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De acordo com o autor, a quebra da Bolsa de Valores de 1929
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, a
superprodução do café e a queda de preços, afetaram a cafeicultura de São Paulo e Minas
Gerais, fazendo com que muitas fazendas fossem vendidas. Um grande número de pessoas
migraram então para o Norte do Paraná afim de continuarem no campo. Assim, o Norte do
Paraná foi colonizado principalmente por paulistas e mineiros, além dos imigrantes
estrangeiros.
Também foi um fator de atração para o Norte do Paraná quando houve a
proibição, por parte do Governo Federal (1932) do plantio de novos cafeeiros. Contudo, a
ocupação e a organização espacial da região não ocorreram da mesma forma. Foi de
fundamental importância para esta ocupação, as estratégias do governo do Paraná e das
empresas privadas de colonização, como a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP),
sucedida pela Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná (CMNP). A Companhia
Melhoramentos Norte do Paraná , era de origem inglesa e em 1925, iniciou a compra de
terras no norte do Paraná para serem parceladas, preparadas para a ocupação, ligadas às
áreas existentes. Tinham inicialmente, a intenção de estabelecer colônias de acordo com o
grupo étnico, objetivando atrair imigrantes europeus.
Assim, a Companhia adquiriu uma área correspondente a décima sexta
parte da área total do Estado, propiciando a vinda de colonos em grande número, não só de
nacionais como estrangeiros, e o planejamento e a edificação de cidades como: Londrina
(1934), Maringá (1947), Cianorte (1953), Umuarama (1955),. A última fase da colonização
(após a Segunda Guerra Mundial), resultou na organização de quatro grandes
empreendimentos: Entre Rios (Guarapuava), a Colônia de Wittmarsum (Palmeira),
Castrolanda e Arapoti (NADALIN, 2001, p.87).
Um dos objetivos da CMNP
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era obter lucros imobiliários através da
colonização com grande rapidez na parte norte paranaense. Eram terras muito férteis,
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Com a crise de 1929, decorrente da quebra da Bolsa de Nova Iorque, ocorreu uma desestabilização no
mercado interno. Os financiamentos junto aos bancos estrangeiros foram interrompidos; os preços baixaram,
levando o setor para uma enorme crise. Na década de 1930, houve uma derrocada da lavoura e a queima de 80
milhões de sacas. Em virtude de sua importância nas exportações brasileiras, em 1931, foi criado o Conselho
Nacional do Café (CNC) que, em 1933, foi substituído pelo Departamento Nacional de Café (DNC), autarquia
federal subordinada ao Ministério da Fazenda, que controlou o setor até 1946, quando foi extinto. Em 1952, foi
criado o Instituto Brasileiro do Café (IBC), formado principalmente por cafeicultores e que definiu as diretrizes da
política cafeeira até 1989. Para dirigir a política cafeeira no país após a extinção do IBC, foi criado, em 1996, pelo
Governo Federal, o Conselho Deliberativo da Política do Café, vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, que atua até os dias de hoje. (EMBRAPA, 2008).
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Lord Lovat (Simon Joseph Frazer), assessorado pelo escocês Arthur Thomas, com uma visão extraordinária
da vasta expansão agrícola e industrial que estava reservada para a região norte do Paraná, comprou 515.000
alqueires paulistas, parte em 1925 e parte em 1927, com o objetivo de obter terras para o cultivo do algodão.
Fundaram a “Paraná Plantations Company”, que mais tarde desdobrou-se em duas subsidiárias: a CTNP
(Companhia de Terras Norte do Paraná) e a Cia Ferroviária de São Paulo (estendendo os trihos até as zonas de
loteamento). Seguindo o modelo inglês de parcelamento rural, a companhia foi abrindo a ferrovia ao longo do
espigão e fundando cidades a cada 10 ou 15 quilômetros. Assim, entre os nomes indígenas escolhidos como
Apucarana, Arapongas, Cambé, Ibiporã, Jandaia, Tapejara, Umuarama e outros, sobressaem os nomes de
inspiração inglesa como Londrina, Rolândia e Lovat (atual Mandaguari) (GRASSIOTTO et al, 2003).