267 – O olho de Zeus, que tudo vê e que tudo considera,
268 – também vê isso, se quiser, e não ignora
269 – que tipo de justiça, no interior da cidade, vigora.
270 – Agora eu mesmo justo entre os homens não quereria ser
271 – e nem meu filho, porque é um mal homem justo ser
272 – quando se sabe que maior justiça terá o mais injusto
273 – mas espero isto não deixar cumprir-se o tramante Zeus.
274 – Oh Perses, tu, então, guarda isto na mente:
275 – escuta a Justiça e esquece a desmedida de vez!
276 – Pois o Cronida dispôs aos homens a lei.
277 – Aos peixes, às feras e às aves aladas,
278 – que se devorem. Justiça não há entre eles.
279 – Aos homens, sim, deu a Justiça, muito mais nobre.
280 – Eis que se alguém conhecer e quiser proclamar
281 – coisas justas, sucesso lhe dá Zeus de ampla mirada.
282 – Mas quem, em seu testemunho, quebrar juramento
283 – e, mentindo, violar a Justiça, é sem perdão castigado.
284 – Deste virá, mais tarde, descendência obscura.
285 – O homem que segue o seu juramento deixa raça mais nobre.
286 – Pois eu, que conheço o bem, te digo, Perses, grande tolo:
287 – mui pronto a miséria conquista multidões,
288 – é muito fácil: seu caminho é plano e está logo ali.
289 – Mas perante a virtude suor ordenaram os deuses
290 – imortais. É longa e ínclinada a subida até ele,
291 – espinhosa no início, mas quando se chega ao topo
292 – mais fácil se torna, ainda que seja difícil.
293 – Eis o melhor: aquele que pensa tudo por si
294 – e conjuga o que convém agora com o fim.
295 – É bom também quem ouve do bem e obedece,
296 – mas quem não pensa por si, nem ouvindo o conselho
297 – não o guarda na mente, este é um homem inútil.
298 – Mas tu, sempre lembrado do nosso conselho,
299 – trabalha, Perses, raça de Zeus, para que a Fome
300 – te odeie e que te estime a bem coroada Deméter,