
6
notaremos como é lastimoso o fraseado do quarto e quinto compasso da
primeira parte (JACOB DO BANDOLIM, 1967).
Neste momento Jacob solfeja a melodia de Um a zero desde o início em um
andamento moderado, e para demonstrar o trecho ao qual se refere, solfeja este num
andamento um pouco mais lento, enfatizando o seu caráter sentimental.
Taí o sentimento imprimido ao choro, taí a cobrança do tributo, exato. Da
polca, originária da Europa, dançante e modulada, originou-se o choro.
No Brasil, as três raças tristes, cobraram o seu tributo tornando-a mais
lenta e melodiosa, porém, dançante ou não, continuaram conhecidas
como polcas, não há quem encontre em impresso ou disco dos mais
antigos o vocábulo choro, todas eram polcas, mas como emocionavam
quem as tocava ou ouvia, eram denominadas músicas de choro, de fazer
chorar. Cadernos em meu poder, organizados em manuscritos em fim do
século passado confirmam esta certiva, posteriormente é que às próprias
composições indistintamente se passou a chamar de choro. Os primeiros
divulgadores: Joaquim Antonio da Silva Calado, nascido em 1848 e
falecido em 20 de março de 1880, flautista, foi quem primeiro se valeu
do violão e do cavaquinho para apresentar choros, e dada sua condição de
protegido passo imperial, pois era Cavaleiro da Ordem da Rosa a mais
almejada condecoração do Império e catedrático do Imperial
Conservatório de Música, impunha às polcas interpretação lenta e
modulada que por todos era aceita e imitada. [...] Quero afirmar aqui o
seguinte, que eu devo muito desses ensinamentos ao Almirante, e depois
todos eles confirmados por grandes chorões a quem eu conheci como
Candinho e outros mais (JACOB DO BANDOLIM, 1967).
Após citar as opiniões de dois musicólogos, que acreditamos ser
respectivamente Renato Almeida em seu livro: História da Música Brasileira (1942) e João
B. Siqueira com o livro: Três Vultos Históricos da Música Brasileira: Mesquita, Callado,
Anacleto (1970)
8
, sobre a possível etimologia do vocábulo choro, Jacob dá sua opinião,
expondo a “versão” que aceita por ter sido transmitida para ele por grandes chorões
advindos de gerações anteriores do choro, citando como exemplo Candinho, o trombonista
Cândido Pereira da Silva (1879-1960), que teve seus manuscritos guardados por Jacob em
seu arquivo pessoal (VASCONCELOS, 1984, p. 22). Outra fonte citada refere-se ao cantor,
compositor, radialista, musicólogo, pesquisador e produtor radiofônico Henrique Foréis
8
Siqueira tem a mesma definição sobre o termo Choro utilizada por Jacob em seu texto, entretanto seu livro
data de 1970, portanto dez anos após o texto. É possível que Jacob tenha lido algum artigo de publicação
anterior, ou mesmo que tivesse contato pessoal com Siqueira.