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Como pensamos a ciência como uma construção humana de conhecimentos
para dar respostas às questões que lhe são postas pela realidade do seu tempo,
nossa hipótese de pesquisa sugere que a metodologia educacional jesuítica
caminhou e desenvolveu-se ao lado das necessidades de uma sociedade que
passava por inúmeras transformações, especialmente na esfera científica, e por isso
mesmo esteve aberta às necessidades de modificação na produção desse
conhecimento, que não confundimos com a ciência na sua acepção moderna.
A ciência, nos séculos estudados, foi mais uma junção do saber dos homens
da técnica (engenheiros, artífices) com o saber dos homens da ciência (filósofos).
Somente a posteriori é que se configurou um corpo estruturado de saberes
denominados de ciência.
Para elucidar a metodologia de estudo adotada para a construção dessa
dissertação, reportamos que a história da educação jesuítica descortinada nesse
trabalho foi analisada sob uma ótica que se embasa principalmente no religioso, não
só porque as principais leituras realizadas advieram de religiosos ou teólogos mas,
principalmente, porque a principal tarefa da Companhia, descrita em todos os
documentos da Ordem, era a defesa e propagação da fé cristã e a iluminação das
almas, ou seja, precisamos elucidar que sua missão primeva não era científica, ou
mesmo educacional, era religiosa.
A escolha dos autores foi o resultado de uma tentativa de se contemplar
aspectos históricos, sociais, culturais, religiosos, políticos, intelectuais, etc., que
elucidassem como, e se realmente se processou, a produção e disseminação de um
conhecimento técnico/científico no interior dos colégios e por meio da educação
propugnada pelos jesuítas, pois pensamos como Paiva (2006, p.31), quando o
mesmo relata que
As artes (profissões e ofícios) foram desenvolvidas segundo as
necessidades vividas, e não como componentes da escola. É preciso tomar
conhecimento desse desenvolvimento, englobando Náutica, Astronomia,
Geografia, Cartografia, História, Matemática, Física, Ciências de modo
geral, e procurar entender como foram assimiladas pela instituição escolar,
feitas já prática social. Elas não nasceram escolares, mas sociais.
Realizamos uma revisão e uma compilação de literatura, ao mesmo tempo
em que investigamos dois documentos as Constituições da Companhia de Jesus e o
Ratio Studiorum (ambos já traduzidos). Sendo, as considerações aqui apresentadas,
reflexões sobre as informações já apuradas por outros pesquisadores.