
86
com os pintores; dotados de vasto conhecimento sobre muitas
coisas, serão de grande ajuda para uma bela composição da
história. (...) È isso que aconselho a todo pintor que se torne
íntimo dos poetas, dos retóricos e de outros iguais
conhecedores das letras.
76
Assim, notamos que o pintor ideal albertiano é moldado muito de perto
no arquiteto ideal vitruviano. Alberti, porém, acrescenta sentido moral e
estético ao seu aconselhamento.
A aproximação entre pintor e poeta que Alberti sugere, parece, a nosso
ver, ter sua fonte localizada num contemporâneo de Vitrúvio, Horácio (65 a.C.-
8 a.C.).
O belo ideal, para Horácio, não se desvincula da verdade e do bem. É o
belo pitagórico, matemático, que se funda no esplendor da ordem, unidade na
multiplicidade, onde nada fica fora de lugar
77
. Também para Alberti o belo é
modelado pela natureza, que apresenta toda sua graça na ordem e na
concordância das partes
78
.
Diz Horário que “a poesia é como a pintura, haverá a que mais te cativa,
se estiveres mais perto e outra, se ficares mais longe”; e lembra que “o saber é
o princípio e a fonte de bem escrever. (...) Prescreverei ao douto imitador que
observe o modelo dos costumes da vida e tire daí uma linguagem viva”. No
entanto, o poder de transmissão é mais forte na pintura que na poesia, por
76
L. B. Alberti, Da Pintura, p.138-140.
77
Dante Tringali, A arte poética de Horácio, p.8.
78
“Tutto quello certo che produce la Natura, tutto si modera secondo gli ordini della leggiadria. Ne há
Studio alcuno maggiore La Natura, che Il fare che Le cose ch’ella hara prodotte sieno perfettamente
finite. Il che no verria fatto se se ne levasse La leggiadria, conciosia che Il principale consenso delle parti
che opera, mancherebbe; ma sai detto di queste cose abbastanza. Lequali se son chiare abbastanza,
possiamo haver deliberato in questo modo. Che La belezza, e um certo consenso, e concordantia delle
parti, in quali si voglia cosa che dette parti si ritruovino, laqual’concordanzia si sai nauuta talmente com
certo determinato numero, finimento e collocatione, qualmente La leggiadria cioè, Il principale intento
della natura, ne ricerccava”. L. B. Alberti, L’Architettura, Libro Nono, 337, 38-44 e 338, 1-5. Vide
também, idem, Libro Sesto, 162, 40; 163, 5.