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Diante das limitações dos modelos de ensino centrados nas habilidades técnicas, o ensino
priorizando as habilidades táticas surge como foco de uma abordagem alternativa. Nesta segunda fase
histórica do ensino dos esportes coletivos, as habilidades técnicas deixam de ser o objetivo central da
aprendizagem. Assim, conforme Garganta (2002a) pode-se dizer que se assiste a uma transição dos
modelos analíticos para modelos sistêmicos, no qual os pressupostos cognitivos do praticante e da
equipe passam a ser os elementos fundamentais.
De acordo com esta nova abordagem, as habilidades táticas são questões primárias do processo
ensino-aprendizagem dos esportes coletivos, pois, segundo Garganta (2002a), a componente tática ocupa
uma posição nuclear no quadro destas modalidades esportivas. Os demais fatores (técnicos, físicos ou
psicológicos), devem ser abordados de forma a poderem cooperar para facultarem o acesso a níveis
táticos cada vez mais elevados.
Em uma visão bastante similar, Gréhaigne et al (2005) afirmam que a abordagem sistêmica foca
na exploração, pelos jogadores, das várias possibilidades de jogo e na construção de respostas adequadas
em jogos modificados (mini-jogos), que, nesse caso, cumprem a função pedagógica de simplificação das
ações a serem aprendidas. Sendo assim, se no modelo técnico o treinamento do gesto esportivo de forma
isolada tem por objetivo facilitar a aprendizagem, no modelo tático, o jogo é dividido em unidades
funcionais, que apesar de mais simples, mantém características próximas aos do jogo.
Por habilidades táticas, entende-se, segundo Rezende e Valdés (2003), as ações voltadas para o
jogar coletivamente, ou seja, a capacidade de tomar decisões sobre o que fazer levando em consideração
as circunstâncias do jogo: qual a posição da bola (?) e quais as alternativas de ação tanto dos
companheiros como dos adversários (?). Se no modelo técnico as atividades de treino assumem o caráter
de uma tarefa (como fazer), restrita a executar o que o professor solicita, nas formas de jogo (formas
básicas e parciais; jogos adaptados, jogos reduzidos, modificados, entre outros) por sua vez, o aprendiz
vivencia uma situação de ensino aberta, onde precisa tomar uma decisão sobre o que, quando fazer e por
quê fazer.
A principal premissa dos autores que defendem o modelo de ensino centrado nas habilidades
táticas é de que as habilidades desenvolvidas no treinamento possuem alta capacidade de transferência
às situações reais de jogo (BUNKER e THORPE, 1982; GARGANTA, 1998; GRAÇA, 1998;
GRÉHAIGNE et al., 1999; GRECO, 2001; COSTA et al., 2002; REZENDE, 2003).
Com o objetivo de verificar esta hipótese, alguns estudos foram realizados no sentido de avaliar a
eficácia das abordagens táticas em oposição às técnicas. No entanto, em uma revisão de parte destes