
Consagrada a candidatura de Afonso Pena
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, em detrimento de Bernardino de
Campos
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, assume a presidência da República, para o período entre 1906 e 1909, munido de
um projeto político que consistia em intervir nos assuntos do café, estabilizar a economia e
reorganizar o Exército. Para compor o seu ministério, indica para a pasta da fazenda David
Campista e para o Ministério da Guerra o marechal Hermes da Fonseca, personagens que
disputarão espaço na corrida presidencial de 1910 (Franco, 1983: 430431).
As contradições do sistema oligárquico (baseado na alternância do poder entre
Minas Gerais e São Paulo) emergem, no governo de Afonso Pena (1906-1909), quando o
mesmo impõe o nome do governador de Minas, João Pinheiro, como seu sucessor.
Repudiado por parcela do Partido Republicano Mineiro e pelo grupo político de Pinheiro
Machado, a candidatura de João Pinheiro torna-se improvável (Ferreira, 1989, p. 174).
Com a morte do governador de Minas, em 1908, Afonso Pena acaba por se aproximar de
seu ministro das finanças, David Campista
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, por acreditar que este ao ter dado garantias ao
empréstimo que valorizou o café
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poderia pavimentar mais facilmente sua candidatura à
presidência. Porém, as diferenças pessoais entre o senador do Rio Grande do Sul, Pinheiro
Machado e a nova geração de políticos da Câmara (como Carlos Peixoto, Miguel Calmon e
o próprio David Campista, conhecidos como jardim de Infância
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), acabam por turvar a
pretensão política do senador gaúcho. Apesar de dar sinais de coabitação com os seus
opositores, a liderança de Carlos Peixoto continuava a ser alvo de Pinheiro Machado, pois
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Afonso Pena, paulista de nascimento, advogado foi deputado por Minas Gerais, além de
ministro da Guerra (1882), da Agricultura (1883-1884) e da justiça (1885). Elegeu-se governador
por Minas Gerais e foi vice-presidente de Rodrigues Alves. Presidiu a República de 1906 a 1909,
quando faleceu no exercício do mandato. Por ocasião de sua eleição para presidente da república
foi eleito com menos que 1,4% dos eleitores. Campos Sales acusava Pena de gestão duvidosa
quando na presidência do Banco da República (Franco: 1973, p. 201).
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Bernardino José de Campos Junior (1841-1915) foi por duas vezes presidente do governo de
São Paulo (1892-1896 e 1902-1904). Advogado, fundou o Partido Republicano Paulista
conspirando contra a monarquia, pois se dizia abolicionista. Aliado de Rui Barbosa na “Campanha
Civilista”.
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David Campista, advogado, exerceu em Minas Gerais cargos jurídicos e políticos. Ocupou, por
indicação do presidente eleito, o cargo de ministro da Fazenda (1906 – 1909) cuja missão maior
era o de estabilizar a moeda, fato que consegue no final do governo (Borges, 2004, p. 117).
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O Convênio de Taubaté (1906) foi um acordo celebrado entre o estado de São Paulo, Minas
gerais e Rio de Janeiro que consistiu em um empréstimo de 15 milhões de Libras tendo como
fiador a União (Fausto, 2002, p. 151 e Borges, 2004, p. 113 e 139).
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Compunham o grupo político conhecido como Jardim de Infância, intelectuais como Afrânio
Peixoto, Manuel Bonfim e Euclides da Cunha. O grupo, bastante eclético, era contrário aos
partidos políticos pois acreditavam que os conflitos no Congresso ameaçavam a República.
Criticavam o excessivo regionalismo instaurado após 1889, e diagnosticaram que o atraso
brasileiro seria superado pela educação (Borges, 2004, p. 118, 121 e 122).
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