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Jogador moderno e de fôlego de fundista, Bebeto [Campos] se desdobrou no
combate do meio-campo (seu ponto forte), sem fazer feio no apoio ao ataque
(PLACAR, n. 1130, 1997, p. 52).
Aos 19 anos, Felipe já se tornou um atacante moderno, que alia habilidade e
movimentação. Ora está lá na frente marcando gols, ora recua até a sua área para
marcar o adversário (PLACAR, n. 1144, 1998, p. 68).
Pode um volante marcar, pensar o jogo e marcar gols? O holandês provou que sim:
O volante holandês Edgard Davids, 25 anos, é a encarnação perfeita do jogador
moderno. Com uma pegada de Dunga, fôlego de Cafu e, às vezes, visão de jogo de
Rivaldo (...) Versátil e capaz de jogar em várias posições (...) É aquela espécie rara
de jogador que, quando ataca, empurra o time todo para frente e, quando defende,
puxa a equipe para ajudar na marcação. (...) Contra o Brasil, na Semifinal, foi um
gigante. Cobriu as falhas da defesa, colou no calcanhar de Rivaldo e, como um
motor incansável, foi para o ataque tentar resolver a partida (PLACAR, n. 1146,
1998, p. 51).
O canhotinha Gérson precisa sair dos anos 70. No Apito Final, o programa
dominical da TV Bandeirantes, o comentarista tentou convencer o corintiano
Marcelinho que era um absurdo um craque ter que se preocupar com a marcação.
Polido e tentando não deixar em má situação o tricampeão mundial, Marcelinho
explicou que o futebol moderno exige dupla função dos jogadores. Poderia ter dito:
“Gérson, o futebol mudou, não dá mais para só atacar” (PLACAR, n. 1144, 1998, p.
95).
Todos defendem, todos atacam: O Vasco é o melhor exemplo de futebol moderno,
com seus atacantes dando combate: (...) as melhores equipes do mundo têm
demonstrado que o mais sensato é defender e atacar com o maior número possível
de jogadores (PLACAR, n. 1145, 1998, p. 24).
A palavra chave aqui parece ser versatilidade. O jogador moderno seria aquele capaz
de jogar em várias posições e exercer diversas funções táticas durante a partida. Atacantes que
também ajudam na marcação, meio campistas e defensores que desarmam o adversário e
ainda “saem pro jogo”, enfim, atletas com ampla gama de competências técnicas e táticas,
grande senso de coletividade, e preparo físico de maratonistas.
Para forjar um atleta capaz de atender a todas essas necessidades, novas pedagogias e
métodos de treinamento são indicados. Se em 1991, Placar já anunciava a substituição dos
campos de várzea pelas escolhinhas de futebol na formação básica do jogador – “A Várzea
acabou, Viva a Escolinha” (PLACAR, n. 1066, 1991, p. 16) –, a partir de 1995 a própria
revista passa a publicar a seção “Aprenda a jogar”, na qual jogadores e técnicos profissionais
“lecionavam” como marcar, driblar, chutar, cabecear, etc.
Nos tempos de Santos, São Paulo e Seleção, o meia Pita tinha o nobre hábito de
humilhar zagueiros. Dono de três escolhinhas de futebol, hoje ele ensina à garotada
tudo o que sabe (PLACAR, n. 1113, 1996, p. 76).
O “jogar futebol” é concebido, aqui, como algo que precisa ser ensinado, ou pelo
menos aperfeiçoado, em estabelecimentos adequados e com a ajuda de professores. Esta idéia
contrasta com noção muito comum de que o craque nasceria pronto, e que apenas o contato