netes, em escritórios. O que leva a se fazer tanta reunião em hotéis? Todas as pesso-
as que nós ouvimos faziam as reuniões em hotéis.
– (...) Quando vinha para Brasília, eu ficava muito pouco tempo. Por exemplo,
eu me hospedava no hotel; logo de manhã, tomava três cafés da manhã, às sete,
sete e meia, oito horas, oito e meia, e ia tudo na seqüência. Muitas vezes, nem
sequer dava tempo de eu ir a dependência do Governo, nem mesmo ao escritório
do PT. Então, às vezes, eu ficava ali no hotel. Os próprios Líderes de Partidos
iam lá no hotel se reunir comigo, e não só Líderes, eu me reunia também nos ho-
téis com jornalistas. Com os principais jornais, as principais revistas, com os
principais jornais do País eu me reunia em hotel, recebia dirigentes partidários
de todos os Partidos da base aliada, também dirigentes sindicais, dirigentes da
sociedade civil. Fiz várias reuniões importantes em hotéis, fazia-as à luz do dia,
fazia-as ali no café da manhã, eu as fazia, Sr. Relator, onde fosse mais racional.
Por exemplo, se eu fosse para Congonhas, eu as faria mais próximas de Congo-
nhas; no retorno, se eu estava no retorno, eu fazia o mais próximo da minha casa
ou na saída, ou na volta; enfim, eu procurava fazer com que rendesse o máximo
o meu tempo e eu pudesse produzir.
– Ou seja, não era para fugir da presença de assessores que pudessem ouvir as con-
versas estabelecidas. Não era essa a intenção.
– De maneira nenhuma, Sr. Relator.
Em seguida, ele é questionado sobre quem tinha conhecimento sobre empréstimos feitos
ao partido. Responde:
O PT funciona da seguinte maneira: as diretrizes, as orientações gerais, por e-
xemplo, políticas de aliança, coligações, são decisões de natureza coletiva; a e-
xecução é de responsabilidade individual. Isso funciona com todas as 21 secreta-
rias que o PT tem. É evidente que sabíamos das dificuldades do PT não só agora,
como desde esses 25 anos do Partido. O meu conhecimento parava em saber que
o secretário de finanças estava tentando obter recurso junto à rede bancária. Mas
em nenhum momento era apresentado com quem, de que forma, de que jeito.
Disso eu não tinha conhecimento. (...) Eu realmente não acompanho a questão
da parte financeira do PT. A minha pauta, a minha responsabilidade, sempre foi
política eleitoral. Eu não trato de assuntos financeiros.
Em outro momento, ele é argüido pelo deputado federal Eduardo Paes (PSDB-RJ):
– O senhor é membro do PT há 25 anos, dedicou toda a sua vida profissional ao
Partido. V. Sª concorda com essa afirmação do Presidente Lula de que houve um
enfraquecimento da direção, que levou o PT a cometer erros? Essa foi a expres-
são utilizada pelo Presidente Lula. (...) Ele disse mais ou menos o seguinte: os
bons quadros do PT assumiram prefeituras, governos estaduais; outros, quando
ganhei a Presidência, vieram para o Governo Federal. Portanto, não temos qua-
dros preparados para exercer essas funções.
– Eu tenho uma vida dedicada à militância do PT, como militante. Toda a
minha história é vinculada a essa militância. Eu me orgulho dessa opção.
Nunca quis ser parlamentar. Foi uma opção pessoal minha, sempre quis ser
um quadro partidário. Nem quis estar em Parlamento... (...) Não me sinto a-
tingido de maneira nenhuma, se foi isso o que o Presidente colocou. Eu sou
um quadro do jeito que eu sou.