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“piu-piu”, “pintinho” etc. Ou ainda, lança-se a esse uso para expressar, qualificar ou ressaltar
características, como o tamanho dos seios: “melancias”; ou “furico”, para indicar o formato
do ânus. Assim, sem notar, criam-se novos nomes para se desviar dos tabus e preconceitos
sociais.
Segundo Scerbo (1991, p.7), “o estudo sistemático e comparado dos nomes, apelidos e
eufemismos relativos aos órgãos sexuais ainda representa um campo quase totalmente
inexplorado. Não houve, de fato, publicações de obras de caráter linguístico dedicadas
exclusivamente a tal argumento”.
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Almejando preencher esse hiato dentro dos estudos linguísticos, propusemo-nos a
fazer este trabalho, cujas reflexões sobre os nomes populares do pênis, da vulva, das nádegas,
do ânus, dos testículos e dos seios apresentamos doravante, com base no corpus levantado a
partir das obras de Maior (1980), Almeida (1981), Preti (1984b), Mattoso (1990), Vários
(1990), Scerbo (1991), Bonistalli (2000), Zanni (2000), Xatara e Oliveira (2002), Bueno
(2004), Vários (2005), Tartamella (2006) e de inúmeros blogs e sites da Internet. Ao todo
recolhemos 8.713 ocorrências dos mesmos, sendo 770 relativas ao órgão masculino em língua
portuguesa e 645 em língua italiana. Para a genitália feminina encontramos 5.255 unidades
lexicais em português e 656 em italiano.
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O número referente aos testículos foi de 59 em
português e 176 em italiano. Para os seios, em língua portuguesa coletamos 47 e em língua
italiana, 165. Já para o ânus temos 233 em português e 145 em italiano; finalizando com 114 e
449, em língua portuguesa e italiana respectivamente, para as nádegas.
A motivação da metáfora popular é, quase sempre, a intensificação do significado, seja
de sua forma, cor, cheiro ou som que possa emitir. Com o tempo, os eufemismos na expressão
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“Lo studio sistematico e comparato dei nomi, nomignoli ed eufemismi relativi agli organi sessuali rappresenta
ancora un campo quasi del tutto inesplorato. Non risulta infatti che siano state pubblicate opere di carattere
linguistico dedicate esclusivamente a tale argomento” (SCERBO, 1991, p. 7).
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Salientamos que a grande diferença entre o número de ocorrências relativa à nomeação da vulva em língua
portuguesa e italiana pode ser justificada, preponderantemente, pela dificuldade em se encontrar bibliografia
italiana que trouxesse os nomes metafóricos dados a esse órgão, apesar de nossa busca intensa em bibliotecas,
livrarias e bancas na Itália.