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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
(UFPI)
Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste
(TROPEN)
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(PRODEMA)
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(MDMA)
QUALIDADE E POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE CAJUÍS (Anacardium spp.)
ORIUNDOS DA VEGETAÇÃO LITORÂNEA DO PIAUÍ
MARIA DO SOCORRO MOURA RUFINO
TERESINA
2004
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
R926q Rufino, Maria do Socorro Moura
Qualidade e potencial de utilização de cajuís (Anacardium
spp.) oriundos da vegetação litorânea do Piauí. / Maria do
Socorro Moura Rufino. – Teresina, 2004.
92f.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente) - Universidade Federal do Piauí, 2004.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Maria Pinheiro Fernandes Corrêa.
1. Cajuí. 2. Potencial de utilização. 3. Vegetação Litorânea.
I. Título
CDD 634.573
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i
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI)
cleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste (TROPEN)
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA)
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (MDMA)
MARIA DO SOCORRO MOURA RUFINO
QUALIDADE E POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE CAJUÍS (Anacardium spp.)
ORIUNDOS DA VEGETAÇÃO LITORÂNEA DO PIAUÍ
Dissertação apresentada ao Programa Regional de
s-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente da Universidade Federal do Piauí
(PRODEMA/UFPI/TROPEN), como requisito
parcial para obteão do Título de Mestre em
Desenvolvimento e Meio Ambiente. Área de
Concentração: Desenvolvimento do Trópico
Ecotonal do Nordeste. Linha de Pesquisa:
Biodiversidade e Utilização Sustentável dos
Recursos Naturais.
Orientadora: Dr
a
Maria Pinheiro Fernandes Corrêa
Co-orientador: Dr. Ricardo Elesbão Alves
TERESINA
2004
ii
MARIA DO SOCORRO MOURA RUFINO
QUALIDADE E POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE CAJUÍS
(Anacardium spp.) ORIUNDOS DA VEGETAÇÃO
LITORÂNEA DO PIAUÍ
Dissertação aprovada pelo Programa Regional de
s-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente da Universidade Federal do Piauí
(PRODEMA/UFPI/TROPEN), como requisito
parcial para obteão do Título de Mestre em
Desenvolvimento e Meio Ambiente. Área de
Concentração Desenvolvimento do Trópico
Ecotonal do Nordeste. Linha de Pesquisa
Biodiversidade e Utilização Sustentável dos
Recursos Naturais.
Teresina, 26 de Agosto de 2004.
iii
A DEUS
Aos meus pais Antônio e Paixão
As minhas irs Adnaid, Rita de Kássia e Ana Patrícia
Ao meu cunhado Sávio.
DEDICO
iv
AGRADECIMENTOS
À Embrapa Agroindústria Tropical, pela permissão do uso de suas instalações e apoio
financeiro para execução dos trabalhos de campo e laboratório.
À Unidade de Execução de Pesquisa e Desenvolvimento de Parnaíba (UEP), da
Embrapa Meio-Norte, pelo apoio logístico e estrutura física disponibilizada para a realização
das colheitas e preparo de amostras.
Ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Universidade Federal do Piauí (UFPI), pela oportunidade de realização do Mestrado.
À Diretoria do Campus de União da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), onde fui
professora, por ter permitido a minha liberação para execução do trabalho.
À pesquisadora da Embrapa Agroinstria Tropical Dra. Maria Pinheiro Fernandes
Corrêa, os meus sinceros gestos de carinho e gratidão, por todo seu apoio e orientação desde a
graduação, e pela presença amiga e solidária.
Ao pesquisador da Embrapa Agroinstria Tropical Dr. Ricardo Elesbão Alves pela
orientação, amizade, incentivo e empenho na realização desse trabalho. Obrigada por me
ajudar a vencer mais uma etapa de minha vida profissional.
A Prefeitura Municipal de Ilha Grande, pelas informações fornecidas e pelo apoio
durante o levantamento de dados sobre o uso atual do cajuí.
Ao amigo Francisco José de Seixas Santos, pesquisador da Embrapa Meio-Norte, pela
valiosa ajuda, bom humor e postura sempre prestativa.
Ao professor Dr. Raimundo Wilane de Figueiredo, da Universidade Federal do Ceará
(UFC), pelas contribuições e sugestões dadas, para a redação final deste trabalho, tanto no
Exame de Qualificação quanto na defesa da Dissertação.
v
À professora Dra. Júlia Geracila de Mello e Carneiro, da Universidade Federal do
Piauí (UFPI), pela participação e contribuição no Exame de Qualificação e defesa da
Dissertação.
Ao professor Dr. Adunias dos Santos Teixeira, da Universidade Federal do Ceará
(UFC), por seu apoio na adaptação dos mapas de localização da área em estudo.
Ao professor Dr. Agostinho Paula Brito Cavalcanti, da Universidade Federal do Piauí
(UFPI), por sua atenção e referências sobre a área geográfica de abrangência deste trabalho.
Ao Dr. Carlos Farley Herbster Moura, pesquisador-bolsista da Embrapa Agroindústria
Tropical, pela amizade, apoio na seleção dos materiais genéticos e orientações dadas durante a
realização desta pesquisa.
Ao meu ex-aluno Jardel Ygor da Silva Almeida, estudante de Agronomia da
Universidade Estadual do Piauí (UESPI), pela dedicação e contribuição ao desenvolvimento
dos trabalhos no laboratório.
Ao pesquisador Dr. Lucas Antônio de Souza Leite da Embrapa Agroindústria
Tropical, pelas contribuições e sugestões para a discussão dos aspectos ecomicos relativos
ao uso atual do cajuí.
À Márcia Régia, técnica do Laboratório de Fisiologia e Tecnologia s-colheita da
Embrapa Agroindústria Tropical, e a todos os bolsistas e estagiários pelos auxílios prestados
e agradável convivência.
Aos pesquisadores da Embrapa Meio-Norte Lúcio Flavo Vasconcelos, Valdomiro
Barbosa, Valdemício Ferreira, Aderson Soares e funcionários pela amizade e conhecimentos
adquiridos.
Aos pesquisadores da Embrapa Agroinstria Tropical e demais funciorios pela
amizade.
A todo o corpo docente do Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente da Universidade Federal do Piauí (UFPI), pelos conhecimentos a mim repassados.
Aos colegas do Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Universidade Federal do Piauí (UFPI), pelos bons momentos juntos.
À minha família, pelo amor sincero, apoio incondicional e presença confortante nos
momentos difíceis, apesar da distância física.
A Deus, por indicar de maneira sutil e segura que se o caminho é difícil, o valor da
conquista é maior.
vi
Muito se fala em caju
Mas bem pouco em cajuí
Um fruto mais saboroso
Igual a ele o vi
Tem muito no Ceará
No Rio Grande e Piauí
O nosso cajuizeiro
É planta nativa e pura
A carne do cajuí
Tem delicada textura
O cajuí do caju
É uma miniatura
O cajuí é bem típico
Do litoral ao cerrado
Mas também de cajuzinho
Ele é denominado
E devido a seu sabor
Ele é muito apreciado
O cajuí é querido
Pelo povo Nordestino
Que conhece o seu sabor
Desde os tempos de menino
O cajuí para nós
Tem um gosto genuíno
O valor do cajuí
Precisa ser elevado
Pedúnculo (pseudo-fruto)
Deve, então, ser estudado
Quem sabe desta maneira
Seja melhor preservado
O cajuí - Klévisson Viana
vii
Cajuí (Anacardium spp.)
viii
Resumo
O Piauí dispõe de uma flora nativa rica em espécies frutíferas como o cajuí, ainda pouco
conhecido no mercado consumidor urbano. A sua utilização é restrita a algumas comunidades
rurais que a exploram em bases exclusivamente extrativistas, resultando em baixa
produtividade, oscilação brusca na oferta e risco iminente de extinção em virtude da erosão
genética causada pela ausência de plantio comercial. O cajuizeiro é uma espécie
potencialmente importante para a agroindústria, mediante sua adaptação das ótimas condições
edafoclimáticas, em especial no litoral Piauiense onde está inserido ambientalmente. Esta
pesquisa foi desenvolvida em duas fases, as quais foram conduzidas paralelamente durante o
segundo semestre de 2003. Na primeira, através de um levantamento de dados, foi feito uma
avaliação do estado atual do uso do cajuí oriundo da vegetação litorânea do Piauí (VL-PI). Na
segunda, foram selecionadas plantas de cajuizeiros nativos da região e avaliada a qualidade e
o potencial de utilização de seus pedúnculos para consumo in natura e/ou industrialização. As
informações sobre o uso atual do cajuí foram levantadas no período de agosto a novembro de
2003. O método utilizado para a geração dos dados primários foi o de entrevistas junto aos
interlocutores-chave (colhedores, intermediários e processadores de castanha e/ou
pedúnculos) que estão envolvidos com essa atividade extrativista. Durante o mês de setembro
foram selecionadas 23 genótipos nativos da VL-PI nos municípios de Ilha Grande e Parnaíba
e como testemunha um genótipo de cajuizeiro (A. microcarpum) pertencente BAG-Cajueiro
localizado no Campo Experimental de Pacajus da Embrapa Agroindústria Tropical, em
Pacajus, CE. Os cajuís foram avaliados quanto às seguintes características: coloração,
tamanho do pedúnculo, pesos, firmeza, sólidos solúeis totais (SST), açúcares solúveis totais e
redutores, acidez total titulável (ATT), pH, SST/ATT, vitamina C, fenólicos, pectinas,
flavonóides amarelos, antocianinas e carotenóides. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado com 25 repetições para as características sicas e 3 repetições para
as características físico-químicas e químicas. A safra do cajuí nativo da VL-PI coincide com a
entressafra das culturas tradicionais da região, sendo uma alternativa de renda para a
população das comunidades que vivem no seu entorno, a qual depende, em parte, sócio-
economicamente do mesmo. Os resultados obtidos no levantamento de dados realizado
demonstram que, apesar de desorganizada, existe uma cadeia produtiva associada ao
extrativismo do cajuí nativo da VL-PI. Do cajuí nativo da VL-PI se utiliza a castanha e/ou
amêndoa para comercialização e o pedúnculo para consumo in natura, uso doméstico como
tempero ou suco e para o processamento de doces (cajuí ameixa, em calda e massa). Os
resultados obtidos na caracterização de cajuís oriundos de diferentes genótipos demonstraram
existir uma grande variabilidade para esta espécie na VL-PI. De um modo geral, os
pedúnculos de cajuís, além do alto teor de açúcar e baixo de fenólicos, apresentaram uma
firmeza superior ao do caju, indicando potencial para o mercado de mesa e,
consequentemente, maior vida útils-colheita. Os pedúnculos da maioria dos genótipos de
cajuizeiros avaliados, apresentaram qualidade superior, especialmente quanto aos padrões
estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para polpa de caju.
Palavras-chave: cajuí, potencial de utilização, vegetação litorânea
ix
Abstract
Piauí State has a natural flora very rich in fruit species most of them still relatively unknown
by the urban consumers as the “cajuí”. The utilization of this fruit, composed by a nut and a
peduncle (the apple) as the cashew nut, is restricted to some rural communities, in which the
plant is only exploited in an extractive way. This results in low productivity, oscillations in
the product offer and risk of species extinction in reason of the genetic vulnerability caused by
the lack of commercial plantations. The cajuí tree is a species potentially important to the
agroindustry once it is well adapted to the soil and climatic conditions of the State, especially
in the littoral where it is grows as part of the environment. This research was carried out in
two phases, conducted in parallel, during the second semester of 2003. In the first phase,
through a date survey, it was evaluated the present use of the cajuí from the Piauí State
Coastal Vegetation (PS-CV). In the second phase, native plants were selected in the region
and evaluated for the quality and the potential of utilization of the apple as fresh fruit and/or
industrialization. The information on the present usage of the cajuí was collected in the august
to November period The primary date were generated by interviewing key-informers
(harvesters, dealers, nut and/or peduncle processors) involved in the activity. Other secondary
information was obtained in the Embrapa Meio Norte, in Parnaíba and in the Secretary of
Agriculture of Ilha Grande County. In September it were selected 23 native genotypes in the
PS-CV at the Ilha Grande and Parnaíba Counties. As a control it was used one genotype of
cajuí tree (A. microcarpum) belonging to the Germplasm Bank of Cashew (BAG-Caju) and is
located at Embrapa Agroindústria Tropical Experimental Station in Pacajus, Ceará, Brazil.
The cajuí apples were evaluated considering the following characteristics: soluble solids (SS),
soluble sugars, reducing sugars, titratable acidity (TA), pH, SS/TA, vitamin C, phenolics,
pectin, anthocyanin, yellow flavonoids, anthocyanin/flavonoids and carotenoids. The
experiment was carried out as completely randomized design with 25 repetitions for the
physical characteristics and 3 for the physical-chemical ones. The harvest period of the native
cajuí in the PS-CV coincide with the off season of other traditional crops, being in
consequence an alternative of incomes to the population living in the surrounding
environment of these communities. They are economic and socially dependent of the cajuí.
The results obtained from the survey show that there is a productive chain, even though
unorganized and characterized by the extractive condition: the native cajuí of the PS-CV. It is
commercialized the nut and/or the kernel and the apple for the fresh consumption. The apple
is also used as homemade sauce and juice and several types of sweet. The characterization of
the genotypes showed a great variability of the species in the PS-CV. In general, the cajuí
apples besides the high sugar and low phenolic content, present firmness superior to that of
the cashew apple, indicating higher postharvest life and so a good potential to the fresh
consumption market. In addition, the apple of most of the evaluated genotypes presented
superior quality, especially in relation to the patterns established by the Brazil Agriculture
Ministry to the cashew apple pulp.
Key-words: cajuí, coastal vegetation, usage potential
x
Sumário
Resumo ............................................................................................................... viii
Abstract .............................................................................................................. ix
Lista de figuras ................................................................................................... xiii
Lista de tabelas ................................................................................................... xv
Lista de quadros ................................................................................................. xvi
1. Introdução .......................................................................................................... 1
2. Revisão de literatura ........................................................................................... 4
2.1. Aspectos gerais do litoral brasileiro ................................................................... 4
2.1.1. Classificação ...................................................................................................... 4
2.1.2. Ocupação ............................................................................................................ 5
2.2. Aspectos gerais sobre a geografia do Piauí e seu litoral .................................... 6
2.2.1. Litoral piauiense ................................................................................................. 6
2.2.2. Vegetação litorânea piauiense ............................................................................ 8
2.3. Fruteiras nativas ................................................................................................. 10
2.3.1. Espécies nativas da Região Nordeste ................................................................. 11
2.3.2. Potencial de utilização ........................................................................................ 12
2.4. Cajuí ................................................................................................................... 13
2.4.1. Classificação botânica ........................................................................................ 14
2.4.2. Recursos genéticos ............................................................................................. 15
2.5. Qualidade e potencial de utilização .................................................................... 16
2.5.1. Atributos de qualidade ....................................................................................... 17
2.5.2. Características físicas ......................................................................................... 17
2.5.2.1. Cor ...................................................................................................................... 18
2.5.2.2. Tamanho e forma ............................................................................................... 19
2.5.2.3. Peso .................................................................................................................... 19
2.5.2.4. Firmeza da polpa ................................................................................................ 20
2.5.3. Características físico-químicas e químicas ........................................................ 21
2.5.3.1. lidos soveis e açúcares ................................................................................ 21
2.5.3.2. Acidez e pH ........................................................................................................ 23
2.5.3.3.
Relaçãolidos solúveis/acidez ......................................................................... 24
2.5.3.4.
Vitamina C ......................................................................................................... 25
2.5.3.5.
Compostos fenólicos........................................................................................... 25
xi
2.5.3.6.
Pectina total ........................................................................................................ 27
2.5.3.7.
Flavonóides e antocianinas ................................................................................ 27
2.5.3.8.
Carotenóides totais ............................................................................................. 28
3.
Material etodos ............................................................................................ 30
3.1. Utilização atual de cajuís oriundos da vegetação litorânea do Piauí ................. 30
3.2. Qualidade de cajuís oriundos da vegetação litorânea do Piauí .......................... 34
3.2.1. Localização, seleção e caracterização das plantas ............................................. 31
3.2.2. Colheita, preparo do material e condução do experimento ................................ 31
3.2.3. Características físicas ......................................................................................... 36
3.2.3.1. Cor da Película ................................................................................................... 36
3.2.3.2. Peso .................................................................................................................... 36
3.2.3.3. Tamanho do pedúnculo ...................................................................................... 36
3.2.3.4. Firmeza da polpa ................................................................................................ 37
3.2.4. Características físico-químicas e químicas ........................................................ 37
3.2.4.1. Sólidos solúveis totais ........................................................................................ 37
3.2.4.2. Açúcares solúveis totais ..................................................................................... 37
3.2.4.3. Açúcares redutores ............................................................................................. 37
3.2.4.4. Acidez total titulável .......................................................................................... 38
3.2.4.5. pH ....................................................................................................................... 38
3.2.4.6. Relação SST/ATT .............................................................................................. 38
3.2.4.7. Vitamina C total ................................................................................................. 38
3.2.4.8. Compostos fenólicos .......................................................................................... 38
3.2.4.9. Pectina total ........................................................................................................ 39
3.2.4.10. Flavonóides amarelos e antocianinas totais ....................................................... 39
3.2.4.11. Carotenóides totais ............................................................................................. 40
3.2.5. Delineamento experimental e análises estatísticas ............................................. 40
4. Resultados e discuso ....................................................................................... 41
4.1. Utilização atual de cajuís oriundos da vegetação litorânea do Piauí ................. 41
4.1.1. Castanha ............................................................................................................. 42
4.1.2. Pedúnculo ........................................................................................................... 45
4.2. Qualidade de cajuís oriundos da vegetação litorânea do Piauí .......................... 47
4.2.1. Características físicas ......................................................................................... 47
4.2.1.1. Coloração ........................................................................................................... 47
xii
4.2.1.2. Dimenes do pedúnculo.................................................................................... 50
4.2.1.3. Peso .................................................................................................................... 53
4.2.1.4. Firmeza da polpa ................................................................................................ 57
4.2.2. Características físico-químicas e químicas ........................................................ 58
4.2.2.1. lidos soveis e açúcares ................................................................................ 58
4.2.2.2. Acidez e pH ........................................................................................................ 62
4.2.2.3. Relação sólidos solúveis/acidez ......................................................................... 64
4.2.2.4. Vitamina C ......................................................................................................... 65
4.2.2.5. Compostos fenólicos .......................................................................................... 67
4.2.2.6. Pectina total ........................................................................................................ 70
4.2.2.7. Flavonóides amarelos e antocianinas ................................................................. 71
4.2.2.8. Carotenóides totais ............................................................................................. 75
5. Conclusão ........................................................................................................... 77
6. Referências bibliográficas .................................................................................. 78
Apêndice A .........................................................................................................
Apêndice B .........................................................................................................
xiii
Lista de figuras
Figura 1 - Mapa de localização das plantas de cajuizeiros na VL-PI e da testemunha em
Pacajus, CE, 2003.................................................................................................................. 32
Figura 2 - Mapa de localização dos pontos georreferenciados (plantas e pontos de
comercialização) na VL-PI, 2003.......................................................................................... 32
Figura 3A - Cajuís oriundos da VL-PI (Matrizes de 1 a 12), 2003....................................... 34
Figura 3B - Cajuís oriundos da VL-PI (Matrizes de 13 a 23) e de Pacajus, CE (M0 ou
M24), 2003............................................................................................................................ 35
Figura 4 - Fluxograma de comercialização da castanha de cajuí oriunda da VL-PI, safra
2003....................................................................................................................................... 43
Figura 5 - Fluxograma da comercialização do pedúnculo de cajuí oriundo da VL-PI, safra
2003....................................................................................................................................... 46
Figura 6 - Coloração de pedúnculos de matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-PI, 2003... 48
Figura 7 - Comprimento de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da
VL-PI, 2003.......................................................................................................................... 50
Figura 8- Diâmetro basal de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da
VL-PI, 2003........................................................................................................................... 51
Figura 9 - Diâmetro apical de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas
da VL-PI, 2003...................................................................................................................... 52
Figura 10 - Peso total de cajuís (castanha + pedúnculo) de diferentes matrizes oriundas da
VL-PI, 2003........................................................................................................................... 54
Figura 11 - Bandeja adequada para comercialização de pedúnculos de cajuí in natura........ 54
Figura 12 - Peso de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-PI,
2003....................................................................................................................................... 55
Figura 13 - Peso da castanha de cajuís de diferentes matrizes oriundas da VL-PI, 2003..... 56
Figura 14 - Firmeza de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-
PI, 2003.................................................................................................................................. 58
Figura 15 - Sólidos solúveis de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas
da VL-PI, 2003...................................................................................................................... 59
Figura 16 - Açúcares solúveis de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003....................................................................................................... 60
Figura 17 - Açúcares redutores de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003...................................................................................................... 61
xiv
Figura 18 - Acidez titulável de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas
da VL-PI, 2003..................................................................................................................... 62
Figura 19 - pH de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-PI,
2003...................................................................................................................................... 63
Figura 20 - Relão sólidos solúveis/acidez de pedúnculos de diferentes matrizes de
cajuizeiros oriundas da VL-PI, 2003.................................................................................... 65
Figura 21 - Vitamina C de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da
VL-PI, 2003.......................................................................................................................... 66
Figura 22 - Fenólicos dímeros de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003...................................................................................................... 67
Figura 23 - Fenólicos oligoméricos de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003...................................................................................................... 68
Figura 24 - Fenólicos poliméricos de penculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003...................................................................................................... 69
Figura 25 - Pectina total de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da
VL-PI, 2003.......................................................................................................................... 70
Figura 26 - Flavonóides amarelos de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003...................................................................................................... 72
Figura 27 - Antocianinas totais de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003...................................................................................................... 73
Figura 28 - Relão antocianinas/flavonóides amarelos de pedúnculos de diferentes
matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-PI, 2003................................................................ 74
Figura 29 - Carotenóides totais de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003...................................................................................................... 75
xv
Lista de tabelas
Tabela 1 - Caracterização de matrizes de cajuí oriundas da VL-PI, 2003........................... 33
Tabela 2 -
Coloração de pedúnculos de matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-PI,
2003...................................................................................................................................... 49
xvi
Lista de quadros
Quadro 1 - Acessos de cajuizeiros introduzidos no BAG-Cajueiro da Embrapa
Agroindústria Tropical (1964 - 1985), Pacajus, CE............................................................. 16
Quadro 2 - Dados climáticos do ano anterior a colheita (2002 a 2003
1
) dos cajuís na VL-
PI.......................................................................................................................................... 33
1
1. INTRODUÇÃO
O litoral brasileiro abriga um rico mosaico de ecossistemas de alta relevância
ambiental. Ao longo do mesmo podem ser encontrados manguezais, restingas, dunas, praias,
ilhas, costões rochosos, baías, brejos, falésias, estuários, recifes de corais e outros ambientes
importantes do ponto de vista ecológico, todos apresentando diferentes espécies animais e
vegetais e outros (IBAMA, 2004).
A biodiversidade pode ser qualificada pela diversidade em ecossistemas, espécies
biológicas, endemismos e patrimônio genético. Em decorrência de sua posição, a Região
Meio-Norte caracteriza-se, em termos fisiográficos, como uma típica zona de transição,
apresentando, conjuntamente, aspectos do semi-árido Nordestino, da pré-Amazônia e do
Planalto Central do Brasil. Embora situada entre o Nordeste seco e a Amania, a região
possui condições climáticas e florísticas que, no conjunto, se diferenciam ao mesmo tempo
das tipicamente nordestinas e das eminentemente amazônicas. Caracterizam-se essas
condições de um modo geral, pelo fato de apresentarem uma gradação que se inicia com o
tipo climático semi-árido e a vegetação de caatinga e termina com o clima superúmido e a
vegetação da floresta latifoliada equatorial. São formações vegetais do Meio-Norte a Mata dos
Cocais, Cerrado, Caatinga e a Vegetação Litorânea (MELO, 1983).
O litoral piauiense é pouco recortado, apresentando costas baixas e arenosas, nas quais
observa-se a existência de dunas que resultam de ação do vento sobre a areia das praias. Os
66 km do litoral estão divididos em duas partes: 30 km na Ilha Grande de Santa Isabel e
36 km na parte continental (PIAUÍ-HP, 2004).
2
Segundo Marcelino (2003) a vegetação da área de abrangência do complexo litorâneo
do Estado do Piauí, está firmada na integração dos fatores: clima, relevo e solo, revelando-se
um conjunto florístico bastante diversificado, sendo encontrado os seguintes tipos de
vegetação: Vegetação Pioneira Psamófila; Vegetação Subperenifólia de Dunas; Vegetação
Perenifólia de Mangue; Vegetação de Várzea; Vegetação do Delta dos Rios Parnaíba/Longá;
Vegetação Estacional dos Tabuleiros; e Vegetação Estacional secundária do Cerradão.
As fruteiras nativas ocupam lugar de destaque nos diversos ecossistemas e de um
modo geral seus frutos são comercializados no mercado regional com grande aceitação
popular. Algumas destas espécies oferecem frutos abundantes, nutritivos e suculentos, e
desempenham um papel importante na nutrição do nordestino, principalmente como fonte de
sais minerais e vitaminas. Além disso, algumas vezes, se tornam a única fonte alimentícia
para os animais nativos (MENDES, 1997; AVIDOS e FERREIRA, 2003).
No caso da vegetação subperenifolia das dunas estabilizadas do litoral piauiense,
Cavalcanti (2000) apresenta um levantamento preliminar das principais espécies, onde podem
destacar-se as seguintes frutíferas nativas: baga da praia ou cauaçú (Coccoloba cordifolia) -
Poligonacea; batiputá (Ouratea fieldigiana) - Ochnacea; caju (Anacardium occidentale) e
cajuí (Anacardium spp.) - Anacardiaceas; guajiru (Chrysobalanus icaco) - Rosacea;
mandacaru (Cereus jamacaru) - Cactacea; murici (Byrsonimia crassifolia) e murici de
tabuleiro (Byrsonimia verbascifolia) – Malphighiaceas; e ubaia (Eugenia sp.) - Mirtacea.
O estudo de novas espécies torna-se necessário tanto para fins comerciais, quanto com
o objetivo de preservar as espécies potenciais e sua diversidade, tendo em vista que o
processo de ocupação da região Meio-Norte, especialmente para fins agrícolas, vem levando a
erosão genética das mesmas. O fato de sua utilização ser restrita a algumas comunidades
rurais que as exploram em bases exclusivamente extrativistas, resulta em baixa produtividade,
oscilação brusca na oferta e risco iminente de extinção em virtude de desmatamentos (LIMA
et al, 1996).
Na fruticultura comercial as espécies nativas constituem uma preciosa fonte de riqueza
e de alimentos, necessitando serem preservadas e estudadas, visando sua utilização racional
com vistas a sua inserção no mercado. Dentre as fruteiras nativas da vegetação litorânea do
Piauí, com valor sócio-econômico, algumas merecem destaque especial, como é o caso do
cajuizeiro. Essa espécie já é utilizada pelas populações locais na forma in natura ou
processada, podendo ser encontrada em feiras-livres e mercados. Além disso, o cajuizeiro é
uma espécie vulnerável do ponto de vista de exploração dos ecossistemas.
3
Além dos requisitos mínimos de qualidade, que são comuns para todas as frutas, o
mercado exige uniformidade do produto ou padrões. Utilizando-se como exemplo o caju,
produto bastante similar ao cajuí, não se aceita no mesmo lote, para comercialização in natura,
pedúnculos de formas e tamanhos diferentes (FILGUEIRAS et al., 2002), assim como,
existem padrões bem definidos na utilização do mesmo como matéria-prima para
processamento (BRASIL, 2000 e 2003).
Todo o caj utilizado para consumo in natura e/ou para processamento é oriundo de
áreas nativas, como o litoral piauiense, não existindo portanto cultivos comerciais e/ou
padrões de qualidade estabelecidos para os mesmos. A seleção de plantas produtivas e com
caraterísticas de qualidade de pedúnculos desejáveis, tais como: firmeza, altos conteúdos de
açúcares e vitamina C e baixa adstringência é, portanto, importante para definição de padrões
e para a exploração da variabilidade genética no seu hábitat.
Desta forma, este trabalho teve como objetivos: caracterizar o uso atual do cajnativo
da vegetação litorânea piauiense e sua relação com o desenvolvimento rural do seu entorno,
assim como, avaliar a qualidade e o potencial de utilização de pedúnculos de diferentes
genótipos selecionados nesse ecossistema.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Aspectos gerais do litoral brasileiro
O Brasil possui uma linha contínua de costa Atlântica de 8.000 km de extensão, uma
das maiores do mundo, aproximando-se bastante da extensão das fronteiras terrestres, que
somam aproximadamente 12.000 km (KIPPES, 2004).
Ao longo dessa faixa litorânea é possível identificar uma grande diversidade de
paisagens como dunas, ilhas, recifes, coses rochosos, baías, estuários, brejos e falésias.
Mesmo os ecossistemas que se repetem ao longo do litoral - como praias, restingas, lagunas e
manguezais - apresentam diferentes escies animais e vegetais. Isso se deve, basicamente, às
diferenças climáticas e geológicas (VIVATERRA, 2004).
2.1.1. Classificação
Na região costeira a paisagem varia em função da ação dos ventos e da água marinha.
Grande parte da zona costeira, entretanto, está ameaçada pela superpopulação e por atividades
agrícolas e industriais. O litoral é classificado em três formações que se diferenciam pela
topografia, edafologia (características do solo) e pela botânica: Litoral Rochoso, composto
pelos costões rochosos, onde pode-se encontrar espécies arbustivas, tais como as cactáceas;
Litoral Arenoso, que é subdividido em praia, anteduna, duna e depressões coletoras de água
pluvial, onde pode-se encontrar vegetação arbustiva, baixa e xerófila, rica em cactáceas,
5
mirtáceas e bromeliáceas; e Litoral Limoso, no qual ocorre um dos mais bem caracterizados
tipos de vegetação tropical, o mangue (MAGOSSI e MAGOSSI, 2004).
Considerando-se os elementos oceanográficos, climáticos e continentais que formam
os complexos litorâneos, a costa brasileira se distingue em cinco grandes áreas: Litoral
Amazônico ou Equatorial, que se estende por cerca de 1.500 km, desde a foz do Oiapoque até
o Maranhão oriental; Litoral Nordestino ou das Barreiras, que vai do Maranhão oriental
(Delta do Parnaíba) ao Recôncavo Baiano; O Litoral Oriental, que se estende do Recôncavo
Baiano ao sul do Estado do Espírito Santo; Litoral Sudeste ou das escarpas cristalinas, que vai
do sul do Esrito Santo até Santa Catarina; Litoral Meridional ou Subtropical ou Quaternário
do Sul, que se estende desde Laguna, SC, até a barra do arroio Chuí, RS (KIPPES, 2004).
2.1.2. Ocupação
O litoral brasileiro representa um vasto campo de estudos. Praticamente toda a
colonização inicial do terririo partiu dele, já que a costa brasileira é permanentemente aberta
à navegação e as condições climáticas predominantes a deixam livre de más estações
(KIPPES, 2004).
Segundo Cavalcanti (2000) a localização litorânea representa uma situação geográfica
singular, de grande importância estratégica na vida das sociedades contemporâneas. Seja
como base dos fluxos de circulação oceânicos, como lugar de lazer, como depositária de
valiosos recursos naturais, ou ainda como suporte de ecossistemas de alta relevância
ambiental. A zona costeira afirma-se na atualidade como um espaço privilegiado para o
planejamento e no caso brasileiro, essa qualidade ganha ainda maior importância em função
da extensão do litoral do país.
A integridade ecológica da costa brasileira é pressionada pelo crescimento dos grandes
centros urbanos, pela especulação imobiliária sem planejamento, pela poluição e pelo enorme
fluxo de turistas. A ocupação predatória vem ocasionando a devastação das vegetações
nativas, o que leva, entre outras coisas, à movimentação de dunas e até ao desabamento de
morros. Já a expulsão das populações caiçaras (pescador ou o caipira do litoral) está acabando
com uma das culturas mais tradicionais e ricas do Brasil (MAGOSSI e MAGOSSI, 2004).
A densidade demográfica média da zona costeira brasileira de acordo com Ibama
(2004) fica em torno de 87 hab/km
2
, cinco vezes superior à média nacional que é de 17
hab/km
2
. Pela densidade demográfica nota-se que a formação territorial foi estruturada a partir
da costa, tendo o litoral como centro difusor de frentes povoadoras, ainda em movimento na
6
atualidade. Hoje, metade da população brasileira reside numa faixa de até duzentos
quilômetros do mar, o que eqüivale a um efetivo de mais de 70 miles de habitantes, cuja
forma de vida impacta diretamente os ecossistemas litorâneos.
Dada a magnitude das carências de serviços urbanos básicos, tais áreas vão constituir-
se nos principais espaços críticos para o planejamento ambiental da zona costeira do Brasil.
Não há dúvida em defini-las como as maiores fontes de contaminação do meio marinho no
território brasileiro. Além do mais, as grandes cidades litorâneas abrigam um grande número
de complexos industriais dos setores de maior impacto sobre o meio ambiente (química,
petroquímica, celulose). É importante ressaltar que a destruição dos ecossistemas litorâneos é
uma ameaça para o próprio homem, uma vez que põe em risco a produção pesqueira, uma rica
fonte de alimento e geração de renda e trabalho (IBAMA, 2004).
2.2. Aspectos gerais sobre a geografia do Piauí e seu litoral
O Piauí está situado na região Nordeste do Brasil, na sua parte ocidental ou Meio-
Norte, entre duas regiões climáticas bem diferentes: o sertão semi-árido e a Amazônia quente
e úmida. É uma autêntica faixa de transição. É o 3° maior Estado nordestino, inferior apenas a
Bahia e Maranhão, e o 11° do Brasil, correspondendo a 2,96 % da área total brasileira, não
estando incluídos os 2.614 km
2
a serem demarcados entre o Piauí e o Ceará. Localiza-se nos
hemisférios Sul e Ocidental entre os paralelos 2 e 11° de latitude sul e os meridionais 40 e 46°
de longitude Oeste de Greenwich, em plena zona Tórrida ou Intertropical e ocupa 250.934
km
2
(16,20 %) dos 1.548.672 km
2
que constituem o Nordeste (RODRIGUES, 1998).
Os pontos extremos do Estado são: Norte, Barra das Canárias no município de Ilha
Grande, no limite entre o Piauí e Maranhão; Sul, Chapada da Limpeza em Cristalândia, na
fronteira com a Bahia; Leste, nascentes do riacho Marçal em Pio IX, na fronteira com o
Ceará; e Oeste, curva do rio Parnaíba na cachoeira Apertada Hora, no município de Santa
Filomena, fronteira com o Maranhão (BAPTISTA, 1981).
2.2.1. Litoral piauiense
Os municípios piauienses estão agrupados em quatro mesorregiões e em quinze
microrregiões geográficas. Dentre as mesorregiões destaca-se o Litoral Piauiense que possui
14 (quatorze) municípios, quais sejam: Bom Princípio do Piauí, Buriti dos Lopes, Cajueiro da
7
Praia, Caraúbas do Piauí, Caxingó, Cocal, Cocal dos Alves, Luis Correia, Murici dos Portela,
Parnaíba, Piracuruca, São José do Divino, São João da Fronteira e Ilha Grande
(RODRIGUES, 1998). O litoral do Piauí abrange os municípios de Luís Correia, Parnaíba,
Bom Princípio, Buriti dos Lopes e Ilha Grande (IBGE, 1997).
O litoral piauiense é a parte de terras banhadas pelas águas do Oceano Atlântico. O
Piauí é o Estado marítimo de menor litoral, apenas 66 km de extensão, proporcional a 0,009
% da linha costeira do Brasil. Isto deve-se ao sistema de colonização adotado no Estado, do
interior para o litoral e as questões de fronteiras com os vizinhos Estados do Maranhão e
Ceará (BAPTISTA, 1981).
A zona costeira do Piauí, localiza-se no extremo norte do Estado e tem como limites
naturais: Leste, o rio Ubatuba, que separa o Piauí do Estado do Ceará; Oeste, o rio Parnaíba,
que separa o Piauí do Estado do Maranhão; Norte, o oceano Atlântico; e Sul, os municípios de
Cocal, Piracuruca, Joaquim Pires e São José do Divino. A área se enquadra,
aproximadamente, entre os paralelos 2
o
30' e 3
o
30' de latitude sul e os meridianos de 41
o
00' e
42
o
00' de longitude oeste (MARCELINO, 2003).
Segundo a classificação de KOPPEN, a área apresenta o tipo climático Aw’ – Tropical
Chuvoso (quente e úmido com chuvas de verão e outono). O clima da região possui uma
estação chuvosa que vai de janeiro a março, sendo que a precipitação média anual é de 1.280
mm. A temperatura mínima anual é de 21° C e máxima de 35,7° C, com temperatura média de
27° C. A evapotranspiração média anual está na faixa de 2.792 mm. A umidade relativa média
anual é de 76 %, com velocidade média dos ventos em torno de 18,7 km/h. Pode-se classificar
o clima do litoral piauiense como tropical de chuvas de verão e outono (CAVALCANTI,
2000).
No Piauí se apresentam os tipos de litoral: Erosão Marinha, das Canárias a Luís
Correia, onde predominam os processos de erosão marinha; e Dunas, que vai de Luís Correia
até aproximadamente a Ponta do Anel; e Alagadiço, sem mangues, da Ponta do Anel até a
fronteira com o Ceará (BAPTISTA, 1981).
A respeito da hidrologia de superfície e da hidrogeologia, têm especial atenção as
bacias do Parnaíba e as bacias hidrográficas conjugadas ao rio Ubatuba, compostas por cinco
bacias menores formadas pelos rios Ubatuba, Camurupim, Timonha e pelos riachos Cajueiro
e Tebocal. Outros pequenos sistemas fluviais, como os que são formados pelos rios Portinho e
Sobradinho, têm seus baixos cursos barrados pelos campos de dunas (MARCELINO, 2003).
O litoral do Piauí apresenta um Estado de retificação não muito tido, em função da
freqüência de embocaduras fluviais e de promontórios que se alternam em largas enseadas. A
8
primeira (E-W), se estende da foz do rio Timonha, no limite com o Estado do Ceará até a
localidade de Coqueiro, no município de Luís Correia. Neste trecho, algumas pontas mantidas
por promontórios se projetam para o mar e se intercalam com enseadas e planícies flúvio-
marinhas. Dentre as pontas, destacam-se as localizadas em Barra Grande, Socó e Itaqui. A
Segunda, com orientação SE-NW, estende-se da localidade de Coqueiro até a área deltaica do
rio Parnaíba, na fronteira com o Estado do Maranhão. O promontório gratico situado na
praia da Pedra do Sal separa dois trechos que possuem características retilíneas até a praia da
Pedra do Sal. Deste ponto, até a baía das Canárias forma-se uma pequena enseada e depois a
linha da costa é nitidamente retilínea. Esta área compõe-se do delta do Parnaíba (CEPRO,
1996).
O delta do Parnaíba despeja suas águas no atlântico, sendo que sua área total está
estimada em 2700 quilômetros quadrados. Distribuída de forma retangular, tem 90
quilômetros de base (orla) por 30 quilômetros de largura, onde estão os igarapés, os mangues
e cerca de 80 ilhas, entre elas a Ilha Grande, do Paulino, Caju, Canárias e Ilha Grande Santa
Isabel ocupam cerca de 80 mil hectares. (FUNBIO, 2004).
2.2.2. Vegetação litorânea piauiense
A Vegetação Litorânea do Piauí (VL-PI) cobre a faixa de terra próxima ao litoral e
alcança toda a Zona Costeira. É caracterizada por diversos tipos de vegetação, como: mangue,
formações de vegetais de praias arenosas, vegetações de dunas e vegetações de restingas
(PIAUÍ-HP, 2004).
O projeto RADAM, organizou uma chave morfoclimática para aplicação na bacia do
Meio-Norte. Nesta chave, podemos identificar como região ecológica as formações pioneiras
onde localiza-se a sub-região do litoral com predomincia dos ecossistemas restinga,
mangue, aluvial campestre e dunas (BAPTISTA, 1981).
Refletindo as condições de umidade das diversas zonas, as regiões ecológicas
distribuem-se em faixas paralelas, com a caatinga arbórea e arbustiva predominando no
Sudeste, a floresta decidual no Baixo e Médio Parnaíba, Cerrado e Cerradão, no Centro-Leste
e Sudoeste e as formações pioneiras de Restinga, Mangue e Aluvial Campestre, na Zona
Litorânea (IBAMA, 2004).
Baptista (1981) relaciona onze tipos de vegetação para a bacia do Parnaíba, todos com
presença no Piauí, destacando-se as restingas e dunas no litoral e os mangues no delta
parnaibano.
9
Na vegetação da área de abranncia do complexo litorâneo do Estado do Piauí,
encontra-se a Vegetação Subperenifólia de Dunas que está constituída por espécies arbóreas e
arbustivas. Essa vegetação arbóreo-arbustiva tem uma função de bioestabilização do campo
dunar, diminuindo o processo geomorfonico de avanço das dunas pelo efeito do agente
lico. Embora tenha uma elevada capacidade de fixação de dunas móveis, quando essas,
tenham sido parcialmente colonizadas pela vegetação pioneira, muitas vezes a Vegetação
Subperenifólia de Dunas não exerce plenamente seu efeito estabilizador no relevo devido à
degradação ambiental (PIAUÍ-HP, 2004).
A Vegetação Pioneira de Dunas desenvolve-se na praia onde a salinidade é alta, o solo
quase não possui matéria orgânica e pouca água. Sendo seu solo areia, esse tipo de vegetação
sofre geralmente um super aquecimento. Sua função é fixar as elevações de areias e dunas.
(UNISANTOS, 2004).
O efeito pedogenético que a vegetação exerce no campo de dunas, como um dos
agentes de formação dos solos, é reduzido por algumas atividades sócio-econômicas, que
retiram parte da cobertura vegetal. A retirada da madeira para diferentes usos, o plantio de
culturas de subsistência e a pecria extensiva m progressivamente causando a diminuão
do estado de conservação da vegetação, induzindo a transformação de dunas fixas em dunas
móveis. A valorização dos terrenos em áreas de dunas devido à especulação imobiliária vem
progressivamente sofrendo influência na retirada da cobertura vegetal (CEPRO, 1996).
As dunas que estão formando campos mais ou menos extensos, subdividem-se em
dunas móveis, dunas em processo de fixação e dunas fixas, com características de cobertura e
ocupação diferenciadas (PIAUÍ-HP, 2004).
Cavalcanti (2000) observou a existência de várias espécies com folhas suculentas, em
virtude da seca fisiológica a que estão sujeitas e de caules ramificados, servindo de proteção à
mudança constante das areias, provocadas pelo vento.
A utilização dos recursos vegetais presentes nesta unidade de vegetação é importante
para a populão local, onde são aproveitados o caju (Anacardium occidentale L.), cajuí
(Anacardium spp.), murici (Byrsonima gardneriana), dentre outros. A madeira é muito
utilizada para diferentes fins, seja para o preparo de carvão, seja para a construção de casas.
No entanto, não são utilizadas práticas conservacionistas na exploração dos recursos
madeireiros, de forma que a vegetação dunar dificilmente retorna as suas condições naturais
após ser explorada (IBAMA, 2004).
10
2.3. Fruteiras nativas
A vegetação nativa é o hábitat do homem primitivo. Com o acúmulo de conhecimento
das sociedades ela passou a ser modificada, com o enriquecimento das plantas consideradas
úteis e retirada das nocivas, até chegar a agricultura com a retirada total da vegetação nativa e
o cultivo de plantas selecionadas. Este processo foi responsável pelo enorme crescimento da
produção de alimentos e de outros produtos vegetais que tem sustentado a crescente massa
populacional do globo. Obviamente, foi visto como um processo desejável até o extremo de
serem menosprezadas as áreas cobertas de vegetação nativa, simples mato, aguardando a vez
de serem trabalhadas. Mas sempre houve uma certa preocupação com a manutenção de áreas
de vegetação nativa, por razões que iam desde a utilidade de alguns de seus componentes,
como as árvores madeireiras de difícil cultivo, até o desejo de manutenção de áreas de lazer
(SAMPAIO e SAMPAIO, 2003).
A América Tropical é considerada como centro de origem de muitas frutíferas,
algumas das quais foram domesticadas longo tempo pelos povos nativos. A sua riqueza se
dá também pela sua situação geográfica, devido à heterogeneidade e à mistura das duas floras,
a da América do Norte e a da Amazônia, as quais vão até as áreas baixas da América Central,
com algumas espécies indo em ambas as direções (DONADIO, 1993).
Estima-se que 250 mil espécies de plantas já foram descritas em âmbito mundial,
sendo o Brasil considerado como um dos mais ricos, com cerca de 55 a 60 mil espécies,
correspondente a 22 % do total (ARAGÃO et al., 2002).
Entretanto, quando se procuram informações sobre frutíferas não ou pouco comerciais,
se depara com um número muito grande de espécies, se considerar aquelas de origem nos
vários continentes. Somente das Américas Donadio et al. (1998) citam cerca de mil espécies
nativas, distribuídas em 80 famílias, sendo que pelo menos 400 espécies são de origem ou
ocorrentes no Brasil.
Dentre as espécies com ocorrência no país, inclui-se cerca de 500 espécies frutíferas,
na maioria muito pouco estudadas. Giacometti (1993) propôs a existência de dez centros de
diversidade de fruteiras nativas no Brasil, entre os quais os centros do Nordeste-Caatinga e o
da Mata Atlântica. Este último, devido à ação antrópica crescente, já foi muito devastado,
podendo ter sofrido perdas irreparáveis e irreversíveis de várias frutíferas nativas e
naturalizadas com algum potencial agromico. Desta forma, os centros objetivaram indicar
as áreas de alta diversidade e que merecem atenção especial tanto para eventual conservação
11
in situ como para coletas de espécies prioritárias com a finalidade de mantê-las em bancos de
germoplasma, para avaliação e caracterização com fins de domesticação e uso.
Os esforços para assegurar a conservação da biodiversidade e consequentemente dos
recursos genéticos ainda são insuficientes, principalmente nos trópicos, que detém cerca de
dois terços do total de espécies e 95 % da biodiversidade da terra. O Brasil, com sua
megadiversidade, está inserido nessa realidade, pois através de sua grande expansão
populacional vem devastando os seus hábitats naturais quase na mesma velocidade do resto
do mundo (VIEIRA NETO, 2002).
2.3.1. Espécies nativas da região Nordeste
Na literatura, fica evidenciado que para se conhecer a fundo os recursos genéticos de
uma determinada região, são necessários estudos de etnobotânica, botânica e biologia da
preservação. Além destes, os conhecimentos adquiridos por meio da avaliação de
características agronômicas e químico-nutricionais, bem como da caracterização reprodutiva e
molecular, também são essenciais para a utilização racional desse germoplasma,
especialmente em programas de melhoramento. A caracterização genética também é
importante para a utilização de espécies nativas, pois permite um melhor conhecimento dos
recursos genéticos disponíveis na região e das estruturas genéticas das populações, ajudando
no processo de seleção de populações e/ou de plantas individuais com características
desejáveis para o cultivo (GIACOMETTI, 1993).
Pinto (1993) relata que na região Nordeste ocorre uma diversificação ecológica com
flora rica e variada, com muitos endemismos, valioso potencial genético de espécies nativas
produtoras de frutos édulos, carecendo de domesticação e melhoramento. O número de
espécies nativas integradas aos diversos ecossistemas da região é elevado. Poucas já sofrem
um processo de domesticação incipiente, onde a variação individual de caracteres é
ponderável, no porte, na produtividade de frutos, na sucuncia, no sabor e no tamanho das
sementes. As Anacardiaceaes, Passifloraceaes, Myrtaceaes, Sapotaceaes e Annonaceaes são
as mais promissoras, mas as demais famílias também oferecem aos geneticistas, melhoristas e
fitotecnistas valiosos germoplasmas para serem trabalhados e potencializados.
A região Meio-Norte do Brasil dispõe de uma flora nativa rica em espécies fruferas
ainda pouco conhecidas no mercado consumidor urbano. A sua utilização é restrita a algumas
comunidades rurais que as exploram, entretanto, em bases exclusivamente extrativistas,
resultando em baixa produtividade, oscilação brusca na oferta e risco iminente de extinção em
12
virtude de desmatamentos. O estudo com novas espécies torna-se necessário tanto para os fins
comerciais quanto para preservação das espécies potenciais e da diversidade genética em
virtude do processo de ocupação da região Meio-Norte, especialmente para fins agrícolas
(LIMA et al., 1996).
Em relação as fruteiras nativas da VL-PI, Cavalcanti (2000) apresenta um
levantamento preliminar das principais espécies da vegetação subperenifolia das dunas
estabilizadas: baga da praia ou cauaçú (Coccoloba cordifolia) - Poligonacea; batiputá
(Ouratea fieldigiana) - Ocnacea; caju (Anacardium occidentale) e cajuí (Anacardium spp.) -
Anacardiaceas; guajiru (Chrysobalanus icaco) - Rosacea; mandacaru (Cereus jamacaru) -
Cactacea; murici (Byrsonima crassifolia) e murici de tabuleiro (Byrsonima verbascifolia) –
Malphighiaceas; e ubaia (Eugenia sp.) - Mirtacea.
2.3.2. Potencial de utilização
Para a grande maioria dos países do mundo, a grande diversidade apresentada pelas
frutas tropicais permanece bastante desconhecida e não está difundida o suficiente nos
mercados internacionais. Estima-se que em regiões tropicais e subtropicais do mundo crescem
mais de 600 espécies de frutas comestíveis, sendo que menos de 25 delas são comercializadas.
Em geral, as frutas produzidas nestas regiões, tanto nativas como exóticas ainda são pouco
conhecidas nos mercados (DUCH, 2001).
Dentre os gêneros que apresentam espécies nativas na Arica Tropical, rias
frutíferas de importância ecomica atual aparecem, mostrando o potencial da região
(DONADIO, 1993).
A variabilidade genética encontrada nas espécies frutíferas nativas é um grande
instrumento para enfrentar o aumento cada vez maior da demanda por alimentos. No Brasil,
entretanto, essa biodiversidade vem sendo ameaçada na maioria dos ecossistemas
(GIACOMETTI, 1993; VIEIRA, 1996). Além disso, estudos envolvendo o aproveitamento
econômico de fruteiras nativas de reconhecidos méritos têm sido postergados em benecio de
espécies tradicionais de mercado garantido, embora seja reconhecido que a oferta de novas
alternativas de frutas frescas e/ou processadas somente terá chance de ser bem sucedida se
houver suporte tecnológico (LEON, 1987; GIACOMETTI, 1990).
Muito pouco se sabe sobre a inter-relação entre as espécies e sobre o impacto sobre as
populações de plantas e animais causado pelo extrativismo de recursos da biodiversidade
nativa ou pelo uso de espécies exóticas. Se o conhecimento do tamanho da diversidade ainda
13
é exíguo, o potencial do seu uso pode ser considerado quase que totalmente ignorado.
Portanto, as espécies frutíferas nativas constituem uma preciosa fonte de riqueza e de
alimentos para o país, as quais precisam ser adequadamente preservadas, estudadas e
utilizadas (MARCELINO, 2003).
A preferência do mercado interno pelas frutas eticas, tanto de clima temperado
aclimatadas, que exercem forte pressão de mercado, quanto por aquelas tropicais e
subtropicais já adaptadas, tem inibido o desenvolvimento de espécies alternativas de
reconhecidos méritos, como mangaba, araçá, bacuri, cupuaçú, dentre outras (GIACOMETTI,
1993).
Uma das principais preocupações dos produtores de frutos da região Nordeste do
Brasil é a agregação de valor às fruteiras regionais. Estas são geralmente produzidos em
regime extrativista, porém, atraem cada vez mais interesse e seu potencial de mercado cresce
a cada dia tendo em vista à busca pela diversificação da oferta (CRISÓSTOMO, 1997).
O Meio-Norte caracteriza-se pela diversidade de ecossistemas e pela biodiversidade,
com destaque para as espécies frutíferas nativas, muitas das quais de elevado valor econômico
tanto para o mercado de frutas in natura como para processamento. Dentre as fruteiras nativas
da VL-PI, com valor sócio-econômico, algumas merecem destaque especial, como é o caso do
cajuizeiro. Essa espécie já é utilizada pelas populações locais na forma in natura ou
processada, podendo ser encontrada em feiras-livres e mercados. Além disso, o cajuizeiro é
uma espécie vulnerável do ponto de vista de exploração dos ecossistemas.
2.4. Cajuí
O termo caj é utilizado para descrever um caju com castanha e/ou pedúnculo
pequenos. Segundo Carbajal e Silva Júnior (2003), na classificação utilizada pela indústria
processadora de castanha de caju, considera-se como cajuí os frutos (castanhas) que passam
na peneira de 15 mm, ou seja, acima de 300 unidades por kg (peso 3,33 g), ou seja, o termo
estaria associado ao tamanho do fruto. Entretanto, Cavalcante (1996) descreve o cajuízeiro
como uma espécie de Anacardiaceae nativa, dispersa na Amazônia, Nordeste, Goiás, Mato
Grosso e Guianas. Habita na mata alta de terra firme ou de várzea, sendo raramente cultivada.
Lima et al. (1988) fazendo a descrição de 19 espécies de Anacardium, classifica como
cajuí as espécies A. amilcarianum, A. corimbosum, A. giganteum, A. humile, A. microcarpum,
A. nanum e A. pumilum.
14
2.4.1. Classificação botânica
O gênero Anacardium apresenta um pequeno número de espécies, todas elas
originárias das Américas Central e do Sul à exceção do A. encardium, provavelmente
originário da Malásia (JOHNSON, 1973; LIMA et al., 1988; BARROS, 1994).
De acordo com IPBGR (1986) o gênero foi estabelecido em 1753 por Linneau com
uma única espécie, o caju (A. occidentale) e posteriormente foram descritas no mínimo 25
outras, sendo que alguns autores consideram algumas delas em um outro Gênero denominado
Semecarpus. A posição sistemática do gênero Anacardium, de acordo com Judd et al. (1999),
é a seguinte: Divisão - Spermatophyta; Subdivisão - Angiospermae; Classe - Eudicots;
Subclasse - Eurosids II; Ordem - Sapindales; e Família - Anacardiaceae.
Considerando-se a sistemática tipológica (botânica clássica) o gênero é composto por
21 espécies, as quais foram descritas Johnson (1973). Mitchel e Mori (1987), entretanto,
utilizando a taxonomia numérica, reduziram este número a apenas 10. A taxonomia do gênero
ainda possui controvérsias, pois alguns autores defendem a existência de cerca de 15 espécies
conforme relata Cunha (2002). Além disso, Barros (1994) considera ser possível a existência
de maior número na Amazônia e Cerrados, locais de dispersão do gênero, tanto pela
sistemática tipológica como pela numérica.
Na revisão do gênero realizada por Mitchell e Mori (1987), utilizando-se uma análise
cladística em 10 espécies do gênero, usando características como bitat, base foliar, textura
foliar e outras características morfológicas, os autores concluíram que A. occidentale e A.
humile ocupam clados separados e que A. othonianum, A. microcarpum e A. occidentale são
diferentes nomes para a mesma espécie.
A quantidade de dados moleculares, tais como seqüências de proteínas ou ácidos
nucléicos e marcadores moleculares ou bioquímicos, de Anacardium é escassa. Sobre
seqüências de ácido desoxirribonucléico - DNA não há nenhum relato na literatura, apenas
poucos trabalhos de marcadores moleculares são relatados. Cunha (2002) utilizando
seqüências dos genes rDNA 18S na reconstrução filogenética do gênero Anacardium, através
dos métodos de máxima parcimônia e máxima verossimilhança, conclram que A.
occidentale e A. microcarpum, muitas vezes referidos na literatura como cajuí, são a mesma
unidade botânica. Portanto, esses resultados seriam uma evincia que A. microcarpum é
apenas um genótipo, ecotipo ou variedade de A. occidentale e não deve possuir estatus de
espécie, de acordo com o proposto anteriormente por Mitchell e Mori (1987). Por outro lado,
o trabalho de Cunha (2002) agrupou A. humile e A. sp. como unidades botânicas distintas e
15
separadas de todos os genótipos estudados de A. occidentale. Esses resultados também
concordariam com os de Mitchell e Mori (1987).
Com relação à espécie de cajuí nativa da vegetação litorânea piauiense, não existem
informações sobre a sua classificação botânica, portanto, é referida nessa pesquisa como
Anacardium spp..
2.4.2. Recursos genéticos
O IBPGR (1986) relaciona a mais de uma década atrás, coleções do gênero
Anacardium em dez países: Austrália, Brasil, China Índia, Kenia, Moçambique, Nigéria,
Filipinas, Tailândia e Estados Unidos, sendo que apenas no Brasil outras espécies, além do A.
occidentale, são apresentadas.
Giacometti (1993) relata que o caju (A. occidentale) e o cajuzinho ou cajuí (A. humile
e A. nanum) estão localizados no Centro de diversidade 8: Brasil Central/Cerrado. Esse
Centro está em altitudes acima de 800 m, entre os paralelos 12° e 20° Sul, abrangendo os
Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Distrito Federal e oeste da Bahia, entre os
meridianos 45° e 52° W. Apresenta condições ecológicas determinantes da elevada
diversidade, inclusive de espécies frutíferas, devido a condição de savana sujeita a
estressamento anual. Pode-se também encontrar ocorrência do cajuí (A. humile) no Centro de
diversidade 10: Brasil (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e Paraguai.
Segundo Kerr (1993) há várias espécies de cajuí (Anacardium sp.) no Norte,
especialmente no Acre, Amazonas e Roraima, com os pedúnculos vermelhos, grandes (7 a 10
cm), cheiro agradável, porém diferentes do caju.
Na região dos cerrados, as espécies Anacardium nanum, A. humile e A. othonianum
conhecidos por caju e cajuí do cerrado,o têm sido utilizados, a não ser extrativamente,
podendo ser incorporado ao germoplasma para estudos de hibridação ou porta-enxertos
(DONADIO, 1993).
Os primeiros acessos do gênero Anacardium foram introduzidos no Banco Ativo de
Germoplasma de Cajueiro (BAG-Cajueiro), Campo Experimental de Pacajus, Pacajus, CE,
pertencente na atualidade à Embrapa Agroindústria Tropical, no ano de 1956. As plantas
avaliadas foram marcadas individualmente para futuras observações e cadastradas no BAG
para controle. Até 2002, utilizando-se esta metodologia, foram cadastrados cerca de 621
acessos. Considerando-se o tamanho do conjunto castanha + pedúnculo, tem-se apenas 55
acessos (Quadro 1) que podem ser denominados de cajuí (PAIVA et al. 2003).
16
Quadro 1 - Acessos de cajuizeiros introduzidos no BAG-Cajueiro da Embrapa Agroindústria
Tropical (1964 - 1985), Pacajus, CE.
Ano de
Introdução
Origem Espécie
N° de
Acessos
N° de
Plantas
Sistema de
Propagação
1964 Região NE
Espécie não cultivada -
cajuí vermelho
Anacardium microcarpum
1 31 Sexuada
1964 Região NE
Espécie não cultivada -
cajuí vermelho
Anacardium microcarpum
118Vegetativa
-Região NE
Espécie não cultivada -
cajuí amarelo
Anacardium microcarpum
19Sexuada
1975 Roraima Anacardium sp. 18 47 Sexuada
1985 Roraima Anacardium sp. 1 10 Sexuada
1977 Camocim, CE Anacardium sp. 1 5 Sexuada
1985 Piauí e Ceará Anacardium sp. 3 23 Sexuada
- Desconhecida Anacardium sp. 1 5 Sexuada
1984 Goiás - GO Anacardium othonianum 11Sexuada
1985 Goiás - GO Anacardium othonianum 18 96 Sexuada
- Desconhecida Anacardium othonianum 1 15 Sexuada
1985 Goiás - GO Anacardium othonianum 8 45 Sexuada
Total 55 305
Adaptado de Paiva et al. (2003).
Nesta pesquisa foi utilizada como testemunha em comparação com os cajuís oriundos
da VL-PI, cajuís de uma árvore oriunda do BAG-Cajueiro, apresentando pedúnculos de
coloração vermelha, classificada como da espécie A. microcarpum.
2.5. Qualidade e potencial de utilização
A literatura praticamente não faz menção a estudos relacionadas a qualidade e
potencial de utilização de pedúnculos de cajuí, independentemente das espécies assim
denominadas, com exceção dos trabalhos realizados por Rufino (2001), Crisóstomo et al.
(2002) e Moura et al. (2004). Desta forma, não existem disponíveis padrões de qualidade para
consumo in natura e/ou para a matéria-prima que possa ser utilizada para o aproveitamento
industrial.
Neste trabalho, excetuando-se as caracteristicas relacionadas ao tamanho, optou-se por
utilizar, para efeito de comparação/discussão, as características de qualidade e padrões já
definidos para o caju, tendo em vista sua proximidade genética com a escie ou até mesmo o
17
fato do cajuí poder ser, como sugere Mitchell e Mori (1987) e Cunha (2002), apenas um
genótipo, ecotipo ou variedade de caju.
2.5.1. Atributos de qualidade
Os aspectos de qualidade são, naturalmente os mais importantes para determinar
aceitabilidade das frutas comercialmente. Uma questão de grande importância que influi no
êxito comercial, é ensinar aos consumidores potenciais as características de qualidade dos
frutos para seu consumo (cor, textura, sabor, aroma, etc.), a forma de consu-la (in natura,
minimamente processada, etc.) e a qualidade nutricional de sua composição (DUCH, 2001).
A qualidade do pedúnculo para consumo in natura relaciona-se aos seguintes aspectos:
teor de açúcar da polpa, adstringência e coloração externa (vermelha ou amarela) (MENEZES
e ALVES, 1995). A composição físico-química do pedúnculo, e consequentemente do suco
extraído deste, varia amplamente em função da variedade, grau de maturação, tamanho, data
de colheita, estado da planta, variabilidade do pomar, etc. (SONDHI e PRUTHI, 1980).
No desenvolvimento, o fruto sofre diversas alterações em sua composição química que
o levam a um equilíbrio desejável de suas características de sabor e aroma (CHITARRA e
CHITARRA, 1990). O aproveitamento industrial do pedúnculo do caju em muito depende do
conhecimento das transformações químicas ocorridas nas diferentes etapas do seu
amadurecimento (MAIA et al., 1971).
Em relação a qualidade de pedúnculos de caju, como matéria-prima para
processamento de polpa, o Ministro da Agricultura, Abastecimento e Pecuária estabeleceu,
através da Instrução Normativa Nº 01, de 07 de janeiro de 2000, o regulamento técnico geral
para fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para Polpa de Fruta, incluindo a mesma
(BRASIL, 2000).
2.5.2. Características físicas
As características físicas (cor, peso, forma, etc.) são de fundamental importância para
uma boa aceitação do produto por parte do consumidor. Com a grande variabilidade genética
existente para cajuís oriundos da Região Meio-Norte (RUFINO, 2001), faz-se necessário
selecionar pedúnculos de cajuizeiro que possam atender às exigências de consumo, já que
neste caso os atributos qualitativos são mais importantes do que os quantitativos (MOURA,
1998).
18
As características de tamanho e pesoo os principais atributos utilizados para
diferenciar o caju do caj, sendo o último, de um modo geral, relativamente menor e mais
leve.
2.5.2.1. Cor
A cor é um dos mais importantes atributos do alimento, já que a seleção ou julgamento
da qualidade seriam extremamente difíceis se a cor fosse removida (MAZZA e
BROUILLARD, 1987).
A cor é uma característica que depende do mercado pretendido. No caso do mercado
europeu, por exemplo, o consumidor francês prefere frutas vermelhas, enquanto que em
outros países, a preferência é por frutas de cor amarela (ALVES e FILGUEIRAS, 2002).
Há muitas combinações diferentes de cor em pedúnculos de caju. Além dos
pedúnculos vermelhos e amarelos, há muitas gradações entre estas cores. Paiva et al. (1998)
relaciona cores variando desde o amarelo canário ao vermelho vinho. Wait e Jamieson
(1986) relatam que a cor dos mesmos varia de vermelho claro ao amarelo claro.
Kundu e Ghosh (1994), trabalhando com vários tipos de caju na Índia, observaram que
9,7 % dos pedúnculos eram vermelhos, 51,6 % amarelos e 38,7 % foram considerados
intermediários, ou seja, com misturas de vermelho e amarelo em vários graus.
Trabalhando com uma população heterogênea de plantas de cajueiro na Nigéria,
Falade (1981) relata uma grande heterogeneidade durante a época de frutificação. Em dois
lotes estudados, as árvores com pedúnculos amarelos foram dominantes em 54,5 e 71 % da
população total das árvores dos lotes 1 e 2, respectivamente. Quando foram observadas as
variáveis cor e formato simultaneamente, os pedúnculos amarelos e arredondados foram
dominantes (38,2 %) no lote 1 e os alongados e amarelos (31,2 %) no lote 2.
A avaliação de cores feita por Pinto et al. (1997), para identificar pedúnculos de clones
de cajueiro anão precoce com coloração próxima do vermelho, teve como referência o clone
CCP 76, de coloração alaranjado escuro, atualmente o mais cultivado para consumo fresco,
sendo observado que de todos os clones estudados, com exceção do clone CCP 09, exibiram
no mínimo a cor do CCP 76.
Rufino (2001), trabalhando com 30 (trinta) genótipos de cajuí oriundos de diferentes
localidades da região Meio-Norte, encontrou cerca de 47 % dos pedúnculos com coloração
amarela, sendo que os demais apresentaram coloração variando do amarelo-alaranjado ao
vermelho intenso.
19
2.5.2.2. Tamanho e forma
A forma do pedúnculo do caju, segundo Johnson (1973), pode variar de esférica a
cilíndrica. Em trabalhos com seleção de clones de cajueiro anão para cultivo irrigado, foram
relacionados diversos formatos desde piriforme, cilíndrico a fusiforme e alongado (MOURA,
1998)
Falade (1981) relata que a população de plantas de caju na Nigéria é heterogênea,
devido ao material de plantio ser não selecionado. A heterogeneidade é percebida durante a
época de frutificação, quando várias formas são encontradas. Avaliando o formato do
pedúnculo em dois lotes de plantas, o autor observou que pedúnculos redondos foram
dominantes no lote 1 (72,7 %) e pedúnculos alongados (57 %) no lote 2.
Silva Júnior e Paiva (1994), em trabalho realizado com o objetivo de caracterizar cajus
oriundos de quatro clones de cajueiro anão precoce, relatam que os aspectos físicos
apresentaram certa heterogeneidade, especialmente em relação ao comprimento do pedúnculo.
Paiva et al. (1998) relatam que os pedúnculos de caju podem variar de 30 até 200 mm
de comprimento e de 30 até 120 mm de largura.
Ortiz e Arguello (1985), avaliando características físicas de pedúnculos de caju na
Costa Rica, observaram que na variedade Trinidad, o diâmetro apical teve uma diferença
considerável entre os pedúnculos vermelhos (40,6 mm) e os amarelos (31,6 mm). Com
relação ao diâmetro basal a maior diferença foi observado na variedade Local, com os
pedúnculos vermelhos apresentando 35,2 e os amarelos 40,9 mm. De modo geral, o
pedúnculo da variedade Trinidad apresentou dimensão consideravelmente maior do que a
variedade local.
No único estudo disponível sobre caracterização de pedúnculos de cajuizeiros
oriundos da Região Meio-Norte, Rufino et al. (2002) encontraram para diâmetro basal e
apical e comprimento, uma média de 30,21, 22,73 e 29,33 mm, respectivamente.
2.5.2.3. Peso
O peso dos pedúnculos de cajus, nas populações naturais conhecidas, segundo
(BARROS, 1988), varia de 20 até 160 g, enquanto que das castanhas de 3 a 10 g, o que
denota a grande variabilidade genética para a característica peso. O autor atribui ao fato de ser
o Brasil o centro de origem da espécie, a grande variabilidade observada.
20
Soares (1975) e Menezes (1992) reportam que o peso médio do pedúnculo de cajueiro
comum varia de 70 a 90 g. No entanto, em se tratando de pedúnculos de cajueiro anão
precoce, Pinto et al. (1997) encontraram médias de peso de 79,08, 136,58 e 100,95 g para os
clones CCP 09, CCP 76, CCP 1001, respectivamente. Isto demonstra que, de acordo com a
classificação de Filgueiras et al. (1999) apenas os clones CCP 76 e CCP 1001, atingiram
classificação dos tipos 4 e 5 (> 100 g), respectivamente, que são os preferidos pelo
consumidor.
Kundu e Ghosh (1994) avaliando fisicamente pedúnculos de 31 tipos de cajueiros
originados de sementes coletadas em diferentes estações de pesquisa na Índia encontraram
resultados relativamente menores, com uma variação de peso de 21,6 (Mysore Kotekar N
o
.
55) a 61,7 g (M6/1). Já Rufino (2001), caracterizando pedúnculos de cajuizeiro oriundo da
Região Meio-Norte, observou uma variação no peso de 2,70 a 54,18 g.
Com relação ao peso de castanha Pinto et al. (1997), trabalhando com pedúnculos de
cajueiro anão precoce sob condições de sequeiro, em Pacajus, CE, encontraram uma variação
entre 7,66 g para o clone P 147E e 11,34 g para o P 76D.
No município de Pacajus, CE, foram encontradas castanhas de 33 g, apesar disso, o
peso médio da castanha produzida e comercializada, no Estado do Ceará, é inferior a 8 g
(BARROS et al., 1984). Silva Júnior e Paiva (1994), após caracterizar fisicamente castanhas
de três clones de cajueiro anão precoce, concluíram que, do ponto de vista comercial, o CCP
76 foi o que apresentou a característica mais importante, ou seja, castanhas com peso superior
a 10 g, classificando suas amêndoas como do tipo SLW (Special Large Whole). Barros et al.
(1984) encontraram valores que variaram de 7 a 11 g, com média de 9 g, para esse mesmo
clone.
Em relação a castanhas de cajuí Rufino (2001) encontrou uma variação de 0,9 a 6,26 g
e um peso médio igual a 2,93 g, em plantas oriundas da Região Meio-Norte.
2.5.2.4. Firmeza da polpa
A firmeza é definida como o conjunto de propriedades do alimento, composto por
características sicas perceptíveis pelo tato e que se relacionam com a deformação,
desintegração e fluxo do alimento, sob a aplicação de uma força. Essas características são
avaliadas objetivamente por funções de força, tempo e distância (CHITARRA e CHITARRA,
1990).
21
Com relação à firmeza, uma das mais importantes características físicas para
pedúnculos de caju, Moura et al. (2001) avaliando pedúnculos de nove clones de cajueiro
anão precoce, cultivados sob irrigação, observaram que apenas o CCP 09 (7,42 N) e BRS 189
(7,25 N) apresentaram pedúnculos mais firmes que o CCP 76 (5,83 N), sendo que os demais
o praticamente equivalentes. Pinto et al. (1997) encontraram para os clones CAP 11, CAP
15 e CAP 22 uma firmeza significativamente maior do que o CCP 76, sugerindo que eles
podem ter uma vida útil pós-colheita superior quando comparado com os outros clones.
Em experimento realizado em Pacajus, CE, avaliando a qualidade de pedúnculos, de
cajueiro anão precoce, de cajuís e de seus híbridos, Crisóstomo et al. (2002) encontraram
valor médio de firmeza (10,8 N) de cajuí (A. microcampum) superior aos dos cajus avaliados
(CCP 76 – 5,9 N e CCP 09 – 7,9 N). Moura et al. (2004), em experimento de conservação
s-colheita de cajuís com a mesma origem, observaram valores ainda maiores (17,87 N) por
ocasião da colheita.
2.5.3. Características físico-químicas e químicas
A caracterização físico-química do pedúnculo, e consequentemente do suco extraído
deste, varia amplamente em função da variedade, grau de maturação, tamanho, data de
colheita, estado da planta, variabilidade do pomar, etc. (SONDHI e PRUTHI, 1980). Além
disso, a importância de estudar a caracterização química, física e físico-química de
pedúnculos decorre da grande participação do caju, no processo de desenvolvimento da
agroindústria de frutos tropicais no Nordeste e do crescente mercado para pedúnculo in
natura.
A qualidade do pedúnculo para consumo in natura e/ou processamento relaciona-se
principalmente a aspectos como altos teores de açúcar e vitamina C e baixa adstringência
(MENEZES e ALVES, 1995).
2.5.3.1. Sólidos solúveis e açúcares
Os sólidos solúveis totais (SST), expressos em °Brix, representam a quantidade de
sólidos que estão presentes em uma amostra de suco, sendo que a grande maioria desses
sólidos é constituída por açúcar. De acordo com Chitarra e Chitarra (1990) o teor de açúcares
normalmente constitui 65 a 85 % do teor de sólidos solúveis totais.
22
Augustin e Unnithan (1981) em trabalho na Estação de Pesquisa de Caju na Índia,
realizaram análises químicas e mostraram que há variação entre os pedúnculos no que se
refere ao conteúdo de SST.
No trabalho de Silva Júnior e Paiva (1994), realizado em Pacajus, CE, o maior teor de
SST (12,60 °Brix) foi observado para pedúnculos de cajueiro oriundo do lote CL 49 e para o
clone de cajueiro anão precoce CCP 09, sendo que para os clones CCP 76 e CCP 1001 foram
encontrados valores de 11,90 e 10,90 °Brix, respectivamente.
Em trabalho feito por Kundu e Ghosh (1994) na Índia, foram registrados valores de
SST em pedúnculos de caju variando de 13,45 °Brix (Kerala Seedlings) até um máximo de
18,13 °Brix (Vengurla-4), havendo diferença significativa entre os tipos. Já Ortiz e Arguello
(1985), em trabalho realizado na Costa Rica, encontraram para a variedade Trinidad
10,0 °Brix e para a variedade local 9,75 °Brix. Demonstrando assim a grande variabilidade
existente, quando comparamos com os valores obtidos por Price et al. (1975) que foram de
15,2, 13,2, e 12,8 °Brix, respectivamente para suco doce, ácido e adstringente.
Moura Fé et al. (1972) encontraram teores de SST em cajus de coloração vermelha
oriundos do Ceará variando entre o mínimo de 10,00 °Brix (Fortaleza) e o máximo de 11,20
°Brix (Camará, Cascavel e Pajuçara), e com uma média 10,83 °Brix. Nos cajus de coloração
amarela, os resultados oscilaram entre o mínimo de 9,80 °Brix (Fortaleza) e oximo de
12,00 °Brix (Cascavel), com média de 10,66 °Brix.
Em relação ao cajuí essa variação parece ser ainda maior. Rufino et al. (2002),
avaliando pedúnculos de diferentes genótipos de cajuís da região Meio-Norte, observaram
valores de SST variando de 8 a 21,13 °Brix, tendo sido a média geral de 12,88 °Brix.
Crisóstomo et al. (2002) trabalhando com cruzamentos entre caju e cajuí (A. microcarpum)
encontraram valores de 11,30 °Brix para essa característica, enquanto que Moura et al. (2004)
de 12,6 °Brix em pedúnculos de cajuí, com a mesma origem (Pacajus, CE), recém colhidos.
Os açúcares pertencem a um grupo de extrema importância no que se refere à
qualidade de um produto vegetal. No pedúnculo do caju, os principais açúcares solúveis
encontrados são maltose, sacarose, glicose, celobiose e rafinose. A glicose, de acordo com
Price et al. (1975) constitui o principal açúcar presente no pedúnculo do caju, seguido por
frutose (MENEZES e ALVES, 1995).
Em relação aos açúcares Maia et al. (1971) e Augustin e Unnithan (1981) relatam
que, no pedúnculo maduro, os açúcares redutores predominam largamente, enquanto os não
redutores apresentam-se em proporção muito pequena.
23
Os açúcares solúveis totais no trabalho realizado por Silva Júnior e Paiva (1994) não
apresentaram diferença significativa (p>0,05), sendo o maior teor observado no CCP 09
(11,76 %) e menor no CCP 1001 (10,37 %). Nagaraja e Nampoothiri (1986) também não
encontraram diferença significativa para essa característica em seu trabalho realizado na
Índia. No entanto, Moura (1998), trabalhando com pedúnculos de cajueiro anão precoce sob
irrigação, encontraram uma variação de 9,24 a 11,71 %. A literatura não faz menção a
avaliação de açúcares em pedúnculos de cajuí.
2.5.3.2. Acidez e pH
A acidez total titulável (ATT) e o pH são os principais métodos usados para medir a
acidez de frutos e hortaliças. O pH mede a quantidade de íons hidrogênio no suco, enquanto a
ATT mede a percentagem de ácidos orgânicos. Estes ácidos variam com a espécie. Bleinroth
(1981) cita que os ácidos orgânicos encontrados em frutos são, principalmente, o málico,
cítrico, tartárico, oxálico e succínico, e que, em cada espécie há a predominância de um desses
ácidos. No caju, o que predomina é o ácido málico, assim como em outros frutos tais como
maçã, banana, ameixa e pêra. Outro ácido orgânico de importância no pedúnculo do caju é o
ácido cítrico (MENEZES e ALVES, 1995).
A ATT em pedúnculos de caju, de acordo com Maia et al. (1971), varia entre um
máximo de 0,40 % em ácido málico no início do desenvolvimento, para um mínimo de 0,27%
para pedúnculos completamente maduros. Esta diminuição também foi observada por Alves
et al. (1999) em estudo realizado com o clone de cajueiro anão precoce CCP-76, cujos teores
variaram de 0,40 a 0,21 % em ácido málico para pedúnculos verdes e maduros,
respectivamente.
Com relação ao pH, esse praticamente não varia no suco de caju, mesmo durante a
maturação. Maia et al. (1971) encontraram valores de 4,37 para pedúnculos em início de
desenvolvimento e 4,13 para os completamente maduros. Entretanto, Alves et al. (1999)
observaram, em pedúnculos do clone CCP 76, valores um pouco mais altos (4,69 a 4,44).
Price et al. (1975), avaliando pedúnculos, segundo a classificação dos autores, de suco
doce, ácido e adstringente, os valores médios de ATT de 0,48, 0,30 e 0,58 %, e pH de 4,3, 3,6
e 4,2, respectivamente.
Ortiz e Arguello (1985), trabalhando com pedúnculos de cajus na Costa Rica,
verificaram que tanto para a variedade Trinidad quanto para a Local um pH igual a 4,0
portanto, não havendo diferença entre os tipos, apesar dos materiais serem de regiões
24
distintas. Resultados semelhantes foram relatados por Silva Júnior e Paiva (1994) para os
materiais genéticos CL 49, CCP 76, CCP 09 e CCP 1001, onde também não se encontrou
diferença significativa para o pH (p > 0,05).
A variabilidade para essas características em pedúnculos de cajuís, como verificado
em trabalho conduzido por Rufino et al. (2002) na região Meio-Norte, é bem maior que para o
caju. Nessa pesquisa, a ATT encontrada variou de 0,14 a 1,81 %, com média de 0,81 %,
enquanto que o pH de 2,73 a 5,29, com média de 3,79. Além dessa pesquisa, Crisóstomo et al.
(2002) e Moura et al. (2004), em experimentos de melhoramento e pós-colheita utilizando
cajuís (A. microcampum) de Pacajus, CE, relatam valores médios para ATT de 0,15 e 0,16 %
e para pH de 5,1 e 4,85, respectivamente.
2.5.3.3. Relação sólidos solúveis/acidez
A relação SST/ATT, ou balanço açúcares/ácidos, indica o grau de doçura de um
determinado material, sendo um dos índices mais utilizados para avaliar a maturação de frutos
e consequentemente o sabor dos mesmos. No caso do pedúnculo do caju, segundo Alves et al.
(1999), o máximo de qualidade comestível ocorre quando o pedúnculo está completamente
maduro, coincidindo com alta relação SST/ATT, ocasião em que é colhido.
Apesar de não ter havido diferença significativa (p>0,05) para a característica ATT, a
relação SST/ATT indicou excelente grau de doçura superior para os materiais genéticos
CL 49 (63,0) e CCP 76 (59,5), em relação ao CCP 09 (54,8) e CCP 1001 (47,4) avaliados por
Silva Júnior e Paiva (1994). Nenhuma diferença significativa também foi encontrada (p>0,05)
entre os clones de cajueiros anão precoce avaliados por Pinto et al. (1997) indicando que os
mesmos tiveram doçura equivalente.
Avaliando os cajuís coletados na região Meio-Norte, Rufino (2001) comprovou
também para essa característica uma grande variabilidade, em conseqüência das diferenças
existentes entre os genótipos quanto as duas variáveis que geram esse índice. A relação
SST/ATT variou de 7,23 a 85,58. Crisóstomo et al. (2002) estudando cruzamentos entre A.
occidentale e A. microcarpum encontraram uma média para o caj de 83, enquanto que
Moura et al. (2004), avaliando pedúnculos colhidos do mesmo local (Pacajus, CE), de 75,33.
25
2.5.3.4. Vitamina C
Ao consultar tabelas de composição vitamínica de alimentos procedentes de todas as
partes do mundo, verifica-se que para uma mesma fruta ou hortaliça, há via de regra uma
variação enorme quanto ao teor das vitaminas (FALADE, 1981). Isto quer dizer que as
condições de solo, clima, fotoperiodismo, regime pluvial, grau de maturação, etc., influem na
composição vitamínica dos alimentos (FONSECA et al., 1969).
O ser humano não é capaz de sintetizar o ácido ascórbico, dependendo de seu
fornecimento através da alimentação e o pedúnculo de caju maduro é recomendado como
alimento, principalmente devido ao elevado teor de vitamina C (SOARES, 1975).
Mesmo considerando o teor de vitamina C bem inferior ao da acerola, por exemplo, o
pedúnculo do caju é tido como uma excelente fonte de vitamina C, chegando a apresentar de
três a cinco vezes o teor de vitamina C dos frutos cítricos que é de cerca de 50 mg/100 g
(MUDAMBI e RAJAGOPAL, 1977; MENEZES e ALVES, 1995).
A extrema variabilidade com relação ao teor de ácido ascórbico no pedúnculo de caju,
é mostrado na literatura que cita valores variando de 156 a 455 mg/100 g (MOURAet al.,
1972; PRICE et al., 1975; SOARES, 1975; FALADE, 1981; ORTIZ e ARGUELLO, 1985;
BARROS et al., 1993).
Em pedúnculos de cajueiro anão precoce, Moura (1998), Pinto (1999) e Aguiar (2001)
encontraram variações de 160,34 a 251,86 mg/100 g, de 95,26 a 273,80 mg/100 g e de 112,38
a 209,16 mg/100g e valores médios de 205,05, 168,86 e 161,83 mg/100 g, respectivamente.
A literatura praticamente não faz menção a essa caraterística em cajuí. O único
trabalho disponível, realizado por Moura et al. (2004), apresentou uma média de vitamina C
de 150 mg/100 g.
2.5.3.5. Compostos fenólicos
Os vegetais possuem algumas centenas de compostos fenólicos agrupados em
diferentes classes de acordo com a estrutura química. Algumas dessas substâncias são
pigmentos e outras, os taninos, apresentam quando complexados com outras substâncias a
sensação conhecida como adstringência, estando portanto relacionadas com coloração e sabor,
respectivamente (SCHANDERL 1970; OZAWA et al., 1987; CHITARRA e CHITARRA,
1990; CARMONA et al., 1991).
26
Em frutos, estes compostos fenólicos estão presentes em diferentes graus de
polimerização e podem ser separados em frações, de acordo com sua solubilidade em solvente
orgânico puro ou diluído. A fração solúvel em metanol absoluto contém compostos simples,
de baixo peso molecular como ácido clorogênico e leucoantocianinas. A fração sovel em
metanol diluído contém compostos de peso molecular intermediário. A fração solúvel em
água contém flavolanas que estão firmemente ligadas aos polissacarídeos da parede celular ou
a outros polímeros, cujo peso molecular é superior às duas frações anteriores. Os compostos
extraídos por metanol absoluto, metanol diluído e água, são denominados dímeros,
oligoméricos e poliméricos, respectivamente (SWAIN e HILLIS, 1959; GOLDSTEIN e
SWAIN, 1963; SCHANDERL, 1970; ESTEVES, 1981; FILGUEIRAS e CHITARRA, 1988;
SENTER et al., 1989).
O estudo de taninos em pedúnculos de caju de acordo com Sastry et al. (1962) tem
constituído preocupação de diversos autores. Os principais fenólicos presentes são ácido
gálico, ácido protocatecuico, ácido caféico e catequina. Devido à concentração bastante
elevada de taninos no pedúnculo do caju, esse grupo de compostos desempenha importante
papel na determinação do seu sabor (MENEZES e ALVES, 1995).
Soares (1975), a partir de vários trabalhos realizados na Universidade Federal do
Ceará, encontrou um teor médio de 0,35 % de taninos e Moura Fé et al. (1972) analisando
cajus no Ceará obtidos de várias localidades (Fortaleza, Camará, Cascavel, Caucaia, Pacajus e
Pajuçara), obtiveram uma média de 0,403 % nos de coloração vermelha e de 0,345 % nos de
coloração amarela.
Price et al. (1975) encontraram para sucos doce, ácido e adstringente de caju os
valores 0,22; 0,28 e 0,58 % de tanino, respectivamente. Nas determinações feitas por Silva
Júnior e Paiva (1994) não foi constatada diferença significativa (p>0,05) entre os materiais
genéticos CCP 09, CCP 76, CCP 1001 e CL 49, embora os dois primeiros tenham se
comportado de maneira mais uniforme, sendo estes clones os mais indicados para a
agroindústria de doces e sucos. Os resultados das determinações físico-químicas indicaram,
para todos os clones, baixos índices de taninos em média de 0,31 %.
De todos os materiais de caju (16) trabalhados por Nagaraja e Nampoothiri (1986) na
Índia, os tipos M 6/1, Bla 256-1, M 10/4 e M 44/3 foram os que se apresentaram como os
melhores para a extração de suco, já que continham menores teores de tanino (0,27 a 0,37 %).
Os valores médios observados em pedúnculos de clones de cajueiro anão precoce por
Moura (1998) para fenólicos dímeros, oligoméricos e poliméricos foram de 0,29, 0,30 e
0,21 %, enquanto que Pinto (1999) encontrou 0,30, 0,33 e 0,22 %, respectivamente.
27
Nos únicos trabalhos que avaliaram esses compostos em pedúnculos de cajuizeiro, no
caso, oriundos de Pacajus, CE, Crisóstomo et al. (2002) encontrou um valor médio de 0, 14 %
para felicos poliméricos, enquanto que Moura et al. (2004) de 0,15, 0,15 e 0,09 % para
felicos dímeros, oligoricos e poliricos, respectivamente.
2.5.3.6. Pectina total
As substâncias pécticas são formadas por compostos poliurônicos ligados por ligação
α 1,4-D- ácido galacturônico com açúcares neutros, tipicamente galactose e arabinose como
cadeias laterais. As pectinas encontram-se nos frutos em diferentes formas, caracterizadas por
graus de solubilidade variáveis, dependendo do estádio evolutivo do fruto e cada uma delas
com possíveis funções nas modificações da firmeza (PILNIK e VORAGEN, 1970).
O teor de pectina está relacionado com a consistência ou textura dos frutos e com sua
conservação, sendo importante na matéria-prima destinada à indústria, principalmente para
elaboração de geléias, pois constitui um dos seus componentes básicos e fundamentais,
responsáveis por conferir ao produto aspecto agradável e palatabilidade (JACKIX, 1988;
CHITARRA e CHITARRA, 1990; EVANGELISTA, 1994).
Apesar da mais destacada mudança que ocorre durante a maturação do caju está
associada às características de amaciamento de seu pedúnculo, a literatura praticamente não
registra estudos sobre teores de pectinas em caju, com exceção do trabalho realizado por
Figueiredo (2000) que encontrou um teor 112,5 mg/100 g em pedúnculos maduros. Não existe
referências sobre trabalhos feitos com relação aos teores de pectinas em pedúnculos de caj.
2.5.3.7. Flavonóides e antocianinas
A coloração dos frutos é atribuída aos pigmentos antocianinas, clorofilas e
carotenóides. O primeiro encontrado em vacúolos de células parenquimatosas, e os demais,
compartimentalizados em plastídeos (CHITARRA e CHITARRA, 1990; POWRIE e SKURA
1991).
Os compostos fenólicos desfrutam de uma ampla distribuição no reino vegetal, e eles
são particularmente notados nos frutos onde são importantes na determinação da cor e sabor.
Entre eles, os flavonóides constituem uma das classes mais características de compostos nas
plantas superiores. Muitos flavonóideso facilmente reconhecidos como pigmentos de flores
na maioria das famílias das angiospermas. Além das flores (HAHLBROCK, 1981), os frutos
28
geralmente contém quantidades consideráveis de alguns tipos de flavonóides, como as
antocianinas, enquanto outras partes da mesma planta, folhas ou cascas, têm muito pouco ou
nada (VAN BUREN, 1970).
O teor de antocianina é de grande importância para a comercialização do pedúnculo do
caju in natura, já que o consumidor prefere cores fortes, tendendo a avermelhados, ou no
mínimo alaranjados. Isso significa que quanto maior o teor de antocianina, maior será a
atração do consumidor, já que a cor, é a única variável em que o consumidor pode se basear
na hora da compra, pois muitas vezes o produto está embalado (MOURA, 1998).
Aguiar (2001), avaliando a qualidade de pedúnculos de nove clones de cajueiro anão
precoce, observou uma variação de 6,93 a 19,74 mg/100 g de antocianinas totais na película
dos mesmos. Figueiredo (2000) avaliando o conteúdo de antocianinas durante a maturação do
pedúnculo de cajueiro anão precoce CCP 76, observou um máximo de 21,48 mg/100g no
estádio de maturação comercial.
Moura (1998), avaliando o teor de antocianinas totais na película de pedúnculos de
nove clones de cajueiro anão precoce, encontraram um variação de 17,56 a 76,07 mg/100 g,
enquanto que Morais (2001), por ocasião da colheita, de quatro clones de cajueiro anão
precoce encontrou valores entre 9,83 e 90,94 mg/100 g. Moura (2004) trabalhando com os
mesmos quatro clones, também com pedúnculos recém-colhidos para um experimento de
armazenamento, verificou uma variação menor, de 12,14 a 36,16 mg/100 g. Aguiar (2001)
comenta, em relação aos dois primeiros trabalhos, que a amostragem para análise de
antocianinas foi feita na região que mais caracterizava a cor do clone, enquanto que em seu
trabalho, a pecula era retirada sempre de uma mesma região, o que justificaria essa
discrepância de resultados.
Mesmo em caju, poucos são as referências que incluem avaliações dos flavonóides
amarelos, o que pode ser feito, na maioria das vezes, utilizando a mesma metodologia
(FRANCIS, 1982) para antocianinas totais. Moura (1998), avaliando nove clones de cajueiro
anão precoce cultivado sob irrigação, encontraram valores de 80,62 e 129,69 mg/100 g de
flavonóides amarelos na pecula dos pedúnculos. Assim como para antocianinas totais, a
literatura revisada não dispõe de dados sobre flavonóides amarelos em pedúnculos de cajuí.
2.5.3.8. Carotenóides totais
Os carotenóides formam um dos grupos de pigmentos naturais mais largamente
encontrados na natureza. São em geral responsáveis pelas colorações do amarelo ao laranja,
29
na forma de carotenos ou como ésteres de xantofilas, cuja intensidade de coloração depende
da quantidade e tipo de pigmento presente (MATTOO et al., 1975; WILLS et al., 1982;
CHITARRA e CHITARRA, 1990).
Com sua vasta extensão de terras, sujeito a condições climáticas diferentes, o Brasil
tem uma ampla variedades de frutas tropicais, subtropicais e temperadas com diversas
composições em carotenóides (GODOY e RODRIGUEZ-AMAYA, 1994). A estação do ano,
localização geográfica, condições de colheita, e muitos outros fatores podem influenciar os
níveis destes pigmentos (MANGELS et al., 1993).
Cecchi e Rodriguez-Amaya (1981), trabalhando com cajus vermelhos, oriundos do
Pará e de São Paulo, e amarelos, oriundos do Ceará e de São Paulo, detectaram a presença de
carotenóides idênticos nos dois tipos e no suco processado. Segundo os autores, apesar da
coloração intensa, o conteúdo de carotenóides no caju é baixo, da ordem de 0,037 a 0,107
mg/100g. Moura Fé et al. (1972), entretanto, trabalhando com cajus oriundos de vários
municípios do Ceará, encontraram um teor um pouco mais elevado em cajus de coloração
amarela (0,286 mg/100g) que os de coloração vermelha (0,224 mg/100g).
Lopes (1972), estudando a composição química do pedúnculo de caju natural em
quatro regiões diferentes de Moçambique, encontrou valores de carotenóides que variaram de
0,61 a 2,40 mg/100g, apresentando uma média de 1,32 mg/100g.
Avaliando nove diferentes clones de cajueiro anão precoce cultivados sob irrigação
Moura (1998) relatam valores variando de 0,13 a 0,36 mg/100 g. Já Figueiredo (2000)
encontrou um valor médio 0,32 mg/100 g em pedúnculos maduros de cajueiro anão precoce
CCP 76. Em outra pesquisa, também avaliando carotenóides totais em pedúnculos oriundos
de clones de cajueiro anão precoce irrigados, Aguiar et al. (2000) apresentou uma variação de
0,30 a 0,72 mg/100 g. Em pedúnculos de cajuís não foram encontrados estudos na literatura
quanto a essa característica.
30
3. MATERIAL E MÉTODOS
Esta pesquisa foi desenvolvida em duas fases, as quais foram conduzidas
paralelamente durante o segundo semestre de 2003. Na primeira, através de um levantamento
de dados, foi feito uma avaliação do estado atual do uso do cajuí oriundo da VL-PI. Na
segunda, foram selecionadas plantas de cajuizeiros nativos da região e avaliada a qualidade e
o potencial de utilização de seus pedúnculos para consumo in natura e/ou industrialização.
3.1. Utilização atual de cajuís oriundos da vegetação litorânea do Piauí
As informações relativas ao uso atual do cajuí nativo da VL-PI foram obtidas no
período de Agosto a Novembro de 2003. As localidades visitadas foram Bom Jesus, Cal,
Cotia, Ilha do Urubu, Tatus, Labino e Pedra do Sal, pertencentes aos municípios de Ilha
Grande e Parnaíba, ambos no litoral piauiense.
O método utilizado para a geração dos dados primários foi o de entrevistas. As pessoas
entrevistadas foram interlocutores-chave que estão envolvidos com essa atividade extrativista.
Outras informações secundárias foram obtidas junto a pesquisadores da Embrapa Meio-Norte
em Parnaíba, e com a Secretaria de Agricultura do município de Ilha Grande.
Os interlocutores-chave que comercializam a castanha de cajuí foram agrupados em:
colhedores (catadores e/ou apanhadores); intermediários - primários (compram dos
colhedores), secundários (compram dos intermediários primários) e terciários (compram dos
intermediários secundários e vendem direto para a instria); indústria; e comércio informal
31
(feirantes). Os que comercializam o pedúnculo do cajuí in natura e/ou processado, foram
agrupados em: processadores de doces (doceiros e fábrica) e comércio informal (feirantes).
Durante as visitas de campo obteve-se o maior número possível de informações para a
sistematização do conhecimento empírico. As informações das populações locais foram
tomadas como base para a caracterização do uso atual do cajuí e sua relação com o
desenvolvimento rural.
3.2. Qualidade de cajuís oriundos da vegetação litorânea do Piauí
3.2.1. Localização, seleção e caracterização das plantas
As plantas matrizes ou genótipos de cajuizeiro oriundos da VL-PI, em número de 23,
foram selecionados nas localidades Baixão (1), Cal (2), Labino (7), Fazenda Bom Jesus (8) e
Pedra do Sal (5), pertencentes aos municípios de Ilha Grande e Parnaíba.
O clima da rego, segundo a classificação de Koppen, é do tipo Aw. A precipitação
média anual é de 1.400 mm, com maior concentração das chuvas no período de janeiro a abril.
A temperatura média anual é em torno de 26,5º e a umidade relativa média do ar é de 70%
alcançando uma média de 80% no período mais úmido de janeiro a março e de 62% nos
meses de junho, julho que representam o período mais seco (CAVALCANTI, 2000). No
Quadro 2, encontram-se os dados climáticos do ano anterior ao período da colheita, realizada
de 24 a 27 de setembro de 2003.
Como testemunha, para avaliação da qualidade e potencial de utilização dos
pedúnculos, foi utilizada uma planta de cajuizeiro oriunda do Banco de Germoplasma
pertencente a Embrapa Agroinstria Tropical localizada em Pacajus, CE, e classificada como
Anacardium microcarpum.
Os cajuizeiros oriundos da VL-PI foram selecionados com base na produção por
ocasião da colheita e sabor dos pedúnculos, dando-se preferência aos mais doces.
Todas as plantas foram caracterizadas quanto a altura, diâmetro do caule e diâmetro de
copa (Tabela 1). Além disso, a localização das plantas e dos pontos de comercialização
visitados foram georreferenciados (Figuras 1 e 2).
32
Figura 1 - Mapa de localização das plantas de cajuizeiros na VL-PI e da testemunha em
Pacajus, CE, 2003.
Figura 2 - Mapa de localização dos pontos georreferenciados (plantas e pontos de
comercialização) na VL-PI, 2003.
33
Quadro 2 - Dados climáticos do ano anterior a colheita (2002 a 2003
1
) dos cajuís na VL-PI.
Mês/Ano
Temperatura
Média (ºC)
Umidade
Relativa (%)
Insolação média
diária (h)
Precipitação
(mm)
Outubro/02 29,4 69 10,3 -
Novembro/02 29,3 69 10,3 -
Dezembro/02 29,2 74 8,0 11,1
Janeiro/03 28,2 78 7,2 188,1
Fevereiro/03 26,7 89 3,9 382,1
Março/03 26,8 88 5,3 229,0
Abril/03 27,0 89 6,3 222,9
Maio/03 26,9 85 7,1 86,0
Junho/03 26,8 83 8,9 32,5
Julho/03 27,0 78 8,9 4,0
Agosto/03 28,0 73 10,2 -
Setembro/03 28,9 71 10,0 1,0
1
FONTE: UEP-Parnaíba, PI (Embrapa Meio-Norte).
Tabela 1 - Caracterização de matrizes de cajuí oriundas da VL-PI, 2003.
Matriz Localidade Município Altura (m) Ø caule (m) Ø copa (m)
M1 (PL) Labino Ilha Grande 8,40 2,60 11,20
M2 (CP) Labino Ilha Grande 2,72 0,65 12,55
M3 (CM) Labino Ilha Grande 8,55 1,09 10,70
M4 (FB) Fazenda Bom Jesus Parnaíba 9,07 1,05 12,45
M5 (PQ) Fazenda Bom Jesus Parnaíba 4,76 2,30 13,10
M6 (RP) Fazenda Bom Jesus Parnaíba 6,93 0,86 11,40
M7 (PD) Fazenda Bom Jesus Parnaíba 6,91 * 27,85
M8 (PM) Fazenda Bom Jesus Parnaíba 5,08 0,66 14,68
M9 (TP) Fazenda Bom Jesus Parnaíba 3,66 * 19,05
M10 (CM) Labino Ilha Grande 6,98 1,20 11,00
M11 (TM) Labino Ilha Grande 2,93 * 15,05
M12 (CP) Baixão Ilha Grande 5,40 1,35 15,30
M13 (DA) Cal Ilha Grande 5,13 * 6,25
M14 (BA) Cal Ilha Grande 5,54 1,23 12,95
M15 (BP) Labino Ilha Grande 4,21 * 23,35
M16 (MM) Labino Ilha Grande 3,83 * 10,65
M17 (EM) Pedra do Sal Parnaíba 9,85 0,94 15,30
M18 (PC) Pedra do Sal Parnaíba 6,02 1,40 14,40
M19 (PB) Pedra do Sal Parnaíba 5,03 0,86 26,20
M20 (LD) Pedra do Sal Parnaíba 2,10 0,72 11,70
M21 (GD) Pedra do Sal Parnaíba 1,98 * 8,50
M22 (PV) Fazenda Bom Jesus Parnaíba 0,85 * 6,50
M23 (PA) Fazenda Bom Jesus Parnaíba 3,50 * 12,80
M24** (T) Campo Experimental Pacajus 8,99 0,74 11,45
* Diâmetro de caule indefinido ou não mensurável
** Planta testemunha
34
3.2.2. Colheita, preparo do material e condução do experimento
Os cajuís foram colhidos nas primeiras horas do dia, manualmente, na maturidade
comercial e colocados em caixas plásticas forradas com espuma de poliestireno em apenas
uma camada, evitando-se danos físicos. Posteriormente foram transportados ao Laboratório de
Solos e Plantas, da Unidade de Execução de Pesquisa e Desenvolvimento - UEP, da Embrapa
Meio-Norte, em Parnaíba, PI, onde foram caracterizados fisicamente (Figuras 3A e B), quanto
a coloração, peso total (castanha e pedúnculo), diâmetros basal e apical, comprimento e
firmeza da polpa.
Figura 3A - Cajuís oriundos da VL-PI (Matrizes de 1 a 12), 2003.
35
Figura 3B - Cajuís oriundos da VL-PI (Matrizes de 13 a 23) e de Pacajus, CE (M0 ou
M24), 2003.
Após as avaliações físicas, os cajuís foram e congelados em freezer doméstico a
aproximadamente acondicionados em sacos plásticos sendo então congelados em freezer
dostico (-20°C), para posteriores alises físico-químicas e químicas. Os cajuís congelados
foram então transportados em caixas de isopor a o Laboratório de Fisiologia e Tecnologia
s-Colheita da Embrapa Agroindústria Tropical em Fortaleza, CE.
Com os cajuís ainda congelados foram separados as castanhas dos pedúnculos. Os
pedúnculos foram então cortados em duas partes iguais no sentido longitudinal e
acondicionados novamente em sacos plásticos adequados para armazenamento sob
congelamento, sendo uma parte armazenada uma vez mais em freezer e a outra mantida em
36
ultra-freezer a temperatura de -80ºC. Entre a colheita e as últimas avaliações físico-químicas e
químicas das amostras, decorreram aproximadamente 180 dias.
As características físico-químicas e químicas analisadas foram as seguintes: sólidos
solúveis totais, açúcares solúveis totais e redutores, pH, acidez total titulável, vitamina C total,
fenólicos (poliméricos, meros e oligoméricos), pectina total, flavonóides amarelos,
antocianinas totais e carotenóides totais.
De um modo, dependendo do método utilizado, a polpa obtida dos pedúnculos foi
homogeneizada em uma centrífuga doméstica, sendo, quando necessário, acondicionada em
frascos plásticos com capacidade de aproximadamente 80 g e mantidas a -20°C.
3.2.3. Características físicas
3.2.3.1. Cor da película
Determinada através da comparação entre a coloração predominante do pedúnculo e a
cor que mais se aproxima daquela em uma carta de cores - DIN 6164 (BIESALSKI et al.,
1957).
3.2.3.2. Peso
Através do uso de balança semi-anatica, determinou-se peso total (castanha e
pedúnculo). Após o congelamento, fez-se o descastanhamento e pesou o pedúnculo
separadamente da castanha. O peso do pedúnculo foi obtido através da diferença entre o peso
total e o da castanha.
3.2.3.3. Tamanho do pedúnculo
Foram feitas medidas de diâmetros basal e apical e comprimento, utilizando paquímetro
digital, conforme Almeida et al. (1987).
37
3.2.3.4 Firmeza da polpa
Realizada nos pedúnculos íntegros com penetrômetro manual FT011 com ponteira de
8 mm de diâmetro. A punção foi feita na porção basal do pedúnculo em duas posições
diametrialmente opostas.
3.2.4. Características físico-químicas e químicas
3.2.4.1. Sólidos solúveis totais
De acordo com a metodologia recomendada pela AOAC (1992), após filtração da
polpa em papel de filtro, efetuou-se a leitura (ºBrix) em um refratômetro digital de marca
Atago PR-101, com escala variando de 0 – 45 ºBrix e compensação automática de
temperatura.
3.2.4.2. Açúcares solúveis totais
Determinados pelo método da antrona segundo metodologia descrita por Yemn e
Willis (1954). Utilizou-se 0,5 g de polpa, que foi diluída em água destilada em um balão
volumétrico de 250 mL e filtrada em seguida. Pipetou-se uma aquota de 0,1 mL do conteúdo
do balão previamente filtrado para reação com antrona. Os tubos de ensaio contendo a
amostra foram colocados em banho de gelo e após receberem o reativo, foram agitados e
colocados em banho-maria a 100 ºC por 8 min e imediatamente devolvidos ao banho de gelo.
A leitura foi efetuada em espectrofotômetro (Spectronic Genesys 2) com comprimento de
onda de 620 nm e o resultado expresso em %.
3.2.4.3. Açúcares redutores
Os açúcares redutores foram avaliados pelo método do DNS (ácido 3,5-dinitro-
salicílico) de acordo com Miller (1959). Utilizou-se 0,5 g de polpa, a qual foi diluída em água
destilada em um balão volumétrico de 250 mL e posteriormente filtrada. Retirou-se uma
alíquota de 1,5 mL do conteúdo do balão para reação com DNS. Os tubos de ensaio contendo
a amostra foram colocados em banho de gelo e após receberem o reativo, foram agitados e
colocados em banho-maria a 100 ºC por 5 min e imediatamente devolvidos ao banho de gelo.
38
Em seguida, efetuou-se a leitura em espectrofotômetro (Spectronic Genesys 2) com
comprimento de onda de 540 nm e o resultado expresso em %.
3.2.4.4. Acidez total titulável
Obteve-se a ATT diluindo-se 1 g de polpa em 50 mL de água destilada em um
titulador potenciotrico (Mettler DL 12) até pH 8,1 com solução de NaOH (0,1 N) e
expressa em percentagem de ácido málico, segundo IAL (1985).
3.2.4.5. pH
Foi medido diretamente na polpa, logo após processamento, utilizando-se um
potenciômetro (Mettler DL 12) com membrana de vidro, aferido com tames de pH 7 e 4,
conforme AOAC (1992).
3.2.4.6. Relação SST/ATT
Obtido pelo quociente entre as duas análises.
3.2.4.7. Vitamina C total
Analisou-se o teor de Vitamina C (mg/100g) titulometricamente com solução de DFI
(2,6-dicloro-fenol-indofenol 0,02 %) até coloração levemente rósea, utilizando-se uma
alíquota de 4,0 mL proveniente de 1 g de polpa diluída em 50 mL de ácido oxálico 0,5 %, de
acordo com Strohecker e Henning (1967).
3.2.4.8. Compostos fenólicos
Doseados após fracionamento conforme metodologia descrita por Reicher et al. (1981).
Para cada fração, pesaram-se 2,5 g de polpa em erlenmayer de 250 mL, utilizando-se
aproximadamente 25 mL do líquido extrator: água, metanol a 50 % e metanol P.A., para
extração de fenólicos poliméricos, oligoméricos e meros, respectivamente. Para a extração
dos fenólicos poliméricos as amostras foram colocadas em banho-maria a 60 ºC por 15 minutos.
Com relação aos fenólicos oligoricos e dímeros, o material foi submetido a refluxo com
39
quido extrator por 15 minutos. Após essa fase, todas as amostras foram agitadas por 15
minutos e logo em seguida filtradas à vácuo em funil de Buchner. O filtrado foi evaporado a
volume aproximado de 5 mL e diluído com água em bao volutrico de 50 mL. Foram
utilizadas para doseamento alíquotas de 2,5 mL. As leituras foram feitas em espectrofotômetro
(Spectronic Genesys 2) a 720 nm e os resultados expressos em %.
3.2.4.9. Pectina total
Doseados pelo método do m-hidroxidifenil segundo metodologia descrita por
Mccready e Mccomb (1952). Foram utilizados 5 g de polpa, que após extração foi diluída em
100 mL de água. Pipetou-se uma alíquota de 0,3 mL do conteúdo do balão previamente
filtrado para reação com solução de tetraborato de sódio em H
2
SO
4
. Os tubos de ensaio
contendo a amostra foram acondicionados em banho de gelo e após receberem o reativo,
foram agitados e colocados em banho-maria a 100 ºC por 5 min e imediatamente devolvidos
ao banho de gelo. Em seguida, adicionou-se m-hidroxidifenil para desenvolvimento da cor.
As amostras foram lidas no tempo máximo de 10 minutos em espectrofotômetro (Spectronic
Genesys 2) com comprimento de onda de 520 nm e o resultado expresso em mg/100 g.
3.2.4.10. Flavonóides amarelos e antocianinas totais
Doseados segundo Francis (1982). A película do pedúnculo foi retirada
cuidadosamente e pesou-se 0,5 g em um copo de alumínio, usando balança semi-anatica. Em
seguida, adicionaram-se de 10 ml da solução extratora etanol 95 % - HCl 1,5 N na proporção
85:15. As amostras foram homogeneizadas em um homogeneizador de tecidos tipo Turrax
por 2 min na velocidade 5. Logo após, transferiu-se o conteúdo para um balão volumétrico de
25 mL, aferindo com a própria solução extratora sem filtrar, e depois foram acondicionados
em frascos de vidro envolto em papel alumínio, deixando-se descansar, por uma noite em
geladeira. Filtrou-se o material para becker de 50 mL sempre envolto com papel alumínio. As
leituras foram feitas a 374 e 535 nm e os resultados expressos em mg/100 g calculados através
da fórmula: Absorbância x fator de diluição/76,6 ou 98,2 para flavonóides amarelos ou
antocianinas totais, respectivamente.
40
3.2.4.11. Carotenóides totais
Determinados pelo método de Higby (1962). Para a extração, foram colocados 10 mL
da amostra (polpa de cajuí) mais 30 mL de álcool isopropílico e 10 mL de hexano em um
Erlenmeyer de 250 mL, e em seguida agitado por 1 min. Em seguida, o conteúdo foi
transferido para um funil de separação de 125 mL envolto em alumínio, completando-se o
conteúdo com água e deixando-se descansar por 30 min, fazendo-se a lavagem logo em
seguida. Após três descansos de 30 min cada, filtrou-se o conteúdo através de algodão
pulverizado com sulfato de sódio anidro P.A., para um balão volumétrico de 50 mL envolto
em papel alumínio, completando-se o volume com 5 mL de acetona e o restante com hexano.
As leituras foram feitas em um comprimento de onda de 450 nm. Os resultados expressos em
mg/100 g, foram calculados através da fórmula: D.O. x 2.
3.2.5. Delineamento experimental e análise estatística
O experimento foi realizado em delineamento experimental inteiramente casualizado
com 24 tratamentos (genótipos) e 25 repetições para as características físicas e 3 repetições
para as físico-químicas e químicas. Para a caracterização física, os cajuís foram considerados
individualmente, enquanto que para as análises sico-químicas e químicas as parcelas
experimentais foram compostas pela polpa obtida de pelo menos 20 pedúnculos.
Após análise de variância e constatado a significância pelo teste F, os tratamentos
foram comparados pelo teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade. As análises foram
realizadas com auxílio dos programas computacionais Estat – Sistema para Análises
Estatísticas (v. 2.0) e para confecção dos gráficos utilizou-se o programa Haward Graphics.
41
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Utilização atual de cajuís oriundos da vegetação litorânea do Piauí
De acordo com a Secretária de Agricultura de Ilha Grande, a economia do município é
baseada na produção primária, se concentrando no extrativismo de peixes, camarão,
caranguejo e cajuí/caju e algumas espécies nativas como murici (Byrsonimia crassifolia) e o
guajiru (Chrysobalanus icaco), além de culturas de subsistência. O setor produtivo está
organizado em associações.
As plantas nativas de cajuizeiro da VL-PI, apresentam grande importância tanto
econômica quanto ambiental. A colheita e comercialização de castanhas e pedúnculos na
época da safra é uma fonte certa de renda para as populações locais. Além disso, no contexto
ambiental a árvore é uma das principais fixadoras de dunas. Apesar da erosão genética que
vêm ocorrendo devido a ação antrópica, já existe um reconhecimento das populações locais
quanto a essa imporncia. Isso se reflete por exemplo, no interesse de um proprietário de uma
fazenda de 2.500 ha de preservar todos os cajuizeiros nativos que ocorrem na área.
Devido a forte informalidade da cadeia produtiva do caj, as principais fontes de
referência foram as populações locais que detêm o conhecimento sobre o uso atual do mesmo.
As estatísticas de produção e comercialização não constam na relação dos produtos
pesquisados pelo IBGE, e/ou provavelmente são confundidas com as do caju. Segundo o
órgão (IBGE, 2004) o município de Ilha Grande aparece como produtor de castanhas de caju
a partir do ano de 2000 com 1.000 kg numa área de 2 ha. Essa produção aumentou para 2000
kg no ano seguinte (2001) em 6 ha, alcançando 3.000 kg em 2002 e 5.000 kg em 2003 numa
42
mesma área (10 ha). No entanto, de acordo com as informações obtidas junto a Secretaria de
Agricultura de Ilha Grande e com o principal intermediário secundário do município, a
produção estimada é de 100.000 kg de castanha por safra.
De acordo com as informações obtidas, a produção dos cajuizeiros nativos pode iniciar
no mês de julho e se prolongar até dezembro. No entanto, várias fontes confirmam que
normalmente a safra vai de agosto a novembro, com uma maior concentração nos dois
primeiros meses (agosto e setembro).
4.1.1. Castanha
Não foram observados plantios comerciais de cajuizeiros, portanto, as castanhas de
cajuís são de origem extrativista. Mediante visitas de campo e de constatação feita nos locais
de manuseio e comercialização de castanha em Ilha Grande (VL-PI), pode-se estimar que
mais de 80 % seria originária do cajuizeiro. Uma amostragem feita junto ao principal
intermediário secundário, utilizando 1 kg de castanhas consideradas pequenas, revelou que o
peso médio individual é de 3 g, enquanto que para as castanhas maiores a média foi de 7,5 g.
De acordo com Carbajal e Silva Júnior (2003), na classificação utilizada pela indústria
processadora de castanhas de caju, um peso médio de 3 g classificaria o produto como cajuí,
ou seja, as mesmas passariam na peneira de 15 mm e um quilo seria constituído por mais de
300 unidades (peso 3,33 g). Esta informação confirma os resultados obtidos por Rufino
(2001) que, trabalhando com 30 genótipos de cajuizeiro oriundo da região Meio-Norte,
encontrou uma média de 2,93 g.
O processo de comercialização das castanhas produzidas na VL-PI segue o fluxograma
apresentado na Figura 4.
A colheita das castanhas é feita diretamente da planta e/ou, principalmente, apanhando
as mesmas do solo. Mesmo quando o cajuí é colhido na planta praticamente não se aproveita
o pedúnculo, sendo o mesmo deixado sob a árvore. O período de colheita se concentra entre
agosto e novembro. No mês de novembro, considerado final da safra, a maior parte das
castanhas é oriunda da “safra das folhas” (coleta de castanhas que caíram durante a safra e
que estão na areia sob as folhas).
Os colhedores em sua maioria agricultores e pescadores, do sexo feminino (70 a
80 %), vivem da coleta ou apanha de castanhas e/ou de cajuís na época da safra, a qual
coincide com a entressafra de importantes culturas de subsistência como arroz e feijão.
43
Cajuizeiros
Nativos
Colhedores
Intermediários
Primários
Intermediários
Secundários
Intermediários
Terciários
Indústria
Consumidor
Processamento
Local
Comércio
Informal
Sorveteria
Refugo
Figura 4 - Fluxograma de comercialização da castanha de cajuí oriunda da VL-PI, safra 2003.
Um colhedor, por dia, recolhe em média 15 kg de castanha. No pico da safra
(agosto/setembro) a produtividade atinge 30 a 35 kg/pessoa/dia e em outubro/novembro 20 a
25 kg. A castanha é comercializada junto aos intermediários primários e secundários ao preço
de R$ 0,50.
Assim como os colhedores, os intermediários primários são na sua maioria
agricultores e pescadores. A participação dos mesmos na comercialização se dá pela compra
de castanha diretamente aos colhedores e a venda aos intermediários secundários. As
castanhas são selecionadas por tamanho (pequena e grande) e armazenadas em sacos. As
castanhas são compradas durante a semana, a partir da terça, e no sábado repassadas para o
intermediário secundário.
No pico da safra (agosto/setembro), um intermediário primário chega a comprar até
1.000 kg de castanha/semana, sendo que a partir de outubro a oferta diminui para 200 kg
44
castanha/semana ou menos. O intermediário primário recebe pelo kg da castanha pequena
R$ 0,53 e pela grande R$ 0,60. O dinheiro para compra de castanhas, em geral, é fornecido
pelo intermediário secundário e algumas vezes é utilizado como capital de giro para a compra
de outros produtos como por exemplo, camao.
O intermediário secundário compra castanhas de seus intermediários primários e dos
colhedores. Neste trabalho, toda a informação foi obtida junto ao principal intermediário
secundário de Ilha Grande, que apenas em 1998 chegou a comprar 50.000 kg de castanha. A
média adquirida por safra é de 30.000 kg. A mão-de-obra utilizada é familiar, porém, quando
necessário contrata terceiros (diaristas) nos finais de semana. Além da castanha, principal
produto, o mesmo comercializa outros produtos como arroz e animais.
As castanhas são recebidas no período de terça a sábado de seus três intermediários
primários, que fornecem 25 % do volume total, e dos colhedores. Por falta de estrutura para
armazenamento, o produto é entregue ao intermediário terciário na segunda-feira. O volume
máximo de comercialização semanal é de 8.000 kg, no pico da safra. Com exceção das
castanhas oriundas dos intermediários secundários, as demais vêm misturadas em diferentes
tamanhos, sendo o predomínio de pequenas. De acordo com uma classificação própria, a
castanha denominada pequena é repassada para intermediário terciário por R$ 0,57 e a
denominada de grande por R$ 0,80. O valor da castanha pequena já atingiu em uma
determinada safra o valor de R$ 0,75. Essa terminologia (pequena e grande) o refere-se a
classificação formal utilizada pelas indústrias.
Os intermediários terciários, que estão localizados no município de Parnaíba,
confirmam que as castanhas do município de Ilha Grande são menores que a média das de
outras origens. De acordo com os mesmos a indústria não quer comprar castanha pequena,
porém, no final da safra, com a redução da oferta, as mesmas também são adquiridas.
Quando a castanha chega nos armazéns é feita a limpeza, separação de impurezas e/ou
verificação do peso. De um modo geral, as castanhas não são classificadas quanto ao tamanho
e de acordo com informações de um intermediário secundário, no intermediário terciário, as
menores são misturadas as demais para vender às indústrias. O peso dos sacos de
comercialização é de 50 kg e um caminhão transporta entre 15.000 e 18.000 kg (300 a 360
sacos). O preço de venda para as indústrias processadoras de castanhas de caju varia de R$
0,97 a R$ 1,15.
Apesar de na grande indústria de processamento de castanhas de caju, o cajuí ser
considerado como parte do total de avariadas, com base na portaria 644/75 do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (CARBAJAL e SILVA JÚNIOR, 2003), em
45
Ilha Grande existe um aproveitamento das castanhas de cajuí. A matéria-prima é obtida dos
intermediários primários e secundários a preços de R$ 0,50 a R$ 1,20 para castanhas
pequenas e grandes, respectivamente.
A amêndoa é obtida de forma artesanal por meio de um processamento local,
denominado “torra”. As castanhas são colocadas dentro de um recipiente levado diretamente
ao fogo e após a combustão parcial da casca a mesma é quebrada sob uma supercie dura
com auxílio de madeira. A limpeza da amêndoa é feita manualmente. O rendimento de 2 kg
de castanhas crua é de um litro (440 g) de amêndoa torrada. O produto é vendido no comércio
informal (estradas ou feiras) e como matéria-prima para sorveterias.
Em geral, os feirantes compram castanhas na época da safra, armazenado-as crua e/ou
torrada (amêndoa), para dispor do produto durante todo o ano. Um feirante chega a vender de
30 a 40 litros por dia ao pro de R$ 8,00 a R$ 10,00/litro.
4.1.2. Pedúnculo
Os pedúnculos de cajuizeiros nativos são aproveitados in natura, na culinária
doméstica local e para processamento de doces. O fluxograma de comercialização dos
mesmos encontra-se na Figura 5.
Como fruta in natura o cajuí é comercializado no comérico informal (feiras), sendo seu
consumo restrito às localidades produtoras e nos mercados de Parnaíba. A principal origem
dos cajuís comercializados é a localidade do Labino e em geral os pedúnculos são de
coloração amarela.
Cada cento de cajuís é adquirido pelos feirantes ao preço de R$ 2,00. A venda ao
consumidor, em número que varia de 25 a 35 unidades, é feita por R$ 1,00. O volume de
comercialização é de 500 a 1.000 unidades por dia. Segundo informações obtidas junto aos
feirantes, o consumidor local utiliza os pedúnculos doces para consumo in natura e sucos e os
ácidos para fabricação de doces e como tempero de carnes (peixes). Ao final da feira, os
cajuís não comercializados são descastanhados pelo feirante e o pedúnculo é levado de volta
para sua residência onde é utilizado para alimentação animal e fabricação de doces para
consumo próprio. Além do caj e seus produtos (castanha e doces), os feirantes
comercializam outros produtos como camarão e mariscos.
46
Cajuizeiros
Nativos
Colhedores
Processadores
de Doces
Varejo Consumidor
Comércio
Informal
Figura 5 - Fluxograma da comercialização do pedúnculo de cajuí oriundo da VL-PI, safra 2003.
O aproveitamento dos pedúnculos de cajuís e/ou cajus na forma de doces é uma
atividade tradicional e característica do município de Ilha Grande (VL-PI). Praticamente todo
o processamento é feito de forma artesanal. A capacidade atual de produção e armazenamento
é baixa e por isso o produto é ofertado praticamente apenas durante a safra. Em alguns casos,
como do cajuí ameixa, a maior conservação permite algumas vezes a sua comercialização na
entressafra.
Como no caso das pessoas envolvidas com a comercialização de castanha, os doceiros
são em sua maioria agricultores e pescadores, que durante a safra do cajuí dedicam-se
exclusivamente ao processamento e comercialização dos doces. Em alguns casos, a venda dos
doces fornece renda suficiente para a manutenção da família.
A comercialização desses produtos em maiores volumes foi incentivado por meio de
cursos de capacitação promovidos por órgãos estaduais na década de 1980. Além disso,
segundo informações obtidas junto à Secretaria de Agricultura da Prefeitura Municipal de Ilha
Grande, cerca de quatro associações estão relacionadas ao processamento de doces. Em Ilha
Grande existe apenas uma mini-fábrica de processamento de doces, pertencente a uma das
Associações na localidade de Cal, e que funciona com baixa capacidade instalada. A fábrica
para a maioria dos associados é apenas um complemento à sua renda familiar.
A origem da matéria-prima processada pelos doceiros e na fábrica é de áreas próprias,
sendo que algumas vezes é comprada dos mercados locais ou das localidades produtoras. A
47
proporção entre matéria-prima e açúcar, assim como o rendimento industrial e o tempo de
processamento são muito variáveis, dependendo não só do tipo de doce, mas também do
processador. De um modo geral, a infra-estrutura para o processamento não é adequada, assim
como os aspectos sanitários. Não tendo suporte tecnológico para entrar no mercado e não
possuindo marca registrada, os doces são vendidos diretamente ao consumidor ou repassados
para varejistas.
Os doces produzidos a partir dos pedúnculos de cajuís são dos tipos ameixa, calda,
cristalizado e massa. Nos doces cristalizados e em massa, além do pedúnculo e do açúcar, a
castanha do próprio cajuí faz parte da composição. No processamento dos doces de cajuí, são
utilizados pedúnculos doces e ácidos. O pedúnculo doce é mais utilizado para fabricação de
cajuí ameixa, em calda e massa e o pedúnculo ácido é utilizado para a fabricação do cajuí
cristalizado. Apesar de processarem outras frutas, os doces de cajuí, juntamente com os de
goiaba, são os mais demandados. O processamento é realizado de segunda a sábado e a mão
de obra utilizada é familiar, sendo que, quando necessário, são contratadas pessoas.
Os doces são repassados para os varejistas ao preço de R$ 3,00/kg, enquanto que o
consumidor, adquire o produto diretamente do processador ou do varejista a R$ 5,00/kg.
Apesar de não utilizar matéria-prima oriunda da VL-PI, uma instria de
processamento de doces localizada no município de Ipiranga, PI, somente no ano de 2003
processou 10.000 kg do pedúnculo de cajuí, o que correspondeu a 500 caixas de 15 potes (680
g) de doce em calda. O produto é destinado a Delicatessens e lojas de aeroporto. O preço de
atacado varia de R$ 6,00 a R$ 8,00/pote, enquanto que no varejo atinge de R$ 12,00 e
R$ 15,00/pote.
4.2. Qualidade de cajuís oriundos da vegetação litorânea do Piauí
Para todas as características estudadas, a análise de variância revelou diferenças
estatísticas entre os tratamentos pelo Teste F ao nível de 1 % de probabilidade (Andice A).
4.2.1. Características físicas
4.2.1.1. Coloração
Os resultados quanto a avaliação da coloração dos pedúnculos através da Carta de Cores
DIN 6164 (BIESALSKI et al., 1957) estão apresentados na Figura 6 e na Tabela 2.
48
Figura 6 - Coloração de pedúnculos de matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-PI, 2003.
49
Tabela 2 -
Coloração de pedúnculos de matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-PI, 2003.
Matrizes Coloração
Carta de Cores*
M1VL Vermelho-alaranjado E (5 : 7 : 1,5)
M2VL Vermelho-alaranjado L (5 : 6 : 2,5)
M3VL Amarelo-alaranjado D (3 : 5,5 : 1,5)
M4VL Vermelho claro L (7 : 6 : 3)
M5VL Amarelo claro E (2 : 6,5 : 1,5)
M6VL Amarelo-avermelhado D (4 : 5,5 : 1,5)
M7VL Amarelo claro D (3 : 5,5 : 1,5)
M8VL Amarelo claro E (2 : 6,5 : 1,5)
M9VL Vermelho claro E (4 : 7 : 1,5)
M10VL Amarelo claro E (2 : 6,5 : 1,5)
M11VL Amarelo claro F (1,5 : 6,5 : 1)
M12VL Vermelho claro E (5 : 7 : 1,5)
M13VL Amarelo-alaranjado E (2 : 6,5 : 1,5)
M14VL Amarelo-alaranjado F (3 : 7 : 1)
M15VL Amarelo-alaranjado E (2 : 6,5 : 1,5)
M16VL Amarelo claro E (1,5 : 7 : 1,5)
M17VL Vermelho claro L (5 : 6 : 2,5)
M18VL Vermelho-alaranjado D (4 : 5,5 : 1,5)
M19VL Amarelo-avermelhado D (3 : 5,5 : 1,5)
M20VL Vermelho claro F (5 : 6,4 : 1,3)
M21VL Amarelo intenso E (2 : 6,5 : 1,5)
M22VL Vermelho-alaranjado D (4 : 5,5 : 1,5)
M23VL Amarelo claro E (2 : 6,5 : 1,5)
M24** Vermelho intenso 7E (7 : 7 : 1,5)
*Biesalski et al. (1957), **Testemunha.
Os cajuís variaram do amarelo claro ao vermelho claro, sendo que a predominância de
coloração dos pedúnculos foram de cajuís amarelos. Estes resultados são semelhantes aos
observados por Rufino (2001), que trabalhando com 30 genótipos de cajuizeiros oriundos da
Região Meio-Norte do Brasil, encontrou cerca de 47% dos pedúnculos com coloração
amarela, enquanto que os demais apresentaram a coloração variando do amarelo-alaranjado
ao vermelho intenso.
Em cajueiro também pode-se observar esta predominância. Falade (1981), trabalhando
com uma população heterogênea de plantas de cajueiro na Nigéria, observou que em dois
lotes estudados, as árvores com pedúnculos amarelos foram dominantes em 54,5 e 71 % da
população total. Kundu e Ghosh (1994), trabalhando com cajueiro na Índia, observaram que
51,6 % dos pedúnculos eram amarelos e 38,7 % foram considerados intermediários, ou seja,
com misturas de vermelho e amarelo em vários graus.
A cor muitas vezes depende do mercado pretendido. No caso da França, o consumidor
prefere frutas vermelhas, enquanto que em outros países, a preferência é por frutas de cor
50
amarela. No mercado de caju in natura a preferência é por pedúnculos de coloração alaranjada
a vermelha, a qual é associada com fruta mais madura (ALVES e FILGUEIRAS, 2002). No
entanto, para o processamento industrial a coloração da película não tem tanta importância,
tendo em vista que suas características de qualidade intrínseca é que predomina.
4.2.1.2. Dimensões do pedúnculo
De acordo com a Figura 7, o comprimento de pedúnculos de cajuí oscilaram entre
24,62 (M23) e 43,60 mm (M1), com uma média de 32,17 mm.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24*
Matrizes
0 1020304050
Comprimento (mm)
1. A
2. FGH
3. CD
4. DE
5. L
6. DEF
7. DEFG
8. KL
9. AB
10. DEF
11. KL
12. KL
13. GHI
14. DE
15. IJK
16. EFGH
17. BC
18. KL
19. DE
20. HIJ
21. KL
22. JKL
23. L
24. B
*Testemunha.
Figura 7 - Comprimento de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-
PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey
aovel de 5% de probabilidade).
51
Rufino et. al. (2002) trabalhando com 30 genótipos de cajuizeiros oriundos da região
Meio-Norte encontraram uma variação um pouco menor, entre 15,78 a 42,29 mm. A média
geral encontrada (32,17 mm), também foi um pouco superior a destes autores (29,33 mm).
Em trabalho realizado com pedúnculos de diferentes materiais genéticos de cajueiro
anão precoce, Silva Júnior e Paiva (1994) relatam que os aspectos físicos apresentaram certa
heterogeneidade, especialmente em relação ao comprimento do pedúnculo.
Como pode se observar pela Figura 8 as matrizes 10 (39,84 mm), 1 (38,47 mm), 14
(37,92 mm) e 9 (37,53 mm) não apresentaram diferença estatística entre si com relação ao
diâmetro basal (próximo à inserção da castanha), se comparados a testemunha (34,92 mm).
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24*
Matrizes
0 10203040
Diâmetro Basal (mm)
1. A
2. GHI
3. FG
4. FG
5. GHIJ
6. BCD
7. GHIJ
8. HIJK
9. ABC
10. A
11. GHIJ
12. IJK
13. GHIJ
14. AB
15. DEF
16. EFG
17. GH
18. HIJK
19. FG
20. K
21. GHIJ
22. JK
23. IJK
24. CDE
*Testemunha.
Figura 8 - Diâmetro basal de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da
VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
52
Rufino et. al. (2002) encontraram valores de 14,50 a 44,68 mm, para diâmetro basal,
sendo que a média encontrada foi de 30,21 mm, muito próxima a encontrada neste trabalho
que foi de 31,87 mm.
Com relação ao diâmetro apical (Figura 9) as matrizes 10 (32,86 mm), 15 (31,76 mm),
14 (31,57 mm) e 1 (30,93 mm) apresentaram resultados superiores (p<0,05) aos da
testemunha (26,37 mm).
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24*
Matrizes
0 7 14 21 28 35
Diâmetro Apical (mm)
1. A
2. BC
3. BCD
4. BCDE
5. B
6. B
7. EFG
8. BCDE
9. B
10. A
11. BCDEF
12. GHI
13. I
14. A
15. A
16. B
17. FGH
18. DEF
19. I
20. I
21. CDEF
22. HI
23. BCDEF
24. B
*Testemunha.
Figura 9 - Diâmetro apical de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da
VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
53
Avaliando também o diâmetro apical em pedúnculos de caj da região Meio-Norte,
Rufino et al. (2002) encontraram valores que variaram de 9,71 a 37,58 mm. A média
encontrada foi de 22,73 mm, sendo muito próxima a deste trabalho que foi de 24,72 mm.
Normalmente pedúnculos de cajueiros apresentam dimensões bem superiores aos do
cajuí. No entanto, Ortiz e Arguello (1985) avaliando características físicas de pedúnculos de
caju na Costa Rica, observaram valores relativamente próximos aos do cajuí. Na variedade
‘Trinidad’ o diâmetro apical médio observado foi de 31,6 a 40,6 mm para pedúnculos
vermelhos e amarelos, respectivamente. Com relação ao diâmetro basal a maior diferença foi
observado na variedade ‘Local’, com os pedúnculos vermelhos apresentando 35,2 e os
amarelos 40,9 mm.
4.2.1.3. Peso
O peso total dos cajuís (castanha + pedúnculo) variou de 14,76 a 46,91 g, com uma
média de 23,81 g (Figura 10).
A comercialização de cajus in natura normalmente é feita em bandejas com
capacidade para 4 a 9 pedúnculos, sendo que o tamanho ideal é aquele que permite
acondicionar 4 a 6 por bandeja (Paiva et al. 1998), sendo os pedúnculos mais valorizados
comercialmente aqueles que pesam no mínimo 100g (Filgueiras et al. 1999). No caso do cajuí,
entretanto, tendo em vista seu peso/tamanho diferenciado ou menor, isso não poderia ser
aplicado.
A média de peso para os cajuís avaliados nesse trabalho foi de 23,81 g, semelhante a
obtida por Rufino et al. (2002), que estudando genótipos de caj oriundos da região Meio-
Norte, encontrou uma média de 22,13 g. Considerando o uso de uma bandeja um pouco
menor e com formato quadrado (15 x 15 cm) a distribuição e exposição dos cajuís, da
testemunha por exemplo, apresentou-se com excelente apelo comercial, além de
adequabilidade do ponto de vista do manejo pós-colheita (Figura 11). Considerando-se a
rígida seleção feita no campo por ocasião desse trabalho e a varião de 14,76 a 46,91 g
observada, poderia se considerar um peso mínimo de 15 g para comercialização dos mesmos
in natura.
Dentre as matrizes analisadas para peso do pedúnculo (Figura 12), pôde-se constatar
que a matriz 9 (41,99 g) destacou-se em relação a testemunha (28,99 g). A média encontrada
nesse trabalho foi de 20,95 g. Rufino (2001) encontrou valores para peso do pedúnculo de
cajuí que variaram de 2,70 a 54,18 g. A média geral encontrada nesse trabalho foi de 19,44 g.
54
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24*
Matrizes
0 1020304050
Peso Total (g)
1. BC
2. IJKLM
3. FGHIJ
4. KLM
5. M
6. BCD
7. DEFG
8. GHIJKL
9. A
10. B
11. LM
12. KLM
13. GHIJK
14. BCD
15. FGHI
16. EFGH
17. CDE
18. KLM
19. DEF
20. JKLM
21. HIJKLM
22. LM
23. LM
24. BC
*Testemunha.
Figura 10 - Peso total de cajuís (castanha + pedúnculo) de diferentes matrizes oriundas da
VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
Figura 11 – Bandeja adequada para comercialização de pedúnculos de cajuí in natura.
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24*
Matrizes
0 1020304050
Peso do Pedúnculo (g)
1. B
2. HIJKL
3. FGHIJ
4. HIJKL
5. L
6. BCD
7. EFG
8. GHIJK
9. A
10. BC
11. KL
12. IJKL
13. FGHI
14. BCD
15. FGH
16. EFG
17. CDE
18. HIJKL
19. DEF
20. IJKL
21. GHIJKL
22. KL
23. JKL
24. BCD
*Testemunha
Figura 12 - Peso de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-PI,
2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey ao
nível de 5% de probabilidade).
Além do peso deve-se considerar o tamanho do pedúnculo para comercialização in
natura. Desta forma, verifica-se que a medição do comprimento e diâmetros (Figuras 7, 8 e 9)
revelou que a maioria deles (13) apresenta formato arredondado, também conhecido
popularmente por "maçã". Os demais, considerando a relação CP > DB > DA, apresentam
formato "piriforme" considerado ideal para a comercialização do caju. No entanto, o fato do
cajuí ser menor e portanto um produto diferenciado, a avaliação da distribuição dos cajuís
"maçãs" na bandeja de comercialização (Figura 11) deve ser considerada antes de eliminá-los
para o mercado de mesa.
56
Com relação ao peso de castanha (Figura 13), a matriz 9 (4,92 g), sobressaiu-se em
relação as demais, diferindo estatisticamente da testemunha (4,10 g). A variação observada foi
de 1,85 a 4,92, sendo a média geral de 2,86 g. A amplitude da variação do peso da castanha
neste ensaio, foi inferior a encontrada por Rufino (2001), em 30 genótipos de cajuizeiro
oriundos da região Meio-Norte, que variou de 0,90 a 6,26 g.
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Matrizes
012345
Peso da Castanha (g)
1. EFG
2. CDE
3. B
4. I
5. FGH
6. EFG
7. B
8. HI
9. A
10. B
11. EFG
12. EFG
13. HI
14. GHI
15. CD
16. DEF
17. CDE
18. I
19. CD
20. CD
21. C
22. GHI
23. FGH
24. B
*Testemunha
Figura 13 - Peso da castanha de cajuís de diferentes matrizes oriundas da VL-PI, 2003
(Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível
de 5% de probabilidade).
Leite (1994) reportando-se sobre as características físicas da castanha de cajuí do Estado
do Ceará, relata uma média 2,30 g, ou seja, bem inferior ao observado nesse trabalho.
57
Pela portaria 644/75 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA
(CARBAJAL e SILVA JÚNIOR, 2003), utilizada pela indústria processadora de castanhas,
um peso médio inferior a 3,33 g classifica o produto como caj. Desta forma, praticamente
80 % das castanhas obtidas a partir das matrizes avaliadas seriam assim consideradas. Do total
de 24 matrizes apenas 5, incluindo a testemunha classificada como A. microcarpum, não
passariam nas peneiras (15 mm) utilizadas para reter essa castanha.
Apesar de a instria considerar esse produto no total de castanhas “avariadas”, a
disponibilidade de equipamentos adequados ao seu processamento, associado ao tratamento
do mesmo como uma especialidade que poderá viabilizar sua comercialização a despeito de
nozes menores como amendoim ou dos fragmentos da própria castanha de caju, utilizados,
respectivamente, para consumo in natura e elaboração de doces, sorvetes, chocolates, etc.
4.2.1.4. Firmeza da polpa
A firmeza dos pedúnculos de cajuís avaliados nesse experimento teve uma variação de
9,21 N (matriz 1) a 19,97 N (matriz 19), sendo a média geral de 14,36 N (Figura 14).
Moura et al. (2001) avaliando pedúnculos de nove clones de cajueiro anão precoce,
cultivados sob irrigação, observaram que apenas o CCP 09 (7,42 N) e BRS 189 (7,25 N)
apresentaram pedúnculos mais firmes que o CCP 76 (5,83 N), sendo que os demais são
praticamente equivalentes. Pinto et al. (1997) encontraram para os clones CAP 11, CAP 15 e
CAP 22 uma firmeza significativamente maior do que o CCP 76, sugerindo que eles podem
ter uma vida útil pós-colheita superior quando comparado com os outros clones.
Em experimento realizado em Pacajus, CE, avaliando a qualidade de pedúnculos, de
cajueiro anão precoce, de cajuís e de seus híbridos, Crisóstomo et al. (2002) encontraram
valor médio de firmeza (10,8 N) de cajuí (A. microcampum) superior aos dos cajus avaliados
(CCP 76 – 5,9 N e CCP 09 – 7,9 N). Moura et al. (2004), em experimento de conservação
s-colheita de cajuís com a mesma origem, observaram valores ainda maiores (17,87 N) por
ocasião da colheita.
De um modo geral, os valores encontrados são de pelo menos 1,5 a 2,5 vezes superior
a média encontrada na literatura para pedúnculos de caju. Assim como para pedúnculos de
cajueiro mais firmes, pode-se inferir que a alta firmeza do cajuí também estaria associada a
uma maior resistência durante o manejo pós-colheita, com um conseqüente prolongamento de
sua vida útil.
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Matrizes
0 5 10 15 20 25
Firmeza (N)
1. F
2. BCDE
3. AB
4. DEF
5. BCDEF
6. AB
7. EF
8. EF
9. EF
10. ABCDE
11. AB
12. ABCDE
13. DEF
14. EF
15. EF
16. CDEF
17. EF
18. DEF
19. A
20. AB
21. AB
22. ABCD
23. ABCD
24. ABC
*Testemunha
Figura 14 - Firmeza de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-PI,
2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey ao
nível de 5% de probabilidade).
4.2.2 Características físico-químicas e químicas
4.2.2.1. Sólidos solúveis e açúcares
De acordo com a Figura 15, as matrizes 22 (16,83 °Brix), 20 (16,77 °Brix) e 23
(16,53 °Brix), apresentaram os maiores valores para SST, sendo que a testemunha apresentou
a menor média (11,27 °Brix).
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Matrizes
0 4 8 12 16 20
SST (ºBrix)
1. EFG
2. ABCD
3. ABCDE
4. HI
5. GH
6. ABC
7. BCDEFG
8. CDEFG
9. ABCDE
10. BCDEFG
11. ABCD
12. FG
13. DEFG
14. ABCD
15. BCDEFG
16. FGH
17. BCDEF
18. EFG
19. FGH
20. A
21. AB
22. A
23. A
24. I
*Testemunha
Figura 15 - Sólidos solúveis de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da
VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
Pedúnculos de cajueiro apresentam uma variação para esta característica relativamente
alta - 9,75 a 18,13 °Brix (MOURA FÉ et al., 1972; PRICE et al., 1975; AUGUSTIN e
UNNITHAN, 1981; KUNDU e GHOSH, 1994; SILVA JÚNIOR e PAIVA, 1994; ORTIZ e
ARGUELLO, 1985; MOURA, 1998; PINTO, 1999). Rufino (2001), trabalhando com 30
genótipos de cajuizeiros oriundos da Região Meio-Norte, observou uma amplitude ainda
maior, de 8 a 21,13 °Brix. No entanto, neste experimento, a variação observada, de 11,27 a
16,83 °Brix, não foi tão grande para os pedúnculos de cajuís oriundos da VL-PI.
A qualidade de pedúnculos de caju, como matéria-prima para processamento de polpa,
está regulamentada pelo MAPA por meio da Instrução Normativa Nº 01, de 07 de janeiro de
60
2000, que fixa os Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ) para Polpa de Fruta (BRASIL,
2000). Esta norma estabelece para polpa de caju um mínimo de 10 °Brix. Até o momento não
existe regulamento técnico para fixação dos PIQ para o cajuí como matéria-prima. No
entanto, levando-se em consideração a semelhança entre os produtos (caju e cajuí) e os
resultados aqui obtidos para pedúnculos de cajuizeiros oriundos da VL-PI, os mesmos
estariam dentro dos padrões exigidos pelo MAPA para o caju.
Os açúcares solúveis totais de pedúnculos de cajuizeiros, assim como no caju (MAIA
et al., 1971, AUGUSTIN e UNNITHAN, 1981; ALVES et al. 1999), são constitdos
praticamente por açúcares redutores (Figuras 16 e 17).
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Matrizes
03691215
Açúcares Solúveis Totais (%)
1. ABCDEF
2. ABCD
3. ABCD
4. EF
5. BCDEF
6. A
7. BCDEF
8. ABCDE
9. ABCDE
10. AB
11. A
12. ABCDE
13. ABCDE
14. A
15. ABCDEF
16. ABCDEF
17. ABCDEF
18. CDEF
19. DEF
20. A
21. ABC
22. A
23. A
24. F
*Testemunha
Figura 16 - úcares solúveis de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da
VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
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24*
Matrizes
03691215
Açúcares Redutores (%)
1. ABCDE
2. ABCDE
3. ABCDE
4. E
5. ABCDE
6. AB
7. ABCDE
8. ABCDE
9. ABCDE
10. ABCDE
11. ABCD
12. ABCDE
13. ABCD
14. A
15. ABCDE
16. ABCDE
17. CDE
18. BCDE
19. ABCDE
20. ABCD
21. ABCDE
22. ABC
23. ABC
24. DE
*Testemunha
Figura 17 - Açúcares redutores de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas
da VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
A amplitude de variação no teor dos açúcares solúveis totais e redutores foi de 9,28 a
13,75 % e de 8,53 a 12,80 %, respectivamente, se enquadrando na faixa relatada na literatura
para caju, que é de 6,90 a 15,81 % (MOURAet al., 1972; ORTIZ e ARGUELLO, 1985;
KUNDU e GHOSH, 1994; SILVA JÚNIOR e PAIVA, 1994).
Assim como para SST, de modo geral, o conteúdo de açúcares dos pedúnculos de
cajuizeiros nativos foi superior aos da testemunha, assim como para a média observada para
cajueiro na literatura. Isso indica que os mesmos apresentam potencial para o mercado de
mesa e industrialização. No entanto, dependendo do mercado e /ou produto processado a
associação deste com outros compostos avaliados deve ser considerada.
62
4.2.2.2. Acidez e pH
De uma forma geral, os pedúnculos de cajuizeiro analisados apresentaram uma
variação relativamente alta para a acidez, avaliada por meio do ATT e do pH (Figuras 18 e
19), quando comparada ao caju. Enquanto que a ATT foi de 0,17 a 1,98 %, o pH variou de
2,78 a 4,83, sendo a média para as duas características 0,72 % e 3,90, respectivamente. Além
disso, os resultados indicam ser os pedúnculos de cajuí, em sua maioria, mais ácidos e
portanto uma matéria-prima mais segura do ponto de vista microbiológico que o caju.
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Matrizes
0 0,4 0,8 1,2 1,6 2
ATT (%)
1. CD
2. GH
3. DE
4. GH
5. GH
6. GH
7. BC
8. GH
9. GH
10. GH
11. EF
12. GH
13. GH
14. GH
15. A
16. GH
17. B
18. B
19. BC
20. FG
21. E
22. GH
23. EF
24. H
*Testemunha
Figura 18 - Acidez titulável de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da
VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
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Matrizes
012345
pH
1. GHI
2. DE
3. FG
4. BCDE
5. AB
6. BCDE
7. FGH
8. ABC
9. BCD
10. BCDE
11. FG
12. BCDE
13. BCD
14. BCDE
15. HIJ
16. BCDE
17. IJ
18. J
19. HIJ
20. E
21. F
22. CDE
23. F
24. A
*Testemunha
Figura 19 - pH de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-PI, 2003
(Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível
de 5% de probabilidade).
Rufino et al. (2002) já havia observado essa alta variabilidade trabalhando com 30
genótipos de cajuizeiros nativos oriundos da região Meio-Norte, sendo que a ATT variou de
0,14 a 1,81 %, com dia de 0,81 %, enquanto que o pH de 2,73 a 5,29, com média de 3,79.
A importância do pH está relacionada com a qualidade e segurança dos alimentos. De
um modo geral, fornece uma indicação do seu grau de deterioração, atestado pela acidez
desenvolvida (GOMES, 1996). Baseando-se no pH mínimo para multiplicação e produção de
toxina de Clostridium botulinum (4,5) e no pH mínimo para proliferação da maioria das
bactérias (4,0), pode-se subdividir os alimentos em: baixa acidez - pH situa-se acima de 4,5;
ácidos - pH entre 4,0 e 4,5; e muito ácidos - pH inferior a 4,0 (FRANCO e LANDGRAF,
1996).
64
Em trabalhos realizados com pedúnculos de diferentes clones cajueiro anão precoce,
observa-se que este produto apresenta uma acidez relativamente alta, o que implicaria,
inclusive, em não adequação às normas vigentes para polpa de caju, que estabelece uma ATT
mínima de 0,30 % e um pH máximo de 4,6 (BRASIL, 2000). Moura (1998), que trabalhou
com pedúnculos de 9 clones de cajueiro anão precoce cultivados sob irrigação, encontrou uma
ATT média de 0,33 % e pH de 4,3. Pinto (1999), avaliando 11 clones de cajueiro anão
precoce cultivados em regime de sequeiro em duas épocas, encontraram valores médios de
0,36 e 0,28 % e de 4,35 e 4,45, para ATT e pH, respectivamente. Já Aguiar (2001)
trabalhando com outros 9 clones, observou uma média de 0,37 % para ATT e 4,41 para pH.
Avaliando-se os resultados obtidos para acidez (Figuras 18 e 19) pode-se verificar que,
com exceção da testemunha, todos as matrizes avaliadas apresentaram ATT e pH adequados
aos padrões, como matéria-prima, estabelecidos para processamento de polpa de caju
(BRASIL, 2000).
4.2.2.3. Relação sólidos solúveis/acidez
A relação SST/ATT dos pedúnculos de cajuizeiros avaliados, principalmente devido a
acidez, apresentaram uma variação muito grande, de 7,48 a 66,77, com uma média de 31,63
(Figura 20). Essa média é comparável aos dos trabalhos onde pedúnculos de clones de
cajueiro anão precoce foram avaliados, que varia de 32,78 a 36,19 (Moura, 1998; Pinto, 1999;
Aguiar, 2001). No entanto, nas pesquisas com caju observa-se uma variação muito menor.
A relação SST/ATT indica o grau de doçura de um determinado material, sendo um
dos índices mais utilizados para avaliar a maturação de frutos. Desta forma, tanto para o
mercado de mesa quanto para o processamento, a relação SST/ATT elevada é desejável.
Considerando-se um valor nimo de pelo menos 35, a metade das matrizes avaliadas (doze)
apresentaram uma alta relação. No entanto, salienta-se que mesmo para as matrizes com uma
relação considerada baixa, o seu aproveitamento também pode ser considerado pois, o teor de
SST médio foi em torno de 15° Brix e os menores valores foram proporcionados pela ATT
mais alta, fator este também considerado positivo.
Avaliando os cajuís coletados na região Meio-Norte, Rufino (2001) também já havia
verificado para essa característica uma grande variabilidade, em conseqüência das diferenças
existentes entre os genótipos quanto as duas variáveis que geram esse índice. A relação
SST/ATT variou de 7,23 a 85,58 porém, a média foi relativamente baixa (24,61).
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Matrizes
0 1530456075
SST/ATT
1. GHIJ
2. CDE
3. GHIJ
4. DE
5. CD
6. BC
7. HIJ
8. AB
9. BC
10. BC
11. FGH
12. BC
13. CDE
14. CD
15. J
16. CDE
17. IJ
18. IJ
19. IJ
20. EF
21. GHI
22. CDE
23. FG
24. A
*Testemunha
Figura 20 - Relão sólidos solúveis/acidez de pedúnculos de diferentes matrizes de
cajuizeiros oriundas da VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não
diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
4.2.2.4. Vitamina C total
Dos materiais analisados para vitamina C a testemunha foi a que apresentou menor
valor (92,61 mg/100g). Com relação as outras matrizes, houve uma variação de 137 a 243,34
mg/100g. A média geral foi de 185,39 mg/100g e houve diferenças estatísticas entre os
materiais, o que pode ser atribuído à variabilidade genética e ao fator ambiente. Em trabalhos
realizados com cajuí da mesma origem (Pacajus, CE), Moura et al. (2004) observaram valor
médio de 150 mg/100 g por ocasião da colheita, valor este superior a testemunha desse
trabalho.
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Matrizes
0 50 100 150 200 250
Vitamina C (mg/100g)
1. GHIJK
2. ABC
3. DEFG
4. IJK
5. JK
6. FGHI
7. HIJK
8. BCDEF
9. ABCD
10. K
11. CDEF
12. A
13. BCDEF
14. GHIJK
15. BCDE
16. ABC
17. BCDEF
18. IJK
19. BCDEF
20. FGHIJ
21. EFGH
22. A
23. AB
24. L
*Testemunha
Figura 21 - Vitamina C de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-
PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey
aovel de 5% de probabilidade).
A extrema variabilidade com relação ao teor de vitamina C no caju é mostrado na
literatura que relaciona valores variando de 156 a 455 mg/100g (MOURA FÉ et al. 1972;
PRICE et. al. 1975; SOARES, 1975; FALADE, 1981; ORTIZ e ARGUELLO, 1985;
BARROS et. al. 1993, MOURA, 1998; PINTO, 1999; AGUIAR, 2001).
A recomendação diária aceitável de vitamina C, para satisfazer as necessidades
fisiológicas do organismo em um indiduo normal adulto, é de 60 mg (MAHAN e SCOTT-
STUMP, 1998). Desta forma, mesmo considerando a matriz oriunda da VL-PI com menor
teor de vitamina C, o consumo de apenas 50 g de polpa seria suficiente para suprir a mesma.
67
Além disso, qualquer um dos materiais atende aos padrões do MAPA (BRASIL, 2000), que
estabelece o mínimo de 80 mg/100g, para processamento de polpa de caju.
4.2.2.5. Compostos fenólicos
Os resultados obtidos para fenólicos dímeros e oligoméricos dos pedúnculos
analisados encontram-se nas Figuras 22 e 23. De acordo com Menezes e Alves (1995) a
literatura relaciona a adstrinncia que na maioria dos frutos a presença destes fenólicos de
peso molecular intermedrio, ou seja, dímeros e principalmente oligoméricos.
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Matrizes
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Fenólicos Dímeros (%)
1. GH
2. CDE
3. DEFGH
4. DEFGH
5. DEFGH
6. FGH
7. CDEF
8. CDEFG
9. CDE
10. EFGH
11. CDEFGH
12. CDEFG
13. CDEFG
14. DEFGH
15. GH
16. CDEFG
17. CDEFG
18. GH
19. DEFGH
20. A
21. AB
22. CD
23. BC
24. H
*Testemunha
Figura 22 - Fenólicos dímeros de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da
VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
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23
24*
Matrizes
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Fenólicos Oligoméricos (%)
1. HI
2. ABCD
3. DEFGH
4. DEFGH
5. BCDEFG
6. BCDEFG
7. CDEFGH
8. CDEFGH
9. ABCDE
10. GHI
11. GHI
12. FGHI
13. BCDEFG
14. FGH
15. DEFGH
16. GHI
17. ABCDEF
18. EFGH
19. ABC
20. A
21. AB
22. ABC
23. A
24. I
*Testemunha
Figura 23 - Fenólicos oligoméricos de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si
pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
Na literatura existem pouco dados relativos a frações fenólicas dímeras e oligoméricas
em diferentes materiais genéticos, mesmo tratando-se de pedúnculos de caju. Em pedúnculos
de clones de cajueiro anão precoce, considerados menos adstringentes, Moura (1998)
encontrou médias de 0,29 e 0,30 % para fenólicos dímeros e oligoméricos em 9 clones
cultivados sob irrigação, enquanto que Pinto (1999), avaliando 11 clones em regime de
sequeiro, 0,30 e 0,33 %, respectivamente. Nesse trabalho, para as duas características, a dia
encontrada foi menor (0,24 %) e mesmo sem uma avaliação sensorial, pode indicar que as
matrizes com valores menores ou iguais a média apresentam menos adstringência, sendo esse
um fato positivo tanto para o mercado de mesa quanto para industrialização.
69
Os teores de fenólicos poliméricos (Figura 24), assim como para outras duas frações,
foram relativamente menores que os observados na literatura para pedúnculos de cajueiro
(SOARES, 1975; PRICE et al., 1975; NAGARAJA e NAMPOOTHIRI, 1986; SILVA
JÚNIOR e PAIVA, 1994; MOURA, 1998; PINTO, 1999).
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Matrizes
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Fenólicos Poliméricos (%)
1. GH
2. ABCDE
3. DEFG
4. FGH
5. DEFG
6. BCDEFG
7. ABCDEF
8. BCDEFG
9. ABCDE
10. GH
11. EFG
12. CDEFG
13. GH
14. CDEFG
15. EFG
16. FGH
17. ABCD
18. BCDEFG
19. ABCD
20. ABCD
21. AB
22. A
23. ABC
24. H
*Testemunha
Figura 24 - Fenólicos poliméricos de penculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si
pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
A testemunha oriunda do BAG-Caju em Pacajus, CE, apresentou os melhores
resultados para as três frações de fenólicos avaliadas, dímeros - 0,12%, oligoméricos - 0,11 %
e poliméricos 0,09 %. Nos únicos trabalhos que avaliaram esses compostos em pedúnculos de
cajuizeiro, no caso, com mesma origem, Crisóstomo et al. (2002) encontrou um valor médio
70
de 0, 14 % para felicos poliméricos, enquanto que Moura et al. (2004) de 0,15, 0,15 e 0,09
% para fenólicos dímeros, oligoméricos e poliméricos, respectivamente.
4.2.2.6. Pectina total
O conteúdo de pectina total nos pedúnculos de cajuizeiros avaliados variou de 66,29 a
175,06 mg/100g, sendo a média geral 122,29 mg/100g (Figura 25). A literatura praticamente
não registra estudos sobre teores de pectinas em caju, com exceção do trabalho realizado por
Figueiredo (2000) que encontrou um teor 112,5 mg/100 g em pedúnculos maduros.
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Matrizes
0 30 60 90 120 150 180
Pectina Total (mg/100g)
1. EFGHI
2. FGHI
3. AB
4. EFGHI
5. FGHI
6. EFGHI
7. GHI
8. HIJ
9. FGHI
10. J
11. ABC
12. IJ
13. EFGHI
14. CDEFG
15. CDEFG
16. BCDE
17. DEFG
18. CDEF
19. CDEFG
20. CDEF
21. ABCD
22. A
23. CDEFG
24. DEFGH
*Testemunha
Figura 25 - Pectina total de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas da VL-
PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey
aovel de 5% de probabilidade).
71
O teor de pectina está relacionado com a consistência ou textura dos frutos e com sua
conservação, sendo importante na matéria-prima destinada à indústria, principalmente para
elaboração de geléias, pois constitui um dos seus componentes básicos e fundamentais,
responsáveis por conferir ao produto aspecto agradável e palatabilidade (JACKIX, 1988;
CHITARRA e CHITARRA, 1990; EVANGELISTA, 1994).
Pedúnculos de cajueiro, como verificado por Figueiredo (2000), não são um boa fonte
de pectina porém, estudos de correlação feito pelo autor comprovam, assim como para outros
frutos, que existe uma correlação positiva entre a firmeza e o conteúdo de pectina total. Não
existe referências sobre trabalhos feitos com relação aos teores de pectinas em pedúnculos de
cajuí. No entanto, considerando-se a maior firmeza e teor de pectina total do pedúnculos de
cajuí em relação aos de caju e a importância disso para a pós-colheita e o processamento,
pode-se esperar que o primeiro, apesar do tamanho, apresente qualidade superior para o
mercado de mesa e para industrialização.
4.2.2.7. Flavonóides amarelos e antocianinas
Os resultados obtidos para a característica flavonóides amarelos estão apresentados na
Figura 25. A matriz 19 (47,11 mg/100g) apresentou a maior média do teor de flavonóides
amarelos, apesar de não ter diferido da testemunha, que aprece em segundo lugar (39,76
mg/100g). As dias variaram de 12,9 a 47,11 mg/100g, sendo que a média geral foi de 25,64
mg/100g.
Os compostos fenólicos desfrutam de uma ampla distribuição no reino vegetal, e eles
são particularmente notados nos frutos onde são importantes na determinação da cor e sabor.
Entre eles, os flavonóides constituem uma das classes mais características de compostos nas
plantas superiores. Os principais flavonóides incluem as antocianinas, flavonas, isoflavonas,
flavonóis, flavanonas, isoflavonas, flavanóis (catequinas) e as proantocianidinas (MACHEIX
et al., 1990).
Em relação a propriedades protetoras da saúde os compostos fenólicos são agrupados
em flavonóides e não flavonóides. Muitos dos compostos flavonóides são fortes antioxidantes
(AVIRAM e FUHRMAN, 2003) porém, não existem trabalhos avaliando fenólicos ou
flavonóides em cajuí com esse objetivo. Apesar disso, Melo et al. (2003) avaliou as
propriedades antioxidantes em pedúnculos de caju, no suco e em cajuína, encontrando
resultados promissores.
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Matrizes
0 1020304050
Flavonóides Amarelos (mg/100g)
1. ABC
2. H
3. H
4. EFGH
5. CDEFGH
6. BCDEFGH
7. DEFGH
8. EFGH
9. ABC
10. BCDEFG
11. GH
12. CDEFGH
13. EFGH
14. FGH
15. EFGH
16. EFGH
17. BCDEFGH
18. BCDEF
19. A
20. ABCD
21. BCDEFGH
22. ABCD
23. ABCDE
24. AB
*Testemunha
Figura 26 - Flavonóides amarelos de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros
oriundas da VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si
pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
Moura et al. (2001) trabalhando com pedúnculos de 11 clones de cajueiro anão
precoce cultivados sob irrigação para consumo in natura, encontraram valores de 80,62 a
129,69 mg/100g e portanto superiores ao deste trabalho.
Os frutos geralmente contém quantidades consideráveis de alguns tipos de
flavonóides, como as antocianinas, enquanto outras partes da mesma planta, folhas ou cascas,
têm muito pouco ou nada (VAN BUREN, 1970). Os teores de antocianinas totais nos
pedúnculos de cajuizeiro avaliados encontram-se na Figura 27. As matrizes 4 e 24 foram as
que apresentaram maiores valores para esta característica (7,53 e 10,02 mg/100g), diferindo
estatisticamente das demais. A média geral encontrada nesse trabalho foi de 3,19 mg/100g.
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Matrizes
024681012
Antocianinas
(
m
g
/100
g)
1. BCD
2. DEF
3. FGH
4. B
5. FGH
6. DEFG
7. FGH
8. GH
9. EFGH
10. EFGH
11. H
12. DEF
13. H
14. EFGH
15. FGH
16. FGH
17. BC
18. EFG
19. DEF
20. CDE
21. DEF
22. EFGH
23. DEF
24. A
*Testemunha
Figura 27 - Antocianinas totais de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas
da VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
Moura (1998), avaliando o teor de antocianinas totais na película de pedúnculos de
nove clones de cajueiro anão precoce, encontraram um variação de 17,56 a 76,07 mg/100 g,
enquanto que Morais (2001), por ocasião da colheita de quatro encontrou valores entre 9,83 e
90,94 mg/100 g. Moura (2004) trabalhando com os mesmos quatro clones, também com
pedúnculos recém-colhidos para um experimento de armazenamento, verificou uma variação
menor, de 12,14 a 36,16 mg/100 g. Aguiar (2001) comenta, em relação aos dois primeiros
trabalhos, que a amostragem para análise de antocianinas foi feita na região que mais
caracterizava a cor do clone, enquanto que em seu trabalho, a película era retirada sempre de
uma mesma região, o que justificaria essa discrepância de resultados.
74
A relação antocianinas/flavoides amarelos está apresentada na Figura 28, onde
pode-se verificar uma grande variação na mesma, de 0,02 a 0,41, com um média 0,13. Não
existe uma correspondência entre os teores de flavonóides amarelos e antocianinas totais,
sendo o primeiro predominante sobre o segundo em termos quantitativos. Porém, quanto mais
vermelhos os pedúnculos, tais como as matrizes 24 e 4, maior a proporção de antocianinas em
relação aos flavonóides.
Moura et al. (2001) analisando essa relação em pedúnculos de cajueiro anão precoce,
também não observaram uma relação de proporcionalidade entre esses teores, porém a
variação foi menor, de 0,19 a 0,59, e a média bem superior (0,35).
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Matrizes
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Antocianinas/Flavanóides Amarelos
1. CDE
2. BC
3. DEF
4. A
5. DEFG
6. DEFG
7. DEFG
8. FG
9. EFG
10. DEFG
11. G
12. DE
13. G
14. BCD
15. DEFG
16. DEFG
17. B
18. DEFG
19. DEFG
20. DEFG
21. DEFG
22. DEFG
23. DEFG
24. BC
*Testemunha
Figura 28 - Relão antocianinas/flavonóides amarelos de pedúnculos de diferentes matrizes
de cajuizeiros oriundas da VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não
diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
75
4.2.2.8. Carotenóides totais
O conteúdo de carotenóides totais nos pedúnculos de cajuizeiros variaram de 0,24 a
1,29 mg/100g e a média foi de 0,67 mg/100g (Figura 29). As matrizes com teores mais
elevados de carotenóides totais diferiram estatisticamente da testemunha (Figura 28), sendo
que as matrizes 1, 13 e 15 apresentaram as maiores médias, 1,29, 1,01 e 1,00 mg/100g,
respectivamente.
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17
18
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20
21
22
23
24*
Matrizes
0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5
Carotenóides Totais (mg/100g)
1. A
2. BCDEF
3. BCDE
4. BC
5. BCD
6. BCDEF
7. BC
8. BCD
9. CDEF
10. CDEF
11. F
12. BC
13. AB
14. CDEF
15. AB
16. CDEF
17. CDEF
18. CDEF
19. CDEF
20. BCDEF
21. EF
22. BCDE
23. DEF
24. BCDE
*Testemunha. 1
Figura 29 - Carotenóides totais de pedúnculos de diferentes matrizes de cajuizeiros oriundas
da VL-PI, 2003 (Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Tukey ao nível de 5% de probabilidade).
De acordo Cecchi e Rodriguez-Amaya (1981), que trabalharam com cajus vermelhos,
oriundos do Pará e de São Paulo, e amarelos, oriundos do Ceará e de São Paulo, apesar da
76
coloração intensa, o conteúdo de carotenóides no caju é baixo, da ordem de 0,037 a 0,107
mg/100g. Moura Fé et al. (1972), entretanto, trabalhando com cajus oriundos de vários
municípios do Ceará, encontraram um teor um pouco mais elevado em cajus de coloração
amarela (0,286 mg/100g) que os de coloração vermelha (0,224 mg/100g).
Lopes (1972), estudando a composição química do pedúnculo de caju natural em
quatro regiões diferentes de Moçambique, encontrou valores de carotenóides que variaram de
0,61 a 2,40 mg/100g, apresentando uma média de 1,32 mg/100g.
Avaliando nove diferentes clones de cajueiro anão precoce cultivados sob irrigação
Moura (1998) relatam valores variando de 0,13 a 0,36 mg/100 g. Já Figueiredo (2000)
encontrou um valor médio 0,32 mg/100 g em pedúnculos maduros de cajueiro anão precoce
CCP 76. Em outra pesquisa, também avaliando carotenóides totais em pedúnculos oriundos
de clones de cajueiro anão precoce irrigados, Aguiar et al. (2000) apresentou uma variação de
0,30 a 0,72 mg/100 g.
Em pedúnculos de cajuís não foram encontrados estudos na literatura quanto a essa
característica. Apesar do cajuí não ser uma importante fonte de pró-vitamina A, pela variação
observada sugere-se a avaliação desta em outros trabalhos estudando pedúnculos de
cajuizeiro, tendo em vista suas propriedades antioxidantes.
77
5. CONCLUSÕES
A safra do cajuí nativo da VL-PI coincide com a entressafra das culturas tradicionais
da região, sendo uma alternativa de renda para a populão das comunidades que vivem no
seu entorno, a qual depende, em parte, sócio-economicamente do mesmo;
Apesar de desorganizada, existe uma cadeia produtiva associada ao extrativismo do
cajuí nativo da VL-PI;
Existem demandas não atendidas por transferência de tecnologia agrícola e
agroindustrial e de investimentos por parte das pessoas e/ou associações envolvidas no
aproveitamento do cajuí nativo da VL-PI;
Do cajuí nativo da VL-PI se utiliza a castanha e/ou amêndoa para comercialização e o
penculo para consumo in natura, uso doméstico como tempero ou suco e para o
processamento de doces (cajuí ameixa, em calda e massa);
A caracterização dos pedúnculos de cajuís oriundos de diferentes genótipos
demonstraram existir uma grande variabilidade para esta espécie na VL-PI;
De um modo geral, os pedúnculos de cajuís, além do alto teor de açúcar e baixo de
fenólicos, apresentaram uma firmeza superior ao do caju, indicando potencial para o mercado
de mesa e, consequentemente, maior vida útils-colheita;
Os pedúnculos da maioria dos genótipos de cajuizeiros avaliados, apresentaram
qualidade superior, especialmente quanto aos padrões estabelecidos pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento para polpa de caju.
78
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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87
APÊNDICE A
Resumos da análises de variância para as características avaliadas
88
Tabela 1A - Quadrados médios das análises de variância para as características peso total
(PT), peso do pedúnculo (PP), peso da castanha (PC), comprimento do pedúnculo (CP),
diâmetro basal (DB), diâmetro apical (DA) e firmeza (F) de cajuís oriundos da VL-PI.
QMCausas de
Varião
GL
PT (g) PP (g) PC (g) CP (mm) DB (mm) DA (mm) F (N)
Tratamentos 23 1615,24* 1421,32* 15,81* 805,66* 350,31* 458,30* 256,56*
Resíduo 576 27,36 25,14 0,21 9,84 7,31 7,40 22,88
CV (%) - 21,97 23,94 16,04 9,75 8,48 11,01 33,30
* Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
Tabela 2A - Quadrados médios das análises de variância para as características sólidos
solúveis totais (SST), açúcares solúveis totais (AST), açúcares redutores (AR), acidez total
titulável (ATT) e pH de pedúnculos de cajuís oriundos da VL-PI.
QMCausas de
Varião
GL
SST (°Brix)
AST (%) AR(%) ATT (%) pH
Tratamentos 23 5,53* 5,36* 4,65* 0,8506* 1,26*
Resíduo 48 0,22 0,65 1,13 0,011 0,011
CV (%) 3,2 6,76 9,73 14,14 2,67
* Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
Tabela 3A - Quadrados médios das análises de variância para as características SST/ATT,
vitamina C total (VC), felicos dímeros (FD), felicos oligoméricos (FO) e fenólicos
poliméricos (FP) de pedúnculos de cajuís oriundos da VL-PI.
QMCausas de
Varião
GL
SST/ATT VC(mg/100g) FD (%) FO (%) FP (%)
Tratamentos 23 893,2416* 4130,70* 0,019* 0,014* 0,010*
Resíduo 48 11,76 98,15 0,0012 0,0008 0,0007
CV (%) 10,84 5,34 15,15 11,95 12,86
* Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
Tabela 4A - Quadrados médios das análises de variância para as características pectina total
(PT), flavoides amarelos (FA), antocianinas totais (AT), A/F e carotenóides totais (CT) de
pedúnculos de cajuís oriundos da VL-PI.
QMCausas de
Varião
GL
PT (mg/100g) FA (mg/100g) AT (mg/100g) A/F CT (mg/100g)
Tratamentos 23 1836,40* 266,42* 15,06* 0,023* 0,18*
Resíduo 48 100,14 24,52 0,5766 0,0011 0,0164
CV (%) 8,19 19,31 23,78 25,85 20,66
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
89
APÊNDICE B
Valores médios obtidos para as características avaliadas
90
Tabela 1B - Valores médios obtidos para as características peso total (PT), peso do pedúnculo
(PP), peso da castanha (PC), comprimento do pedúnculo (CP), diâmetro basal (DB), diâmetro
apical (DA) e firmeza (F) de cajuís oriundos da VL-PI.
Matriz PT (g) PP (g) PC (g) CP (mm) DB (mm) DA (mm) F (N)
1 34,04 31,52 2,52 43,60 38,47 30,93 9,21
2 18,50 15,59 2,90 32,72 30,37 25,88 14,35
3 22,70 18,88 3,82 36,75 32,03 25,20 18,95
4 17,18 15,32 1,86 28,56 31,91 24,86 11,97
5 14,76 12,37 2,39 25,09 30,06 26,35 14,14
6 30,45 27,93 2,52 35,62 35,50 26,87 17,68
7 25,20 21,27 3,93 34,41 29,65 22,24 11,39
8 20,19 18,20 1,99 25,89 30,07 24,89 10,88
9 46,91 41,99 4,92 40,64 37,53 26,73 11,39
10 34,96 31,11 3,85 35,46 39,84 32,86 15,15
11 15,97 13,42 2,55 25,71 29,71 24,65 17,84
12 16,94 14,38 2,56 26,88 27,62 19,53 15,18
13 21,52 19,53 1,99 31,27 30,00 18,95 12,34
14 30,09 27,82 2,27 36,21 37,92 31,57 10,43
15 23,30 20,15 3,15 28,72 34,28 31,76 10,85
16 24,00 21,26 2,75 33,34 32,15 26,07 12,61
17 28,95 26,06 2,89 39,66 30,63 21,91 11,39
18 17,25 15,40 1,85 26,25 28,55 22,78 12,08
19 27,01 23,84 3,16 36,07 31,64 17,99 19,97
20 17,53 14,49 3,04 30,27 26,76 17,78 18,70
21 19,52 16,27 3,25 26,46 30,17 23,09 17,57
22 15,34 13,21 2,12 27,53 27,54 19,37 16,44
23 16,08 13,74 2,35 24,62 27,65 24,71 16,68
24 33,09 28,99 4,10 40,28 34,92 26,37 17,38
Média 23,81 20,95 2,86 32,17 31,87 24,72 14,36
91
Tabela 2B - Valores médios obtidos para as características lidos solúveis totais (SST),
açúcares solúveis totais (AST), açúcares redutores (AR), acidez total titulável (ATT), pH,
SST/ATT e vitamina C total (VC) de pedúnculos de cajuís oriundos da VL-PI.
Matriz
SST
(°Brix)
AST
(%)
AR
(%)
ATT
(%)
pH SST/ATT
VC
(mg/100g)
1 14,02 11,25 10,56 1,22 3,15 11,72 163,66
2 15,53 12,62 11,54 0,40 4,19 38,58 224,73
3 15,43 12,84 11,18 0,96 3,42 16,06 190,63
4 12,27 9,94 8,53 0,37 4,36 33,69 146,13
5 13,30 10,59 10,04 0,31 4,63 42,98 143,80
6 15,87 13,56 12,71 0,35 4,34 45,42 176,27
7 14,63 10,49 10,44 1,39 3,27 10,59 156,53
8 14,50 12,25 11,24 0,26 4,58 55,94 201,43
9 15,43 12,31 11,70 0,34 4,46 46,00 213,75
10 14,57 12,97 11,68 0,31 4,33 46,88 137,00
11 15,63 13,75 12,04 0,75 3,44 20,88 197,40
12 13,87 11,95 10,43 0,29 4,34 47,92 240,59
13 14,37 12,05 11,91 0,34 4,49 41,95 201,45
14 15,67 13,70 12,80 0,36 4,39 43,73 161,39
15 14,77 11,52 9,73 1,98 3,03 7,48 208,84
16 13,67 11,62 10,42 0,33 4,39 41,60 221,99
17 14,93 10,58 9,34 1,56 2,83 9,60 198,31
18 14,03 10,40 9,37 1,62 2,78 8,67 145,23
19 13,73 10,30 10,15 1,46 3,00 9,49 200,59
20 16,77 13,20 12,06 0,53 4,07 31,55 171,71
21 16,03 12,88 10,89 0,87 3,59 19,09 182,41
22 16,83 13,57 12,59 0,42 4,26 40,22 243,34
23 16,53 13,24 12,43 0,80 3,50 22,40 229,48
24 11,27 9,28 8,86 0,17 4,83 66,77 92,61
Média 14,74 11,95 10,94 0,72 3,90 31,63 185,39
92
Tabela 3B - Valores médios obtidos para as características fenólicos dímeros (FD), fenólicos
oligoméricos (FO), felicos poliricos (FP), pectina total (PT), flavoides amarelos (FA),
antocianinas totais (AT), A/F e carotenóides totais (CT) de pedúnculos de cajuís oriundos da
VL-PI.
Matriz
FD
(%)
FO
(%)
FP
(%)
PT
(mg/100g)
AT
(mg/100g)
FA
(mg/100g)
A/F
CT
(mg/100g)
1 0,14 0,15 0,13 117,48 5,30 36,80 0,15 1,29
2 0,29 0,29 0,25 105,18 3,30 12,90 0,25 0,64
3 0,19 0,21 0,18 168,32 1,78 13,56 0,13 0,68
4 0,21 0,21 0,16 109,45 7,53 18,43 0,41 0,76
5 0,19 0,24 0,18 106,48 1,73 22,79 0,07 0,68
6 0,17 0,25 0,21 113,56 2,97 24,30 0,12 0,63
7 0,28 0,23 0,23 98,47 2,05 20,91 0,10 0,74
8 0,25 0,24 0,21 92,19 0,58 18,42 0,03 0,70
9 0,29 0,29 0,24 108,85 2,46 37,21 0,06 0,52
10 0,17 0,19 0,13 66,29 2,28 29,52 0,08 0,43
11 0,23 0,18 0,18 155,20 0,32 14,58 0,02 0,24
12 0,24 0,19 0,19 90,94 3,30 23,07 0,14 0,72
13 0,25 0,25 0,15 116,61 0,34 17,68 0,02 1,01
14 0,21 0,20 0,19 127,65 2,51 15,23 0,17 0,51
15 0,16 0,21 0,18 127,99 1,88 18,95 0,11 1,00
16 0,25 0,17 0,15 139,80 1,87 18,23 0,11 0,37
17 0,24 0,28 0,26 123,66 6,22 24,50 0,26 0,42
18 0,14 0,20 0,21 133,69 2,89 30,53 0,10 0,39
19 0,21 0,31 0,26 126,30 3,77 47,11 0,08 0,59
20 0,47 0,35 0,26 133,75 4,48 36,25 0,12 0,63
21 0,43 0,33 0,28 149,06 3,31 28,24 0,12 0,28
22 0,31 0,30 0,30 175,06 2,64 34,56 0,08 0,67
23 0,34 0,35 0,27 126,47 3,12 31,96 0,10 0,30
24 0,12 0,11 0,09 122,52 10,02 39,76 0,25 0,67
Média 0,24 0,24 0,20 122,29 3,19 25,65 0,13 0,62
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