sempre foram
presentes.
A todos os amigos cearenses , Jerusa Aguiar, Carolina Dourado, Mariana Santos,
Manoela Carneiro, Isabelly Frontera, Marisa Schuler, Ticiana Aragão, Vitor Ribeiro,
João Paulo Oliveira, Luís Gadelha, Margarida Lima (Guida), Cristiana Lima (Kiki), a
baiana Gigliola Sena (Gigli), a sergipana Josefa Alves (Fifinha), a potiguar Irene Carmo
que me apoiaram e nunca deixaram de manifestar a certeza da minha vitória e sucesso.
Às professoras de graduação Cristina Sutter e Júlia Bucher que foram as
sentinelas deste caminho fazendo eu me encantar pelo trabalho com famílias e pela
Psicologia. À psicóloga Luana Araripe de Andrade e a psiq uiatra Leda Araripe de
Andrade pelo profissionalismo, competência e humanismo com que cuidam cada
paciente.
Ao Instituto da Família de Porto Alegre, Ovídio Waldemar, Olga Falceto,
Simone Castiel, Nair Terezinha (Titá), José Luís (Zezin), Carmem Dora, Luís Prado,
Adriana Zanonato, Vanda, Luciana, Kátia, Renata, Tanira, Dominick, Mara, Rafaela,
Fernando, Sheila, Alice, Márcia, Débora, Caroline, minha primeira família gaúcha , pelo
acolhimento e suporte nos longos e intermináveis dias de saudade e pelos novos
horizontes abertos.
À Laíssa Prati, pela acolhida e ensinamentos da vida acadêmica e pelo
incansável desejo de conhecimento que fomenta em seus orientandos. Com ela vieram
as queridas do primeiro grupo de pesquisa, Jaque line Soccol, Carla Mallmann, Débora
Finkler e Bruna Seibel, o clube das loiras, obrigada pelas alegrias e trocas de
conhecimento. Ai aquelas quartas-feiras!!!
À equipe do Cep-rua, Michele Poletto, Mayte Raya, Elder Cerqueira, Normanda
Morais, Vicente Cassepp, Luciana Thomé, Eva Diniz, Clarissa De Antoni, Luísa
Habigzang e Simone Paludo, pelos momentos de aprendizado. Ao Lucas Neiva que
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pacientemente me auxili ou na estatística tornando -a mais compreensível. E à querida
Carmem Kasper pela disponibilidade inigualável.
Às amigas, Ana Paula Souza, pela doce presença sempre apoiadora, Monise
Serpa, pela cumplicidade e papel de irmã mais velha e Andreína Moura, pela companhia
e carinho. Aos amigos(as), Christian Cunha, Sandra Rieth e Maria Clara Couto, mesmo
a força das circunstâncias tendo nos distanciado, obrigada pelas vidas intensas
compartilhadas. (O tempo esconde o que é eterno).
Ao querido amigo Ricardo Vivian e à amiga Renata Bonotto pela parceria, troca
de conhecimento e cuidado desmedido. Ao amigo José Carmo (o famoso Carioca) que
nos últimos dez meses coloriu momentos deste per curso sempre me incentivando às
realizações profissionais.
À minha equipe de pesquisa, Ana Menini, Alexandra Borba (Xanda), Tanara
Benites, Anna Lenna Ström e Claire Dumoulin, que fizeram dos encontros semanais
momentos maravilhosos , que se doaram incansavelmente e compartilharam alegrias e
decepções em nossos momentos de terapia de grupo no local de trabalho e fora deste .
À banca examinadora, bora Dell’Aglio, Olga Falceto e Maycoln Teodoro,
pela disponibilidade e orientações em vista do aprimoramento d o trabalho.
À MULHER, aquela que investiu em mim desde o primeiro olhar e que com
paciência me conduziu nesses anos desafiantes de mestrado. Querida Dra. Sílvia Koller ,
sou imensamente grata, espero que os pequenos gestos manifestados em nossos
encontros consigam falar por mim . A oportunidade de trabalhar com você traçou um
novo rumo em minha vida, tenha certeza que a semente de pesquisadora foi plantada e
que ela está brotando ao seu tempo. Sou privilegiada em ter expandido minha
convivência com você para além dos limites de trabalho e ter experimentado sua
maternidade afetiva, apoio e compreensão. Um agradecimento especial a você, Chefa , e
ao pequeno e belo detalhe que faz toda a diferença na sua vida e na minha, Piotr
Trzesniak (Janzito), o Chefo!
4
SUMÁRIO
Lista de figuras .........................................................................................
06
Lista de tabelas .........................................................................................
07
Resumo..................................................................................... .................
11
Abstract .....................................................................................................
12
Capítulo I
Introdução
13
1.1 Adolescência, família e contextos significativos .........................
13
1.2 Determinantes sociais em saú de ...................................................
15
1.3 Epidemiologia da saúde mental de crianças e adolescentes ..... ....
17
1.4 Sistema de saúde e serviços de saúde mental no Brasil ................
21
1.5 Psicologia e saúde .........................................................................
26
1.6 Justificativa e objetivos ............................................................... ..
28
Capítulo II
todo ......................................................................................................
30
Inserção Ecológica ..............................................................................
30
Participantes ........................................................................................
32
Instrumentos ........................................................................................
34
Diário de campo ................... ...............................................................
34
Questionário sobre saúde e doença mental .........................................
35
Roteiro de entrevista da família ........................................................ ..
38
Procedimentos e Considerações Éticas................................................
39
Capítulo III
Resultados .................................................................................................
49
3.1 Caracterização da a mostra dos(as) Adolescentes e suas famílias
49
3.2 Visão de saúde/doença mental dos(as) Adolescentes ...................
70
3.3 Visão de saúde/doença mental dos(as) Adolescentes p elos
cuidadores do sexo feminino ........................................... ......................
82
3.4 Visão de saúde/doença mental dos(as) Adolescentes pelos
cuidadores do sexo masculino ......... .....................................................
94
5
Capítulo IV
Discussão ................................................. ................................................
106
4.1 Contexto social e família ....... ...................................................... .
106
4.2 Visão de saúde e doença mental dos adolescentes .......................
119
4.3 Visão de saúde e doença mental dos cuidadores do sexo feminino
123
4.4 Visão de saúde e doença mental dos cuidadores do sexo
masculino ............................................................................................
125
4.5 Limites do estudo .................. ........................................................
126
Capítulo V
5.1 Considerações finais .....................................................................
128
Referências ............................................................... .................................
131
ANEXOS ..................................................................................................
140
Anexo A. Questionário da visão d os(as) Adolescentes sobre saúde e
doença mental ............................................................... .....................
140
Anexo B. Questionário da visão dos cuidadores sobre saúde e
doença mental ............................................................................. .......
150
Anexo C. Roteiro de entrevista da família .........................................
161
Anexo D. Termo de concordância da instituição ................................
163
Anexo E. Termo de consentimento livre e esclarecido ......................
164
Anexo F. Aprovação Comitê de Ética ................................................
165
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Distribuição do grau de instrução d os(as) Adolescentes ..........
33
Figura 2. Foto das casas no contexto da comunidade ..............................
52
Figura 3. Foto de um beco no contexto da comunidade ..........................
52
Figura 4. Foto das casas e becos no contexto da comunidade .................
53
Figura 5. Distribuição da cor declaradas pelos(as) Adolescentes ...........
54
Figura 6. Distribuição do tipo de relacionamento conjugal - cuidadores
55
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Questionário de Saúde Mental para os(as) Adolescentes
37
Tabela 2. Questionário de Saúde Mental para os Cuidadores
38
Tabela 3. Panorama da Família 1 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
60
Tabela 4. Panorama da Família 2 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
60
Tabela 5. Panorama da Família 3 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
61
Tabela 6. Panorama da Família 4 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos p rotetivos e práticas educativas
61
Tabela 7. Panorama da Família 5 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
62
Tabela 8. Panorama da Família 6 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos proteti vos e práticas educativas
62
Tabela 9. Panorama da Família 7 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
63
Tabela 10. Panorama da Família 8 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
63
Tabela 11. Panorama da Família 9 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativa s
64
Tabela 12. Panorama da Família 10 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e pr áticas educativa
64
Tabela 13. Panorama da Família 11 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativa
65
Tabela 14. Panorama da Família 12 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e prátic as educativas
65
Tabela 15. Panorama da Família 13 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
66
Tabela 16. Panorama da Família 14 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
66
Tabela 17. Panorama da Família 15 com relação à número de membros,
67
8
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Tabela 18. Panorama da Família 16 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas e ducativas
67
Tabela 19. Panorama da Família 17 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
68
Tabela 20. Panorama da Família 18 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas edu cativas
68
Tabela 21. Panorama da Família 19 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
69
Tabela 22. Panorama da Família 20 com relação à número de membros,
adversidades, aspectos protetivos e práticas educa tivas
69
Tabela 23. Estatísticas Descritivas da Visão d os(as) Adolescentes sobre
Estar saudável mentalmente
70
Tabela 24. Estatísticas Descritivas da Visão d os(as) Adolescentes sobre
“Estar doente mentalmente
71
Tabela 25. Estatísticas Descritivas da Visão dos(as) Adolescentes sobre
“Origem das idéias em saúde/doença mental”
72
Tabela 26. Estatísticas Descritivas da Visão d os(as) Adolescentes sobre
a relação entre “Religião e Saúde/doença Mental”
72
Tabela 27. Estatísticas Descritivas da Visão d os(as) Adolescentes sobre
“Estereótipos em Saúde Mental e Barreiras de Acesso ao Serviço”
73
Tabela 28. Estatísticas Descritivas da Visão d os(as) Adolescentes sobre
“Tratamento para um problema mental”
75
Tabela 29. Estatísticas Descritivas da Visão d os(as) Adolescentes sobre
“Busca de Apoio para um problema mental”
76
Tabela 30. Estatísticas Descritivas da Visão d os(as) Adolescentes sobre
“Rede de Apoio na Procura de Ajuda Profissional para um problema
mental”
76
Tabela 31. Estatísticas Descritivas na Visã o dos(as) Adolescentes sobre
“Estratégias de Cuidado ao Sentir -se Mal Mentalmente”
77
Tabela 32. Estatísticas Descritivas da Visão d os(as) Adolescentes sobre
“Manutenção da Saúde Mental na Família”
78
Tabela 33. Estatísticas Descritivas da Visão d os(as) Adolescentes sobre
“Bem-estar Pessoal”
79
Tabela 34. Itens das Questões com Diferenças Significativas por Sexo
81
9
entre os(as) Adolescentes
Tabela 35. Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “Estar
saudável mentalmente
83
Tabela 36. Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “Estar
doente mentalmente
83
Tabela 37. Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre
Origem das idéias em saúde/doença mental ” dos(as) Adolescentes
84
Tabela 38. Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre a
relação entre “Religião e Saúde/doença Mental”
85
Tabela 39. Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre
“Estereótipos em Saúde Mental e Barreiras de Acesso ao Serviço”
86
Tabela 40. Estatísticas Descritivas da Vi são das Cuidadoras sobre
“Tratamento para um problema mental”
87
Tabela 41. Estatísticas Descritivas da Visão d os(as) Adolescentes sobre
“Busca de Apoio para um problema mental”
87
Tabela 42. Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “Rede
de Apoio na Procura de Ajuda Profissional para um problema mental”do
Adolescente
88
Tabela 43. Estatísticas Descritivas na Visão das Cuidadoras sobre
Estratégias de Cuidado ao Sentir -se Mal Mentalmente”
88
Tabela 44. Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre
“Manutenção da Saúde Mental na Família”
90
Tabela 45. Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “O
que faz enquanto mãe para manter a Saúde Mental dos filhos (as)”
91
Tabela 46. Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “Bem-
estar Pessoaldo Adolescente
92
Tabela 47. Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “Estar
saudável mentalmente”
94
Tabela 48. Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “Estar
doente mentalmente”
95
Tabela 49. Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre
“Origem das idéias em saúde/doença mental” d os(as) Adolescentes
96
Tabela 50. Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre a
relação entre “Religião e Saúde/doença Mental”
96
Tabela 51. Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre
97
10
“Estereótipos em Saúde Mental e Barreiras de Acesso ao Serviço”
Tabela 52. Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre
“Tratamento para um problema mental”
98
Tabela 53. Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre
“Busca de Apoio para um problema mental”
99
Tabela 54. Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “Rede
de Apoio na Procura de Ajuda Profissional para um problema mental ”do
Adolescente
99
Tabela 55. Estatísticas Descritivas na Visão dos Cuidadores sobre
Estratégias de Cuidado ao Sentir -se Mal Mentalmente”
100
Tabela 56. Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre
“Manutenção da Saúde Mental na Família”
102
Tabela 57. Estatísticas Descritivas d a Visão dos Cuidadores sobre “O
que faz enquanto pai para manter a Saúde Mental dos filhos (as)
103
Tabela 58. Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre o
“Bem-estar Pessoal” dos(as) Adolescentes
104
11
Resumo
O estudo investigour a visão de adolescentes e seus cuidadores sobre saúde/doença
mental, estereótipos e acessibilidade aos serviços de saúde, bem como as principais
redes de apoio e estratégias de cuidado utilizadas pelos adolescentes. Participaram do
estudo 30 adolescentes de ambos os sexos da periferia de Porto Alegre com idades entre
14 a 18 anos e 28 cuidadores destes, 10 do sexo masculino com idade entre 27 a 55 anos
e 18 do sexo feminino com idade entre 31 a 67 anos. Da amostra total dos adolescentes
foram entrevistadas 20 famílias de variada configuração. Como instrumentos foram
utilizados: diário de campo, roteiro de entrevista da família e questionários auto -
aplicáveis. Os resultados dos questionários foram analisados através do SPSS 13.0,
sendo levantadas estatísticas descritivas. Para os diários de campo e roteiro de entrevista
utilizou-se a análise de conteúdo. Os resultados destes dois instrumentos mostraram a
implicação dos aspectos socioeconômicos e dos acontecimentos estressantes da história
de vida familiar na saúde mental dos adolescentes e membros da família. Os resultados
dos questionários revelaram que a visão de saúde mental dos adolescentes estava
associada à capacidade de pensar de forma crítica e relacionar -se bem com os outros.
Da doença mental, os adolescentes apresentaram uma visão integradora entre corpo -
mente. Os profissionais de saúde, os pais e amigos constaram como as principais redes
de apoio. Foram encontradas mais barreiras ideológicas do que estruturais para o acesso
aos serviços de saúde. As estratégias de cuidado variaram entre comportamentos em
busca de mudança e fuga do problema. Na visão dos cuidadores, saúde mental esteve
associada com o bom funcionamento físico, cognitivo e com a satisfação pessoal,
apresentando algumas diferenças entre a visão do cuidador e da cuidadora. Da doença
mental, identificou-se uma visão integradora corpo -mente e associação com problemas
de concentração. A escola, o profissional de saúde e a mídia foram os principais
formadores de opinião sobre a visão de saúde/doença mental. Dos estereótipos, foram
identificadas mais barreiras ideológicas do que estruturais. Acerca da busca de ajuda e
rede de apoio, a mãe, o pai e profissionais de saúde foram citados. Das estratégias de
cuidado incentivadas aos adolescente s, a busca de mudança foi mais freqüente.
Intervenções sociais e meios de melhorar a prestação de serviços em saúde mental aos
adolescentes são discutidos.
Palavras-chaves: saúde e doença mental, serviços de saúde, adolescentes, cuidadores e
família.
12
Abstract
The aim of this study was to investigate adolescents’ and their caregivers’ perspective
about mental health and illness, stereotypes and accessibility to mental health services,
as well as the main support networks and strategies used by adolescen ts to look after
themselves. 30 female and male adolescents living in the suburb of Porto Alegre aged
14 to 18; and 28 caregivers, 10 male aged 27 to 55 and 18 female aged 31 to 67
participated in the study. 20 out of 30 adolescents’ families were intervie wed during
home visits. Families showed different configuration. Field diary, family interview,
self-applicable questionnaires on mental health and illness were applied. Questionnaires
results were analyzed with SPSS 13.0 and descriptive statistics was mad e for all items.
Content analysis was adopted to analyze qualitative data in field diary and family
interview. Results from those two instruments showed the implication of socioeconomic
aspects and stressful occurrences of family history on adolescents and other family
members’ mental health. Questionnaire results unveil that adolescents’ mental health
was associated to the ability of thinking critically and getting along well with others.
Adolescents presented an integrated view of health and body. Health professionals,
parents and friends formed the main support networks for adolescents. Ideological
barrier with regard to access to health services were found more than structural.
Adolescents presented care strategies that varied from behaviors in search of change and
scape from the problem. Caregivers’ mental health perspective was associated with
good physical and cognitive functioning and personal satisfaction, presenting some
difference between male and female caregivers’ perspective. About mental illnes s,
caregivers presented an integrated view of body and mind and associated with
concentration problems. School, health professional and media are the main opinion
boosters about mental health and illness. About stereotypes was found more ideological
barriers than structural. Mother, father and health professionals were the main help -
seeking. Care strategies motivated to adolescents’ indicates search of change when
feeling mentally sick. Social interventions and ways to improve health services for
adolescents were discussed.
Key-words: mental health and illness, health services, adolescents, caregivers and
families.
13
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1 Adolescência, família e contextos significativos
O desenvolvimento do indivíduo acontece em um curso contínuo de fases de
amadurecimento nos aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Na maioria das vezes,
a família é o primeiro contexto de inserção da pessoa afetando, positiva ou
negativamente, nos comportamentos sociais, nas crenças e atitudes, na tomada de
decisões, enfim, em todo o processo biopsicossocial do desenvolvimento.
Crises particulares estão associadas a cada fase do ciclo de vida. O período da
adolescência é considerado uma das etapas mais complexas vividas pelo ser humano,
pois, intensas e inúmeras tensões novas se apresentam nesta fase. O primeiro desafio
com que o adolescente se depara é a mudança física de seu corpo, que se acompanha de
sensações desconhecidas. O segundo desafio é a maturação sexual que traz à tona
desejos, prazer e anseios pela d escoberta do sexo. O terceiro é a transformação da
identidade que remete ao processo de diferenciação e busca da autonomia. O quarto é a
necessidade de admitir a perda da infância e a de assumir um novo papel social. Todas
estas modificações geram inquietu de, estresse, sentimentos ambivalentes de amor -ódio
pelos pais, angústia de separação, medo do novo, busca por si que remete à inserção no
grupo de iguais e ao conflito frente às demandas sociais que ora solicita o ser criança e
ora o ser adolescente (Cole & Cole, 2003; Erickson, 1968; Hopkins, 1983).
Ao mesmo tempo em que o adolescente vivencia as transformações desta fase
da vida, a família também é influenciada intensamente. A adolescência é uma fase
igualmente tensa e difícil para os cuidadores que enfr entam dificuldades em lidar com
as novas conquistas, rebeldia, separação e autonomia dos adolescentes. Para os
cuidadores, também se apresenta o desafio de se vivenciar sua própria adolescência e os
impasses não resolvidos desta fase. É nesse contexto de i ntensa efervescência emocional
que as famílias buscam possibilidades de existir oscilando entre a manutenção de
comportamentos antigos e a abertura aos novos (Carter & McGoldrick, 1995).
Além da família, outros contextos são significativos e ganham maior espaço na
vida dos adolescentes. A aproximação ao grupo de iguais e busca por diferenciação dos
pais torna os ambientes escolar e social fundamentais para o desenvolvimento nesta fase
da adolescência. Em vista disso, novas figuras se tornam cruciais e dese mpenham
14
importante papel na vida do adolescente, por exemplo, professores, amigos(as) e
namorado(a). Na medida em que o adolescente se vincula a outros contextos como
igreja, clube esportivo, rua, comunidade, dentre outros, estes se tornam parte do
processo de desenvolvimento. Numa perspectiva mais ampla, também são considerados
o contexto socioeconômico, o país, a cultura e a etnia como fatores que influenciam o
desenvolvimento do adolescente.
Segundo a Abordagem bioecológica do desenvolvimento humano (ABD H), a
compreensão do desenvolvimento exige um olhar mais amplo dos fatores que atuam na
pessoa e no ambiente. A ABDH estuda o desenvolvimento através da interrelação de
quatro domínios, são estes: processo, pessoa, contexto e tempo (Bronfenbrenner, 1995;
Bronfenbrenner & Morris, 1998). Esses autores afirmam que o “processo proximal”
corresponde às formas de interação no ambiente imediato. Para os autores, o
desenvolvimento ocorre através destes processos de interação recíproca (bidirecional)
progressivamente mais complexa de um ser humano ativo, biopsicologicamente em
evolução, com outras pessoas, objetos e símbolos. Para ser efetiva, a interação deve
ocorrer em uma base regular e através de períodos estendidos de tempo. Os autores
apontam que a forma, a for ça, o conteúdo e a direção dos processos proximais que
efetivam o desenvolvimento variam sistematicamente como uma função conjunta das
características da pessoa em desenvolvimento. Associados a estas estão o ambiente
imediato e remoto onde os processos oco rrem, a natureza dos resultados evolutivos, as
mudanças e continuidades sociais que ocorrem no decorrer do tempo durante o período
histórico que a pessoa viveu (Bronfenbrenner & Morris, 1998).
Todos estes aspectos determinam o bem estar de adolescentes e d e suas
famílias em suas vivências ao longo do desenvolvimento. Um estado de completo bem -
estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença ou enfermidade foi a
definição de saúde oferecida pela World Health Organization , em 1987 (WHO, 1987).
Tal definição incorpora aspectos psicológicos e sociais, com uma visão mais holística
de saúde e ampliando a visão médica tradicional (Morais, 2005). Considerando tais
fatores e características, é lançado o olhar para a saúde do adolescente tendo em vista a
necessidade de fornecer melhor atenção e suporte para os próprios e para suas famílias.
É nesta perspectiva que este estudo visa a contribuir no entendimento das demandas
desta população podendo subsidiar orientação às famílias, escolas, comunidade e o
sistema de saúde.
15
1.2 Determinantes sociais em saúde
Ao trabalhar com um conceito de saúde mais abrangente e integrador, a WHO
buscou ampliar a concepção do modelo biomédico acerca do processo saúde/doença.
Quando se estabelece relações com as áreas socia is e psíquicas, o processo
saúde/doença se amplia deixando de ter caráter estritamente causal e a intervenção deixa
de ser apenas física ou química. O diferencial desta nova definição é a visão holística de
saúde, visto que concebe a saúde como um estado positivo de bem-estar. Entretanto,
esta definição recebe críticas por apresentar um caráter estático e subjetivo (Rezende,
1989; Segre & Ferraz, 1997). Nesta, saúde implica uma idéia de um esta do perfeito e
completo que é irreal e inatingível. De acordo com Rezende (1989), essa visão não
considera o intercâmbio muitas vezes conflituoso existente entre o ser humano e o seu
meio ambiente, além da postura humana ativa e dialética frente aos antagonismos
sociais. Além disso, a definição é ampla e vaga, perdendo especificidade para ser
definida operacionalmente e aplicada em situações práticas. Faltam qualidades que
efetivamente definam o que seja bem -estar. Ao mesmo tempo, Segre e Ferraz (1997)
reconhecem e destacam o fato de que as expressões "perfeição" e "bem -estar" não
existem por si mesmas, estando sujeitas a uma descrição dentro de um contexto que lhe s
empreste sentido, parti ndo da linguagem e da experiência singular. Portanto, bem-estar,
felicidade ou perfeição ocorrem para um sujeito que, dentro de suas cr enças e valores,
sentido a tal uso semântico, legitimando-o. Mesmo com as críticas à definição de
saúde da WHO, seu conceito é relevante, pois e sse é o maior órgão de referência
mundial para as questões do tema e orienta todos os países, sendo seu objet ivo o
máximo desenvolvimento da saúde d os povos.
Uma idéia comum subjacente à s pesquisas que se dedicam ao estudo da visão de
saúde e doença é a de que estas são fortemente influenciadas pelo contexto cultural em
que ocorrem. Dessa forma, a definição do qu e é saudável e doente, normal e anormal,
são e insano, varia tanto interculturalmente quanto intraculturalmente. Um papel de
destaque tem sido atribuído à visão de saúde e doença, pois alguns autores
(Boruchovitch & Mednick, 2002; Minayo, 1998; Minayo & So uza, 1989; Rezende,
1989) afirmam que elas condicionam a forma como cada pessoa experimenta seus
estados de saúde e de doença, os comportamentos adotados para evitar a doença ou
restabelecer a saúde e, inclusive, as próprias práticas de atendimento à saúde . Segundo
Minayo (1998), saúde e doença podem ser vistas como expressão social e individual e,
também, como expressão das contradições sociais. A partir dessas visões, o contexto
16
sociocultural é percebido como influenciando a definição das atitudes e
comportamentos relacionados à saúde/doença e à própria legitimação da condição de
"estar doente". No entanto, a vivência pessoal desses estados ao longo da vida por cada
indivíduo também deve ser um aspecto a ser considerado, uma vez que, de acordo com
Minayo (1998), "é no indivíduo que essas visões se unificam: é ele que sofre os males
ou detém a saúde" (p. 194).
O entendimento das concepções de saúde/doença enquanto expressões da
realidade social, que refletem as contradições do sistema capitalista , é outra
contribuição trazida por Minayo (1998; Minayo & Souza, 1989) à compreensão da
construção social das concepções de saúde e doença. As representações dominantes são
mediadas pelos profissionais de saúde que tendem a se ater ao contorno biológico e
individual do doente para explicar o fenômeno saúde/doença. Ao fazer isso, separam o
sujeito de seu meio, de sua experiência existencial e dos condicionamentos de sua
situação.
Tendo em vista a visão holística do processo saúde/doença, é necessário
pontuar o contexto socioeconômico do mundo globalizado do século XXI. Um dos
grandes desafios dos países hoje são as desigualdades sociais em saúde. É destoante a
realidade dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento, e ainda mais para os
não desenvolvidos com relaç ão a estes aspectos. A questão da pobreza e desigualdade
social tem sido discutida internacionalmente, uma vez que melhores condições de vida
resultam em melhor qualidade de vida, saúde e bem -estar. As carências das camadas
desfavorecidas não se referem ap enas à privação material e baixo desenvolvimento
humano, mas também a pouca responsabilidade e autonomia. Essas condições
minimizam a capacidade de tomada de decisões das pessoas, pois sua liberdade é
tolhida pela impossibilidade ou difícil possibilidade d e ascensão social e
desenvolvimento de melhores condições de vida. As causa da pobreza são múltiplas
sendo impactantes os fatores econômicos, políticos e sociais (Ruger, 2007).
Ao mesmo tempo em que o progresso científico cresce de modo fascinante no
mundo globalizado e aprimora os níveis de saúde otimizando as técnicas de intervenção,
por outro lado países e localidades com condições mínimas ou nenhuma de
saneamento. Observa-se com isto que as disparidades em saúde são grandes e
continuam crescendo mesm o sendo a minimização destas um dos objetivos de
desenvolvimento do milênio (MDGs) estabelecido pela WHO. Estudos mostram que o
baixo índice de saúde da população está associado ao baixo desenvolvimento social e
econômico do país. Os países com piores prob lemas de saúde são aqueles em que quase
17
metade da população vive com até um dólar por dia (Ruger, 2007). Estudos
epidemiológicos de mortalidade prematura, doenças cardiovasculares, obesidade,
diabetes e câncer relacionado ao fumo confirmam as desigualdades sociais em saúde e
têm demonstrado a associação entre baixo nível social com baixo estado de saúde
(Lawlor & Sterne, 2007).
As desigualdades em saúde também estão associadas a outros fatores como
localização geográfica, etnia, densidade demográfica, gêner o, status socioeconômico,
grau de instrução e idade. Os índices de saúde variam de acordo com o número de
habitantes, urbanização e geografia. Nos países em que a população se concentra na
área rural as condições de saúde são consideradas precárias se comparadas às urbanas.
Entretanto, quanto maior a urbanização menor o índice de saúde da população e mais
dificuldades de acesso aos serviços de saúde. A mais recente preocupação das
comissões de saúde dos países é o volumoso crescimento da população urbana no
mundo em desenvolvimento. Estudos mostram que em 2008 mais da metade da
população humana estará vivendo em áreas urbanas (3.3 bilhões de pessoas), e a
perspectiva para o ano 2030 é que cresça para quase cinco bilhões (UNFPA, 2007). Esse
crescimento traz consigo o aumento da pobreza, marginalização, violência e,
conseqüentemente, piores condições de saúde.
1.3 Epidemiologia da saúde mental de crianças e adolescentes
A WHO foi o primeiro órgão internacional de saúde a considerar -se
responsável pela saúde m ental, e o apenas pela saúde do corpo. A cooperação do
Brasil com a WHO foi estabelecida desde a criação deste órgão pela Organização das
Nações Unidas (ONU). Esta parceria se deu através de representantes brasileiros
durante o processo de constituição d a WHO, os quais também almejavam o
estabelecimento de um organismo internacional de saúde pública. A partir daí, a saúde
passou a ser ainda mais valoriz ada e tem sido foco de inúmeras intervenções sociais,
que buscam otimizar a atenção à saúde
(http://www.who.int/about/history/en/index.html ). Durante muito tempo, as pesquisas
estiveram voltadas para a saúde do corpo, sendo a saúde mental relegada. Atualmente,
devido às sérias conseqüências rela cionadas à violência, o processo de saúde e doença
mental tem sido uma preocupação também da área de segurança pública. Por este fato, a
pesquisa na área da saúde mental tem sido considerada prioritária em muitos países. É o
caso do Instituto Nacional de S aúde Mental (NIMH), nos Estados Unidos, que desde
18
1990, teve o orçamento aumentado para o plano nacional sobre problemas mentais de
crianças e de adolescentes
(http://www.nih.gov/about/almanac/organization/NIMH.htm#history ).
Atualmente, estudos apresentam uma compre ensão mais abrangente sobre o
processo saúde/doença, as quais consideram a historicidade, multidimen sionalidade e a
processualidade. A historicidade diz respeito à in fluência do contexto sócio -cultural
sobre a definição de práticas ditas saudáveis ou não. Isso é decorrente da constatação de
que a saúde e, por conseguinte, a doença, nem sempre foram vistas da mesma forma ao
longo da história e nas diferentes culturas. A integralidade ou multidimensionalidade,
por sua vez, refere-se à consideração da saúde e da doença a partir de aspectos
psicológicos, sociais e espirituais, além dos biológicos, tradicionalmente destacados.
Dessa forma, a saúde deixa de ser vista como ausência de doença, ao passo que a
compreensão da doença também não fica restrita à alteração/desequilíbrio biológico.
Por fim, a processualidade diz respeito à consideração da saúde e da doença como
partes de um mesmo continuum e não como estados absoluto e estático, independentes
um do outro (Morais, 2005). As idéias dos indivíduos sobre saúde e doença têm um
impacto sobre as suas atitudes e comportamentos de saúde . Nesse sentido, se identifica
na literatura uma tendência à realização de pesquisas sobre as visões das pessoas, dos
mais variados contextos, a respeito das noções de saúde e doença (Boruchovitch &
Mednick, 2002).
Em vários países tem sido constatado o crescimento de problemas de saúde
mental nas últimas décadas. Todavia, pouco se sabe sobre a situ ação dos adolescentes.
Em 2001, a WHO indicou que cerca de 450 milhões de pessoas sofrem de transtornos
mentais, mas apenas uma minoria delas recebe o tratamento mais básico. Estudos nos
Estados Unidos e na Europa concluem que as crianças quando têm proble mas mentais
não são diagnosticadas, tampouco tratadas (Stephenson, 2000; Wittchen, 2000 ). As
barreiras encontradas para o acesso ao tratamento dificultam ainda mais o provimento
de um cuidado adequado. A tensão majorada por causa de conflitos psíquicos não
tratados na infância e na adolescência pode provocar distúrbios psiquiátricos , aumento
da taxa de suicídio, uso de drogas ilícitas e surgimento de distúrbios comportamentais.
Tal fato coloca em risco a saúde mental e o posterior período de desenvolvimento nas
áreas social e de aprendizagem. Sintomas de fracasso e de derrota também podem
emergir, afetando a auto-estima e a auto-eficácia do indivíduo. A falta de tratamento
também pode trazer rias conseqüências para as futuras gerações desses adultos que
o foram tratados.
19
Adolescentes e adultos jovens são afetados com maior freqüência por um
primeiro episódio psicótico (Carvalho, Costa, & Bucher, 2006). Além disso, situações
ocorridas na adolescência provocam problemas sócio -emocionais de vários graus de
disfunção psíquica. Pantoja, Bucher e Queiroz (2006) destacam os problemas sócio -
emocionais em adolescentes com gravidez precoce , especialmente quando constatada a
mortalidade infantil e materna por complicações no parto ou por abortos mal
executados. Comportamento violento em crianças e jovens é outro problema grave que
está aumentando no Brasil, assim como, o aumento de tentativas de suicídio e suicídio
propriamente dito (Tavares, Montenegro, & Prietro, 2004). Este fato levou à
implantação do primeiro proj eto piloto da Estratégia Nacional de Prevenção do
Suicídio. Segundo o Ministério da Saúde , o Projeto ComViver propõe a atenção
especializada aos familiares e amigos de pessoas suicidas, buscando reduzir o impacto
dos danos nessa população fragilizada, acol hendo-os e acompanhando na superação do
trauma (www.saude.gov.br). O Brasil é o pioneiro da América Latina na busca de
soluções para o enfrentamento d esse problema de saúde pública. O alto índice de
alcoolismo e a dependência de drogas ilícitas, que afetam a população de crianças e
adolescentes e, principalmente, os jovens são também graves problemas de saúde
pública. A dependência a o longo prazo pode levar à degeneração cerebral, por exemplo
cocaína e crack, o que é agravado pela precocidade da utilização. Também, são
conhecidos inúmeros problemas sociais que a dependência ocasiona, tais como
acidentes levando à morte, comportamentos agressivos, roubos, dentre outros (CEVS,
2006; Marsiglia, Silveira, & Carneiro Junio r, 2007).
Os estudos epidemiológicos são úteis para determinar a magnitude de problemas
de saúde mental na infância e adolescência em uma região. Tornam -se importantes no
planejamento de políticas públicas, organização de serviços e estabelecimento de
programas de prevenção e tratamento. Nos países em desenvolvimento, pesquisas nesta
perspectiva o escassas (Hackett & Hackett, 1999). Na América Latina e no Caribe, as
taxas de prevalência de problemas de saúde mental variam de 15 a 21% em amostras
probabilísticas aleatórias de crianças e adolescentes (Duarte et al., 2003). Os problemas
mentais/emocionais apresentados pelos adolescentes variam em severidade e duração,
desde uma fobia escolar a esquizofrenia, podendo aparecer em qualquer período ao
longo da adolescência. São comuns nesta população: doenças psicossomáticas,
distúrbios de alimentação (anorexia, bulimia, obesidade), depressão, problemas
relacionais, comportamento suicida, delinqüência, abuso de substâncias, fugas e
comportamento impulsivo. No Brasil são raras as pesquisas voltadas para a saúde
20
mental dos adolescentes. Embora o país tenha o Estatuto da Criança e do Adolescente,
consubstanciado na Lei no. 8.069 /1990, como marco legal de referência para as
políticas dirigidas a essa parcela da popula ção, pouco é pesquisado sobre a saúde mental
de adolescentes. Portanto, investigar a saúde mental dessa população possibilita
compreender melhor o tema e suas vicissitudes, além de auxiliar na elaboração de ações
preventivas e promoção de saúde.
Alguns estudos populacionais de prevalência foram realizados no Brasil, dentre
eles estão: Fleitlich e Goodman (2004), Cury e Golfeto (2003) e Benvegnú, Fassa,
Facchini, Wegman e Dall´Agnol (2005). Tomando um levantamento geral dos dados
desses estudos, observa -se que as taxas de prevalência obtidas com instrumentos de
rastreamento variam de 13 a 35%, quando informado por pais ou responsáveis. Quando
perguntado ao adolescente, as taxas variam de 12 a 13% e por professores entre 8 a 10%
(Bordin & Paula, 2007). Uma pes quisa com pais ou responsáveis utilizando o Child
Behavior Checklist (CBCL), realizada em Pelotas por Benvegnú et al. (2005), no Rio
Grande do Sul, registrou uma prevalência de transtorno mental de 13%, com 3.139
crianças e adolescentes entre 10 a 17 anos. Adolescentes estão expostos a diversos
fatores de risco para problemas mentais. Os fatores de risco estão assim distribuídos:
biológicos (anormalidades do sistema nervoso central causada por lesões, infecções,
desnutrição ou exposição a toxinas), genético s (história familiar de depressão,
transtorno bipolar), psicossociais (conflito e disfunção na família crise conjugal,
psicopatologia e criminalidade paterna/materna e falta de laços afetivos entre pais e
filhos), eventos de vida estressantes (morte, sep aração dos pais, mudança de país) e
exposição a maus-tratos (negligência, abuso físico ou sexual, United States
Departament of Health and Human Services, 1999). Fatores ambientais como
comunidades desorganizadas, escolas inadequadas e violência urbana tamb ém são
relevantes. A complexa interação entre os fatores de risco biológicos, genéticos,
psicológicos e ambientais causa impacto negativo no comportamento e
desenvolvimento de adolescentes.
Benetti, Ramires, Schneider, Rodrigues e Tremarin (2007) realizar am um
levantamento da produção nacional de artigos indexados em periódicos nacionais sobre
saúde mental na adolescência , nas bases de dados LILACS, MEDLINE, Index Psi e
Scielo de 1995 a 2005, que mostrou o crescimento da produção nacional nos últimos
anos. Contudo, a maior parte dos trabalhos está voltada para a identificação do
problema, e em menor número para o desenvolvimento de estratégias de intervenção e
prevenção. Percebe-se que a comunidade científica tem reconhecido a necessidade e
21
importância de investir em pesquisas nesta área. A análise dos resultados deste
levantamento reforça a importância de investigar melhor a demanda em saúde mental
dos adolescentes, pois essa faixa etária se constitui como uma grande parcela da
população que procura atendim ento. Além disso, o adolescente é identificado como um
grupo etário vulnerável e de risco para diversos transtornos mentais, tais como,
depressão, transtornos de conduta, transtornos alimentares, drogas e violência (Benetti
et al., 2007).
As adversidades p rolongadas e repetitivas são mais prejudiciais ao
desenvolvimento e propiciam o surgimento de transtornos mentais. No entanto, algumas
pessoas mesmo sofrendo influência de diversos fatores de risco conseguem lidar e
superar certos níveis de adversidade apr esentando características de resiliência
1
.
1.4 Sistema de saúde e serviços de saúde mental no Brasil
No Brasil, a Constituição Brasileira com a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS) preconiza a garantia de saúde, como direito de todos e dever do Estad o, a partir
da Lei Orgânica de Saúde. Tal sistema foi formado por uma rede de serviços
regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada esfera do
governo e sob controle dos usuários, por meio da participação popular nas Conferência s
e Conselhos de Saúde. Desde meados de 1995, o setor de saúde no Brasil vem
apontando a necessidade de realização de reformas. Muitas delas já assumidas, seja pelo
Ministério da Saúde (MS) ou por secreta rias estaduais e municipais, que integram o
SUS. A conscientização sobre a necessidade de reformas advém da percepção
generalizada de que o sistema de saúde no Brasil apresenta uma série de contradições. É
notório e alvo de críticas o descompasso existente em relação à formulação teórica da
lei e sua concretização prática.
Na busca de aprimorar o sistema de saúde brasileiro, o Ministério da Saúde
(MS) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1998 e 2003,
realizaram um levantamento sup lementar à Pesquisa Nacional de Amostra por
Domicílio - PNAD - intitulada “Acesso e Utilização de Serviços de Saúde”. Foram
coletados dados sobre necessidades de saúde, acesso e utilização de serviços. Estas
pesquisas ampliaram o conhecimento das caracterí sticas de saúde da população
1
A resiliência refere-se ao processo que atua na presença do risco e através do qual são
produzidos resultados tão bons ou ainda melhores do que os obtidos na ausência de
adversidade. Assim, a resiliência é revelada pela boa adaptaç ão dos indivíduos ao seu
contexto e à sua vida, mesmo diante de situações de risco (Cowan et al., 1996).
22
brasileira, favorecendo a formulação, acompanhamento e avaliação de políticas públicas
no setor, além de fornecer informações relevantes e atualizadas para o desenvolvimento
de pesquisas na área da saúde pública. Muitas similit udes foram observadas entre as
pesquisas da PNAD no que se refere ao acesso e utilização de serviços.
Segundo a PNAD, o perfil de necessidades em saúde em 1998 e 2003 mostrou
que as pessoas no início e no final da vida apresentam mais problemas de saúde. Os
homens informam mais problemas de saúde do que as mulheres apenas nas idades mais
jovens - início da adolescência. A partir dos 14 anos, as mulheres passam a elencar mais
problemas de saúde. Marcadas desigualdades sociais em saúde foram constatadas no
país. O número de pessoas com problemas de saúde é inversamente proporcional à
renda familiar. Além disso, existe uma alta correlação positiva entre acesso ao médico e
o poder aquisitivo da população (IBGE, 2000). No acesso e utilização de serviços
observou-se que 79% da população brasileira (139,5 milhões de habitantes) têm acesso
regular ao serviço de saúde. Nos 12 últimos meses anteriores às entrevistas de 2003,
63% da população brasileira havia buscado um médico, destes 78% eram crianças
menores de cinco anos. Este dado é significativo para pensar a necessidade de focalizar
pesquisas sobre os usuários infanto -juvenis, a fim de entender e propor aplicações para
suas demandas específicas (IBGE, 2005).
De acordo com os dados das pesquisas de 1998 e 2003, os principais motivos
de procura por serviços foram para exames de rotina, prevenção ou vacinação (IBGE,
2005). Em 2003, o maior motivo do não -atendimento foi a indisponibilidade de senhas
ou vagas (49%) ou a carência de médicos (26%). Outras barreiras ao ser viço de saúde
foram: a falta de dinheiro; demora e distância do serviço; transporte e horário de
trabalho/folga incompatível. O não -atendimento foi 6,5 vezes maior para a população de
baixa renda (IBGE). A PNAD de 2003 revelou, ainda, certas limitações no serviço de
saúde, contudo apontou também que algumas melhorias foram alcançadas.
Ao comparar os dados da pesquisa realizada nos dois anos, observa -se o
aumento no acesso regular dos usuários de 71% para 80%. O posto de saúde, serviço
mais procurado, aumen tou seu fluxo de atendimento de 42% para 52%, de 1998 a 2003
(IBGE, 2005). Deste modo, observa -se que mudanças estão ocorrendo a fim de
melhorar a qualidade na prestação do serviço, entretanto, ainda muito a ser
construído, principalmente se o foco é a população infanto-juvenil.
A insatisfação dos usuários em relação ao sistema de assistência médica incita
ao questionamento da forma de atendimento. Deste modo, a estruturação do sistema de
saúde e a hegemonia do modelo biomédico (Traverso -Yépez, 2001) m sendo
23
discutidas devido às desigualdades observadas no acesso aos bens e serviços sanitários e
ao tipo de atendimento oferecido. Este se concentra na doença perdendo de vista o
paciente como ser humano. Ações voltadas para a prevenção e promoção de saúde
podem ser vistas como estratégias para a melhoria da qualidade de vida.
As barreiras no acesso aos serviços de saúde mental são similares às dos
serviços de saúde como um todo. Além disso, a realidade brasileira não se apresenta tão
diferente de outros países, mesmo os já desenvolvidos. Pesquisas realizadas nos Estados
Unidos indicam que as barreiras no acesso aos serviços de saúde mental na população
de baixa renda devem -se à falta de seguros de saúde, sentimentos de desconfiança e
preconceito em relação às instituições do serviço público de saúde (Brown, Wyn, &
Ojeda, 1999; Pumariega, Glover, Holzer, & Nguyen, 1998; Wood, Hayward, Corey,
Freeman, & Shapiro, 1990) . Os mesmos fatores que dificultam o acesso aos serviços
nos Estados Unidos também são encon trados na Europa, por exemplo, na Suíça, exceto
o problema do seguro de saúde (Temkin-Greener & Clark, 1988).
Na atual gestão federal do sistema de saúde brasileiro, uma das estratégias para a
melhoria da atenção à saúde da população é o fortalecimento da gestão democrática e do
controle social do SUS. A ouvidoria do SUS é um exemplo de medida da gestão
democrática que se propõe a escutar os usuários. Em 2006, o Ministério da Saúde (MS),
o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e a Comissão Intergestora Triparti te elaboraram a
Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, que se baseia nos seis princípios básicos de
cidadania. O objetivo é informar aos usuários seus direitos no SUS e contribuir para a
melhoria da qualidade do atendimento.
O balanço da situação da sa úde no Brasil foi apresentado em 2006, pelo
Ministério da Saúde, bem como os resultados obtidos pelo SUS desde sua consolidação,
15 anos. Observou-se que as ações de prevenção garantiram que o sistema brasileiro
se tornasse referência internacional no c ombate à AIDS, na vacinação infantil e adulta,
na ampliação da atenção básica, na queda da mortalidade infantil, no fornecimento de
medicamentos gratuitos e subsidiados para patologias que requerem tratamento
intensivo e permanente, dentre outros ( www.saude.gov.br). Apesar da relevância do
ditoso êxito, é evidente que o setor de saúde no Brasil necessita de investimentos e que
muitos destes são mal empregados ou desviados para atividades ilícitas. Estes deveriam
ser melhor direcionados às redes públicas de saúde e às instituições filantrópicas e
privadas que prestam relevantes serviços ao país. Os recursos disponíveis ou passíveis
de captação aos serviços de saúde no Brasil o permitem que se chegue a um patamar
de gasto compatível com o existente nos países desenvolvidos. O Brasil apresenta baixo
24
índice de investimento na saúde em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). No quadro
epidemiológico do Brasil, a necessidade de priorizar os gastos com saúde
considerando as especificidades regionais e a demanda dos usuários.
Para melhorar o atendimento na área da saúde mental, no Brasil, profissionais de
saúde desenvolveram o Programa Cent ro de Atenção Psicossocial (CAPs ) visando ao
atendimento da população com problema s mentais. Todavia, adolescentes parecem
ainda não desfrutarem de uma atenção adequada e necessária para seus problemas. O
CAPs é um serviço de saúde aberto e comunitário do SUS. É um lugar de referência e
tratamento para pessoas com transtornos mentais cu ja severidade e persistência exigem
a necessidade permanente de cuidado intenso, comunitário, personalizado e promotor de
vida (Ministério da Saúde, 2004) . Este serviço foi criado para substituir as internações
hospitalares psiquiátricas desde o advento do movimento anti-psiquiatria. A reforma
psiquiátrica no Brasil foi contemporânea à eclosão do movimento sanitário na década de
70, porém sua história está inscrita em um contexto internacional e vai além da sanção
de novas leis e mudanças nas políticas gove rnamentais. A reforma psiquiátrica é um
processo político e social complexo que iniciou com o Movimento Nacional da Luta
Antimanicomial visando a desinstitucionalização em psiquiatria e continua se
fortalecendo e buscando legitimar em todos os aspectos o d ireito e a proteção do doente
mental. Seu avanço é marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios. Em 2001 foi
sancionada a Lei Paulo Delgado (Lei Federal 10.216) que redirecionou a assistência em
saúde mental e privilegiou a oferta de tratamento em serviços de base comunitária. A
partir daí, se inicia um novo momento para a saúde mental que começa a ter
financiamentos específicos, efetiva -se a construção do modelo de atenção comunitário e
a proposta de extinção dos manicômios (Delgado et al., 2007).
Entretanto, a mobilização de mudanças ocorre mais na teoria do que na prática.
A estruturação das inovações e estratégias de atendimento por meio da criação das
residências terapêuticas, dos CAPs, dos centros de convivência, ambulatórios de saúde
mental, e da criação do programa “De Volta para Casa”, não tem acompanhado as
necessidades da população. Percebe -se a redução continuada de leitos em hospitais
psiquiátricos e a desinstitucionalização de pessoas com longo histórico de internação,
porém estas ações enfrentam as barreiras culturais e subjetivas da sociedade que variam
de acordo com as regiões do país. Um dos grandes desafios é a reinserção social dos
pacientes com longo período de internação, os quais enfrentam desafios desde a falta de
documentos como certidão de nascimento e carteira de identidade até a possibilidade de
uma atividade laboral. Com isto, observa -se a ausência de instrumentos mínimos para o
25
exercício da cidadania, garantia dos direitos e inclusão social. Outro grande desafio a
ser discutido é a concretização da reforma psiquiátrica nos manicômios judiciários
(Delgado et al., 2007).
O objetivo do CAPs é dar atendimento à população de sua área de abrangência,
fornecendo o atendimento clínico e a reinserção social dos usuários pelo aces so ao
trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e resgate dos laços familiares e comunitários.
Este serviço faz parte de uma rede de cuidados na comunidade dentro dos serviços de
saúde do SUS. A construção da rede comunitária de cuidados é necessária p ara que a
articulação dos vários serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico aconteça. Deste
modo, a rede de atenção à saúde mental se define como de base comunitária, pois
permanentemente se propõe a articulação com outras instituições, associações,
cooperativas e variados espaços da cidade. Os CAPs possuem subdivisões definidas a
priori, são estas: CAPs I e II, CAPs III, CAPs -infantil e CAPs-ad (álcool e drogas).
Esses dois últimos são utilizados pelos adolescentes, pois se direcionam para a
população infantil e para adictos. Não apenas o CAPS, mas toda a rede de atenção à
saúde mental compartilha dos princípios do SUS.
Alguns autores afirmam serem raras as pesquisas sobre os fatores influenciando
o caminho para a prevenção e o tratamento de crianças e adolescentes na área da saúde
mental (Gunther, Slavenburg, Feron, & Os., 2003; Juszak, Melinkovich, & Kaplan,
2003). Isto fica ainda mais evidenciado quando a pesquisa extensiva nas bases de dados
Medline e Psychinfo apresenta um número pequeno de public ações sobre o acesso aos
serviços de saúde mental, e menos ainda, deste voltado para adolescentes. Um estudo
desenvolvido por Owen s, Hoagwood, Horwitz, Leaf, Poduska, Kellam e Ialongo (2002)
analisou e descreveu o efeito da percepção sobre os problemas men tais e o acesso aos
serviços de saúde mental em crianças na Suíça. As conclusões revelam que uma atenção
particular deve ser dada para as necessidades das famílias e que as barreiras devem ser
diminuídas. Considerações enfatizaram que esforços por parte da s instituições devem
ser estimulados para a melhoria das percepções das populações sobre os problemas da
saúde mental das crianças e jovens, assim como desenvolver o conhecimento dos
serviços disponíveis.
Os denominados programas de prevenção e promoção d e saúde destinados,
sobretudo, à adolescência tendem a funcionar através de intervenções assistemáticas e
verticalizadas e a focalizar sua atenção apenas para a saúde reprodutiva, negligenciando
a preocupação pelo caráter multifacetado da saúde humana (Costa, Duarte, Motta,
Martins, & Gomes, 1986; Muza & Costa, 2002; Traverso-Yépez, 2001). Um sistema de
26
atendimento à saúde segundo uma "visão ecológica de saúde" teria como características
principais: a ênfase na responsabilidade do indivíduo para desenvolver disposições e
práticas que promovam o seu bem -estar; a ênfase às atividades preventivas e de
educação para a saúde, assim como no papel do Estado enquanto promotor de políticas
de saúde que visem à prevenção de doenças e à garantia de condições adequadas de vida
à população, além, do esforço multidisciplinar (Boruchovitch & Mednick, 2002) . O
estudo com adolescentes e seus cuidadores pode ser considerado como de grande
importância para propiciar melhor entendimento sobre as necessidades e realidade desta
população. Nesta perspectiva, usuários adolescentes ou potenciais usuários podem dar
contribuição relevante à formação de um conhecimento na área da saúde mental.
Os serviços e o sistema de saúde têm participação importante na determinação
dos níveis de saúde e condições de vida da população do país. Aprofundar, especificar e
ampliar o conhecimento sobre eles, na perspectiva da acessibilidade, desempenho e
impacto dos sistemas, e sobre as condições e a qualidade da atenção prestada em
contextos específicos é imprescindível. Tais conhecimentos podem se constituir em
apoio às decisões de gestores, gerentes e profissionais da área da saúde. Sendo assim, a
pesquisa em serviços de saúde tem o objetivo de subsidiar a melhoria na assistência à
saúde. A falta de correspondência entre o discurso legal e a realidade concreta impele à
tomada de decisões mais condizentes com a proposta constitucional. No setor da saúde,
há ainda um longo caminho a ser percorrido até que se conquiste a eqüidade e a garantia
do direito à saúde. Além disso, as transformações demográficas, sociais e econômicas
que ocorrem na sociedade brasileira impactam as condições de vida e saúde da
população, ao mesmo tempo em que geram novas demandas para o sistema de saúde do
país, requerendo a readaptaç ão ao novo perfil de necessidades da população.
1.5 Psicologia e saúde
A psicologia vem consolidando s eu espaço no âmbito da saúde e estreitando
seu diálogo com o SUS. Pode-se constatar isto no processo de inserção do psicólogo nas
unidades básicas de s aúde. Entretanto, é um desafio conciliar as necessidades
decorrentes do enquadre coletivo com a tradicional orientação individualista da área psi.
A importância da psicologia também se refere ao processo de humanização em saúde
que busca ver as necessidade s do sujeito além dos meros cuidados com a doença e o
corpo (Spink & Matta, 2007)
O conceito de promoção da saúde, definido em 1986, na Conferência de Ottawa
veio ampliar o foco à prevenção de doenças, enfatizando questões de qualidade de vida
27
e a utilização de todos os meios para promover a saúde das populações. As ões de
promoção de saúde adequadas e significativas devem considerar a integração dos
espaços individuais, grupais, sociais, institucionais e políticos (Parreira, 2003).
Descrevendo o desenvol vimento da psicologia da saúde, Bucher (2003) relata que o
movimento anti-psiquiátrico ao buscar novas formas de tratamento e ao realizar trabalho
junto à família dos pacientes, expandiu a possibilidade de ações preventivas na área da
saúde. A criação do h ospital-dia abriu mais espaço para a inserção de profissionais da
psicologia na área de saúde mental. O desenvolvimento da Psicologia da Saúde tem
definido e consolidado o papel destes profissionais neste âmbito, e com maior dedicação
à prevenção e à promo ção de saúde. Historicamente, a Psicologia da Saúde começou
com um grupo de trabalho em 1970, na American Psychological Association (APA) e
tornou-se uma divisão em 1979. Sarafino (1994) resumindo Matarazzo (1980) define
Psicologia da Saúde como: um conjun to de contribuições educacionais, científicas e
profissionais advindas da Psicologia para: a) a promoção e a manutenção da saúde; b) a
prevenção e o tratamento de doenças; c) detecção de doenças; e, d) melhoria dos
sistemas de cuidado com a saúde.
A Psicologia da Saúde diferencia -se da Psicologia Clínica por compreender o
comportamento no contexto da saúde e da doença, focalizando principalmente nos
aspectos físicos e nos modelos empregados em saúde mental. Especialistas desta área
trabalham com o comporta mento de saúde, sendo o modelo de crença de saúde e de
cognição social os focos principais de influência na prática dos psicólogos. Em
Psicologia da Saúde é válida a estratégia de análise funcional do comportamento para
especificar as ocasiões, o comportam ento a ser desenvolvido ou mantido e quais
conseqüências sociais ou pessoais estão realmente existindo. Para difundir os
conhecimentos da área foi criado o Journal of Health Psychology no qual as
publicações são predominantemente de psicólogos.
Estudos mostram que a Psicologia da Saúde tem garantido seu espaço na medida
em que expande sua atuação dentro dos hospitais, serviços de atenção básica, PSF,
Centro de Atenção Psicossocial CAPs -, e universidades com as disciplinas optativas
na graduação em Psico logia e os cursos de especialização (CFP, 1994, 1995; Miyazaki,
Domingos, Valerio, Santos, & Bernardes da Rosa, 2002; Parreira, 2003; Yamamoto &
Cunha, 1998; Yamamoto, Trindade, & Oliveira, 2002). Psicólogos atuando nos serviços
de saúde contribuem para a qualificação do atendimento, a melhoria dos serviços
prestados e o contexto da organização.
28
A psicologia como ciência tem sua implicação social e deve dentro do possível
atuar na melhoria da saúde das pessoas. Nas diversas dimensões da saúde pode -se
inserir o conhecimento e o fazer psi, seja na reabilitação, prevenção, tratamento ou
promoção de saúde. O profissi onal de saúde mental, principalmente o psicólogo, atua
nos níveis individual, familiar, institucional e comunitário sendo múltiplos os modos de
intervenção deste. Um modo de atuação da psicologia no contexto mais amplo é o
trabalho na perspectiva do empoderamento , que pode ser visto através de dois enfoques
principais: o psicológico e o comunitário. Considera -se que o empoderamento
comunitário contribui para definir a promoção da saúde enquanto um projeto voltado
para a transformação do status quo e a constituição de indivíduos saudáveis. Além
disso, é um bom instrumento que pode contribuir para as práticas de educação em saúde
e para a reorganização da rede de serviços do S US (Carvalho, 2004). Deste modo, é
possível atuar na saúde mental interligando áreas afins e contextos diversos em vista da
promoção da saúde.
A psicologia social tem pesquisado atitudes das populações acerca da doença
mental, porém esses estudos são realizados via de regra em populações adultas. Diante
desta realidade, considera -se relevante pesquisar esses aspectos na perspectiva dos
adolescentes e suas famílias.
1.6 Justificativa e objetivos
Crescente preocupação em ní vel nacional e internacional tem promovido o
aumento de pesquisas focadas na saúde dos adolescentes. Diversos são os motivos que
impulsionaram a extensão deste fenômeno, dentre eles es a alta incidência de
comportamentos de risco desta população. São est es: uso de drogas, exposição com
pouca prevenção às doenças sexualmente transmissíveis e AIDS (mesmo tendo
conhecimento sobre as doenças), gravidez precoce, ões ilegais como furtos e roubos,
além do tráfico, homicídio e suicídio (CEBRID, 2003; CEVS, 2006 ; Pantoja, Bucher, &
Queiroz, 2006). O impacto destes comportamentos tem mobilizado o contexto social e
exigido intervenções precisas em diferentes níveis, pois se tornaram um problema social
e de saúde pública. O sofrimento mental temporário ou crônico po de acompanhar os
adolescentes durante esta fase da vida. Estudos científicos revelam que o conceito que
os indivíduos têm acerca de saúde e doença tende a influenciar o modo de lidar com o
seu próprio estado de saúde e doença (Boruchovitch & Mednick, 2002; Minayo, 1998).
Além disso, estudos mostram o quão deficientes ainda estão sendo as ações
29
institucionais, que faltam campanhas preventivas e rede de atendimento à saúde
carência de hospitais ou postos, leitos, materiais e profissionais (IBGE, 2005).
O presente estudo visou a investigar a temática da saúde mental a partir da
perspectiva dos adolescentes e de seus cuidadores. Nesta investigação foram
considerados aspectos da cultura, da rede de apoio e dos contextos ecológicos, uma vez
que a compreensão do que venha a ser saúde e doença é influenciada pelo contexto
sociocultural.
O objetivo geral foi investigar a visão de adolescentes e seus cuidadores acerca
do conceito de saúde e doença mental/emocional. Buscou -se conhecer: 1) as concepções
de estar saudável e doente mentalmente/emocionalmente; 2) os estereótipos pertinentes
à temática, identificando aspectos sociais e culturais; 3) a acessibilidade aos serviços de
saúde mental; 4) as principais redes de apoio instituições e/ou pessoas; e 5) as
estratégias de cuidado usadas pelos adolescentes perante dificuldades
mentais/emocionais.
30
CAPÍTULO II
MÉTODO
O presente estudo faz parte de uma pesquisa multicêntrica associada ao projeto
Access Mental Health Care in Children: Concepts of Mental Health and Perception of
Services from the Perspective of Children, Adolescents and their Families (The AMHC-
Study), realizado na Suíça, O estudo iniciou em 2004 , com Käppler e hler, quando
foi considerado parte do Programa Nacional de Pesquisa 52: Children, Youth and
Intergenerational Relationships in a Changing Society da Schweizerischer National
Fonds, agente financiador, realizada através da Universität Zürich
(http://www.nfp52.ch/e_dieprojekte.cfm?Projects.Command=details&get=30 ), com
cooperações do Departamento de Psiquiatria Infanto -Juvenil de Fribourg e Centro
Hospitalar Universitário Vaudois.
Esta pesquisa faz parte de um estudo maior, que se desenvolv e em quatro
capitais brasileiras, Fortaleza, Brasília, Belém e Porto Alegre, compondo uma a mostra
nacional a ser analisada, em uma perspectiva transcultural, com os dados da Suíça . Esta
dissertação consiste em dados colhidos em Porto Alegre, sendo realizad a uma
investigação exploratória descritiva da amostra da população em situação de
vulnerabilidade social.
Inserção Ecológica
Para buscar uma maior aproximação com os contextos família, escola e
comunidade, o método de Inserção Ecológica foi utilizado, sen do este uma
operacionalização do referencial teórico -metodológico de Urie Bronfenbrenner
(1979/1996) e proposto por Cecconelo e Koller (2003) e revisado por Eschiletti -Prati,
Paula Couto, Moura, Poletto e Koller (2008). Neste método, os fenômenos são visto s de
modo contextualizado e relacionados com variáveis diretas e indiretas com as quais
interagem. Como o modelo bioecológico concebe o desenvolvimento humano através
da interação de quatro núcleos inter -relacionados: 1) o processo, 2) a pessoa, 3) o
contexto e 4) o tempo (Bronfenbrenner & Morris, 1998), a interconexão dos
componentes foi uma característica importante neste estudo, que foca o
desenvolvimento no contexto e, portanto, incluiu vários níveis de análise.
Deste modo, foi examinada a pessoa do ad olescente e de cada um de seus
genitores por si mesmas, a interação delas entre si (processos), a influência do ambiente
31
(contexto) no desenvolvimento das pessoas e o espaço de tempo em que esses
ocorreram. Em sendo o processo o principal componente respon vel pelo
desenvolvimento humano a ser observado e analisado no método de inserção ecológica,
interações recíprocas foram registradas em diários de campo pela equipe, assim como
sua complexização progressiva com outras pessoas, objetos e símbolos presente s no seu
ambiente imediato (processos proximais, Bronfenbrenner & Morris, 1998).
Os processos proximais foram as formas de interação no ambiente imediato
vividas pelos participantes. Na definição de processo proximal, foi identificada a
presença simultânea de cinco aspectos relacionados à interação dos participantes com os
pesquisadores: 1) o engajamento na pesquisa; 2) a interação estabelecida em uma base
regular, através de períodos estendidos de tempo; 3) as atividades foram tornando -se
progressivamente mais complexas; 4) presença de reciprocidade nas relações
interpessoais; 5) os objetos e símbolos presentes no ambiente imediato estimularam a
atenção, exploração, manipulação e imaginação das pessoas em desenvolvimento
envolvidas na pesquisa. A forma, a força, o conteúdo e a direção dos processos
proximais variaram sistematicamente como uma função conjunta das características das
pessoas em desenvolvimento, do ambiente imediato e remoto onde eles ocorreram, da
natureza dos resultados evolutivos, das mud anças e continuidades sociais que ocorreram
ao longo do tempo durante o período histórico em que a pesquisa ocorreu
(Bronfenbrenner & Morris, 1998).
O contexto foi analisado através da interação de quatro níveis ambientais:
microssistema, mesossistema, ex ossistema e macrossitema, que compõem o meio -
ambiente ecológico onde foi realizada a pesquisa. O microssistema foi definido como
um padrão de atividades, papéis e relações interpessoais experenciados pelos
participantes e pesquisadores, como pessoas em des envolvimento nos ambientes
freqüentados e nos quais se estabeleceram as relações face a face. O mesossistema
consistiu no conjunto de microssistemas que as pessoas freqüentaram e nas inter -
relações estabelecidas neles, como por exemplo, as residências das famílias, o centro de
formação social de educação profissional comunitário onde foram coletados os dados, a
sala de reuniões da equipe, entre outros. Este foi ampliado sempre que uma nova pessoa
passava a freqüentar um novo ambiente. Os processos que opera ram nos diferentes
ambientes freqüentados pelas pessoas eram interdependentes, influenciado -se
mutuamente. O exossistema envolveu os ambientes que as pessoas não freqüentavam
como participantes ativos, mas que influenciaram indiretamente sobre o seu
desenvolvimento, exemplo: trabalho dos pais, rede de apoio social, de saúde e
32
comunitária. O macrossistema foi composto pelo padrão de ideologia, crenças, valores,
religiões, formas de governo, culturas e subculturas presentes no cotidiano das pessoas.
Os valores, as crenças transmitidas pelas famílias e a cultura na qual foram educados
influenciam na maneira que os pais educam seus filhos, agindo no desenvolvimento
deles (Bronfenbrenner & Morris, 1998).
A equipe de pesquisa foi composta por seis colaboradores, e studantes de
Psicologia e Pedagogia e profissionais recém graduados da Psicologia. Todos os
integrantes receberam treinamento teórico, metodológico e ético previamente ao início
da inserção ecológica e coleta de dados. A equipe de pesquisa foi enriquecida com a
presença de duas estudantes européias de Psicologia, uma da Finlândia e outra da
Bélgica, que puderam agregar um olhar diferenciado sobre a realidade investigada desde
a perspectiva delas. Durante a inserção ecológica a pesquisadora responsável pelo
estudo coordenava a equipe dando supervisão teórica e metodológica e apoio afetivo à
equipe de pesquisa frente às intercorrências do processo por meio de encontros
semanais com duração de duas horas.
Participantes
Os adolescentes e suas famílias foram c ontatados através de uma instituição em
uma comunidade da periferia de Porto Alegre. A seleção desta foi por conveniência,
sendo incluído no estudo todos os adolescentes que estavam sendo atendidos na
instituição e deram anuência à pesquisa.
1 Amostra de adolescentes: Participaram desse estudo 30 adolescentes de
escolas públicas, residentes em um morro na periferia da cidade de Porto Alegre, com
idades entre 14 a 18 anos ( M=15,71; SD=1,19), sendo 46,7% do sexo masculino ( n=14)
e 53,3% feminino (n=16). Cinqüenta por cento dos adolescentes cursavam a oitava série
ou o primeiro ano do ensino médio ( M=7,40; SD=1,19). Os demais se distribuíam da
quinta a sétima série do ensino fundamental. Na Figura 4 é apresentada a distribuição
dos adolescentes segundo o grau de instrução.
33
Figura 1. Distribuição do grau de instrução dos adolescentes
Os participantes foram selecionados a partir d o centro de formação social de
educação profissional que fornecia cursos técnicos no turno inverso à escol a. Este
possuía visibilidade na comunidade por exercer, há mais de 40 anos, trabalhos em
assistência social e educação de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. O centro
profissionalizante fazia parte de uma organização institucional maior que com preendia
quatro locais de atendimento e serviço à comunidade. Como critério de exclusão para
esta amostra foi definido a realização de tratamento para algum problema
mental/emocional, a fim de não enviesar as respostas. Além disso, a comparação com
grupo cnico e não-clínico na foi estabelecida como objetivo específico deste estudo.
2 Amostra de cuidadores: 28 adultos responsáveis pelos adolescentes
participantes foram entrevistados, sendo 10 do sexo masculino (pai ou padrasto) com
idade variando entre 27 a 55 anos (M=38,5; SD=7,89) e 18 do sexo feminino (mãe, tia
ou avó) com idade variando de 31 a 67 anos ( M=42,1; SD=9,27). No total, foram
entrevistadas 20 famílias por meio de visitas domiciliares. Em oito famílias ambos os
cuidadores - pai e mãe -, participaram da amostra. Em duas famílias apenas o cuidador
masculino participou. E nas demais somente o cuidador do sexo feminino ( n=10).
O grau de instrução dos cuidadores do sexo feminino (cuidadoras) variou de
analfabetismo a ensino médio completo. O analf abetismo foi característico em 11% (2)
da amostra, o nível fundamental incompleto em 50% (9), o fundamental completo em
16,7% (3), e 11% (2) para o ensino dio incompleto e completo. O grau de instrução
dos cuidadores do sexo masculino variou de analfabet o a fundamental completo, sendo
33% (3) analfabeto, 55,6% (5) fundamental incompleto e 11% (1) fundamental
completo.
6,7
26,7
30
20
0
5
10
15
20
25
30
7 ª
8 ª
1°- 2° grau
(%)
34
Os cuidadores foram contatados a partir dos adolescentes da instituição.
Inicialmente, foram realizados contatos telefônicos para marcação de visitas
domiciliares. Estas abrangeram maior parte do tempo de coleta de dados, apresentando
diversos desafios à equipe de pesquisa que executava a inserção ecológica.
Instrumentos
Foram utilizados quatro instrumentos: diário de campo, dois questionár ios
investigando aspectos sobre saúde e doença mental (adolescentes e cuidadores) e um
roteiro de entrevista qualitativa para a família. O primeiro foi direcionado à equipe de
pesquisa durante o processo de inserção ecológica a fim de registrar as impressõ es
observadas nos diversos contextos e situações. Este foi o primeiro instrumento utilizado,
sendo o registro realizado desde a primeira visita à instituição até o último contato com
as famílias. Com os três últimos, buscou -se acessar diretamente informaçõ es dos
adolescentes e seus cuidadores.
Diário de campo
O diário de campo foi redigido individualmente por cada membro da equipe .
Neste constavam os registros das impressões e dos fatos presenciados durante o
processo de inserção ecológica. Tendo em vist a o uso deste método, era indispensável
que a redação do diário contivesse as variáveis da pessoa, do processo, do contexto e do
tempo relacionados ao objeto de estudo. Deste modo, eram descritos os processos
proximais, os contextos e a interação da equipe com estes e com os participantes. A
cada visita à instituição (centro de formação), à comunidade, aos postos de saúde, às
escolas, à associação comunitária e às famílias dos adolescentes se fazia o registro o
mais detalhado, fiel e descritivo das situaçõe s, percepções e dos sentimentos
vivenciados no dia. Ess es apontamentos eram escritos na mesma data e logo após o
término da visita, se possível, para que a expressão fosse mais fidedigna e contivesse o
teor emocional dos pesquisadores implicados no process o. Era salientada a necessidade
de clarificar o que fosse descrito enquanto fato ocorrido e observado e diferenciado do
que fosse impressão pessoal ou comentário.
O foco das observações e registros tinha por base o objeto da pesquisa, que em
sua dimensão mais ampla traz o tema da saúde mental. Sendo assim, todos os aspectos
observados, desde as condições de vida, dinâmica da instituição, da comunidade, das
famílias, relação com posto de saúde, eram relacionados à saúde dos adolescentes .
Focalizava-se de que maneira esses fatores contribuíam ou não para a promoção da
35
saúde. Geralmente, a equipe se reunia posteriormente à visita para discutir os fatos
ocorridos e realizar procedimentos e encaminhamentos necessários, antes de escrever o
diário. No decorrer da p esquisa, a equipe foi supervisionada através de encontros
semanais com duração de duas horas para avaliar o andamento da pesquisa, discutir a
inserção ecológica e casos específicos, compartilhar os sentimentos e impressões
(suporte afetivo para os membros da equipe). Além disso, discutir os impasses
vivenciados durante a coleta e gerenciar aspectos burocráticos de material, horários e
disponibilidades dos pesquisadores e aplicação de instrumentos. Este espaço funcionava
como uma supervisão permanente do pro cesso de inserção ecológica e do andamento
dos diários de campo.
Esta interconexão de informações e apreensão da realidade permitiu perceber de
que modo a pesquisa estava sendo interpretada pelos participantes e também pelos
pesquisadores. Essa postura pe rmitiu garantir a validade ecológica da pesquisa,
minimizando os vieses de interpretação, ampliando a captação e compreensão do
contexto, como também uma melhor confiabilidade dos resultados. Os dados dos diários
de campo foram utilizados para contextualiz ar a pesquisa, descrever o meio e detalhar o
processo de inserção ecológica durante a pesquisa.
Questionário sobre saúde e doença mental
Os questionários sobre saúde e doença mental (Anexos A e B) foram adaptados
a partir do estudo suíço que seguiu duas fases metodológicas. Estes foram elaborados a
partir de um estudo qualitativo (primeira fase do AMCH-Study) com grupos focais de
crianças, adolescentes, seus familiares e profissionais relacionados ao cuidado infanto -
juvenil, como, pediatras e educadores. As informações qualitativas coletadas buscaram
investigar os conceitos de saúde/doença mental, estratégias de ajuda utilizadas no
cuidado de crianças e adolescentes e percepção dos serviços e profissionais de saúde
mental. A partir destes dados, foram dese nvolvidos os questionários sobre saúde/doença
mental e serviços de saúde. Estes foram utilizados na segunda fase do mesmo estudo
suíço, que consistiu em uma parte quantitativa realizada com 3420 participantes. Foram
elaborados dois questionários diferencia dos, um destinado aos adolescentes e outro aos
cuidadores (pai, mãe e avós). Tendo em vista a pluralidade idiomática da Suíça, os
instrumentos foram construídos em quatro línguas (alemão, italiano, francês e
português), a fim de contemplar a diversidade de cidadãos que compõem a população
deste país. A língua lusitana não é oficial, porém, um elevado número de imigrantes
36
residentes na Suíça com esse idioma de origem, e que também são usuários dos serviços
de saúde do país.
No Brasil, adaptaram -se as versões lusitanas dos questionários. Estes passaram
por uma adaptação ao português brasileiro por meio de um processo de validação
semântica realizando-se aplicações em adolescentes e cuidadores em três cidades de
diferentes regiões brasileiras - Fortaleza, Brasília e Porto Alegre. Inicialmente, a
aplicação foi feita com um adolescente de 10 anos de idade, pois havia sido a faixa
etária inicial do estudo suíço. Contudo, ocorreram muitas limitações na compreensão
das perguntas por parte de uma criança desta ida de. Novas aplicações foram realizadas
com adolescentes de faixa etária maior entre 12 a 17 anos de escola pública e particular,
constatando-se uma compreensão razoável dos itens do questionário. O mesmo
procedimento foi realizado com os cuidadores, que tam bém apresentaram dificuldades
na compreensão, principalmente, os de baixa escolaridade. Essas dificuldades levaram a
equipe de pesquisa a ter um cuidado maior na aplicação dos questionários com os
cuidadores, sendo priorizada a aplicação individual a fim d e dar maior assistência no
preenchimento dos itens e explanação de dú vidas.
Além disso, a cada aplicação se observava os itens do questionário que os
participantes mais apresentav am dificuldades e a equipe buscou construir uma
explanação unívoca a se r apresentada diante das dificuldades recorrentes. Essas
estratégias pretenderam minimizar os erros, garantir a melhor compreensão dos
enunciados e minimizar o viés ao se dar explanações diferentes por cada pesquisador.
As diferenças regionais percebidas nas a plicações se restringiram ao uso coloquial do
pronome tu em Porto Alegre e o pronome você nas outras cidades. Optou -se por
elaborar todo o instrumento na terceira pessoa do singular por ser mais utilizado no
linguajar dos brasileiros. Pela similitude dos i diomas, não foi realizada uma back
translation do instrumento.
Questionário da visão dos adolescentes sobre saúde e doença mental e sobre os serviços
de saúde (Anexo A)
O questionário dos adolescentes continha questões fechadas e abertas, dividido
em quatro partes: saúde, família, bem -estar e condições biosociodemográficas. A
primeira parte investigou a visão de saúde e doença mental, de onde advêm essas idéias,
qual a relação da temática com religião, que estratégias são usadas pelos adolescentes
quando se sentem mal mentalmente e a quem procuram para buscar ajuda. Também
investigou idéias e estereótipos relacionados ao profissional de saúde mental
37
(psiquiatras e psicólogos), barreiras ao acesso deste tipo de serviço, bem como histórico
e necessidade de acesso aos serviços. A segunda parte do questionário referiu -se à
família e investigou aspectos da dinâmica familiar que podem auxiliar na manutenção
da saúde mental de seus membros. A terceira parte abordou o bem -estar dos
adolescentes através de uma auto -avaliação global da saúde, investigando aspectos do
corpo, da disposição física, do estado emocional, do tempo de lazer familiar e social, da
aprendizagem e do ambiente escolar. A quarta parte aferiu dados biosociodemográficos
como: sexo, idade, série esc olar, trabalho e condições de moradia. A Tabela 1 apresenta
os conteúdos levantados pelo instrumento e as seções, itens, escalas Likert e conteúdos
utilizados para a pontuação em cada seção.
Tabela 1. Questionário de Saúde Mental para os Adolescentes
Parte
Seção
Itens
Escala
Likert
Conteúdo
A
1-17
Visão de saúde mental
B
18-35
Visão de doença mental
C
36-43
De onde advém a visão de
saúde e doença
1
D
44-46
Não concordo a
concordo totalmente
1 a 4
Fator cultural/religião
E
47-62
1 a 4
Estratégias tomadas
1
F
63-76
Nunca a sempre
A quem solicita ajuda
rede de apoio
1
G
77-93
Não concordo a
concordo totalmente
1 a 4
Crenças sociais e culturais
sobre saúde mental e o
profissional da área,
barreiras no acesso ao
serviço
1
H
94-96
Questões abertas
História da saúde mental
97-103
Visão acerca do
tratamento/terapia em saúde
mental
1
H
104-111
Rede de apoio
2
I
112-125
126-aberta
Não concordo a
concordo totalmente
1 a 4
Dinâmica da família
3
J
127
128-aberta
Excelente a muito má
1 a 5
Condição de saúde
J
129-131
Nada a totalmente
J
132
Nunca a sempre
3
K
133
Nada a totalmente
1 a 5
Bem-estar
3
K
134-139
Bem-estar
3
L
140-146
Bem-estar na família
3
M
147-150
Bem-estar com amigos
3
N
151-154
Nunca a sempre
1 a 5
Bem-estar na escola
4
OP
155-166
Questões abertas
Condições de vida
38
Questionário da visão dos cuidadores sobre saúde e doença mental e sobre os serviços
de saúde (Anexo B)
O questionário dos cuidadores investigou os mesmos aspectos avaliados no
instrumento dos adolescentes. Alguns itens aferiram a percepção dos cuidadores e
outros solicitavam que estes se remetessem ao seu(sua) adolescente que estava
participando do estudo. A Tabela 2 apresenta os conteúdos levantados pelo instrumento
e as escalas Likert utilizadas para a pontuação em cada seção.
Tabela 2. Questionário de Saúde Mental para os Cuidadores
Parte
Seção
Itens
Escala
Likert
Conteúdo
A
1-17
Visão de saúde mental
B
18-35
Visão de doença mental
C
36-43
De onde advém a visão de
saúde e doença
1
D
44-46
Não concordo a
concordo totalmente
1 a 4
Fator cultural/religião
E
47-62
1 a 4
Estratégias sugeridas ao
filho/a
1
F
63-76
Nunca a sempre
A quem o/a filho/a solicita
ajuda rede de apoio
1
G
77-93
Não concordo a
concordo totalmente
1 a 4
Crenças sociais e culturais
sobre saúde mental e o
profissional da área,
barreiras no acesso ao
serviço
1
H
94-96
Questões abertas
História da saúde mental
do filho/a
97-103
Visão acerca de
tratamento/terapia em
saúde mental
1
H
104-111
Não concordo a
concordo totalmente
1 a 4
Rede de apoio
I
112-126
2
J
127-140
141-aberta
Não concordo a
concordo totalmente
1 a 4
Dinâmica da família
K
142-146
Questoes abertas
Dados biossociais
L
147
Excelente a muito má
3
L
148-151
Nada a totalmente
Bem-estar
3
M
152-158
Bem-estar
3
N
159-165
Bem-estar na família
3
O
166-169
Bem-estar com amigos
3
P
170-173
Nunca a sempre
1 a 5
Bem-estar na escola
4
Q
174-176
Questões abertas
Condições de vida
Roteiro de entrevista da família (Anexo C)
O roteiro de entrevista da família foi elaborado com base no questionário
biosociodemográfico de Machado (2007) e no genograma familiar (Carter &
McGoldrick, 1995). Teve como propósito conhecer a estrutura, a dinâmica das relações,
os eventos de vida, a rotina do adolescente e levantar dados biosociodemográficos,
como: idade, sexo, escolaridade, desempenho escolar, relações sociais e ocorrência de
39
problema de saúde mental na família. As entrevistas foram realizadas através de visitas
domiciliares, sendo sempre o primeiro instrumento aplicado a fim de conhecer os
membros da família, estabelecer um vínculo de confiança e abertura e, também,
propiciar maior disponibilidade para o preenchimento do questionário. As visitas
domiciliares permitiram conhecer o c ontexto social e condições de vida de cada família.
Procedimentos e Considerações éticas
Tendo em vista os aspectos éticos necessários à pesquisa com seres humanos,
os procedimentos tomados seguiram as recomendações exigidas pelo Conselho Federal
de Psicologia na Resolução n. 016/2000 (CFP, 2000), pelos princípios da Resolução n.
196/96 do Conselho Nacional de Saúde (1996) e pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (1999). O estudo foi aprovado pelo Conselho de Ética da Universidade
Católica de Brasília registrado no ofício 86/2006. Anterior a qualquer coleta de dados,
os objetivos da pesquisa e esclarecimentos necessários foram devidamente fornecidos à
instituição e aos participantes. Tomou -se a anuência de todos através do Termo de
Concordância da Insti tuição (Anexo D) e do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Anexo E).
Aos adolescentes e aos cu idadores participantes ressaltou -se que sua
contribuição era voluntária e podia ser interrompida em qualquer etapa do estudo, sem
nenhum prejuízo. A qualq uer momento, tanto os participantes qu anto a instituição
podiam solicitar informações sobre os procedimentos ou outros assuntos relacionados
ao estudo. Todos os cuidados foram tomados para garantir o sigilo e a confidencialidade
das informações, preservand o a identidade dos participantes, bem como da instituição
envolvida, mesmo com a divulgação dos resultados. Aos cuidadores e adolescentes,
também foi garantido que o estudo não acarreta ria prejuízos psicossociais. A proposta
foi a reflexão sobre a saúde me ntal e os serviços que dev iam auxiliar o desenvolvimento
dos indivíduos. Foi garantido aos participantes acompanhamento e encaminhamento
adequado quando necessário.
Durante as visitas domiciliares, a equipe se deparou com situações que exigiram
uma atenção maior ao participante ou à família. A primeira foi com uma adolescente,
retraída e um pouco deprimida, que vivenciava situação de maus -tratos psicológicos por
parte da cuidadora que não sabia como lidar com a adolescente, sobrinha adotada. Na
entrevista com a família apareceram situações de conflito entre o casal acerca do modo
de tratar e educar, e ao solicitarem ajuda, foi sugerida e atendimento de família em
clinica especializada e proposta uma conversa individual com a adolescente a fim de
perceber como essa se sentia na situação e fornecer ajuda. Posteriormente à visita, a
40
equipe buscou se informar junto à direção como era a adolescente no centro de
formação, no intuito de acompanhar seu desenvolvimento e perceber se impedimentos
estavam acontecendo e m seus estudos e vida social, de modo a oportunizar que o
contexto da instituição se tornasse um fator de proteção expressivo. Em outra família o
suporte foi dado à mãe do adolescente que ao iniciar o relato acerca de fatos bons e
ruins na família ficou se nsibilizada. Depois de dar apoio, a equipe reconheceu a
fragilidade da participante e não se alongou na visita, propondo outra visita para dar
continuidade aos questionários. Entretanto, no encontro seguinte a mesma se recusou a
finalizar a pesquisa, devol vendo o questionário incompleto. A equipe não insistiu e
respeitou o limite dado pela mãe. Como forma de acompanhar esta, a equipe nas
semanas seguintes ao final da tarde, horário que a cuidadora chegava do trabalho,
passava pela casa, conversava e jogava bola com os filhos que ficavam a rua. Este foi
um modo de se fazer presente e não ser invasivo. Passado algumas semanas, a equipe
foi se distanciando já que nenhum movimento de busca de ajuda era realizado e parecia
que os conteúdos que mobilizaram a imine nte participante haviam se reordenado. A
equipe, em outras situações, precisou acionar recursos da comunidade via centro
profissionalizante para encaminhar ou solicitar visita às famílias. Foi contatada com
urgência uma assistente social do posto de saú de para realizar um atendimento médico
domiciliar a uma família precária que tinha dois membros que precisavam de cuidados
especiais, uma idosa enferma e um senhor que sofreu um acidente vascular cerebral e
estava com um lado paralisado e com escaras no co rpo.
Procedimento de Amostragem
Para abordar os adolescentes em nível socioeconômico baixo foi contatada
uma instituição que atende a esta população localizada em um bairro da periferia de
Porto Alegre. Foram verificados os indicadores socioeconômicos da comunidade para
certificar o nível socioeconômico da amostra. A instituição também possuía critérios
para avaliação das condições sociais das famílias dos adolescentes, o que auxiliou no
processo de seleção dos participantes. Os indicadores para classific ar o nível
socioeconômico da amostra seguiram critérios do IBGE (2000). Estes se referiam à
população e às condições da comunidade, sendo assinalados: rendimento do chefe da
família, características educacionais da população residente, situação do domicíli o, rede
de saneamento e esgoto.
Participaram da amostra todos os adolescentes da instituição que concordaram
com a pesquisa. Estes eram atendidos neste espaço que oferecia atividades
41
profissionalizantes no turno inverso à escola. Além destes, suas famíli as eram
acompanhadas no centro por profissionais de Psicologia e Assistência Social. As
famílias foram acessadas através dos adolescentes por meio de contatos telefônicos e
visitas domiciliares, buscando -se a participação de ambos ou de algum dos cuidadore s
responsável pelo adolescente atendido.
Procedimento de Coleta de Dados
A instituição participante do estudo foi indicada aos pesquisadores por ser um
espaço que proporciona abertura para execução de pesquisas, estágios e trabalhos
voluntários. Inicialme nte, foi estabelecido contato telefônico a fim de apresentar a
proposta de trabalho. Desde o primeiro contato, a instituição se mostrou receptiva. Na
primeira visita, a equipe de pesquisa apresentou o projeto de pesquisa, os instrumentos e
procedimentos de coleta de dados para a assistente social. O projeto foi encaminhado
para a reunião de coordenadores e professores para devida apreciação dos profissionais.
Após esta averiguação, a equipe foi chamada e encaminhada à psicóloga da instituição,
a qual iniciou os trâmites de formalização da pesquisa na instituição. Foi assinado o
Termo de Concordância da Instituição (Anexo D). Em seguida, a equipe iniciou o
processo efetivo de inserção ecológica, por meio de visitas semanais visando a conhecer
os profissionais da instituição, o ambiente físico, funcionamento, estrutura
organizacional e ações executadas na instituição. A sistematização dos encontros visou
a estabelecer proximidade com o contexto, pessoas e dinâmica da instituição,
configurando o processo proxima l da pesquisa. Durante o início da inserção ecológica, a
psicóloga do centro se prontificou a apresentar a equipe à instituição, à comunidade, aos
postos e centro de saúde, a igreja, associação comunitária e biblioteca do bairro, escolas
e creche, efetivamente o fez.
O primeiro espaço a ser explorado foi a instituição, local em que se buscou o
acesso aos adolescentes. O período de duração deste processo aconteceu de setembro de
2007 a abril de 2008, sendo que inicialmente os encontros eram mais sistemáticos com
visitas semanais e, posteriormente, foram mais espaçados tornando -se mensais, pois na
continuidade da pesquisa a coleta de dados foi focada nas visitas domiciliares ,
entrevistas e aplicação do instrumento com os cuidadores. O acompanhamento mensal
não minimizou a comunicação e troca de informações com a equipe de pesquisa. Frente
às necessidades e impasses que ocorriam em outros contextos, a equipe fazia contato e
buscava o auxílio da instituição.
42
Os contatos iniciais foram estabelecidos com a direção e professores a fim de
torná-los cooperadores no processo e conhecer a dinâmica da instituição. Através desta
aproximação foi possível observar que a instituição vivenciava um momento difícil de
conflito interno e reorganização. O clima institucional enco ntrava-se conturbado,
porém, velado para a equipe de pesquisa, que pôde dar -se conta disso por meio da
inserção no contexto e de conversas informais. Foi percebido um desgaste emocional
dos profissionais, muitos estavam anos trabalhando na instituição e traziam
sobrecarga de insatisfação. O tipo de trabalho e desafios enfrentados diariamente
também contribuiu para essa saturação. À medida que a equipe ia conhecendo o
trabalho dos profissionais, foi se tornando mais claro e compreensível a situação vivida
por estes. Junto aos adolescentes, foi possível perceber que os profissionais se sentiam
desmotivados com seu trabalho por visualizaram um alto índice de evasão dos
adolescentes, por lidarem com difíceis problemas de comportamentos agressividade, e
perceberem que não tinham a colaboração dos familiares dos adolescentes.
Para compreender as dificuldades com que os profissionais estavam lidando e
que acarretavam tensão e insatisfação institucional, buscou -se conhecer mais por meio
de conversas informais o que acontecia na instituição. Este movimento levou a equipe a
conhecer os inúmeros desafios e limitações sociais que os profissionais precisavam
enfrentar ao trabalharem com adolescentes da população de baixa renda. Conversando
com os profissionais foi po ssível saber um pouco da história de vida de alguns
adolescentes, que na ocasião eram vistos como “problemas” e como esses fatores
afetavam o cotidiano do trabalho deles. Através destas conversas foi possível observar
como a comunidade e as famílias dos ad olescentes eram vistas pelos educadores como
contextos que influenciavam diretamente no comportamento dos adolescentes. O que
acontecia fora da instituição acarretava conseqüências diretas ou indiretas a este
contexto, mais visível nos comportamentos dos a dolescentes. Os educadores conheciam
os alunos que estavam envolvidos com drogas, tráfico, trabalho infantil, situação de
violência doméstica, gravidez precoce e abortos, dentre outras situações. Esses fatos
traziam repercussões para o comportamento na ins tituição, e a postura dos profissionais,
educadores, assistente social, psicóloga era buscar mediar essas situações, quando
possível, ou oferecer alguma forma de apoio.
Ao mesmo tempo em que alguns adolescentes eram estigmatizados como
problema pelos técnicos da instituição, um olhar de compreensão também era lançado a
eles por parte destes mesmos profissionais. A equipe de pesquisa observou o quão
penoso e frustrante pode se tornar o trabalho com a população de baixa renda, pois os
43
problemas sociais esca pam do controle dos profissionais. Um alto nível de tolerância à
frustração é exigido devido aos inúmeros fatores adversos que os profissionais se
deparavam no trabalho. Diante da situação vivenciada na instituição, foi necessário
definir bem o papel da eq uipe enquanto pesquisadores e não mediadores de conflitos
institucionais e nem clínicos que resolveriam os “problemas” atribuídos aos
adolescentes. Essa dinâmica de tensão na instituição atingiu também aos adolescentes
agravando os comportamentos opositore s. Estes frente aos educadores estavam mais
resistentes, rebeldes ao aderir às atividades propostas, e os educadores, por sua vez,
estavam incomodados com a tensão e menos tolerantes com os alunos. Deste modo,
acontecia uma retroalimentação da situação es tressante devido aos comportamentos
externalizados pelos adolescentes e educadores.
Após o início da inserção aconteceram mudanças internas nos recursos
humanos, dentre estas, um dos educadores sociais pediu demissão e o responsável pelos
adolescentes na instituição foi substituído devido ter ingressado em um curso de
Mestrado em Educação Física. Para a equipe de pesquisa foi desafiante o início da
inserção ecológica, pois exigia cautela e tolerância com os membros da instituição no
intuito de respeitar o momento que vivenciavam e não ser mais um fator de estresse. A
equipe buscou sempre ser flexível com as restrições de horários estabelecidos e os
imprevistos que aconteciam. Posterior às mudanças, foi iniciado o vínculo com a nova
direção, que acolheu o tr abalho e permitiu a continuidade da pesquisa, investindo
esforços em cada desafio que a equipe enfrentava. Os profissionais do centro orientaram
a equipe acerca de estratégias para abordar as famílias, como horários de visitas, e
precauções a serem seguida s para minimizar possíveis riscos ao adentrar na
comunidade.
A inserção na comunidade foi concomitante à realizada na instituição. A
psicóloga conduziu a equipe ao espaço da comunidade e apresentou os principais
contextos como: os postos de saúde, escolas , creches, igreja, biblioteca e associação
comunitária. O primeiro contato com a comunidade permitiu observar aspectos gerais
de estrutura e localização. Somente no decorrer das visitas domiciliares é que foi
possível adentrar na dinâmica da comunidade. A s conversas informais estabelecidas
pela equipe com transeuntes, comerciantes, crianças e jovens, possibilitou conhecer
aspectos da comunidade que o foram previstos no início. Dentre estas, constatou -se
que no período de execução da pesquisa, setembro de 2007 a abril de 2008, a
comunidade vivenciada um período mais tranqüilo no que se refere ao tráfico e
homicídios, pois o principal traficante do morro havia sido preso h á poucos meses. Tal
44
fato gerou uma quietude entre os agenciadores do tráfico. Contudo, os pontos de venda
de drogas continuavam sendo freqüentados, e a própria equipe de pesquisa, por
inúmeras vezes, pode presenciar essas transações. Através da inserção ecológica se
constatou o fenômeno da mobilidade social que ocorria dentro da comunidade e que
denotava as castas socioeconômicas e iniqüidades que aconteciam. Para conhecer a
dinâmica da comunidade, a equipe de pesquisa buscou visitar o contexto em diferentes
turnos e dias da semana, na medida em que fazia visitas domiciliares às famílias dos
adolescentes. Ao conhecer melhor a comunidade novas informações foram agregadas
acerca dos participantes do estudo, trazendo uma visão mais complexa da realidade e
contextualizando os dados coletados.
A abordagem com os adolescentes foi realizada por int ermédio da
coordenadora responsável por eles na instituição. Perante as tensões que vinham
ocorrendo na instituição, a coordenadora usou como estratégia dialogar bastante com os
adolescentes ao propor cada atividade nova na rotina deles. Deste modo, ela fo i
preparando-os acerca da proposta da pesquisa e a equipe ia se inserindo semanalmente
na instituição para tornar -se conhecida e familiarizada com todos. Os adolescentes
entraram em contato com a equipe de pesquisa ao observar a movimentação desta na
instituição. Próximo ao segundo mês de inserção, realizou -se o encontro formal co m os
adolescentes para apresentação da pesquisa, solicitação de anuência ao Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE, Anexo E) e a aplicação do questionário.
Para tais procedimentos, dividiram-se os adolescentes por grupo de sexo em salas
diferentes acompanhados por três membros da equipe de pesquisa em cada sala.
Posteriormente à apresentação da equipe pela coordenadora da instituição, foi explanada
a proposta da pesquisa r essaltando a importância da participação de cada um no
provimento de informações que serviriam de auxílio para a promoção de saúde deles e
de muitos outros adolescentes. A explicação da pesquisa foi realizada separadamente
nas salas, assim como a leitura e anuência ao TCLE e esclarecimentos de dúvidas. Em
seguida, foi solicitado que os adolescentes se organizassem em grupos de no máximo
cinco, sendo direcionado a cada grupo uma pesquisadora responsável para fazer o
acompanhamento da aplicação do questionári o. Tendo estabelecida a pessoa de
referência em caso de dúvidas, foi iniciada a apresentação do questionário e explicado a
forma devida de preenchimento do mesmo. Os adolescentes que faltaram no dia da
aplicação foram, posteriormente, esclarecidos acerca d a pesquisa por meio da direção da
instituição e aqueles que quiseram participar deixaram seus nomes e foram contatados
45
pela equipe de pesquisa. Novamente, a equipe reuniu pequenos grupos por sexo para
explicação e aplicação dos questionários.
Através dos adolescentes, a equipe de pesquisa, encaminhou aos pais o TCLE
com os devidos esclarecimentos acerca do estudo solicitando autorização na
participação do adolescente, e convidando à participação pessoal. Para contatar os
familiares, a equipe utilizou o mom ento de duas reuniões de pais na instituição, junto
com os educadores, para estabelecer um primeiro contato, apresentar a pesquisa, tomar
nota de telefones e endereços e autorização para realização da visita domiciliar. Porém
poucos pais estiveram presente s nessas reuniões, configurando o pouco envolvimento
das famílias, que já havia sido identificado como uma dificuldade enfrentada pelos
profissionais da instituição. Posteriormente a estas tentativas, a estratégia encontrada
para acessar a família foi o co ntato telefônico a partir dos dados fornecidos pelos
adolescentes e com a concordância destes. No primeiro encontro com os adolescentes
na instituição havia sido comunicado que a equipe entraria em contato com eles via
telefone para marcar uma hora com a f amília daqueles que aceitassem participar do
estudo. Deste modo, o contato telefônico seria feito logo que os termos fossem
devolvidos fornecendo a devida anuência. A ligação também foi feita para os
adolescentes que não devolveram o TCLE dos cuidadores , com a proposta de apresentar
pessoalmente o trabalho, relembrar acerca do mesmo e já tentar uma visita, se possível.
Novas barreiras foram enfrentadas neste momento, pois muitos telefones o existiam,
não podiam receber a chamada, era o número do vizinho q ue no instante da ligação não
podia chamar o adolescente participante do estudo ao telefone, dentre outras situações.
Ao telefone, a equipe buscou falar, inicialmente, com o adolescente lembrando e
esclarecendo que ia ser dada continuidade à pesquisa, conf orme explicado na
instituição, e que para isso era necessário conhecer os seus familiares. O adolescente
encaminhava a equipe a algum dos cuidadores via telefone. Ao falar com algum destes,
era apresentada a proposta da pesqui sa em linhas gerais e pergunta do sobre a
disponibilidade de receber uma visita para melhores esclarecimentos. A partir daí, era
marcada a visita domiciliar. nas ligações, era possível conhecer alguns aspectos da
família como, o horário de trabalho dos pais, quem eram os responsávei s na casa,
alguma situação particular que a família vivia, como algum membro doente, dentre
outras informações que eram apresentadas na conversa ao telefone. A reação das
famílias no contato telefônico variava entre receptiva, receosa e duas de recusa.
Ao marcar as visitas por telefone, a equipe constatou que seria necessária
maior disponibilidade para se dirigir ao morro no final da tarde, início da manhã e,
46
principalmente, nos finais de semana. Pelo telefone era solicitado esclarecimento acerca
do endereço, ponto de referência, ônibus e outras informações necessárias para localizar
a moradia. A caminho da primeira visita domiciliar, percebeu -se que seria difícil
encontrar as residências devido à dificuldade do acesso, ausência de logradouros,
numeração inadequada e porque a equipe ainda estava se familiarizando com a
comunidade. Além disso, aos finais de semana a equipe encontrava dificuldade em seu
deslocamento, devido à precariedade do transporte público para aquele local. Perante
esta realidade, definiu-se que apenas uma família por turno seria visitada. Nas visitas, os
pesquisadores enfrentavam contratempos referentes à disponibilidade da família,
mesmo tendo sido marcado horário antecipadamente, pois, em certa medida, a equipe
modificava a rotina deles . Por vezes, era necessário esperar os cuidadores chegarem do
trabalho, dar atenção e separarem briga de filhos/as. Outros precisavam amamentar,
organizar os afazeres de casa, como o almoço ou lanche, dentre outras atividades. Estas
situações não eram empe cilhos para a pesquisa, por meio delas a equipe buscava se
envolver com a família e estabelecer formas de vínculo participando e colaborando no
que era possível. A inserção ecológica adquiria seu caráter de complexização e
reciprocidade através delas. Esta s atividades periféricas à pesquisa favoreciam uma
aproximação e criavam clima favorável à adesão e comprometimento com a equipe e,
consequentemente, com a pesquisa. E essas interações revelavam a dinâmica de
funcionamento das famílias que enriqueciam os d ados coletados com o roteiro de
entrevista da família. Entretanto, essas situações exigiam despender maior tempo nas
residências. Além disso, a explicação do estudo, solicitação da anuência, realização da
entrevista e aplicação do questionário também deman dava tempo para a família e
equipe. Deste modo, foi necessário realizar mais de uma visita domiciliar nas casas, em
poucas famílias um único encontro foi suficiente. Para a equipe foi imprescindível
observar e respeitar o ritmo de vida das famílias, a fim de promover uma boa vinculação
e comprometimento com a equipe. A equipe ao longo da coleta percebeu q ue essa
postura era fundamental no processo de inserção ecológica para se obter a boa
consecução da pesquisa e garantir a validade ecológica dos dados cole tados
formalmente através das entrevistas e questionários.
Um dos maiores desafios da equipe foi encontrar os endereços das famílias,
porque estes não existiam (dados errados ou incompletos) ou pelo fato de haver um
conglomerado de casas no mesmo espaço sem numeração adequada. A estratégia mais
viável utilizada foi perguntar nas ruas onde ficava a casa de ‘fulano’, e para conseguir
esta aproximação comunicava -se que estava sendo realizada uma pesquisa em saúde
47
vinculada a uma instituição da comunidade. De ste modo, foi possível se inserir na
comunidade e minimizar os perigos que a equipe se sujeitava ao adentrar o morro. Estas
pessoas explicavam como chegar aos endereços, alguns acompanhavam até os
logradouros, e dentre as informações que forneciam, constav am dicas de cuidado, por
exemplo, “eu não iria nesta casa depois das 18h” , com isso, era sabido que nesta hora
se iniciavam, por exemplo, mobilizações do tráfico naquele local. A cada visita
domiciliar a equipe aprofundava a inserção na comunidade. Perante a possibilidade de
riscos, desde o início, seguindo orientação dos profissionais da instituição, foi adotado
um estilo de vestimenta com o qual os pesquisadores pudessem ser identificados na
comunidade: crachá da universidade, mochila escrito pesquisa em saúde e camisa do
CEP-RUA/Psicologia/UFRGS. Para acessar as famílias dos adolescentes cujo contato
telefônico e endereço fornecido não funcionaram, foi solicitada a ajuda dos adolescentes
participantes do estudo que tinham recebido a visita domiciliar. Per guntava-se se
sabiam onde morava algum dos seus colegas que também estava na pesquisa, deste
modo, foi possível localizar algumas famílias. Muitos adolescentes acompanhavam a
equipe até a casa do colega, e esse momento também era fonte de dados que
enriqueciam o conhecimento da família e aprofundamento do vínculo. Outra forma de
acessar os endereços foi retornando ao centro profissionalizante, onde os adolescentes
eram atendidos, e rever as fichas de inscrição. Perante essas inúmeras dificuldades em
acessar as famílias não foi possível contatar a todas, conforme planejado. Da amostra de
trinta adolescentes participantes, três famílias se recusaram a participar, vinte foram
contatadas e as demais não foram encontradas. A equipe tentou fazer contato com estas
famílias retornando ao centro e buscando o adolescente, porém, constatou -se que este
não estava mais participando das atividades, tinha terminado a participação no programa
ao concluir o ano de 2007 ou havia se mudado.
A inserção ecológica viabilizou o co nhecimento de diferentes contextos
citados. Entretanto, a imersão nestes variou de acordo com o objetivo da pesquisa.
Deste modo, a instituição profissionalizante, a comunidade, e o espaço físico das
famílias foram os microssistemas mais explorados atra vés de visitas e trocas de
informações constantes. Algumas escolas da comunidade, os postos de saúde, a igreja e
a associação comunitária também foram visitadas no início da pesquisa, buscando
conhecer um pouco a estrutura e funcionamento por meio de conta to com profissionais
dos referidos contextos. Posteriormente, as informações pertinentes a esses
microssistemas menos explorados foram investigadas sob a ótica dos cuidadores através
do roteiro da entrevista da família. A escola era investigada através da situação escolar
48
dos adolescentes, rotina na escola e relação com amigos. O posto de saúde era referido
durante as informações acerca do histórico de saúde e busca de ajuda.
Na aplicação dos questionários sobre saúde e doença mental com a população
de baixa renda foi observa a dificuldade de compreensão de alguns itens. Maiores
desafios se apresentaram na aplicação com os cuidadores do que com os adolescentes.
Diante disso, a equipe de pesquisa priorizou a aplicação individual dos questionários
durante as visitas domiciliares. O pesquisador fazia a leitura pausada de cada item do
instrumento, posterior a explicação de como deveria ser o preenchimento da escala
likert. Deste modo, todas as questões eram respondidas mediante o acompanhamento do
pesquisador. Entretanto, em algumas situações os cuidadores preferiam responder
sozinhos, estes eram aqueles que apresentavam melhor compreensão e habilidade de
leitura. Em alguns casos, a aplicação foi iniciada com a presença dos pesquisadores,
porém, devido às circunst âncias do momento foi necessário parar o preenchimento
supervisionado e solicitar que a continuidade fosse realizada sozinha, pois a equipe
deveria se retirar ou a família não podia dispor de mais tempo. Nestes casos outra visita
era marcada para a finaliz ação, e mais uma vez a equipe de depara com os desafios de
conciliar horários e tempo suficiente. Daqueles que haviam se comprometido em
concluir sozinho o preenchimento do questionário, a equipe apenas passava na casa para
buscar o instrumento, nesta visi ta era verificada a disposição correta de todas as
respostas. Na maioria das vezes foram encontrados erros ou itens incompletos os quais
eram retomados com o participante. Os desafios encontrados com os cuidadores na
aplicação dos questionários sinalizam o cuidado que deve ser tomado no uso deste
instrumento com tal população.
49
CAPÍTULO III
RESULTADOS
Inicialmente, são descritos os resultados acerca dos dados
biosociodemográficos dos participantes, aqueles o apresentados no capítulo de
Método. Em seguida, são apresentados os resultados do roteiro de entrevista da família
coletados por meio de visitas domiciliares. Posteriormente, são apresentados os
resultados dos questionários de saúde e doença mental dos adolescentes coletados em
aplicações realizadas na instituição. Em seguida, são mostrados os dados dos
questionários sobre saúde e doença mental dos cuidadores do sexo feminino
cuidadoras. E por fim, são apresentados os dados dos questionários dos cuidadores do
sexo masculino cuidadores coletados em visitas domiciliares bem como os das
cuidadoras. Os dados dos questionários foram tabulados e analisados através de
estatísticas descritivas, observando -se as freqüências e percentagens nos itens das
escalas likert e as médias e desvio padrão em cada item do instrumento. Foram
selecionadas as cinco médias maiores e menores para os adolescentes e para os
cuidadores de ambos os sexos . Nas situações em que as médias eram semelhantes em
mais de um item, o menor desvio padrão foi tomado como parâme tro para a seleção dos
itens a serem analisados e discutidos ao longo do estudo.
3.1. Caracterização da amostra dos adolescentes e suas famílias
Devido às peculiaridades da pesquisa ecológica e da amostra, revela -se
importante situar o contexto biosociodemográfico no qual foi realizado este estudo,
buscando evidenciar a complexa situação que caracterizava a população em foco. Os
registros nos diários de campo permitiram a descrição minuciosa do meio e a percepção
da dinâmica dos contextos estudados.
Ao eleger a população de baixa renda como objeto de pesquisa, está evidente e
subentendida a existência da pobreza como fator de risco e adversidade enfrentada e, ao
mesmo tempo, superada cotidianamente por essas pessoas. Entretanto, mesmo sendo um
conceito globalizado e frequentemente discutido, a pobreza possui diversas facetas, as
quais são delineadas pelas particularidades de cada contexto. Diante disso, buscou -se
apreender a realidade da comunidade investigada a partir do método da Inserção
Ecológica, a fim de propiciar a imersão no contexto e garantir a validade ecológica da
pesquisa. Os registros no diário de campo possibilitaram a apreensão de diferentes
50
facetas do contexto da comunidade, da instituição e das famílias. Este instrumento
também permitiu a captação da dinâmica que perpassava os contextos investigados
ampliando a compreensão da equipe de pesquisa acerca da complexidade dos fatores
imbricados na saúde mental dos adolescentes.
A comunidade estudada estava situada na periferia de Porto Alegre , ao norte
da cidade, sendo considerada uma zona de perigo devido ao tráfico e às recorrentes
disputas por pontos de comercialização de drogas entre as facções das periferias
vizinhas. A comunidade localizava-se em um morro com 120 metros de altitude, tend o
como características geográficas o território acidentado, relevo de planaltos, áreas
urbanizadas e outras inabitadas. Na cidade de Porto Alegre, os morros representam 24%
da área do Município e 10% da mata nativa existente
(http://www2.portoalegre.rs.gov.br/infocidade/default.php?p_secao=45 ). Tal morro
estava situado no bairro Partenon, que possui uma população de 47.460 moradores
(homens: 22.123, mulheres: 25.337), com 1 4.899 domicílios e um
rendimento médio mensal dos responsáveis pelo domicílio de 7,54 salários mínimos
(http://www2.portoalegre.rs.gov.br/spm/default.php?reg=58&p_secao=43 ). A descrição
territorial é relevante por permitir o entendimento da estrutura espaço -ambiental que
cerca esse contexto e que traz implicações para as condições de vida e saúde de seus
habitantes.
Ao realizar a inserção ecológica na comunidade, observou -se que a população
que vive na base do morro apresenta uma infra -estrutura de moradia e condição social
melhor do que a que vive no topo do morro. Na população localizada no alto do morro a
situação é precária, por falta de condições habitacionais adequad as. Alguns exemplos
são de casas construídas com restos de madeira, sem reboco e parte do teto, localizadas
à beira de penhascos com riscos de deslizamento, além de expostas ao mau cheiro da
rede de esgoto precária e exposta a céu aberto. As moradias não p ossuem alicerces
profundos, estando suscetíveis a desabar diante de ventos ou chuvas fortes .
As famílias que participaram da pesquisa tinham suas casas situadas na metade
e no alto do morro. Muitas moradias estavam apenas no reboco ou sem este, continham
parte do teto, sendo que em más condições, deixando visíveis brechas que permitiam o
acesso da água da chuva no interior das casas. As paredes quando eram de tijolos
apresentavam infiltrações, outras eram de pedaços de madeiras sobrepostos. Em média,
havia três a quatro cômodos pequenos ou conjugados (cozinha, sala, b anheiro e quarto).
Geralmente, cozinha e sala eram no mesmo espaço, contendo uma geladeira, um fogão e
uma mesa com poucas cadeiras e um sofá. Nas residências mais precárias, essa estrutura
51
era diferente, a cozinha ficava do lado de fora da casa estando parcialmente coberta e
não havia sala. Frequentemente, nas moradias havia um banheiro e um ou dois quartos.
Estes, na maioria das vezes, acomodavam em média cinco a seis pessoas, em outras esse
número de residentes chegava a onze. Nestas a sala se transformava em dormitório no
período da noite e mais de um membro da família compartilhava uma cama de solteiro a
fim de que todos tivessem um espaço para repousar. Completando a configuração da
família, em quase todas elas havia pelo menos um animal de estimação, estes eram,
geralmente, cachorro, gato e passarinho.
Para algumas habitações, o acesso era satisfatório, estando a rua asfaltada,
iluminada, relativamente limpa e sinalizada com placas contend o o nome do logradouro.
Em outras, o terreno era bastante acidentado, estreito, poluído com diversos tipos de
lixo e dejetos fecais de animais. Estes acessos eram chamados ‘becos’, alguns estavam
em iminente risco de deslizamento devido à erosão causada pe las chuvas, às más
condições de pavimentação do terreno ou inexistência deste, estando apenas abertas
sendas no meio da mata nativa do morro. Outra característica importante dos becos era
o conglomerado de moradias próximas umas das outras, constituindo al go semelhante a
um micro bairro de inúmeros casebres amontoados. Os becos geralmente se localizavam
em áreas de risco, sendo estas próximas a penhascos ou mata virgem. Associada à falta
de infra-estrutura das moradias era visível no contexto da comunidade a precariedade ou
ausência de saneamento básico, estando a rede hídrica e cloacal exposta à contaminação
e causando odores fortes. A falta de coleta de lixo em alguns lugares acentuava o mau
cheiro do ambiente, sendo este o mesmo espaço em que as crianças e adolescentes
jogavam e brincavam.
Em linhas gerais, a comunidade era caracterizada pela precariedade das
habitações (situação e tipo de construção do domicílio); falta de saneamento básico,
rede de esgoto e água encanada; más condições de saúde da popul ação local,
apresentando susceptibilidade a doenças de veiculação hídrica e contaminação por
zoonoses doença causada por animais. Nas Figuras 2, 3 e 4 podem ser visualizados
aspectos da comunidade.
52
Figura 2. Foto das casas no contexto da comunida de (fotografada pela autora)
Figura 3. Foto de um beco no contexto da comunidade (fotografada pela
autora)
53
Figura 4. Foto das casas e becos no contexto da comunidade (fotografada pela
autora)
Os adolescentes e suas famílias foram contatados atrav és de uma importante
instituição da comunidade que realiza trabalhos sociais. O centro profissionalizante
fazia parte de uma organização institucional maior que atendia à comunidade na área da
educação e saúde. Os primeiros contatos da equipe de pesquisa f oram realizados neste
contexto e a partir dele foi ampliado o acesso e investigação aos demais. A instituição
era um centro educativo que tinha como objetivo a profissionalização de jovens
excluídos, viabilizando a inserção no contexto social e no mercado de trabalho, bem
como agregar valores humanos fundamentais à vida dos adolescentes e o exercício
efetivo da cidadania. Para isto propunham formas concretas e sistemáticas de
instrumentalizá-los através de oficinas de reciclagem de equipamentos de informáti ca
usados, elaboração de home pages e editoração eletrônica e oficinas de confeitaria. O
centro profissionalizante também funcionava como ponto de apoio ao Programa
Nacional de Inclusão de Jovens ProJovem. Este foi criado para enfrentar as altas taxas
de evasão/abandono escolar e desemprego juvenil através da reintegração destes ao
processo educacional ao oferecer oportunidade de qualificação profissional e de
desenvolvimento humano.
A instituição fornecia boas condições de atendimento à comunidade com u m
espaço amplo de dois andares, organizado, limpo e bem distribuído. A infra -estrutura
disponibilizava diversas salas iluminadas, espaçosas e arejadas, auditório, quadra de
esportes, refeitório, área verde para lazer, confeitaria com equipamentos e materia l
54
apropriado para realizar oficinas educativas, laboratório de informática para oficina com
os adolescentes e outro para uso da comunidade. Uma equipe com em média 20
profissionais, como psicóloga, assistente social, educador físico, servente, secretária,
cozinheira, educadores pedagógicos, sociais e de informática e estagiários, dava m
suporte aos adolescentes e suas famílias, desde o provimento do alimento na instituição
até o acompanhamento domiciliar.
A partir do Roteiro de Entrevista da Família foram o btidos os seguintes
resultados sobre os adolescentes, seus cuidadores e da família como um todo. As vinte
famílias entrevistadas variavam entre três a onze membros, treze eram numerosas com
cinco ou mais pessoas e em sete havia de três a quatro integrantes . A composição era
diversificada, estando presentes, pais, filhos, tios/tias, avós e netos. Em sete famílias,
três gerações familiares coabitavam, e em duas eram as avós, as cuidadoras
responsáveis pelo(a) adolescente.
Com relação aos indicadores sociais da família, 50% dos adolescentes
possuíam um quarto para si e a outra metade dividia com outros membros. Do
número de carros na família, 60% não possuía nenhum, 30% possuía um e 10% dois.
Para computadores, 63,3% não possuíam nenhum, 30% possuíam um e 6 ,70% dois. Do
número de viagens no último ano com a família, 43,3% não havia feito nenhuma, 16,7%
fez uma, 10% duas e 30% havia feito mais de duas viagens com a família. Oitenta e três
por cento dos participantes não trabalhavam e 16,7% estavam em situação de trabalho
aprendiz. Referente à cor, 50% dos adolescentes se intitularam de cor negra, 20%
branca, 23,3% parda e 6,7% morena. A Figura 5 apresenta a distribuição da cor dos
adolescentes referida por eles mesmos.
Figura 5. Distribuição da cor declarada pelos adolescentes
20
23,3
50
6,7
0
10
20
30
40
50
60
(%)
Branca
Parda
Negra
Outra - morena
55
As visitas domiciliares registradas no diário de campo e o roteiro de entrevista
permitiram conhecer melhor a estrutura e dinâmica de cada família. Foi construído o
genograma a fim de identificar todos os membros das 20 famílias participantes do
estudo. Não houve nenhuma família homoafetiva. Metade das famílias da amostra
apresentou uma configuração familiar uniparental ( n=10), sendo nove chefiadas por
uma mulher e uma por um homem. Sete famílias tinham uma configuração tradicional,
quer dizer, pai, mãe e filhos biológicos, e três recasadas. De acordo com a resposta dos
adolescentes ao Questionário de saúde/doença mental na seção condições de vida , a
classificação e a distribuição do relacionamento conjug al dos seus cuidadores
classificada conforme a Figura 6.
Figura 6. Distribuição do tipo de relacionamento conjugal dos cuidadores
Em oito famílias ambos os cuidadores (pai/mãe) participaram da amostra. Em
duas apenas o cuidado r masculino participou. E nas demais somente a cuidadora
feminina (n=10). Em seis famílias, a provisão da casa era mantida pelo homem, em
quatro pelo casal, em nove pela mulher e em uma os cuidadores estavam
desempregados. Em quase 50% da amostra a cuidado ra era a chefe de família. Algumas
famílias tinham o auxilio de uma Bolsa Família (Programa do Governo Federal
subsídio às famílias de baixa renda através da adesão dos menores de idade em uma
instituição de ensino) ou contribuição financeira de um membr o familiar mais velho. O
rendimento médio mensal dos responsáveis variava entre 401 a mil reais em 60% da
amostra, menos de 400 reais em 35% e mais de mil reais em apenas 5% (400 reais
equivalem a aproximadamente um salário mínimo regional de referência). Para calcular
o rendimento médio mensal da família foi priorizada a resposta da cuidadora. Na
ausência desta informação, considerou-se a resposta do cuidador.
Para conhecer melhor o adolescente participante do estudo, sua saúde, estudos e
o modo como este se relaciona com a família e rede social, foi solicitado ao cuidador(a)
que relatasse como era a rotina da semana e do final de semana, especificando as
13%
13%
24%
24%
13%
13%
Solteiro
Vivem juntos
Casados
Separados
Divorciados
Viúvo
56
atividades preferidas, lugares que freqüenta, pessoas com quem sai e a situação do
adolescente na escola. De modo geral, os adolescentes estudavam no período da manhã
ou noite e à tarde estavam no centro profissionalizante. Alguns adolescentes
apresentavam uma rede social ampla e outros uma rede restrita. Jogar bola, andar de
bicicleta, ir à locadora de vi deogame, a igreja, ao centro profissionalizante, a festa,
pagode e baile funk, dançar, sair com amigos, cavalgar, ouvir música, usar o
computador e namorar foram citados como atividades que caracterizavam o dia -a-dia
dos adolescentes, principalmente, o fin al de semana. Referente à escola, dos 20
adolescentes que tiveram suas famílias entrevistas, 13 apresentaram pelo menos uma
situação de repetência escolar, tendo por motivo o mau desempenho, evasão, gravidez
precoce e tentativa de estupro na escola. Segund o os cuidadores(as), a maioria dos
adolescentes apresentava um bom relacionamento com colegas e professores, apesar de
reclamações acerca do rendimento escolar e comportamento devido a conversas em
sala”, “teimosia com professores”, “ relaxamento”, “pregu iça”, “agitação”, “matar a
aula” e “chegar atrasado”.
Foi investigada a opinião dos cuidadores de ambos os sexos sobre o adolescente,
perguntando sobre características positivas e negativas destes e o modo de se relacionar
com os outros. Para os aspectos p ositivos dos adolescentes, muitas qualidades foram
verbalizadas pelos cuidadores como: “calmo(a), bom(a), carinhoso(a),
obediente, não é arruaceiro(a), não é de ter muitos amigos(as) , ajuda em
casa, não usa drogas, não incomoda, educado(a), comportado(a), sem
vícios, verdadeiro(a), opinioso(a), determinado(a), responsável,
respeitador(a), tem força de vontade, quer ser alguém, atencioso(a),
honesto(a), pacífico(a), estudioso(a), tem amizade selecionada ,
disciplinado(a), alegre, brincalhão(ona), compreensivo, escuta os pais,
caprichoso(a), prestativo(a), atento(a), caseiro(a), não é mal-criado(a),
lava roupas e ativo(a). Os aspectos negativos foram: rueiro(a), responde,
genioso(a), cabeça dura, birrento(a), preguiçoso(a), ignorante,
impaciente, inquieto(a), agoniado(a), indisciplinado(a), adora se
embelezar, pouco(a) estudioso(a) , birrento(a), acha que sabe tudo, bate nos
pequenos, quer xingar a mãe e repet ir o que os colegas fazem , meio
revoltado(a), mal humorado(a), brabo(a), pessimista, nervoso(a),
ciumento(a), desinteressado(a), briguento(a), comilão(ona), reclama,
não conversa muito, fechado(a), tem muita mágoa do pai , de lua e
emburrado(a). Sobre o relacionamento dos adolescentes com os outros, os(as)
57
cuidadores(as) mencionam que: “se comunica bem”, não gosta que incomode”, “não
tem muitos amigos”, “se relaciona mais com pessoas mais velhas”, “busca cativar as
pessoas”, se com todos”, “com irmãos(ãs) briga e se resolvem” e “não fala com
quem não gosta.
Também foi perguntado para os cuidadores de ambos os sexos o que eles fazem
quando o(a) adolescente se comporta bem, qual a reação dos adolescentes quando
contrariados e o que o(a) cuidador(a) faz quando estes se comportam mal ou não tem
bom desempenho na escola. Com estas informações a equipe categorizou tipos de
práticas educativas. As respostas referidas acerca do que o(a) cuidador(a) faz perante o
bom comportamento do adolescente foram: parabenizo, tento dar algo, elogio,
agradece, se orgulha, presenteia, deixo sair com amigos , incentiva,
carinho, trata bem, dinheiro, se passa de ano tem recompensa , deixa
mais livre”, “permite jogar videogame e agrado. De acordo com os(as)
cuidadores(as), os adolescentes quando contrariados reagem se fechando, não fala
com ninguém, fica brabo(a)”, “vai para casa de amigos(as)”, vira uma coisa,
“fica beiçudo”, “fica em silêncio”, “chora de ra iva”, “fica quieta no quarto”, “fica
birrento(a)”, “implica”, “bate as coisas ”, “fica furioso(a)”, “aceita”, “rebelde”,
“emburrada”, “se irrita” e “se chateia”. As respostas acerca do que o(a) cuidador(a)
faz quando o(a) adolescente se comporte mal na es cola foram: corta as coisas que
ele(a) gosta, diz essa bicicleta não sai daqui hoje”, “xinga”, “briga”, “dá puxão de
orelha”, “conversa explicando o que deve ser feito”, “tira celular e roupa nova”,
“repreende”, “faz chantagem para ir morar no alto do mor ro com a mãe”, “chama
atenção”, “conversar”, “diz que tem de estudar”, “as coisas são conversadas” e “não
faz nada”.
A entrevista investigou, ainda, junto aos cuidadores(as) o histórico de saúde dos
adolescentes, averiguando a pessoa que cuidava deles e a instituição a qual buscavam
ajuda. Como responsável pelo cuidado dos adolescentes foram citados: mãe, avó, pai,
pais e tias, sendo a primeira a mais cotada. Os locais mencionados para busca de ajuda
foram: posto de saúde (UBS III e IV, sanatório), farmác ia, hospital da Universidade e
Santa Casa, emergência do Bom Jesus e clínica particular através do plano de saúde do
trabalho. Sobre o histórico de saúde dos adolescentes, as doenças citadas foram: água na
pleura, rinite, disritmia, pseudo -artrose congênita, catapora e infecção crônica no
ouvido. Também foi questionado ac erca de tratamento psicológico e medicamentoso.
Sete cuidadores(as) mencionaram que o(a) adolescente já havia realizado tratamento
com um(a) psicólogo(a) e outros três medicamentosos. Os ca sos nomeados pelo
58
cuidador(a) para tratamento psicológico foram: problema de timidez, choro
excessivo, não falava com a professora , revolta com o pai, não aceitar doença
crônica e amputação de membro do corpo , separação dos pais, para encaminhar
a um reforço escolar , por não querer mudar de bairro e ir morar em uma casa
pequena, por estar muito quieto e não se relacionar com ninguém . De acordo com
alguns cuidadores(as), foi através da escola que puderam prestar atenção no problema
dos adolescentes ao serem chamados a comparecer a esta. Segundo os cuidadores(as),
os problemas apontados pelos educadores eram: agressividade, timidez, tristeza e baixo
rendimento escolar. Para o tratamento medicamentoso foram mencionados problemas
no pulmão, neurológico e cirurgias no ouvido.
Ao elaborar o genograma e realizar a entrevista foi possível registrar o relato de
muitos acontecimentos significativos nas famílias. Estas apresentaram inúmeras
adversidades enfrentadas ao longo de suas histórias de vida. A o serem questionadas no
roteiro acerca de um fato ruim que aconteceu em sua vida, a maioria, relatava situações
graves e de grande carga emocional, como perdas, violência e doença crônica. As
adversidades relatadas pelos(as) cuidadores(as) foram ordenadas pela equipe de
pesquisa. Para isto considerou -se duas dimensões: familiar, que influenciava
diretamente a família; e individual, que se referia aos aspectos da história individual de
cada um dos membros da família participantes do estudo (adolescentes, mãe s e pais).
No âmbito familiar, identificou -se como adversidades situações de pobreza, adoção,
homicídio, violência, alcoolismo, gravidez precoce, AIDS, drogas, abandono,
separação, doença física/crônica e mental, perdas, mudança de moradia, desemprego e
trabalho excessivo da mãe. Referente às adversidades enfrentadas pelos adolescentes,
foi observado abuso sexual, perdas de amigos, pai ou mãe, negligência familiar, evasão
ou repetência escolar, abandono, separação dos pais, gravidez precoce, aborto e
rompimento de relacionamento afetivo. Para as mães, apontaram -se dificuldades de
relacionamento, alcoolismo de parentes e companheiros, doença mental e física/crônica,
soro-positividade, preconceito, situação de rua, violência, analfabetismo e mudança de
moradia. Os pais relataram adversidades como abandono da parceira, soro -positividade,
hospitalizações, doença mental, baixo grau de instrução, alcoolismo, perdas,
desemprego, drogas, tráfico, prisão e roubos.
Foi bastante freqüente o relato de perdas como um fato r de desestabilidade
emocional nas famílias, sendo esta, geralmente, a morte de um ente familiar próximo e
significativo. Motivos diversos ocasionaram as perdas, como homicídio, câncer, pressão
alta, dentre outros. Alguns cuidadores identificaram o momento da perda como sendo o
59
motivo da manifestação de uma doença mental/emocional, como depressão e transtorno
bipolar, tendo passado por internação e permanecendo em tratamento após vários anos.
Ao serem questionados acerca do diagnóstico médico, muitos cuid adores não sabiam
comunicar que tipo de transtorno ele ou o adolescente possuía. Alguns traziam as caixas
dos remédios para apresentar à equipe. Ao questionar sobre a forma de tratamento
seguida, os cuidadores/as relataram que iam ao psiquiatra do posto ou da clínica pedir
receita, nenhum dos cuidadores(as) informou ter feito terapia. Entretanto, alguns
relataram que quando o transtorno mental/emocional ou de comportamento era
manifesto no(a) adolescente, eles o(a) encaminharam a uma terapia.
Com a família também foi investigada situações boas e importantes para eles,
através do genograma e do roteiro de entrevista, a fim de identificar aspectos de
proteção. Para isso foi solicitado que relatasse algo de bom que havia ocorrido na
família. As respostas fo ram variadas como: a cura do câncer do meu filho , as festas
de família, ter saúde, ter mudado de casa, os filhos e netos, a aprovação de
ano e sucesso dos filhos , ter encontrado Deus, esposa não precisar ir mais ao
hospício, doações recebidas, ter conseguido o auxílio do governo , os amigos,
separação do marido , vinda de familiares de outro estado , festa de 15 anos,
ajuda da patroa, o emprego, dentre outras. Através dos relatos das situações ruins
e boas, a equipe de pesquisa bu scou identificar fatores adversos e protetivos à família e,
individualmente, a cada um dos três membros participantes do estudo.
A técnica do genograma foi utilizada j unto com o roteiro de ent revista da família
para construir com os cuidadores uma express ão gráfica da composição familiar ,
favorecer o rapport e auxiliar, por meio do diálogo informal, na captação de dados da
história da família. Nas Tabelas de 3 a 22 são apresentados o panorama das famílias em
relação ao número de membros, adversidades, asp ectos protetivos e práticas educativas.
Tabela 3. Panorama da Família 1 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 1
N° de pessoas na família
= 4
Pobreza, homicídio, adoção da sobrinha, abuso
psicológico/violência
Trabalho bem remunerado
Adolescente
Abuso sexual
Amigos, escola, centro
profissionalizante
Mãe
Dificuldades na relação com sobrinha
Dedicação exclusiva à família
Conversa e agressão, afeto,
dinheiro
Pai
Abandono na infância
Trabalhador
Conversa
Observação
Outra adolescente na família que foi adotada pela tia após ficar órfã
Tabela 4. Panorama da Família 2 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 2
N° de pessoas na família = 8
Pobreza, alcoolismo, violência doméstica, gravidez precoce
Religião, bolsa família, auxílio
doença
Adolescente
Amigos, escola, esporte
Centro profissionalizante
Mãe
Negligência familiar/vendida pelo irmão, perda da mãe,
doença mental, prostituição, desemprego
Filhas, medicamentos
Conversa, afeto
Observação
Uniparental
61
Tabela 5. Panorama da Família 3 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 3
N° de pessoas na
família=7
Pobreza, AIDS, drogas
Adolescente
Negligência familiar/mãe, abuso sexual/escola
Evasão escolar/repetência, gravidez precoce, abortos
Namorado, amigas
Avó
Alcoolismo/marido, perda marido e filho
Religião/mãe de santo
Conversa
Pai
Soro positivo, hospitalizações
Observação
Pai faleceu 1 mês após visita familiar. A mãe biológica tem 8 filhos de seis homens, deu a filha para a sogra criar.
Uniparental.
Tabela 6. Panorama da Família 4 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 4
N° de pessoas na família = 6
Pobreza, abandono/mãe
Adolescente
Repetência escolar, abandono/mãe
Amigos, escola, namorado
Pai
Pouco estudo, abandonado pela esposa, depressão
Trabalho
Conversa
Observação
Uniparental
62
Tabela 7. Panorama da Família 5 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 5
N° de pessoas na
família = 4
Pobreza, doença mental/tia, separação casal
Doença física/câncer
Adolescente
Separação dos pais
Escola, amigos, familiares
Centro profissionalizante
Computador
Mãe
Doença do filho mais velho
Trabalho, patroa
Irmã e familiares
Conversa, presentear
Observação
A tia que mora junto é doente mental, ajuda, mas às vezes tem crises agressivas e compulsão por compras (eufórica). Uniparental
Tabela 8. Panorama da Família 6 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 6
N° de pessoas na família = 11
Pobreza, doença mental, drogas, assassinato
Adolescente
Amigos, computador
Avó
Depressão, doença física/ pressão alta e diabete
Casa nova, trabalho
Punição, incentivo
Avô
Trabalho
Observação
Pai foi assassinado por gangue do tráfico, mãe mantém contato
63
Tabela 9. Panorama da Família 7 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas
educativas
Família 7
N° de pessoas na família =
4
Pobreza, AIDS, morte do ex-parceiro soro-positivo
Separação/alcoolismo, mudança de bairro
Adolescente
Morte de amigo na infância (assassinado)
Tímido, solitário
Bom aluno, vende latinha para ir à
locadora
Mãe
Soro-positivo, perda companheiro, preconceito, mudança de
bairro
Trabalho, namorado
Presentear,
punição
Afeto, dinheiro
Observação
Uniparental
Tabela 10. Panorama da Família 8 com relação à número de membros, adversidades e aspectos protetivos
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas
educativas
Família 8
N° de pessoas na família
= 4
Pobreza, alcoolismo, assassinato/irmão
Perdas de familiares paternos, doença crônica/avó
Trabalho
Adolescente
Escola, amigos, centro
profissionalizante
Mãe
Agressividade do marido
Trabalho
Pai
Alcoolismo pessoal e na família de origem, perda dos pais, sintomas
depressivos após perdas e aumento do consumo de bebida e agressividade
64
Tabela 11. Panorama da Família 9 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 9
N° de pessoas na família = 9
Pobreza, alcoolismo
Tentativa de abuso da filha pelo amigo
Perda/ avó paterna
Religião
Adolescente
Repetência escolar
Trabalho aprendiz, esporte
Centro profissionalizante
Mãe
Analfabetismo
Casamento, trabalho
Presente, punição
Padrasto
Ex-alcoolista
Trabalho, casa de oração
Conversa
Observação
Adolescente não conhece o pai
Tabela 12. Panorama da Família 10 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 10
N° de pessoas na família = 8
Pobreza
Mudança interior/capital e dentro da
comunidade/alto do morro
Adolescente
Repetência escolar
Música, amigos
Centro profissionalizante
Mãe
Perda da mãe
Trabalho
Elogio, presente
Padrasto
Trabalho
Observação
A avó paterna mora na casa
65
Tabela 13. Panorama da Família 11 com relação à número de membros, adversidades e aspectos protetivos
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 11
N° de pessoas na família = 6
Pobreza, soro-positivo/ pai e mãe
Doença crônica/ mãe, desemprego
Mudança de bairro
Religião, auxílios doença mental e portador vírus
Aposentadoria por invalidez
Adolescente
Repetência escolar, Mudança de bairro
Dança
Mãe
Problemas mentais, agressividade
Soro-positivo, desemprego
Medicamentos
Grupo de apoio a portadores HIV
Pai
Soro-positivo, desemprego
Ex-drogadicto, usuário de cocaína
Perda/mãe
Grupo de apoio a portadores HIV
Tabela 14. Panorama da Família 12 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 12
N° de pessoas na família = 4
Pobreza, violência
Doença crônica/mãe, Separação dos pais
Adolescente
Repetência na escola, dificuldades com o pai
Problemas escolares, roubo
Trabalho aprendiz, amigos
Centro profissionalizante
Mãe
Distúrbio bipolar, perda do pai
Trabalho, filhos e neto
Pai
Alcoolismo, tráfico, roubo
Observação
O pai obrigava o filho a roubar para ajudar a comprar drogas. Uniparental
66
Tabela 15. Panorama da Família 13 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 13
N° de pessoas na família = 8
Pobreza, mudança interior/capital
Perda dos avós maternos
Bom relacionamento familiar
Adolescente
Repetência escolar
Esporte, escola
Centro profissionalizante
Mãe
Familiares
Presentear
Pai
Trabalho
Tabela 16. Panorama da Família 14 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 14
N° de pessoas na família = 7
Pobreza, hiperatividade/filho
Perda dos avós maternos
Separação dos pais/conflitos
Mãe trabalha muito
Adolescente
Repetência escolar
Trabalho aprendiz, amigos
Interesse por mecânica
Mãe
Trabalho, patroa ajuda bastante,
separação do marido
Presentear
Observação
Uniparental
67
Tabela 17. Panorama da Família 15 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 15
N° de pessoas na família = 4
Pobreza, separação dos pais
Perda/avó materna
Trabalho
Adolescente
Repetência escolar
Doença crônica- perna amputada
Amigos, escola
Centro profissionalizante
Trabalho aprendiz, banda de pagode
Mãe
Separações, perda da mãe
Trabalho
Conversa
Observação
Uniparental
Tabela 18. Panorama da Família 16 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 16
N° de pessoas na família =
9
Pobreza, perda/ avô materno
Separações
Boa remuneração
Bom relacionamento familiar
Adolescente
Repetência escolar
Namorada, escola
Centro profissionalizante
Mãe
Trabalho
Elogios, conversa
Padrasto
Trabalho
Familiares morarem próximo
Observação
Mesa sem represálias, mãe realiza uma vez ao mês um diálogo com os filhos, no qual podem falar tudo o que não
gostaram e ela tem de apenas escutar
68
Tabela 19. Panorama da Família 17 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 17
N° de pessoas na família = 3
Pobreza, perda de familiares
Doença crônica
Reuniões em família e festas
Bom relacionamento familiar
Adolescente
Doença crônica (cirurgias no ouvido)
Amigos, parentes, esporte
Música, escola
Mãe
Desemprego
Conversa
Pai
Trabalho
Conversa
Tabela 20. Panorama da Família 18 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 18
N° de pessoas na família = 8
Pobreza
Religião/Budismo
Festas em família, bolsa família
Adolescente
Escola, amigos,
Parentes, esporte
Centro profissionalizante
Mãe
Perda precoce dos pais, desemprego
Moradora de rua/abrigamento
Gravidez precoce, abandono de filhos
Familiares
Conversa
Presentear
Pai
Ex-presidiário (assalto)
Trabalho
69
Tabela 21. Panorama da Família 19 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas
educativas
Família 19
N° de pessoas na família =
8
Pobreza, gravidez precoce, alcoolismo/tio e pai
Drogas/filho, adoção do neto, doença crônica/avó e tio
Pensão da avó
Adolescente
Perda do pai, Gravidez precoce, repetência escolar
Centro
profissionalizante
Marido
Mãe
Maus-tratos, adoção, moradora de rua, trabalho infantil, sobrecarga de
responsabilidades (Cuidadora da mãe anciã e do irmão doente)
Trabalho
Presentear
Observação
A adolescente mora com o marido e o filho no mesmo terreno que a mãe, tio, avó e irmãos. Uniparental
Tabela 22. Panorama da Família 20 com relação à número de membros, adversidades, aspectos protetivos e práticas educativas
Famílias/Membros
Adversidades/estresse
Aspectos protetivos
Práticas educativas
Família 20
N° de pessoas na família =
4
Pobreza, gravidez precoce, assassinato do pai
Doença crônica/mãe
Ajuda de parentes
Adolescente
Gravidez precoce, repetência escolar
Término do namoro
Centro profissionalizante
Mãe
Perda do 1° marido (assassinado) e separação do 2°
Violência doméstica/companheiro
Depressão, mudança de casa
Trabalho
Conversa
Observação
Uniparental
3.2. Visão de saúde e doença mental dos adolescentes
O questionário sobre saúde e doença mental respondido pelos adolescentes
permitiu conhecer a visão que estes possuem acerca do que é estar saudável e doente
mentalmente/emocionalmente. Também investigou os estereótipos em saúde mental e
dos profissionais desta área, acesso aos serviços, rede de apoio e estratégias de cuidado.
Na Tabela 23 são apresentados os percentuais por item da escala likert da questão A
“Estar saudável mentalmente” na visão dos adolescentes. As cinco médias mais altas
foram alcançadas nos itens: “poder ir à escola”, “algo muito importante”, “poder se
relacionar bem com os outros”, “pensar positivo”, “ser otimista e poder pensar de forma
clara”. As mais baixas foram para os itens: “perceber o que não deve ser feito”, “não ter
problemas”, “eu sei mais ou menos o que é, mas é difícil explicar”, “não ser tão
sensível/frágil” e “não precisar ir ao psicólogo/psiquiatra”.
Tabela 23
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre “ ESTAR SAUDÁVEL
MENTALMENTE
Estar saudável
mentalmente significa”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar feliz, alegre
6,70 (2)
26,7 (8)
26,7 (8)
40,0 (12)
3,00 (0,98)
Não ser tão sensível/frágil
26,7 (8)
33,3 (10)
23,2 (7)
16,7 (5)
2,30 (1,05)
Poder pensar de forma
clara
3,3 (1)
16,7 (5)
43,3 (13)
36,7 (11)
3,13 (0,81)
Pensar positivo, ser
otimista
13,3 (4)
10,0 (3)
20,0 (6)
56,7 (17)
3,20 (1,09)
Ter controle sobre a
própria vida
6,70 (2)
20,0 (6)
26,7 (8)
46,7 (14)
3,13 (0,97)
Não usar drogas
16,7 (5)
10,0 (3)
16,7 (5)
56,7 (17)
3,13 (1,16)
Não ter problemas
13,3 (4)
36,7 (11)
26,7 (8)
20,0 (6)
2,55 (0,98)
Sentir-se equilibrado(a)
3,3 (1)
23,3 (7)
43,3 (13)
30,0 (9)
3,00 (0,83)
Ter energia, disposição
17,2 (5)
6,90 (2)
24,1 (7)
51,7 (15)
3,10 (1,14)
Não precisar ir ao
psicólogo/psiquiatra
36,7 (11)
30,0 (9)
20,0 (6)
13,3 (4)
2,10 (1,06)
Poder ir à escola
3,30 (1)
20,0 (6)
13,3 (4)
63,3 (19)
3,36 (0,92)
Poder se relacionar bem
com os outros
3,30 (1)
20,0 (6)
20,0 (6)
56,7 (17)
3,30 (0,91)
Ser normal
10,0 (3)
16,7 (5)
23,3 (7)
50,0 (15)
3,13 (1,04)
Perceber o que não deve
ser feito
10,0 (3)
26,7 (8)
26,7 (8)
36,7 (11)
2,90 (1,02)
Algo muito importante
6,70 (2)
10,0 (3)
26,7 (8)
56,7 (17)
3,33 (0,92)
Eu sei mais ou menos o
que é, mas é difícil explicar
16,7 (5)
30,0 (9)
40,0 (12)
13,3 (4)
2,50 (0,93)
71
Na Tabela 24 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão B “Estar doente mentalmente” na visão dos adolescentes. As cinco dias mais
altas foram nos itens: “algo que deve ser levado a sério”, “quando o corpo não está bem,
a cabeça também sofre e vice -versa”, “ter dificuldade de se concentrar bem”, “algo mais
difícil de controlar do que uma doença física/corpo” e “não se sentir bem”. As mais
baixas foram para os itens: “quando os profissionais como psicólogos/psiquiatras
aconselham um tratamento”, “estar triste, infeliz”, “algo que se tem desde o
nascimento”, “não ter amigos”, “ser diferente dos outros”.
Tabela 24
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre “E STAR DOENTE
MENTALMENTE
“Estar doente mentalmente
significa”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar triste, infeliz
43,3 (13)
30,0 (9)
16,7 (5)
10,0 (3)
1,93 (1,01)
Não se sentir bem
33,3 (10)
23,3 (7)
26,7 (8)
16,7 (5)
2,26 (1,11)
Ter sentimentos feridos,
sentir-se magoado
40,0 (12)
33,3 (10)
13,3 (4)
13,3 (4)
2,00 (1,05)
Que algo não está bem com a
cabeça
30,0 (9)
40,0 (12)
13,3 (4)
16,7 (5)
2,16 (1,05)
Estar estressado (a)
26,7 (8)
33,3 (10)
40,0 (12)
-
2,13 (0,81)
Ser diferente dos outros
66,7 (20)
10,0 (3)
13,3 (4)
10,0 (3)
1,66 (1,06)
Quando o corpo não está
bem, a cabeça também sofre
e vice-versa
16,7 (5)
40,0 (12)
10,0 (3)
33,3 (10)
2,60 (1,13)
Não conseguir enfrentar os
desafios do dia a dia
33,3 (10)
33,3 (10)
23,3 (7)
10,0 (3)
2,10 (0,99)
Algo mais difícil de controlar
do que uma doença
física/corpo
30,0 (9)
33,3 (10)
20,0 (6)
16,7 (5)
2,23 (1,07)
Ter dificuldade de se
concentrar bem
20,0 (6)
46,7 (14)
23,3 (7)
10,0 (3)
2,23 (0,89)
Não ter amigos
60,0 (18)
16,7 (5)
13,3 (4)
10,0 (3)
1,73 (1,04)
Quando os profissionais
como psicólogos/psiquiatras
aconselham um tratamento
46,7 (14)
20,0 (6)
20,0 (6)
13,3 (4)
2,00 (1,11)
Algo que não se percebe logo
36,7 (11)
30,0 (9)
26,7 (8)
6,70 (2)
2,03 (0,96)
Algo que deve ser levado a
sério
10,0 (3)
13,3 (4)
30,0 (9)
46,7 (14)
3,13 (1,00)
Algo que quase não pode ser
curado
30,0 (9)
40,0 (12)
16,7 (5)
13,3 (4)
2,13 (1,00)
Algo que se tem desde o
nascimento
50,0 (15)
26,7 (8)
16,7 (5)
6,70 (2)
1,80 (0,96)
É difícil de definir
34,5 (10)
31,0 (9)
10,3 (3)
24,1 (7)
2,24 (1,18)
72
A Tabela 25 apresenta os percentuais por item da escala likert da questão C
“Origem das idéias em saúde/doença mental” na visão dos adolescentes. As principais
pessoas ou instituições assinaladas foram: profissionais, escola, pais e mídia.
Tabela 25
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre “ ORIGEM DAS IDÉIAS EM
SAÚDE/DOENÇA MENTAL
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Dos pais
33,3 (10)
26,7 (8)
10,0 (3)
30,0 (9)
2,36 (1,24)
Dos meus avós
46,7 (14)
33,3 (10)
6,70 (2)
10,0 (3)
1,79 (0,97)
Dos meus irmãos
66,7 (20)
23,3 (7)
-
10,0 (3)
1,53 (0,93)
Dos meus amigos
43,3 (13)
40,0 (12)
6,70 (2)
10,0 (3)
1,83 (0,94)
Da escola
30,0 (9)
30,0 (9)
13,3 (4)
26,7 (8)
2,36 (1,18)
De profissionais
(médico, psic)
26,7 (8)
20,0 (6)
10,0 (3)
43,3 (13)
2,70 (1,29)
Da mídia (tv,
rádio, internet)
33,3 (10)
26,7 (8)
16,7 (5)
23,3 (7)
2,30 (1,17)
A Tabela 26 apresenta os percentuais por item da escala likert da questão D
“Religião e saúde/doença mental” na visão dos adolescentes. A maior média referiu -se à
contribuição da religião na cura de uma doença mental, seguido da saúde mental e
formação de uma doença mental.
Tabela 26
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes s obre a relação entre “ RELIGIÃO E
SAÚDE/DOENÇA MENTAL
“Religião
contribui para”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Saúde mental
36,7 (11)
46,7 (14)
3,30 (1)
13,3 (4)
1,93 (0,98)
Formação de
uma doença
mental
66,7 (20)
26,7 (8)
3,30 (1)
3,30 (1)
1,43 (0,72)
Cura de uma
doença mental
46,7 (14)
13,3 (4)
16,7 (5)
23,3 (7)
2,16 (1,26)
Na Tabela 27 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão G “Estereótipos em saúde mental e barreiras de acesso ao serviço” na visão dos
adolescentes. As cinco médias mais altas foram nos itens: não sabe o que o
psicólogo/psiquiatra vai fazer com ele, não quer ser gozado pelos colegas, caçoado,
pensa que quando se trata de problemas mentais só a própria pessoa que pode ajudar a si
mesma, pensa que só vai ao psicólogo ou psiquiatra quem o funciona bem ou é
maluco e tem medo de depois ter que mudar para uma classe ou escola especial. As
73
mais baixas foram para os itens: p ensa que uma terapia custa muito dinheiro, tem medo
de no fim ir para uma clínica, hospital psiquiátrico ou um lar, acha que esse problema é
normal na sua própria família, pensa que o consultório do psicólogo ou psiquiatra fica
muito longe de sua casa e pe nsa que os pais não querem que ele ao psiquiatra ou
psicólogo.
Tabela 27
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre ESTEREÓTIPOS EM
SAÚDE MENTAL E BARRE IRAS DE ACESSO AO SE RVIÇO
Motivos para não
buscar psicólogo/
psiquiatra
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Não sabe o que o
psicólogo/psiquiatra
vai fazer com ele
13,3 (4)
23,3 (7)
36,7 (11)
26,7 (8)
2,76 (1,00)
Pensa que os
psicólogos/psiquiatra
s dão muitos
medicamentos
30,0 (9)
30,0 (9)
26,7 (8)
13,3 (4)
2,23 (1,04)
Pensa que só vai ao
psicólogo ou
psiquiatra quem não
funciona bem ou é
maluco
33,3 (10)
16,7 (5)
16,7 (5)
33,3 (10)
2,50 (1,27)
Não quer ser gozado
pelos colegas,
caçoado
13,3 (4)
33,3 (10)
16,7 (5)
36,7 (11)
2,76 (1,10)
Tem medo de depois
ter que mudar para
uma classe ou escola
especial
26,7 (8)
33,3 (10)
16,7 (5)
23,3 (7)
2,36 (1,12)
Tem medo de no fim
ir para uma clínica,
hospital psiquiátrico
ou um lar
33,3 (10)
40,0 (12)
13,3 (4)
13,3 (4)
2,06 (1,01)
Pensa que quem é
realmente
responsável pelo
problema são os pais
e eles é que precisam
de ajuda
36,7 (11)
30,0 (9)
13,3 (4)
20,0 (6)
2,16 (1,14)
Pensa que os pais
não querem que ele
vá ao psiquiatra ou
psicólogo
60,0 (18)
30,0 (9)
10,0 (3)
16,7 (5)
1,50 (0,68)
74
Tabela 27
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre ESTEREÓTIPOS EM
SAÚDE MENTAL E BARRE IRAS DE ACESSO AO SE RVIÇO(continuação)
Motivos para não
buscar psicólogo/
psiquiatra
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Pensa que problemas
mentais devem ser
resolvidos em
família
26,7 (8)
33,3 (10)
16,7 (5)
23,3 (7)
2,36 (1,12)
Pensa que quando se
trata de problemas
mentais só a própria
pessoa que pode
ajudar a si mesma
26,7 (8)
23,3 (7)
23,3 (7)
26,7 (8)
2,50 (1,16)
Acha que esse
problema é normal
na sua própria
família
46,4 (13)
28,6 (8)
21,4 (6)
3,60 (1)
1,82 (0,90)
Pensa que uma
psicoterapia demora
muito tempo
31,0 (9)
37,9 (11)
17,2 (5)
13,8 (4)
2,13 (1,02)
Pensa que o
consultório do
psicólogo ou
psiquiatra fica muito
longe de sua casa
56,7 (17)
20,0 (6)
16,7 (5)
6,70 (2)
1,73 (0,98)
Pensa que uma
terapia custa muito
dinheiro
46,7 (14)
16,7 (5)
13,3 (4)
23,3 (7)
2,13 (1,25)
Acha que não é
necessário nenhuma
ajuda
50,0 (15)
6,70 (2)
10,0 (3)
33,3 (10)
2,26 (1,38)
Não sabe onde se
pode obter ajuda e
quem é competente
para isso
30,0 (9)
23,3 (7)
26,7 (8)
20,0 (6)
2,36 (1,12)
Na Tabela 28 são apresentados os percentuais por item da escala likert da questão H
“Tratamento para um problema mental” na visão dos adolescentes. As médias mais altas
se referem a uma visão positiva do tratamento/terapia, aparecendo em quarto lugar a
primeira visão negativa.
75
Tabela 28
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre TRATAMENTO PARA UM
PROBLEMA MENTAL
“Como imagina um
tratamento para um
problema mental”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
A terapia ajuda
20,0 (6)
10,0 (3)
33,3 (10)
36,7 (11)
2,86 (1,13)
Sente-se bem com o
terapeuta
23,3 (7)
40,0 (12)
20,0 (6)
13,3 (4)
2,24 (0,98)
Não aceitaria a terapia
no início
36,7 (11)
33,3 (10)
13,3 (4)
16,7 (5)
2,10 (1,09)
A terapia dá
estabilidade,
segurança, apoio
26,7 (8)
36,7 (11)
10,0 (3)
26,7 (8)
2,36 (1,15)
Pode expressar a
própria opinião
16,7 (5)
23,3 (7)
26,7 (8)
33,3 (10)
2,76 (1,10)
As pessoas olham de
forma estranha
quando ele for ao
consultório/clínica
26,7 (8)
36,7 (11)
13,3 (4)
23,3 (7)
2,33 (1,12)
De acordo com as respostas dos adolescentes no questionário, vinte e três
(76,7%) mencionaram não ter recebido nenhuma ajuda de um profissional como
psicólogo, psiquiatra ou psicoterapeuta. E sete (23,3%) já haviam recebido ajuda. Os
tipos de problemas citados por eles foram: medos e abuso sexual ”, separação dos
pais”, problema de concentração , problemas na cabeça, incomoda no colégio,
tristeza, perda dos paise problemas com os colegas . A média de idade em que
o problema apareceu foi de oito anos ( SD= 2,29), sendo o tratamento iniciado no
mesmo período do aparecimento do problema e todos concluídos cerca de cinco
anos (SD=2,22). Um único caso não houve sequer início do tratamento.
Na Tabela 29 o apresentados os pe rcentuais por item da escala likert da
questão F “Busca de apoio” dos adolescentes quando apresentam um problema mental.
As médias mais altas foram para mães, amigos, clínica ou hospital e o pai; as baixas
foram para irmãos, outro especialista como neurolo gista, pessoa do contexto religioso e
avô.
76
Tabela 29
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre BUSCA DE APOIO PARA
UM PROBLEMA MENTAL
“Quando tenho um problema
mental eu procuro”
Nunca
Rara
mente
Geral
mente
Sempre
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Minha mãe
23,3 (7)
10,0 (3)
13,3 (4)
53,3 (16)
2,96 (1,27)
Meu pai
44,8 (13)
24,1 (7)
6,90 (2)
24,1 (7)
2,10 (1,23)
Meus irmãos
60,0 (18)
26,7 (8)
-
10,0 (3)
1,58 (0,94)
Minha avó
60,0 (18)
16,7 (5)
10,0 (3)
13,3 (4)
1,76 (1,10)
Meu avô
73,3 (22)
13,3 (4)
6,70 (2)
6,70 (2)
1,46 (0,89)
Os amigos
33,3 (10)
26,7 (8)
16,7 (5)
23,3 (7)
2,30 (1,17)
O professor
50,0 (15)
33,3 (10)
10,0 (3)
6,70 (2)
1,73 (0,90)
Uma pessoa do contexto
religioso
73,3 (22)
13,3 (4)
3,3 (1)
10,0 (3)
1,50 (0,97)
Médico de família ou
pediatra
46,7 (14)
26,7 (8)
13,3 (4)
13,3 (4)
1,93 (1,08)
Uma pessoa da medicina
alternativa ou natural
56,7 (17)
33,3 (10)
3,30 (1)
6,70 (2)
1,60 (0,85)
Um psicólogo ou psiquiatra
56,7 (17)
16,7 (5)
13,3 (4)
13,3 (4)
1,83 (1,11)
Um outro especialista
(neurologista)
66,7 (10)
16,7 (5)
13,3 (4)
3,30 (1)
1,53 (0,86)
Uma clínica ou hospital
46,7 (14)
10,0 (3)
20,0 (6)
23,3 (7)
2,20 (1,27)
Na Tabela 30 o apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão H “Rede de apoio dos adolescentes na procura de ajuda profissional para um
problema mental”. As médias mais altas foram para mãe, médico (de família, pediatra,
agente de saúde) e pai. Em última instância foi apontado o professor/escola.
Tabela 30
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre “ REDE DE APOIO NA
PROCURA DE AJUDA PRO FISSIONAL PARA UM PR OBLEMA MENTAL
Quem procuraria ajuda
profissional para você
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Eu próprio
53,3 (16)
30,0 (9)
3,30 (1)
13,3 (4)
1,76 (1,04)
Minha mãe
16,7 (5)
10,0 (3)
3,30 (1)
70,0 (21)
3,26 (1,20)
Meu pai
51,7 (15)
13,8 (4)
13,8 (4)
20,7 (6)
2,03 (1,23)
Minha avó/avô
58,6 (17)
17,2 (5)
13,8 (4)
10,3 (3)
1,75 (1,05)
Professor/escola
70,0 (21)
16,7 (5)
-
13,3 (4)
1,56 (1,04)
Médico de família,
pediatra, agente de saúde,
outros
40,0 (12)
26,7 (8)
20,0 (6)
13,3 (4)
2,06 (1,08)
Conselho tutelar
66,7 (20)
13,3 (4)
13,3 (4)
6,70 (2)
1,60 (0,96)
Na Tabela 31 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão E “Estratégias de cuidado ao sentir -se mal mentalmente” na visão dos
adolescentes. As cinco médias mais altas foram para: procurar distrair -se (ler, ouvir
77
música), deve falar com alguém sobre o problema, deve ficar sozinho/a, retirar -se,
esperar um pouco e descansar, deve procurar mudar a situação. As baixas foram: não sei
o que devo fazer/dizer, deve conviver com isso, deve esperar ser procurado pelos outros,
deve procurar números de disque -ajuda, deve tentar medicina alternativa (homeopatia,
acupuntura, florais).
Tabela 31
Estatísticas Descritivas na Visão dos Adolescentes sobreESTRATÉGIAS DE
CUIDADO AO SENTIR-SE MAL MENTALMENTE
Estratégias de cuidado ao
sentir-se mal mentalmente
Nunca
Rara
mente
Geral
mente
Sempre
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Esperar um pouco, descansar
10,0 (3)
36,7 (11)
33,3 (10)
20,0 (6)
2,63 (0,92)
Procurar distrair-se: ler,
ouvir música
6,70 (2)
26,7 (8)
23,3 (7)
43,3 (13)
3,03 (0,99)
Deve conviver com isso
53,3 (16)
23,3 (7)
13,3 (4)
10,0 (3)
1,80 (1,03)
Deve pensar: isso não é tão
mal
43,0 (13)
33,3 (10)
16,7 (5)
6,70 (2)
1,86 (0,93)
Deve procurar mudar a
situação
13,8 (4)
37,9 (11)
24,1 (7)
24,1 (7)
2,58 (1,01)
Deve esperar ser procurado
pelos outros
60,0 (18)
16,7 (5)
10,0 (3)
13,3 (4)
1,76 (1,10)
Deve falar com alguém
sobre o problema
20,0 (6)
20,0 (6)
26,7 (8)
33,3 (10)
2,73 (1,14)
Deve tomar medicamentos
53,3 (16)
16,7 (5)
13,3 (4)
16,7 (5)
1,93 (1,17)
Deve tentar medicina
alternativa (homeopatia,
acupuntura, florais)
80,0 (24)
10,0 (3)
6,70 (2)
3,30 (1)
1,33 (0,75)
Deve tentar meios naturais,
caseiros (chás, banhos)
20,0 (6)
30,0 (9)
26,7 (8)
23,3 (7)
2,53 (1,07)
Deve procurar números de
disque-ajuda
73,3 (22)
13,3 (4)
13,3 (4)
-
1,40 (0,72)
Não deve procurar ajuda
33,3 (10)
33,3 (10)
10,0 (3)
23,3 (7)
2,23 (1,16)
Deve ficar sozinho/a, retirar -
se
17,2 (5)
34,5 (10)
6,90 (2)
41,4 (12)
2,72 (1,19)
Pensa que nada e ninguém
pode ajudar
33,3 (10)
30,0 (9)
20,0 (6)
16,7 (5)
2,20 (1,09)
Não sei o que devo
fazer/dizer
43,3 (13)
40,0 (12)
10,0 (3)
6,70 (2)
1,80 (0,88)
Na Tabela 32 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão I “Manutenção da saúde mental na família” na visão dos adolescentes. As cinco
médias mais altas foram em: ter tempo livre/lazer em comum, haver comunicação
agradável entre os membros da família, haver consenso/acordo entre os pais, sentir -se
aceito/amado como se é e ter pais que orientam/ensinam. As baixas foram: ter relações
próximas com os outros membros da família, ter compreensão mútua, estar satisfeito e
78
satisfazer os outros na família, poder partilhar na família experiências e carregar
problemas em conjunto e ter uma orientação religiosa.
Tabela 32
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre “ MANUTENÇÃO DA SAÚDE
MENTAL NA FAMÍLIA
“É importante...”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar satisfeito e
satisfazer os outros na
família
20,0 (6)
23,3 (7)
23,3 (7)
33,3 (10)
2,70 (1,14)
Sentir-se aceito/amado
como se é
3,30 (1)
16,7 (5)
26,7 (8)
53,3 (16)
3,30 (0,87)
Haver comunicação
agradável entre os
membros da família
3,30 (1)
13,3 (4)
30,0 (9)
53,3 (16)
3,33 (0,84)
Chamar a atenção dos
outros para o lado bom
das coisas
13,3 (4)
6,70 (2)
43,3 (13)
36,7 (11)
3,03 (0,99)
Saber ouvir e falar entre
si, estar disponível para o
diálogo
13,3 (4)
6,70 (2)
30,0 (9)
50,0 (15)
3,16 (1,05)
Haver consenso/acordo
entre os pais
6,70 (2)
10,0 (3)
26,7 (8)
56,7 (17)
3,33 (0,92)
Ter pais que
orientam/ensinam
10,0 (3)
13,3 (4)
13,3 (4)
63,3 (19)
3,30 (1,05)
Ter compreensão mútua
13,8 (4)
20,7 (6)
37,9 (11)
27,6 (8)
2,79 (1,01)
Poder partilhar na família
experiências e carregar
problemas em conjunto
20,7 (6)
17,2 (5)
37,9 (11)
24,1 (7)
2,65 (1,07)
Poder confiar uns nos
outros
10,3 (3)
10,3 (3)
27,6 (8)
51,7 (15)
3,20 (1,01)
Ter as refeições em
conjunto na família
10,3 (3)
17,2 (5)
24,1 (7)
48,3 (14)
3,10 (1,04)
Ter relações próximas
com os outros membros
da família
6,70 (2)
36,7 (11)
40,0 (12)
16,7 (5)
2,66 (0,84)
Ter uma orientação
religiosa
26,7 (8)
40,0 (12)
13,3 (4)
20,0 (6)
2,26 (1,08)
Ter tempo livre/lazer em
comum
6,70 (2)
3,30 (1)
30,0 (9)
60,0 (18)
3,43 (0,85)
Na Tabela 33 o apresentados os percentuais por item da escala likert das
questões J a N sobre “Bem -estar pessoal”. Entre os adolescentes, quase 97%
mencionaram não ter nenhuma condição física crônica ou incapacidade e 3,3%
apresentaram. Acerca da de scrição da saúde, dois adolescentes nomearam considerar
sua saúde excelente; nove, como muito boa; dezesseis mencionaram boa; dois como
e um como muito má.
79
Tabela 33
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre BEM-ESTAR PESSOAL
Na última
semana
Nada
Pouco
Modera.
Muito
Total
mente
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Sentiu-se
bem e em
forma
10,0 (3)
16,7 (5)
13,3 (4)
30,0 (9)
30,0 (9)
3,53 (1,35)
Esteve
fisicamente
ativo
13,3 (4)
10,0 (3)
6,70 (2)
30,0 (9)
40,0 (12)
3,73 (1,43)
Teve bom
desempenho
nas
atividades
físicas
3,30 (1)
16,7 (5)
16,7 (5)
23,3 (7)
40,0 (12)
3,80 (1,24)
Sentiu-se
cheio de
energia
6,70 (2)
10,0 (3)
26,7 (8)
16,7 (5)
40,0 (12)
3,73 (1,28)
Sentiu-se
satisfeito/a
com a
própria vida
6,70 (2)
23,3 (7)
10,0 (3)
30,0 (9)
30,0 (9)
3,53 (1,33)
Esteve de
bom humor
10,0 (3)
6,70 (2)
20,0 (6)
26,7 (8)
36,7 (11)
3,73 (1,31)
Divertiu-se
3,30 (1)
10,0 (3)
20,0 (6)
26,7 (8)
40,0 (12)
3,90 (1,15)
Sentiu-se
triste
20,0 (6)
26,7 (8)
30,0 (9)
16,7 (5)
6,70 (2)
2,63 (1,18)
Sentiu-se tão
mal que não
quis fazer
nada
53,3 (16)
13,3 (4)
16,7 (5)
13,3 (4)
3,30 (1)
2,00 (1,25)
Sentiu-se
sozinho
43,3 (13)
26,7 (8)
10,0 (3)
6,70 (2)
13,3 (4)
2,20 (1,42)
Sentiu-se
feliz com a
sua maneira
de ser
10,0 (3)
10,0 (3)
10,0 (3)
26.7 (8)
43,3 (13)
3,83 (1,36)
Teve tempo
suficiente
para si
10,0 (3)
26,7 (8)
13,3 (4)
20,0 (6)
30,0 (9)
3,33 (1,42)
80
Tabela 33
Estatísticas Descritivas da Visão dos Adolescentes sobre BEM-ESTAR PESSOAL
(continuação)
Na última
semana
Nunca
Raramente
Alguma
s vezes
Frequent
emente
Sempre
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
No tempo livre
foi capaz de
fazer o que gosta
6,70 (2)
10,0 (3)
20,0 (6)
10,0 (3)
53,3 (16)
3,93 (1,33)
Seus pais
tiveram tempo
suficiente para
você
10,0 (3)
20,0 (6)
16,7 (5)
16,7 (5)
36,7 (11)
3,50 (1,43)
Seus pais o/a
trataram com
justiça
13,3 (4)
23,3 (7)
10,0 (3)
10,0 (3)
43,3 (13)
3,46 (1,56)
Foi capaz de
conversar com
seus pais quando
quis
13,3 (4)
16,7 (5)
13,3 (4)
10,0 (3)
46,7 (14)
3,60 (1,54)
Deve dinheiro
suficiente para
fazer as mesmas
atividades que os
amigos
20,0 (6)
30,0 (9)
10,0 (3)
23,3 (7)
16,7 (5)
2,86 (1,43)
Teve dinheiro
suficiente para
suas próprias
despesas
23,3 (7)
10,0 (3)
33,3
(10)
6,7 (2)
26,7 (8)
3,03 (1,49)
Passou tempo
com seus amigos
13,3 (4)
13,3 (4)
16,7 (5)
20,0 (6)
36,7 (11)
3,53 (1,45)
Divertiu-se com
seus amigos
6,70 (2)
13,3 (4)
10,0 (3)
20,0 (6)
50,0 (15)
3,93 (1,33)
Você e seus
amigos se
ajudaram uns
aos outros
10,0 (3)
10,0 (3)
6,70 (2)
27,6 (8)
44,8 (13)
3,86 (1,38)
Sentiu que podia
confiar nos seus
amigos
10,0 (3)
20,0 (6)
16,7 (5)
6,70 (2)
46,7 (14)
3,60 (1,49)
Sentiu-se feliz
na escola
6,70 (2)
20,0 (6)
16,7 (5)
20,0 (6)
36,7 (11)
3,60 (1,35)
Foi bom aluno
na escola
3,40 (1)
13,8 (4)
27,6 (8)
27,6 (8)
27,6 (8)
3,62 (1,14)
Se sentiu capaz
de prestar
atenção
-
13,3 (4)
23,3 (7)
13,3 (4)
50,0 (15)
4,00 (1,14)
Teve boa relação
com professores
3,30 (1)
-
20,0 (6)
16,7 (5)
60,0 (18)
4.30 (1,02)
Na Tabela 34 o apresentados o s resultados das diferenças por sexo dos
adolescentes nos itens em que foram observadas diferenças significativas. Para isto,
81
foram analisadas as médias e desvio padrão em todos os itens do instrumento, utilizando
o teste t de Student. Apesar do baixo núme ro de participantes para ser realizado esta
análise, os dados indicam que itens podem apresentar diferenças significativas se
reproduzido em amostras maiores.
Na questão A “Estar saudável mentalmente” houve diferença significativa em
dois itens: estar feliz e não ser tão sensível. Na questão B “Estar doente mentalmente”
houve em apenas um item: ser diferente dos outros. Para a questão C sobre “Origem das
idéias em saúde/doença mental” apareceu diferença no item referente aos avós. Na
questão F acerca da “B usca de ajuda” houve diferença nos itens amigos, pessoa do
contexto religioso e da medicina alternativa ou natural. Para a questão G sobre os
“Estereótipos e acesso ao serviço” observou -se diferença nos itens: tem medo de no fim
ir para uma clínica, hospit al psiquiátrico ou um lar e acha que esse problema é normal
na sua própria família. Na questão H acerca do “Tratamento para um problema mental”
a diferença entre sexo foi no item: pode expressar a própria opinião. E na escala de
“Bem-estar pessoal” as diferenças foram nos itens: teve bom desempenho nas atividades
físicas e sentiu-se cheio/a de energia.
Tabela 34
Itens das Questões com Diferenças Significativas por Sexo entre os Adolescentes
Feminino
M(SD)
Masculino
M(SD)
t
df
p
Estar feliz, alegre
2,68
(0,79)
3,35
(1,08)
-
1,95
28
0,06
“Estar saudável
mentalmente significa
para mim...”
Não ser tão
sensível/frágil
1,93
(0,92)
2,71
(1,06)
-
2,13
28
0,04
“Estar doente
mentalmente significa
para mim...”
Ser diferente dos
outros
1,31
(0,70)
2,07
(1,26)
-
2,06
28
0,05
“De onde vêm suas
idéias sobre
saúde/doença
mental...”
Dos meus avós
1,46
(0,63)
2,14
(1,16)
-
1,95
27
0,06
Os amigos
2,75
(1,06)
1,78
(1,12)
2,41
28
0,02
Uma pessoa do
contexto religioso
1,87
(1,20)
1,07
(0,26)
2,59
28
0,02
“Quando tenho um
problema mental eu
procuro...”
Uma pessoa da
medicina alternativa
ou natural
1,87
(1,02)
1,28
(0,46)
1,97
28
0,05
82
Tabela 34
Itens das Questões com Diferenças Significativas por Sexo entre os Adolescentes
(Continuação)
Feminino
M(SD)
Masculino
M(SD)
t
df
P
Tem medo de no fim
ir para uma clínica,
hospital psiquiátrico
ou um lar
1,56
(0,51)
2,64
(1,15)
-
3,24
28
0,00
Estereótipos e
barreiras de acesso
ao serviço para um
problema mental
Acha que esse
problema é normal
na sua própria
família
2,06
(0,92)
1,42
(0,75)
2,03
28
0,04
“Como imagina um
tratamento para um
problema mental”
Pode expressar a
própria opinião
3,12
(0,95)
2,35
(1,15)
1,99
28
0,05
Teve bom
desempenho nas
atividades físicas
3,37
(1,20)
4,28
(1,13)
-
2,11
28
0,04
“Condição de saúde
na última semana”
Sentiu-se cheio/a de
energia
3,18
(1,27)
4,35
(1,00)
-
2,75
28
0,01
3.3. Visão de saúde e doença mental dos adolescentes por seus cuidadores do sexo
feminino
Na Tabela 35 são apresentados os perc entuais por item da escala likert da
questão A “Estar saudável mentalmente” na visão das cuidadoras. Podem -se observar as
médias mais altas e baixas para os itens.
Na Tabela 36 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão B Estar doente mentalmente” na visão das cuidadoras. Podem -se observar as
médias mais altas e baixas para os itens.
A Tabela 37 apresenta os percentuais por item da escala likert da questão C
sobre a “Origem das idéias em saúde/doença mental” na visão das cuidador as. As
principais pessoas ou instituições assinaladas foram: escola, mídia, pais e profissionais.
83
Tabela 35
Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “ESTAR SAUDÁVEL
MENTALMENTE
Estar saudável
mentalmente significa”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar feliz, alegre
5,6 (1)
27,8 (5)
16,7 (3)
50,0 (9)
3,11 (1,02)
Não ser tão sensível/frágil
16,7 (3)
44,4 (8)
16,7 (3)
22,2 (4)
2,44 (1,04)
Poder pensar de forma clara
-
33,3 (6)
16,7 (3)
50,0 (9)
3,16 (0,92)
Pensar positivo, ser otimista
-
11,1 (2)
38,9 (7)
50,0 (9)
3,38 (0,69)
Ter controle sobre a própria
vida
5,6 (1)
11,1 (2)
22,2 (4)
61,1 (11)
3,38 (0,91)
Não usar drogas
5,6 (1)
5,6 (1)
11,1 (2)
77,8 (14)
3,61 (0,84)
Não ter problemas
27,8 (5)
33,3 (6)
11,1 (2)
27,8 (5)
2,38 (1,19)
Sentir-se equilibrado(a)
11,1 (2)
22,2 (4)
33,3 (6)
33,3 (6)
2,88 (1,02)
Ter energia, disposição
5,6 (1)
-
16,7 (3)
77,8 (14)
3,66 (0,76)
Não precisar ir ao
psicólogo/psiquiatra
38,9 (7)
5,6 (1)
-
55,6 (10)
2,72 (1,48)
Poder ir à escola
16,7 (3)
-
11,1 (2)
72,2 (13)
3,38 (1,14)
Poder se relacionar bem com
os outros
-
16,7 (3)
38,9 (7)
44,4 (8)
3,27 (0,75)
Ser normal
11,1 (2)
16,7 (3)
27,8 (5)
16,7 (3)
3,05 (1,05)
Perceber o que não deve ser
feito
11,1 (2)
-
33,3 (6)
55,6 (10)
3,33 (0,97)
Algo muito importante
5,6 (1)
11,1 (2)
27,8 (5)
55,6 (10)
3,33 (0,90)
Eu sei mais ou menos o que
é, mas é difícil explicar
6,7 (2)
27,8 (5)
33,3 (6)
27,8 (5)
2,77 (1,00)
Tabela 36
Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “E STAR DOENTE
MENTALMENTE
“Estar doente
mentalmente significa”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar triste, infeliz
16,7 (3)
22,2 (4)
5,6 (1)
55,6 (10)
3,00 (1,23)
Não se sentir bem
11,1 (2)
33,3 (6)
16,7 (3)
38,9 (7)
2,83 (1,09)
Ter sentimentos feridos,
sentir-se magoado
5,6 (1)
33,3 (6)
27,8 (5)
33,3 (6)
2,88 (0,96)
Que algo não está bem
com a cabeça
11,1 (2)
38,9 (7)
11,1 (2)
38,9 (7)
2,77 (1,11)
Estar estressado (a)
22,2 (4)
27,8 (5)
27,8 (5)
22,2 (4)
2,50 (1,09)
Ser diferente dos outros
50,0 (9)
27,8 (5)
5,6 (1)
16,7 (3)
1,88 (1,13)
Quando o corpo não está
bem, a cabeça também
sofre e vice-versa
-
22,2 (4)
27,8 (5)
50,0 (9)
3,27 (0,82)
Não conseguir enfrentar os
desafios do dia a dia
11,1 (2)
16,7 (3)
27,8 (5)
44,4 (8)
3,05 (1,05)
Algo mais difícil de
controlar do que uma
doença física/corpo
16,7 (3)
33,3 (6)
27,8 (5)
22,2 (4)
2,55 (1,04)
84
Tabela 36
Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “E STAR DOENTE
MENTALMENTE(Continuação)
“Estar doente mentalmente
significa”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Ter dificuldade de se
concentrar bem
5,6 (1)
22,2 (4)
22,2 (4)
50,0 (9)
3,16 (0,98)
Não ter amigos
33,3 (6)
22,2 (4)
27,8 (5)
16,7 (3)
2,27 (1,12)
Quando os profissionais
como psicólogos/psiquiatras
aconselham um tratamento
16,7 (3)
22,2 (4)
22,2 (4)
38,9 (7)
2,83 (1,15)
Algo que não se percebe logo
22,2 (4)
22,2 (4)
11,1 (2)
44,0 (8)
2,77 (1,26)
Algo que deve ser levado a
sério
-
11,1 (2)
11,1 (2)
77,8 (14)
3,66 (0,68)
Algo que quase não pode ser
curado
33,3 (6)
22,2 (4)
11,1 (2)
33,3 (6)
2,44 (1,29)
Algo que se tem desde o
nascimento
38,9 (7)
27,8 (5)
5,6 (1)
27,8 (5)
2,22 (1,26)
É difícil de definir
22,2 (4)
11,1 (2)
27,8 (5)
38,9 (7)
2,83 (1,20)
Tabela 37
Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “ ORIGEM DAS IDÉIAS EM
SAÚDE/DOENÇA MENTAL ” dos(as) Adolescentes
Origem
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Dos pais
22,2 (4)
38,9 (7)
11,1 (2)
27,8 (5)
2,44 (1,14)
Dos avós
61,1 (11)
16,7 (3)
11,1 (2)
11,1 (2)
1,72 (1,07)
Dos irmãos
55,6 (10)
11,1 (2)
16,7 (3)
16,7 (3)
1,94 (1,21)
Dos amigos
50,0 (9)
38,9 (7)
5,6 (1)
5,6 (1)
1,66 (0,84)
Da escola
16,7 (3)
22,2 (4)
27,8 (5)
33,3 (6)
2,77 (1,11)
De profissionais
(médico, psic)
27,8 (5)
27,8 (5)
22,2 (4)
22,2 (4)
2,38 (1,14)
Da mídia (tv,
rádio, internet)
23,5 (4)
29,4 (5)
23,5 (4)
23,5 (4)
2,47 (1,12)
A Tabela 38 apresenta os percentuais por item da escala likert da questão D
“Religião e saúde/doença mental” na visão das cuidadoras. A mai or média referiu-se à
contribuição da religião para a saúde mental.
85
Tabela 38
Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre a relação entre “ RELIGIÃO E
SAÚDE/DOENÇA MENTAL
“Religião
contribui para”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Saúde mental
44,4 (8)
16,7 (3)
5,6 (1)
33,3 (6)
2,27 (1,36)
Formação de
uma doença
mental
38,9 (7)
50,0 (9)
5,6 (1)
5,6 (1)
1,77 (0,80)
Cura de uma
doença mental
44,4 (8)
27,8 (5)
11,1 (2)
16,7 (3)
2,00 (1,13)
Na Tabela 39 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão G sobre os “Estereótipos em saúde mental e barreiras de acesso ao serviço” na
visão das cuidadoras. Podem -se observar as médias mais al tas e baixas para os itens.
Na Tabela 40 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão H sobre o “Tratamento para um problema mental” na visão das cuidadoras. As
médias mais altas se referem a uma visão positiva do tratamento/terapia .
Na Tabela 41 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão F acerca da “Busca de apoio” dos adolescentes quando apresentam um
problema mental. As médias mais altas foram para mães, irmãos, professora e psicólogo
ou psiquiatra.
Na Tabela 42 o apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão H investigando a Rede de apoio dos adolescentes na procura de ajuda
profissional para um problema mental”. As médias mais altas foram para e, escola e
pai.
86
Tabela 39
Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “ESTEREÓTIPOS EM SAÚDE MENTAL E BARREIRAS DE ACESSO AO SERVIÇO
“Motivos para não buscar psicólogo/ psiquiatra”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Não sabe o que o psicólogo/psiquiatra vai fazer com ele
16,7 (3)
38,9 (7)
16,7 (3)
27,8 (5)
2,55 (1,09)
Pensa que os psicólogos/psiquiatras dão muitos medicamentos
22,2 (4)
27,8 (5)
16,7 (3)
33,3 (6)
2,61 (1,19)
Pensa que só vai ao psicólogo ou psiquiatra quem não funciona
bem ou é maluco
22,2 (4)
22,2 (4)
22,2 (4)
33,3 (6)
2,66 (1,18)
Não quer ser gozado pelos colegas, caçoado
16,7 (3)
27,8 (5)
33,3 (6)
22,2 (4)
2,61 (1,03)
Tem medo de depois ter que mudar para uma classe ou escola
especial
33,3 (6)
22,2 (4)
27,8 (5)
16,7 (3)
2,27 (1,12)
Tem medo de no fim ir para uma clínica, hospital psiquiátrico ou
um lar
11,1 (2)
44,4 (8)
22,2 (4)
22,2 (4)
2,55 (0,98)
Pensa que quem é realmente responsável pelo problema são os pais
e eles é que precisam de ajuda
11,1 (2)
27,8 (5)
38,9 (7)
22,2 (4)
2,72 (0,95)
Pensa que os pais não querem que ele vá ao psiquiatra ou psicólogo
72,2 (13)
16,7 (3)
5,6 (1)
5,6 (1)
1,44 (0,85)
Pensa que problemas mentais devem ser resolvidos em família
38,9 (7)
16,7 (3)
27,8 (5)
16,7 (3)
2,22 (1,16)
Pensa que quando se trata de problemas mentais só a própria
pessoa que pode ajudar a si mesma
50,0 (9)
22,2 (4)
11,1 (2)
16,7 (3)
1,94 (1,16)
Acha que esse problema é normal na sua própria família
66,7 (12)
16,7 (3)
11,1 (2)
5,6 (1)
1,55 (0,92)
Pensa que uma psicoterapia demora muito tempo
22,2 (4)
44,4 (8)
27,8 (5)
5,6 (1)
2,16 (0,85)
Pensa que o consultório do psicólogo ou psiquiatra fica muito
longe de sua casa
61,1 (11)
22,2 (4)
16,7 (3)
-
1,55 (0,78)
Pensa que uma terapia custa muito dinheiro
50,0 (9)
16,7 (3)
22,2 (4)
11,1 (2)
1,94 (1,10)
Acha que não é necessário nenhuma ajuda
61,1 (11)
11,1 (2)
16,7 (3)
11,1 (2)
1,77 (1,11)
Não sabe onde se pode obter ajuda e quem é competente para isso
22,2 (4)
33,3 (6)
11,1 (2)
33,3 (6)
2,55 (1,19)
Tabela 40. Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre TRATAMENTO
PARA UM PROBLEMA MEN TAL
“Como imagina
um tratamento
para um problema
mental”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
A terapia ajuda
5,6 (1)
11,1 (2)
33,3 (6)
50,0 (9)
3,27 (0,89)
Sente-se bem com
o terapeuta
11,1 (2)
22,2 (4)
38,9 (7)
27,8 (5)
2,83 (0,98)
Não aceitaria a
terapia no início
50,0 (9)
38,9 (7)
5,6 (1)
5,6 (1)
1,66 (0,84)
A terapia dá
estabilidade,
segurança, apoio
5,6 (1)
27,8 (5)
33,3 (6)
33,3 (6)
2,94 (0,93)
Pode expressar a
própria opinião
16,7 (3)
-
38,9 (7)
44,4 (8)
3,11 (1,07)
As pessoas olham
de forma estranha
quando ele for ao
consultório/clínica
77,8 (14)
5,6 (1)
11,1 (2)
5,6 (1)
1,44 (0,92)
Tabela 41
Estatísticas Descritivas da Visão da s Cuidadoras sobre “BUSCA DE APOIO PARA
UM PROBLEMA MENTAL
“Quando ele(a) tem um
problema mental procuro”
Nunca
Rara
mente
Geral
mente
Sempre
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
e
5,6 (1)
-
-
94,4 (17)
3,83 (0,70)
Pai
50,0 (9)
22,2 (4)
5,6 (1)
22,2 (4)
2,00 (1,23)
Irmãos
33,3 (6)
5,6 (1)
27,8 (5)
33,3 (6)
2,61 (1,28)
Avó
50,0 (9)
27,8 (5)
-
22,2 (4)
1,94 (1,21)
Avô
77,8 (14)
16,7 (3)
5,6 (1)
-
1,27 (0,57)
Os amigos
38,9 (7)
38,9 (7)
16,7 (3)
5,6 (1)
1,88 0,90)
O professor
22,2 (4)
44,4 (8)
11,1 (2)
22,2 (4)
2,33 (1,08)
Uma pessoa do contexto
religioso
50,0 (9)
27,8 (5)
5,6 (1)
16,7 (3)
1,88 (1,13)
Médico de família ou
pediatra
22,2 (4)
50,0 (9)
11,1 (2)
16,7 (3)
2,22 (1,00)
Uma pessoa da medicina
alternativa ou natural
55,6 (10)
16,7 (3)
11,1 (2)
16,7 (3)
1,88 (1,18)
Um psicólogo ou psiquiatra
33,3 (6)
27,8 (5)
11,1 (2)
27,8 (5)
2,33 (1,23)
Um outro especialista
(neurologista)
44,4 (8)
22,2 (4)
16,7 (3)
16,7 (3)
2,05 (1,16)
Uma clínica ou hospital
23,5 (4)
17,6 (3)
17,6 (3)
41,2 (7)
2,05 (1,25)
88
Tabela 42
Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “ REDE DE APOIO NA
PROCURA DE AJUDA PRO FISSIONAL PARA UM PROBLEMA M ENTALdo
Adolescente
Quem procuraria ajuda
profissional para ele(a)”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Filho(a)
77,8 (14)
5,6 (1)
5,6 (1)
11,1 (2)
1,50 (1,04)
Mãe
16,7 (3)
5,6 (1)
16,7 (3)
61,1 (11)
3,22 (1,16)
Pai
38,9 (7)
16,7 (3)
11,1 (2)
33,3 (6)
2,38 (1,33)
Avó/avô
55,6 (10)
11,1 (2)
5,6 (1)
27,8 (5)
2,05 (1,34)
Professor/escola
16,7 (3)
22,2 (4)
22,2 (4)
38,9 (7)
2,83 (1,15)
Médico de família,
pediatra, agente de saúde,
outros
27,8 (5)
27,8 (5)
27,8 (5)
16,7 (3)
2,33 (1,08)
Conselho tutelar
50,0 (9)
11,1 (2)
11,1 (2)
27,8 (5)
2,16 (1,33)
Tabela 43
Estatísticas Descritivas na Visão das Cuidadoras sobreESTRATÉGIAS DE
CUIDADO AO SENTIR-SE MAL MENTALMENTE
“Digo ao meu filho que”
Nunca
Rara
mente
Geral
mente
Sempre
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Esperar um pouco, descansar
16,7 (3)
27,8 (5)
27,8 (5)
27,8 (5)
2,66 (1,08)
Procurar distrair-se: ler,
ouvir música
11,1 (2)
27,8 (5)
11,1 (2)
50,0 (9)
3,00 (1,13)
Deve conviver com isso
83,3 (15)
16,7 (3)
-
-
1,16 (0,38)
Deve pensar: isso não é tão
mal
44,4 (8)
27,8 (5)
16,7 (3)
11,1 (2)
1,94 (1,05)
Deve procurar mudar a
situação
22,2 (4)
5,6 (1)
33,3 (6)
38,9 (7)
2,88 (1,18)
Deve esperar ser procurado
pelos outros
94,4 (17)
5,6 (1)
-
-
1,05 (0,23)
Deve falar com alguém
sobre o problema
16,7 (3)
11,1 (2)
11,1 (2)
61,1 (11)
3,16 (1,20)
Deve tomar medicamentos
44,4 (8)
33,3 (6)
16,7 (3)
5,6 (1)
1,83 (0,92)
Deve tentar medicina
alternativa (homeopatia,
acupuntura, florais)
66,7 (12)
5,6 (1)
5,6 (1)
22,2 (4)
1,83 (1,29)
Deve tentar meios naturais,
caseiros (chás, banhos)
11,1 (2)
22,2 (4)
11,1 (2)
55,6 (10)
2,53 (1,07)
Deve procurar números de
disque-ajuda
44,4 (8)
38,9 (7)
5,6 (1)
11,1 (2)
1,83 (0,98)
Não deve procurar ajuda
72,2 (13)
-
-
27,8 (5)
1,83 (1,38)
Deve ficar sozinho/a, retirar -
se
61,1 (11)
16,7 (3)
11,1 (2)
11,1 (2)
1,72 (1,07)
Pensa que nada e ninguém
pode ajudar
66,7 (12)
16,7 (3)
11,1 (2)
5,6 (1)
1,55 (0,92)
Não sei o que devo
fazer/dizer
22,2 (4)
44,4 (8)
16,7 (3)
16,7 (3)
2,27 (1,01)
89
Na Tabela 43 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão E acerca das “Estratégias de cuidado ao sentir -se mal mentalmente” utilizadas
pelos adolescentes na visão das cuidadoras. Podem -se observar as médias mais altas e
baixas para cada item da questão.
Na Tabela 44 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão I “Manutenção da saúde mental na família” na visão das cui dadoras. As médias
mais altas foram em: sentir -se aceito/amado, ter pais que orientam/ensinam, ter um
equilíbrio entre a vida profissional e privada, haver consenso/acordo entre os pais e
poder confiar uns nos outros.
Na Tabela 45 são apresentados os perc entuais por item da escala likert da
questão J O que faz enquanto cuidadora para manter a saúde mental dos filhos(as)” . As
médias mais altas foram em: dar aos meus filhos(as) amor e segurança, tentar perceber
os meus filhos(as) com as suas necessidades, e star sempre disponível para ouvir e
manter um diálogo aberto com os meus filhos(as), conhecer os amigos(as) dos meus
filhos(as) e incentiva-los(as) a boas companhias e ensinar aos meus filhos(as) a ver s
vida de forma positiva.
90
Tabela 44
Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre “MANUTENÇÃO DA SAÚDE MENTAL NA FAMÍLIA
“É importante...”
Não concordo
Concordo parte
Concordo bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar satisfeito e satisfazer os outros na
família
5,6 (1)
27,8 (5)
22,2 (4)
44,4 (8)
3,05 (0,99)
Sentir-se aceito/amado como se é
-
-
33,3 (6)
66,7 (12)
3,66 (0,48)
Haver comunicação agradável entre os
membros da família
-
16,7 (3)
27,8 (5)
55,6 (10)
3,38 (0,77)
Chamar a atenção dos outros para o lado
bom das coisas
5,6 (1)
11,1 (2)
33,3 (6)
50,0 (9)
3,27 (0,89)
Saber ouvir e falar entre si, estar
disponível para o diálogo
5,6 (1)
16,7 (3)
33,3 (6)
44,4 (8)
3,16 (0,92)
Haver consenso/acordo entre os pais
-
11,1 (2)
27,8 (5)
61,1 (11)
3,50 (0,70)
Ter pais que orientam/ensinam
-
-
33,3 (6)
66,7 (12)
3,66 (0,48)
Ter compreensão mútua
-
11,1 (2)
38,9 (7)
50,0 (9)
3,38 (0,69)
Poder partilhar na família experiências e
carregar problemas em conjunto
5,6 (1)
11,1 (2)
33,3 (6)
50,0 (9)
3,27 (0,89)
Poder confiar uns nos outros
-
11,1 (2)
27,8 (5)
61,1 (11)
3,50 (0,70)
Ter as refeições em conjunto na família
5,6 (1)
16,7 (3)
16,7 (3)
61,1 (11)
3,33 (0,97)
Ter relações próximas com os outros
membros da família
11,1 (2)
11,1 (2)
33,3 (6)
44,4 (8)
3,11 (1,02)
Ter uma orientação religiosa
11,1 (2)
27,8 (5)
16,7 (3)
44,4 (8)
2,94 (1,10)
Ter tempo livre/lazer em comum
-
22,2 (4)
22,2 (4)
55,6 (10)
3,33 (0,84)
Ter um equilíbrio entre a vida profissional
e a vida privada, entre família e trabalho
-
11,1 (2)
22,2 (4)
66,7 (12)
3,55 (0,70)
91
Tabela 45
Estatísticas Descritivas da Visão das Mães sobre “O QUE FAZ ENQUANTO MÃE PARA MANTER A SAÚDE MENTAL DOS FILHOS(AS)
“É importante...”
Não
concordo
Concordo parte
Concordo bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar feliz e alegre e tentar fazer os meus
filhos(as) felizes
-
11,1 (2)
27,8 (5)
61,1 (11)
3,50 (0,70)
Aceitar cada filho(a) como ele(a) é e não
preferir um em especial
11,1 (2)
-
22,2 (4)
66,7 (12)
3,44 (0,98)
Motivar os meus filhos(as) para o esporte
-
5,6 (1)
44,4 (8)
50,0 (9)
3,44 (0,61)
Transmitir aos meus filhos(as) calma e paz
-
11,1 (2)
27,8 (5)
61,1 (11)
3,50 (0,70)
Incentivar a vida familiar, por exemplo, o
estar junto ou passeios aos fins de semana
-
27,8 (5)
27,8 (5)
44,4 (8)
3,16 (0,85)
Ensinar aos meus filhos(as) a ver s vida de
forma positiva
-
11,1 (2)
16,7 (3)
72,2 (13)
3,61 (0,69)
Estar sempre disponível para ouvir e manter
um dialogo aberto com os meus filhos(as)
-
5,6 (1)
27,8 (5)
66,7 (12)
3,61 (0,60)
Dar aos meus filhos(as) amor e segurança
-
-
38,9 (7)
61,1 (11)
3,61 (0,50)
Estar disponível para ajudar aos outros(as)
5,6 (1)
22,2 (4)
22,2 (4)
50,0 (9)
3,16 (0,98)
Mostrar total confiança
-
16,7 (3)
16,7 (3)
66,7 (12)
3,50 (0,78)
Tentar perceber os meus filhos(as) com as
suas necessidades
-
5,6 (1)
27,8 (5)
66,7 (12)
3,61 (0,60)
Conhecer os amigos(as) dos meus filhos(as)
e incentiva-los(as) a boas companhias
-
11,1 (2)
16,7 (3)
72,2 (13)
3,61 (0,69)
Incentivar algumas atividades que melhor se
adaptem aos seus talentos, exemplo, tocar
instrumento, ler, fazer teatro
-
-
50,0 (9)
50,0 (9)
3,50 (0,51)
Transmitir valores/tradições religiosas
11,1 (2)
16,7 (3)
11,1 (2)
61,1 (11)
3,22 (1,11)
92
As cuidadoras descreveram a saúde dos(as) adolescentes como quase 50%
excelente ou boa. Na Tabela 46 são apresentados os percentuais por item da escala
likert da questão L a P acerca do “Bem -estar pessoal” dos adolescentes na visão das
cuidadoras.
Tabela 46
Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre o “BEM-ESTAR PESSOAL
dos Adolescentes
Na última
semana seu(ua)
filho(a)
Nada
Pouco
Moderad.
Muito
Total
mente
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Sentiu-se bem e
em forma
-
5,6 (1)
22,2 (4)
38,9 (7)
33,3 (6)
4,00 (0,90)
Esteve
fisicamente
ativo(a)
5,6 (1)
5,6 (1)
22,2 (4)
33,3 (6)
33,3 (6)
3,83 (1,15)
Teve bom
desempenho nas
atividades físicas
5,6 (1)
-
22,2 (4)
38,9 (7)
33,3 (6)
3,94 (1,05)
Sentiu-se cheio
de energia
-
5,6 (1)
16,7 (3)
22,2 (4)
55,6
(10)
4,27 (0,95)
Sentiu-se
satisfeito/a com a
própria vida
11,1 (2)
-
27,8 (5)
11,1 (2)
50,0 (9)
3,88 (1,36)
Esteve de bom
humor
-
16,7 (5)
27,8 (5)
16,7 (3)
38,9 (7)
3,77 (1,16)
Divertiu-se
-
-
33,3 (6)
11,1 (2)
55,6
(10)
4,22 (0,94)
Sentiu-se triste
33,3 (6)
-
44,4 (8)
5,6 (1)
16,7 (3)
2,63 (1,18)
Sentiu-se tão mal
que não quis
fazer nada
61,1
(11)
22,2 (4)
11,1 (2)
-
5,6 (1)
1,66 (1,08)
Sentiu-se
sozinho(a)
77,8
(14)
-
16,7 (3)
5,6 (1)
-
1,50 (0,98)
Sentiu-se feliz
com a sua
maneira de ser
11,1 (2)
11,1 (2)
11,1 (2)
16,7 (3)
50,0 (9)
3,83 (1,46)
Teve tempo
suficiente para si
-
5,6 (1)
16,7 (3)
11,1 (2)
66,7
(12)
4,38 (0,97)
No tempo livre
foi capaz de
fazer o que gosta
-
11,1 (2)
11,1 (2)
16,7 (3)
61,1
(11)
4,27 (1,07)
Filho sentiu que
os pais tiveram
tempo suficiente
para ele
5,6 (1)
11,1 (2)
33,3 (6)
5,6 (1)
44,4 (8)
3,72 (1,31)
93
Tabela 46
Estatísticas Descritivas da Visão das Cuidadoras sobre o “BEM-ESTAR PESSOAL
dos Adolescentes (continuação)
Na última semana
Nunca
Raramente
Algumas
vezes
Frequentem
ente
Sempre
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Seu(ua) filho(a)
sentiu que os pais
tiveram tempo
suficiente para
ele(a)
5,6 (1)
11,1 (2)
33,3 (6)
5,6 (1)
44,4 (8)
3,72
(1,31)
Seu(ua) filho(a)
sentiu que os pais
o/a trataram com
justiça
5,6 (1)
5,6 (1)
27,8 (5)
27,8 (5)
33,3 (6)
3,77
(1,16)
Foi capaz de
conversar com os
pais quando quis
5,6 (1)
-
5,6 (1)
27,8 (5)
61,1
(11)
4,38
(1,03)
Deve dinheiro
suficiente para
fazer as mesmas
atividades que
os(as) amigos(as)
22,2 (4)
27,8 (5)
16,7 (3)
5,6 (1)
27,8 (5)
2,88
(1,56)
Teve dinheiro
suficiente para
suas próprias
despesas
38,9 (7)
11,1 (2)
22,2 (4)
11,1 (2)
16,7 (3)
2,55
(1,54)
Passou tempo
com os
amigos(as)
11,1 (2)
22,2 (4)
38,9 (7)
11,1 (2)
16,7 (3)
3,00
(1,23)
Divertiu-se com
os amigos(as)
11,1 (2)
16,7 (3)
33,3 (6)
22,2 (4)
16,7 (3)
3,16
(1,24)
Seu filho(a) e os
amigos(as) se
ajudaram uns aos
outros
5,6 (1)
16,7 (3)
27,8 (5)
11,1 (2)
38,9 (7)
3,61
(1,33)
Foi capaz de
confiar nos
amigos(as)
22,2 (4)
16,7 (3)
27,8 (5)
11,1 (2)
22,2 (4)
2,94
(1,47)
Sentiu-se feliz na
escola
5,6 (1)
16,7 (3)
27,8 (5)
5,6 (1)
44,4 (8)
3,66
(1,37)
Foi bom aluno(a)
na escola
-
5,6 (1)
27,8 (5)
5,6 (1)
61,1
(11)
4,22
(1,06)
Se sentiu capaz
de prestar atenção
-
11,1 (2)
11,1 (2)
27,8 (5)
50,0 (9)
4,16
(1,04)
Teve boa relação
com
professores(as)
-
5,6 (1)
5,6 (1)
11,1 (2)
77,8
(14)
4.61
(0,84)
3.4. Visão de saúde e doença mental dos adolescentes por seus cuidadores do sexo
masculino
Na Tabela 47 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão A sobre “Estar saudável mentalmente” na visão dos cuidadores. Podem -se
observar as médias mais altas e baixas para cada item da questão.
Tabela 47
Estatísticas Descritivas da Visão do s Cuidadores sobre “ESTAR SAUDÁVEL
MENTALMENTE
Estar saudável
mentalmente significa”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar feliz, alegre
-
20,0 (2)
10,0 (1)
70,0 (7)
3,50 (0,84)
Não ser tão sensível/frágil
20,0 (2)
40,0 (4)
30,0 (3)
10,0 (1)
2,30 (0,94)
Poder pensar de forma
clara
-
-
20,0 (2)
80,0 (8)
3,80 (0,42))
Pensar positivo, ser
otimista
-
20,0 (2)
20,0 (2)
60,0 (6)
3,40 (0,84)
Ter controle sobre a
própria vida
-
10,0 (1)
20,0 (2)
70,0 (7)
3,60 (0,69)
Não usar drogas
10,0 (1)
10,0 (1)
10,0 (1)
70,0 (7)
3,40 (1,07)
Não ter problemas
20,0 (2)
20,0 (2)
20,0 (2)
40,0 (4)
2,80 (1,22)
Sentir-se equilibrado(a)
-
20,0 (2)
10,0 (1)
70,0 (7)
3,50 (0,84)
Ter energia, disposição
10,0 (1)
10,0 (1)
20,0 (2)
60,0 (6)
3,30 (1,05)
Não precisar ir ao
psicólogo/psiquiatra
10,0 (1)
60,0 (6)
10,0 (1)
20,0 (2)
2,40 (0,96)
Poder ir à escola
-
10,0 (1)
10,0 (1)
80,0 (8)
3,70 (0,67)
Poder se relacionar bem
com os outros
-
10,0 (1)
40,0 (4)
50,0 (5)
3,40 (0,69)
Ser normal
10,0 (1)
30,0 (3)
10,0 (1)
50,0 (5)
3,00 (1,15)
Perceber o que não deve
ser feito
-
-
20,0 (2)
80,0 (8)
3,80 (0,42)
Algo muito importante
-
40,0 (4)
40,0 (4)
20,0 (2)
2,80 (0,78)
Eu sei mais ou menos o
que é, mas é difícil explicar
10,0 (1)
60,0 (6)
30,0 (3)
-
2,20 (0,63)
Na Tabela 48 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão B sobre “Estar doente mentalmente” na visão dos cuidadores. Podem -se
observar as médias mais altas e baixas para c ada item da questão.
Tabela 48
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “ESTAR DOENTE MENTALMENTE
“Estar doente mentalmente significa”
Não concordo
Concordo parte
Concordo bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar triste, infeliz
20,0 (2)
40,0 (4)
40,0 (4)
-
2,20 (0,78)
Não se sentir bem
-
30,0 (3)
20,0 (2)
50,0 (5)
3,20 (0,91)
Ter sentimentos feridos, sentir-se magoado
30,0 (3)
10,0 (1)
10,0 (1)
50,0 (5)
2,80 (1,39)
Que algo não está bem com a cabeça
10,0 (1)
20,0 (2)
30,0 (3)
40,0 (4)
3,00 (1,05)
Estar estressado (a)
30,0 (3)
50,0 (5)
20,0 (2)
-
1,90 (0,73)
Ser diferente dos outros
50,0 (5)
10,0 (1)
20,0 (2)
20,0 (2)
2,10 (1,28)
Quando o corpo não está bem, a cabeça também
sofre e vice-versa
10,0 (1)
30,0 (3)
30,0 (3)
30,0 (3)
2,80 (1,03)
Não conseguir enfrentar os desafios do dia a dia
30,0 (3)
30,0 (3)
40,0 (4)
-
2,10 (0,87)
Algo mais difícil de controlar do que uma doença
física/corpo
10,0 (1)
10,0 (1)
30,0 (3)
50,0 (5)
3,20 (1,03)
Ter dificuldade de se concentrar bem
10,0 (1)
30,0 (3)
50,0 (5)
10,0 (1)
2,60 (0,84)
Não ter amigos
40,0 (4)
20,0 (2)
30,0 (3)
10,0 (1)
2,10 (1,10)
Quando os profissionais como psicólogos/
psiquiatras aconselham um tratamento
30,0 (3)
20,0 (2)
-
50,0 (5)
2,70 (1,41)
Algo que não se percebe logo
40,0 (4)
30,0 (3)
10,0 (1)
20,0 (2)
2,10 (1,19)
Algo que deve ser levado a sério
10,0 (1)
10,0 (1)
20,0 (2)
60,0 (6)
3,30 (1,05)
Algo que quase não pode ser curado
60,0 (6)
10,0 (1)
10,0 (1)
20,0 (2)
1,90 (1,28)
Algo que se tem desde o nascimento
30,0 (3)
30,0 (3)
10,0 (1)
30,0 (3)
2,40 (1,26)
É difícil de definir
20,0 (2)
60,0 (6)
20,0 (2)
-
2,00 (0,66)
96
A Tabela 49 apresenta os percentuais por item da escala likert da questão C
acerca da “Origem das i ias em saúde/doença mental” na visão dos cuidadores. As
principais pessoas ou instituições assinaladas foram: escola, profissionais e mídia.
Tabela 49
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “ ORIGEM DAS IDÉIAS EM
SAÚDE/DOENÇA MENTAL ” do(as)s Adolescentes
Origem
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Dos pais
40,0 (4)
40,0 (4)
-
20,0 (2)
2,00 (1,15)
Dos avós
60,0 (6)
40,0 (4)
-
-
1,40 (0,51)
Dos irmãos
70,0 (7)
30,0 (3)
-
-
1,30 (0,48)
Dos amigos
30,0 (3)
50,0 (5)
10,0 (1)
10,0 (1)
2,00 (0,94)
Da escola
20,0 (2)
10,0 (1)
30,0 (3)
40,0 (4)
2,90 (1,19)
De profissionais
(médico, psic)
20,0 (2)
20,0 (2)
20,0 (2)
40,0 (4)
2,80 (1,22)
Da mídia (tv,
rádio, internet)
30,0 (3)
30,0 (3)
30,0 (3)
10,0 (1)
2,20 (1,03)
A Tabela 50 apresenta os percentuais por item da escala likert da questão D
sobre Religião e saúde/doença mental” na visão dos cuidadores. A maior média
referiu-se à contribuição da religião para a s aúde mental.
Tabela 50
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre a relação entre “ RELIGIÃO E
SAÚDE/DOENÇA MENTAL
“Religião
contribui para”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Saúde mental
20,0 (2)
10,0 (1)
30,0 (3)
40,0 (4)
2,90 (1,19)
Formação de
uma doença
mental
40,0 (4)
20,0 (2)
20,0 (2)
20,0 (2)
2,20 (1,22)
Cura de uma
doença mental
10,0 (1)
50,0 (5)
10,0 (1)
30,0 (3)
2,60 (1,07)
Na Tabela 51 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão G referente aos “Estereótipos em saúde mental e barreiras de acesso ao serviço”
na visão dos cuidadores. Podem -se observar as médias mais altas e baixas para cada
item da questão.
97
Tabela 51
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “ESTEREÓTIPOS EM SAÚDE MENTAL E BARREIRAS DE ACESSO AO SERVIÇO
“Motivos para não buscar psicólogo/ psiquiatra”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Não sabe o que o psicólogo/psiquiatra vai fazer com ele
50,0 (5)
20,0 (2)
10,0 (1)
20,0 (2)
2,00 (1,24)
Pensa que os psicólogos/psiquiatras dão muitos medicamentos
40,0 (4)
40,0 (4)
10,0 (1)
10,0 (1)
1,90 (0,99)
Pensa que só vai ao psicólogo ou psiquiatra quem não funciona
bem ou é maluco
60,0 (6)
20,0 (2)
10,0 (1)
10,0 (1)
1,70 (1,05)
Não quer ser gozado pelos colegas, caçoado
20,0 (2)
10,0 (1)
50,0 (5)
20,0 (2)
2,70 (1,05)
Tem medo de depois ter que mudar para uma classe ou escola
especial
30,0 (3)
20,0 (2)
30,0 (3)
20,0 (2)
2,40 (1,17)
Tem medo de no fim ir para uma clínica, hospital psiquiátrico ou
um lar
40,0 (4)
10,0 (1)
10,0 (1)
40,0 (4)
2,50 (1,43)
Pensa que quem é realmente responsável pelo problema são os pais
e eles é que precisam de ajuda
50,0 (5)
30,0 (3)
10,0 (1)
10,0 (1)
1,80 (1,03)
Pensa que os pais não querem que ele vá ao psiquiatra ou psicólogo
60,0 (6)
30,0 (3)
-
10,0 (1)
1,60 (0,96)
Pensa que problemas mentais devem ser resolvidos em família
40,0 (4)
50,0 (5)
-
10,0 (1)
1,80 (0,91)
Pensa que quando se trata de problemas mentais só a própria
pessoa que pode ajudar a si mesma
20,0 (2)
40,0 (4)
10,0 (1)
30,0 (3)
2,50 (1,17)
Acha que esse problema é normal na sua própria família
60,0 (6)
30,0 (3)
-
10,0 (1)
1,60 (0,96)
Pensa que uma psicoterapia demora muito tempo
10,0 (1)
60,0 (6)
10,0 (1)
20,0 (2)
2,40 (0,96)
Pensa que o consultório do psicólogo ou psiquiatra fica muito longe
de sua casa
50,0 (5)
20,0 (2)
10,0 (1)
20,0 (2)
2,00 (1,24)
Pensa que uma terapia custa muito dinheiro
20,0 (2)
20,0 (2)
30,0 (3)
30,0 (3)
2,70 (1,15)
Acha que não é necessário nenhuma ajuda
40,0 (4)
40,0 (4)
10,0 (1)
10,0 (1)
1,90 (0,99)
Não sabe onde se pode obter ajuda e quem é competente para isso
40,0 (4)
30,0 (3)
20,0 (2)
10,0 (1)
2,00 (1,05)
Na Tabela 52 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão H “Tratamento para um problema mental” na visão dos cuidadores. As médias
mais altas se referem a uma visão positiva do tratamento/terapia.
Tabela 52
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “TRATAMENTO PARA UM
PROBLEMA MENTAL
“Como imagina um
tratamento para um
problema mental”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
A terapia ajuda
20,0 (2)
20,0 (2)
30,0 (3)
30,0 (3)
2,70 (1,15)
Sente-se bem com o
terapeuta
40,0 (4)
20,0 (2)
40,0 (4)
-
2,00 (0,94)
Não aceitaria a terapia
no início
30,0 (3)
40,0 (4)
20,0 (2)
10,0 (1)
2,10 (0,99)
A terapia dá
estabilidade,
segurança, apoio
10,0 (1)
40,0 (4)
20,0 (2)
30,0 (3)
2,70 (1,05)
Pode expressar a
própria opinião
20,0 (2)
20,0 (2)
30,0 (3)
30,0 (3)
2,70 (1,15)
As pessoas olham de
forma estranha
quando ele for ao
consultório/clínica
50,0 (5)
40,0 (4)
10,0 (1)
-
1,60 (0,69)
Na Tabela 53 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão F sobre “Busca de apoio” dos adolescentes quando apresentam um problema
mental na visão dos cuidadores. As médias mais altas foram para mães, pais,
psicólogos/psiquiatras e clínica ou hospital.
Na Tabela 54 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão H acerca da “Rede de apoio dos adolescentes na procura de ajuda profissional
para um problema mental” na visão dos cuidadores. As médi as mais altas foram para
mãe, pai e médico.
99
Tabela 53
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “BUSCA DE APOIO PARA
UM PROBLEMA MENTAL
“Quando ele(a) tem um
problema mental procuro”
Nunca
Rara
mente
Geral
mente
Sempre
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
e
-
20,0 (2)
10,0 (1)
70,0 (7)
3,50 (0,84)
Pai
10,0 (1)
50,0 (5)
20,0 (2)
20,0 (2)
2,50 (0,97)
Irmãos
50,0 (5)
40,0 (4)
-
10,0 (1)
1,70 (0,94)
Avó
40,0 (4)
30,0 (3)
10,0 (1)
20,0 (2)
2,00 (1,05)
Avô
50,0 (5)
30,0 (3)
10,0 (1)
10,0 (1)
1,80 (1,03)
Os amigos
50,0 (5)
20,0 (2)
20,0 (2)
10,0 (1)
1,90 (1,10)
O professor
30,0 (3)
40,0 (4)
20,0 (2)
10,0 (1)
2,10 (0,99)
Uma pessoa do contexto
religioso
40,0 (4)
40,0 (4)
10,0 (1)
10,0 (1)
1,90 (0,99)
Médico de família ou
pediatra
40,0 (4)
20,0 (2)
30,0 (3)
10,0 (1)
2,10 (1,10)
Uma pessoa da medicina
alternativa ou natural
70,0 (7)
20,0 (2)
10,0 (1)
-
1,40 (0,69)
Um psicólogo ou psiquiatra
20,0 (2)
40,0 (4)
20,0 (2)
20,0 (2)
2,40 (1,07)
Um outro especialista
(neurologista)
40,0 (4)
40,0 (4)
20,0 (2)
-
1,80 (0,78)
Uma clínica ou hospital
20,0 (2)
40,0 (4)
20,0 (2)
20,0 (2)
2,40 (1,07)
Tabela 54
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “ REDE DE APOIO NA
PROCURA DE AJUDA PRO FISSIONAL PARA UM PR OBLEMA MENTAL” do
Adolescente
Quem procuraria ajuda
profissional para ele(a)”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Filho(a)
40,0 (4)
40,0 (4)
20,0 (2)
-
1,80 (0,78)
Mãe
-
20,0 (2)
30,0 (3)
50,0 (5)
3,30 (0,82)
Pai
10,0 (1)
-
30,0 (3)
60, (6)
3,40 (0,96)
Avó/avô
20,0 (2)
20,0 (2)
30,0 (3)
30,0 (3)
2,70 (1,15)
Professor/escola
10,0 (1)
40,0 (4)
40,0 (4)
10,0 (1)
2,50 (0,84)
Médico de família,
pediatra, agente de saúd e,
outros
20,0 (2)
-
60, (6)
20,0 (2)
2,80 (1,03)
Conselho tutelar
30,0 (3)
50,0 (5)
10,0 (1)
10,0 (1)
2,00 (0,94)
Na Tabela 55 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão E sobre as “Estratégias de cuidado ao sentir -se mal mentalmente” dos
adolescentes na visão dos cuidadores. Podem -se observar as médias mais altas e baixas
para cada item da questão.
100
Tabela 55
Estatísticas Descritivas na Visão dos Cuidadores sobreESTRATÉGIAS DE
CUIDADO AO SENTIR-SE MAL MENTALMENTE
“Digo ao meu filho que“
Nunca
Rara
mente
Geral
mente
Sempre
Média
(SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Esperar um pouco, descansar
20,0 (2)
40,0 (4)
20,0 (2)
20,0 (2)
2,40 (1,07)
Procurar distrair-se: ler,
ouvir música
30,0 (3)
40,0 (4)
20,0 (2)
10,0 (1)
2,10 (0,99)
Deve conviver com isso
80,0 (8)
20,0 (2)
-
-
1,20 (0,42)
Deve pensar: isso não é tão
mal
60, (6)
20,0 (2)
20,0 (2)
-
1,60 (0,84)
Deve procurar mudar a
situação
10,0 (1)
20,0 (2)
20,0 (2)
50,0 (5)
3,10 (1,10)
Deve esperar ser proc urado
pelos outros
60, (6)
30,0 (3)
10,0 (1)
-
1,50 (0,70)
Deve falar com alguém
sobre o problema
-
20,0 (2)
10,0 (1)
70,0 (7)
3,50 (0,84)
Deve tomar medicamentos
30,0 (3)
10,0 (1)
20,0 (2)
40,0 (4)
2,70 (1,33)
Deve tentar medicina
alternativa (homeopatia,
acupuntura, florais)
40,0 (4)
40,0 (4)
-
20,0 (2)
2,00 (1,15)
Deve tentar meios naturais,
caseiros (chás, banhos)
20,0 (2)
60, (6)
20,0 (2)
-
2,00 (0,66)
Deve procurar números de
disque-ajuda
70,0 (7)
20,0 (2)
-
10,0 (1)
1,50 (0,97)
Não deve procurar ajuda
60, (6)
10,0 (1)
-
30,0 (3)
2,00 (1,41)
Deve ficar sozinho/a, retirar -
se
90,0 (9)
10,0 (1)
-
-
1,10 (0,31)
Pensa que nada e ninguém
pode ajudar
60, (6)
10,0 (1)
10,0 (1)
20,0 (2)
1,90 (1,28)
Não sei o que devo
fazer/dizer
30,0 (3)
30,0 (3)
20,0 (2)
20,0 (2)
2,30 (1,15)
Na Tabela 56 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão I sobre a “Manutenção da saúde mental na família” na visão dos cuidadores. As
médias mais altas foram em: haver comunicação agradável entr e os membros da
família, haver consenso/acordo entre os pais, ter tempo livre/lazer em comum, ter pais
que orientam/ensinam, ter as refeições em conjunto na família e saber ouvir e falar entre
si, estar disponível para o diálogo.
Na Tabela 57 são apresentados os percentuais por item da escala likert da
questão J “O que faz enquanto cuidador para manter a saúde mental dos filhos(as)” . As
médias mais altas foram em: estar feliz e alegre e tentar fazer os meus filhos(as) felizes,
aceitar cada filho(a) como el e(a) é e não preferir um em especial, dar aos meus
filhos(as) amor e segurança, transmitir aos meus filhos(as) calma e paz e conhecer os
amigos(as) dos meus filhos(as) e incentivá -los(as) a boas companhias.
101
Os cuidadores descreveram a saúde dos adolescente s com sendo 30% excelente,
50% muito boa e 20% boa. Na Tabela 58 são apresentados os percentuais por item da
escala likert da questão L a P sobre o “Bem -estar pessoal” dos adolescentes na visão dos
cuidadores.
102
Tabela 56
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “MANUTENÇÃO DA SAÚDE MENTAL NA FAMÍLIA
“É importante...”
Não concordo
Concordo parte
Concordo bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar satisfeito e satisfazer os outros na
família
10,0 (1)
10,0 (1)
40,0 (4)
40,0 (4)
3,10 (0,99)
Sentir-se aceito/amado como se é
-
10,0 (1)
10,0 (1)
80,0 (8)
3,70 (0,67)
Haver comunicação agradável entre os
membros da família
-
-
10,0 (1)
90,0 (9)
3,90 (0,31)
Chamar a atenção dos outros para o lado
bom das coisas
10,0 (1)
10,0 (1)
50,0 (5)
30,0 (3)
3,00 (0,94)
Saber ouvir e falar entre si, estar
disponível para o diálogo
-
-
30,0 (3)
70,0 (7)
3,70 (0,48)
Haver consenso/acordo entre os pais
-
-
10,0 (1)
90,0 (9)
3,90 (0,31)
Ter pais que orientam/ensinam
-
-
20,0 (2)
80,0 (8)
3,80 (0,42)
Ter compreensão mútua
-
30,0 (3)
20,0 (2)
50,0 (5)
3,20 (0,91)
Poder partilhar na família experiências e
carregar problemas em conjunto
-
20,0 (2)
40,0 (4)
40,0 (4)
3,20 (0,78)
Poder confiar uns nos outros
-
20,0 (2)
10,0 (1)
70,0 (7)
3,50 (0,84)
Ter as refeições em conjunto na família
-
-
30,0 (3)
70,0 (7)
3,70 (0,48)
Ter relações próximas com os outros
membros da família
-
20,0 (2)
20,0 (2)
50,0 (5)
3,10 (1,10)
Ter uma orientação religiosa
-
20,0 (2)
30,0 (3)
50,0 (5)
3,30 (0,82)
Ter tempo livre/lazer em comum
-
-
20,0 (2)
80,0 (8)
3,80 (0,42)
Ter um equilíbrio entre a vida profissional
e a vida privada, entre família e trabalho
-
10,0 (1)
40,0 (4)
50,0 (5)
3,40 (0,69)
103
Tabela 57
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre “O QUE FAZ ENQUANTO CUIDADOR PARA MANTER A SAÚDE MENTAL DOS
FILHOS(AS)
“É importante...”
Não
concordo
Concordo
parte
Concordo
bastante
Concordo
totalmente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Estar feliz e alegre e tentar fazer os meus filhos(as) felizes
-
-
10,0 (1)
90,0 (9)
3,90 (0,31)
Aceitar cada filho(a) como ele(a) é e não preferir um em especial
-
-
10,0 (1)
90,0 (9)
3,90 (0,31)
Motivar os meus filhos(as) para o esporte
10,0 (1)
-
70,0 (7)
20,0 (2)
3,00 (0,81)
Transmitir aos meus filhos(as) calma e paz
-
-
50,0 (5)
50,0 (5)
3,50 (0,52)
Incentivar a vida familiar, por exemplo, o estar junto ou passeios aos
fins de semana
-
10,0 (1)
60,0 (6)
30,0 (3)
3,20 (0,63)
Ensinar aos meus filhos(as) a ver a vida de forma positiva
-
10,0 (1)
50,0 (5)
40,0 (4)
3,30 (0,67)
Estar sempre disponível para ouvir e manter um dialogo aberto com
os meus filhos(as)
-
20,0 (2)
40,0 (4)
40,0 (4)
3,20 (0,78)
Dar aos meus filhos(as) amor e segurança
-
-
30,0 (3)
70,0 (7)
3,70 (0,48)
Estar disponível para ajudar aos outros(as)
-
10,0 (1)
40,0 (4)
50,0 (5)
3,40 (0,69)
Mostrar total confiança
-
-
70,0 (7)
30,0 (3)
3,30 (0,48)
Tentar perceber os meus filhos(as) com as suas necessidades
-
20,0 (2)
40,0 (4)
40,0 (4)
3,20 (0,78)
Conhecer os amigos(as) dos meus filhos(as) e incentiva-los(as) a
boas companhias
-
10,0 (1)
30,0 (3)
60,0 (6)
3,50 (0,70)
Incentivar algumas atividades que melhor se adaptem aos seus
talentos, exemplo, tocar instrumento, ler, fazer teatro
-
10,0 (1)
60,0 (6)
30,0 (3)
3,20 (0,63)
Transmitir valores/tradições religiosas
10,0 (1)
20,0 (2)
40,0 (4)
30,0 (3)
2,90 (0,99)
104
Tabela 58
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre o “BEM-ESTAR PESSOAL” dos Adolescentes
Na última semana seu(ua)
filho(a)
Nada
Pouco
Moderadamente
Muito
Total
mente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Sentiu-se bem e em forma
-
-
20,0 (2)
30,0 (3)
50,0 (5)
4,30 (0,82)
Esteve fisicamente ativo(a)
-
-
10,0 (1)
50,0 (5)
40,0 (4)
4,30 (0,67)
Teve bom desempenho nas
atividades físicas
-
-
10,0 (1)
50,0 (5)
40,0 (4)
4,30 (0,67)
Sentiu-se cheio de energia
-
-
-
20,0 (2)
80,0 (8)
4,80 (0,42)
Sentiu-se satisfeito/a com a
própria vida
-
-
50,0 (5)
20,0 (2)
30,0 (3)
3,80 (0,91)
Esteve de bom humor
-
10,0 (1)
30,0 (3)
30,0 (3)
30,0 (3)
3,80 (1,03)
Divertiu-se
-
-
30,0 (3)
30,0 (3)
40,0 (4)
4,10 (0,87)
Sentiu-se triste
30,0 (3)
50,0 (5)
20,0 (2)
-
-
1,90 (0,73)
Sentiu-se tão mal que não quis
fazer nada
50,0 (5)
30,0 (3)
20,0 (2)
-
-
1,70 (0,82)
Sentiu-se sozinho(a)
50,0 (5)
10,0 (1)
30,0 (3)
-
10,0 (1)
2,10 (1,37)
Sentiu-se feliz com a sua
maneira de ser
10,0 (1)
20,0 (2)
-
20,0 (2)
50,0 (5)
3,80 (1,54)
Teve tempo suficiente para si
-
10,0 (1)
20,0 (2)
30,0 (3)
40,0 (4)
4,00 (1,05)
No tempo livre foi capaz de fazer
o que gosta
-
-
20,0 (2)
30,0 (3)
50,0 (5)
4,30 (0,82)
Seu(ua) filho(a) sentiu que os
pais tiveram tempo suficiente
para ele(a)
-
-
40,0 (4)
30,0 (3)
30,0 (3)
3,90 (0,87)
Seu(ua) filho(a) sentiu que os
pais o/a trataram com justiça
-
10,0 (1)
20,0 (2)
30,0 (3)
40,0 (4)
4,00 (1,05)
Tabela 58
Estatísticas Descritivas da Visão dos Cuidadores sobre o “BEM-ESTAR PESSOAL” dos Adolescentes (continuação)
Na última semana seu(ua) filho(a)
Nada
Pouco
Modera
damente
Muito
Total
mente
Média (SD)
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
% ( f )
Foi capaz de conversar com os pais
quando quis
20,0 (2)
10,0 (1)
10,0 (1)
20,0 (2)
40,0 (4)
3,50 (1,64)
Deve dinheiro suficiente para fazer as
mesmas atividades que os(as) amigos(as)
-
20,0 (2)
50,0 (5)
20,0 (2)
10,0 (1)
3,20 (0,91)
Teve dinheiro suficiente para suas
próprias despesas
10,0 (1)
20,0 (2)
30,0 (3)
-
40,0 (4)
3,40 (1,50)
Passou tempo com os amigos(as)
-
10,0 (1)
30,0 (3)
40,0 (4)
20,0 (2)
3,70 (0,94)
Divertiu-se com os amigos(as)
-
10,0 (1)
20,0 (2)
50,0 (5)
20,0 (2)
3,80 (0,91)
Seu filho(a) e os amigos(as) se ajudaram
uns aos outros
-
30,0 (3)
30,0 (3)
20,0 (2)
20,0 (2)
3,30 (1,15)
Foi capaz de confiar nos amigos(as)
10,0 (1)
10,0 (1)
40,0 (4)
40,0 (4)
-
3,10 (0,99)
Sentiu-se feliz na escola
-
10,0 (1)
20,0 (2)
50,0 (5)
20,0 (2)
3,80 (0,91)
Foi bom aluno(a) na escola
10,0 (1)
-
30,0 (3)
30,0 (3)
30,0 (3)
3,70 (1,25)
Se sentiu capaz de prestar atenção
-
10,0 (1)
30,0 (3)
40,0 (4)
20,0 (2)
3,70 (0,94)
Teve boa relação com professores(as)
10,0 (1)
10,0 (1)
40,0 (4)
20,0 (2)
20,0 (2)
3.30 (1,25)
CAPÍTULO IV
DISCUSSÃO
Este capítulo está dividido em cinco partes, nas quais se discutem os temas
relacionados aos resultados sobre contex to social e família, visão de saúde e doença
mental dos adolescentes, das cuidadoras, dos cuidadores e limitações do estudo.
4.1. Contexto Social e Família
Este estudo foi realizado com uma população de baixa renda, que vive em
condições muito precárias de habitação, acesso à saúde, transporte público e recursos
sanitários. A descrição do contexto da comunidade e das moradias detalhou os critérios
usados em pesquisas que caracterizam amostras populacionais de nível socioeconômico
baixo (Cerqueira-Santos, 2008; IBGE, 2000).
Os resultados mostraram uma distribuição heterogênea do grau de instrução por
série cursada pelos adolescentes, apresentando uma dia inferior ao esperado para a
faixa etária de 15 anos, que seria o primeiro ano do ensino médio, de aco rdo com o
modelo educacional vigente no Brasil sancionado pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional - 9.394 (ver Figura 1). Esses dados, no entanto, não contradizem a
realidade do ensino público brasileiro para a faixa etária de 15 a 17 anos d e idade, uma
vez que, esta apresenta índices desfavoráveis, pois a taxa de freqüência dos adolescentes
brasileiros ao ensino dio não atinge a metade deste segmento populacional,
caracterizando uma elevada taxa de defasagem escolar (IBGE, 2007).
Também foi observado entre os adolescentes das 20 famílias entrevistadas um
alto índice de repetência e evasão escolar (ver Tabelas 3 a 22), por diferentes motivos:
mau desempenho, gravidez precoce e tentativa de estupro na escola. O mau desempenho
escolar (MDE) pode estar associado a diversos fatores. Deste modo, enfatiza -se a
necessidade de uma compreensão sistêmica do fracasso escolar, mau desempenho,
repetência e evasão que considere a rede complexa de causalidade, destacando as
condições socioeconômicas específ icas de cada contexto, bem como as de saúde e
ensino. Dentre os multifatores, ressaltam-se a importância de considerar os problemas
mentais como transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH; Pastura,
Mattos, & Araújo, 2005), não investigados e nem diagnosticados neste estudo .
Outro fator associado ao MDE, apontado na literatura, são as adversidades
vivenciadas no ambiente familiar. Em estudo anterior, Ferreira e Marturano (2002) com
107
o objetivo de associar comportamentos externalizantes com o bai xo desempenho escolar
mostraram em seus dados que as adversidades cotidianas poderiam estar relacionadas a
diminuição de interesse e motivação para ir a escola. Problemas nas relações
interpessoais, falhas parentais, monitoramento e suporte, pouco investim ento dos pais
no desenvolvimento da criança, práticas punitivas e modelos adultos agressivos foram
situações adversas encontradas nas famílias das crianças com problemas de
comportamento. Neste estudo foram observadas adversidades na família que podem
estar associada com o MDE, sendo estas problemas interpessoais (casal e pais/filhos),
sobrecarga de responsabilidade dos cuidadores(as) que compromete o acompanhamento
dos filhos, negligência, perdas na família ( status, separações e homicídios) e doença
crônica na família (AIDS, alcoolismo e transtorno mental).
Mesmo não investigando o contexto escolar, foi identificado um caso de
adversidade na escola, tentativa de estupro, que levou ao abandono escolar. Apesar da
baixíssima freqüência, é importante considerar que a violência na escola também pode
estar associada ao MDE e evasão, pois a incidência deste fenômeno tem aumentado,
entre os pares e destes para com os professores . Tal fato traz implicações para saúde
mental e comportamento dos adolescentes, como, agr essividade, depressão, ansiedade,
anorexia, bulimia e até o suicídio (Almeida, Lisboa, & Caurcel, 2007; Njaine & Minayo
2003; Oliveira & Antonio, 2006). A escola pode se tornar um local aversivo ao ser
vivenciado nela situações de violência e bullying. Estas experiências sofridas podem
levar a evasão na medida em que o adolescente busca fugir da situação de violência.
Neste estudo observou -se que três adolescentes em situação de repetência
escolar tiveram gravidez precoce e/ou abortos. É possível que este fato esteja associado
com a evasão escolar, devido às mudanças biológicas e psicológicas durante a gestação
bem como as geradas com a chegada do bebê. Para além de uma preocupação com as
implicações futuras na reinserção escolar e na inserção social e labo ral, de acordo com
Pantoja, Bucher e Queiroz (2006), as adolescentes estão sujeitas a problemas sócio -
emocionais durante a gravidez, especialmente frente à situação de óbito do infante,
complicações no parto ou por abortos mal executados. Cerqueira-Santos (2008) enfatiza
a alteração no ciclo de desenvolvimento dos adolescentes pais e mães com a chegada do
bebê. Sobreposto a isso, é importante considerar a aquisição do papel de ser pai e mãe
como mais um desafio que se apresenta à própria adolescência e que requer
responsabilidades e exigências particulares.
Considerando as privações vividas pela população de baixa renda investigada
neste estudo, também poderia se considerar de que modo as carências nutricionais
108
específicas, de iodo e ferro, e a desnutrição e nergético-protéica afeta no processo de
aprendizagem. A falta de alimentação correta traz conseqüência ao desenvolvimento
psicomotor, aproveitamento escolar, bem como diminui a atividade física e a
capacidade de trabalho ( http://www.opas.org.br/sistema/fotos/nutricao.htm ).
Durante as visitas domiciliares realizadas pela equipe de pesquisa foi possível
identificar indícios de carências alimentares nas famílias, algumas em pior situação do
que outras. Este fato pode ser exemplificado através de um relato descrito no diário de
campo referindo-se a uma das visitas, quando os pesquisadores foram convidados a
tomar um café com a família e a mãe retira do armário um coador com utilizado e
neste mesmo passa outro café a ser servido à equipe. Nesta família, particularmente, a
situação socioeconômica era bastante crítica, sendo relatado por eles mesmos as
dificuldades que vivenciavam.
Para os cuidadores dos adolescentes deste estudo, a escolarid ade também foi
baixa com diferenças de gênero, tendo as mulheres (fundamental incompleto ou
completo) mais anos de estudo que os homens (analfabeto ou fundamental incompleto).
Esse dado está de acordo com informações do Ministério da Educação e com a últim a
Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio, que mostraram mais alunos do gênero
feminino matriculados em escolas públicas e o aumento do nível de escolaridade das
mulheres em relação aos homens, respectivamente (Censo Escolar, 2006; IBGE, 2007).
A ocorrência de 5 analfabetos entre os vinte e oito cuidadores é condizente com a
realidade brasileira que, de acordo com o IBGE (2007) ainda apresenta uma taxa de
analfabetismo de 9,1%, que sobe para 10,5% considerando pessoas de 15 anos e acima
desta faixa. Esses dados são superiores à média latino -americana, o que caracteriza o
Brasil como um dos 35 países participantes do programa Literacy Initiative For
Empowerment LIFE, proposto pela UNESCO que visa à erradicação do analfabetismo
(IBGE, 2007).
Outro indicador social importante que caracterizou a amostra foi o rendimento
médio mensal das famílias. A maioria sobrevivia com até mil reais, sendo considerado
neste valor o auxílio provido pelo governo. A situação mais precária foi identificada em
35% das famílias que viviam com menos de um salário mínimo regional. Segundo os
dados do IBGE (2007) existe uma correlação positiva na população brasileira entre o
rendimento e anos de estudo. Tais dados reforçam a necessidade de investir em políticas
que melhorem as oportunidades educacionais da população de baixa renda em vista da
minimização das desigualdades, uma vez que, mais anos de estudos indicam ascensão
profissional e social.
109
Além do grau de instrução e da renda familiar, foi avaliada a moradia das
famílias através da descrição do contexto nos diários de campo e de questões acerca das
condições de vida nos questionários. O acesso à moradia neste estudo não se refere
apenas ao acesso à propriedade, e sim, compartilha da idéia de residência somada ao
desejo de se estabelecer em um local (IBGE, 2007). A descrição do contexto da
comunidade e das famílias apresentada na seção dos Resultados revelou tipos de
privação vivenciada pelos adolescentes e por suas famílias ao apontar a precariedade do
saneamento básico, da inf ra-estrutura urbana, da saúde e do transporte. O todo da
inserção ecológica (Cecconello & Koller, 2003; Eschiletti-Prati et al., 2008) realizada
pelos pesquisadores permitiu captar de modo amplo esta difícil realidade de vida.
Além destas informações, fo ram averiguadas junto aos adolescentes as
condições da sua residência e bens -duráveis. Os dados para número de carros,
computadores, e ocupação de um quarto individual expressam o baixo poder aquisitivo
da população investigada. Cinqüenta por cento dos ado lescentes mencionaram possuir
um quarto para si, entretanto, essa não foi a realidade constatada pela equipe de
pesquisa ao visitar os domicílios. Durante o processo de inserção ecológica foi
observado que apenas em duas casas o(a) adolescente tinha um quarto para si, todos
os outros dividiam com um ou mais membros da família. É possível que esta questão
não tenha sido compreendida na especificidade “só para si” ou os adolescentes omitiram
suas reais condições de vida no aspecto questionado devido a sentimentos de vergonha.
Pode-se inferir que a veracidade das respostas a este item foi burlada por aspectos
devido a fatores como a desejabilidade social. Entretanto, a inserção ecológica permitiu
esse contraponto de dados mostrando a utilidade deste méto do na busca da validade
ecológica em pesquisas .
Quase 60% dos adolescentes mencionaram ter realizado pelo menos uma viagem
com a família no último ano, revelando que metade das famílias, de alguma forma,
busca ter um espaço de lazer e convivência entre el es. Pode parecer impressionante este
elevado número de viagens na população de baixa renda. Contudo, com a inserção
ecológica foi possível perceber um movimento de migração para as praias do estado do
Rio Grande do Sul durante o período do verão. Deste mod o, aspectos culturais explicam
desse dado. Espaços de lazer e convivência familiar fora da rotina podem ser
considerados estratégias de cuidado para a manutenção do bem -estar dos membros da
família como um todo. Isto faz pensar a importância de gestores municipais e estaduais
favorecerem a implantação de espaços e meios culturais e esportivos acessíveis à
população a fim de fomentar e promover a qualidade de vida dos cidadãos.
110
Metade dos adolescentes identificou -se como de cor negra e apenas 20% branca,
os demais foram parda e morena (ver Figura 5). Na pequena amostra deste estudo,
constata-se a composição da classe social baixa por uma grande maioria negra. Em certa
medida, esses dados revelam aspectos de desigualdade racial expressando o fenômeno
da exclusão social a que homens e mulheres negros vivenciam. De acordo com o IBGE
(2007), esse fenômeno ocorre em todo o Brasil e é perceptível em diversos âmbitos,
como na saúde, educação e emprego. Os maiores índices de mortalidade infantil, de
jovens e de gestantes, bem como a menor expectativa de vida ao nascer são
relacionados à população de negros ou pardos. A taxa de analfabetismo entre estes é
mais que o dobro comparado aos brancos na população de 15 anos de idade ou mais.
Os baixos índices de escolaridade , renda familiar, estrutura dos domicílios e
poder aquisitivo são fatores que afetam o nível de bem -estar das famílias e dos
adolescentes, podendo também interferir na saúde mental destes dependendo do grau de
privação e estresse gerado por esses fatores. Desta forma, estes representam
determinantes sociais em saúde que devem ser combatidos em vista da equidade social.
Conforme descrito na seção do s Resultados e apresentado no início deste
capítulo, neste estudo identifica -se uma clara situação de pobreza vivida pelos
participantes, entretanto, observaram -se diferenças econômicas entre os habitantes do
mesmo contexto social. A iniqüidade social existe nte dentro da própria comunidade é
perceptível através da estrutura das moradias . As casas localizadas ao do morro são
fundações bem alicerçadas, com muros, pintura e acabamentos gerais. Quanto mais
próximo ao pico, maior é o grau de pobreza expressa pela má qualidade de vida,
ausência de estrutura e firmeza das casas, além da falta de saneamento básico, rede de
esgoto cloacal, transporte público e coleta de lixo. Na comunidade acontecem
fenômenos de mobilidade social, quando uma família sofre uma mudança no seu nível
socioeconômico. Essa mudança, muitas vezes, se associa com a localização da moradia
no espaço físico da comunidade. Deste modo, a mobilidade de uma família para
próximo ao alto do morro caracteriza uma maior paupérie desta dentro da comunidade,
do contrário, tem-se a ascensão a uma melhor condição de vida. O fenômeno da
mobilidade social afeta o m odo como as famílias são vistas perante os outros moradores
da comunidade. Este espectro físico e social denota as desigualdades que existem dentro
do mesmo nível socioeconômico, o que sugere a subdivisão deste em: baixo e muito
baixo/precário. Pode-se pensar que tal configuração caracteriz a-se como castas
socioeconômicas, fazendo uma comparação com o sistema de castas culturais (sócio -
religioso; http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistem a_de_castas_da_%C3%8Dndia ) da Índia.
111
Uma diferença importante nas castas socioeconômicas é a possibilidade de mudança
entre os níveis baixo e precário, contudo, essa mobilidade é superficial, pois, de modo
geral, o acontece efetivamente uma ascensão soc ial, e, sim, uma melhoria
momentânea da condição de vida de algumas famílias. Deste modo, equiparar a
realidade social da comunidade investigada com o sistema de castas indiano é pertinente
devido ao engessamento da população nascida neste contexto na mesma condição de
vida.
As dificuldades enfrentadas pela equipe de pesquisa na busca das residências
pela falta de logradouros, numeração, vias acessíveis e a configuração dos micro -bairros
de casebres delata o descaso social com essa parcela da população. I dentifica-se uma
classe esquecida, negligenciada, sem direitos, sem endereço (nem existem para a
sociedade), mas estão ali, pessoas com necessidades e dignidade que lutam por
‘subviver’. Entretanto, parece não saberem ser dignos do mínimo, moradia, aliment o,
saúde, educação e lazer. Os relatos dos diários de campo descrevem o contexto e
apresentam o impacto da equipe de pesquisa diante da realidade, Subindo o morro,
encontramos falta de saneamento básico, córregos com lixo, sendo foco de dengue e
outras doenças” e E um dos primeiros pensamentos e questiona mentos que te vêem a
cabeça é, como o ser humano pode se sujeitar a isso? Como ele consegue viver ou
sobreviver em condições tão subumanas? E como essas pessoas passam a ver -se e
sentir-se de uma forma o apática, humilde, sem grandes perspectivas, contentando -se
com o mínimo que lhes parece o máximo?” . Os fatores que impõem esta situação de
pobreza são multicausais, dentre eles são identificados os econômicos, políticos e
sociais (Ruger, 2007). A pobreza está diretamente associada à saúde. De acordo com
Lawlor e Sterne (2007), estudos epidemiológicos confirmam a correlação das
desigualdades socioeconômicas com diversos aspectos da saúde, estando o baixo nível
socioeconômico associado a baixos índices de s aúde. Organizações internacionais de
saúde, como WHO e PAHO m investido no combate às desigualdades sociais por
reconhecer que a melhoria nas condições de vida e trabalho é o meio mais justo e
efetivo para promover saúde e reduzir a iniqüidade (Labonte & Schrecker, 2006). A
desigualdade social está presente em todos os paises da América Latina, bem como a
iniqüidade em saúde. No Brasil, esta fere diretamente os princípios fundamentais da
Constituição e o direito social à saúde (Constituição, 1988; ECA, 19 90).
As famílias do estudo apresentaram uma configuração variada, preponderando a
estrutura unifamiliar ou monoparental sob a chefia da cuidadora, o que corresponde as
estatísticas do IBGE (2007) e a tendência nos últimos anos ao crescimento deste tipo de
112
configuração familiar, principalmente nas áreas urbanas (ver Tabelas 3 a 22). A chefia
feminina nos lares foi marcada pela ausência do cônjuge, estando sobre ela a sobrecarga
da responsabilidade econômica e educativa do lar. Estes dados mostram um
empoderamento da mulher, mas ao mesmo tempo um acúmulo de tarefas que em longo
prazo pode trazer danos à saúde feminina. Além disso, percebe -se uma limitação da
rede de apoio já que o tempo é dividido entre trabalho e afazeres domésticos.
Na maioria das famílias , principalmente uniparental e recasada, havia um grande
número de residentes no domicílio, sendo mais freqüente a presença de crianças e
adolescentes. Este dado corrobora com os do IBGE (2007) que aponta que quase metade
das famílias brasileiras tem crian ças e adolescentes com até 14 anos, sendo estas as que
compõem um segmento vulnerável da população quanto ao nível de pobreza. Este dado
fortalece a preocupação com as famílias uniparentais de baixa renda devido às maiores
exigências de cuidado que uma pes soa até os 16 anos demanda e por esta não ser
economicamente ativa. Em algumas famílias, membros afins da terceira e segunda
geração dos adolescentes se faziam presentes, geralmente a avó ou a(o) tia(o) (ver
Tabelas 3 a 22), os quais podem funcionar enquanto rede de apoio ou um fator de
estresse a mais dependendo das implicações deste membro na dinâmica da família.
Os resultados apresentados pelos cuidadores(as) acerca da rotina, escola,
histórico de saúde, comportamentos, relacionamentos e eventos de vida dos
adolescentes e de sua família revelam traços de uma adolescência típica para a maioria
dos participantes. Os dados referentes à rotina dos adolescentes mostram a família,
escola, centro profissionalizante, casa de amigos e parentes como os principais
contextos que estes freqüentam. Estes microssistemas são importantes, pois eles
influenciam o desenvolvimento destes indivíduos (Bronfenbrenner, 1998). O ambiente
influencia na saúde mental dos indivíduos, como apontado por Rutter (2005), operando
em seu curso normal e a qualquer momento da vida. Ao mesmo tempo o autor considera
as variações individuais de cada sujeito. Deste modo, as experiências vivenciadas nestes
contextos significativos freqüentados pelos adolescentes são de suma importância para a
manutenção da saúde mental destes, bem como a capacidade individual de lidar com as
situações do cotidiano.
Os adolescentes mencionaram diversas atividades que fazem parte do seu(ua)
dia-a-dia, destaque para atividades físicas, como jogar bola e andar de bici cleta,
programas que envolvam música e dança e convívio com familiares, e principalmente,
amigos e/ou parceiro (ver Tabelas 3,4, 11, 13, 15, 17, 19 a 20). Esses dados são
importantes por mostrarem formas possíveis de trabalhar com adolescentes e jovens
113
utilizando estratégias que eles gostam e apreciam. Usar o esporte, a dança e a música
em intervenções com esta população pode ser uma maneira mais efetiva de conseguir a
adesão e engajamento destes. Na mesma medida, leva a pensar na promoção de ações
grupais pelas quais se pode favorecer a formação de vínculos, ampliação de rede de
apoio e troca de experiências, que o grupo de iguais se caracteriza como um aspecto
protetivo importante.
De modo geral, os cuidadores tiveram facilidade em mencionar caracterís ticas
positivas sobre seus adolescentes, mesmo para aqueles que verbalizaram mais aspectos
negativos. Este dado é importante por revelar que os cuidadores mesmo com os
inúmeros desafios impostos a eles nesta fase do ciclo vital, famílias com adolescentes,
conseguem reconhecer aspectos positivos nos seus filhos. Esta é uma característica que
oferece bom prognóstico para as relações familiares que possam estar passando por uma
fase conflituosa. Os aspectos negativos mencionados pelos cuidadores correspondem a o
comportamento esperado nos adolescentes. Atitudes opositoras, oscilações de humor e
rebeldia são características marcantes desta fase do desenvolvimento frente à
intensidade de transformações físicas e psicológicas vivenciadas e a busca de formação
da identidade e diferenciação dos pais (Carter & McGoldrick, 1995; Cole & Cole, 2003;
Erickson, 1968; Hopkins, 1983). Nas respostas também apareceram características
individuais dos adolescentes que incomodavam os cuidadores. Segundo os cuidadores,
as reações dos adolescentes quando são contrariados também revela m, na maioria dos
casos, comportamentos comumente manifestos frente à frustração, por exemplo, “fica
em silêncio”, “chora de raiva”, “fica quieta no quarto”, “fica birrento(a)”, “implica”,
“bate as coisas”. Um ou outro mostra uma atitude mais impulsiva ou passiva, como
“quer jogar tudo” e “aceita”.
Acerca dos relacionamentos interpessoais, os cuidadores mencionaram , em
grande parte, que os adolescentes possuem uma boa relação com as pessoas, tendo
aptidões para comunicar-se e envolver-se afetivamente mesmo quando briga entre
amigos e/ou irmãos(ãs). Alguns adolescentes não possuíam muitos amigos, estando
mais isolados. Entretanto, este fato o pareceu um problema para o cuidador, sendo
visto como uma característica mais pessoal do adolescente.
Neste estudo foram investigadas as práticas educativas dos cuidadores (ver
Tabelas 3 a 9, 11, 12, 15 a 22). Frente ao bom comportamento dos adolescentes, todos
cuidadores tiveram atitudes positivas de valorização e reconhecimento, como
parabenizo, tento dar algo, elogio, agradece. A capacidade de reconhecer e
valorizar os membros da família é um recurso importante que pôde ser observado nas
114
famílias deste estudo. Diante do mau comportamento, foi possível ob servar atitudes
positivas, negativas e de indiferença, como “conversa explicando o que deve ser feito”,
“xinga”, “briga”, “dá puxão de orelha” e “não faz nada”. Os tipos de práticas
educativas utilizadas pelos cuidadores revelam aspectos do funcionamento d a família e
do modo de interação destes. Entretanto, neste estudo não se aprofundou essa questão,
pois não foi explorada outras formas de identificar as práticas educativas dos cuidadores
além do relato destes, tendendo a uma resposta por desejabilidade so cial. O meio social,
o tipo de família, a evolução desta ao longo do tempo, a cultura, dentre outros fatores
socioculturais, como apontado por Montandon (2005), são determinantes da educação
familiar que influenciam os tipos de práticas e atitudes educativ as dos pais e o efeito
destas sobre seus filhos. Enfatiza -se o prejuízo que práticas educativas coercitivas e
negligentes trazem à saúde mental do adolescente. De acordo com Vitolo, Fleitlich -
Bilyk, Goodman e Bordin (2005) método educativos punitivos estão associados a
problemas de conduta e a problemas de saúde mental, na presença de fatores de risco
como, sexo da criança (masculino), cuidadores com problema mental e condições
socioeconômicas desfavoráveis. Algo interessante a ser investigado seria o ponto de
vista das crianças acerca das práticas educativas dos pais.
Ao investigar aspectos de saúde dos adolescentes, identificou -se a mãe como a
principal responsável pelo cuidado destes, seguido do pai. A avó foi mencionada
naquelas famílias em que esta era a principal cuidadora. Em algumas famílias o casal se
colocou em igual status de responsabilidade pelos filhos. Nestas, foi percebida a
implicação do homem na família e nos cuidados prestados a prole, o que revela um
movimento de mudança cultural entre os homens da pós-modernidade, que vem se
apropriando do seu espaço e lugar de pai, como apontado por Gomes e Resende (2004).
Contudo, os dados deste estudo mostraram uma relação forte da figura materna com a
busca de cuidado, que pode estar relacionado com a grande amostra nesta pesquisa de
famílias monoparentais chefiada por cuidadoras.
Os locais mencionados para busca de ajuda/atendimento corresponderam,
principalmente, aos serviços de saúde pública, como postos de saúde, instituições de
saúde que atendem pelo SUS e emergências de hospitais. Apenas uma única família
mencionou ter acessado o serviço de saúde via rede de saúde suplementar (plano de
saúde) em consultório particular, e outra mencionou a farmácia. Esses dados
corroboram com os da PNAD de 2003 par a o acesso e utilização de serviços de saúde,
que mostram que, majoritariamente, a população brasileira usava regularmente os
115
postos ou centros de saúde. Seguido, em ordem de importância, pelos consultórios
particulares, ambulatórios de hospitais e farmáci as (IBGE, 2005).
Para o histórico de saúde, foram poucos os problemas mencionados referentes à
saúde física, como rinite e catapora. Alguns destes eram crônicos, como pseudo -artrose
congênita e infecção crônica do tímpano. Estas duas últimas situações tra ziam um pesar
para a família que tinha de lidar frequentemente com os cuidados exigidos pelo
problema. A doença crônica traz implicações para o sistema familiar e para o doente,
sendo uma experiência coletiva e o individual, como apontado por Romano (199 9).
Santos e Sebastiani (1996) salientam a necessidade de reorganização da família frente à
doença, bem como do próprio paciente crônico que deve adaptar -se perante o problema
e a cada mudança gerada por este. A necessidade de cuidados regulares, visitas
freqüentes ao serviço de saúde, certa dependência dos outros e limitações impostas pela
doença podem acarretar desgaste e estresse emocional (Maciel, 2000). Nas famílias
deste estudo foi percebido potencial de saúde uma vez que estes encontraram
alternativas para solucionar os seus problemas e conseguir co nter os efeitos danosos
gerado pela doença crônica.
Sete adolescentes haviam realizado tratamentos psicológicos. Os motivos
mencionados pelos cuidadores não revelam diagnósticos precisos, apenas a descriçã o de
comportamentos, como problema de timidez, choro excessivo, por estar muito
quieto e não se relacionar com ninguém ”, não falava com a professora , revolta
com o pai, não aceitar doença crônica e amputação de membro do corpo ,
separação dos pais, para encaminhar a um reforço escolar , por não querer
mudar de bairro e ir morar em uma casa pequena . Por estes relatos é possível
perceber sintomas depressivos, problemas relacionais, dificuldade de adaptação às
mudanças e problemas escolares. Con statou-se através dos cuidadores que a escola foi
um importante mediador para a sinalização do problema de alguns adolescentes ao
delatar comportamentos externalizantes na escola, como agressividade, timidez e baixo
rendimento. Alguns dos problemas observa dos nos adolescentes estão dentre os
frequentemente apontados pela literatura como de maior incidência nesta população, por
exemplo, depressão (prevalência de 1 a 2%; Benetti et al., 2007; Michaud & Fombonne,
2005; Paula, Duarte, & Bordin, 2007) . No Brasil, há poucos estudos populacionais
investigando a prevalência de saúde mental em crianças e adolescentes.
Atendimento psicológico devido a problemas escolares, como o mau
desempenho, pode estar associado à falta de suporte afetivo ambiente pouco apoiador
-, adversidades na família - problemas relacionais conflituosos entre casal e pais/filhos -
116
e a práticas educativas coercitivas, conforme investigado por D’Avila Bacarji,
Marturano e Elias (2005) e Benetti (2006). Sintomas depressivos estão associados a
comportamentos de risco como o consumo de álcool e uso de drogas (Zinn -Souza et al.,
2008).
A saúde mental dos adolescentes precisa ser compreendida de modo sistêmico.
Aspectos da família, escola, comunidade e demais microssistemas, no qual o
adolescente está inserido, agem sobre os comportamentos e estado emocional. A
interconexão dos contextos significativos que influenciam no desenvolvimento é
fundamental para o provimento do cuidado adequado e promoção de saúde. Enfatiza -se
a importância de se utilizar o contexto escolar para trabalhar em vista da educação em
saúde. O profissional de saúde mental atuando enquanto psicólogo escolar pode
propiciar espaços de trabalhos grupais com adolescentes, bem como rastrear problemas
emocionais/comportamentais a fim de fornecer cuidado.
Nas entrevistas familiares e na construção do genograma da família junto com o
cuidador foram identificados eventos estressores na família do adolescente e na família
de origem do cuidador que impactaram a estrutura e dinâmica familiar. A equipe de
pesquisa ordenou os eventos estressores de forma que pudesse identificar a quem
diretamente o evento foi impactante, geralmente o identificado foi a pessoa que
externalizou sintomas (ver Tabelas 3 a 22). Tal ordenação é meramente ilustrativa e
identificatória do possível paciente. Compreende -se que o evento estressor atinge a
todos os membros da família, mesmo que este seja focado em apenas um dos
indivíduos, uma vez que a família é vista como um sistema aberto composto por
subsistemas que inte ragem entre si (Minuchin, 1982). As adversidades ou eventos
estressores identificados foram: pobreza, homicídio, violência, alcoolismo, gravidez
precoce, AIDS, drogas, tráfico, prisão, separação, doença física crônica e mental,
perdas, mudanças de moradia, negligência e repetência. Perdas, violência, alcoolismo,
separação e doença mental foram eventos estressores que comumente causaram grande
impacto emocional na família (ver Tabelas 3, 4, 5, 7, 9, 10, 14, 21 e 22). O problema do
alcoolismo, drogas e violên cia estavam mais associados às figuras masculinas (ver
Tabelas 5, 9, 11, 13 e 14). Os eventos ocorridos no contexto familiar influenciam
diretamente na saúde mental dos adolescentes.
A experiência humana da morte é um dos desafios adaptativos mais doloros os
em uma família, esta pode paralisar -se em seu desenvolvimento comprometendo a vida
de seus membros (Walsh & McGoldrick, 1998). Durante esta pesquisa foi possível
compartilhar histórias de vida, através das entrevistas, e perceber o modo de
117
enfrentamento e superação das famílias frente às perdas. Em algumas famílias percebeu -
se que ainda estava ocorrendo o processo de elaboração do luto, e associado a este
constatou-se a ocorrência da depressão, especialmente nos cuidadores. Em outras
famílias, este processo estava mais avançado, entretanto, no princíp io deste também
foram vivenciadas emoções fortes que acarretaram problemas mentais, estando o
cuidador ainda sob medicação. É interessante o fato de os doentes não terem
conhecimento acerca do seu diagnóst ico. Ao serem interpelados sobre este, não tinham
certeza, balbuciavam algo como depressão ou transtorno bipolar, mas sem muita
exatidão. Na tentativa de informar a equipe de pesquisa, eles buscavam as caixas dos
medicamentos e as apresentavam. É difícil s aber se a desinformação sobre a saúde
pessoal parte de um esquecimento do paciente pelas próprias limitações pessoais ou por
negação. Além disso, pode-se pensar na falta de informação médica precisa por descaso
ou por um extremo cuidado médico ao proteger o paciente de uma estigmatização ao
colocar a este um diagnóstico fechado, principalmente em se tratando de um problema
mental. Concomitante a isso, se reconhece o difícil trabalho do psiquiatra para chegar a
um diagnóstico diante da complexidade que é a m ente humana.
Ao serem questionados sobre a forma de tratamento, os cuidadores citaram
apenas internação psiquiátrica e tratamento medicamentoso. Sobre este aspecto, convém
pensar como é o atendimento do serviço de saúde utilizado por estes e qual a qualid ade
do tratamento, considerando acompanhamento continuado e o porquê da falta de um
tratamento psicológico paralelo. Estes aspectos o foram investigados na entrevista
com as famílias. Quando a ocorrência de um problema mental ou emocional na família
referiu-se ao adolescente, constatou -se o investimento no tratamento psicológico para
estes, sendo o cuidador a pessoa que procurou ajuda.
Sobre o tema doença mental, enfatiza -se o aspecto cultural da representação
desta na sociedade e no contexto em que se v ive, como apontado por Romano (1999), e
a tendência de o indivíduo, doente, não ser tratado como sujeito, e sim como o portador
de uma patologia. A estigmatização da doença é prejudicial para a adaptação ao ser
motivo de vergonha e/ou culpabilização. Deste modo, o estigma de doente e paciente
exige a reformulação pessoal de valores e conceitos de homem, mundo e relação
interpessoal (Camon, 1988). Através das entrevistas não foi possível identificar os
estereótipos existentes na família nem os sofridos por e las na comunidade.
Neste estudo foi identificada presença de transtorno mental em mulheres,
principalmente as chefas de família (ver Tabelas 4, 8, 13, 14 e 22). Tal fato pode estar
associado com o número de eventos estressores vividos por estas, maior ris co das
118
mulheres a depressão e/ou a fatores biológicos. O estresse materno tem sido mostrado
com fator de risco para problemas de ansiedade e depressão, e a instabilidade financeira
tem sido risco para a hiperatividade em adolescentes (Ferriolli, Marturano, & Puntel,
2007).
Aspectos protetivos foram identificados através do relato de coisas boas vividas
na família (ver Tabelas 3 a 22). A rede de apoio social e familiar se mostrou bem
importante para o funcionamento saudável na família. O centro profissionali zante,
amigos, familiares e parceiro se apresentaram como suporte social e familiar relevantes
para amortecer os efeitos de estressores e se relacionaram com a satisfação de vida das
pessoas, como apontado por Pardeck e colaboradores (1991), Baptista (2005) e Moos
(1990). Diante da pobreza, receber apoio do governo, ter um emprego, ter ajuda da
patroa são fatores fundamentais para garantir o provimento da família.
O genograma permitiu coletar essa vastidão de dados e aprofundou questões do
roteiro de entrevista da família. Este recurso possibilitou uma aproximação com as
famílias, auxiliando na construção do vínculo que favoreceu a abertura e
compartilhamento de informações entre pesquisadores e famílias. Deste modo, enfatiza -
se a aplicabilidade do instrumen to no estudo com famílias, reforçando experiências
descritas na literatura (Castoldi, Sobreira -Lopes, & Eschiletti-Prati, 2006).
Durante o processo de pesquisa, as famílias participantes do estudo, de modo
geral, apresentaram capacidade adaptativa para li dar com a transição, mudanças e
impasses próprios daquele momento do ciclo de vida, que segundo a perspectiva do
ciclo vital da teoria sistêmica (Andolfi & Ângelo, 1988; Bowen, 1979/1991; Carter &
McGoldrick, 1989/1995; Falicov, 1991; Minuchin & Fishman, 1 990), é um momento
sensível e desafiador no curso do desenvolvimento familiar. Enfatiza -se que mesmo
vivenciando igual momento do ciclo vital, cada família mostrou sua particularidade,
bem como seus membros, revelando recursos, limitações e vulnerabilidade s próprios. O
que aparecia como fator de proteção em uma família, em outra era um fator de risco.
Essa idéia pode ser transposta para dentro de uma mesma família, pois, o que foi
constatado como um fator de proteção o está cristalizado nesta função, assi m adverte
Rutter (1987).
A pesquisa mostrou os inúmeros desafios vivenciados pelas famílias de baixa
renda. A pobreza foi um fator de risco do contexto que expunha muitas famílias a
situações de privação moradia, alimento, transporte e condições de saúd e. A
exposição às drogas, que circulava livremente na comunidade, e o alcoolismo nas
famílias e entre os residentes do morro foram aspectos preocupantes na medida em que
119
estes se tornam exemplos de comportamentos de risco freqüentes na rotina dos
adolescentes. Como uma das conseqüências destes aspectos, assinala -se a violência que
se mostrou presente em muitas famílias, assumindo diferentes nuanças, como doméstica
e homicídio. Em algumas famílias, a ocorrência de gravidez precoce e transtorno mental
solicitam atenção devido à vulnerabilidade genética dos adolescentes a este, e para
aquele um maior risco devido à probabilidade de repetição do comportamento sexual de
risco levando a gravidez precoce na próxima geração, como ocorreu em algumas
famílias do estudo.
Ao mesmo tempo em que são perceptíveis todos os fatores de risco e
vulnerabilidade destas famílias, em diferentes formas cada um mostrou recursos e
habilidades idiossincráticas para enfrentar e superar os desafios. Estes se caracterizavam
como normativos e não-normativos do ciclo do desenvolvimento, do contexto de
pobreza, da falta de recursos básicos a uma qualidade de vida e pessoais, pertinentes a
individualidade de cada membro. Essa capacidade de superação diferenciada faz
reconhecer uma força inter na que impele esses sujeitos à vida, denotando aspectos de
resiliência familiar e individual.
O método da inserção ecológica que orientou os procedimentos de pesquisa e
coleta de dados foi fundamental para a compreensão da complexidade dos múltiplos
fatores relacionados com a saúde mental dos adolescentes. Por meio da inserção
ecológica foi possível captar dados da realidade que não estavam inicialmente
estabelecidos na pesquisa, mas que se mostram cruciais para a leitura e entendimento
dos contextos e dos fenômenos que ocorrem nestes. Desde modo, recomenda -se o uso
da inserção ecológica em pesquisas que atentem para a validade ecológica dos dados .
4.2. Visão de saúde e doença mental dos adolescentes
A investigação exploratória acerca da visão de saúde e doença mental dos
adolescentes revelou que a percepção de estar saudável mentalmente/emocionalmente
dos adolescentes está associada a capacidade de pensar de forma crítica e relacionar -se
bem com os outros (ver Tabela 23). Médias altas em “Poder ir à escol a e pensar de
forma clara” clarificam esta constatação. As relações interpessoais também foram
consideradas importantes pelos adolescentes, o que leva a pensar na valorização, por
parte destes, das habilidades sociais e capacidade de estabelecer vínculos a fetivos nos
contextos em que transitam. “Pensar positivo e ser otimista” mostrou aspectos internos
da pessoa que são valorizados pelos adolescentes, podendo se considerar características
da crença de auto-eficácia para lidar com atividades, adversidades e desafios da vida. As
120
médias baixas nos itens “não ter problemas e não ser tão sensível” mostraram que os
adolescentes dão se por conta que dificuldades são inerentes ao cotidiano e que o
indivíduo pode afetar-se emocionalmente frente às situações que viven cia. Percebe-se
um reconhecimento do sofrimento psíquico como fato próprio do ser humano. Não
precisar ir ao psicólogo/psiquiatra recebeu a média mais baixa. É possível que este dado
mostre uma desinformação sobre o papel destes profissionais ou uma visão dos
adolescentes menos estereotipada sobre aqueles aceitando que uma pessoa pode estar
saudável mentalmente /emocionalmente e mesmo assim ir a um psicólogo/psiquiatra.
Sobre a visão de estar doente mentalmente, os adolescentes revelaram uma
percepção integradora corpo e mente considerando esta mais difícil de controlar, e
associaram ao mau funcionamento cognitivo (ver Tabela 24). Os adolescentes não
associaram estar doente mentalmente/emocionalmente com a indicação de psicólogos e
psiquiatras a um tratamento , podendo estar de acordo com uma visão menos
estereotipada do profissional de saúde mental. Sentimentos de tristeza e infelicidade
também não apresentaram ter forte relação com a visão de estar doente
mentalmente/emocionalmente. Esta o foi percebida pel a maioria como algo que se
tenha desde o nascimento mostrando que há um conhecimento acerca de que um
problema mental/emocional pode acometer o indivíduo ao longo da vida. “Não ter
amigos e ser diferente dos outros” tiveram menores médias revelando pouca t endência à
exclusão de um doente mental/emocional entre os adolescentes.
Sobre a origem das idéias dos adolescentes em saúde e doença mental foi
expressiva a importância dada ao profissional de saúde como formador de opinião
acerca da temática (ver Tabela 25). Isto faz pensar na relevância do trabalho dos
profissionais de saúde junto aos adolescentes e às famílias, pois o impacto de suas
orientações pode gerar novos comportamentos e modos de vida. Enfatiza -se a
necessidade dos profissionais de saúde mental se tornarem mais acessíveis à população
para auxiliarem em trabalhos preventivos e educacionais bem como em intervenções
que visem à promoção de saúde. Os pais e a escola se mostraram em igual intensidade
como relevantes neste processo de construção da id éia de saúde e doença mental. Ações
que aproximem o contexto família e escola podem gerar efetivamente melhores
cuidados aos adolescentes. O psicólogo no contexto escolar pode ser uma ferramenta
crucial no processo de construção da idéia de saúde/doença me ntal. É salutar pensar
ações que integrem esses contextos bem como a mídia, veículo de grande impacto na
formação de opinião.
121
Entre os adolescentes a religião não pareceu um fator que tenha muita relação
com a saúde e doença mental (ver Tabela 26). Mesmo a religião pode ser um recurso
potencializador da cura na medida em que as pessoas recorrem ao auxílio do
transcendente diante de situações estressantes, como apontado por Panzini e Bandeira
(2007), os adolescentes deste estudo não consideram a religião co mo fator relevante.
Sobre os estereótipos em saúde mental e barreiras de acesso ao serviço foi
percebido que os adolescentes desconhecem o que faz o psicólogo e o psiquiatra (ver
Tabela 27). Esse dado revela um conhecimento superficial sobre o trabalho dos
profissionais de saúde mental. Souza Filho, Oliveira e Lima (2006) revelam que o
psicólogo é percebido como um profissional promotor de saúde mental e
proporcionador de auxilio psicológico, entretanto, esta visão é mais clara entre
profissionais de saúde e não na população em geral. Nestes resultados percebeu -se
melhor os estereótipos culturais acerca da doença mental ao revelar a preocupação dos
adolescentes em ser motivo de brincadeira entre os colegas, associar os profissionais
com a idéia do cuidado do maluco/louco e a necessidade de cuidado diferenciado, no
sentido de excludente. Estes resultados expressam o quão estigmatizado ainda parece
ser a visão de doença mental/emocional mesmo frente ao movimento antipsiquiátrico e
todas as estratégias de desins titucionalização. O processo de reelaboração de conceitos
na sociedade é mais trabalhoso do que a reorganização de dispositivos e estratégias de
atendimento e inclusão do doente mental (Silveira & Braga, 2005).
Talvez por esse estereótipo continuar forte n a sociedade, outra idéia se impõe
aos adolescentes, pensar que a própria pessoa pode ajudar a si mesma, o que pode
levar a uma postura de esconder o problema. Associado a esta atitude pode se pensar
também o comportamento auto -suficiente, característico da adolescência. As barreiras
de acesso não estiveram relacionadas com o custo do tratamento, talvez pelo fato de os
adolescentes freqüentarem serviços públicos de saúde, e nem a distância do local de
atendimento, por haver postos de saúde na comunidade e hospitais em sua proximidade.
Perante a realidade do serviço público de saúde, teria sido importante averiguar o tempo
de espera a um atendimento. Conhecer melhor como se a porta de entrada ao serviço
de psiquiatra e psicologia na rede pública poderia clarificar melhor as barreiras de
acesso ao serviço. Na visão dos adolescentes, a família não pareceu ser um empecilho
na busca de um psicólogo e/ou psiquiatra. Sobre a percepção de como seria um
tratamento/terapia para um problema mental, observa -se que os adolescentes vêem de
maneira positiva o cuidado a ser dispensado pelos profissionais de saúde, mesmo sem
conhecer bem o que faz este profissional, como apresentado em dados anteriores deste
122
estudo referente aos estereótipos (ver Tabela 28). Outra barreir a, novamente apontado
nos resultados, é a preocupação com a opinião dos outros.
Os adolescentes apontaram a mãe, os amigos, uma clinica/hospital e o pai como
as principais referências para a busca de apoio frente um problemas mental. A escola,
irmãos, avós, contexto religioso e profissional de saúde mental não se mostraram
relevantes (ver Tabela 29). As principais redes de apoio mencionadas pelos adolescentes
foram a mãe, o médico e o pai, o que corrobora com as pessoas e/ou instituições
apontadas como busca de apoio (ver Tabela 30). Deste modo, a família, amigos e
médico se caracterizam como uma importante rede de suporte e apoio aos adolescentes,
compreendendo-se que suporte familiar e social é aquele capaz de fornecer ao indivíduo
proteção e apoio, visand o ao bem estar psicológico e a satisfação de vida das pessoas
conforme apontando por Campos (2004) e Pardeck e colaboradores (1991). Segundo
Baptista (2005) o suporte social, principalmente o familiar, pode ser considerado como
um dos mais relevantes amortecedores do efeito de diversos estressores na vida das
pessoas. Sendo adequados, os suportes também possuem influência positiva nos
resultados de intervenções psicoterápicas, inclusive diminuindo a recorrência de
diversos transtornos (Moos, 1990).
As estragias de cuidado (coping) mais utilizadas pelos adolescentes quando
estes se sentem mal mentalmente/emocionalmente variam entre comportamentos de
enfrentamento da situação à atitudes de fuga, como deve falar com alguém sobre o
problema e procurar distrai r-se”(ver Tabela 31). A estratégia de coping será efetiva
se o comportamento utilizado amenizar os sentimentos desconfortáveis e auxiliar a
pessoa a lidar com a situação estressante (Lazarus & Folkman, 1984; Lorencetti e
Simonetti, 2005). As principais estratégias de coping mencionadas mostraram restrito
comportamento em vista do enfretamento e diminuição de sintomas desconfortáveis.
Considera-se importante desenvolver ações preventivas e de promoção de saúde que
desenvolva, fortaleça e amplie as estrat égias e competências dos adolescentes para lidar
com adversidades e sentimentos inquietantes que surgem em situações de estresse ou no
curso cotidiano da vida.
Na visão dos adolescentes, percebeu -se a valorização de sentimento de
pertencimento, boa relaçã o interpessoal, comunicação e cuidadores responsivos como
fatores associados à manutenção da saúde mental dos indivíduos na família (ver Tabela
32). Essas características asseguram certo nível de estabilidade ambiental e emocional,
sendo vistos como fatore s protetores (Ferriolli, Marturano, & Puntel, 2007).
Novamente, se enfatiza a importância de um contexto familiar favorável ao
123
desenvolvimento dos adolescentes. Conflitos conjugais e familiares geram intensa carga
emocional que repercutem na saúde de seus membros (Benetti, 2006; Guilherme,
Mattos, Serra-Pinheiro, & Regalla, 2007). Os adolescentes apresentaram satisfação com
seu estado de saúde revelando bons índices de bem -estar para diversos aspectos da vida,
como: condição física, estados de humor, famíl ia, escola, aprendizagem e relações com
amigos (ver Tabela 33).
Diferenças por sexo foram apresentadas para alguns itens avaliados entre os
adolescentes (ver Tabela 3 4). Dentre os aspectos que foram relevantes anteriormente
apontados neste capítulo, foi percebida diferença significativa na busca de ajuda quando
tem um problema mental para o item dos amigos. As meninas recorrem mais aos
amigos(as) do que os meninos. Sobre os estereótipos e barreiras de acesso ao serviço de
saúde mental, os meninos mostram ter mais preconceito acerca de ir a uma clínica ou
hospital psiquiátrico do que as meninas. As meninas mais que os meninos pensam que o
problema é normal na sua própria família. Ao imaginar um tratamento, elas também se
vêem mais a vontade para expressar s ua opinião do que os meninos. Esses dados
mostram diferenças de gênero em relação a comportamentos que devem ser
considerados ao pensar em trabalhar com essa população. Nota -se que o grupo de
meninas parece ter mais abertura ao diálogo e usa este recurso p ara lidar com um
problema, seja buscando um(a) amigo(a) ou expressando sua opinião em um tratamento.
Para os meninos, deve-se investigar melhor o que pode estar associado ao medo de ir a
uma clínica.
4.3. A visão de saúde e doença mental d os cuidadores do sexo feminino
A visão das cuidadoras sobre estar saudável mentalmente esteve relacionada
com o bom funcionamento físico e cognitivo. Estas foram as que mais associaram saúde
mental a não precisar ir ao psicólogo ou psiquiatra, revelando uma maior associa ção dos
profissionais de saúde mental com a existência concreta de um problema
mental/emocional (ver Tabela 35).
A visão das cuidadoras sobre estar doente mentalmente revelou um
reconhecimento da relação corpo -mente, e uma associação com dificuldades de
concentração, o que pode estar relacionado com as dificuldades de aprendizagem
percebida nos adolescentes (ver Tabela 36). Além disso, metade das cuidadoras
percebeu a doença mental como algo difícil de ser curado e que acomete o indivíduo
desde o nascimento, o que revela idéias estereotipadas acerca da doença
mental/emocional. Esses dados mostram como a visão das cuidadoras é distinta da dos
124
adolescentes e a necessidade de se trabalhar aspectos psicoeducativos e informativos
junto aos familiares visando a u ma preparação adequada no provimento dos cuidados
aos adolescentes.
Na visão das cuidadoras, a escola e a dia são os contextos que mais
influenciam a formação da idéia de saúde e doença mental dos adolescentes (ver Tabela
37). Isto revela o quanto as cu idadoras percebem que os contextos e fatores externos à
família exercem maior influência sobre a percepção de saúde e doença mental dos
adolescentes. De modo geral, as mães também não associam a religião com quaisquer
aspectos de saúde e doença mental (ver Tabela 38).
Os estereótipos apresentados pelas cuidadoras revelam que elas assumem para si
e para o pai a responsabilidade pelo problema do adolescente e associam o profissional
de saúde com o cuidado do louco (ver Tabela 39). Estas percepções podem dific ultar a
busca de ajuda, além de poder acarretar sentimentos de culpa e impotência por não se
ver competente no cuidado do filho(a).
A visão das cuidadoras acerca da busca de apoio dos adolescentes para um
problema mental coincidiu com a visão dos adolescen tes apenas referindo à figura
materna. A rede de apoio na visão desta foi bem parecida com a nomeada pelos
adolescentes, sendo a mãe e o pai as pessoas mais significativas (ver Tabelas 41 e 42).
Esse dado é interessante por revelar o quanto os pais são vín culos importantes tanto na
perspectiva das cuidadoras quanto dos adolescentes.
As estratégias de cuidado que as cuidadoras sugerem aos adolescentes se
apresentam como comportamentos que visam à mudança da situação como “falar com
alguém sobre o problema, tentar meios naturais e mudar a situação” (ver Tabela 43).
Contudo, comportamento de fuga também foi mencionado pelas cuidadoras com
estratégias de cuidado tomada pelo adolescente ao sentir -se mal
mentalmente/emocionalmente. O incentivo das cuidadoras a es tratégias que auxiliem na
mudança da situação estressante são aspectos importantes que revela apoio e estímulo à
superação.
Acerca da manutenção da saúde mental/emocional na família observou -se que
tanto para as cuidadoras quanto para os adolescentes foi r essaltado a importância do
bom relacionamento entre o casal, da manifestação de afeto, apoio e reconhecimento
das necessidades dos filhos, bem como a comunicação entre pais e filhos (ver Tabela 44
e 45). As cuidadoras apresentaram satisfação com o estado d e saúde dos adolescentes,
revelando bons índices de bem -estar para diferentes aspectos da vida destes, como:
125
condição física, estados de humor, família, escola, aprendizagem e relações com amigos
(ver Tabela 46).
4.4. A visão de saúde e doença mental dos cuidadores do sexo masculino
A visão dos cuidadores sobre estar saudável mentalmente esteve relacionada ,
principalmente, com bom funcionamento cognitivo e satisfação pessoal como estar
alegre e sentir-se equilibrado. Os cuidadores apresentaram baixa associação entre
estar saudável mentalmente e não precisar ir ao psicólogo ou psiquiatra, revelando uma
visão menos estereotipada que a das cuidadoras em relação aos profissionais de saúde
mental, assemelhando-se mais à percepção dos adolescentes (ver Tabela 47).
A visão dos cuidadores sobre estar doente mentalmente também revelou um
reconhecimento da relação corpo -mente, sendo um problema mental/emocional mais
difícil de controlar do que uma doença física. (ver Tabela 48). Além disso, os
cuidadores associaram a visão de estar doente mentalmente com o aparecimento de
sentimentos de tristeza e mal -estar. A visão dos cuidadores se aproxima mais da dos
adolescentes.
Na visão dos cuidadores, a escola e os profissionais de saúde são o contexto e
pessoa de referência que mais influenciam na formação da idéia de saúde e doença
mental dos adolescentes (ver Tabela 49). Mais uma vez a escola parece como um
contexto relevante na vida dos adolescentes. E a importância dada ao profissional de
saúde é condizente com a visão dos adolescentes. De modo geral, os pais também não
associam a religião com quaisquer aspectos de saúde e doença mental (ver Tabela 50).
Os estereótipos apresentados pelos cuidadores revelam o receio acerca da
opinião dos outros como um importante motivo para não se buscar ajuda de um
profissional de saúde mental. Além do temor de no fim ir a uma clínica ou hospital
psiquiátrico devido ao problema (ver Tabelas 51 e 52). Estas percepções podem
dificultar a busca de ajuda e mostram o quanto a preocupação co m a opinião dos outros
traz implicações para os comportamentos de saúde.
A visão dos cuidadores acerca da busca de apoio dos adolescentes para um
problema mental coincidiu com a dos adolescentes para mãe e clínica ou hospital. A
rede de apoio na visão dos cuidadores foi bem parecida com a nomeada pelos
adolescentes, sendo a mãe, o pai e os profissionais de saúde as pessoas mais
significativas (ver Tabelas 53 e 54). É interessante perceber como a visão dos
cuidadores se aproxima bastante das mencionadas pel os adolescentes em vários
aspectos investigados no estudo.
126
As estratégias de cuidado que os cuidadores sugerem aos adolescentes se
assemelham as incentivadas pelas cuidadoras, investindo em comportamentos que
visam à mudança da situação de mal estar menta l/emocional, como “falar com alguém
sobre o problema, mudar a situação e tomar medicamentos (ver Tabela 55). Os
cuidadores não mencionaram muitas estratégias de coping que caracterize
comportamentos de fuga ou evitação do problema.
Acerca da manutenção da saúde mental/emocional na família observou -se que
tanto para os cuidadores quanto para as cuidadoras e os adolescentes foi ressaltado a
importância do bom relacionamento entre o casal, da manifestação de afeto, apoio e
reconhecimento das necessidades do s filhos, bem como a comunicação entre pais e
filhos (ver Tabela 56 e 57). Os cuidadores apresentaram satisfação com o estado de
saúde dos adolescentes muito similares a percepção das cuidadoras e dos próprios
adolescentes (ver Tabela 58).
4.5. Limitações do estudo
Na execução deste estudo observou -se a importância de aprofundar mais por
meio da inserção ecológica e outras formas a investigação sobre os serviços de saúde
presentes na comunidade e seu funcionamento. Estes foram superficialmente abordados
através do relato dos participantes durante os questionamentos acerca da busca de ajuda,
no processo de entrevista da família. Além disso, nesta entrevista não foi tratado
especificamente dos serviços em saúde mental disponíveis na comunidade e nem da
rede de assistência. A visita realizada a um dos postos de saúde, no início da pesquisa,
foi pontual e na tentativa de conhecer mais a estrutura física e recursos humanos
disponíveis do que mesmo a forma de funcionamento. Deste modo, não ter sido
investigado a rede na comunidade que presta serviço em saúde mental empobreceu o
conhecimento acerca dos serviços oferecidos e a compreensão da interação destes com
os demais contextos, escola e família.
A investigação junto à rede de serviço poderia ter agregado mais informações
acerca da prevalência de transtornos mentais na comunidade entre adultos e
adolescentes e acerca dos modos de tratamento possíveis e procedimentos de
encaminhamentos. Os aspectos institucionais e burocráticos presentes no serviço de
saúde pública não foram investigados, deste modo, neste estudo não se sabe de que
maneira as barreiras de acesso ao serviço estão relacionadas com a estrutura de
funcionamento do atendimento nos serviços públicos.
127
Além disso, aspectos referentes aos comportamentos d e risco, como uso de
álcool, drogas e métodos de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis, não foram
investigados junto aos adolescentes, sendo estes importantes para avaliar aspectos
relacionados ou não a comportamentos saudáveis que contribuem na p romoção e
prevenção da saúde mental dos adolescentes. Em apenas uma situação foi mencionado a
suspeita de uso de drogas por um dos adolescentes, sendo esta informação proveniente
da direção do centro profissionalizante e não na família do adolescente.
A amostra limitada à população de baixa renda restringe a compreensão da visão
dos adolescentes e seus cuidadores a um único segmento social. Posteriormente, é
importante conhecer as similitudes e diferenças que possam existir entre as classes
sociais acerca de todos os objetivos investigado no estudo. Além disso, a análise
realizada nos questionários limitou -se às questões fechadas e de escala likert devido ao
volume de dados coletados com os instrumentos. Os dados qualitativos ficaram para
análises futuras.
128
CAPÍTULO V
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inserção ecológica realizada (Cecconelo & Koller, 2003; Eschiletti-Prati et
al., 2008) neste estudo possibilitou um nível de compreensão multidimensional dos
fatores relacionados à saúde mental dos adolescentes. Isto foi possível através da análise
dos microssistemas - família, centro profissionalizante e comunidade - e da
interconexão das informações coletadas nestes relacionadas à saúde e ao
comportamento dos adolescentes. O modelo bioecológico foi adequado e
imprescindível ao auxiliar, enquanto referencial teórico, na compreensão sistêmica e
processual do desenvolvimento humano (Bronfenbrenner, 1979/1996; Bronfenbrenner
& Morris, 1998). Os dados coletados foram analisados buscando contemplar, conf orme
proposto na teoria, os componentes: processo, pessoa, contexto e tempo (PPCT).
Partindo de uma visão macro para chegar ao adolescente em si, esse estudo
pode mostrar como fatores socioeconômicos, aparentemente distais, perpassam todo o
desenvolvimento, influenciando diretamente e/ou indiretamente na vida dos indivíduos.
A condição de pobreza e todas as conseqüências relacionadas a ela afetam a qualidade
de vida e bem-estar dos adolescentes e das famílias. Neste estudo foi constatado que
condições precárias de moradia, transporte, saneamento, bem como a violência e as
drogas presentes na dinâmica e funcionamento da comunidade são fatores de risco à
saúde das famílias e dos adolescentes.
Por sua vez, as famílias sofrem com as privações e intenso estress e devido às
más condições de vida. Os chefes de família são sobrecarregados pelo acúmulo de
funções, luta pela sobrevivência através de cargas horárias de trabalho intensa, e papéis
parentais que igualmente exigem dedicação. Altos níveis de estresse marcam a vida das
famílias de baixa renda, que conseqüentemente, acarretam prejuízos a saúde destas e de
seus membros. O estresse do cotidiano da pobreza se agrava com as perdas
significativas de membros, doenças crônicas, violência intrafamiliar, gravidez preco ce,
dentre outros fatores não -normativos do ciclo desenvolvimental das famílias.
Ademais, cada família e seus membros apresentam suas particularidades de
recursos e vulnerabilidades que devem ser considerados ao buscar conhecer os aspectos
de saúde deste contexto e dos indivíduos nele inseridos. Dentre os recursos, foi possível
perceber o quão a rede de apoio social e afetiva é importante para a manutenção da
saúde mental dos indivíduos. Enfatiza -se aqui o contexto do centro profissionalizante
129
que se mostrou um recurso para muitos adolescentes, e mesmo para as famílias ao
encontrarem apoio para as situações de estresse pertinentes ao contexto da pobreza e às
dificuldades encontradas com os próprios adolescentes . Além da instituição, familiares,
amigos, parceiros e trabalho compõem a gama de fatores protetores das famílias e dos
adolescentes. Alguns destes estão mais relacionados aos cuidadores, por exemplo, o
contexto do trabalho, no qual estes encontram uma rede de apoio e suporte que auxiliam
não apenas nas necessidades básicas, mas também propicia o desenvolvimento das
potencialidades profissionais o que ocasiona satisfação pessoal aos cuidadores, bem
como amplia a rede de relações destes. Os familiares, amigos e parceiros se revelaram
como pessoas importa ntes na constituição de uma rede de apoio social e afetiva
saudável. Poder contar com familiares diante de situações de estresse ou em
necessidades do cotidiano, ter momentos juntos de convivência, principalmente de
lazer, são formas de encontrar apoio e e nvolvimento que geram satisfação e fortalecem
vínculos afetivos.
Esta pesquisa atingiu seus objetivos ao conhecer a visão que adolescentes e
seus cuidadores possuem acerca do que sejam saúde e doença mental. O estudo revelou
que estereótipos sociais ainda são presentes e fortes, o que dificulta na melhoria da
atenção nos serviços de saúde mental tornando -se uma barreira de acesso ao serviço.
Mostrou também o desconhecimento do papel e função do profissional de saúde mental.
Além disso, revelou as principai s redes de apoio dos adolescentes frente a um problema
mental/emocional e as estratégias de cuidado utilizadas por estes para cuidarem de si
mesmo frente ao sentir -se mal mentalmente/emocionalmente. Também foram
identificadas as diferenças e semelhanças en tre as visões dos adolescentes, das
cuidadoras e dos cuidadores para todos os aspectos investigados no estudo.
A visão dos adolescentes e seus cuidadores sobre saúde e doença mental
revelou um conhecimento superficial acerca do trabalho e funções dos prof issionais de
saúde mental, bem como a presença de estereótipos sociais como a idéia do louco e a
preocupação com a exclusão e o preconceito. Os profissionais de saúde, a família, a
escola e a mídia se mostraram como os meios possíveis de atingir uma mudanç a de
mentalidade ao serem mencionados como as principais redes de apoio, busca de ajuda e
formadores de opinião. Intervenções psicoeducativas podem ser exploradas pelos
profissionais de saúde mental utilizando o contexto da escola, e trazendo para dentro
deste a família, oportunizando a construção de conhecimento e promoção de
comportamentos entre os adolescentes e suas famílias. Ressalta-se o importante papel
130
das redes sociais e do trabalho interdisciplinar como estratégia fundamental para a
promoção de saúde em vista do bem-estar e qualidade de vida.
Esse trabalho mostrou formas de como a Psicologia da Saúde pode estar cada
vez mais se apropriando da sua função de promotora de saúde ocupando espaços pouco
explorados ou ainda inóspitos, através de interven ções e ações extramuros à clínica
psicológica. Este trabalho requer o diálogo com os outros saberes, principalmente a
psiquiatria, devido à ênfase na saúde mental que o perpassa, e junto com esta ampliar a
rede para áreas da assistência social, educação, d entre outras, de acordo com as
necessidades que se apresentam em cada contexto de trabalho.
Pensar na promoção integral da saúde dos adolescentes requer a criação de
espaços que reconheçam e valorizem o cuidado da saúde mental. Estes espaços não
devem preconizar a atenção apenas em situações severas e crônicas, como é a realidade
dos CAPS-infantil. Neste estudo pôde ser observado como problemas do dia -a-dia e
eventos de vida geram tensão emocional e comprometem a saúde dos adolescentes.
Criar espaços de at enção à saúde mental dos adolescentes que considerem a
complexidade que abrange neste momento do ciclo de vida é de extrema relevância.
Enfatiza-se a estratégia do Youth Friendly Services que vem sendo adotada em diversos
países desenvolvidos para prover um cuidado integral adequado aos adolescentes.
Ademais, o cuidado a saúde mental, com toda a sua multidimensionalidade de fatores,
deve ser revisto nas unidades básicas de saúde, lançando atenção para além do
tratamento medicamento. Deste modo é possível m elhorar as condições de atendimento
na atenção primária.
Com os dados deste estudo, pretende -se auxiliar os profissionais da área de
saúde na melhoria do atendimento efetivo e eficaz aos adolescentes ao compreender
melhor as necessidades de saúde destes. Portanto, a partir dos resultados desta pesquisa,
busca-se seguir aprofundando a temática de estudo e propor intervenções sociais
futuras, como projetos psicoeducativos, principalmente no contexto escolar já que este é
tão importante nesta fase de desenvol vimento. Embasado nos dados deste estudo,
espera-se contribuir aos profissionais de saúde na melhor compreensão do seu papel
enquanto formador de opinião relacionado aos cuidados em saúde. Auxiliar as famílias
nos cuidados dos seus filhos(as) por meio da compreensão acerca do que estes(as)
pensam sobre saúde e doença mental/emocional. Os dados obtidos permitirão
desenvolver estratégias informativas em saúde mental favorecendo a atuação junto a os
usuários adolescentes e suas famílias.
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140
ANEXOS - Anexo A - JOVENS
PARTE 1:SAÚDE
A. Estar saudável mentalmente significa para mim …
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
1.
estar feliz, alegre
O
O
O
O
2.
não ser tão sensível/frágil
O
O
O
O
3.
poder pensar de forma clara
O
O
O
O
4.
pensar positivo, ser otimista
O
O
O
O
5.
ter controle sobre a própria vida
O
O
O
O
6.
não usar drogas
O
O
O
O
7.
não ter problemas
O
O
O
O
8.
sentir-me equilibrado/a
O
O
O
O
9.
ter energia/disposi ção
O
O
O
O
10.
não precisar ir ao Psicólogo/Psiquiatra
O
O
O
O
11.
poder ir à escola
O
O
O
O
12.
poder se relacionar bem com os outros
O
O
O
O
13.
ser normal
O
O
O
O
14.
perceber o que não deve ser feito
O
O
O
O
15.
algo muito importante
O
O
O
O
16.
eu sei mais ou menos o que é, mas é difícil
de explicar
O
O
O
O
17.
caso ache que falta alguma coisa, escreva
abaixo:
___________________________________
O
O
O
O
141
B. Estar doente mentalmente significa para mim …
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
18.
estar infeliz, triste
O
O
O
O
19.
não se sentir bem
O
O
O
O
20.
ter sentimentos feridos
O
O
O
O
21.
que algo não está bem com a cabeça
O
O
O
O
22.
estar estressado/a
O
O
O
O
23.
ser diferente dos outros
O
O
O
O
24.
quando o corpo não está bem, a cabeça
também sofre e vice -versa
O
O
O
O
25.
não conseguir enfrentar os desafios do dia a
dia
O
O
O
O
26.
algo mais difícil de controlar do que uma
doença física, do corpo
O
O
O
O
27.
ter dificuldade de se concentrar bem
O
O
O
O
28.
não ter amigos
O
O
O
O
29.
quando profissionais como psicólogos ou
psiquiatras aconselham um tratamento
O
O
O
O
30.
algo que não se percebe logo
O
O
O
O
31.
algo que deve ser levado a sério
O
O
O
O
32.
algo que quase não pode ser curado
O
O
O
O
33.
algo que se tem desde o nascimento
O
O
O
O
34.
É difícil de definir
O
O
O
O
35.
caso ache que falta alguma coisa, escreva
abaixo:
___________________________________
O
O
O
O
C. De onde acha que vêm as suas idéias sobre saúde e doença
142
mental?
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
36.
dos meus pais
O
O
O
O
37.
dos meus avós
O
O
O
O
38.
dos meus irmãos
O
O
O
O
39.
dos meus amigos
O
O
O
O
40.
da escola
O
O
O
O
41.
de profissionais (por ex.: médico,
psicólogo)
O
O
O
O
42.
da mídia (televisão, rádio, internet)
O
O
O
O
43.
de outro lugar, escreva abaixo:
__________________________________
O
O
O
O
D. Você acha que religião contribui para:
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
44.
saúde mental
O
O
O
O
45.
formação de uma doença mental
O
O
O
O
46.
cura de uma doença mental
O
O
O
O
E. O que você faz quando se sente mal mentalmente? Indique a freqüência do qu e você
faz nas situações abaixo:
nunca
raramente
geralmente
sempre
47.
espero um pouco, descanso
O
O
O
O
48.
procuro distrair-me: leio, ouço música
O
O
O
O
49.
convivo com isso
O
O
O
O
50.
penso: isso não é tão mau
O
O
O
O
51.
procuro mudar a situação
O
O
O
O
52.
espero ser procurado/a pelos outros
O
O
O
O
53.
falo com alguém sobre o problema
O
O
O
O
54.
tomo medicamentos
O
O
O
O
143
55.
tento medicina alternativa (homeopatia, acupuntura,
florais de Bach)
O
O
O
O
56.
tento meios naturais , caseiros (chás, banhos, etc.)
O
O
O
O
57.
procuro ajuda nos números de telefone de Disque -
ajuda para onde se pode ligar
O
O
O
O
58.
não procuro ajuda
O
O
O
O
59.
prefiro ficar sozinho
O
O
O
O
60.
nada e ninguém pode ajudar
O
O
O
O
61.
não sei
O
O
O
O
62.
outra coisa, escreva abaixo:
_______________________________________________
O
O
O
O
F. Alguns jovens procuram alguém quando têm um problema mental.
Abaixo uma lista com várias pessoas. Marque com que freqüência você procura cada
uma dessas pessoas quando tem um problema mental. Caso alguma destas pessoas não
exista na sua vida (por exemplo: irmãos) deixe a linha correspondente em branco.
Quando tenho um problema mental eu
procuro…
nunca
raramente
geralmente
sempre
63.
a minha mãe
O
O
O
O
64.
o meu pai
O
O
O
O
65.
os meus irmãos
O
O
O
O
66.
a minha avó
O
O
O
O
67.
o meu avô
O
O
O
O
68.
os meus amigos/as
O
O
O
O
69.
o meu professor/a
O
O
O
O
70.
uma pessoa do contexto religioso
(por ex.: padre, guia espiritual)
O
O
O
O
71.
o médico de família ou o pediatra
O
O
O
O
72.
uma pessoa da medicina alternativa, natural
O
O
O
O
73.
um psicólogo/psiquiatra
O
O
O
O
74.
um outro especialista
(por ex.: neurologista)
O
O
O
O
75.
uma clínica ou hospital
O
O
O
O
76.
outra pessoa ou instituição, escreva abaixo:
_____________________________________
O
O
O
O
G. Imagine que um jovem tem um problema mental e é proposto a ele (ela) ir a um
psicólogo/psiquiatra. Quais podem ser os motivos para ele (ela) não querer ir?
144
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
77.
Ele (ela) não sabe o que o psicólogo/psiquiatra
vai fazer com ele
O
O
O
O
78.
Ele (ela) pensa que os psicólogos/psiquiatras
dão muitos medicamentos
O
O
O
O
79.
Pensa que só vai ao psi logo/psiquiatra quem
não está bem ou quem é maluco
O
O
O
O
80.
Ele (ela) não quer ser gozado/caçoado pelos
colegas
O
O
O
O
81.
Ele (ela) tem medo de depois ter que
mudar para uma classe ou escola especial
O
O
O
O
82.
Ele(ela) tem medo de no fim ir a um hospital
psiquiátrico/clínica ou um lar substituto
O
O
O
O
83.
Pensa que quem é realmente responsável pelo
problema são os pais e eles é que precisam de
ajuda
O
O
O
O
84.
Ele (ela) pensa que os pais não querem que ele
vá ao psiquiatra/psicólogo
O
O
O
O
85.
Ele (ela) pensa que problemas mentais devem
ser resolvidos na família
O
O
O
O
86.
Ele (ela) pensa que quando se trata de
problemas mentais só a própria pessoa é que
pode ajudar a si mesma
O
O
O
O
87.
Ele (ela) acha que este problema é norma l na
sua própria família
O
O
O
O
88.
Pensa que uma psicoterapia demora muito
tempo
O
O
O
O
89.
Ele (ela) pensa que o consultório do psicólogo/
psiquiatra fica muito longe de sua casa
O
O
O
O
90.
Pensa que uma terapia custa muito dinheiro
O
O
O
O
91.
Acha que não é necessário nenhuma ajuda
O
O
O
O
92.
Ele (ela) não sabe onde se pode obter ajuda e
nem quem é competente para aju -lo
O
O
O
O
93.
Outra coisa, escreva abaixo:
_________________________________________
O
O
O
O
H. Alguma vez você já r ecebeu ajuda de um profissional como um psicólogo, psiquiatra ou
psicoterapeuta para um problema mental?
94.
O Sim
Se tiver feito uma cruz no
“Sim” responda às
perguntas marcadas com o
Cebolinha
O Não
Se tiver feito uma cruz no “Não”
responda às pergun tas marcadas
com o Bidu
95.
Para que tipo de problema você recebeu ajuda? (Por exemplo: medos, dificuldades na
escrita, problemas de concentração, problemas com os colegas, etc.)
145
_____________________________________________________________
96.
a)
Quando é que o problema apareceu pela primeira vez?
Quando eu tinha mais ou menos _________ anos
b)
Quando é que começou o primeiro tratamento?
Quando eu tinha mais ou menos _________ anos
c)
O tratamento já terminou?
O Não
O Sim
Mais ou menos qua ndo é que terminou o tratamento?
: ________ anos ou
há: ________ meses
Como foram ou como estão sendo
essas experiências?
Achei/acho que …
Como imagina um tratamento
para um problema mental?
Imagino que
Quem é que procurou para você
ajuda profissional (por ex.:
psiquiatra/psicólogo)?
Se tivesse um problema mental
quem é que procuraria para você
ajuda profissional (por ex.:
psicólogo/ psiquiatra)?
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
104.
eu próprio/a
O
O
O
O
105.
a minha mãe
O
O
O
O
106.
o meu pai
O
O
O
O
107
a minha avó/a
O
O
O
O
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
97.
a terapia ajuda
O
O
O
O
98.
me sinto bem com o terapeuta
O
O
O
O
99.
não aceitei a terapia no início
O
O
O
O
100.
a terapia me dá estabilidade, segurança,
apoio
O
O
O
O
101.
posso expressar a minha própria opini ão
O
O
O
O
102.
as pessoas me olham de forma estranha
quando eu vou ao consultório/clínica
O
O
O
O
103.
outra coisa, escreva abaixo:
____________________________________
O
O
O
O
146
108.
o professor/a escola
O
O
O
O
109.
o médico de família, o pediatra, agente
comunitário de saúde ou outros
especialistas
O
O
O
O
110.
o Conselho tutelar
O
O
O
O
111.
outra pessoa ou in stituição, escreva abaixo:
____________________________________
O
O
O
O
PARTE 2:FAMÍLIA
I. Que importância tem as frases abaixo para que uma pessoa possa se manter saudável
mentalmente na sua família?
126. Agora escreva uma frase ou palavra sobre como na sua família se tenta
manter e incentivar o bem -estar mental. Escreva uma frase ou alguma
palavra que venha à ca beça a este respeito.
____________________________________________________________ ___________________
PARTE 3:BEM-ESTAR
J. Agora vêm ainda algumas perguntas em relação à sua saúde física e mental
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
Concordo
totalmente
112.
Estar satisfeito e satisfazer os outros na
família
O
O
O
O
113.
Sentir-se aceito/amado como se é
O
O
O
O
114.
Haver comunicação agradável entre os
membros da família
O
O
O
O
115.
Chamar a atenção dos outros para o lado
bom das coisas
O
O
O
O
116.
Saber ouvir e falar entre si, estar
disponível para o diálogo
O
O
O
O
117.
Haver consenso/acordo entre os pais
O
O
O
O
118.
Ter pais que orientam/ensinam
O
O
O
O
119.
Ter compreensão mútua
O
O
O
O
120.
Poder partilhar na família experiências e
carregar problemas em conjunto
O
O
O
O
121.
Poder confiar uns nos outros
O
O
O
O
122.
Ter as refeições em conjunto na família
O
O
O
O
123.
Ter relações próximas com os outros
membros da família
O
O
O
O
124.
Ter uma orientação religiosa
O
O
O
O
125.
Ter tempo livre /lazer em comum
O
O
O
O
Em geral, como você descreve a sua saúde?
147
127.
O excelente
O muito boa
O boa
O má
O muito má
128.
O Não
O Sim
Qual? _______________________________
nada
pouco
moderada-
mente
muito
total-
mente
129.
Sentiu-se bem e em forma?
O
O
O
O
O
130.
Esteve fisicamente ativo (por ex.:
caminhou, brincou, praticou esporte)?
O
O
O
O
O
131.
Foi capaz de ter bom desempenho nas
atividades físicas?
O
O
O
O
O
nunca
rara-
mente
algumas
vezes
Freqüentemente
sempre
132.
Sentiu-se cheio/a de energia?
O
O
O
O
O
K. Os seus Sentimentos e Estados de Humor
nada
pouco
moderada-
mente
Muito
total-
mente
133.
Sentiu-se satisfeito/a com a vida?
O
O
O
O
O
nunca
rara-
mente
algumas
vezes
frequente-
mente
sempre
134.
Esteve de bom humor
O
O
O
O
O
135.
Divertiu-se?
O
O
O
O
O
nunca
rara-
mente
algumas
vezes
frequente-
mente
sempre
136.
Sentiu-se triste?
O
O
O
O
O
137.
Sentiu-se tão mal que não quiseste
fazer nada?
O
O
O
O
O
138.
Sentiu-se sozinho/a?
O
O
O
O
O
139.
Sentiu-se feliz com a sua maneira de
ser?
O
O
O
O
O
L. Família e Tempo Livre
nunca
rara-
mente
algumas
vezes
frequente-
mente
sempre
140.
Teve tempo suficiente para si?
O
O
O
O
O
141.
No seu tempo livre foi capaz de fazer
atividades que gosta de fazer?
O
O
O
O
O
142.
Os seus pais tiveram tempo suficiente
O
O
O
O
O
Pense na última semana ...
Pense na última semana ...
Pense na última semana ...
Pense na última semana ...
Pense na última semana ...
Tem alguma incapacidad e, doença ou condição física crô nica?
148
para você?
143.
Os seus pais o trataram com justiça?
O
O
O
O
O
144.
Foi capaz de conversar com os seus pais
quando você quis?
O
O
O
O
O
145.
Teve dinheiro suficiente para fazer as
mesmas atividades que os seus amigos?
O
O
O
O
O
146.
Teve dinheiro suficiente par a as suas
despesas?
O
O
O
O
O
M. Amigos
nunca
rara-
mente
algumas
vezes
frequente-
mente
sempre
147.
Passou tempo com os seus amigos?
O
O
O
O
O
148.
Você se divertiu com os seus amigos?
O
O
O
O
O
149.
Você e seus amigos se ajudaram uns
aos outros?
O
O
O
O
O
150.
Sentiu que podia confiar nos seus
amigos?
O
O
O
O
O
N. Ambiente Escolar e Aprendizagem
nunca
rara-
mente
algumas
vezes
frequente-
mente
sempre
151.
Sentiu-se feliz na escola?
O
O
O
O
O
152.
Foi bom aluno/a na escola?
O
O
O
O
O
nunca
rara-
mente
algumas
vezes
Frequente-
mente
sempre
153.
Você se sentiu capaz de prestar
atenção?
O
O
O
O
O
154.
Teve uma boa relação com os seus
professores?
O
O
O
O
O
PARTE 4: CONDIÇÕES DE VIDA
O. Como é a sua situação escolar?
155.
Escola: O Pública O Particular
Série ____ Grau ___________
P. Como vive a sua família?
156.
Que escola e série freqüenta?
A sua família tem carro?
Pense na última semana ...
Pense na última semana ...
Pense na última semana
149
O Nenhum O Um O Dois ou mais
157.
O Não O Sim
158.
O Nenhuma vez O Uma vez O Duas vezes O Mais de duas vezes
159.
O Nenhum O Um O Dois O Três ou mais
160.
Seus pais são:
O solteiros O vivem juntos O casados
O separados O divorciados O viúvo/a
161.
Com quem você mora?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
Q. Agora só mais algumas perguntas para terminar
162.
O feminino O masculino
163.
Mês
______________
Ano
______________
166.
Qual é o telefone dos seus pais?
Residência __________ celular ______________
ANEXO B - CUIDADORES
PARTE 1:SAÚDE
164.
O sim Oo
165.
O branca
O parda O negra
Outra ______
Qual sua cor?
Você é do sexo feminino ou masculino?
Tem um quarto só para ti?
Com que freqüência no último ano você foi de féri as com a sua família?
Quantos computadores têm a sua família no total?
Quando é que você nasceu?
Você trabalha?
150
A. Estar saudável mentalmente significa para mim …
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
1.
estar feliz, alegre
O
O
O
O
2.
não ser tão sensível/frágil
O
O
O
O
3.
poder pensar de forma clara
O
O
O
O
4.
pensar positivo, ser otimista
O
O
O
O
5.
ter controle sobre a própria vida
O
O
O
O
6.
não usar drogas
O
O
O
O
7.
não ter problemas
O
O
O
O
8.
sentir-se equilibrado/a
O
O
O
O
9.
ter energia/disposi ção
O
O
O
O
10.
não precisar ir ao Psicólogo/Psiquiatra
O
O
O
O
11.
poder ir trabalhar e estudar
O
O
O
O
12.
poder se relacionar bem com os outros
O
O
O
O
13.
ser normal
O
O
O
O
14.
algo muito importante
O
O
O
O
15.
perceber o que não deve ser feito
O
O
O
O
16.
eu sei mais ou menos o que é mas é difícil
de explicar
O
O
O
O
17.
caso ache que falta alguma coisa, escreva
abaixo:
___________________________________
O
O
O
O
B. Estar doente mentalmente significa para mim …
151
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
18.
estar infeliz, triste
O
O
O
O
19.
não se sentir bem
O
O
O
O
20.
ter sentimentos feridos/ ser magoado
O
O
O
O
21.
que algo não está com a cabeça
O
O
O
O
22.
estar estressado
O
O
O
O
23.
ser diferente dos outros
O
O
O
O
24.
quando o corpo não está bem, a cabe ça
também sofre e vice -versa
O
O
O
O
25.
não conseguir enfrentar os desafios do dia a
dia
O
O
O
O
26.
algo mais difícil de controlar do que uma
doença física, do corpo
O
O
O
O
27.
ter dificuldade em se concentrar bem
O
O
O
O
28.
não ter amigos
O
O
O
O
29.
quando profissionais como psicólogos ou
psiquiatras aconselham um tratamento
O
O
O
O
30.
algo que não se percebe logo
O
O
O
O
31.
algo que deve ser levado a sério
O
O
O
O
32.
algo que quase não pode ser curado
O
O
O
O
33.
algo que se tem desde o nascimento
O
O
O
O
34.
É difícil de definir
O
O
O
O
35.
caso ache que falta alguma coisa, es creva
abaixo:
___________________________________
O
O
O
O
C. De onde acha que vêm as idéias do seu filho/a sobre saúde e doença mental?
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
36.
dos pais
O
O
O
O
37.
dos avós
O
O
O
O
38.
dos irmãos
O
O
O
O
39.
dos amigos do meu filho/a
O
O
O
O
40.
da escola
O
O
O
O
152
41.
de profissionais (por ex.: médico,
psicólogo)
O
O
O
O
42.
da mídia (televisão, rádio, internet)
O
O
O
O
43.
de outro lugar, escreva abaixo:
___________________________________
O
O
O
O
D. Você acha que religião contribui para:
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
44.
saúde mental
O
O
O
O
45.
formação de uma doença mental
O
O
O
O
46.
cura de uma doença m ental
O
O
O
O
E. O que você diz ao seu filho/a quando ele/a se sente mal mentalmente? Indique a
freqüência do que você o diz nas situações abaixo:
Quando meu filho está mal mentalmente eu
digo a ele que ...
nunca
raramente
geralmente
sempre
47.
deve esperar um pouco, descansar
O
O
O
O
48.
deve procurar distrair -se: ler, ouvir música
O
O
O
O
49.
deve conviver com isso
O
O
O
O
50.
deve pensar: isso não é tão mau
O
O
O
O
51.
deve procurar mudar a situação
O
O
O
O
52.
deve esperar ser pr ocurado pelos outros
O
O
O
O
53.
deve falar com alguém sobre o problema
O
O
O
O
54.
deve tomar medicamentos
O
O
O
O
55.
deve tentar medicina alternativa (homeopatia,
acupuntura, florais de Bach, etc.)
O
O
O
O
56.
deve tentar meios naturais, caseiros (chá,
banhos, etc.)
O
O
O
O
57.
deve procurar os números de telefone de Disque -
ajuda para onde se pode ligar
O
O
O
O
58.
não deve procurar ajuda
O
O
O
O
59.
deve ficar sozinho/a, retirar -se
O
O
O
O
60.
penso que nada e ninguém pode ajudar
O
O
O
O
153
61.
na verdade não sei muito bem o que devo dizer
ao meu filho/a nessas situações
O
O
O
O
62.
outra coisa, escreva abaixo:
___________________________________________
O
O
O
O
F. Alguns jovens procuram alguém quando têm um problema mental. A baixo uma lista
com várias pessoas. Marque com que freqüência você acha que seu filho/a procura cada
uma dessas pessoas quando tem um problema mental. Caso alguma destas pessoas não
exista na vida do seu filho/a (por Exemplo: irmãos) deixe a linha corre spondente em
branco.
Eu penso que quando ele/a tem um problema
mental procura ...
nunca
Raramente
geralmente
sempre
63.
a mãe
O
O
O
O
64.
o pai
O
O
O
O
65.
os irmãos
O
O
O
O
66.
a avó
O
O
O
O
67.
o avô
O
O
O
O
68.
os amigos/as
O
O
O
O
69.
o professor/a
O
O
O
O
70.
uma pessoa do contexto religioso
(por ex.: padre, guia espiritual)
O
O
O
O
71.
o médico de família ou o pediatra
O
O
O
O
72.
uma pessoa da medicina alternativa, natural
O
O
O
O
73.
um psicólogo/psiquiatra
O
O
O
O
74.
um outro especialista
(por ex.: neurologista)
O
O
O
O
75.
uma clínica ou hospital
O
O
O
O
76.
outra pessoa ou instituição, escreva abaixo:
_____________________________________
O
O
O
O
G. Imagine que um/a jovem tem um problema mental e é proposto a ele/a ir a um
psicólogo/psiquiatra. Quais podem ser os motivos para ele/a não querer ir?
Ele/a ...
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
77.
não sabe o que o psicólogo/psiquiatra
vai fazer com ele
O
O
O
O
78.
pensa que os psicólogos/psiquiatras dão
muitos medicamentos
O
O
O
O
79.
pensa que só vai ao psicólogo/psiquiatra
quem não funciona bem ou quem é maluco
O
O
O
O
80.
não quer ser gozado pelos colegas, caçoado
O
O
O
O
154
81.
tem medo de depois ter que m udar
para uma classe ou escola especial
O
O
O
O
82.
tem medo de no fim ir para uma
clínica/hospital psiquiátrico ou um lar
O
O
O
O
83.
pensa que quem é realmente responsável
pelo problema são os pais e eles é que
precisam de ajuda
O
O
O
O
84.
pensa que os pais não querem que ele vá ao
psiquiatra/psicólogo
O
O
O
O
85.
pensa que problemas mentais devem ser
resolvidos na família
O
O
O
O
86.
pensa que quando se trata de problemas
mentais só a própria pessoa é que pode
ajudar a si mesma
O
O
O
O
87.
acha que este problema é normal na sua
própria família
O
O
O
O
88.
pensa que uma psicoterapia demora muito
tempo
O
O
O
O
89.
pensa que o consultório do
psicólogo/psiquiatra fica muito longe de sua
casa
O
O
O
O
90.
pensa que uma terapia custa muito dinheiro
O
O
O
O
91.
acha que não é necessário nenhuma ajuda
O
O
O
O
92.
não sabe onde se pode obter ajuda e quem é
competente para isso
O
O
O
O
93.
outra coisa, escreva abaixo:
_______________________________________
O
O
O
O
H. Alguma ve z o seu filho/a já recebeu ajuda de um profissional como um
psicólogo, psiquiatra ou psicoterapeuta para um problema mental?
94.
O Sim
Se tiver feito uma cruz no
Sim” responda por favor
só às perguntas marcadas
com o Cebolinha
O Não
Se tiver feit o uma cruz no
Não” responda por favor só
às perguntas marcadas com o
Bidu
95.
Para que tipo de problema seu filho/a recebeu ajuda?
(Por exemplo: medos, dificuldades na escrita, problemas de concentração, problemas
com os colegas, etc.)
_____________________________________________________________
96.
a)
Quando é que o problema apareceu pela primeira vez?
Quando o meu filho/a tinha mais ou menos ________ anos
155
b)
Quando é que começou o primeiro tratamento?
Quando o meu filho/a tinha mais ou menos ________ anos
c)
O tratamento já terminou?
O Não
O Sim
Mais ou menos quando é que terminou o tratamento?
: ________ anos ou
há: ________ meses
Como foram ou como estão
sendo essas experiências
enquanto mãe/pai?
Achei/acho que …
Como imagina um tratamento
para o seu filho/a no caso de um
problema mental?
Imagino que
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
97.
a terapia ajuda o meu filho/a
O
O
O
O
98.
o meu filho/a se sente bem com o
terapeuta
O
O
O
O
99.
o meu filho/a não aceitou a terapia no
início
O
O
O
O
100.
a terapia dá ao meu filho/a estabilidade,
segurança e apoio
O
O
O
O
101.
o meu filho/a pode expressar a sua própria
opinião
O
O
O
O
102.
as pessoas olham o meu filho/a de forma
estranha quando ele/a vai ao consultório/
clínica
O
O
O
O
103.
outra coisa, escreva abaixo:
______________________________________
O
O
O
O
Quem é que procurou para o seu
filho/a ajuda profissional (por
ex.: psiquiatra/ psicólogo)?
Se seu filho/a tivesse um
problema mental quem procuraria
para ele/a ajuda profissional (por
ex.: psicólogo)?
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
104.
o meu filho/a
O
O
O
O
105.
eu própria/o
O
O
O
O
106.
o pai/mãe
O
O
O
O
107
a avó/o avô
O
O
O
O
108.
o professor/a escola
O
O
O
O
156
109.
o médico de família, o pediatra, agente
comunitário de saúde ou outros
especialistas
O
O
O
O
110.
o Conselho tutelar
O
O
O
O
111.
outra pessoa ou instituição, escreva abaixo:
_____________________________
O
O
O
O
PARTE 2:FAMÍLIA
I. Que importância tem as frases abaixo para que uma pessoa se mantenha saudável
mentalmente na sua família?
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
112.
Estar satisfeito e satisfazer os outros na
família
O
O
O
O
113.
Sentir-se aceito/amado como se é
O
O
O
O
114.
Haver comunicação agradável entre os
membros da família
O
O
O
O
115.
Chamar a atenção dos outros para o lado
bom das coisas
O
O
O
O
116.
Saber ouvir e falar entre si, estar
disponível para o diálogo
O
O
O
O
117.
Haver consenso/acordo entre os pais
O
O
O
O
118.
Ter pais que orientam/ensinam
O
O
O
O
119.
Ter compreensão mútua
O
O
O
O
120.
Poder partilhar na família experi ências e
carregar problemas em conjunto
O
O
O
O
121.
Poder confiar uns nos outros
O
O
O
O
122.
Ter as refeições em conjunto na família
O
O
O
O
123.
Ter relações próximas com os outros
membros da família
O
O
O
O
124.
Ter uma orientação religiosa
O
O
O
O
125.
Ter tempo livre /lazer em comum
O
O
O
O
126.
Ter um equilíbrio entre a vida profissional
e a vida privada, entre família e trabalho
O
O
O
O
157
J. O que você faz pessoalmente enquanto mãe/pai (madrasta/padrasto) para manter a
saúde mental dos seus filhos?
não
concordo
concordo
em parte
concordo
bastante
concordo
totalmente
127.
Estar feliz e alegre e tentar fazer os meus
filhos felizes
128.
Aceitar cada filho como ele é e não preferir
um em especial
129.
Motivar os meus filhos para o esporte
130.
Transmitir aos meus filhos calma e paz
131.
Incentivar a vida familiar, por exemplo, o
estar junto ou passeios aos fins de sem ana
132.
Ensinar os meus filhos a ver a vida de forma
positiva
133.
Estar sempre disponível para ouvir e
manter um diálogo aberto com os meus
filhos
134.
Dar aos meus filhos amor e segurança
135.
Estar disponível para ajudar os outros
136.
Mostrar total confiança
137.
Tentar perceber os meus filhos com as suas
necessidades
138.
Conhecer os amigos dos meus filhos e
incentivá-los a boas companhias
139.
Incentivar algumas atividades que melhor
se adaptem aos seus talentos como por
exemplo tocar um instrumento, ler, fazer
teatro
140.
Transmitir valores/tradições religiosas
141. Agora escreva uma frase ou palavra sobre como na sua família se tenta manter
e incentivar o bem -estar mental. Escreva uma frase ou alguma palavra que lhe
venha à cabeça a este respeito
_______________________________________________________________ ___________________
158
PARTE 3: BEM-ESTAR
Como é o seu filho/a? Como ele/a se sente? Responda às seguintes questões assegurand o que
as suas respostas correspondem ao seu filho/a que também está a responder a pesquisa.
Tente recordar as experiências do seu filho/a na última semana
K. Primeiro pedimos que indique o seguinte:
142.
O Mãe O Madrasta/Companheira d o Pai
O Pai O Padrasto/Companheiro da Mãe
O Outro Quem? ______________________________
143.
_________anos __________ meses
144.
O feminino O masculino
145.
________ centímetros
146.
________ quilos
L. Saúde e Movimento
147.
O excelente
O muito boa
O boa
O
O muito
Nada
pouco
moderadamente
muito
total
mente
148.
O seu filho/a se sentiu bem?
O
O
O
O
O
140.
O seu filho/a esteve fisicamente ativo/a
(ex.: caminhou, brincou, praticou
esporte)?
O
O
O
O
O
150.
O seu filho/a teve bom desempenho nas
atividades físicas?
O
O
O
O
O
Nunca
rara
mente
algumas
vezes
frequentemente
sempre
151.
O seu filho/a se sentiu cheio de
energia?
O
O
O
O
O
Pense na última semana
Em geral, como descreve a saúde do seu filho/a?
Quem é que está a preencher o questionário?
Qual é a altura do seu filho/a ?
Quanto é que pesa o seu filho/a?
O seu filho é do sexo feminino ou masculino?
Pense na última semana
Que idade tem o seu filho/a?
159
M. Sentimentos e Estados de Humor Geral
Nada
pouco
moderadamente
muito
total
mente
152.
O seu filho/a se sentiu satisfeito/a com a
sua própria vida?
O
O
O
O
O
Nunca
rara
mente
algumas
vezes
frequentemente
sempre
153.
O seu filho/a esteve de bom
humor?
O
O
O
O
O
154.
O seu filho/a se divertiu?
O
O
O
O
O
155.
O seu filho/a se sentiu triste?
O
O
O
O
O
156.
O seu filho/a se sentiu tão mal que
não quis fazer nada?
O
O
O
O
O
157.
O seu filho/a se sentiu sozinho/a?
O
O
O
O
O
158.
O seu filho/a se sentiu f eliz com a
sua própria forma de ser?
O
O
O
O
O
N. Família e Tempo Livre
Nunca
rara
mente
algumas
vezes
frequentemente
sempre
159.
O seu filho/a teve tempo
suficiente para si próprio/a?
O
O
O
O
O
160.
O seu filho/a tem conseguido
fazer atividades que gosta de
fazer no tempo livre?
O
O
O
O
O
161.
O seu filho/a sentiu que os pais
tiveram tempo suficiente para
ele/a?
O
O
O
O
O
162.
O seu filho/a sentiu que os pais
o/a trataram com justiça?
O
O
O
O
O
163.
O seu filho/a foi capaz de falar
com os pais quando quis?
O
O
O
O
O
164.
O seu filho/a teve dinheiro
suficiente para fazer as mesmas
atividades que os amigos?
O
O
O
O
O
165.
O seu filho/a teve dinheiro
suficiente para as suas próprias
despesas?
O
O
O
O
O
Pense na última semana
Pense na última semana
Pense na última semana
160
O. Amigos
Nunca
rara
mente
algumas
vezes
frequentemente
sempre
166.
O seu filho/a passou tempo com
os amigos?
O
O
O
O
O
167.
O seu filho/a se divertiu com os
amigos?
O
O
O
O
O
168.
O seu filho/a e os amigos se
ajudam uns aos outros?
O
O
O
O
O
169.
O seu filho/a foi capaz de confiar
nos amigos?
O
O
O
O
O
P. Ambiente Escolar e Aprendizagem
Nada
pouco
moderadamente
muito
total
mente
170.
O seu filho/a se sentiu feliz na escola?
O
O
O
O
O
171.
O seu filho/a foi bom aluno/a na escola?
O
O
O
O
O
nunca
rara
Mente
algumas
vezes
frequentemente
sempre
172.
O seu filho/a se sentiu capaz de
prestar atenção?
O
O
O
O
O
173.
O seu filho/a teve uma boa
relação com os professores
O
O
O
O
O
PARTE 4: CONDIÇÕES DE VIDA
174.
Qual é a sua:
Profissão _____________
Qual é o seu:
Cargo ____________
Qual é a sua:
Renda familiar___________
175.
Qual é a sua escolaridade?
O Fundamental completo O Fundamental incompleto
O Médio Completo O Médio Incompleto
O Superior Completo O Superior Incompleto
176.
O branca
O parda O negra
Outra ______
Qual sua raça/etnia?
Pense na última semana
Pense na última semana
Pense na última semana
161
ANEXO C - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM A FAMÍLIA
Nome da Escola: ___ _______________ Data da Entrevista: ____________
Nome do Entrevistado: _____________________________
Entrevistador:_________________
I. Sobre o Adolescente
Identificaçăo:_______________________________ Sexo: ( ) masculin o ( ) feminino
Idade:_________________ _____ Aniversário: __/__/__ Raça: ___________
Série/ciclo: _________________________
Quem é o cuidador prin cipal/responsável: ___________________ ________________
II. DADOS SOBRE A FAMÍLIA
NOME
PARENTESCO
MORA
JUNTO
IDADE
ESCOLARIDADE
PROFISSÃO/TRABALHO
Constituição da Família: (renda, doenças, ausências, com quem tem contato, etc.)
_________________________________________________ _____________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_________________________ _____________________________________________
__________________________________________________ ____________________
O que o adolescente faz durante os dias da semana? Atividades preferidas, trabalho.
_________________________________________________________ _____________
_________________________________________________________ _____________
______________________________________________________ ________________
O que o adolescente faz nos finais de semana? Com quem? Onde?
_________________________________________________________ _____________
______________________ ___________________________________ _____________
_________________________________________________________ _____________
Como está o adolescente na escola (freqüência, desempenho, comportamento,
repetência, abandono, expulsăo)?
___________________________ ______________________________ _____________
_________________________________________________________ _____________
_________________________________________________________ _____________
Quando se machuca ou fica doente quem cuida do adolescente, que lugar solicita
auxílio?
____________________ _____________________________________ _____________
_________________________________________________________ _____________
________________________________________________________ ______________
162
Como é o seu adolescente? Como você o descreveria? (Explore bem esta pergunta)
- Aspectos positivos: O q ue ele tem de bom?
- Aspectos negativos: O que ele tem de ruim?
- Como ele se relaciona com os outros? Tem amigos?
- Quando ele se comporta bem, vai bem na escola, é afetuoso, o que você faz?
- Quando ele é contrariado, não se comporta bem, vai mal na escola, o qu e você
faz?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________ ________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________ ________________________________________________
______________________________________________________________________
O adolescente está passando ou já passou por algum tipo de acompanhamento
(psicológico, médico, medicamentoso)? De que tipo? Quando? Atu almente faz uso de
alguma medicação?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
____________________________________________ __________________________
Relate alguma coisa boa que tenha ocorrido com a família. Alguma coisa ruim
(negativa)
______________________________________________________________ ________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Você gostaria de acrescentar algo q ue não tenha sido perguntado? Tem alguma dúvida?
______________________________________________________________________
_________________________________________________________ _____________
_________________________________________________________ _____________
Comentários Adicionais do Entrevistador
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
________________________ ______________________________________________
ELABORAÇÃO DO GENOGRAMA FAMIL IAR
163
ANEXO D - TERMO DE CONCORDÂNCIA PARA A INSTITUIÇÃO
Estamos realizando uma pesquisa que tem como objetivo investigar o tema saúde mental na
perspectiva dos adolescentes e seus cuidadores. Tal estudo prevê a participação de adolescentes de ambos
os sexos, com idade entre 12 a 17 anos, e que freqüentem regularmente a escola, e seus respectivos pais.
Para tanto solicitamos autorização para realizar este estudo nesta instituição. A coleta de dados deverá
envolver a aplicação de questionários individuais durante o horário escolar dos jovens. As entrevistas e
questionários com os pais serão aplicados individualmente em horário marcado e ocorrerá em espaço
fornecido pela instituição ou em visita domiciliar . Caso necessário, será tirada fotos do contexto e
comunidade a fim de registrar essa realidade social.
Os adolescentes e os pais participantes do estudo serão claramente informados de que sua
contribuição é voluntária e pode ser interrompida em qualquer etapa, sem nenhum prejuí zo. A qualquer
momento, tanto os participantes quanto Instituição poderão solicitar informações sobre os procedimentos
ou outros assuntos relacionados a o estudo. Todos os cuidados serão tomados para garantir o sigilo e a
confidencialidade das informações, preservando a identidade dos participantes bem como das instituições
envolvidas mesmo com a divulgação dos resultados . Todo o material desta pesquisa ficará sob
responsabilidade dos pesquisadores no Instituto de Psicologia e após 5 anos será destruído. Dados
individuais dos participantes coletados na pesquisa não serão informados às instituições envolvidas ou aos
familiares. Haverá devolução dos resultados, de forma coletiva, para as instituições e participantes. Caso
necessário, será assegurado acompanhame nto psicológico para os participantes.
Através deste trabalho, esperamos contribuir para a melhoria da saúde mental dos adolescentes e
favorecer a elaboração de intervenções na comunidade que esclareçam e desmistifiquem o tema
favorecendo a melhoria da ate nção à saúde desta população . Agradecemos a colaboração dos
participantes e das instituições envolvidas para a realização desta atividade de pesquisa e colocamo -nos à
disposição para esclarecimentos adicionais. A pesquisadora responsável por esta pesquisa é a psicóloga
Camila de Aquino Morais sob supervisão da Profª Dra. Sílvia Helena Koller, do Curso de Pós -graduação
em Psicologia do Instituto de Psicologia, UFRGS. Caso queiram contactar com a equipe, isto poderá ser
feito pelo telefone 51 33085150 / 81984868 ou pelo email: [email protected]om.br .
__________________________ _______ _____________________________
Camila de Aquino Morais CRP 11/3272 Profa. Dra. Sílvia Helena Koller
Concordamos que adolescentes desta instituição participem do presente estudo.
______________________________ Data _____/____/_____
Responsável pela Instituição
164
ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado cuidador ou adolescente:
Estamos realizando uma pesquisa que tem como objetivo inve stigar o tema saúde mental na
perspectiva dos adolescentes e seus cuidadores. Tal estudo prevê a participação de adolescentes de ambos
os sexos, com idade entre 12 a 17 anos, e que freqüentem regularmente a escola, e seus respectivos pais.
Para tanto solicitamos sua adesão e autorização para participar da realização deste estudo. A coleta de
dados deverá envolver a aplicação de questionários individuais durante o horário escolar dos jovens. As
entrevistas e questionários com os pais serão aplicados individu almente em horário marcado e ocorrerá
em espaço fornecido pela instituição ou em visita domiciliar . Caso necessário, será tirada fotos do
contexto e comunidade a fim de registrar essa realidade social.
Aos adolescentes e os pais participantes , ressaltamos que sua contribuição é voluntária e pode ser
interrompida em qualquer etapa do estudo, sem nenhum prejuízo. A qualquer momento, tanto os
participantes quanto Instituição Escolar poderão solicitar informações sobre os procedimentos ou outros
assuntos relacionados ao estudo. Todos os cuidados serão tomados para garantir o sigilo e a
confidencialidade das informações, preservando a identidade dos participantes bem como das instituições
envolvidas mesmo com a divulgação dos resultados . Todo o material desta pes quisa ficará sob
responsabilidade dos pesquisadores no Instituto de Psicologia e após 5 anos será destruído. Dados
individuais dos participantes coletados na pesquisa não serão informados às instituições envolvidas ou aos
familiares. Haverá devolução dos r esultados, de forma coletiva, para as instituições e participantes. Caso
necessário, será assegurado acompanhamento psicológico para os participantes.
Através deste trabalho, esperamos contribuir para a melhoria da saúde mental dos adolescentes e
favorecer a elaboração de intervenções na comunidade que esclareçam e desmistifiquem o tema
favorecendo a melhoria da atenção à saúde desta população . Agradecemos a colaboração dos
participantes e das instituições envolvidas para a realização desta atividade de pes quisa e colocamo-nos à
disposição para esclarecimentos adicionais. A pesquisadora responsável por esta pesquisa é a psicóloga
Camila de Aquino Morais sob supervisão da Profª Dra. Sílvia Helena Koller, do Curso de Pós -graduação
em Psicologia do Instituto de Psicologia, UFRGS. Caso queiram contactar com a equipe, isto poderá ser
feito pelo telefone 51 33085150 / 81984868 ou pelo email: [email protected].br .
___________________________ _______ _______________________________
Camila de Aquino Morais CRP 11/3272 Profa. Dra. Sílvia Helena Koller
Concordo em participar e contribuir com o presente estudo.
Data ___/____/___
__________________________ ____________
Responsável (cuidador ou adolescente)
165
ANEXO F APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
140
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