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Se o turista me pergunta então onde ele pode ir dançar reggae, eu explico, bem...
que é na periferia da cidade. Eu não recomendo ir no reggae, mas se ele insistir
que quer ir, recomendo lugares como o Roots Bar, que é na Praia Grande, e o Bar
do Nelson, por exemplo [...]. Porque pelo menos é um pouco mais seguro. Não
vou recomendar outros lugares, porque não é seguro. Mesmo assim, falo pros
turistas que nesses locais ele não vai encontrar um bom atendimento, uma boa
estrutura. Turista, em geral, gosta de conforto e a gente ainda não tem no reggae
um produto turístico. Precisa de mais estrutura, bom atendimento (SOARES,
2009).
Falo pros turista que aqui tem reggae todos os dias da semana: de segunda a quarta
na periferia e de quinta a domingo aqui na ―Zona Sul‖ [...]. Recomendo mais no
Bar do Porto, no Centro Histórico [...] porque já é um ponto turístico, eles já estão
lá e acabam fazendo um by night
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lá mesmo, é uma questão logística [...]. O da
periferia é que a gente não indica. Porque é perigoso. Esses locais como o Chama
Maré, Bar do Nelson, Bar do Porto, esses locais eu frequento e sei que não tem
briga, não tem confusão. Lá tem o nosso reggae roots, e digo que pode dançar
agarrado. Indico os lugares que garanto não ter baderna, lugares civilizados
(COSTA, 2009).
Eu recomendo o reggae sim, mas falo um pouquinho do reggae, que chegou aqui
na década de 70, que se difundiu na periferia, mas indico lugares como o Bar do
Nelson, Chama Maré, o Trapiche, o Bar do Porto, aí a gente percebe de acordo
com o perfil do turista, indicamos o reggae na escadaria da Praia Grande... Eu
explico como é, porque tem aquelas caixas de som, é diferente... O turista tem que
saber se ele vai gostar do que vai encontrar. Tem, por exemplo... 60% dos hotéis
da cidade estão ali na área da Ponta D´Areia, Lagoa da Jansen, e tem aquele
reggae de massa, o Toca da Praia. Então a gente tem que explicar, a gente é até
preconceituoso, mas tem que dizer que não tem segurança, que a frequência não é
agradável, porque a gente sabe que é perigoso (MENDES, 2009).
Recomendo ali no Bar do Nelson, mas lá só tem sexta e sábado. Tem o Chez Moi,
um projeto às quintas, tem o Creóle Bar, na Lagoa, também a gente indica. Agora
outros locais, perto da área hoteleira, como Toca da Praia, Maré Mansa... a gente
tem mais cautela. O turista chama logo atenção, vai com máquina fotográfica... e
são áreas que não têm segurança. Então a gente não recomenda (SILVA, 2009).
Portanto, o que se percebe é que a imagem que o turista tem do reggae antes de
chegar a São Luís, construída a partir da propaganda que se faz do reggae maranhense, é
quase sempre feita com elementos estereotipados do reggae das periferias (os paredões de
caixas de som que só as radiolas que tocam nos clubes populares têm, os dançarinos ―a
caráter‖ com as cores do reggae que dançam agarradinho etc.), mas o que ele vai encontrar na
cidade é geralmente um outro tipo de reggae, frequentado mais pela classe média, na medida
em que esse é o reggae recomendado pela cadeia turística.
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Assim, os turistas vêm em
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By Night, na linguagem do turismo, é um passeio noturno comercializado pelas agências. Geralmente, é para
conhecer a música e a vida noturna do lugar, com o acompanhamento de um guia de turismo.
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A duas exceções que encontrei, que contradizem as recomendações dos guias de turismo, foram: Primeiro, o
Guia Turístico de São Luís, lançado pelo Governo do Maranhão em março de 2001. Apesar de o reggae não
aparecer na parte central do Guia (e, portanto, não há história nem explicação alguma sobre o reggae no
Maranhão), há indicações de seis ―Clubes de Reggae‖ no item ―Opções de Lazer‖, que engloba boates, casas de
shows, cinemas e teatros. E a maioria dos locais indicados é considerada de periferia; estão lá Espaço Aberto
(bairro do São Francisco), Jamaica Brasileira (Cohab), Bar do Porto (Centro Histórico), Bar do Nelson (Praia do