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Desde 1990, em comum acordo, os professores da rede municipal de ensino de Joinville deliberaram
pelo ensino da língua inglesa por meio da abordagem comunicativa, a qual privilegia o ensino do
idioma em contextos de comunicação, criados artificialmente em sala de aula pelo professor para
ensino das funções comunicativas, sempre relevantes para os alunos.
Considerando as necessidades e interesses dos alunos de 2
a
a 4
a
. série, sua limitada capacidade de
atenção, sua motivação intrínseca para o aprendizado, seu engajamento em brincadeiras,
ressaltamos a importância de dar continuidade ao trabalho com essa faixa etária na abordagem
comunicativa, com foco na produção oral. (BROWN e HOLDEN & ROGERS - 2001).
Por meio de atividades lúdicas, o conteúdo deverá ser ensinado, utilizando a expressão corporal
como meio para garantir a atenção e a participação dos alunos (ASHER – Total Physical Response).
Músicas, cantigas, canções, rimas, jogos de mesa ou que envolvam movimento corporal, uso de bola
ou corda, quebra-cabeças, caça-palavras, palavras cruzadas, danças, mímicas, figuras, brinquedos,
marionetes, máscaras, dramatizações, desenhos animados, filmes infantis, atividades com retalhos
de tecido ou papel colorido, recorte e colagem, contação de histórias infantis, desenho, trabalhos com
massinha de modelar e com material reciclado, construção de maquetes, aulas ao ar livre e passeios
são boas estratégias para ensinar e fixar o que foi ensinado (GAMBOA e CELCE-MURCIA, 2001).
Em apoio ao ensino de uma língua estrangeira para crianças, OLIVA (1969) nos lembra de que elas
são menos inibidas do que os adultos, de que não se sentem tolas por falar um idioma estrangeiro,
pois têm menos autoconsciência e menos medo de errar.
Para manter a atenção de alunos dessa faixa de idade, HERRERA recomenda planejar atividades
diversificadas em cada aula, que envolvam a participação individual e em grupos alternadamente, de
preferência com a participação ativa das crianças (segurar cartazes, cantar, levantar, apontar, imitar,
etc.).
Na abordagem comunicativa, saber uma Língua Estrangeira é saber COMO e QUANDO usá-la para
atingir os objetivos do falante e identificar e reagir adequadamente às situações onde a língua é
falada. A unidade comunicativa é denominada de “função” ou “elocução”, que se dá em forma de
pergunta e resposta, espelhando as comunicações no idioma materno (SOUZA).
O enfoque comunicativo prioriza que o que se vai comunicar (não a forma de comunicar) seja definido
a partir de um contexto de relevância e significação para os alunos. Nas aulas, são criadas situações
hipotéticas para impor aos alunos a necessidade comunicativa. A imprevisibilidade do ato
comunicativo se reflete nas aulas, demandando do professor preparo na apresentação das funções
básicas, além de incluir novos inputs trazidos pelos alunos.
A aquisição do idioma se dá de forma gradual e progressiva, na medida em que o professor facilita o
processo ensino-aprendizagem com seu afeto, desbloqueando barreiras psicológicas de seus alunos
(KRASHEN – affective filter, 2004). Portanto, a necessidade de produzir elocuções corretas e sem
erro algum não é fundamental, pois o essencial é a inteligibilidade do que se disse dentro do
contexto, por meio de palavras, gestos e intenções. Erros são evidência de que o aluno está fazendo
progressos. É possível reconhecer o nível lingüístico do aluno pelos tipos de erros cometidos. Nas
aulas em que o grau de correção exigido pelo professor é muito alto, cria-se um clima de tensão
emocional para o aluno, resultando numa resistência à aprendizagem e num declínio de motivação
(BROWN – intrinsic motivation, 2001).
Nesse tipo de metodologia, o ensino das estruturas gramaticais e do vocabulário vai acontecendo
implicitamente (explicitamente, quando solicitado pelos alunos), considerando que adquirir uma
Língua Estrangeira é refletir sobre a língua materna e suas estruturas. Dessa maneira, não se dá
ênfase ao aprendizado das quatro habilidades separadamente (ouvir, falar, ler, escrever), mas à
aquisição das habilidades comunicativas, conforme as necessidades dos aprendizes.
O uso da língua materna nas aulas é necessário e útil para agilizar a compreensão das estruturas e
do vocabulário, em especial com iniciantes.
Desnecessário é ressaltar que a integração dos conhecimentos com as outras disciplinas imprime
mais significação ao conteúdo ensinado. Projetos interdisciplinares motivarão a aprendizagem, além
de utilizar a língua estrangeira para aprender conteúdo e estratégias de aprendizagem que possam