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Dos exemplos em (05), podemos destacar que a última sílaba
(extramétrica)
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é invisível para a aplicação do acento, não importando seu
peso silábico, como vemos em a) e b). Porém, a regra é sensível ao peso da
penúltima sílaba, como percebemos na atribuição do acento nos vocábulos
com vogal longa ou consoante em coda naquela posição. Em b), temos
também a aplicação da regra sem nenhuma restrição, em que duas sílabas
leves constituem o troqueu moraico e servem de contexto para a aplicação da
regra.
Há casos, porém, em que haverá pés degenerados
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, como evidenciado
em (06):
(06) (x) (x)
pū
li <ca> pul ve <ris>
Nesses casos, feita a escansão da palavra, a sílaba postônica sobra,
havendo a necessidade de se admitir a presença de pés degenerados. Admite-
se, dessa forma, a proibição fraca de pés degenerados, na qual esses são
permitidos em algumas circunstâncias. Nos casos apresentados em (06), após
a ação da extrametricalidade e da formação do pé troqueu moraico, não há
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A extrametricalidade é um recurso utilizado para explicar porque em determinadas
línguas, como no latim, no holandês e no polonês, o acento não cai na última sílaba. Quando
aplicada, a extrametricalidade é marcada pela adição de colchetes angulados (<silaba>) na
sílaba que se deseja marcar como extramétrica e, dessa forma, ela se torna invisível para a
aplicação do acento. A fim de restringir o poder de tal recurso, a extrametricalidade só pode ser
utilizada na margem dos domínios de aplicação do acento. Esse conceito foi introduzido em
1977 por Liberman e Prince, mas foi a partir de 1980, com Hayes, que passou a ter importância
na teoria métrica.
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Segundo Hayes, pés são necessariamente binários, ou seja, precisam ser bimoraicos
ou dissilábicos. Quando, após a segmentação da palavra, há alguma sílaba restante, essa não
recebe estrutura, não se formando um pé sobre ela. Há línguas, porém, que aceitam pés
constituídos fora desse padrão binário e, assim sendo, se tem pés formados por apenas um
elemento métrico, ou seja, pés degenerados.