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Campus deo José do Rio Preto
Vivian Orsi
Metáforas do universo lexical
português e italiano das zonas
erógenas: ânus, nádegas, pênis,
seios, testículos e vulva
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Vivian Orsi
Metáforas do universo lexical
português e italiano das zonas
erógenas: ânus, nádegas, pênis,
seios, testículos e vulva
Tese apresentada ao Instituto de Biociências, Letras e Ciências
Exatas da Universidade Estadual Paulista, Câmpus de São Jo
do Rio Preto, para obtenção do título de Doutor em Estudos
Linguísticos (Área de Concentração: Análise Linguística)
Orientador: Prof
a
. Dr
a
. Claudia Zavaglia
São José do Rio Preto
2009
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Orsi, Vivian.
Metáforas do universo lexical português e italiano das zonas erógenas:
ânus, nádegas, pênis, seios, testículos e vulva / Vivian Orsi. - São José do
Rio Preto: [s.n.], 2009.
225 f.; 30 cm.
Orientador: Claudia Zavaglia
Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociências, Letras e Ciências Exatas
1. Lexicologia. 2. Lexicografia. 3. Erotismo - Lexicografia. 4.
Metáfora. I. Zavaglia, Claudia. II. Universidade Estadual Paulista,
Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas. III. Título.
CDU - 81’373
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IBILCE
Campus de São José do Rio Preto - UNESP
VIVIAN ORSI
Metáforas do universo lexical português e italiano das zonas erógenas: ânus, nádegas,
pênis, seios, testículos e vulva
Tese apresentada ao Instituto de Biocncias, Letras e Ciências
Exatas da Universidade Estadual Paulista, Câmpus de São José
do Rio Preto, para obtenção do título de Doutor em Estudos
Linguísticos (Área de Concentrão: Análise Linguística)
Orientador: Prof
a
. Dr
a
. Claudia Zavaglia
COMISSÃO JULGADORA
TITULARES
Profª. Drª. Claudia Zavaglia – Orientadora
Professor Assistente Doutor
IBILCE - UNESP - Câmpuso José do Rio Preto – SP
Profª. Drª. Claudia Maria Xatara
Professor Livre Docente
IBILCE - UNESP - Câmpuso José do Rio Preto – SP
Profª. Drª. Maria Gloria Cusumano Mazzi
Professor Assistente Doutor
FCL - UNESP - Câmpus Araraquara – SP
Profª. Drª. Marilei Amadeu Sabino
Professor Assistente Doutor
IBILCE - UNESP - Câmpuso José do Rio Preto– SP
Profª. Drª. Paola Giustina Baccin
Professor Doutor
FFCLH - USP – São Paulo SP
SUPLENTES
Profª. Drª. Araguaia Solange de Souza Roque
Professor Assistente Doutor
IBILCE - UNESP - Câmpuso José do Rio Preto
Prof. Dr . Evandro Silva Martins
Professor Doutor Adjunto 4
ILEEL - UFU – Uberlândia – MG
Profª. Drª. Giliola Maggio
Professor Doutor MS3
FFCLH - USP – São Paulo SP
São José do Rio Preto
2009
DEDICATÓRIA
A todos que amo, pelo apoio,
amor e compreensão.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida.
A todos meus familiares, cujo estímulo e paciência foram indispensáveis
para o alcance e êxito deste projeto.
À Prof
a
. Dr
a
. Claudia Zavaglia, por todas as qualidades que fizeram dela
uma querida professora, orientadora, amiga e um exemplo constante de
dedicação e competência.
À Prof
a
. Dr
a
. Maria Gloria Cusumano Mazzi, pelo incentivo e pela
generosidade de ter me designado a pessoa certa.
Às Prof
as
. Dr
as
. Araguaia, Celeste e Marilei, da área de italiano, pela amizade
e apoio constantes.
A todos os integrantes da Banca Examinadora, que, gentilmente,
aceitaram o convite para avaliar esta tese.
À Prof
a
. Dr
a
. Ana Mariza Benedetti, pela orientação na Qualificação
Especial.
A todos os professores, colegas e funcionários do Ibilce que me
acompanharam durante os últimos anos.
À Capes, pela bolsa de estudos.
SUMÁRIO
Introdução .......................................................................................................................... 13
Capítulo 1: .......................................................................................................................... 20
1. Estudos do léxico ......................................................................................................... 21
1.1. Dicionário onomasiológico especial bilíngue ......................................................... 26
1.2. Teoria da tradução e proposta de equivalentes ...................................................... 30
Capítulo 2: .......................................................................................................................... 35
2. Abordagem sociocultural do léxico erótico-obsceno ..................................................... 36
2.1. Aspectos sociais .................................................................................................... 36
2.2. Aspectos culturais .................................................................................................. 44
2.3. Preconceito ............................................................................................................ 50
2.4. Linguagem proibida ............................................................................................... 55
Capítulo 3: .......................................................................................................................... 63
3. Semântica, metáfora e eufemismo ................................................................................ 64
3.1. Semântica .............................................................................................................. 64
3.2. Metáforas .............................................................................................................. 70
3.3. Eufemismos ........................................................................................................... 75
3.4. Metáforas e eufemismos: olhar sobre o universo lexical erótico-obsceno ........... 78
3.4.1. Análise das metáforas e eufemismos ............................................................... 84
Capítulo 4: ........................................................................................................................ 142
4. Dicionário das zonas erógenas .................................................................................... 143
4.1. Estruturação lexicográfica ................................................................................... 143
4.2. Verbetes .............................................................................................................. 149
4.2.1. Campo semântico: ânus ................................................................................ 150
4.2.2. Campo semântico: nádegas ........................................................................... 151
4.2.3. Campo semântico: pênis ............................................................................... 152
4.2.4. Campo semântico: seios ................................................................................ 153
2
4.2.5. Campo semântico: testículos ......................................................................... 154
4.2.6. Campo semântico: vulva ............................................................................... 155
Considerações finais ......................................................................................................... 158
Referências bibliográficas ................................................................................................ 164
Anexos: ............................................................................................................................. 174
Corpus relativo ao pênis em língua portuguesa ............................................................... 175
Corpus relativo ao pênis em língua italiana .................................................................... 182
Corpus relativo à vulva em língua portuguesa ................................................................ 186
Corpus relativo à vulva em língua italiana ...................................................................... 211
Corpus relativo às nádegas em língua portuguesa ........................................................... 216
Corpus relativo às nádegas em língua italiana ................................................................ 217
Corpus relativo ao ânus em língua portuguesa ................................................................ 218
Corpus relativo ao ânus em língua italiana ..................................................................... 220
Corpus relativo aos testículos em língua portuguesa ....................................................... 221
Corpus relativo aos testículos em língua italiana ............................................................ 222
Corpus relativo aos seios em língua portuguesa .............................................................. 223
Corpus relativo aos seios em língua italiana ................................................................... 224
LISTA DE ABREVIATURAS
s.: substantivo/sostantivo;
m.: masculino/maschile;
f.: feminino/femminile;
dim.: diminutivo;
aum.: aumentativo.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Sememas relativos ao pênis em língua portuguesa;
Gráfico 2 – Sememas relativos ao pênis em língua italiana;
Gráfico 3 Sememas relativos à vulva em língua portuguesa;
Gráfico 4 – Sememas relativos à vulva em língua italiana;
Gráfico 5 – Sememas relativos aos seios em língua portuguesa;
Gráfico 6 – Sememas relativos aos seios em língua italiana;
Gráfico 7 – Sememas relativos ao ânus em língua portuguesa;
Gráfico 8 – Sememas relativos ao ânus em língua italiana;
Gráfico 9 – Sememas relativos às nádegas em língua portuguesa;
Gráfico 10 – Sememas relativos às nádegas em língua italiana;
Gráfico 11 – Sememas relativos aos testículos em língua portuguesa;
Gráfico 12 – Sememas relativos aos testículos em língua italiana.
RESUMO
A ngua em uso numa sociedade é produto de uma cultura e reflete o pensamento de um
povo. Desse modo, as unidades léxicas, por meio dos significados atribuídos por um grupo
social, determinam um olhar específico do universo e um sistema de valores. Com esse
embasamento, nosso trabalho centra sua atenção num tipo de item lexical específico: as
unidades lexicais que nominam os órgãos referentes às zonas erógenas, dos quais destacamos
o pênis, a vulva, as nádegas, o ânus, os testículos e os seios, em língua italiana e em língua
portuguesa, variante brasileira, partindo da análise do corpus coletado. Intencionamos
demonstrar que para a denominação dos órgãos sexuais do corpo humano tende-se a evitar a
terminologia anatômica oficial – relegada a contextos de grande formalidade e adotar outros
itens lexicais em situações informais, que possam denominar as referidas partes do corpo com
conotação sexual. Muitas das lexias recolhidas não são aceitas em todos os contextos, mas
entre pessoas afeiçoadas, encontra-se um emprego mais intenso e que assinala intimidade. Por
essa razão usam-se inúmeros sinônimos que servem para suavizar uma determinada unidade
lexical, na tentativa de mascarar preconceitos sociais historicamente construídos.
Principiamos nossa pesquisa examinando os referidos itens lexicais sob a luz da teoria da
metáfora conceitual – pois muitos dos itens empregados têm base metafórica e, na maioria das
vezes, eufemística. O produto de nossa pesquisa é a amostragem de um dicionário
onomasiológico especial bilíngue, abrangendo o mencionado tipo de unidade lexical
estudado. Apresentamos, ainda, dentro dos verbetes quais são os semas (unidades mínimas de
significação) presentes nas principais metáforas relativas aos mencionados órgãos. O
acréscimo destes se mostra uma inovação em meio ao argumento erótico-obsceno,
praticamente inexplorado pelos linguistas. Almeja-se com esta pesquisa poder colaborar para
desmistificar alguns preconceitos relacionados ao léxico erótico-obsceno, seu uso e sua
criação e estimular reflexões sobre o mesmo, cujo exame das metáforas e dos eufemismos que
atuam sobre ele nos permite confirmar a riqueza linguística das línguas, demonstrando qual é
o seu posicionamento diante da “linguagem proibida”, tão habitual, porém muito
desprestigiada.
Palavras-chave: metáfora; semântica; sema; xico erótico-obsceno; lexicografia; lexicologia.
ABSTRACT
The language in use in a society is product of a culture and reflects the way a community
thinks. Therefore, the lexical units, through the meanings assigned by a social group,
establish a specific look of the universe and a system of values. With this basement, our work
centers its attention in a specific lexical type: the lexical units that nominates the organs from
the erotic zone, that are the penis, the vulva, the buttocks, the anus, the testicles and the
breast, in Italian and Portuguese language, Brazilian variety, by analysing our corpus. We
intend to demonstrate that for the denomination of the sexual organs of the human body it
usual to avoid the official anatomical terminology – relegated to the contexts of great
formality and to adopt other lexical items during informal situations. Many of the collected
items are not accepted in all the contexts, but between known people, they may designate
familiarity. Thus, innumerable synonymous are used to alleviate one lexical unit, trying to
mask social prejudices historically constructed. We begin our research examinating the cited
lexical items under the light of the theory of the conceptual metaphor because many of the
employed items have a metaphorical and also euphemistics basis. The product of our
research is a special onomasiological bilingual dictionary, enclosing part of the mentioned
studied of the lexical type. We introduce also in the entries of it semes (minimal meaning unit)
present in the main metaphors related to these organs. The addition of these semes reveals an
innovation in the study of the erotical-obscene argument, practically unexplored by the
linguists. We intend, with this research, to be able to collaborate to demystify some prejudices
related to the erotical-obscene lexicon, its use and its creation and to stimulate reflections of
it, whose examination of the metaphors and the euphemisms that act on it allows us to
confirm the linguistic wealthy of the languages, demonstrating the conception of the
“forbidden language”, so habitual but without prestige.
Keywords: metaphor; semantics; seme; erotic-obscene lexicon; lexicography; lexicology.
RIASSUNTO
La lingua in uso in una società è prodotto di una cultura e riflette il pensiero di un popolo. In
questo modo, le unità lessicali, tramite i significati attribuiti da un gruppo sociale,
determinano una visione specifica dell’universo e un suo sistema di valori. Basandoci su
questa riflessione, il nostro lavoro centra la sua attenzione su un tipo lessicale specifico: le
unità lessicali che nominano gli organi che si riferiscono alle zone erogene, tra i quali, il
pene, la vulva, le natiche, l’ano, i testicoli ed i seni, in lingua italiana e in lingua portoghese,
varietà brasiliana, partendo dall’analisi del nostro corpus. Intendiamo dimostrare che, per la
denominazione degli organi sessuali del corpo umano si usa evitare la terminologia
anatomica ufficiale adoperata in contesti di grande formalità e adottare altre unità in
situazioni confidenziali che possano nominare le parti del corpo con connotazione sessuale.
Molte delle lessie prese in considerazione non sono ammesse in tutti i contesti, da altra parte,
però, tra persone intime se ne trova un impiego più intenso e pieno di familiarità. Per questa
ragione, si usano diversi sinonimi che servono a soavizzare una singola unità lessicale,
tentando di nascondere i pregiudizi sociali storicamente costruiti. Abbiamo iniziato la nostra
ricerca esaminando i riferiti item lessicali sotto la luce della teoria della metafora
concettuale – visto che molti di loro hanno base metaforica e, nella maggior parte delle volte,
eufemistica. Il prodotto della nostra ricerca è l’abbozzo di un dizionario onomasiologico
speciale bilingue, comprendente il tipo lessicale studiato. Presentiamo l’inserzione, dentro le
voci, dei semi (unità significativa minima) presenti nelle principali metafore relative ai
suddetti organi. L’aggiunta dei semi dimostra essere un’innovazione tra le ricerche su questo
argomento erotico-osceno, quasi inesplorato dai linguisti. Ambiamo, con questa ricerca, di
poter collaborare per smitizzare alcuni pregiudizi riferentesi al lessico erotico-osceno, al suo
uso e alla sua creazione, e stimolare delle riflessioni sulle metafore e sugli eufemismi, il cui
esame ci permette di confermare la ricchezza linguistica di una lingua, dimostrando quale sia
il suo concetto riguardo il “linguaggio proibito”, notevolmente adoperato, però, allo stesso
tempo, molto screditato.
Parole-chiavi: metafora; semantica; sema; lessico erotico-osceno; lessicografia;
lessicologia.
chiappepauxoxotapottacazzopompel
merolodefumonascondigliofavepopô
vergabalagandãsnatichebustoxererec
atroiapintociuccepeitaçoburacouccell
oneculettovelabuzunfãgemellinetagli
ofognarachasalsicciacaixatroncosgna
ccheracanaltetascanecoportabagaglio
rifiziopiselloleiteriagrutacharutogeni
talibundagrãoscanomammellepombi
nhaastuccioderetanoairbagpirulitora
biosquemamõesbuchettocegobasoc
entrocroacamarteloballebucetaantro
melanciascubernardasederependenti
cabeludaculobisaccebagosfedegosofe
dorentoscrotolenhatopacadeirasforn
ochiappepauxoxotapottacazzopompe
lmerolodefumonascondigliofavepopô
xcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnm
Introdução
14
Este trabalho centra sua atenção num léxico especial, especificamente nas unidades
lexicais que nominam os órgãos das zonas erógenas, em língua italiana e em língua
portuguesa, na variante brasileira. Nesse sentido, avançamos nossa pesquisa realizada no
Mestrado, com a dissertação Vocabulário erótico-obsceno dos órgãos sexuais masculino e
feminino em português e italiano.
Em nossa dissertação nos dedicamos ao estudo dos itens lexicais referentes aos órgãos
sexuais masculino e feminino (pênis e vulva), para os quais elaboramos e apresentamos um
vocabulário erótico-obsceno nas direções português-italiano e italiano-português.
Constatamos que uma das razões de essa linguagem ainda ser disposta em um estudo de
menor importância se deve ao fato de ser entendida como tabu linguístico, ou seja, proibida de
ser expressa na grande maioria dos contextos sociais. Nesse nosso trabalho de Mestrado
verificamos também a importância da análise das metáforas que atuam na composição dessas
unidades lexicais atinentes ao pênis e à vulva. Inferimos, ainda, que a frequência do uso das
metáforas na construção dos palavrões erótico-obscenos é exacerbada, seja intensificando ou
exagerando as unidades mínimas de significação de cada item léxico. Dessa forma, separamos
em língua portuguesa e italiana as tipologias metafóricas mais recorrentes dentro do âmbito
lexical erótico-obsceno, e ao final expusemos nosso vocabulário especial bilíngue.
Nesta tese, então, buscamo continuar esse caminho por meio da análise do corpus
coletado e evidenciar quais são os semas presentes nas principais metáforas relativas aos
órgãos em estudo, ou seja, ao pênis, à vulva, às nádegas, ao ânus, aos testículos e aos seios,
procurando ressaltar que esse léxico revela a cultura do povo que o emprega e sua visão sobre
a sexualidade.
O uso frequente da linguagem que se refere a unidades erógenas, por vezes erótico-
obscenas, e a grande quantidade de itens lexicais existentes para referir-se aos órgãos acima
citados foram nossa motivação para tentar desvendá-la, iniciando a nossa investigação pelas
15
bases de sua formação as metáforas e as limitações morais de seu emprego os tabus e
preconceitos. Para a decodificação desse tipo de léxico torna-se necessário pressupor sempre
uma conotação erótica, manifestada quase sempre pelos semas de carga semântica erótico-
obscena.
Nosso corpus foi levantado a partir das obras de Maior (1980), Almeida (1981), Preti
(1984), Mattoso (1990), Vários (1990), Scerbo (1991), Bonistalli (2000), Zanni (2000),
Xatara e Oliveira (2002), Bueno (2004), rios (2005), Tartamella (2006) e de vários sites e
blogs da internet ambiente que constatamos ser o mais adequado para a extração desse tipo
de ocorrência, especialmente dos contextos-exemplos, visto que nele prefigura a linguagem
oral e descompromissada com o pudor daquele que a manifesta, assim como de quem a
consulta, presente em especial nos contos eróticos, em que se usa uma linguagem mais
coloquial e popular.
Consideramos importante a possibilidade de esta pesquisa vir a representar uma
contribuição ao mercado das obras de referência brasileiras, uma vez que existe carência de
estudos nesse formato, especialmente relacionando a língua portuguesa à língua italiana. Para
Tartamella (2006, p. 84, tradução nossa)
1
, “confrontar os palavrões de línguas diversas (o
turpilóquio comparado) é interessante também por outro motivo: serve para compreender se
de uma cultura a outra existem elementos constantes (as palavras usadas para o sexo e os
excrementos são vulgares em qualquer latitude?) e quais são os modos de ver as mesmas
realidades (...)”.
2
Nesse sentido, lembramos que se aceita consensualmente o argumento que cada
sociedade recorta o mundo a sua maneira o que se tornou evidente depois das reflexões
elaboradas por Sapir-Whorf. Por isso, a hipótese que pretendemos demonstrar é de que as
1
Esta é nossa proposta de tradão, assim como todas as demais presentes nesta tese, do textos original.
2
Confrontare le parolacce di lingue diverse (il turpiloquio comparato) è interessante anche per un altro
motivo: serve a capire se da una cultura all’altra vi sono elementi costanti (le parole usate per il sesso e gli
escrementi sono volgari a ogni latitudine?) e quali sono i modi di vedere le stesse realtà (...) (TARTAMELLA,
2006, p. 84).
16
metáforas relativas aos nomes dos órgãos sexuais que abordaremos serão diversas entre as
sociedades italiana e brasileira, ou seja, as construções metafóricas referentes às
denominações da vulva, do pênis, das nádegas, do ânus, dos testículos e dos seios será variada
entre as duas sociedades devido ao modo diverso de cada uma enxergar o mundo. E, partindo
do princípio de que a intensa recorrência a itens léxicos metafóricos e eufemísticos para
designar os órgãos em exame indica repressão sexual já que há pudor em se usar a
terminologia oficial , almejamos demonstrar qual das sociedades aqui abordadas será mais
repressiva, procurando esclarecer o questionamento feito no parágrafo anterior por Tartamella
(2006).
Nesta tese pretendemos realizar ainda as seguintes etapas:
1. explanar o que é a linguagem proibida, caracterizando-a;
2. perscrutar os tabus morais que atuam sobre essa linguagem e que ultrapassam a barreira do
tempo, da raça e do nível social, examinando seu uso indistinto, com base na Sociolinguística;
3. evidenciar quais são os semas presentes nas principais metáforas relativas aos mencionados
órgãos;
4. verificar, como exposto, se as linhas metafóricas referentes aos órgãos selecionados, bem
como seus semas, coincidem em língua portuguesa e em língua italiana;
5. propor uma amostragem de organização lexicográfica para fins de elaboração de um
dicionário bilíngue desses itens lexicais, em forma de verbetes, na direção português-italiano.
A presente tese estrutura-se como indicamos:
No capítulo primeiro versamos sobre os estudos acerca doxico, com base nos
conceitos e definições trazidos pela Lexicologia, bem como, pela Lexicografia. Oferecemos
um panorama geral de ambas, enfatizando que a primeira se direciona ao estudo do que
concerne às unidades lexicais e a segunda tende a esclarecer métodos para a construção de
dicionários. Ao final de nosso trabalho, como será descrito adiante, oferecemos uma
17
amostragem do produto de nossas pesquisas: um dicionário onomasiológico bilíngue dos
órgãos selecionados. Portanto, é indispensável uma reflexão sobre o que se concebe por
onomasiologia, a saber, o percurso em que se apresenta um significado e, posteriormente, a
busca por um significante para uma certa unidade léxica. Ainda nesta seção, abordamos temas
centrais à nossa proposta de equivalentes, adentrando duas grandes correntes dos estudos de
tradução. Apresentamos, ademais, os conceitos de léxico unidade de uma língua disponível
ao uso do falante e, dentro dele, abordamos o léxico especial, atentando à linguagem proibida
aquela que abarca um domínio sobre o qual se receia falar: o léxico referente às zonas
erógenas. Para esse capítulo utilizamos os trabalhos de Biderman (1996; 2001), Borba (2003),
Picoche (1992) e Preti (1984).
O segundo capítulo é dedicado à abordagem sociocultural desse léxico, assinalando
que qualquer lexia é capaz de refletir a cultura daqueles que a usam e fazem parte da
construção da cultura de um povo, atuando como mecanismos de identidade. Na primeira
seção tratamos dos aspectos sociais em que atua a Sociolinguística, destacando os empregos e
usos concretos da língua entre os limites desta e da sociedade. É, pois, no léxico que se
manifestam, preponderantemente, as relações de ordem econômica, social e política. Em
relação à linguagem proibida, é concebida pelos sociolinguistas como uma variante vulgar,
delimitada por contextos informais. Dentro dos aspectos culturais, segunda parte do capítulo
2, definimos cultura como uma lente translúcida por meio da qual o homem enxerga o mundo
a sua volta. Assim, para reforçar nossa hitese, julgamos que indivíduos de culturas
diferentes tendem a usar lentes diversas e, logo, apresentarão visões distintas das coisas que o
cercam. No entanto, por vezes, o ser humano se depara com barreiras socioculturais que
limitam o seu modo de expressão. A essa limitação podemos atribuir o nome de preconceito,
ou seja, um tipo de discriminação silenciosa que é transferida de geração a geração. Dentro de
nossas pesquisas vemos que o tipo de unidade lexical com o qual trabalhamos é estigmatizado
18
e o falante que o adota sofre preconceitos. Por isso, opta-se pela substituição e pela expressão
indireta, por meio de metáforas e eufemismos. Os autores em que nos fundamentaremos são:
Berruto (2005), Braga e Ribeiro (2008), Laraia (2002) e Leite (2008).
Nessa esteira, no capítulo seguinte são investigadas as mudanças lexicais, baseando-
nos numa abordagem léxico-semântica. A Semântica Lexical nos auxilia a compreender
melhor os dois principais processos linguísticos empregados na composição das lexias
obscenas: os eufemismos e as metáforas. Sobre estas versamos nesse terceiro capítulo, nas
seções 3.2. e 3.3., assinalando primeiramente que, para a denominação dos órgãos sexuais do
corpo humano, tende-se a evitar a terminologia anatômica oficial e recorrer a outras unidades
lexicais de base metafórica e também eufemística. Sobre as teorias das metáforas, adotamos
como basilar a chamada metáfora conceitual que estabelece que vivemos cotidianamente sob
influência das metáforas de nossa cultura. Na seção 3.4. são apresentadas as ponderões
sobre as metáforas e eufemismos do universo erótico-obsceno, cujas motivações abordamos e
reforçamos a concepção de que as unidades léxicas em estudo não são arbitrárias, o que
significa que não foram estipuladas arbitrariamente: os itens de carga semântica erótico-
obscena são motivados, por serem metafóricos. Findamos este capítulo com a apresentação
das metáforas de cada campo lexical parte do léxico que apresenta unidades léxicas com
algum tipo de relão entre si dos órgãos separando-as pelos semas preponderantes e
explicando-os por meio de exemplos recolhidos do corpus. Nesse capítulo recorremos a
Berruto (1979), Guiraud (1975), Berber Sardinha (2007), Lakoff e Johnson (2004) e Scerbo
(1991).
No capítulo quarto trazemos como contribuição às pesquisas na área uma amostra do
produto de nossa tese: um dicionário com uma nomenclatura baseada no corpus a que
chegamos, na direção português-italiano, e com uma microestrutura acrescida de semas
19
manifestados nas meforas que se apresentam nos itens da entrada. Nossa base será Berruto
(1979), Haensch et al (1982) e Zavaglia (2003).
A seguir, tecemos as considerações finais com comentários sobre as discussões que
nortearam essa tese e esboçamos as possibilidades para trabalhos futuros.
Na seção 6 oferecemos as referências bibliográficas utilizadas nesta pesquisa para
embasamento teórico e, em seguida a elas, os Anexos contendo todos os itens lexicais
componentes do corpus levantado.
Por fim, cabe retomar a reflexão sobre os palavrões feita por Possenti (2008, s/p.):
“espero que ninguém imagine que propor seu estudo ou debate seja propor sua proliferação,
ou impor aos alunos que os digam como lição de casa ou como forma de avaliação (quem
disser os mais cabeludos tem nota mais alta...). Da mesma forma, não pretendemos neste
trabalho fazer uma apologia à linguagem do erotismo e das obscenidades, mas sim trazer
contribuições aos estudos lingsticos ao abordar um recorte lexical ainda pouco estudado
mas de acentuada riqueza vocabular e cultural e versar sobre seu processo de criação,
procurando desmistificar os preconceitos que o circundam.
20
chiappepauxoxotapottacazzopompel
merolodefumonascondigliofavepopô
vergabalagandãsnatichebustoxererec
atroiapintociuccepeitaçoburacouccell
oneculettovelabuzunfãgemellinetagli
ofognarachasalsicciacaixatroncosgna
ccheracanaltetascanecoportabagaglio
rifiziopiselloleiteriagrutacharutogeni
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lmerolodefumonascondigliofavepopô
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CAPÍTULO 1:
ESTUDOS DO LÉXICO
21
1. ESTUDOS DO LÉXICO
Perpassamos nas próximas seções as reflexões sobre o léxico, sua compilação em
dicionários e a delimitação das unidades lexicais que pesquisamos à linguagem proibida.
A língua é um importante mbolo de identidade de um grupo, na qual os
comportamentos linguísticos se refletem, seja na busca de aprovação social ou na ênfase das
diferenças. Nela, o léxico é capaz de traduzir as relações de ordem econômica, social e
política que existem entre as diversas classes sociais, designando o conjunto das unidades por
meio das quais os membros de uma comunidade linguística se comunicam entre si. Sem
léxico não haveria ngua. Rey (1970) e Biderman (2001) trazem a hipótese de Sapir-Whorf
referente à conceituão de mundo presente em cada sociedade, especificando que cabe à
língua esta função, e que se reflete notadamente no léxico. Com efeito:
o estudo das relações e das estruturas do léxico é um domínio privilegiado para descobrir as
interações entre o sistema formal da língua e a atividade humana que a torna possível, a
linguagem. Essa atividade é exercida dentro do tempo, do espaço e da sociedade pelo
fenômeno geral que é a comunicação.
3
(REY, 1970, p. 149)
Picoche (1992, p. 45) define léxico como o conjunto de palavras que a língua põe à
disposição de seus locutores”.
4
O inventário sistemático dos itens lexicais de uma língua.
O léxico é o acervo do saber vocabular de um grupo sociolinguístico e cultural; é o
lugar em que se deposita toda a informação sobre o mundo condensada em lexias, pois nele se
encontram nomenclatura e a interpretação da realidade (BIDERMAN, 1996).
Ressalva-se também o fato de o xico ser um sistema aberto, em contínua expansão
condicionada pelas mudanças socioculturais, em que novas criações são cotidianamente
3
l’étude des relations et des structures du lexique est un domaine privilégpour couvrir les interactions
entre le système formel de la langue et lactivité humaine qui la rend possible, le langage. Cette activité s’exerce
dans le temps, l’espace et la société, par le phénomène général qu’est la communication (REY, 1970, p. 149).
4
l’ensemble des mots qu’une langue met à la disposition des locuteurs” (PICOCHE, 1992, p. 45).
22
adicionadas a ele, outras esquecidas e ainda, aos poucos, marginalizadas. Inversamente,
porém, podem ser ressuscitados outros itens lexicais, que voltam à circulação. “Enfim, novos
vocábulos ou novas significações de vocábulos existentes surgem para enriquecer o
Léxico” (BIDERMAN, 2001, p. 179).
Como a língua está em perpétuo movimento, seu caráter de inacabado e de devir está sempre
presente, sobretudo no léxico, visto que essa é a parte do sistema linguístico mais suscevel a
mudanças por constituir um conjunto aberto. As combinatórias lexicais discursivas podem
deixar de ser meras combinatórias frequentes de unidades xicas para se converterem em
novas unidades do xico da língua. Assim, tudo se passa na língua e no vocabulário como
numa pista de corrida – muitos corredores já ultrapassaram a barreira de chegada, outros estão
se aproximando dela e outros vêm chegando de mais longe (BIDERMAN, 1999, p. 96).
No tocante à estruturação do léxico, expomos o que nos apresenta Borba:
Do ponto de vista da estrutura mórfica, há lexias simples e complexas. São lexias simples as
lexias formadas por uma única forma livre [cara, porto, vento] e complexas as que combinam
mais de uma forma livre [porta-luvas, mal-me-quer, joão-de-barro] ou uma forma livre e uma
ou mais de uma forma presa [desconsolo, incontrolável]. (BORBA, 2003, p. 22)
Desse modo, os lexemas que aparecem no discurso são denominados de lexias. As
simples são unidades grafadas com um único segmento, as complexas, ao contrário, realizam-
se em mais de um segmento.
As reflexões sobre a linguagem e sobre as línguas, desde o culo XIX, segundo Rey
(1970), são fundamentalmente lexicológicas, ou seja, abrangem os questionamentos acerca do
léxico.
A Lexicologia atenta-se à totalidade do signo linguístico proveniente das reflexões de
Saussure (2006), ou seja, ocupa-se do estudo do significante e do significado conjuntamente.
Rey (1970) resgata que a Linguística Clássica confundia os estudos lexicológicos com os
senticos. A Lingstica Moderna, ao contrário, traz como ensinamento fundamental, além
23
da consideração da língua como sendo um sistema, o de que a Lexicologia compõe o plano
funcional da língua, destacando que a significação, objeto da Semântica, não é característica
exclusiva do léxico.
O estudo lexicológico assim como o lexicográfico – a ser perscrutado adiante –,
interessam-se, dessa maneira, pelo estudo do que concerne às palavras, numa expressão mais
popular e leiga.
Mister se faz lembrar a problemática teórica existente sobre como definir “palavra”. A
noção de palavra para os linguistas ainda não se fixou, o que parece estranho a um falante,
visto que desde criança já sabe isolá-la e identificá-la. Isto é, o falante já dispõe, dentro de sua
consciência linguística, de um conceito, para si, do que seja uma palavra. Conforme Picoche
(1992), a palavra se caracteriza por ser uma abstração, sem a qual a linguagem o retrata seu
todo. Haensch et al (1982) afirmam que há algum tempo procuram-se definições distintas
para palavra”, mas que nenhuma se mostrou ainda eficaz e satisfatória. Recuperamos de Rey
(1970) a distinção entre vocábulo e palavra, muito pertinente a nosso trabalho. O primeiro
seria uma unidade do léxico, e palavra, uma unidade do texto. Logo, no dicionário o que se
encontra é um vocábulo. Entretanto, ambos ainda não dispõem de uma definição bem
fundamentada, como visto anteriormente.
Comumente, no lugar de palavra usa-se “lexema” para fazer referência à unidade
léxica abstrata de uma língua, que aparece no discurso de forma fixa ou variável, sem
existência real (PICOCHE, 1992). De acordo com Coseriu (1967 apud GECKELER, 1976),
“lexema” é qualquer unidade de uma certa língua em que se leva em consideração o conteúdo.
Desse modo, nesta tese usaremos “item léxico”, “item lexical, “unidade lexical”, “unidade
léxica”, “lexia” e lexema como sinônimos, apenas com o propósito de o sermos
demasiadamente repetitivos, sabendo da dificuldade e da imprecisão de algumas de suas
significões.
24
Ressalta-se, oportunamente, a diferença entre Lexicologia e Terminologia. A primeira
elucidada acima dedica-se ao estudo do “léxico”; a segunda, por sua vez, ocupa-se dos
“termos”, unidades léxicas pprias de um campo de especialidade (como a física, química,
antropologia etc.) ou de uma área profissional. Termos são o conjunto de signos linguísticos
que come uma linguagem especializada, ou seja, restrita a alguns falantes (CABRÉ, 1999).
A Terminologia não almeja oferecer explicações dos conhecimentos que os especialistas
possuem sobre determinado signo, mas apenas identificar aqueles que são empregados em
uma atividade profissional especializada, visando exclusivamente a sua denominação e
prescindindo de considerações acerca de questões morfológicas e sintáticas, como ocorre na
Lexicologia. Na Terminologia, o termo pode ser abordado independente de sua expressão,
privilegiando-se o estudo do conceito. Em Lexicologia, significado (conceito) e significante
(expressão) o indissociáveis, seguindo, então, o modelo de signo proposto por Saussure
(2006). Com base na pregressa explanação, o léxico etico-obsceno ao qual nos dedicamos
nesta investigação não se insere, em hipótese alguma, dentro dos limites terminológicos, pois
não é adotado por uma área de especialidade técnica, própria de uma profissão ou ciência.
Salientamos que em nosso trabalho divergimos de todos os usos de “termo” que possam, por
ventura, aparecer em citações de alguns autores.
Convém notar, ademais, que dentro do campo dos estudos do léxico, representando
uma outra área de estudo da Lexicologia, situa-se a Fraseologia. Os fraseologismos são
combinações de unidades léxicas constituídas por mais de dois lexemas, grafados ou não com
hífen (BIDERMAN, 2001). A Fraseologia estuda a diversidade de combinações de unidades
lexicais, simples ou complexas, que podem ser realizadas também como expressões
idiomáticas: combinatórias de unidades léxicas indecomponíveis e cristalizadas em um
idioma pela tradição cultural e cujo significado o corresponde à somatória de suas partes
(XATARA; RIVA; RIOS, 2002). Dentro de nossa análise, referente à vulva, temos em língua
25
portuguesa, por exemplo: “fábrica de pomarola”; “porta que nunca fecha”; em língua italiana,
bistecca col pelo”; sforna creaturi”. Para o pênis recolhemos: instrumento de fazer
nem”; “papaterra” em português; e bastoncino di zucchero”; tronchetto della felicità”;
etc. em italiano (ZAVAGLIA; ORSI, 2008). Os fraseologismos ou locuções fraseológicas
indicam uma riqueza linguística essencial.
Percorramos, nesse momento, o estudo lexicográfico, dedicado à descrição do léxico
de uma ou mais línguas, com o escopo de produzir obras de referência, em especial,
dicionários.
A Lexicografia originou-se da necessidade de explicar o que as palavras significam e
de preservar o uso de línguas ameaçadas de extinção. Os dicionários e vocabulários
especializados, abordando a agricultura, a farmácia, a arte militar, o comércio, etc., só
surgiram na Idade Média e tiveram seu auge no século XIX. As tarefas atribuídas à
Lexicografia se tornam mais fáceis de serem realizadas se forem considerados os aspectos
lexicológicos que atuam junto dela, complementando-a. Para estudarmos a Lexicografia,
portanto, não podemos perder de vista as contribuições da Lexicologia, uma vez que o
dicionário é um instrumento que remete à língua e à cultura.
Para Rey (1970) é a cnica dos diciorios que tem como objeto as unidades lexicais
e se destina à apresentação dos itens em uma ordem conveniente. Em síntese, esse seria o
papel da Lexicografia: coletar unidades lexicais que possam formar um dicionário seguindo
uma ordem pré-determinada e descrevê-las. Segundo Biderman (1984), é a ciência que
descreve o léxico e é responsável por fornecer as bases para a elaboração de dicionários.
Fazemos no momento uma pequena digressão para comentar que, hodiernamente,
manifesta-se entre pesquisadores e estudiosos da área o questionamento sobre a permissão ou
proibição da entrada de unidades léxicas erótico-obscenas em dicionários. A ausência de tais
itens é o que se tem verificado em obras publicadas em língua portuguesa. Desde o primeiro
26
dicionário escrito nesse idioma, publicado entre 1712 e 1728 por Rafael Bluteau, vemos
definições eufemísticas para suavizar lexias consideradas obscenas e vulgares. Segundo
Silvestre (2003), Bluteau classifica os referidos itens como chulos e cujo uso seria impróprio
para um homem da corte, da sociedade mais abastada e culta. Acreditamos que a decisão de
incluir esse tipo de unidade lexical num dicionário ou excluí-lo depende dos objetivos a que a
obra se propõe. Se o dicionário é concebido como uma obra descritiva, cremos que devam ser
registradas todas as palavras que tenham uso frequente e generalizado, ainda que existam
pudor e juízos sociais contrários ao seu emprego.
1.1. DICIONÁRIO ONOMASIOLÓGICO ESPECIAL BILÍNGUE
Neste trabalho, optamos por apresentar um esboço de um possível dicionário
onomasiológico especial bilíngue em que ocorrem exclusivamente unidades lexicais
referentes aos nomes atribuídos à vulva, ao pênis, às nádegas, ao ânus, aos testículos e aos
seios em ngua portuguesa e italiana.
Em relação à arquitetura de nosso dicionário, podemos classificá-lo como
onomasiológico por ser organizado por conceitos.
A definição de onomasiologia proposta por Bertoldi (1935 apud BABINI, 2006) é de
que se refere a um aspecto específico da pesquisa linguística, partindo de uma certa ideia e
analisando as formas com que encontrou expressão. Parte-se, assim, dos conceitos relativos a
um determinado assunto – em nosso caso as denominações dadas aos órgãos elencados
anteriormente indicando os significantes que a eles correspondem. “A ideia fundamental da
ordenação onomasiológica é a de se interessar pelas associações que existem entre conteúdos,
seja do ponto de vista da língua, seja do das coisas” (HAENSCH et al, 1982, p. 165).
5
De acordo com Riva (2009, p. 64),
5
La idea fundamental de la agrupación onomasiológica es la de tener en cuenta las asociaciones que existen
entre contenidos, tanto desde el punto de vista de la lengua como desde el de las cosas” (HAENSCH et al, 1982,
p. 165).
27
ao longo da evolução da Lexicologia e da elaboração de obras lexicográficas, a onomasiologia
era comumente questionada (e muitas vezes deixada de lado) porque se supunha que os
dicionários onomasiológicos (analógicos, ideológicos) não apresentavam a objetividade dos
dicionários semasiológicos, organizados em uma estrutura alfabética. Defendia-se que na
onomasiologia havia certa “abstração”, uma subjetividade idiossincrática, na classificação
extralinguística e tais críticas negligenciavam as vantagens epistemológicas de uma obra
organizada onomasiologicamente (por temas, campos semânticos, conceitos), que, de certa
forma, nos incita a uma análise linguística mais profunda da língua.
Também para Vilela (1995) a lexicografia é naturalmente uma atividade
semasiológica, isto é, que parte de uma palavra, para perscrutar depois seu significado.
Expressar ainda que essa ciência tem como escopo mais relevante auxiliar leitores na
interpretação e na produção de textos.
Acreditamos, no entanto, que a atividade lexicógfica não se restringe à semasiologia,
ou seja, não se limita à indicação significante-conteúdo. Ela pode também adotar a
onomasiologia, a qual traz vantagens porque permite que se agrupem unidades lexicais que
compartilham a mesma base metafórica e que se referem a um mesmo campo semântico.
Conforme Babini (2006, p. 39),
o problema que um dicionário onomasiológico deve resolver é exatamente o inverso
daquele de um dicionário semasiológico: dada uma ideia (noção ou conceito), deve-se
encontrar a unidade lexical ou o termo que a exprima. Em um dicionário
semasiológico, o ponto de partida é o significante de um termo ou palavra; em um
dicionário onomasiológico o ponto de partida é o significado.
Dentre as diversas reflexões que abarcaram a onomasiologia, resgatamos a que se
baseia no triângulo de Ogden e Richards (1972), cuja teoria nos permite compreender a
interdependência entre a semasiologia e a onomasiologia: a primeira realiza um percurso que
principia no símbolo (significante) e alcança o pensamento (significado), a segunda, parte
do pensamento (significado) para chegar ao símbolo (significante).
28
Fig. 1 – Triângulo de Ogden e Richards (OGDEN; RICHARDS, 1972, p. 32).
Consideramos outrossim, em consoância com Riva (2009, p. 62), que,
para nós, a teoria dos triângulos é pertinente porque nos permite compreender, principalmente,
a interdependência existente entre a semasiologia e a onomasiologia: a significação, que parte
da “forma” (nome”) para chegar ao “conceito”, e à “designação”, que parte do “conceito”
para chegar à “forma” (“nome”).
Além disso, a estrutura onomasiológica, ao contrário da semasiológica, que se funda
na polissemia, baseia-se preponderantemente nas relações sinonímicas, pois assume o ponto
de vista de quem fala. A semasiologia, por outra senda, dá primazia à perspectiva do ouvinte,
do interlocutor, o qual deve discriminar, diante de todas as significações possíveis que se
apresentam de uma unidade lexical, aquela que responde à sua dúvida.
Em nossa tese, portanto, a amostragem dos verbetes se estrutura onomasiologicamente
porque, em primeiro lugar, apresentamos o campo semântico dos nomes oficiais dos órgãos
das zonas erógenas, o que equivale ao pensamento (significado), e, em segundo lugar,
oferecemos os diversos itens léxicos que podem fazer refencia ao nome do órgão em
destaque, o que vem a ser o símbolo (significante).
Já em relação à adoção do nome “especial” em nosso dicionário, deve-se à concepção
de que, conforme Boutin-Quesnel et al (1985 apud ZAVAGLIA, 2006), é aquele que
descreve itens léxicos selecionados por suas características.
29
Segundo Xatara (2001), entende-se por “dicionários especiais” as obras de referência
cujas unidades lexicais descritas são selecionadas com base em suas características específicas
e provindas de todo o repertório lexical de uma língua. Neles recorre-se a uma sinonímia
interlinguística e, dessa forma, cria-se um material lexicográfico rico e pormenorizado, por ser
mais preciso que um dicionário da língua geral.
O que equivale a dizer que é especial o dicionário que apresenta um recorte dos
lexemas de uma língua, ou seja, unidades lexicais específicas de um campo que em nossa
pesquisa se referem ao universo lexical da nomeação dos órgãos atinentes às zonas egenas.
Acrescentamos que alguns dos itens lexicais do italiano presentes no corpus provêm
de dialetos da península itálica, variedades linguísticas que convivem com a italiana no
mesmo território e que se alteram regionalmente. No mais, notamos que em nosso corpus de
língua portuguesa aparecem unidades lexicais provenientes de outras línguas, como do inglês
e do próprio italiano, os chamados estrangeirismos. “Os estrangeirismos penetram na língua
em ondas, cuja intensidade varia no tempo e em grau, segundo os tipos de contato que uma
comunidade tem com outra” (BORBA, 2003, p. 121). Vejamos alguns exemplos desses
estrangeirismos presentes em nossos palavrões recolhidos em língua portuguesa: “braciolae
cazzo, para o órgão masculino; “black hole e “fica” para o feminino.
Além do tipo de organização de uma obra lexicográfica, podemos elencar outras
etapas para elaboração de um dicionário: i) a seleção e escolha das entradas, tentando recolher
o máximo de unidades possíveis e que ocorrem efetivamente nos discursos; ii) o público a
quem se direciona, se para um especialista da área, para um consultor leigo, ou para ambos, e
iii) a extensão do dicionário, o qual deve formar sempre um conjunto equilibrado e em
conformidade com os objetivos a que se propõe.
Num dicionário bilíngue usual, o escopo preliminar é o de auxiliar os consultores a
entender um enunciado ou ajudá-lo a produzir um outro. Em nosso modelo de dicionário, no
30
entanto, não consideramos profícuo dar indicações sobre a pronúncia, restringindo-nos ao
oferecimento de uma acepção, exemplos e à classe gramatical a que pertence tal unidade do
léxico, com o intuito de auxiliar nos processos tradutórios. Destarte, a Lexicografia Bilíngue
deve buscar todos os equivalentes possíveis de uma unidade da língua de destino, com suas
acepções, usos e colocações que a eles corresponde a unidade na língua de partida.
1.2. TEORIA DA TRADUÇÃO E PROPOSTA DE EQUIVALENTES
“Os dicionários dão definições através de palavras ou frases que, segundo nos é dado a
entender, têm um significado ‘idêntico’, se bem que o problema da identidade seja um ponto a
que não poderemos fugir” (PALMER, 1979, p. 14). Com base nessa declaração de que não
se pode fugir do problema das correspondências entre unidades léxicas de nguas distintas
iniciamos nosso estudo acerca das possibilidades de tradução dentro de nosso dicionário.
Para a presente pesquisa, baseamo-nos em duas correntes dos estudos em tradução: a
abordagem da modernidade e a da pós-modernidade. Destarte, faremos, a seguir, uma sucinta
apresentação de alguns dos principais conceitos das duas orientações, atendo-nos, mais
especificamente, às noções de equivalência.
Começamos com a vertente da modernidade, na qual se crê em significados estáveis e
na possibilidade de poder serem transportáveis de uma língua à outra. “A meta é evitar que
ocorram perdas, danos, e estragos ao conteúdo transportado. O transporte [...] tem de ser
conduzido de forma suave, carinhosa e sem violência” (RAJAGOPALAN, 2000, p. 124). O
tradutor é um transportador de significados, neutro. A tradução é tanto melhor quanto menos
se percebe a presença do tradutor. Nessa vertente, não grandes teorizações sobre o
processo tradutório, acreditando-se que todos os tipos de textos poderiam ser traduzidos. A
tradução é uma tentativa de se igualar ao texto de partida, é reprodução, espelhamento de
significados equivalentes aos do texto original. Segundo Rodrigues (2000a), a noção clássica
31
de equivalência pressupõe a preservação de conteúdos ainda que em contextos diversos e a
existência de dois sistemas linguísticos diferentes que conservam elementos aos quais se
podem conferir os mesmos valores. A crença na possibilidade de equivalência provém da
concepção de ngua como sistema de regras objetivas, em que os signos e os valores estão
determinados. Pensa-se num significado fixo, na simetria entre línguas.
Nessa antiga tradição, um significado está embutido na consciência do ouvinte e do
falante, motivo pelo qual poderia ser resgatado sem dificuldades. E ainda:
Tradicionalmente concebe-se a tradução como a transmissão do mesmo sentido ou da mesma
forma de um original em uma outra ngua. Espera-se que uma tradução reproduza os valores
do original em uma troca com equilíbrio, ou seja, que traga em uma segunda língua,
equivalentes em sentido ou em forma dos presentes em uma primeira ngua. (RODRIGUES,
2000b, p. 91)
E é essa a noção de equivalência que prevalece nos estudos da modernidade.
A tradição da pós-modernidade, no entanto, descarta todas as possibilidades acima
elencadas sobre a tradução. Refuta-se a concepção de intercâmbio perfeito, equilibrado, entre
uma língua e sua tradução. É nesse momento em que se instaura a desconstrução, proposta
por Derrida (1998). Ele realiza, entre outras inúmeras elucubrações, a desconstrução do signo
saussuriano. Em poucas palavras, o filósofo francês considera que Saussure se contradiz ao
instituir a separação entre significante e significado, mas, ao mesmo tempo, alega que são
duas faces de uma mesma moeda. Assim, ambos seriam igualmente importantes. Contudo, ao
distanciá-los, Saussure acaba por privilegiar a fala, o significante, relegando o estudo do
significado. Entre outras críticas, Derrida observa que essa posição de Saussure levaria a um
“significado transcendental”, que poderia ser compreendido independentemente da língua o
que permitiria a equivalência entre palavras de várias línguas. Derrida observa que é a união
entre significado e significante que produz sentido.
32
Ao contrário da modernidade, que busca a perfeita equivalência entre o original e a
tradução, na concepção desconstrutivista da s-modernidade repensa-se essa procura,
almejando abordar também o papel do tradutor.
Lima e Siscar (2000) elucidam que a desconstrução não é a lógica da invero, a
negação de uma ordem. Nessa corrente, o tradutor é visto como aquele que reescreve o que
traduz. Arrojo (1995, p. 31) reforça que “tradução é, na verdade, uma forma de produção de
sentido”.
6
Isto é, o tradutor deve determinar o significado na relação entre leitor e texto
traduzido. A reflexão da pós-modernidade tolhe do tradutor a responsabilidade de transportar
significados ou de encontrar correspondentes simétricos entre duas línguas.
Mister se faz ressaltar que, apesar de o tradutor ser mais livre para realizar sua função,
não significa que ele tenha plena liberdade para agir, para fornecer qualquer interpretação,
nem para se apresentar como autor de um texto. Os significados selecionados pelo tradutor
devem se encaixar necessariamente nas convenções de seu tempo e de sua comunidade.
Nessa esteira, é válida a reflexão sobre os valores transmitidos no processo de
tradução na pós-modernidade: “o signo não reflete uma cultura, uma sociedade, mas garante
seus valores e seus significados” (RODRIGUES, 2000a, p.193).
Enfim, a partir de uma
dessacralização do chamado ‘original’ e dos conceitos tradicionais de autoria e leitura, e da
consequente aceitação de que traduzir é inevitavelmente interferir e produzir significados,
num contexto em que se começam a reavaliar as relões tradicionalmente estabelecidas
entre teoria e prática [...] a reflexão sobre tradução sai das margens dos estudos linguísticos,
literários e filoficos [...] e assume um lugar de destaque no pensamento contemporâneo
filiado à pós-modernidade. (ARROJO, 1996, p. 62)
Em nossa tese, a tradução está envolvida na apresentação da amostragem dos verbetes
de unidades lexicais referentes ao universo erógeno, propondo equivalentes para as unidades
6
translation is in fact a form of meaning production (ARROJO, 1995, p. 31).
33
escolhidas. Diante dessa proposição, temos de assumir uma das correntes acima comentadas.
Optamos por fazer uma união de ambas, se assim pudermos considerar. Isso porque
acreditamos que adotar apenas uma visão sobre a tradução seria menosprezar o que cada uma
tem a oferecer ao nosso entendimento. Ao selecionar as possíveis traduções das unidades
lexicais encontradas, mantemos em mente que um dicionário não é capaz de abarcar todo o
tema que se propõe suprir e que os significados que possa trazer não o estáveis nem fixos.
Xatara, Riva e Rios (2002) relatam que não é possível definir, ao certo, um equivalente em
língua estrangeira e nem afirmar que seu uso é idêntico nas línguas estudadas, porém, pode-se
estabelecer alguma correspondência entre eles e dicionarizá-los.
As unidades lexicais representam diferentes culturas, assim, o contexto cultural de
duas línguas deve ser conhecido no momento da tradução e é necessário empregar
equivalentes que sejam os mais próximos possíveis da cultura em questão. “A esfera
sentica de uma palavra numa língua não é nunca completamente idêntica à esfera
sentica de uma palavra similar em uma outra língua”
7
(NIDA, 1945 apud REY, 1970, p.
266).
Cumpre comentar que as denominações de uma língua frequentemente não dispõem
de equivalência exata em outras línguas devido ao fato de se basearem em maneiras distintas
de estruturar a experiência do mundo, ou seja, realidades extralinguísticas também interferem
na realização de uma tradução.
Defronte ao exposto, acreditamos que “é verdade que o é possível determinar com
exatidão qual o significado único e preciso de um determinado texto, nem tampouco
identificar um tal significado com a intenção consciente do autor” (BRITTO, 2003, p. 45),
assumindo, assim, uma das afirmões da s-modernidade. Biderman (2001) reforça que não
existem unidades léxicas que possam ser consideradas equivalentes totais, isto devido à
7
La sphère mantique d’un mot dans une langue n’est jamais complètament identique à la sphère sémantique
d’un mot similaire dans une autre langue” (NIDA, 1945, p.194-208 apud REY, 1970, p. 266).
34
riqueza e flexibilidade da língua nos variados usos, sejam eles afetivos, sociais, gíricos ou
vulgares, sobretudo traduzindo itens linguísticos com valor conotativo alto, como no caso dos
palaves. Deve-se considerar impossível uma tradução totalmente equivalente. Segundo Fo
(2007) a utilização e o peso das vulgaridades mudam de valor e de significado quando se
alteram as fronteiras das províncias italianas. Tudo depende das origens culturais e históricas
da comunidade envolvida, dos diferentes hábitos, das tradições morais e religiosas. Desta
feita, o tradutor precisa estar consciente das perdas que comportará o processo tradutório e
deve, por isso, fazer uma análise profunda dos conteúdos para poder escolher o que deverá ser
sacrificado.
Sustentamos, contudo, que para a tradução de alguns textos, para fins práticos, se
pode oferecer resultados se forem adotados alguns pressupostos (como o uso ponderado de
noções de equivalência), que embora possam não pertencer à realidade, são fundamentais. Ao
descrever uma unidade lexical em um dicionário, então, almejamos uma pretensa estabilidade
e fixidez de significado, agindo como se as traduções sugeridas fossem equivalentes do
original e pudessem substituí-lo.
Afirmamos com Britto (2003, p. 48) que a crítica desconstrutivista nos leva a repensar
vários conceitos. Todavia, não se pode descartar alguns deles, por exemplo, os conceitos de
significado, de original e de equivalência, que o pressupostos da prática de inúmeras áreas,
ainda que sejam problemáticos.
Biderman (2001) confere exatidão ao conceito de tradução que adotamos, constatando
que no discurso dos dicionários, caso não existisse essa fictícia possibilidade de equivalência,
eles não existiriam.
É com este embasamento acerca da possibilidade de tradução dos itens lexicais
erógenos, na passagem da língua italiana para a portuguesa que realizamos nossa pesquisa e a
amostragem de nosso dicionário.
35
chiappepauxoxotapottacazzopompel
merolodefumonascondigliofavepopô
vergabalagandãsnatichebustoxererec
atroiapintociuccepeitaçoburacouccell
oneculettovelabuzunfãgemellinetagli
ofognarachasalsicciacaixatroncosgna
ccheracanaltetascanecoportabagaglio
rifiziopiselloleiteriagrutacharutogeni
talibundagrãoscanomammellepombi
nhaastuccioderetanoairbagpirulitora
biosquemamõesbuchettocegobasoc
entrocroacamarteloballebucetaantro
melanciascubernardasederependenti
cabeludaculobisaccebagosfedegosofe
dorentoscrotolenhatopacadeirasforn
ochiappepauxoxotapottacazzopompe
lmerolodefumonascondigliofavepopô
CAPÍTULO 2:
ABORDAGEM
SOCIOCULTURAL DO
LÉXICO ERÓTICO-
OBSCENO
36
2. ABORDAGEM SOCIOCULTURAL DO LÉXICO ERÓTICO-OBSCENO
Para principiarmos nosso estudo a respeito dos aspectos socioculturais do emprego do
léxico referente às zonas erógenas, enfatizamos que as línguas humanas são mais do que
simples instrumentos de comunicação. Elas são capazes de refletir a cultura daqueles que a
usam, mas, além disso, compõem a cultura de um povo: são mecanismos de identidade. “Um
povo se individualiza, se afirma e é identificado em função de sua língua(SCHERRE, 2005,
p. 10). A língua é, pois, um fenômeno social: pode ser considerada produto de uma cultura e
também uma parte dessa cultura. Ressaltamos que é, outrossim, por meio da linguagem que o
indivíduo adquire a cultura de sua comunidade; ele consegue com ela instruir-se, educar-se e
lisonjear. Dentro do âmbito de nossa pesquisa podemos acrescentar que a língua é usada para
insultar e para expressar as atitudes, as concepções sexuais e os valores morais de uma
determinada sociedade. É oportuno esclarecer que concebemos por comunidade linguística
um grupo social que compartilha determinadas características linguísticas (BERRUTO, 2005).
2.1. ASPECTOS SOCIAIS
A linguagem é, segundo Coseriu (1977), um fenômeno social, pois é produzida em
sociedade e é determinada socialmente. A língua é, desse modo, um importante símbolo da
identidade de um grupo, e no comportamento linguístico dessa comunidade se reflete a busca
de aprovação social por parte de outros grupos ou a acentuação de diferenças.
Em virtude dessa ponderação, neste capítulo entraremos em contato com a
Sociolinguística um campo das ciências da linguagem que se dedica às dimensões sociais da
língua e do comportamento linguístico, ou seja, os fenômenos linguísticos que têm relevância
ou significado social. A Sociolinguística atua entre os limites da língua e da sociedade,
ressaltando os empregos e usos concretos da língua (MOLLICA, 1992). Seu foco compreende
os fenômenos linguísticos vistos sob a ótica da dimensão social (BERRUTO, 2005), mas vai
37
mais adiante: “A Sociolinguística focaliza como objeto de estudo exatamente a variação,
entendendo-a como um princípio geral e universal das línguas, passível de ser descrita e
analisada” (MOLLICA, 1992, p. 13-14).
Nas mensagens transmitidas, a ngua desempenha um papel preponderante por ser
através dela que o contato com o mundo é atualizado, funcionando como um elemento de
interação entre o indivíduo e a sociedade em que se insere. Para Leite (2003, p. 28):
Angua engloba a sociedade de todos os lados e a contém em seu aparelho conceitual, mas ao
mesmo tempo, em virtude de um poder distinto, ela configura a sociedade instaurando aquilo
que se poderia chamar o semantismo social. (...) O vocabulário fornece aqui uma matéria
muito abundante, de que se servem historiadores da sociedade e da cultura. (LEITE, 2003, p.
28)
Na língua o léxico é o item por excelência capaz de manifestar as relações de ordem
econômica, social e política que existem entre as diversas classes sociais, designando o
conjunto das palavras por meio das quais os membros de uma comunidade linguística se
comunicam entre si. Conforme Ortíz Alvarez (2004), o xico “é reflexo da vida sócio-
econômico-cultural desse povo, é resultado da sua história, de seus contatos, da correlação de
forças entre os diferentes países numa dada época e, portanto, contém a cristalização de sua
vida material e espiritual”. Com efeito:
o estudo das relações e das estruturas do léxico é um domínio privilegiado para descobrir as
interações entre o sistema formal da língua e a atividade humana que a torna possível, a
linguagem. Essa atividade é exercida dentro do tempo, do espaço e da sociedade pelo
fenômeno geral que é a comunicação.
8
(REY, 1970, p. 149)
8
l’étude des relations et des structures du lexique est un domaine privilégpour couvrir les interactions
entre le système formel de la langue et lactivité humaine qui la rend possible, le langage. Cette activité s’exerce
dans le temps, l’espace et la société, par le phénomène général qu’est la communication (REY, 1970, p. 149).
38
O léxico é então um fato social, submetido à sociedade. Desta feita, é mutante, dúctil e
está em contínua evolução. O léxico erótico-obsceno relativo aos nomes atribuídos à vulva, ao
pênis, às nádegas, ao ânus, aos testículos e aos seios que abordamos aqui se define tanto por
seu uso quanto por seu conteúdo, visto que apresenta uma duplicidade de sentidos fornecida
pelas metáforas – a serem perscrutadas adiante.
De acordo com alguns estudos sociolinguísticos, esse tipo de item lexical é concebido
como uma variante popular, ou melhor, vulgar. Sucintamente, podemos dizer que as variações
linguísticas estão divididas entre a norma culta e a norma popular culta é aquela de maior
prestígio social, isto é, a que se impõe como marca dos falantes com maior grau de
escolaridade, e a popular e vulgar, seu inverso. Embora tal afirmação seja de grande valia e
ainda muito pertinente, o prestígio das variantes linguísticas depende também do contexto em
que o empregadas. Pode-se dizer que “o contrário de prestígio é o estigma, quer dizer, a
marca social que pode alcançar as características ou propriedades desagradáveis, não aceitas
socialmente e, portanto, submetidas à sanção negativa”
9
(BERRUTO, 2005, p. 89).
Conforme visto, o léxico é o componente linguístico mais suscetível a variações e
transformões, no qual surgem novas palavras a todo momento e outras podem se tornar
obsoletas. Nesse processo, em consonância com Preti (2003, p. 55), “(...) vocábulos que se
ligam a certos grupos ou atividades específicos, passam a se vulgarizar, entrando para a
linguagem comum”. Com efeito, notamos a vulgarização de certos itens léxicos considerados
de baixo prestígio social, como as gírias das quais surgem os mais atualizados palaves
(TARTAMELLA, 2006) – e o léxico obsceno, que podem adentrar na linguagem dos falantes
em geral, encaixando-se em outros níveis de prestígio social. Concernente a este último,
entendemos uma valoração social positiva, ou seja, a propriedade de ser digna de imitação,
por ser positivamente avaliada, na base da alta escala social. O prestígio ou o estigma não são,
9
il contrario di prestigio è lo stigma, vale a dire il marchio sociale che può colpire caratteristiche o proprietà
sfavorevoli, non accettate socialmente e quindi sottoposte a sanzione negativa (BERRUTO, 2005, p. 89).
39
portanto, propriedades objetivas, mas dependem da avaliação de certas características sociais
ou pessoais que membros de uma comunidade consideram particularmente desejáveis ou
indesejáveis em termos de sucesso, riqueza, imagem ou estilo de vida. Por isso podem ser
criadas outras normas linguísticas subjetivas, por meio das quais se estabelecem critérios de
aceitabilidade social da linguagem (BERRUTO, 2005).
Nessa esteira, concordamos com o fato de que em certos casos, como o da linguagem
proibida, as perspectivas têm-se alterado tão rapidamente que a nossa própria atitude de
pesquisador e de falante deve estar preparada para vencer os preconceitos contra os
antivalores culturais que esse tipo de unidade lexical representa, devendo admitir uma
profunda alteração de seu prestígio e uso nas situações linguísticas da vida contemponea.
A desmistificação do sexo, ainda que parcial e lenta, refletiu-se no maior emprego da
linguagem obscena, em que lexias de baixo prestígio social foram absorvidas, de certa
maneira, ao discurso culto e prestigiado, via oral ou escrita pelos meios de comunicação de
massa, prenunciando que o léxico erótico e os palaves em geral estão cada dia mais
presentes nos recursos afetivos da língua. Eles dispõem hoje de um trânsito relativamente
normal e com aceitabilidade social em diálogos do cinema, em filmes e conversas informais.
Deve-se atentar não somente para o contexto histórico-social, que percorre a vida das
palavras, mas igualmente à expectativa do falante em relação ao que diz, assim como à do
ouvinte.
Vemos, então, que, em certas situações de comunicação, vocábulos cultos (ou seja,
pertencentes à variante de maior prestígio social) revelam-se de baixo prestígio, são
confundidos acom injúrias; enquanto em outras situações, palavras de fundo injurioso são
consideradas absolutamente necessárias para a interação e, portanto, revelam-se de maior
prestígio na prática social. (PRETI, 2003, p. 66, grifos do autor)
40
Acerca do afrouxamento das questões morais tem-se que “as diversas aberturas do
comportamento social, sobretudo o relaxamento de normas de conduta moral, favorecem a
expansão dos chulismos”, como atesta Borba (2003, p. 138).
O item lexical de carga semântica erótico-obscena ou palavrão também é associado a
uma afronta, desacato ou ultraje. “O grau de ofensa expresso pelo insulto depende da
intimidade das pessoas implicadas, do nível de educação e traquejo social, das circunstâncias
em que se dá o discurso” (BORBA, 2003, p. 32). A utilização de palavras obscenas depende
do grau de emotividade que se quer comunicar. Para muitos, alguns itens desse xico
perderam a carga semântica insultante que possuíam; constata-se que ainda há preconceito em
relação ao emprego do palavrão, contudo, a cada dia em menor escala.
(...) os meios de comunicação de massa (em especial, os jornais) têm rompido com os critérios
de aceitabilidade social da linguagem, começando pela própria gíria (presente até nas
manchetes) e pelos termos chulos (aliviados de sua carga semântica obscena pela repetição
diária na língua oral), o que vem revelar que os redatores de jornal já se afastaram, sob muitos
aspectos, das formas puristas que se defasaram e, hoje constituem índice inequívoco de
intolerância e reação à liberdade de expressão. (PRETI, 2004, p. 19)
Muitos dos palaves ou de qualquer item ligado às zonas erógenas nãoo aceitos em
todos os contextos, mas entre amigos, familiares e em relacionamentos amorosos, encontra-se
um emprego que assinala intimidade e familiaridade. Ou melhor, em meio à própria família
não se adotaria palavrões sem restrições morais se os pais não o permitissem, mas sim entre
amigos. Ademais, quando em ambientes íntimos, segundo Tartamella (2006), não
referência, na verdade, a um conteúdo ofensivo de insulto, o palavrão é simplesmente um
registro que marca liberdade, além de ser um meio eficaz de despertar a atenção do receptor.
O palavrão tende, em função do uso indiscriminado, a perder sua força enfática (PAES,
1996). Por ser o palavrão socialmente condenado, muitos se unem para denunciá-lo, porém,
41
na vida privada têm uma visão muito diferente de seu uso, ocultando que o empregam em
situação de choque físico, por exemplo, quando se bate um dos dedos do pé, segundo
Montagu (2001, p. 73). De fato:
O aspecto agressivo e, por consequência, frequentemente ‘purgativoda gíria e também da
linguagem obscena pode, no entanto, perder-se pelo emprego abusivo. Nesse sentido, certos
vocábulos empregados apenas em registro coloquial acabam em determinadas situações por
ganhar coloração afetiva e carinhosa. (PRETI, 1984, p. 5)
Para considerarmos um item léxico que aborda as zonas erógenas como sendo um
palavrão, isto é, para se estabelecer uma expressão como insulto ou chulismo, devemos
refletir, primeiramente, se há ou não a vontade de se constranger alguém e o tipo de entonação
empregado, ou seja, com qual inflexão de voz é (ou foi) dita, ou se há (ou houve)
simplesmente o desabafo de uma emoção naquela comunicação. o unidades que deixam
ruborizadas, escandalizadas ou exaltadas as pessoas que as proferem ou a quem são dirigidas.
Os palaves podem ser definidos também como injúrias, que são, por definição, um atentado
a outrem, uma ofensa. Vale frisar que “aquele que lançou uma palavra de inria em lugar de
flechas contra o inimigo foi o fundador da civilização; a palavra é então o substituto do ato e,
sob certas condições, o substituto único” (FREUD, 1971, p. 22 apud OLIVEIRA, 2002, p.
24).
Concernente à classe social que usa esse léxico, pode-se dizer que o alívio que
propicia a verbalização de insatisfações sociais para alguns falantes permite que sejam
extrapolados os limites da classe baixa. De acordo com Preti (2003), é fantasioso creditar esse
uso às classes econômicas mais baixas. De fato, a apreciação da obscenidade e do erotismo
foi objeto de classes nobres, desde a época dos romanos, com os poetas eróticos latinos. Nos
42
dias de hoje, a sociedade moderna, com a rápida transformação dos costumes, tem sido mais
generosa à liberação desse tipo de unidade léxica.
A linguagem obscena
tornou-se, dentro do novo contexto, um índice relevante da teno social, dos conflitos de
classe. (...) Aliás, a ligação que sempre se fez entre as classes ‘baixas’ e a linguagem ‘baixa’
coma hoje a sofrer certas restrições, pois em certos grupos cultos da sociedade moderna esse
tipo de linguagem chega a ter prestígio, revelando atitude informal, até certo ponto desejada
em determinadas situações. (PRETI, 1984, p. 28, grifos do autor).
Concernente à escolaridade, o ambiente em que o falante vive é condição fundamental
para a aquisição de novos hábitos linguísticos, independente do grau de aprendizagem.
Portanto, ainda que seja intensa a influência do nível de escolaridade, acreditamos, com base
em nossas leituras, que há, na verdade, maior predomínio do meio do que dos anos passados
diante dos livros e dentro das instituições escolares.
Sobre a faixa etária que faz uso do léxico erógeno podemos ressaltar que certas
preferências pelo emprego de determinadas unidades lexicais pelas crianças, pelos jovens e
pelos adultos. Destarte, na conversa de um adulto com uma criança tende a recorrer a
determinadas lexias, menos obscenas; na conversa entre crianças há outras escolhas, também
mais pudicas. Em relação às crianças, ressalvamos que há maior pudor concernente ao sexo e
a repressão se revela mais claramente, isto pois, de acordo com Foucault (1988, p. 10), as
crianças, sabe-se muito bem, não têm sexo: boa razão para interditá-lo, razão para proibi-las
de falarem dele, razão para fechar os olhos e tapar os ouvidos onde quer que venham a
manifestá-lo, razão para impor um silêncio geral e aplicado.
entre jovens adolescentes de idades coincidentes prefere-se usar unidades mais
obscenas, assim como entre os adultos. Para os adolescentes ao contrário, os palavrões são
um instrumento importante de auto-afirmação, uma maneira de dizer: ‘eu sou diferente de
43
todos vocês’”
10
(TARTAMELLA, 2008, s/p.). O que ocorre é que aprendemos quando se é
criança que certas unidades são feias, sujas, de uso indevido.
Em relação ao sexo dos falantes, Paiva (1992, p. 72) apresenta que “a interação entre
sexo e idade revela que as diferenças linguísticas entre homens e mulheres são maiores nas
faixas etárias mais avançadas. Nas faixas etárias mais jovens, essas diferenças são menos
evidentes ou, mesmo, inexistentes”. uma maior sensibilidade das mulheres ao emprego de
formas de prestígio. Elas são mais conservadoras, enquanto os homens tendem a usar
variantes menos valorizadas (BERRUTO, 2005).
Diante disso, saber uma língua, do ponto de vista sociolinguístico, significa nãoter
a capacidade de produzir frases gramaticalmente bem formadas, mas também ter condições de
usá-las de maneira apropriada às situações; e é claro que usar apropriadamente uma língua é
uma habilidade muito complexa, que requer a ativação de muitos complementos (BERRUTO,
2005).
Conforme Gnerre (1985, p. 4), “todo ser humano tem que agir verbalmente de acordo
com tais regras, isto é, tem que ‘saber’: a) quando pode falar e quando não pode, b) que tipo
de conteúdos referenciais lhe são consentidos, c) que tipo de variante linguística é oportuno
que seja usada”. Saber falar ou escrever uma ngua implica não só conhecer seu léxico e sua
gramática, mas também saber escolher e usar a variedade mais adequada a uma situação
específica a prestigiada ou a estigmatizada –, conhecer as regras de interação, saber quais
o as normas da sociedade e da cultura em que se encaixa um certo discurso.
A assertiva acima nos impulsiona a examinar com mais detalhes o que são as normas
culturais de uma sociedade. Singremos esse argumento nas reflexões a seguir.
10
Per gli adolescenti, invece, le parolacce sono uno strumento importante di autoaffermazione, un modo per
dire: ‘Io sono diverso da tutti quanti voi’” (TARTAMELLA, 2008 s/p.).
44
2.2. ASPECTOS CULTURAIS
Introduzimos nossos pensamentos acerca do aspecto cultural do emprego de itens
léxicos de carga semântica erótico-obscena com a seguinte ponderação:
Mesmo nos situando num ponto de vista teórico, podemos, me parece, afirmar que deve existir
qualquer relação entre linguagem e cultura. Ambas levaram milênios para se desenvolver, e
esta evolução se desenrolou paralelamente nos espíritos dos homens. [...] No ponto em que
nos encontramos, podemos nos limitar aos casos privilegiados nos quais a ngua e a cultura
evoluíram concomitantemente durante certo tempo, sem intervenção acentuada de fatores
externos. (LÉVI-STRAUSS, 1996, p. 89)
Segundo Carvalho (2007), conhecer uma cultura seria precisamente conhecer uma
língua e descrever uma cultura seria a descrição de uma ngua, mas não se pode ao certo
precisar se a cultura determina a língua ou se é a língua que determina a cultura. Segundo a
tese de Sapir-Whorf uma existência simulnea entre ambas, de modo que se condicionam
mutuamente. Desse modo, a língua seria entendida por sua relação com as práticas discursivas
que formam a cultura e cujas práticas, por sua vez, ocorreriam por meio da interação entre
indivíduos. A língua projeta sobre o mundo uma sombra, à qual se atribui o nome de visão de
mundo (BIZZOCCHI, 2007). Em virtude disso, pode-se aferir que cada língua representa uma
cultura e, portanto, uma visão particular de mundo.
O mesmo se daria com o processo de socialização: “que pode ser entendido como
fruto da cultura e de sua história, o que significa que varia historicamente dentro da mesma
cultura e em culturas diferentes” (CROCHÍK, 2006, p. 13). Isso porque a língua é a expressão
da natureza humana, o que equivale a dizer que o homem, ao contrário de outras espécies do
planeta, é um ser cultural. “A cultura, a principal característica humana, desenvolveu-se
simultaneamente com o equipamento fisiológico do homem” (LARAIA, 2002, p. 66). O
45
homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. É o herdeiro de um longo
processo acumulativo, que exterioriza o conhecimento e a experiência adquiridos por seus
antepassados. A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as
inovações e as invenções. Percebe-se que
toda a experiência de um indivíduo é transmitida aos demais, criando assim um interminável
processo de acumulação. Assim sendo, a comunicação é um processo cultural. Mais
explicitamente, a linguagem humana é um produto da cultura, mas o existiria cultura se o
homem o tivesse a possibilidade de desenvolver um sistema articulado de comunicação
oral. (LARAIA, 2002, p. 52)
A noção de cultura suscita abundantes trabalhos, designando as maneiras de viver,
sentir e pensar próprias de um grupo social (MATTELART; NEVEU, 2004) ou, por outro
lado, num sentido mais estrito, indicando as atividades específicas do ser humano que
pressupõem um aprendizado específico e que produzem um acervo de conhecimentos
transmissíveis entre gerações (BIZZOCCHI, 1996). A cultura pode ser vista como uma lente
através da qual o homem enxerga o mundo. Homens de culturas diferentes tendem a usar
lentes diversas e, assim, têm visões distintas das coisas.
Logo, pensamos e compreendemos o mundo segundo as categorias de nossa própria
língua. “Pode-se entender o fato de que indivíduos de culturas diferentes podem ser
facilmente identificados por uma série de características, tais como o modo de agir, vestir,
caminhar, comer, sem mencionar a evidência das diferenças linguísticas, o fato de mais
imediata observação empírica” (LARAIA, 2002, p. 68).
O contratempo que surge dessa forma de o homem se estruturar socialmente é o fato
de que ele pode se fechar em sua própria visão de mundo e não saber tolerar outras línguas e,
consequentemente, outras culturas. Ademais,o costume de discriminar os que são diferentes,
46
porque pertencem a outro grupo, pode ser encontrado mesmo dentro de uma sociedade”
(LARAIA, 2002, p. 74).
Lane afirma que:as palavras, através dos significados atribuídos por um grupo social,
por uma cultura, determinam uma visão de mundo, um sistema de valores e,
consequentemente, ações, sentimentos e emoções decorrentes (LANE, 1985, p. 9). No
léxico, esse modo de o homem enxergar o mundo a sua volta é mais evidente. Aclara-se, pois,
que léxico e cultura estão intimamente ligados.
As atitudes e os comportamentos sexuais são igualmente representados por certas
lexias ou, mais especificamente, pelos sinônimos proferidos. A sexualidade é uma
preocupação individual, uma questão que merece uma investigação histórica e sociológica. O
sexo, assim como a sexualidade são socialmente construídos e organizados por uma variedade
de linguagem que busca dizer o que pode e o que não deve ser expresso, a que chamamos de
linguagem proibida. A sexualidade é, pois, produto da linguagem e de um processo cultural.
De acordo com a pesquisa de Braga e Ribeiro (2008) na área de educação sexual – que
enriquece e se coaduna perfeitamente com os objetivos de nossa tese , a relação da
linguagem com as atitudes e os comportamentos sexuais na cultura brasileira se verifica pela
expressão por meio de unidades lexicais, as quais, por sua vez, poderiam representar a
intensidade da repressão sexual nas regiões brasileiras. Os referidos autores fazem uma
análise das atitudes e dos comportamentos sexuais a partir dos sinônimos dados à genitália
masculina e à feminina.
Braga e Ribeiro (2008) se indagam como se apresenta essa verbalização a partir da
revolução sexual dos anos 60 do século XX, procurando decifrar como os itens léxicos
empregados como sinônimos dos órgãos em análise expressavam a sexualidade ou as práticas
e atitudes sexuais. E questionam o motivo de ser adotado um grande número de sinônimos.
47
Outro item importante ao qual se atêm os pesquisadores é a percepção do aspecto de
irreverência inserido nos sinônimos expressos, marcando uma contradição em relação ao que
é considerado oficial.
Tamm é importante pontuar que não existem sinônimos perfeitos, mas que os sentidos
apenas se aproximam, dentro de determinados contextos, ainda mais em se tratando de buscar
equivalência entre um vocábulo formal da língua e seus correspondentes na linguagem
informal. A sexualidade e o sexo, que tanto foram e ainda são reprimidos, mostram-se, então,
também a partir das palavras. Palavras que usamos para designar objetos, ações, pessoas,
expressões diversas e, entre elas, as denominações daquilo que consideramos as partes genitais
do corpo e algumas práticas sexuais. (BRAGA; RIBEIRO, p. 3, 2008)
Para os autores supracitados, as unidades léxicas atualmente atestam uma forma de
comportamento, o qual, em conjunto com a língua, o produtos da educação numa certa
cultura. Logo, o uso de lexias diversas para os nomes dados a algumas atitudes e partes do
corpo com conotação sexual sempre foi motivo de controvérsias, não somente em relação ao
pênis e à vulva estudados pelos autores comentados, mas também aqueles referentes às
nádegas, ao ânus, aos testículos e aos seios, examinados por nós nesta tese. A partir do
momento em que nascemos, recebemos uma influência social que assinalanossa maneira de
ver o mundo e de estar nele. Com a linguagem aprendemos a dividir o universo em que nos
inserimos em categorias. As unidades léxicas denominam as coisas, mas também fazem com
que as agrupemos de uma determinada maneira em nosso pensamento. Elas classificam o
nosso universo. Entretanto, tal fato depende dos interesses de cada sociedade, que diferem
entre si, seja em determinados momentos históricos, contextos sociais, econômicos e
culturais.
De fato, as pessoas abandonam um certo tipo de linguagem e escolhem outra, não pelo
fato de a primeira soar falsa e a segunda, verdadeira, mas pelo motivo de a primeira parecer
inadequada e a segunda mais conveniente, dependendo de sua valoração, que é moldada
socialmente. É o que se confirma com os inúmeros sinônimos presentes neste trabalho e na
48
pesquisa de Braga e Ribeiro (2008): alguns são adequados para certas pessoas e situações,
porém, outros inoportunos, ora aceitos publicamente, ora evitados. Sublinhamos que diversas
unidades lexicais carregam consigo um juízo de valor concernente a seu uso.
Usar expreses simbólicas, ou melhor, itens lexicais erótico-obscenos para assuntos
ou práticas ligadas à sexualidade tende a desordenar e incomodar o que é socialmente
desejável, porque ameaçam as normas estabelecidas por uma certa ordem cultural (BRAGA;
RIBEIRO, 2008), e dela precisam ser excluídos.
Em conformidade com o que descrevemos em outros momentos deste trabalho, na
verdade, existe um temor veemente de adotar certas lexias, seja pelo que possam atrair na
memória ou pelo medo da imitação, seja pelo pudor social. Por essa razão, parece haver a
necessidade de ser mais prudente e de modificar a linguagem, como garantia de proteção
psíquica e até social, para que possa ser mais bem aceita socialmente, como também para
interiorizar uma maior tranquilidade. Proferir uma obscenidade pode ser censurado por
apresentar algo não recomendável. Em contextos sociais públicos, nem tudo pode ser
proferido. Logo, empregar diversos sinônimos referentes aos órgãos que examinamos, torna-
se indispensável na proporção em que as pessoas precisam adotar expressões verbais para se
manifestarem sobre o tema.
Segundo Ussel (1980 apud BRAGA; RIBEIRO, 2008) a presença de diversos
sinônimos para nomear as partes genitais ocorria desde a Antiguidade, época em que não seria
adequado o emprego da terminologia científica (pênis, glande, vulva, útero), porém,
simplesmente a expressão órgão da procriação” para os homens e mulheres, o que evidencia
a repressão sexual desde os mais remotos períodos.
Hodiernamente, um indício da ainda presente represo sexual apesar da revolução
ocorrida no século XX e do maior abrandamento das censuras é especificamente a
permanência dos tabus atinentes aos nomes dos órgãos sexuais, mencionados em diversas
49
seções desta tese. A relutância que incontáveis falantes demonstram em verbalizar itens de
caráter sexual, com resistências e desinformão, denotam assim uma repressão sexual.
Embora a sexualidade esteja presente em todas as etapas do desenvolvimento humano,
é um argumento quase sempre silenciado. Por um lado, é fonte de prazer e, por outra senda,
vem a ser o alvo preponderante de ataques e censuras: “O que é próprio das sociedades
modernas o é o terem condenado o sexo a permanecer na obscuridade, mas sim o terem-se
devotado a falar dele sempre, valorizando-o como o segredo” (FOUCAULT, 1988, p. 36,
grifo do autor). A essa necessidade de ocultação e às investidas contra tudo o que se refere à
sexualidade atribui-se o nome de repressão sexual. Esse mecanismo é tão antigo quanto a vida
humana, mas o estudo do seu sentido, de suas variações no tempo e no espaço é um estudo
relativamente novo. De acordo com Chaui (1984), pode-se asseverar que a repressão sexual se
vincula a um conjunto de valores, regras estabelecidas histórico-culturalmente para conter a
prática da sexualidade, visto que o sexo é concebido pela sociedade ocidental como algo
impregnado de perigos. Quanto mais se conseguir ocultar, dissimular e disfarçar o caráter
sexual do que está sendo reprimido, mais eficaz é a repressão.
Verifica-se, consoante com o apresentado acima, que uma das características do ser
humano é a possibilidade de utilizar-se da linguagem para expressar e comunicar seus
pensamentos e suas emoções. No entanto, por vezes, o ser humano esbarra em preconceitos e
tabus que limitam ou modificam a sua linguagem. Um argumento recorrente entre os tabus é o
sexo. Parte daquilo que falamos no dia-a-dia é expressão de juízos sexuais e da forma como
dada cultura encara a sexualidade” (PEREIRA JR., 2006, p. 4). O estudo da linguagem
proibida – nosso objeto – não só permite uma análise da relação entre angua e o falante, mas
também um aprofundamento de ordem sociológica. O seguinte pensamento revela a repressão
em relação ao sexo e à sua nomeação: “No espaço social, como no coração de cada moradia,
um único lugar de sexualidade reconhecida, mas utilitário e fecundo: o quarto dos pais. Ao
50
que sobra só resta encobrir-se, o decoro das atitudes esconde os corpos, a decência das
palavras limpa os discursos” (FOUCAULT, 1988, p. 10, grifos nossos).
Diante da citação acima, vemos que entre as lexias tabuizadas encontramos não o
sexo, como também os nomes referentes aos órgãos envolvidos nele. Para desviar-se da
unidade condenável torna-se mais fácil substituí-la, expressá-la de forma indireta e
metafórica, conforme Coseriu (1977, p. 90). É nessa esteira em que o léxico concernente à
vulva, ao pênis, às nádegas, ao ânus, aos testículos e aos seios aparece como manifestação
sociocultural em diversas situações. Vulva, por exemplo, é a unidade léxica precisa para
nomear o órgão sexual feminino, mas muitos se escandalizam com sua menção pública. Para
um linguista não há itens tabus, mas, do ponto de vista sociolinguístico, deve-se admitir que
indicam um certo grau de informalidade, como exposto. Todavia, como pesquisadores da
linguagem humana, cremos que deva haver um movimento em nossa cultura de combater o
medo ao desconhecido, um esforço contra o preconceito.
Vejamos a seguir a concepção de preconceito e qual sua relação com nosso tema de
estudo.
2.3. PRECONCEITO
Conforme se nota do que até agora postulamos, o item lexical é um meio privilegiado
de expressão dos seres humanos, na medida em que, por seu intermédio, os impulsos que
atravessam o sujeito podem adquirir uma dimensão de civilização (OLIVEIRA, 2002). Dentre
os impulsos presentes no homem há dois com os quais também podemos nos defrontar
quando examinamos o léxico, em particular o das zonas erógenas: são eles o preconceito e a
intolerância, que permeiam quase toda fala e manifestação em que se emprega esse tipo de
item lexical e que o, ao mesmo tempo, reflexos sociais e culturais. Vejamos o que está
oculto a esse posicionamento.
51
O preconceito e a intolerância linguísticos revelam o comportamento de um falante diante da
linguagem de outro e é, pois, um fato de atitude linguística. Como tudo o que diz respeito à
linguagem, a atitude linguística não pode apenas ser interpretada como um assunto puramente
pertinente ao domínio da ngua. Antes de tudo, como sabemos muito bem, a linguagem é
social, plena de valores, é axiológica e, por meio dela, consciente ou inconscientemente, o
falante mostra a sua ideologia. Por isso, é preciso deixar claro que estudar o preconceito e a
intolerância é ir além de fatos e opiniões que dizem respeito à língua e sua realização. (LEITE,
2008, p. 13-14, grifos do autor)
Compreendemos por preconceito a ideia, a opinião ou o sentimento que pode
influenciar e levar o indivíduo à intolencia, à atitude de não reconhecer e admitir uma
opinião diversa da sua e, por isso, pode vir a reagir com violência ou agressividade em certas
situações. A linguagem, por ser um fenômeno multifacetado e, ao mesmo tempo, singular, é
expressa de maneira diversa de usuário a usuário e entre circunstâncias diferentes. Não
obstante, a atitude dos preconceituosos e dos intolerantes é semelhante e homogênea e
desponta para impor o cumprimento de padrões uniformizadores de uma sociedade em
detrimento de variáveis importantes, como o respeito pela individualidade de um sujeito. Sua
história se resume da seguinte maneira, segundo Crochík:
O preconceito é um fenômeno conhecido há muito tempo, embora seu objeto e o seu conceito
tenham variado historicamente. Assim, no passado significava o juízo fundado em
experiências e em decisões anteriores, mais à frente coincidia com as verdades inatas ou com a
percepção preordenada aos fatos, que possibilitavam o saber. Com o primado da razão e da
experiência em conflito com os dogmas religiosos da Idade Média, os preconceitos foram
adversários do conhecimento quer científico, quer filofico, quer moral, sem que a
necessidade de pré-conceitos pudesse ser eliminada da busca do conhecimento ou da
orientação na vida cotidiana, pois os hábitos são fundamentais para se manter a vida e se
adaptar às normas de convívio social. (CROCHÍK, 2006, p. 30-31)
O preconceito é um tipo de discriminação silenciosa e velada que o indivíduo pode ter
em relação à linguagem do outro: “é um não-gostar, um achar-feio ou achar-errado um uso
52
(ou uma língua), sem a discussão do contrário, daquilo que poderia configurar o que viesse a
ser o bonito ou correto”, segundo Leite (2008, p. 24, grifos do autor). O preconceito é,
ademais, fruto da ignoncia (BAGNO, 2007) pois é um “não-gostar” sem uma explicação
convincente e clara do fato rejeitado. A intolencia, por outra vereda, é explícita pois se
manifesta por um “discurso metalinguístico calcado em dicotomias, em contrários, como, por
exemplo, tradição x modernidade, saber x não-saber e outras congêneres” (LEITE, 2008, p.
25, grifos do autor).
Para se estudar e entender o preconceito é necessário em alguns momentos recorrer a
mais de uma área do saber. Ainda que esse seja um fenômeno também psicológico, o que
conduz o indivíduo a ser ou não ser preconceituoso pode estar em seu processo de
socialização, em que se baseia sua formação como indivíduo. Assim, o processo de
constituição da personalidade de um sujeito está assentado no meio em que vive, ou seja, na
sociedade que lhe impõe determinados preceitos. E é a forma como o meio lhe influenciará
que será responsável por ele desenvolver ou não preconceitos. “Como o preconceito o é
inato, nele está presente a interferência dos processos de socialização, que, como foi dito,
obrigam o indivíduo a se modificar para se adaptar” (CROCHÍK, 2006, p. 18).
Portanto, na transmissão da cultura a outras gerações mais jovens, já estão inseridos
vários preconceitos: as ideias transmitidas devem ser assumidas como próprias sem que haja
disponibilidade de reflexão e sem oportunidade de escolha entre a adesão ou não do que
referenciam e criticam. São conjuntos de opiniões e atitudes que vêm afixados a toda mente
nascida em sociedade.
Um tipo de preconceito muito comum nas sociedades é o preconceito linguístico,
alimentado diariamente em programas televisivos e radiofônicos, em jornais, revistas, livros e
manuais que pretendem instituir o que é certo e errado e no qual se inclui o léxico obsceno
que pesquisamos.
53
As variações dentro de uma mesma língua ocorrem com frequência e são para a
Sociolinguística fatos normais, mas os preconceitos, como se atesta, infundem-se de forma tão
intensa na mentalidade das pessoas, que as atitudes preconceituosas se transformam em
complemento do próprio modo de ser e de ver no mundo. Alguns falantes têm a ilusão de que
a língua praticada é estável. Mas são naturais, a todas as línguas, os fenômenos da variação e
da mudança, e as línguas variam e mudam assim como varia e muda a vida do homem na
sociedade”, de acordo com Leite (2008, p. 57). É necessário um trabalho lento, contínuo e
profundo de conscientização para que se comece a desmascarar os mecanismos perversos que
compõem a mitologia do preconceito. Ocorre quando, por exemplo,
as características da pessoa são estendidas a seus atos ou discurso, mesmo quando a pessoa ou
os atos não forem legítimos. Se a pessoa é elegante, bonita ou ‘fala bem’, isto é, de acordo
com a norma culta, seus atos e discurso (forma ou conteúdo) podem ser julgados a priori
como legítimos, bons e verdadeiros, mesmo não o sendo. E, ao contrário, se for deselegante,
feia e não dominar a norma culta, tudo o que disser pode ser a priori desqualificado,
considerado errado e falso, mesmo não o sendo. (LEITE, 2008, p. 27-28)
Em nome da “boa língua” age-se com injustiça social, muitas vezes humilhando um
indivíduo pela o aceitação de seu pleno domínio de um sistema de comunicação imposto
pela comunidade ao seu redor. A escola e a sociedade comumente fazem associações
perversas entre o domínio de determinadas formas linguísticas e elegância ou deselegância;
entre domínio de determinadas formas linguísticas e competência ou incompetência; entre
domínio de determinadas formas lingsticas e inteligência ou burrice.
Para exemplificar, Leite (2008) sugere algumas situações em que o preconceito
linguístico se faz entrever: quando alguém inteligente é considerado “desinteligente” por usar
linguagem mais popular ou vulgar; quando se concebe que pessoas pobres não têm assuntos
relevantes a tratar ou que elas só o fazem recorrendo a unidades léxicas inapropriadas e que,
54
ao contrário, pessoas ricas têm o que dizer e nunca fazem uso de itens inadequados. Aquele
que usa unidades léxicas erótico-obscenas e palavrões está, quase sempre, inserido entre
aqueles que se expressam com lexias inadequadas, isto é, na norma vulgar. Para Leite (2008,
p. 44): “Como é evidente, não são somente as pessoas menos favorecidas economicamente e
que exercem profissões menos prestigiadas socialmente que dizem bobagens e coisas
engraçadas”.
Não queremos dizer que qualquer manifestação deva ser aceita incondicionalmente.
Pensamos como Bagno (2007, p. 129-130, grifos do autor): “Então vale tudo? Não é bem
assim. Na verdade, em termos de língua, tudo vale alguma coisa, mas esse valor vai depender
de uma série de fatores. Falar gíria vale? Claro que vale: no lugar certo, no contexto
adequado, com as pessoas certas. E usar palavrão? A mesma coisa”.
Usar bem a língua, seja na modalidade oral ou na escrita, é encontrar o ponto de
equilíbrio entre a adequabilidade e a aceitabilidade, como é dito a seguir:
É totalmente inadequado, por exemplo, fazer uma palestra num congresso científico usando
gíria, expressões marcadamente regionais, palavrões etc. A plateia dificilmente aceitará isso. É
claro que se o objetivo do palestrante for precisamente chocar seus ouvintes, aquela linguagem
semuito adequada... Não é adequado que um agrônomo se dirija a um lavrador analfabeto
usando uma terminologia altamente técnica e especializada, a menos que queira não se fazer
entender. Como sempre, tudo vai depender de quem diz o quê, a quem, como, quando, onde,
por quê e visando que efeito... (BAGNO, 2007, p. 130-131)
Levar à reflexão é uma das ações contra o preconceito e é o que pretendemos com este
trabalho.
Para desviar-se da unidade léxica estigmatizada, relativa aos nomes da vulva, do pênis,
das nádegas, do ânus, dos testículos e dos seios, condenáveis em determinados contextos e
objeto de preconceito, o falante opta por substit-la e expressá-la indiretamente por meio de
metáforas e eufemismos. Há, assim, a alteração do significado de alguns itens antes usados
55
sem qualquer caráter sexual. Averiguemos no próximo capítulo como ocorrem essas
mudanças e como se formam as metáforas e os eufemismos do tipo de unidade lexical em
estudo.
2.4. LINGUAGEM PROIBIDA
O tipo de unidade lexical que selecionamos como objeto de estudo aquele referente
às zonas erógenas é considerado uma linguagem proibida por abranger um domínio sobre o
qual se receia falar e que expressa formas estigmatizadas e de baixo prestígio social.
Abordar um tema tão relegado como o sexo e as unidades lexicais que atuam na
nomeação da vulva, do pênis, das degas, do ânus, dos testículos e dos seios é,
primeiramente um desafio pela ausência de obras que versem sobre esse tipo de linguagem e,
em segundo lugar, por conta da sua má reputação social. Entretanto, é um tema interessante e
de acentuada riqueza lexical e cultural. O sexo consome a humanidade há milhares de anos,
todavia o se sabe ao certo qual é o seu impacto num idioma (PEREIRA JR., 2006).
A sexualidade apresenta um ponto de contato importante com a linguagem: em ambas
há a ênfase na relação com o outro. Ela se caracteriza por ser um meio de diálogo, uma
linguagem que expressa sentimentos e ações. Resgatemos a visão que se tinha sobre o sexo no
mundo antigo:
Os habitantes de Atenas,cerca de 2500 anos, adoravam ver representações de sexo e nudez.
As ruas eram decoradas com estátuas de corpos bem definidos. Nas casas, cenas eróticas
enfeitavam vasos. Em procissões, famílias erguiam peças fálicas como se fossem imagens
sagradas, cantando hinos recheados de palavrões cabeludos. (LOPES, 2005, p. 73)
Assim apresenta-se o passado ocidental em relação ao tema; era constante no cotidiano
das antigas civilizações o assunto sexo, sem pudores ou vergonhas. Faziam-se, inclusive,
juramentos com as mãos sobre os órgãos genitais o que assinala o apreço e relevância com
56
que eram vistos, de acordo com Montagu (2001). Com o passar do tempo, o tema deixou de
compor as conversas e manifestações populares, abandonando os diálogos familiares e
eruditos. A Idade Média, com a Inquisição, marcou um período de proibições e de abstenções
referentes ao sexo. Não se aceitava que fosse abordado tal objeto com naturalidade e sem
punições, além de ser considerado pelos médicos maléfico para o organismo (FOUCAULT,
1985).
Devido às interdições em se reportar explicitamente ao sexo e aos órgãos a ele
relacionados, recorreu-se à adoção de outros nomes que pudessem disfarçar esse tipo de
conteúdos em conversas. Segundo Houaiss (2004), o universo verbal das unidades erógenas,
sejam elas eticas e obscenas ou não, passou a funcionar, desse modo, dentro de certas
pressuposições, contextos e direcionamentos específicos dos interlocutores. As lexias
recolhidas nessa tese dependem, na maior parte dos casos, exclusivamente dessa
pressuposição erótica indicada muitas vezes pela metáfora abordada adiante para serem
compreendidas. É o que se nota no item “mamões”, o qual, descontextualizado e desprovido
de qualquer conjetura sexual, pode indicar apenas um fruto ou, por outra senda, referir-se aos
seios. De fato, quando
a pressuposição não é erótica, “máquina-de-fazer-menino” pode nada mais significar do que
isso mesmo, máquina que faz bonecos. Quando a pressuposição entre os interlocutores é
erótica ou afim, é inequívoca a proposta “quero brincar com a sua ‘máquina-de-fazer-menino’,
minha flor” tudo é metáfora, “quero”, brincar”, “máquina”, “boneco”, “flor” e mesmo
“minha”. Rigorosamente falando, para designar o que eruditamente é dito pelo complexo
vulva x vagina, só há uma palavra, que tem raízes populares remotas: é cono; seu uso se atesta,
também, nas origens do francês, con, masculino como em português. É a palavra própria em
italiano, conno. Não sendo de emprego “decente”, desde cedo duas palavras substituíram-nas,
são elas vulva e vagina. Vulva ocorre em latim de forma anterior volva, presuntivamente
conexa com o verbo volvere, por isso, “voltada para dentro de si mesma” o que era
metafórico, embora em português ninguém dê à palavra outro sentido que o de designativo do
sexo feminino na sua parte mais ostensiva. (HOUAISS, 2004, s/p)
57
Não se pode descuidar, no entanto, das circunstâncias contextuais, extralinguísticas,
que particularizam o sentido dessas unidades lexicais. Para compreender as prováveis
intenções do falante em manifestar determinado significado subentendido, oculto, é
necessário que ele e o destinatário compartilhem de pressupostos comuns atinentes ao
conteúdo do enunciado. O leitor/ouvinte do discurso erótico-obsceno este que expressa,
veladamente, uma informação – tem de intervir para entender o significado, preenchendo essa
comunicação lacunar. O significado latente é marcado pelo sema do erotismo. Sema é a
unidade mínima de significação, concretizada em um semema ou seja, um feixe de traços
senticos, que são os semas (apresentados nesta tese entre /barras/).
É profícuo evidenciar que se faz comumente a associação do uso da linguagem
proibida a falantes menos cultos e com menor grau de estudo. Haensch et al (1982) atestam
que a classe social mais elevada não usava expressões populares ou vulgares, ficando tal
emprego exclusivo à população menos abastada. Todavia, percebe-se atualmente que
vocábulos e expressões de baixo prestígio social têm sido absorvidos, de certa maneira, pelo
discurso culto e prestigiado, via oral ou escrita pelos meios de comunicação de massa, fato
que prenuncia que o léxico relativo às zonas erógenas e os palavrões em geral estão cada dia
mais presentes nos recursos afetivos da língua. Tartamella (2006, p. 277) acrescenta que:
os palavrões servem para combater o incômodo dos discursos formais ou a monotonia de
posteriores elaborações. Mas refletem também as relões de poder: quem tem poder pode
dizer palaves, porque não corre risco de consequências sociais; e quem não tem poder
também, porque não nada a perder se o fizer.
11
Enfatizamos que dentro de nosso corpus encontramos itens que se reportam ora ao
aspecto erógeno, porque provoca ou estimula a associação ao sexo; ora ao erótico, ou seja, ao
11
Le parolacce servono a combattere il disagio dei discorsi formali o la noia di ulteriori elaborazioni. Ma
riflettono anche i rapporti di poter: chi ha potere può dire parolacce, perché non rischia conseguenze sociali; e
chi non ha potere pure, perché non ha nulla da perdere se lo fa(TARTAMELLA, 2006 p. 277).
58
sexo em si, e ora ao obsceno, que se refere ao que é considerado indecente, imoral, grosseiro
ou chulo.
Quando se usa esse léxico, provocam-se, de imediato, duas reações diferentes na
sociedade: uma de crítica porque infringe os padrões linguísticos; e outra de curiosidade, visto
que qualquer reação às regras sociais em vigor causa surpresa. Em geral, a lexia erógena, ou
palavrão, é utilizada pelos falantes para expressar insulto ou para mascarar o nome de algum
órgão sexual a fim de evitar a terminologia anatômica oficial. Os palavrões são unidades
léxicas disparadas, carregadas de potência proibida, repletas de explosivos: projéteis verbais,
de acordo com Montagu (1942 apud Tartamella, 2006). Por isso mesmo deixa de ser
exclusivo de uma classe social somente. Esse tipo de emprego vocabular é visto também
como elemento catártico para aliviar a tensão social, abarcando todos os níveis da
comunidade. Hoje, portanto, são menos intensas essas diferenciações entre uso e classe social,
mas não ausentes.
Salientamos que em nosso trabalho palavrão” é aquele item que ultrapassa o limite da
considerada boa decência e da moralidade, por isso algumas das lexias referentes ao sexo que
pesquisamos também podem ser classificadas como palaves. De acordo com Bona (2008, p.
21), podemos, então, definir como palavrão um item que não é aceito pelas conveões
sociais, cuja utilização em público é sancionável”.
12
Para Calvino (2009, p. 366), “nos
discursos que são feitos atualmente sobre as palavras obscenas, parece-me que se esquece de
uma coisa: a tradição de desprezo pelo sexo que expressões populares carregam, por isso as
denominações dos órgãos sexuais são usados como insulto”.
13
No entanto, vemos que essa rejeição aos palavrões não se harmoniza com o seu
intenso uso. Em seu dicionário, Maior (1980, p. XIII, grifo do autor) atesta que “o mundo
12
Possiamo allora definire come parolaccia un termine che non sia accettato dalle convenienze sociali, il cui
utilizzo in pubblico sia socialmente sanzionabile” (BONA, 2008, p. 21).
13
nei discorsi sulle parole oscene che si fanno in questi giorni, mi pare che si dimentichi una cosa: la tradizione
di disprezzo per il sesso che le espressioni popolari si portano dietro, per cui le denominazioni degli organi
genitali sono usate come insulto (...) (CALVINO, 2009, p. 366).
59
inteiro diz palavrão: homens, mulheres, velhos, moços, crianças, ricos, pobres, em russo, em
chinês, em croata, em todos os idiomas”. Assim com o empregava Shakespeare no século
XVI, como atesta Fo (2007, s/p.), numa fala de Hamlet sobre o órgão feminino: “dialogando
com Ofélia, deitado com ela no palco dos atores, pergunta-lhe: ‘Eu poderia me deitar com o
rosto sobre o floresta che você tem no ventre... ou já está reservada?’”.
14
Ademais, segundo Calvino (2009), os palavrões carregam consigo três valores
classificados em relação a seu uso. Primeiramente, os palavrões m força expressiva, dada
pela carga semântica que lhes é atribda. Assim, usados no momento certo são como uma
nota musical para criar um determinado efeito na partitura, que é o discurso. Por esta razão,
devem ser protegidos, para que numa dada situação eles não corram o risco de perder essa
gama expressiva. A segunda classificação engloba o valor denotativo direto, ou melhor, o uso
da unidade léxica mais simples para designar um órgão ou um ato quando se pretende falar
abertamente sobre aquele mesmo órgão ou sobre aquele mesmo ato, fazendo uso tanto do
eufemismo quanto das metáforas. A escolha de uma ou de outra forma, mais ou menos
obscena, como se verá mais adiante neste trabalho, depende do ambiente cultural em que o
falante e seu interlocutor se inserem. Essa seleção considera principalmente o contexto para
intensificar ao máximo o significado, que pode ser conseguida por meio do eufemismo ou do
uso do termo científico ou ainda daquele mais popular. O terceiro item da classificação é o
valor da situação do discurso no mapa social. Por exemplo, o emprego de um item obsceno
em um discurso político indica que não se aceita uma divisão entre linguagem pública e
privada, popular e culta, respectivamente.
Um dos motivos de os palavrões ainda serem inseridos num estudo secundário,
prescindível e vulgar, como dito acima, deve-se ao fato de serem concebidos como tabus
14
Dialogando con Ofelia, sdraiato con lei presso il palco degli attori, le chiede: ‘Potrei distendermi col viso sul
boschetto che tieni in grembo… o è già prenotato?’” (FO, 2007, s/p).
60
linguísticos. Em consonância com Arango (1991), podemos afirmar que a lexia erógena, além
de retratar uma cultura, revela a essência do ser humano. De fato, “nela se expressa, na sua
forma mais pura e transparente, sem véus e sem pudores, o misterioso instinto que existe
desde a origem da vida” (ARANGO, 1991, p. 162).
Admitimos, portanto, que às palavras atribuem-se valores éticos, os quais só se
alteram, no decorrer dos anos, com a mudança de costume da sociedade, e, de certo modo,
com a sua evolução. Na linguagem erótico-obscena encontram-se formas que exigem de quem
as profere um certo distanciamento, revelando uma visão depreciativa que a concebe como
inferior a outras (CALVINO, 2009). Nela avultam unidades léxicas censuradas e condenadas
pela sociedade, razão pela qual se transformaram em tabus linguísticos. Sobre esse tema
evidenciamos que não estamos habituados à manifestação de sentimentos obscenos, ainda
menos, a falar deles usando palavras encaradas como perturbadoras: Aprendemos que o
erotismo pode insinuar-se na linguagem mas não declarar-se abertamente” (ARANGO, 1991,
p. 11).
Recordamos que, segundo Augras (1989), o nome “tabu” foi criado pelo navegante
inglês James Cook (1728-1779) que, em um relato de viagem à Oceania, registrou o
comportamento chamado Tapu dos nativos das ilhas Tonga, cuja expressão era empregada
para referir-se ao que era sagrado e proibido, ao mesmo tempo. A autora ainda assinala que
Tapu que se tornou posteriormente taboo em língua inglesa não designava apenas o
aspecto sagrado daquilo a que referia, mas, outrossim, aos dispositivos criados para lidar com
esses itens. Vemos, então, que em variados grupos humanos tudo o que se refere à
sexualidade é objeto de proibições. O tabu que delimita e determina essa tipologia de unidade
lexical caracteriza-se por ser, então, um sistema de superstições relacionado a valores morais.
Assim, é algo fruto de proibição e, ao mesmo tempo e por esse motivo, objeto de desejo, ou
61
seja, é sinônimo de transgressão; estipula o que é autorizado e o que o se permite em
determinada sociedade.
O tabu linguístico é decorrente das sanções, restrões e escrúpulos sociais; atua na
não permissão ou na interdição de se pronunciar ou dizer certos itens lexicais aos quais se
atribui algum poder e que, se violados, poderão trazer perseguições e castigos para quem os
emprega. E, por estar em si também o impulso por ultrapassá-los, o homem reverte as
imposições e usa os palaves e outras construções lexicais como forma de expressão de seus
sentimentos e meio de subversão das proibões. De acordo com Vaneigem (2004, p. 32), “a
proibição incita à transgressão. O que é recalcado suscita o furor da catarse e as astúcias do
ressentimento”.
Augras (1989) também destaca que a relação dessas palavras proibidas com a
linguagem erótico-obscena está no fato de que,
em todo grupo cultural, há partes do corpo que não se devem sequer nomear. É o caso, entre
s, dos órgãos sexuais, que o designados, ou por jargão médico-cienfico, ou por
palavrões. É que os órgãos sexuais servem para lidar diretamente com o outro, estabelecendo a
ligação entre opostos e, por conseguinte, têm de ser objeto de tabus, como tudo aquilo que
fomenta um duplo domínio. (AUGRAS, 1989, p. 41)
É notável que nossa cultura ocidental, distanciada do que se considera primitivo e
atrasado, mantém essas interdições, seja velada ou declaradamente. Trata-se de proibições
atribuídas somente aos povos considerados menos desenvolvidos e ignaros: Existem,
portanto, palavras interditas; sabemos da existência de vocábulos condenados. Descobrimos,
assim, nada mais, nada menos que... palavras-tabu no nosso mundo civilizado!(ARANGO,
1991, p. 12). Há uma suposta intuição liberal relativa ao sexo, atualmente, mas que se debate
com a contradiria postura conservadora relativa ao emprego do léxico erótico-obsceno. O
seguinte autor justifica nosso objeto de estudo refletindo que, se
62
é vedado pronunciar uma palavra, se esta é tabu, eno qual é o recurso ou processo de que se
lança mão para exteriorizar a ideia expressa por ela, uma vez que se faz mister exprimi-la? O
recurso empregadoo meios indiretos e meios diretos dissimulados, i.e, substitutos que
velem de qualquer modo o ser sagrado-proibido. (GUÉRIOS, 1956, p. 20)
Por este motivo recorre-se ao emprego dos itens léxicos presentes, por exemplo, em
nosso corpus: “A aura de aparente mistério que, para o vulgo, cerca a linguagem sexual culta,
no caso da língua portuguesa, consiste, na maioria das vezes, em buscar, no latim inacessível
às massas, raramente no grego, a terminologia a partir da qual foram denominados, no geral,
os órgãos e as ações humanas” (ARARIPE, 1999, p. 159). Todavia, as classes mais baixas,
menos habituadas aos conhecimentos de latim, não se acostumaram aos nomes oferecidos
para os órgãos sexuais e usaram de sua criatividade natural para recriá-los. Em função de
esses “novos nomes terem alcançado grande popularidade, o uso se estendeu a outras classes
socioeconômicas.
E são a esses substitutos que dedicamos o nosso estudo.
63
chiappepauxoxotapottacazzopompel
merolodefumonascondigliofavepopô
vergabalagandãsnatichebustoxererec
atroiapintociuccepeitaçoburacouccell
oneculettovelabuzunfãgemellinetagli
ofognarachasalsicciacaixatroncosgna
ccheracanaltetascanecoportabagaglio
rifiziopiselloleiteriagrutacharutogeni
talibundagrãoscanomammellepombi
nhaastuccioderetanoairbagpirulitora
biosquemamõesbuchettocegobastãoc
entrocroacamarteloballebucetaantro
melanciascubernardasederependenti
cabeludaculobisaccebagosfedegosofe
dorentoscrotolenhatopacadeirasforn
ochiappepauxoxotapottacazzopompe
lmerolodefumonascondigliofavepopô
melanciascu
bernarda
sederependenti
CAPÍTULO 3:
SEMÂNTICA, METÁFORA E
EUFEMISMO
64
3. SEMÂNTICA, METÁFORA E EUFEMISMO
Neste capítulo, selecionamos como primeira reflexão a base semântica de nosso
estudo, seguida pela explanação da teoria da metáfora e do eufemismo presentes em nosso
corpus, cuja análise apresentamos derradeiramente.
3.1. SEMÂNTICA
Para iniciar nosso estudo acerca da Semântica, relembramos, do primeiro capítulo
desta tese, algumas breves reflexões sobre a Lexicologia, com base em Berruto (1979), para o
qual esta ciência estuda as unidades lexicais de uma língua ou de várias, seja no que tange ao
significado ou ao significante, ou seja, o léxico em todos os seus aspectos. Já no que concerne
à Lexicografia, quando se deseja conhecer o significado de uma lexia recorre-se,
habitualmente, ao dicionário. Para o falante comum, o dicionário é o livro onde se consultam
os significados das unidades lexicais que procura. Desse modo, a Lexicografia
é um ponto de partida fundamental para a semântica. Por outro lado, a lexicografia é, também,
um ponto de chegada da semântica: para saber o que querem dizer as palavras é preciso do
dicionário, porém para elaborar um dicionário que explique bem o significado das palavras
deve-se saber como é este significado e como descrevê-lo.
15
(BERRUTO, 1979, p. 80).
Dentro de nossa pesquisa, como já esclarecido, optamos por elaborar um dicionário
onomasiológico, ou seja, “que parte do sentido e procura identificar o nome ou nomes que lhe
estão ligados(ULLMANN, 1964, p.133). O mencionado autor relata que, no passado, se
tentou separar a Onomasiologia da Semântica e concebê-las como ciências paralelas.
Contudo, para Ullmann, tal afastamento:
15
es un punto fundamental de partida para la semántica. Por otra parte, la lexicografía es, también, un punto
de llegada de la semántica: para saber qué quieren decir las palabras necesito el diccionario, pero para
elaborar un diccionario que explique bien el significado de las palabras debo saber cómo es ese significado y
mo describirlo” (BERRUTO, 1979, p. 80).
65
torna-se absolutamente desnecessário se se adoptar uma definição referencial do significado:
ver-se-ão então as duas tendências não como duas disciplinas distintas, mas como todos
paralelos que partem de extremos opostos. Os dois métodos são complementares, e, em certos
tipos de investigação, podem mesmo combinar-se com resultados de interesse. (ULLMANN,
1964, p. 133)
Para Geckeler (1976), Semântica é a disciplina científica dos conteúdos linguísticos
que inclui a onomasiologia e a semasiologia e é com base nele que atestamos, assim, que a
onomasiologia é um dos ramos da Semântica e que, portanto, a completa.
Tendo anteriormente feito a exposição relativa às áreas sobre as quais versa esse
trabalho, vejamos a seguir a definição concernente ao significado, o estudo semântico:
Semântica, palavra formada do grego ‘sêmainô’ (significar), este, por sua vez, derivado de
‘sêma’ (sinal), é, em sua origem, o adjetivo correspondente a ‘sentido’: uma mutação
semântica é uma mutação de sentido. [...] É semântica tudo o que se refere ao sentido de um
sinal de comunicação e, principalmente, tudo o que se refere às palavras. (GUIRAUD, 1975,
p. 8)
A Semântica é, essencialmente, o estudo do significado das unidades lexicais. Ela é
empregada pela Psicologia, pela gica, pela Linguística, entre outras, que estudam
diversamente o problema da significação. Para nossa investigação embasamo-nos na
sentica direcionada à Linguística e ao léxico, a chamada Semântica Lexical. Investiga-se o
que é uma unidade lexical e quais são as relações entre a forma e seu sentido. Assim, para
Guiraud:
As palavras têm uma função semântica; elas significam conceitos autônomos, dos quais
evocam a imagem memorial. Designam seres, objetos, processos, noções abstratas, por uma
associação direta e recíproca do significante e do significado: a palavra cavalo’ evoca a
imagem do animal e um cavalo evoca a imagem da palavra. (GUIRAUD, 1975, p. 123)
66
Para Berruto (1979), significado é algo que se comunica por meio da transmissão de
uma mensagem a um intérprete, é o valor que adquire uma lexia dentro da língua. Já o
sentido, seria o valor que possui o item lexical em cada contexto particular, na parole, quer
dizer, no discurso. Entretanto, muitos linguistas consideram que não há uma definição única e
fixa de uma unidade lexical denominado o problema do significado. Para tanto,
evidenciamos a posição de Ullmann atinente à definição de significado, que, ainda que não
precisa, leva a um estudo da Semântica mais profundo.
Escreveu-se muito nos últimos anos acerca do significado das palavras, e embora o
estejamos mais perto de uma resposta – de facto, não pode haver uma resposta única e
definitiva para tal questão estamos, pelo menos, a começar a ver mais claramente as linhas
principais do pensamento contemporâneo em torno deste problema. (ULLMANN, 1964, p.
115)
Ressalva-se oportunamente que, por conta da carência de precisão na diferenciação
entre sentido e significado, por vezes, usaremos tais itens como sinônimos, apenas com o
escopo de não nos repetirmos em demasia.
Reforçando o que foi posto anteriormente, cada unidade lexical, ou melhor, cada
significante dispõe de um ou de mais significados. Assim, a significação seria o processo de
associação de um objeto, uma noção ou um acontecimento a algum significante capaz de
evocá-lo. Segundo Berruto,
pode-se dizer que o significado é algo manifestado e/ou comunicado (se consideramos
existente ou não a intenção de transmitir a informação por parte do falante) mediante um
significante, escolhido dentro de um reperrio de ‘coisas potencialmente comunicáveis’ e
uvel/usado em situações, como sentido referido a um estado de experiência.
16
(BERRUTO,
1979, p. 78)
16
se puede decir que el significado es algo manifestado y/o comunicado (sen consideremos que exista o no, la
intención de transmitir informacn por parte del hablante) mediante un significante, escogido dentro de un
67
Ainda nessa esteira, é preciso considerar também a ponderação de Guiraud (1975)
para o qual as unidades léxicas não têm um significado fixo dentro delas, somente empregos
diversos. O sentido dependeria das relações entre elas em um contexto. O significado seria,
então, definido por essas relações.
Uma distinção que se deve recordar é entre a Estilística e a Semântica. Para Guiraud
(1975), é a Estilística que estuda os valores extranocionais de origem afetiva ou
sociocontextual que modificam o sentido de uma unidade lexical. É o estudo da função
expressiva da linguagem, em contraposição à sua função semântica. No entanto,
dificuldade em se delimitar a Semântica e a Estilística, pois ambas estão estreitamente
associadas. O estudo desses valores expressivos, considerados em si mesmos, relaciona-se
com a estilística; mas a semântica não poderia entretanto ignorá-los(...)” (GUIRAUD, 1975,
p. 64).
Para Berruto (1979), a diferença entre Semântica e Estilística esno fato de que a
segunda se dedica à ngua individual, ao uso pessoal, para exprimir sentimentos e emoções.
Depreende-se que a separação entre ambas é difícil e poderíamos ousar colocar a Estilística
dentro de um dos ramos da Semântica, o que mereceria análises e reflexões mais profundas e
críticas, mas que, neste momento, escapa de nosso escopo principal. Dessarte, preferimos nos
posicionar somente nos moldes mais abrangentes da Semântica Lexical e incluímos nela os
aspectos estilísticos de nosso léxico.
Ullmann (1964) propõe que a Semântica moderna também começou a perceber a
importância do contexto sobre o significado dos itens lexicais. Constata-se, sem dúvida, que o
contexto é de grande importância para se compreender o sentido de uma lexia. E ele será
imprescinvel para a legitimação de qual é um item léxico erótico-obsceno ou qual não o é.
“É a situação (condições extraverbais que cercam o ato de fala) que nos permitirá distinguir o
repertorio de ‘cosas potencialmente comunicables’ y usable/usado en situaciones, como sentido referido a un
estado de experiencia (BERRUTO, 1979, p. 78).
68
que vulgarmente costuma chamar-se de ‘palavrão’” (PRETI, 1984, p. 65). Para Tartamella
(2006, p. 274), “nenhuma outra categoria do discurso é sensível ao contexto quanto o
turpilóquio. Os palaves em si não são nem bons nem ruins: podem ser somente apropriados,
ou ainda inofensivos com base no modo, no lugar e na cultura em que são empregados.
17
E é
nesse sentido em que são empregados os nomes dos órgãos que recolhemos e que representam
os campos semânticos desta pesquisa – pênis, vulva, nádegas, ânus, testículos e seios.
Cabe recordar que em nossa pesquisa nos restringimos a um grande campo semântico:
o dos diversos nomes dados aos órgãos acima elencados. Mas o que seriam campos
senticos?
Para Berruto, campos semânticos são zonas do léxico formadas por unidades xicas
que m algum tipo de relação (BERRUTO, 1979, p. 103). Geckeler (1976, p. 104) propõe um
nome diverso para a expressão campo semântico, que seria muito ampla. Por isso, ele
emprega campo léxico para indicar itens que expressam ideias parecidas dentro de uma língua
e se limitam reciprocamente. A definição, apesar do novo nome, assemelha-se à de Berruto.
Ainda com Geckeler (1976), fundamentado em Trier e Weisgerber, o uso dos campos
engloba a ordenação do material da língua em grupos linguísticos ou matérias, exatamente
como se faz num processo onomasiológico, o qual adotamos aqui ao separar os inúmeros
sinônimos que são atribuídos aos órgãos relatados anteriormente, pensando antes no conceito
a que se referem e depois no item léxico empregado para se referir a esse significado.
Observa-se, nessa esteira, que outros elementos importantes para a abordagem do
léxico etico-obsceno em campos lexicais são: arquilexema, lexema e sema sobre os dois
últimos já fizemos uma explanação. Sobre o primeiro, o arquilexema, podemos expor que é a
unidade que corresponde ao conteúdo de um campo lexical, em nossa pesquisa corresponde
aos nomes dos órgãos. Lexema é a unidade expressa no sistema da língua e ocupa uma parte
17
Nessun’altra categoria di discorso è sensibile al contesto quanto il turpiloquio. Le parolacce in sé non sono
buone né cattive: possono essere solo appropriate, oppure offensive o inoffensive in base al modo, al luogo e
alla cultura in cui sono usate.” (TARTAMELLA, 2006, p. 274)
69
do campo lexical. Os semas o as unidades menores constituídas por traços distintivos de
conteúdo e que compõem os lexemas. Têm-se, assim, os semas como unidades constitutivas
das oposições mínimas no campo; os lexemas, formados pelos semas; e o arquilexema que
compreende vários lexemas. Nesta pesquisa, averiguamos o conteúdo semântico das unidades
lexicais e exibimos os significados, reunindo as lexias selecionadas em um arquilexema ou
um campo lexical.
Complementamos que o uso da língua no interior de uma comunidade social age de
duas formas relativamente ao significado dos itens lexicais: primeiramente, impõe a
especialização de determinadas unidades lexicais, sugerindo o âmbito em que são utilizadas,
e, em segundo, torna variável o significado, dependendo da situação comunicativa em que as
unidades são empregadas, situação que engloba o falante, o receptor, o espaço físico, entre
outros, e também o contexto linguístico em que se encontra tal lexema (BERRUTO, 1979).
Para o entendimento da intenção de um falante que deseja transmitir um significado
“oculto”, é necessário que haja pressupostos comuns entre ele e o ouvinte. No âmbito de
nosso trabalho, o pressuposto que o falante e o ouvinte devem compartilhar é o erótico-
obsceno, referido no capítulo 1 desta tese. O significado dos itens de nosso corpus será
compreendido, então, a partir do momento em que o receptor da mensagem conseguir associá-
los aos órgãos sexuais o referente, o que acontece quando se dispõe de uma pressuposição
erótico-obscena. É a substituição de um símbolo ou símbolos por outro que se chama
definição. “Essa substituição é a Definição. Envolve a seleção de referentes conhecidos, como
pontos de partida, e a identificação do definiendum por sua ligação com aqueles” (OGDEN;
RICHARDS, 1972, p. 248).
Segundo a hipótese de Sapir-Whorf, fica evidente que a estrutura social da
comunidade que utiliza uma língua influencia, de certo modo, no estabelecimento e na
70
estruturação do significado. Essa influência se mostra mais forte nos setores do léxico que
estão diretamente ligados a práticas, usos e hábitos característicos de uma sociedade.
Sabe-se que algumas unidades léxicas podem, além do sentido primeiro, trazer a ideia
de comicidade, de obscenidade, de vulgaridade, entre outras, ou seja, são acrescentados outros
significados a certos itens. Nessas alterações de sentido, argumento de estudo desde a
antiguidade, atuam preponderantemente as metáforas. E é a elas que nos dedicamos na
próxima seção.
3.2. METÁFORAS
Para iniciarmos este subitem que discorrerá acerca das metáforas, reiteramos que a
linguagem é usada também para expressar as atitudes, os valores e as concepções sexuais de
uma determinada sociedade, conforme exposto precedentemente. De fato, homens e mulheres
usam essa linguagem específica de carga semântica erótico-obscena para denominar os órgãos
sexuais. A adoção desse uso, embora possa parecer normal, para a maioria dos falantes, é
considerada ainda proibida por situar-se no campo dos tabus linguísticos morais e de baixo
prestígio social, podendo exprimir afronta, falta de cortesia, de decoro e desrespeito. Equivale
a dizer, dessa forma, que os tabus linguísticos aparecem como decorrência dos tabus sociais.
Ressalvamos que, conforme Ortíz Alvarez (2007), o que representa uma ofensa e despudor
para alguns, não o o para outros, ou seja, cada indivíduo interpreta diversamente o que é
desagradável ou admirável, dependendo de sua maneira de enxergar o mundo que o cerca.
Nessa pesquisa intencionamos mostrar que para a denominão dos órgãos sexuais do
corpo humano tende-se a evitar a terminologia anatômica oficial relegada a contextos de
grande formalidade e adotar outros itens lexicais em ambientes e situações informais, que
possam denominar as designadas partes do corpo com conotação sexual. Tal fato se atestaria
pela enorme quantidade de sinônimos empregados para a referida nomeação.
71
Para consolidar nosso intento, partimos de um corpus formado por lexias de carga
sentica erótico-obscena, extraídas de dicionários monolíngues e bilíngues em língua
portuguesa (variante brasileira) e em língua italiana, além da Internet e de diversos blogs em
ambas as nguas. Para examinar a seleção dessas unidades lexicais recorremos à teoria da
metáfora conceitual, pois muitos dos itens empregados têm base metafórica e também
eufemística.
Assim sendo, este trabalho tem como base os estudos da metáfora. Mas, assim como o
autor abaixo mencionado, interrogamo-nos: “O que mantém vivo o interesse pela metáfora?
Em primeiro lugar, sua presença em todo tipo de discursos, escritos e orais, desde os mais
antigos da humanidade aos mais variados discursos sociais atuais”
18
(DI STEFANO, 2006, p.
9). Isto se verifica pelo fato de a unidade lexical dispor de dois tipos de significados diversos,
o literal e o figurado. O primeiro seria o habitual de um item e o segundo, aquele que provém
do uso metafórico.
Dessarte, sucintamente, descreve Berber Sardinha (2007, p. 20): “A noção mais antiga
de metáfora no Ocidente vem de Aristóteles, do século IV a.C. Segundo ele, uma metáfora é o
uso do nome de uma coisa para designar outra”. De acordo com o autor grego, a metáfora
permitiria a expressão de uma ideia nova que, sendo nova, exigiria do ouvinte ou leitor um
esforço mental para encontrar o ponto em contato entre as identidades presentes na metáfora:
Mefora vem do grego metapherein’, que significa ‘transferência’ ou ‘transporte’.
Etimologicamente, é formada por ‘meta’, que quer dizer ‘mudança’ e por ‘pherein’ que
significa carregar’. Assim, metáfora seria uma transferência de sentido de uma coisa para
outra. Em uma frase como ‘Julieta é o sol’, o sentido de ‘sol’ foi transferido para o de
‘Julieta’. (BERBER SARDINHA, 2007, p. 21-22)
18
“¿Qué es lo que mantiene vivo el interés por la metáfora? En primer lugar, su presencia en todo tipo de
discursos escritos e orales, desde los más antiguos de la humanidad hasta los más variados discursos sociales
actuales” (DI STEFANO, 2006, p. 9).
72
Para Aristóteles, o dom de elaborar boas metáforas dependeria da capacidade de
ponderar semelhanças (RICOEUR, 1992).
No início do século XX o interesse pela metáfora diminuiu devido ao surgimento de
uma corrente filosófica austríaca (lógico-positivismo) que se tornou o modelo dominante para
a ciência por décadas. Essa corrente ocupava-se de questões como a verdade, a falsidade e a
objetividade. Nessa visão a metáfora foi descartada por ser considerada um desvio ou uma
manipulação da verdade. Após esse período, a metáfora readquiriu importância. Entre os
vários estudiosos que se debruçaram sobre o assunto estão Ricoeur, Cassirer, Le Guern,
Lakoff e Johnson.
Percorramos as reflexões de alguns desses estudiosos concernentes à metáfora.
Para Ricoeur, o significado metafórico não consistiria em um choque semântico, mas
num novo significado, surgido a partir do colapso do significado que se obm se confiarmos
apenas nos valores lexicais usuais ou comuns dos itens léxicos. A metáfora não é o enigma,
mas a solução do enigma” (RICOEUR, 1992, p. 148). Sua visão era de que em vez de atribuir
a uma coisa sua denominação usual, ela passaria a ser designada por meio de uma unidade
lexical emprestada, cabendo a esse empréstimo, o preenchimento de uma lacuna lexical e ao
princípio de economia linguística. “A nova pertinência ou congruência adequada a um
enunciado metafórico significativo decorre de uma espécie de proximidade semântica que de
repente se obtém entre termos apesar de seu distanciamento” (RICOEUR, 1992, p. 148).
Assim, itens que estavam remotos parecem próximos.
Le Guern (1976) concebe a metáfora como uma figura por meio da qual se
transportaria o significado de uma unidade léxica a outro significado, em virtude de uma
comparação presente na mente. Na metáfora, seria estabelecida uma combinação entre uma
entidade linguística e uma realidade extralinguística. Para esse autor, o emprego metafórico
também indicaria economia linguística.
73
Cassirer (1972) considera a metáfora a substituição da denotação por um conteúdo de
representação, utilizando-se um conteúdo análogo:
Neste caso, ocorreria na metáfora uma genuína ‘transposição’; os dois conteúdos, entre os
quais ela vai e vem, apresentam-se com significados por si determinados e independentes, e
entre ambos, considerados como pontos estáveis de partida e chegada, como terminus a quo e
terminus ad quem dados, lugar agora para o movimento da representação, que leva a
transladar de um para outro e a substituir, conforme a expressão, um pelo outro (CASSIRER,
1972, p. 104-105, grifos do autor).
Acreditamos que adotar apenas uma visão sobre as metáforas como a correta seria
empobrecer nosso entendimento sobre elas. Por isso, não adotamos apenas uma definição de
metáfora, mas recorremos às várias teorias apresentadas acima, tendo, porém, como basilar, a
teoria da metáfora conceitual, conceptual, experiencialista ou cognitivista, formulada por
Lakoff e Johnson, no começo dos anos 80 e divulgada pela primeira vez na obra intitulada
originalmente Metaphors we live by. O título evidencia o argumento principal da teoria:
vivemos constantemente sob influência das metáforas presentes em nossa cultura. Para se
fazer pertencer à sociedade e compreender o mundo que nos cerca é preciso ceder às
metáforas que o ambiente em que vivemos nos coloca à disposição. Os mesmos autores
sustentam que a questão da metáfora não pode ser tratada como marginal pelos estudos
linguísticos, pois a língua que empregamos cotidianamente se baseia nas metáforas, as quais,
por serem tão comuns, podem passar despercebidas.
É nesse sentido que se postula que as metáforas criam realidades, que as
similaridades que estabelecem se tornam reais para a cultura que as adota. “As metáforas
convencionais estruturam nossa realidade atual. Novas metáforas têm o poder de criar novas
realidades. Quando uma nova metáfora é acolhida no nosso sistema conceitual, ela modifica
esse sistema e, por esse mesmo fato, o que é real para nós” (KNEIPP, 1990, p. 57).
74
Podemos resumir que uma metáfora é conceitual quando conceitualiza um domínio de
experiência em termos de outro, geralmente de forma inconsciente. Ela é uma representação
mental e cognitiva porque existe na mente e atua no pensamento.
O cognitivismo não analisa somente as metáforas originais, únicas, poéticas, individuais,
como sempre o fez a retórica clássica, que buscava na poesia, como expressão mais elaborada
da linguagem, as metáforas e outras figuras retóricas. O cognitivismo analisa sobretudo as
metáforas na linguagem cotidiana, e essa é sua principal contribuição à reelaboração teórica da
metáfora.
19
(DÍAZ, 2006, p. 41)
Fazemos a ressalva de que a categoria de metáfora inicial pensada por Aristóteles foi
desmembrada com o decorrer dos anos em figuras de linguagem ou figuras retóricas, como
por exemplo, a comparação, a catacrese, a sinestesia, a metonímia, a antonomásia, a
sinédoque, a alegoria, e a própria metáfora, entre outras. Essa divisão em categorias e
esquemas está preponderantemente associada a uma visão prescritiva de língua. Devido a essa
consideração o as trataremos aqui, além de estarem apartadas do nosso objetivo precípuo
que é o de examinar socioculturalmente as metáforas do universo lexical erótico-obsceno.
Prosseguindo, de acordo com a teoria conceitual, as atividades experienciadas por um
falante se convertem em metáforas que lhe permitem dar forma e organizar certas
experiências humanas. A metáfora, portanto, permite que se entrevejam aspectos cognitivos,
culturais e ideológicos (CALABRESE, 2006). Nas palavras dos fundadores da teoria:
Sustentamos que, ao contrário, os processos do pensamento humano são em grande parte
metafóricos. Isto é o que queremos dizer quando afirmamos que o sistema conceptual humano
está estruturado e se define de maneira metafórica. As metáforas como expressões linguísticas
19
El cognitivismo no analiza sólo las metáforas originales, únicas, poéticas, individuales, como hizo siempre la
retórica clásica, que buscaba en la poesía, como expresn más elaborada del lenguaje, las metáforas y las
otras figuras rericas. El cognitivismo analiza sobre todo las metáforas en el lenguaje cotidiano, y ése es su
principal aporte para la reelaboración teórica de la metáfora” (DÍAZ, 2006, p. 41).
75
são possíveis, precisamente, porque são metáforas no sistema conceptual de uma pessoa.
20
(LAKOFF; JOHNSON, 2004, p. 42).
Todavia, por vezes, os itens léxicos que encontramos o são somente metafóricos,
mas também eufemísticos. Vejamos, a seguir, qual é o nosso entendimento acerca dessa
figura de linguagem.
3.3. EUFEMISMOS
Eufemismo, do grego euphemismos (bem dizer), alude à dissimulação de raciocínios
cruéis, sentimentos incômodos ou termo tabu (PEREIRA JR., 2009, p. 20). Para estudar o
eufemismo é conveniente resgatarmos o que se define por tabu linguístico, ou seja, unidades
léxicas proibidas de serem pronunciadas em alguns contextos. Por essa razão os tabus
comumente são substituídos por eufemismos os quais têm a capacidade de neutralizar uma
unidade tabuística (MORALES, 2006). “Isto acarretará muitas vezes um ajustamento no
significado do substituto, e, deste modo, o tabu é uma causa importante de mudanças
senticas” (ULLMANN, 1964, p.427). Em síntese,
Hoje, a hesitação do sujeito que dispara eufemismos não vem mais da sensação de que, ao
enunciar certas palavras, será tragado pelo furor divino. Nem ocorre por refinamento. Nas
sociedades globais e fragmentadas, outros fatores pesam na comunicação interpessoal. Como
a correção social. Há sempre quem retome um discurso politicamente correto, em que palavras
atenuadoras ditam a ordem privada da vida urbana, com termos marginalizados por uma quase
sempre indevida, mas obsessiva, adequação enunciativa. (PEREIRA JR., 2009, p. 20)
O eufemismo é o ato de suavizar a expressão de uma ideia, substituindo um item
lexical por outro mais agradável, suave e polido para os padrões sociais em que se insere o
20
Sostenemos que, por el contrario, los procesos del pensamiento humano son en gran medida metafóricos.
Esto es lo que queremos decir cuando afirmamos que el sistema conceptual humano está estructurado y se
define de una manera metafórica. Las metáforas como expresiones linguísticas son posibles, precisamente,
porque son metáforas en el sistema conceptual de una persona” (LAKOFF; JOHNSON, 2004, p.42).
76
discurso. É um tipo de linguagem que atenua uma afirmação para não chocar o ouvinte ou o
leitor. A eufemia tenta mascarar o tom eufórico (positivo) de se comunicar algo disfórico
(negativo), buscando maior neutralidade.
A substituição de certa unidade tabu por outra eufemística supõe uma crença no poder
da unidade xica, demonstrando que, ao se anular o sentido, se altera a realidade a que esse
sentido remete. Com base nisso ocorrem certamente os tabus já que o pronunciar de um certo
nome provoca o medo de recuperá-lo, como se houvesse uma relação mística entre o item
léxico e o que ele designa (ORZ ALVAREZ, 2007). Assim, deduz-se que, dentro da
Semântica, a significação é um processo psíquico. Em suma, a língua “é um sistema de signos
que nos serve para a comunicação das ideias, evocando no espírito de outrem as imagens
conceituais das coisas que se formam em nosso próprio espírito. A palavra não transmite a
coisa, mas a imagem da coisa” (GUIRAUD, 1975, p. 32). É por esse motivo que aparecem os
tabus linguísticos: os usuários de uma língua acreditam que ao pronunciar uma determinada
palavra evocam, além da imagem, a própria coisa. Para Guiraud (1975, p. 65), as palavras
exprimem não apenas “nossas emoções, mas também obsessões difusas, indeterminadas, ou,
mais frequentemente, inconscientes, ou mesmo recalcadas por proibições individuais ou
sociais”.
Poderíamos pensar que um certo grau de erotismo e de obscenidade nos itens
léxicos usados para referenciar os órgãos que pesquisamos. Por exemplo, se tomarmos o
órgão sexual masculino, teríamos “pênis” como a unidade mais neutra e oficial, que poderia
ser adotada em qualquer contexto e com qualquer interlocutor. Pipi”, por outro lado, seria o
item mais eufêmico, usado em situações que exigiriam maior pudor e recato linguístico. No
entanto, “caralho” poderia ser classificado como o mais erótico-obsceno e cuja adoção seria
mais refletida e cuidadosa. Fazemos uma ressalva de que o peso de um palavrão quando
pronunciado em língua materna é muito maior de quando usado seu equivalente em língua
77
estrangeira. Assim, dizer “caralho” em língua portuguesa parecerá muito mais ofensivo, do
que, por outro lado, na mesma situação, utilizarmos cazzo”, em italiano, que soará menos
insultuoso.
Falar abertamente em pênis, vulva, nádegas, ânus, testículos e seios pode despertar
vergonha e ansiedade ao evocar a própria função sexual em que estão envolvidos, considerada
como socialmente imoral. Desse modo, os mencionados órgãos recebem as mais variadas
denominações em função do que representam, simbolizam e do que podem despertar em cada
ouvinte. O eufemismo ocorre, por exemplo, quando se tenta mascarar o nome técnico da
genitália feminina e adota-se “pombinha”, que de forma branda e eufemística ajusta-se à
nomeação do mesmo. Assim como em cuscini” (almofadas ou travesseiros, em italiano) para
fazer menção aos seios; fave (favas, em ngua italiana) para os testículos ou ainda
“rosquinha para o ânus.
Do mesmo modo acima citado, Tartamella (2006) concebe o eufemismo como um
dribbling, ou seja, uma tentativa de se esquivar de expressar algum item léxico que possa soar
ofensivo ou grosseiro. De fato, em nossa pesquisa percebemos que, ainda que possam ser
usadas unidades léxicas julgadas de baixo prestígio, o falante escolhe aquela que soe menos
ofensiva ou que tenha maior carga erótico-obscena, dependendo do destinatário de seu
discurso. E é o que acontece na escolha de “pipi ou caralho”, em que, dependendo do
receptor do discurso e da situação em que este se insere, adota-se um em detrimento do outro.
De acordo com Galli de’ Paratesi (1973 apud TARTAMELLA, 2006, p. 69), o homem
encontrou soluções linguísticas muito fantasiosas para criar os eufemismos. A primeira
identificada é a inefabilidade, em que o item proibido é suprimido: em nosso corpus
encontramos, por exemplo, lo (o), em língua italiana para referenciar o pênis e ela”, em
português, referindo-se à vulva. A segunda solução proposta pela autora é a alteração
fonética, em que a unidade léxica vetada é transformada em um item inócuo ou fantasioso:
78
cavolo(couve), para o pênis, em língua italiana alteração de cazzo e ulo”, aludindo
à culo(cu), em língua italiana. A terceira proposição de criação eufemística é o uso de
estrangeirismos, presentes também em nosso corpus, conforme comentado no início deste
trabalho. Entre eles destacamos: bumper”, que em inglês indica o parachoque de veículos, e
na ngua italiana faz referência aos seios, ou stick”, também proveniente do inglês,
indicando vara ou graveto, aludindo ao pênis, em língua italiana.
Muitas das lexias recolhidas não são aceitas em todos os contextos, mas entre
conhecidos, conforme comentado, encontra-se um emprego recorrente. Em adendo, “esses
itens são usados em relações de casais como forma de intimidade, como linguagem secreta e
para marcar a singularidade da relação com itens inéditos” (TARTAMELLA, 2006, p. 275).
21
Por essa razão usam-se inúmeros sinônimos que servem para abrandar uma determinada
unidade lexical, na tentativa de mascarar preconceitos sociais. Enfatizamos que o valor
sentico dos itens léxicos não é estático: certas evoluções históricas, regionais, sociais,
políticas e culturais podem influenciar a sua mudança ou acrescentar uma pluralidade de
outros significados.
O exame das metáforas e dos eufemismos que atuam sobre esses itens nos permite
confirmar a riqueza linguística das línguas, demonstrando qual o seu posicionamento diante
da “linguagem proibida”, o corriqueira, porém o desprestigiada.
3.4. METÁFORAS E EUFEMISMOS: olhar sobre o universo lexical erótico-obsceno
Principiamos esta seção com a seguinte colocação, capaz de sintetizar o que será
exposto a seguir: a metáfora sob o olhar conceitual não é meramente uma questão de
linguagem, não é um adorno, não é uma questão estética, mas demonstra a nossa compreensão
de mundo.
21
Questi termini sono usati nelle relazioni di coppia come forma di intimità, come linguaggio segreto e per
marcare l’unicità della relazione con termini inediti” (TARTAMELLA, 2006, p. 275).
79
As metáforas conceituais, consonante com o disposto acima, são culturais. Elas
refletem a ideologia e o modo de ver o mundo de um grupo de pessoas. “Vimos que nosso
sistema conceitual se baseia em nossas experiências no mundo”
22
(LAKOFF; JOHNSON,
2004, p. 160). As metáforas se baseiam em nossa constante interação com o ambiente físico e
cultural em que nos inserimos.
Para acessá-las, normalmente, não se exige esforço, pois elas acionam a metáfora
conceitual correspondente em nossa mente. Assim acontece quando empregamos uma
metáfora relativa ao universo erótico-obsceno, em nosso caso, referente aos itens léxicos
usados como substitutos dos nomes oficiais vulva, pênis, nádegas, ânus, testículos e seios.
Lakoff e Johnson (2004) afirmam que, de fato, inúmeros itens que não se podem dizer a
não ser por meio de metáforas é o que acontece com os nomes dos órgãos a que nos
dedicamos nesta pesquisa. Muitas dessas unidades léxicas de nosso corpus o o obscenas:
passam a ser consideradas assim quando veiculam um valor ofensivo, uma emoção
incontrolável ou um valor que deve ser abordado com cuidado. Para compreendê-las basta
haver a pressuposição etica, em outras palavras, o significado implícito de um lexema
precisa ser conhecido e compartilhado entre os interlocutores e deve estar inserido em um
contexto erótico-obsceno – o qual desempenha um papel importantíssimo para a definição das
metáforas. Lakoff e Johnson (2004) atestam que o contexto tem importância fundamental na
determinação do significado de uma unidade léxica.
A dimensão ideológica da metáfora, sua relação com os valores e as crenças dos
grupos sociais o elaborados histórica e culturalmente (DI STEFANO, 2006). Para Lakoff e
Johnson (2004), o significado que uma metáfora tem para o falante es determinado
culturalmente e está parcialmente ligado a experiências passadas. Por isso, entre culturas as
diferenças podem ser enormes, visto que os conceitos presentes em cada metáfora podem ter
22
Hemos visto que nuestro sistema conceptual se basa en nuestras experiencias en el mundo(LAKOFF;
JOHNSON, 2004, p. 160).
80
variações interculturais. Assim ocorre com nosso estudo, em que temos duas culturas
diferentes, a brasileira e a italiana, e sobre as quais verificaremos se usarão conceitualizações
metafóricas diversas.
O tipo de metáfora conceitual que abordamos é a denomindada por Lakoff e Johnson
(2004), primária: presente em muitas culturas e motivada por aspectos físicos do corpo
humano – este é a origem de muitas das metáforas conceituais, às quais se diz que são de base
corpórea. As metáforas primárias compõem o inconsciente cognitivo, o que equivale dizer
que o homem as adquire de forma automática e inconsciente.
Salientamos que durante todo o percurso humano dentro da história, o sexo sempre foi
um grande tabu para o homem, salvo no período clássico, quando era tratado com menos
pudores, conforme explicitado no capítulo 1. Desde então, quando se tornou um tabu abordá-
lo e a tudo que se referisse a ele, recorre-se a formas indiretas para tratá-lo. “É uma tendência
humana geral o evitar a referência directa a assuntos desagradáveis” (ULLMANN, 1964,
p.429).
Nesse contexto, a genitália masculina e feminina, as nádegas, o ânus, os testículos e os
seios são campos férteis para a invenção, para a construção do novo. Por vezes, surgem itens
curiosos, engraçados, provenientes da imaginação humana e criados a partir de metáforas, que
tentam reduzir seu impacto ou esconder o sentido do nome real por soar rude, grosseiro ou
imoral. Evidencia-se que várias das lexias referentes à nomeação dos órgãos a que dedicamos
nossa pesquisa dependem, em muitos casos, exclusivamente da pressuposição erótico-obscena
indicada pela metáfora comentada acima para serem compreendidas. É o que se nota no
item “linguiça”, o qual, descontextualizado e desprovido de qualquer conjetura sexual, pode
indicar apenas alimento feito de carne e embutido em tripa de animal ou, por outra senda,
referir-se ao órgão sexual masculino. Ou faz-se uso dos eufemismos, por exemplo, para o
órgão sexual feminino “margarida”, “flor” e para o aparelho genital masculino, por exemplo,
81
“piu-piu”, pintinho” etc. Ou ainda, lança-se a esse uso para expressar, qualificar ou ressaltar
características, como o tamanho dos seios: “melancias”; ou “furico”, para indicar o formato
do ânus. Assim, sem notar, criam-se novos nomes para se desviar dos tabus e preconceitos
sociais.
Segundo Scerbo (1991, p.7), o estudo sistemático e comparado dos nomes, apelidos e
eufemismos relativos aos órgãos sexuais ainda representa um campo quase totalmente
inexplorado. Não houve, de fato, publicações de obras de caráter lingstico dedicadas
exclusivamente a tal argumento”.
23
Almejando preencher esse hiato dentro dos estudos linguísticos, propusemo-nos a
fazer este trabalho, cujas reflexões sobre os nomes populares do pênis, da vulva, das nádegas,
do ânus, dos testículos e dos seios apresentamos doravante, com base no corpus levantado a
partir das obras de Maior (1980), Almeida (1981), Preti (1984b), Mattoso (1990), Vários
(1990), Scerbo (1991), Bonistalli (2000), Zanni (2000), Xatara e Oliveira (2002), Bueno
(2004), Vários (2005), Tartamella (2006) e de inúmeros blogs e sites da Internet. Ao todo
recolhemos 8.713 ocorrências dos mesmos, sendo 770 relativas ao órgão masculino em língua
portuguesa e 645 em língua italiana. Para a genitália feminina encontramos 5.255 unidades
lexicais em português e 656 em italiano.
24
O número referente aos testículos foi de 59 em
português e 176 em italiano. Para os seios, em língua portuguesa coletamos 47 e em língua
italiana, 165. Já para o ânus temos 233 em português e 145 em italiano; finalizando com 114 e
449, em língua portuguesa e italiana respectivamente, para as nádegas.
A motivação da metáfora popular é, quase sempre, a intensificação do significado, seja
de sua forma, cor, cheiro ou som que possa emitir. Com o tempo, os eufemismos na expressão
23
Lo studio sistematico e comparato dei nomi, nomignoli ed eufemismi relativi agli organi sessuali rappresenta
ancora un campo quasi del tutto inesplorato. Non risulta infatti che siano state pubblicate opere di carattere
linguistico dedicate esclusivamente a tale argomento” (SCERBO, 1991, p. 7).
24
Salientamos que a grande diferença entre o mero de ocorrências relativa à nomeação da vulva em língua
portuguesa e italiana pode ser justificada, preponderantemente, pela dificuldade em se encontrar bibliografia
italiana que trouxesse os nomes metafóricos dados a esse órgão, apesar de nossa busca intensa em bibliotecas,
livrarias e bancas na Itália.
82
da linguagem erótica podem adquirir o mesmo significado da unidade lexical que substituem,
devido à evolução semântica. Dessa forma, as unidades lexicais estigmatizadas têm a
necessidade de serem substituídas por outros eufemismos, negligenciando semas e
acrescentando outros. Em decorrência de tal fato, uma contínua criação de unidades, por
meio de metáforas e eufemismos que possam assumir o sentido pretendido no momento.
Relembramos que o signo linguístico é considerado por Saussure (2006) arbitrário
quando a união do significante ao significado é convencionada, não motivada. Portanto, o que
as palavras significariam é algo que come a língua e que foi estipulado arbitrariamente.
Como nos revela Guiraud (1975, p. 27): “Um dos postulados da linguística moderna é o de
que a língua é um sistema de símbolos arbitrários e não motivados; é também o de que não
existe qualquer ligação natural entre o nome e a coisa denominada (...)”.
No entanto, pode-se perceber que os nomes dos órgãos que examinamos têm certa
motivação, seja pela forma que possuem, pela textura ou pelo cheiro. Dentro dos usos erótico-
obscenos convém mencionar que
a palavra é sempre motivada, seja porque exista uma relação natural entre a forma acústica e a
coisa significada (onomatopéias, exclamões), ou seja porque haja uma relação
intralinguística entre as palavras no interior da língua, relação que pode ser de ordem
morfológica (derivação, composição), ou semântica (mudanças de sentido). (GUIRAUD,
1975, p. 33)
Complementamos que, concernente ao nosso léxico em estudo, por ser em grande
parte metafórico, uma grande porção das lexias empregadas é efetivamente motivada, e essa
motivação estipula seu emprego e sua evolução. Em segundo lugar, “(...) qualquer nova
criação verbal é necessariamente motivada; toda palavra é sempre motivada em sua origem, e
ela conserva tal motivão, por maior ou menor tempo, segundo os casos, até ao momento em
que acaba por cair no arbitrário, quando a motivação deixa de ser percebida(GUIRAUD,
83
1975, p. 28). Enfatizamos que esse arbitrário comporta graus e que o signo pode ser
relativamente motivado.
Concernente à vulva, destacamos que o emprego de adjetivos femininos com a
elipse do substantivo subentendido. Eis alguns exemplos: “larga”, “aguada”, “apertada”,
“arrombada”, “bela”, “crespa”, “preta”, “gostosa”, “bochechuda”, “papuda” e “suada”. Há,
também, o emprego de estruturações fonético-fonológicas motivadas entre si, como em
“pichita”, “pililio”, “pitio”, “pixana”, “pixéu”/“pichéu”, “prexeta”, “prexexa”; e, pelo
motivador “xi, “xe”, “xo”, apresentamos “xereca, “xereia”, xeréia”, xexeca”, “xexéu”,
“xiba”, “xibio”, “xinxa”, “xinim, “xiranha, “xiri”, “xota”, “xoxota”, “bixoxota”,
“pachecha”, “pachuda” e “pachucha”, que alternam a ortografia em “x” ou “ch”.
Inferimos que a linguagem proibida possui um processo metafórico que reflete uma
tendência popular, e, geralmente, baseia-se numa relação física. A maioria das metáforas que
se referem às partes anais põe em evidência os semas /forma/, /volume/, /exibição/ e
constituem imagens muito banais, de rápida compreensão. As palavras podem ser motivadas
por fatores semânticos, influenciados pela semelhança, segundo Ullmann (1964).
Scerbo (1991) lembra que os nomes dos órgãos sexuais, muitas vezes, possuem
conotações depreciativas em função de terem recebido, por milênios, pela tradição e pela
religião, valores abjetos, reduzidos à micção e à reprodução. Por isso permanece ainda o uso
de “vergonha” ou “vergonhas” para se referir a eles, tanto na língua italiana quanto na
portuguesa do Brasil.
Presentemente, o que se verifica são unidades léxicas específicas para cada um dos
órgãos que formam as zonas erógenas aqui estudadas, com inúmeros sinônimos e variações
fato que nos leva a atestar que houve mudanças sociais acerca da sexualidade e de seu relativo
léxico. A quantidade de sinônimos de uma unidade xica de conotação sexual manifesta as
prioridades de uma dada cultura.
84
Essa grande quantidade de sinônimos pode indicar, então, a valorização de uma
unidade por uma comunidade ou o receio que se tem em pronunciá-la numa sociedade
reprimida – se se encontram vários nomes, significa que falar o oficial ou terminologicamente
correto causa mal estar. Em síntese, a linguagem revela as escolhas de uma cultura. Desse
modo, a quantidade de sinônimos atribuídos aos órgãos selecionados nesta pesquisa indica
que uma entidade é valorizada por uma comunidade, mas igualmente o medo que o uso desses
itens provoca em uma sociedade reprimida.
3.4.1. ANÁLISE DAS METÁFORAS E EUFEMISMOS
Em consonância ao apresentado até o momento sobre as metáforas, dedicamos as
próximas páginas ao exame específico daquelas que recobrem os itens lexicais relativos à
vulva, ao pênis, às nádegas, ao ânus, aos testículos e aos seios em língua portuguesa e italiana.
Partimos da hipótese de que falantes de línguas diferentes não compartilham das
mesmas experiências. Em cada língua está refletido o pensamento daqueles que a falam,
representando assim sua cultura e, portanto, sua visão de mundo, que se diversa entre
sociedades diferentes. Logo, entre a cultura brasileira e a italiana teremos metáforas diversas.
Apreciemos, a seguir, os semas com exemplos das respectivas metáforas, separados
por campos semânticos. Optamos por fazer essa separação para compreender melhor o
processo metafórico dessas unidades lexicais de valor obsceno e para poder atestar se entre as
línguas estudadas nossa hitese acima se confirma. Não exporemos exaustivamente todos os
itens do corpus dado que muitos são sinônimos e provêm da mesma construção metafórica.
Para consultá-los por completo oferecemos o corpus nos Anexos.
Podemos depreender que no uso de metáforas na construção dos itens léxicos que se
referem às zonas erógenas é comum o exagero de alguns semas: “As meforas habituais da
85
linguagem popular são, não raro, de natureza hiperbólica, isto é, acusam modificação nos
semas intensivos” (PRETI, 1984, p. 125).
Para cada sema predominante, trazemos as meforas selecionadas, exemplos e sua
definição dicionarizada, quando houver. A apresentação das definições dos itens principais
presente nas metáforas tem como objetivo exclusivamente o resgate de seu sentido original,
desprovido de qualquer pressuposição erótica; com isso pretendemos tornar mais claro o
motivo da criação metafórica. Em língua portuguesa usaremos como referência o dicionário
Aurélio (2004) e para a língua italiana, Lo Zingarelli (2006).
CAMPO SEMÂNTICO: Pênis
Verifiquemos adiante quais são as metáforas e eufemismos das unidades lexicais
presentes no corpus mais presentes em relação ao pênis em língua portuguesa, enfatizando
que o sema /forma/ perpassa quase todos os outros selecionados.
1) Aquecimento
Nesse tipo metafórico com o sema do /aquecimento/, o pênis é associado a algum
objeto capaz de se aquecer ao ser estimulado e quando envolvido em relações sexuais.
“Naturalmente, em todo este fogo que envolve os sexos é excluído o assim dito frio, que, ao
contrário, tem caráter excepcional e patológico”
25
(SCERBO, 1991, p. 22).
Em língua portuguesa temos, por exemplo:
bico de candeeiro: “aparelho de iluminão, alimentado por óleo ou gás inflamável”,
metáfora que remete ao bico – cabeça do pênisque se acende, ou seja, que se excita;
binga: “isqueiro”, objeto que, pela função de proporcionar calor, é associado ao pênis em
estado de excitação;
25
Naturalmente in tutto questo fuoco che avviluppa i sessi viene escluso il cosiddetto feticismo del freddo, che
ha invece carattere eccezionale e patologico” (SCERBO, 1991, p. 22).
86
charuto: “rolo de folhas secas de fumo, preparado para fumar-se”, a forma longa e cilíndrica
remete ao pênis e, com maior ênfase, lembra algo que pode ser acendido/excitado quando
estimulado sexualmente;
estopim: “acessório de explosivo destinado a transmitir a chama para ignão de uma espoleta
ou de outro dispositivo congênere”, o pênis é associado à capacidade de acendimento, agora
do órgão feminino – que seria a espoleta, durante a relação sexual;
fósforo / palito de fósforo: “pequena haste de madeira ou cartão provida de uma cabeça
impregnada de substâncias que se inflamam quando atritadas com uma superfície áspera”,
metáfora que remete à cabeça do pênis – que se acende, ou seja, que se excita quando
estimulada;
fumo / rolo de fumo: “grande erva” enrolada de forma cilíndirica que remete ao pênis
associado a algo que pode ser acendido/excitado quando estimulado, conforme a metáfora do
charuto acima;
maçarico: “aparelho que permite obter chama a uma temperatura muito elevada, por
combustão do hidrogênio (ou do acetileno) com o oxigênio”. O pênis é associado à
capacidade de acendimento, durante a relação sexual, por meio do calor (chama), que é
liberado durante o sexo;
petardo: “pequena peça de fogo de artifício que rebenta com estampido, o fogo lembra a
capacidade de produzir calor e excitação, cujo resultado seria o estouro de um estampido, ou
seja, a expulsão do esperma;
pito: “aparelho para fumar, composto de um fornilho, onde se põe o tabaco, e de um tubo, por
onde se aspira o fumo”, é associado a algo que pode ser acendido/excitado quando
estimulado;
tocha: “grande vela de cera, essa metáfora remete a algo que pode produzir calor quando
estimulado;
vela: “peça cilíndrica, de substância gordurosa e combustível, com um pavio no centro a todo
o comprimento, aqui se repete a metáfora descrita acima.
Em língua italiana destacamos:
candela (vela): cilindro di cera, de várias dimensões que se acende para iluminar”, cujo calor
remete ao pênis quando excitado;
fiammifero (isqueiro): “haste de madeira com uma cabeça impregnada de substâncias que se
inflamam quando atritadas”, em que se associam a forma, o calor e a masturbão ao pênis;
sigaretta (cigarro): “poão de fumo picado, enrolado em papel que serve para se fumar”,
remetendo à genilia masculina em excitação;
87
sigaro (charuto): “rolo de variadas formas, espessura e comprimento constituído por uma ou
mais folhas de tabaco, que se acende em uma extremidade”, e que remete ao calor do pênis
em estado de excitação.
2) Dureza
Aqui, o órgão sexual masculino é associado a objetos de madeira, em que se evidencia
o sema /dureza/. Associa-se à dureza o órgão sexual masculino e, com base nisso, criam-se
inúmeras metáforas. Além das possíveis semelhanças visuais, também é relacionado a ele o
símbolo de poder, concedido sempre ao homem.
Eis alguns exemplos em língua portuguesa:
alavanca-de-arquimedes: “barra de ferro ou de madeira, bem rígida, que se emprega para
mover ou levantar objetos pesados”, o que lembra a rigidez do aparelho genital masculino em
estado de grande excitação;
culo: bastão com a extremidade superior arqueada”, remete à rigizez do pênis estimulado;
barrote: “peça de madeira”, o tamanho e a dureza remetem ao órgão sexual masuclino e a seu
comprimento quando estimulado;
bastão: “pedaço de madeira longo, de forma aproximadamente cilíndrica, que se pode segurar
com a o, e que tem diferentes usos”; remete à rigidez do pênis, a possibilidade de ser
segurado com a mão; associa-se à masturbação;
cacete: “pedaço de pau com uma das pontas mais grossa que a outra”, aqui, além da forma, se
remete à rigidez do órgão, como a madeira;
caibro: “peça de madeira”, a madeira está associada à dureza do órgão;
cajado: “pau grosso”, o pau lembra a dureza do pênis e a sua grossura quando excitado;
cambo: vara com um gancho na extremidade”, lembra a rigidez da genitália masculina e sua
extremidade, a cabeça ou glande;
cetro: “bastão de apoio usado outrora pelos reis e generais”, analogia à dureza da genitália
masculina e a seu poder, pois é próprio dos monarcas e chefes;
chibata: “vara delgada para fustiga”, que devido à rigidez lembra o pênis, além da capacidade
de provocar maltrato àquilo que penetra;
jacarandá: “árvore que fornece madeira de lei”, esta é uma madeira muito prestigiada e rija,
assim como o seria o pênis;
88
jequitibá: “designação comum a duas árvores de tronco muito grosso e alto”, associação ao
pênis e à sua dureza, além do volume que adquire quando excitado;
lápis: “qualquer objeto com o feitio de cilindro longo e fino”, que recorda o pênis;
lenha: “porção de ramos, achas ou fragmentos de troncos de árvores”, remetendo ao órgão
sexual masculino;
maçaranduba: “designação comum a diversas árvores da família das sapotáceas, que fornece
madeira de lei”. Aqui se repete a metáfora do jacarandá, explicitada acima;
mangueira: “árvore da família das anacardiáceas, cujo tronco recorda o órgão genital
masculino;
maniçoba: “arvoreta da família das euforbiáceas”, associada ao pênis;
marreta: “pedo de pau com uma das pontas mais grossa que a outra”, aqui forma e rigidez
remetem ao órgão masculino;
mastro: “longa pa de madeira”, recordando a dureza e o comprimento do pênis;
muleta: “bastão de braço curvo”, remete à rigidez do pênis e a curvatura que pode adquirir
quando excitado;
pau: “qualquer pedaço de madeira, remete à rigidez do pênis
pau-de-sebo: “arvoreta lactescente”, remete à rigidez do pênis e é, ademais, associada à
madeira que deve ser escalada, podendo fazer referência à felação ou à masturbação;
peroba: “designação comum a muitas árvores que têm madeiras de boa qualidade”, madeira
muito prestigiada e dura, assim como o pênis quando em estado de excitação;
ponteiro: “pequena haste com que se aponta em livros, quadros, etc.”: referência ao próprio
pênis e a ponta à sua caba;
porrete: “pedo de pau com uma das pontas mais grossa que a outra, forma e rigidez que
se referem ao órgão masculino;
ripa: “pedaço de madeira comprido e estreito”, aqui há a associação à forma e também à
dureza do pênis;
sarrafo: “pedaço de pau”, que remete à genitália do homem;
taco: “pau roliço, comprido”, recorda o formato do pênis, assim como sua dureza;
talo: “fuste ou tronco”, cuja direza lembra a do pênis quando estimulado;
tora: “grande tronco de madeira”, o adjetivo grande remete ao comprimento e a madeira, à
dureza;
89
teca: “árvore de grande porte”, lembrando o pênis;
tronco: “ramo grosso de árvore”, referenciado-se ao comprimento e à dureza do órgão;
vara: “ramo fino e flexível”, que devido à rigidez lembra o pênis;
verga: “vara flexível”, associada ao órgão sexual masculino.
Para a língua italiana apresentamos:
bastone (bastão): “ramo de árvore arredondado”, que remete à dureza da genitália masculina;
bacchetta (baqueta): “bastão de madeira”, associado à dureza do órgão;
clava (clava): “grosso bastão”, assim como o pênis;
ferro (ferro): “metal”, associado à rigidez do pênis;
legno (madeira): “a parte sólida e compacta do tronco, que remete à dureza do órgão
masculino;
mangano (catapulta): “espécie de grande , que referencia o pênis e sua força ao penetrar
o órgão feminino;
mazza (marreta):bastão curto e robusto”, associado ao pênis,
verga (vara): “pedaço de metal de forma alongada”, que se refere ao pênis.
3) Penetração
Entre essas metáforas também se entrevê o sema da /penetração/, indicando que o
objeto pontiagudo, cortante ou que é capaz de ferir é o pênis quando introduzido em orifícios
durante a relação sexual; “sugere algo agressivo, que pode ser empregado para matar,
machucar, inerente às estimulações dadas aos meninos, desde pequenos, tais como jogos,
brinquedos e brincadeiras considerados mais violentos” (BRAGA; RIBEIRO, 2008, p. 11).
Para Scerbo (1991, p. 37), “a fantasia popular tem adotado com frequência alguns nomes de
objetos pênseis ou, de qualquer maneira, destinados a serem introduzidos em algo, como uma
expressão metafórica do órgão sexual masculino.
26
O mesmo autor comenta ainda que no
26
La fantasia popolare ha spesso scelto alcuni nomi di oggetti pendenti o comunque destinati a introdursi in
qualche cosa come voci metaforiche dell’organo sessuale maschile (SCERBO, 1991, p. 37).
90
culo XVI atestou-se a metáfora do prego (chiodo) para o membro viril devido à dureza e à
sua capacidade de penetração.
Em língua portuguesa destacamos:
arame: “fio mais ou menos delgado”, capaz de lembrar o pênis;
arma: “instrumento ou engenho de ataque ou de defesa”, cuja potência e capacidade de
penetração remetem ao pênis;
bacamarte: “arma de fogo de cano curto e largo, reforçada na coronha”, assim como a
metáfora acima, recorda o pênis pela penetração e pela forma;
bibico: “fio mais ou menos delgado, associado ao pênis;
bisarma: “arma antiga, constituída de uma longa haste de madeira rematada em ferro largo e
pontiagudo, atravessado por outro em forma de meia-lua”, que se refere ao pênis e à sua
dureza;
canivete: “pequena faca de lâmina movediça e que fecha sobre o cabo, para diversos fins”,
lembra o pênis quando introduzido em algum orifício;
carabina: “espingarda estriada; fuzil”, assim como a bacamarte, recorda o pênis pela
penetração e pela forma;
catatau: “espada velha”, referencia à penetração, lembrando o pênis quando introduzido em
algum orifício;
chave: artefato de metal que movimenta a lingueta das fechaduras”, penetração lembra o
pênis quando introduzido em algum órgão;
chicote: “cordel entrançado ou correia de couro ligada ou o a um cabo de madeira, e
comumente usado para castigar animais”, a forma e a capacidade de penetração e também da
dor que pode provocar àquilo que penetra faz referência ao pênis;
cúspide: extremidade aguda; ponta, vértice”, a ponta remete à cabeça do órgão e à sua
capacidade de penetração;
cutelo: “instrumento cortante, semicircular, de ferro”, o aspecto cortante lembra a penetração
do órgão;
dardo: “pequena lança”, aqui se repete a metáfora acima;
escopeta: “espingarda de repetição, leve, de cano curto”, cuja forma lembra a do pênis, além
da possibilidade de introdução em algum orifício;
espada: “arma branca, formada de uma lâmina comprida e pontiaguda, de um ou dois
gumes”, remete à cabeça do órgão e à sua capacidade de penetração;
91
espeto: “utensílio de ferro ou de pau com que se espetam carne, peixe, etc. para assá-los”, esta
metáfora também remete à cabeça do órgão e à sua introdução;
estaca: “peça estrutural alongada, de madeira, aço ou concreto, que se crava no solo”, o pênis
é associdado ao formato desse objeto que é introduzido no solo, assim como o órgão se
introduz em oricios;
estrovenga: “pequena foice de dois gumes”, remete à cabeça do órgão e à sua capacidade de
penetração;
faca: “instrumento cortante, constituído de lâmina e cabo”, recorda a capacidade de
penetração do órgão genital masculino;
ferrão: “ponta de ferro”, o objeto é associado à penetração do pênis;
fuso: “parafuso de madeira”, recorda a dureza do órgão e a capacidade de penetração;
garrocha: “pau com ferro farpado numa extremidade”, remete à cabeça do órgão e à sua
capacidade de penetração;
haste: “pau ou ferro, direito, longo e levantado, no qual se encrava alguma coisa”, referencia
a introdução do pênis em outro órgão;
lança / lanceta: “arma ofensiva ou de arremesso”, lembra o pênis e sua capacidade de
penetração;
manzape: pau ou chicote com que se castiga alguém”, a forma e a capacidade de penetrão
e também da dor que pode provocar àquilo que penetra – castigo;
martelo: “instrumento de ferro, em geral com cabo de pau, destinado a bater, quebrar e, esp.,
cravar pregos na madeira”, a forma e a capacidade de penetração relembram o pênis;
pajeú: “faca de ponta”, recorda o pênis e sua capacidade de penetração;
pica: “lança antiga”, associado ao pênis e à sua capacidade de penetração;
picão: “espécie de escopro com ponta, para lavrar pedra”, que lembra o pênis e sua
capacidade de introdução;
pino: “peça, em geral cilíndrica e alongada, que se introduz em orifícios de duas ou mais
peças para estabelecer entre elas uma união fixa ou articulada”, a forma referencia o pênis,
além da penetração em orifícios;
pistola: “arma de fogo portátil, leve, de cano muito curto, e que se maneja com uma só mão”,
recorda o pênis pela penetração e pela forma;
prego: “haste de metal, pontiaguda de um lado e com cabeça de outro, destinada a cravar-se
em um ponto ou objeto que se quer segurar ou fixar”, remete ao pênis pela penetração e pela
forma. A cabeça faz referência à glande do órgão masculino;
92
sarabatana: “espécie de arma rudimentar, que consiste num tubo comprido”, que recorda o
pênis pela penetração e pela forma;
seringa: “instrumento portátil, de material plástico ou de vidro, que serve para aplicar ou para
retirar líquidos do organismo ou para introduzir uma substância em cavidade ou em órgão oco
do corpo”, remete ao pênis pela penetração, pela forma e pela expulsão de líquidos assim
como a urina e o esperma;
trabuco: “espécie de bacamarte [arma de fogo]”, que recorda o pênis pela penetração e pela
forma;
virote: “seta curta”, cuja capacidade de penetração é associada ao órgão sexual masculino.
Em italiano, tem-se:
ago (agulha): “haste pontiaguda e aberta em uma extremidade usada para costurar, cuja
forma e utilidade remetem à penetração;
asta (haste): “bastão ou barra de material e dimensões variáveis”, cuja forma lembra a do
pênis;
battaglio (badalo): “a parte móvel do interior dos sinos”, que se refere o fato do pênis estar no
meio do sino, assim como fica no interior da vulva;
canuccia (canudo): “tubo de palha, de vidro ou de plástico para sorver líquidos”, associado ao
pênis e à penetração;
chiave (chave): instrumento de metal usado em fechaduras”, objeto que quando introduzido
remete ao pênis em processo de penetração na vulva;
chiodo (prego) barra de ferro com uma extremidade pontiaguda”, associado à penetração do
pênis;
coltello (faca): “instrumento formado por uma lâmina afiada afixada a um cabo”, que
referencia o pênis e a penetração;
dardo (dardo): “haste de madeira com ponta de ferro”, que remete ao pênis;
freccia (flecha): “pequena haste provida, na extremidade, de uma ponta”, associada à
capacidade de introdução na vulva pelo pênis;
lancia (lança): “arma constituída por uma haste provida, na extremidade, de um ponta de
metal”, cuja ponta estreita e possibilidade de penetração remetem ao pênis;
spada (espada): “arma branca com lâmina comprida, chata e pontiaguda”, que lembra o pênis
e seu poder de penetração;
spiedo (espeto): “haste de ferro, em que se espetam carnes”, remete à penetração do pênis;
93
trapano (broca): “utensílio que serve para efetuar furos, por meio de uma ponta metálica”,
que referencia o pênis.
4) Alimento
Ao órgão sexual masculino são associados alguns alimentos que recordem sua forma
ou por ser associado à felação, em que o pênis é sugado. Segundo Scerbo (1991, p. 86), os
vegetais, pela sua forma ou por alguma outra simbologia, incitaram a linguagem popular a
formar o poucos eufemismos e apelidos do aparelho genital masculino. A civilização
camponesa, que por tantos séculos precedeu a industrial, enriqueceu o vocabulário erótico
com muitas denominações de inspiração rural.
27
Concernente ao português:
banana / pacova: “fruto de qualquer espécie do gênero musa”, pela forma do fruto remete-se
ao formato do órgão masculino;
chouriça/ chouriço / chourição: “enchido de porco, cujo recheio é misturado com sangue e
curado ao fumo, cujo formato lembra o do órgão masculino;
espiga: “tipo de inflorescência”, comprida e relativamente cilíndrica que remete ao pênis;
legume: designação vulgar de plantas leguminosas ou de plantas herbáceas, comestíveis”,
cujo formato, em geral longo e cilíndrico, lembra o pênis;
linguiça: “enchido de carne de porco em tripa delgada”, cuja forma lembra a do órgão
masculino;
inhame: “tubérculos nutritivos e saborosos”, cujo caule curto e grosso é associado ao órgão
genital masculino;
macaxeira/ mandioca / maniva: “planta leitosa cujos grossos tubérculos radiculares, ricos
em amido, são de largo emprego na alimentação”, remetem ao pênis;
nabo: “herbácea cultivada por suas raízes comestíveis, arredondadas ou pontiagudas, roxas ou
brancas, conforme a variedade”, a forma dessa raiz lembra a do próprio órgão masculino;
27
Alcuni vegetali, per la loro forma o per qualche loro simbologia, hanno indotto il linguaggio popolare a
formare non pochi eufemismi e nomignoli del genitale maschile. La civiltà contadina, che per tanti secoli ha
preceduto quella industriale, ha arricchito il vocabolario erotico con molte denominazioni d’ispirazione
agreste” (SCERBO, 1991, p. 86).
94
paio: carne de porco ensacada em tripa de intestino grosso”, metáfora que salienta a forma
parecida do alimento com a do pênis;
pepino: “fruto do pepineiro”, que o alongados e crassos, ricos em água, e se comem em
salada e conserva”, em que a forma é associada a do órgão masculino;
picolé: “sorvete solidificado em uma das extremidades dum pauzinho, e que se toma
segurando-o pela outra extremidade”, aqui, tanto pelo formato quanto pelo ato da felação
remete-se ao pênis;
pirulito: “cone de mel escuro e solidificado preso na extremidade de um palito, por onde se
pega para consumi-lo”, assim como o picolé, o pirulito é associado à forma e à felação do
órgão sexual masculino;
quiabo: “fruto capsular cônico, verde e peludo, produzido pelo quiabeiro comum”, cuja forma
lembra a da genitália masculina;
salsicha: enchido feito de carne de porco moída, com sal e diversos temperos, de aspecto e
sabor característicos, e no qual se utilizam tripas de pequeno diâmetro”, a forma desse
alimento remete ao formato do órgão masculino;
salame: “enchido de origem italiana feito de carne de porco picada, pequenos cubos de
toucinho e pimenta em grãos, e que se come frio”, assim como a metáfora acima, lembra a
forma do pênis;
tripa: “parte do intestino do boi usada na alimentação”, que, pela possibilidade de ser
preenchida e e adquirir forma cindrica, remete ao aparelho genital masculino;
vagem: “legume” cilíndrico e comprido, associado ao órgão sexual masculino.
Para a língua italiana selecionamos:
biscotto (biscoito): “pequeno doce de variada forma, a base de farinha e outros ingredientes,
associado ao pênis;
babà (doce): “doce pico napoletano de farinha, muito delicado e embebido em rum, que
tem um formato que recorda o membro masculino;
carne senz’osso / pezzo-di-carne (carne sem osso / pedaço de carne): “massa muscular do
homem e dos animais”, associado ao pênis devido à ausência de ossos;
fagiolo (feijão): “semente comestível”, possibilidade de fecundação remete ao pênis,
fava (fava): “semente comestível”, remete à metáfora anterior;
95
pannocchia (espiga): inflorescência formada por uma parte principal que carrega as flores”,
que remete ao pênis;
pisello (ervilha): “semente comestível”, cuja possibilidade de fecundação remete ao pênis,
salame (salame): “embutido de forma alongada, feito com carne”, cuja forma lembra a do
órgão genital masculino;
salsiccia (linguiça): “embutido de carne suína”, cujo formato é associado ao órgão genital
masculino;
rstel (salsicha): embutido de carne suína”, que lembra o pênis
5) Antroponímia
É comum, em língua portuguesa e em língua italiana, atribuir ao pênis nomes pprios,
o que remete à importância do órgão para o homem. A ideia base é que, sendo dotado de
manifestações próprias como o inchaço, a excitação etc., tem vida independente, autônoma. O
sema em destaque é /antroponímia/. Dessa forma, não uma definição para cada um dos
nomes dados. Podemos apenas comentar que todos se relacionam a nomes de pessoas do sexo
masculino. Ademais, alguns nomes funcionam como idioletos, ou seja, são criações
individuais e únicas, para as quais qualquer nome pode ser utilizado a fim de substituir a lexia
oficial.
Ei-los em português:
bráulio;
caetano;
chico;
gaspar;
gregório;
jerônimo;
joaquim-madrugada;
judas;
mané-souza;
tinoco;
;
zeca;
zezinho.
Em italiano:
96
adamo;
adolf;
bernardo;
fra bernardo;
pasquale.
6) Utilidade
Esse tipo metafórico apresenta um significado genérico de equipamentos que têm
determinada finalidade ou objetos acessórios, que o órgão sexual masculino é por vezes
considerado um anexo ao corpo, explorando o sema /utilidade/.
Na língua portuguesa:
aparelho: máquina, instrumento, objeto, ou utensílio para um determinado uso”, o pênis é
associado a uma finalidade principal, o sexo;
berimbau: “instrumento de percussão, de origem africana, com o qual se acompanha a
capoeira, e que é uma haste de madeira arqueada por um fio de arame, com uma cabaça presa
ao dorso da extremidade inferior”, cuja possibilidade de ser tocado e a forma, lembram o
órgão masculino;
borracha: “substância elástica feita do látex coagulado de várias plantas”, cuja elasticidade
lembra o pênis;
clarineta: instrumento de sopro, cujo tubo, parcialmente cilíndrico, é dotado de uma palheta
simples”. Assim como a metáfora do berimbau, o fato de poder ser tocado e da forma
parecida referencia a genilia masculina;
carimbo: “instrumento de metal, madeira ou borracha, com que se marcam papéis”, assim
como o pênis marcaria o órgão sexual feminino;
catoco: “pequeno pedaço de alguma coisa”, remete à forma do pênis;
contrapino: “pequena cavilha de ferro, de duas pernas, que se atravessa na ponta de um eixo,
parafuso ou cavilha, para manter no lugar porcas, arruelas, etc.”, assim como o pênis,
localiza-se entre duas pernas e tem uma ponta, que seria a cabeça do órgão;
engate: aparelho com que se ligam entre si os carros ou as parelhas de tiro”, cuja metáfora
lembra o pênis que, pela penetração, faz ligação entre dois corpos durante o ato sexual;
ferragem: “conjunto ou porção de peças de ferro necessárias para edificação, artefatos, etc.”,
associada ao órgão sexual masculino;
97
ferramenta: “qualquer utensílio empregado nas artes e ofícios”, o pênis é associado a sua
finalidade sexual;
flauta: “instrumento musical de sopro, de tubo aberto, e dotado de orifícios”, forma que
remete ao órgão masculino;
gaita: “instrumento de sopro, com vários orifícios”, cuja possibilidade de ser tocado, lembra o
órgão masculino;
lambaio: “vassoura, presa à extremidade de uma vara”, essa metáfora se associa à forma do
pênis;
mala: “saco de couro ou pano, ordinariamente fechado com cadeado”, que remete à genitália
masculina;
malotão: “pacote ou trouxa grande”, com essa metáfora refere-se não ao pênis mas ao
conjunto dos órgãos genitais masculinos;
máquina-de-fazer-menino: aparelho ou instrumento próprio para comunicar movimento ou
para aproveitar, pôr em ação, ou transformar uma energia ou um agente natural, assim como
uma quina, o pênis pode estar envolvido no ato sexual e é capaz de produzir meninos, ou
seja, de fecundar;
peça: “parte ou pedaço de um todo indiviso”, que remete ao que o órgão representa para o
corpo, assim como uma pa é usado em relações sexuais;
pilão: “designação comum a diversos instrumentos que servem para bater, triturar, calcar”,
assim como o pênis durante a penetração;
pincel: “objeto constituído de um tufo de pelos ou de fibras, fixado na extremidade dum cabo,
e que se usa para espalhar tintas, verniz, cola, etc.”, remetendo ao pênis;
puxador: “peça de madeira, metal, etc., por onde se puxa para abrir portas, gavetas,
portinholas”, que é associado ao órgão por conta da masturbação;
rédea: “correia para guiar as cavalgaduras”, parte acessória que remete ao pênis. O ato sexual
muitas vezes é associado ao ato de cavalgar;
trouxa: “grande pacote” com essa metáfora refere-se não ao pênis mas ao conjunto dos
órgãos genitais masculino.
Em língua italiana apresentamos:
aggeggio (treco): “objeto sem valor, associado ao pênis por ser algo acessório, sem
relevância;
arnese (utensílio): “instrumento de trabalho”, que remete ao esfoo do pênis durante a
relação sexual;
98
martello (martelo): “instrumento constituído por uma pequena clava melica e cabo de
madeira usado par bater ou romper, assim como pênis irrompe a cavidade da vulva durante o
ato sexual;
ordigno (instrumento): “instrumento de trabalho”, que remete à função do pênis durante a
penetração;
pacco (pacote): conjunto de objetos destinados a um uso particular, que remete ao pênis
durante a relação sexual;
patacca (medalha): “chapa metálica”, elemento acessório, que remete ao órgão sexual
masculino;
tappo (tampa): objeto de forma cilíndrica que aplica pressão a um recipiente, em que o
membro masculino funciona como uma tampa e fecha um orifício, que seria, como veremos
adiante, o órgão sexual feminino.
7) Animal
Em função do corpo ou de alguma parte em formato mais alongado de alguns animais,
foram criadas metáforas ligando-os ao órgão sexual masculino, em que se evidenciam a forma
e a textura lisa, como no caso dos peixes e cobras. Os pássaros foram também intensamente
ligados às metáforas do pênis em língua italiana, pois a criatividade popular italiana visionou
no pássaro a semelhança ao pênis e aos testículos: associa-se o pescoço alongado do animal
ao próprio órgão viril e o formato arredondado da parte restante do corpo, aos testículos.
O português apresenta:
bagre: espécie de peixe, associado ao pênis pela lisura;
basilisco: “réptil fantástico, de oito pernas, segundo alguns em forma de serpente”, também
associado pela lisura ao aparelho genital masculino;
bicho: “qualquer dos animais terrestres”, associado à potência do órgão;
cobra: “designação popular dos odios venenosos ou não”, remete ao pênis pela forma e pela
lisura;
gambá: designação comum aos mamíferos marsupiais”, remete ao odor do órgão masculino;
ganso: “ave de pescoço longo e bico achatado, cujo formato é associado ao órgão sexual
masculino”;
99
jiboia: “réptil de grande comprimento”, que lembra a genitália masculina pela forma e textura
lisa;
lombriga: “designação comum aos animais asquelmintos, de grande comprimento, em que
seu formato liso e escorregadio se associa ao pênis;
manjuba: espécie de peixe, cuja metáfora remete à lisura do pênis;
minhoca: “designação geral dos animais anelídeos”, o formato liso e escorregadio referencia
o pênis;
miraguaia: espécie de peixe, metáfora que remete à lisura do pênis;
minhocão: “animal fanstico que, segundo a crendice popular, tem a forma de verme
gigantesco, vive nos açudes ou banhados”. Assim como a metáfora minhoca, remete ao
formato e à lisura do aparelho genital;
muçu: espécie de peixe, cuja lisura lembra a do pênis;
ocapi: “mamífero girafídeo de tipo intermediário entre as girafas e os antílopes, que tem
pescoço relativamente curto”, cujo pescoço é associado ao comprimento do pênis;
passarinho: “pássaro; pequena ave, metáfora que lembra o formato do órgão masculino;
peru: grande ave galinácea doméstica, de pescoço e cabeça nus”, que remete ao
comprimento e à forma do pênis;
piaba: espécie de peixe, cuja lisura lembra a do pênis;
pinto / pintinho: “filhote da galinha ainda novo”, que lembra o pênis;
robalo: espécie de peixe, cuja lisura que recorda a do pênis;
rola / rolinha: “designação comum a várias aves columbiformes”, em que o formato
alongado do pescoço recorda o pênis;
sardão: espécie de lagarto escuro”, associado pela lisura ao órgão genital masculino;
sapo: designação comum aos anfíbios anuros”, cuja pele lisa e escorregadia lembra a do
pênis;
traíra: espécie de peixe, cuja lisura recorda a do pênis;
Para o italiano sugerimos:
boa (jiboia): “gande serpente”, cujo formato lembra o do órgão masculino;
100
colombino (pombo): “nome comum de muitos pássaros”, cujo pescoço alongado remete ao
pênis;
passerino (passarinho): “pequeno pássaro”, que recupera a metáfora acima;
pesce (peixe): “animal vertebrado que vive e respira sob a água, que remete ao pênis devido
ao fato de ser escorregadio e liso, como o órgão;
piccione (pombo): “pássaro doméstico de tamanho médio”, que recorda a forma do pênis.
pitone (píton):serpente”, que referencia a forma do pênis;
serpente (serpente): “réptil venenoso de corpo longo”, cujo corpo lembra a forma do órgão
sexual masculino;
verme (verme): “pequeno animal invertebrado, sem patas, com corpo de forma alongada”,
que recupera a metáfora pela forma similar ao pênis.
8) Secreção
A genitália masculina é também associada diretamente ao ato da ejaculação e de
urinar, cujo sema é a /secreção/.
Em português:
cano: “designação genérica de toda a espécie de tubo que permita escoamento de líquidos ou
gases”, o escoamente é associado diretamente à secreção liberada pelo pênis;
chupeta: “tubo ou orifício por onde se absorve ou chupa um líquido”, além de remeter à
secreção é também metáfora da felação;
esguicho: “jacto ou repuxo de um líquido”, que além do formato referencia a expulsão de
líquidos;
lança-perfume: “recipiente cilíndrico, de vidro ou de metal, que contém cloreto de etila
perfumado mantido sob pressão e lançado em jacto”, cuja liberação de líquido permite
associação ao pênis;
mijão: “que ou aquele que mija com frequência, lembra a expulsão da urina ou a ejaculação
do pênis;
torneirinha: diminutivo de “tubo com uma espécie de chave, usado para reter ou deixar sair
um fluido contido em vaso”, cuja forma e expulsão de líquidos recorda a genitália masculina.
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Em italiano:
ciuccio (chupeta): “mamilo de borracha para crianças”, de onde jorram líquidos, assim como
a secreção expelida pelo pênis;
pistola (pistola): “arma de fogo”, associada ao pênis por expelir algo, no caso, as balas
referenciriam o sêmem ou a urina;
pisciolo (mijo): “urina”, em associação ao ato de urinar realizado por meio da genitália
masculina.
9) Órgão
nomes para os quais não encontramos uma referência metarica explícita.
Justificamos esta lacuna confirmando que, apesar “da simplicidade de que se reveste o
metaforismo erótico, nem sempre é fácil distinguir o sentido preciso de algumas metáforas,
seja pela sua origem que se perde no tempo, seja pela multiplicidade de fatores que intervém
na semântica dos termos populares (...)” (PRETI, 1984, p. 126). Pode ter havido no ato da
criação alguma referência metafórica que, todavia, se esvaiu com o passar dos anos.
Os casos como o acima descrito, para os quais não encontramos uma metáfora
evidente, enquadramos no grupo ao qual nomeamos membro, cujo sema é /órgão/.
Escolhemos esta metáfora ampla, cuja definição seria: um dos quatro apêndices do tronco,
ligados a ele por meio de articulações (FERREIRA, 2004), por nos remeter ao órgão sexual
masculino dado que é considerado um apêndice, algo agregado ao corpo do homem.
Uma das nomeações mais populares na Itália para referenciar o órgão sexual
masculino é cazzo”, e suas variações cacchio”, cavolo, capperi”, em italiano. Nesta
metáfora, de acordo com o autor, os principais nomes iniciados por ca- são suas variantes;
mas sua etimologia não é clara. Em uso desde o século XVI, teve grande difusão no tempo e
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no espaço. “A palavra ‘caralho’ atualmente é facilmente dita por inúmeras pessoas de todos os
níveis sociais”
28
(SCERBO, 1991, p. 73).
As unidades que aparecem em nosso corpus relativas a essa metáfora e que
apreciaremos doravante não disem de uma definição dicionarizada à qual poderíamos
associá-las. Por esta razão, são seguidos por nenhuma definição.
Para o português destacamos:
cachaporra; jeba; pinguelo;
caralhaz; jebão; piroca;
caralho; mangalho; porra;
carulho; mango; porraz;
catano; membro; sarrafo;
chechoca; negócio; totinha;
documentos; pila; troços;
encomenda(s); pilinha; trolha;
genitália; pimba; trolho;
moca; pimbau; troçulho;
falo; pingola; xereca.
Em língua italiana encontramos no corpus:
bambino; cazzone;
cazzo; pipì;
cacchio; pipinna;
cazzaccio; pipo;
cazzata; supercazzo
cazzo del gallo;
10) Pelagem
O pênis também é associado diretamente a sua extremidade, nomeada tecnicamente de
glande, em que sobressai a falta de pelagem. Em língua italiana, porém, esta metáfora o é
recorrente, segundo nosso corpus.
No português temos:
28
La parola ‘cazzo’ tuttora viene facilmente pronunciata da molte persone di tutti i livelli sociali (SCERBO,
1991, p. 73).
103
cabeça calva: “extremidade” desprovida de pelagem;
cabeça de frade: “extremidade”. A adição de frade nos remete à cabeça raspada, ou seja, sem
cabelos de algumas ordens religiosas.
cabeça-lisa: “extremidade”. O adjetivo lisa referencia a falta de pelos;
cabeça-pelada: “extremidade”. O adjetivo pelada remete à ausência de pelos;
calvo: “que não tem cabelo”, ou seja, o pênis é desprovido de pelagem;
careca: “que não tem cabelo”, metáfora que recorda a anterior;
kojac: nome de um personagem do homônimo seriado norte-americano, produzido no final
dos anos setenta, de muito sucesso no mundo todo, tanto no Brasil quanto na Itália. Em
função de o ator ser calvo, foi associado ao órgão sexual masculino.
pelada: “que não tem pelo”, relacionada à falta de pelos no órgão.
CAMPO SEMÂNTICO: Vulva
A respeito do órgão sexual feminino, podemos destacar em línguas portuguesa as
metáforas:
1) Forma
A vulva é associada, por sua forma, a um corte, um rasgo ou um orifício, em que o
sema prevalente é /forma/. Sobre o formato que se associa comumente ao órgão sexual
feminino, Scerbo comenta: “Uma das primeiras imagens que sugerem a genitália feminina é a
da fissura. Trata-se do elemento oposto em relação à protuberância da genitália masculina
destinada, por lei da natureza, a encontrar hospitalidade em tal abertura”
29
(SCERBO, 1991,
p. 140). Outras metáforas se baseiam no formato anelar do órgão sexual feminino. Os
exemplos mais comuns, em língua portuguesa,o:
29
Una delle prime immagini che suggerisce il genitale femminile è quella di una fessura. Trattasi dell’elemento
opposto rispetto alla protuberanza di cui consta il genitale maschile destinato, per legge di natura, a trovare
ospitalità in tale fessura” (SCERBO, 1991, p. 140).
104
anel: “pequena tira circular”, que remete ao orifício da vulva;
brecha: “fenda ou abertura em alguma coisa”, que recorda a forma de vulva;
corte de navalha / corte profundo: “abertura da pele ou de parte(s) mole(s)”, que remete à
forma externa do órgão genital feminino, que inclui grandes e pequenos lábios, vestíbulo
vaginal;
ferida: ulceração resultado de incisão, que recorda a forma da vulva;
fenda / fendinha: “abertura de maior ou menor extensão na superfície de um corpo”, cuja
forma lembra a vulva;
lasca/ lascadeira/ lascadinha/ lascado / lascão: “poão que se corta de certos corpos”,
assim como as duas partes (lábios) em que se divide a vulva;
racha: “abertura de coisa rachada”, metáfora que referencia a vulva;
rego: “sulco natural ou artificial, que recorda a vulva;
talho: “abertura da pele ou de parte(s) mole(s)” forma que remete à vulva.
Em língua italiana destacamos:
anello / umido anello (anel / anel úmido): “objeto, elemento ou estrutura circular” que remete
à forma da vulva. A segunda metáfora referencia ainda a secreção do órgão;
ferita (ferida): “abertura lesionada da pele”, que recupera a forma da vulva;
fessa / fessura (fissura): “abertura longa”, que remete à forma da vulva;
taglio (corte): “abertura”, que recorda a vulva.
2) Abertura
Esta é uma das metáforas mais produtivas, pelo que percebemos no exame do corpus.
O formato da genitália feminina, com a cavidade por onde entra o pênis na relação sexual, por
onde se dá à luz, ou onde se poderia armazenar qualquer objeto como um receptáculo é
motivo de várias criações metafóricas, cujo sema evidente é /abertura/. Um dos exemplos
merece atenção especial. É sabido que boceta, antes uma caixa redonda de pequeno tamanho
para guardar objetos, hoje é um tabuísmo referente à vulva. “Os vocábulos pica e boceta
105
reproduzem, com grande fidelidade e impacto visual, os órgãos genésicos. Sua figura, seu
tamanho, sua cor e, às vezes, até seu cheiro. Nós os vemos com todo seu encanto e esplendor”
(ARANGO, 1991, p. 113). Segundo Arango, boceta é a unidade lexical mais condenada, cujo
uso recebe condenação até mesmo num prostíbulo. Convém notar que se encontra uma
variação ortográfica nesta unidade, qual seja, a troca de o por u: buceta. Conforme o
dicionário Aurélio (FERREIRA, 2004), a forma adequada seria aquela grafada com o e não u.
Todavia, recolhemos em nosso corpus também a segunda forma de uso muito frequente.
De acordo com Scerbo (1991), os objetos domésticos, em contato com os homens há
milênios, não deixaram de influenciar a criação popular, retomando o mesmo sema da
/abertura/. Em relação a um dos exemplos, forno”, verifica-se que é metáfora atestada na
Itália desde o século XVI. Todos os alimentos que são introduzidos nesse interior fazem
referência à penetração do membro masculino na vulva.
Em língua portuguesa destacamos:
acesso ao útero: “entrada”, recordando por onde entraria o pênis;
boca: “cavidade”, em que penetraria o pênis;
boceta / buceta: caixinha redonda, oval ou oblonga, cuja forma, como visto acima referencia
a vulva;
bueiro/ bueiro onde desce o careca/ bueiro quente: “abertura, natural ou construída, por
onde escoam águas”, que retoma a abertura da vulva;
buraco: “abertura de certa extensão feita numa superfície”, assim como a abertura que se
encontra na vulva;
cabaça/ cabação / cabacinha / cabacinho / cabaço: vaso”, cujo orifício lembra o da vulva;
caixa / caixinha:recipiente ou receptáculo”, que como a boceta lembra a vulva;
caneco-de-ouro: “vaso pequeno, receptáculo em que penetraria o pênis;
casa / casinha: abertura por onde passa o botão” ou “moradia”, cuja abertura lembra a da
vulva;
caverna: “grande cavidade” que referencia a abertura do órgão genital feminino;
106
cavidade: “espaço cavado de um corpo sólido, que metaforiza a vulva;
concha: “parte côncava”, cuja abertura e forma remetem ao órgão feminino;
cova: “buraco onde se escondem certos animais, em que a abertura lembra a da vulva;
cuia: “vaso”, metáfora cujo orifício lembra o da vulva;
depósito: “reservatório”, assim como um receptáculo, a vulva reservaria o pênis;
forno: “construção (...) com uma abertura, capaz de produzir e armazenar o calor
necessário a certos processos, cujo calor e abertura recorda o próprio aparelho genital
feminino;
furna: “caverna ou gruta”, metáfora que recorda a abertura da vulva e passagem do pênis;
furo: “abertura artificial”, em que se evidencia o orifício da vulva;
garagem: “abrigo para veículos automóveis”, a abertura e passagem lembram a vulva e o
automóvel seria o pênis;
gaveta: “caixa sem tampa”, cuja abertura remte à vulva;
grota: “abertura produzida pelas enchentes na ribanceira ou na margem de um rio”, que
lembra a vulva;
grotão/ gruta / gruta-do-amor: “caverna natural ou artificial”, em que a abertura referencia
o órgão feminino;
loca: “gruta pequena”, que lembra a vulva;
ninho de piroca: “toca, covil” da piroca, ou seja, receptáculo do pênis;
ninho de rola: “toca, covil” da rola, recupera a metáfora acima;
pito: “vaso grande de cerâmica grosseira para guardar vinho ou cereais”, metáfora cujo
orifício lembra o da vulva;
poço: “cavidade funda”, em que a abertura e forma recuperam a vulva;
tigela-com-pelos: “vaso complementado pela indicação de pelagem, metaforizando a vulva;
túnel: “caminho ou passagem subterrânea, que é associado à vulva;
vasilhame: “vaso para líquidos”, metáfora cujo orifício lembra o da vulva;
vaso: “qualquer objeto côncavo próprio para conter substâncias líquidas ou sólidas, o orifício
recorda o da vulva.
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Em italiano selecionamos:
astuccio (estojo): “invólucro de pequenos objetos”, que remete à abertura e capacidade de
guardar dentro de si o pênis;
barattolo (pote): “pequeno recipiente”, que recorda a vulva e a metáfora acima explicada;
bicchiere (copo): “pequeno recipiente pelo qual se bebe”, associado à vulva;
bocca (boca): “cavidade que constitui a primeira parte do aparato digestório”, cuja abertura
lembra a da genitália feminina;
buco (buraco): “abertura mais ou menos profunda”, que remete à vulva;
ciotola (tigela): “recipiente de forma semiesférica sem cabo, que recorda a abertura e a
capacidade de receber o pênis no ato sexual;
forno (forno): “construção com abertura semicircolar ou retangular”, cuja metáfora é
explanada acima;
grotta (gruta): “cavidade natural subterrânea”, cuja abertura remete à vulva;
nido (ninho): “estrutura de forma e material variados construída por pássaros para seu próprio
abrigo”, assim como a vulva seria o lugar onde se manteria o pênis durante o sexo;
scatola (caixa): “receptáculo de forma e material variados”, que remete à vulva;
tazza (xícara): “pequeno recipiente com cabo”, associado à vulva;
vaso (vaso): “recipiente de forma e material variados”, associado à abertura da vulva.
3) Pelagem
A presença de pelos na vulva impele a criação de metáforas que a associem a objetos,
lugares, ou ainda alimentos que sejam recobertos por algum tipo de pelame ou por vegetação,
o que equivaleria aos pelos. Apesar de aparecer em alguns dos nossos exemplos itens que
poderiam também prefigurar em outras metáforas, achamos por bem apresentar aqui aqueles
que oferecem algum ponto de contato com o sema /pelagem/.
Em língua portuguesa destacamos:
bigode: “pelos que nascem sobre o lábio superior”, assim como recobrem os lábios da vulva;
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cabeluda: “que tem muito cabelo”, assim como a vulva;
charuto de pelo: rolo de folhas secas de fumo, preparado para fumar-se” coberto de pelos,
cuja pelagem é associada à da vulva;
crespo: “cabelos anelados”, assim como os que recobrem a vulva;
gramado: “terreno coberto de grama”, neste caso, de pelos da vulva;
mata: “cobertura vegetal” que remete aos pelos da vulva;
peladinha: “que não tem pelo, recorda a vulva;
pelera: popularmente, grande quantidade de pelos num mesmo espaço, metáfora que lembra a
pelagem da vulva;
pelozinha: “que tem pelos”, assim como a vulva;
pelúcia / pelucinha: “conjunto de pelos”, que lembra a vulva;
peluda: que tem muito pelo”, assim como a vulva;
pudim de pelo: alimento recoberto de pelos, assim como a vulva;
rocinha: “terreno onde se roça mato”, o mato é metáfora da pelagem presente na vulva;
tigela com pelos: “recipiente coberto de pelos, assim como a abertura e a pelagem do órgão
genital feminino.
Para a língua italiana recolhemos:
boschetto (bosque): “terreno coberto de árvores”, cujas árvores são associadas aos pelos;
cespuglio (moita): “conjunto de plantas”, cuja vegetação remete aos pelos da vulva;
foresta (floresta): “grande extensão de terra recoberta de plantas”, metáfora que recupera
aquela explanada acima
orto d’amore (horto/horta): “jardim”, em que a presença de vegetação recorda a pelagem da
vulva;
pelliccia (pelagem): revestimento de vários mamíferos de pelagem macia e longa, usado
também para fazer casacos”, que remete aos pelos da vulva;
pelosa (peluda): “pessoa ou animal que tem muitos pelos”, adjetivo associado à vulva e a seus
pelos;
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ragna (aranha): “invertebrado”, que, pela presença de pelos em algumas espécies, lembra a
pelagem da vulva;
selva / selva nera (selva / selva negra): floresta”, em que as plantas lembram os pelos,
intensificados pelo adjetivo negro da segunda metáfora – que recorda a cor da pelagem.
4) Animal
As metáforas que fazem menção aos animais, sejam eles de penas ou pelos, lembram
especialmente o pelame da genitália. Optamos por separá-las da seção acima porque o se
referem a objetos e sim, a seres. Ainda podemos destacar a refencia ao cheiro de alguns
animais. Dispensamos as definições dicionarizadas e apresentamos as nossas próprias, com o
intuito de esclarecer melhor o que são e a que se referem os itens de cada metáfora, refutando
os termos técnicos da zoologia.
Para o português selecionamos:
aranha: inseto cuja presença de pelos lembra a vulva;
arraia-preta: tipo de peixe que remete à forma da vulva;
bacalhau: tipo de peixe associado à vulva pelo cheiro;
bacorinha: pequena leitoa, associada à vulva;
baratinha: inseto cuja forma lembra a da vulva;
bicho-preto: designação geral dos animais, cuja cor e a possível presença de pelos lembram a
vulva;
bichana / chana / xana / gato (as duas intermedrias são formas reduzidas da primeira):
mamífero coberto de pelos, assim como a genitália feminina;
cachorro: mamífero coberto de pelagem, que recupera a metáfora acima;
caranguejo: tipo de crustáceo que é associado à forma da vulva;
lacraia: inseto associado ao órgão sexual feminino;
marisco-de-barra: animal marinho que, pela forma, é associado à vulva;
marmota: roedor, cuja presença de pelos lembra a vulva;
110
ssara / passarinha: ave cuja presença de penas lembra a pelagem da vulva;
perereca: anfíbio cuja forma é associada ao aparelho genital feminino;
periquita / piriquita: ave cuja presença de penas lembra a pelagem da vulva;
pomba / pombinha: metáfora que recupera a acima descrita;
rata: roedor associado à pelagem do órgão;
sapo: anfíbio cujo formato é associado ao órgão genital feminino;;
tamatiá: ave cuja presea de penas lembra a pelagem da vulva;
tatu: mamífero cuja forma é associada à vulva;
ursa: mamífero cujos pelos são associados à vulva.
Para a língua italiana destacamos:
anitra (pato): “ave plumada”, cuja plumagem lembra os pelos da vulva;
conchiglia (concha): “invólucro calcáreo que recobre o corpo de muitos moluscos”, que
lembra a forma da vulva;
fagiana (faisão): ave com plumagem de cores variadas”, associada à vulva;
gatto (gato): “felino doméstico”, cuja pelagem remete a da vulva;
marmotta (marmota): “mamífero roedor de pelagem macia”, em que a pelagem recorda a
vulva;
passera / passerina (pássara / passarinha): “pássaro”, que lembra a forma da vulva e as
penas, os pelos,
topa (rata): “pequeno roedor de pelo curto”, pelagem associada à vulva;
uccello (pássaro): “pássaro”, uma vez mais, a pelagem é a base da metáfora;
vongola (mexilhão): “molusco de concha oval”, cuja forma é associada à vulva.
5) Beleza
Esta metáfora ressalta a beleza do órgão, seja se referindo a flores ou com adjetivos.
Optamos por não apresentar as definições de cada uma delas por pensar ser desnecessário a
111
explicitação em demasia de algo que nos parece evidente: em todas as metáforas o sema
evidente é a /beleza/. Para a genitália feminina em italiano usam-se também metáforas do
reino vegetal. A base delas é a antiga simbologia da fecundidade das árvores. De modo
particular,
a figueira, cujo fruto maduro, abrindo-se, fornece a imagem da vulva. De fato, o nome de tal
fruto, que popularmente foi feminilizado e transformado em ‘fica’ [que traduzimos aqui por
boceta], representa até agora a mais difundida metáfora da mulher. Na base de sua motivação
estão muito provavelmente também a cor, a maciez e a viscosidade do fruto mencionado.
30
(SCERBO, 1991, p. 185, comentário nosso)
Na tradução para a língua portuguesa, essa etimologia se perde. Contudo, a maçã
cortada ao meio faz alusão à vulva, na cultura brasileira.
Em língua portuguesa apresentamos:
flor;
margarida;
papoula;
rosa/ rosinha;
bela;
fofa;
gostosa;
tesouros.
Para a língua italiana recolhemos:
gioiello (joias);
orchidea (orquídea);
rosa (rosa);
tesoro (tesouro).
30
l’albero del fico, il cui frutto maturo aprendosi l’immagine della vulva. Infatti il nome di tale frutto, che
popolarmente è stato femminilizzato e trasformato in ‘fica’, rappresenta tuttora la più diffusa metafora della
natura della donna. Alla base della sua motivazione stanno molto probabilmente anche il colore, la mollezza e
l’appiccicosità del frutto anzidetto” (SCERBO, 1991, p. 185).
112
6) Antroponímia
Assim como ocorre com o pênis, também se atribui à vulva nomes próprios, o que
remete à importância do órgão. A ideia principal é que tem vida independente. O sema em
destaque é /antroponímia/. Como explicitado no mesmo item referente ao órgão genital
masculino, também aqui as escolhas são aleatórias e idiossincráticas.
Não apresentamos uma definição para cada um dos nomes dados, pois remetem a
nomes de pessoas.
Em língua portuguesa temos:
bráulia;
caetana;
chiquitita;
maroquinha;
ofélia;
paloma;
ritinha;
;
teca;
teia;
teresuda;
tieta;
tonha;
totonha;
vanderléia;
vandinha;
xuxa;
zezinha.
Em língua italiana destacamos:
berta;
filiberta;
filippa;
filippina;
lucia;
mona;
mona bernarda;
mona lisa.
7) Fechamento
O aprisionamento do pênis no órgão sexual feminino, devido à contração da vagina
durante o coito, provocou a metáfora da armadilha ou de uma fechadura, explorando o sema
/fechamento/.
113
arapuca de caçar pinto: armadilha para apanhar pássaros pequenos, cuja metáfora associa a
vulva sendo penetrada pelo pênis;
alçapão: “armadilha para apanhar pássaros”, que remete ao fechamento da vulva;
caiçara: “armadilha para apanhar peixes, feita com ramos de árvores”, metáfora que recupera
aquela explanada acima;
cambão: “peça de madeira com que se prende por correias um ou mais bois a um carro, cujo
fato de prender remete ao ato sexual em que o pênis é absorvido pela vulva.
cofre do meu pau: caixa onde se guarda dinheiro, jóias, documentos e outros objetos de
valor”, assim como a vulva fecha dentro de si o pênis;
Para o italiano citamos:
gabbia (gaiola): “estrutura usada para guardar ou transportare pássaros”, assim como a vulva
retém o pênis dentro dela;
serratura (fechadura): “peça mecânica para fechar à chave portas”, assim como a vulva
segura o pênis;
trappola (armadilha): “engenho de forma variada usado para capturar animais”, que remete
especificamente ao apresionamento do pênis durante o sexo.
8) Órgão
Também para a vulva nomes para os quais não pudemos referenciar uma metáfora.
Os casos como o comentado, em que não encontramos uma metáfora evidente, enquadramos
no grupo metáforas desconhecidas. Por esta razão, não sugerimos nenhuma definição em
seguida dos itens.
babaca;
bimba grande;
chincha / xinxa;
chiranha;
chiri;
chochota;
chota;
fanico;
nhonha;
nica;
papuda;
pichoca;
pichita;
picheu;
pichuleta;
pipita;
pipiu;
pixana;
popoca;
precheca;
prexeca;
prexela;
prexeta;
quirica;
rodete;
tabaca;
tambare;
xarife;
xavasca;
xereba;
114
xereca;
xerereca;
xexeca;
xiba;
xiri;
xiranha;
xixim;
xixita;
xoxota;
xota.
Em língua italiana não encontramos unidades léxicas que se relacionassem a esse
mesmo sema
9) Alimento
Ao órgão sexual feminino também se associam alimentos que recordem, em especial,
seu formato ou sua pelagem, algo que se pode comer.
Em português:
muqueca de pelo: alimento recoberto de pelos assim como a vulva;
hamburguer de pelo / filé de pelo: carne recoberta de pelos que lembra a pelagem da vulva;
esfiha de pelo: alimento recoberto de pelos, que recupera a presença de pelos na genitália
feminina;
pastel de pelo: alimento recoberto de pelos, associado à pelagem da vulva;
Para a língua italiana, mostramos o que se segue.
albicocca: “damasco”, que referencia a vulva;
bistecca col pelo (bisteca com pelo): “fatia de carne”, recoberta de pelos, assim como a vulva;
braciola (bife):fatia de carne”, que remete à vulva;
bresaola / bresaolona (embutido): “carne salgada”, relacionada ao órgão genital feminino;
brioche (croissant): “tipo de massa doce à base de farinha, manteiga, fermento e ovos”,
associada à vulva;
castagna: “castanha”, que referencia a vulva;
115
ciambella (bolo): “doce de forma circular com uma abertura ao meio”, que recorda o orifício
da vulva;
frutto: “fruto”, assim como seria a vulva;
meringa alla fragola (suspiro com morango): “doce feito de suspiros”, ao qual se adicionam,
nesta metáfora, os morangos, metáfora que associa a vulva algo apetitoso;
noce: “noz”, associado à vulva;
pesca:pêssego”, que referencia a vulva;
prugna / susina: “ameixa, que remete à vulva;
CAMPO SEMÂNTICO: Seios
Para os seios, em língua portuguesa podemos salientar as seguintes tipologias
metafóricas:
1) Alimento
Os seios, por seu formato ou pelo fato de ser sugado, seja pelo recém-nascido ou
durante o ato sexual, são comumente associados a alimentos e, portanto, suas metáforas estão
quase sempre no plural para indicar as duas mamas.
Em língua portuguesa recolhemos do nosso corpus:
abóboras: “fruto” arredondado, associado aos seios;
cuscuz: bolinho de farinha de milho”, que recorda a forma dos seios;
limões: “fruto arredondado, cujo formato remete aos seios;
maçãs: “fruto” arredondado, associado aos seios
mamões: fruto do mamoeiro, de feitio semelhante ao da mama, cor amarela, e polpa espessa
e suculenta”, que remete aos seios;
marmelos: “frutos grandes, carnosos”, que referenciam os seios;
melancias: “frutos [de] enormes bagas uniloculares e polispermas, muito sucosas”, que
remetem aos seios;
116
pomos: “fruto complexo, carnoso e indeiscente”, que lembra os seios;
pudim: iguaria de consistência cremosa e composição variada”, cuja maciez recorda os
seios;
recheios: “preparado culinário destinado a rechear”, que recorda os seios, como se fossem o
recheio do corpo, dado o seu volume.
Em língua italiana destacamos:
brioche: pão de massa folhada, cuja maciez lembra a dos seios;
budino (pudim): doce de consistência cremosa, cuja metáfora que recupera a explanada
acima;
caciotta: tipo de queijo de forma pequena e achatada, típico da Itália central, cuja maciez
recorda a dos seios;
cocomere / cocomeri: melancias, fruto cuja forma que lembra a dos seios;
ghiande: fruto seco do caravlho, que remete ao formato dos seios;
melanzane: berinjelas, fruta cuja forma é associada a dos seios;
meloni: melões, fruta cuja metáfora que recupera as metáforas anteriores;
mozzarelle: queijo fresco típico da região da Campania, macia, que referencia os seios;
noci di cocco: coco, fruta cuja forma lembra a dos seios;
pere: pêras, fruta cujo formato lembra a de alguns seios;
pigna: pinhas, fruto cuja metáfora recorda a forma dos seios;
pompelme: toranja, fruta cuja forma lembra os seios;
poponi: melão, assim como a metáfora acima, lembra a forma dos seios;
provole: queijo cuja maciez lembra a dos seios;
provoloni: queijo, aqui tem-se a mesma metáfora acima;
susine: ameixas, fruta cuja metáfora remete aos seios;
zucche: abóboras, frutos que são associados aos seios.
117
2) Posição
Os seios são associados ao sema /posição/, por indicar algum lugar a eles relacionados.
Em português tem-se:
leiteria: “lugar destinado a receber e tratar o leite”, que pela amamentação é associada aos
seios;
prateleiras: “tábua, ou espécie de estante, onde se colocam pratos”, associadas aos seios por
ficarem no alto do corpo;
regaço: “lugar de repouso ou abrigo”, remete aos seios por servir de recosto;
Já para o italiano citamos:
cristalliere (cristaleiras): armário envidraçado onde se guardam objetos de cristal, associado
aos seios por ficarem no alto do corpo;
davanzale (parapeito): muro ou parede que se eleva à altura do peito, associado aos seios por
ser o lugar onde ficam quando o corpo nele se apoia;
latterie (leiteria): casa comercial especializada na venda de leite e lacticínios, pelo fato de
servirem à função de amamentação é associada aos seios;
vette (cume): o ponto mais alto de um monte, associado aos seios por ficarem no alto do
corpo;
3) Forma
Os seios são relembrados nas metáforas também por seu formato, representado aqui
pelo sema /forma/.
Para o português selecionamos:
montes: “qualquer amontoado de coisas em forma de monte”, cuja forma remete aos seios;
es de açúcar: “monte presente na cidade do Rio de Janeiro”, que referenciam o formato
dos seios;
Para a língua italiana apresentamos:
118
alpi (alpes): cadeia de montanhas, cuja forma que lembra os seios;
ande (andes): cadeia de montanhas, cuja forma que lembra os seios;
appennini (apeninos): cadeia de montanhas, cuja forma que lembra os seios;
boccia (bola): esfera de madeira usada em alguns jogos, forma que lembra os seios;
bombe (bombas): projétil que recupera a forma dos seios;
bombole (cilindro): recipiente cilíndrico, que lembra o formato dos seios;
borchie: rosca, item de ferramenta associado à forma dos seios;
camere d’aria: câmara de ar, que lembra os seios pelo formato;
clacson: buzina, a qual, antigamente era arredondada e macia para ser apertada a fim de
produzir o som, assim como os seios e o fato de serem apalpados;
coni: cones, que lembra a forma dos seios;
coppe di champagne: taças de champagne, recuperam o formato dos seios;
dune: monte de areia formado pela ação do vento, cuja forma lembra os seios;
globi: globos, cuja forma arredondada recorda os seios;
padelle: frigideiras, associada à forma dos seios;
palle da bowling: bolas de boliche, recupera as metáforas acima;
sfere: corpo ou objeto de forma esférica, aqui também se repete a metáfora anteriormente
explicada;
tazze: xícaras, que lembram a forma dos seios;
vulcani: montanha que expele ou já expeliu material magmático, forma que lembra os seios.
4) Órgão
Conforme ocorreu com outras metáforas comentadas anteriormente, para os seios
encontramos algumas que não se associam de forma direta a nenhuma metáfora conhecida.
119
Uma vez mais, muitas dessas relações se esvaneceram no tempo. Como não dispõem de
definição precisa, optamos poro apresentar nenhuma.
Em português apresentamos:
busto;
lolôs;
malacas;
tetas;
tetês.
Em língua italiana sugerimos:
pocce;
tetta / tettine / tettoni;
zinne;
zizze.
5) Maciez
Nessa tipologia metafórica encontramos apenas em língua portuguesa a associação dos
seios a objetos moles, macios ou que inflam.
airbag: “saco fixo que infla automaticamente à frente dos passageiros de um veículo
automóvel”, que recorda os seios;
buzinas: “aparelho de veículos que produz sons, os quais, antigamente eram arredondados e
macios para serem apertados para produzir o som”, associadas aos seios e ao fato de serem
apalpados;
colchão: “grande almofada basteada, estofada com alguma substância flexível, cuja maciez
lembra a dos seios;
mochilas: “saco de viagem”, associadas ao seios;
travesseiro: “espécie de saco estofado para encosto, assento, ou ornato”, que referenciam o
fato de os seios serem macios;
odrezinhos: “saco feito de pele e destinado ao transporte de líquidos”, cuja maciez remete aos
seios.
120
6) Secreção
Em língua italiana aos seios faz-se a analogia de recipientes que contém ou secretam
algum líquido ou ao ato de sugar.
biberon: mamadeira, cujo leite remete ao que os seios secretam;
borracce: cantil, que é associada à vulva como na anterior;
bottiglie: garrafas, associadas à vulva recuperam a metáfora acima;
poppe/ puppe: alteração de poppatoio, mamadeira em dialeto fiorentino.
CAMPO SEMÂNTICO: Ânus
Para o ânus, em língua portuguesa, podemos assinalar as seguintes tipologias
metafóricas:
1) Forma
Nessas metáforas o ânus é associado a anéis e argolas que remetem ao sema /forma/.
Para a língua portuguesa destacamos:
anelão / anel: “pequena tira circular”, que recorda o orifício do ânus;
argola: “anel metálico para prender”, cuja formato circular referencia o ânus;
aro: “pequeno círculo”, cuja forma lembra a do ânus;
botão: “pequena peça, quase sempre arredondada”, associada ao formato do ânus;
bozó: “cilindro usado em jogo de dados”, forma que lembra o ânus;
disco: “objeto chato e circular, que referencia o ânus e sua forma;
girassol: flor cuja forma lembra a de um disco e é, por isso, associada ao ânus;
roda: “peça ou máquina simples, de formato circular”, que remete ao ânus;
121
rosquinha: diminutivo de “pão, bolo ou biscoito retorcido ou em forma de argola”, cuja
forma recorda o ânus;
Em língua italiana:
bicchiere: copo, cuja abertura remete à forma do ânus;
coffa: cesto, cuja forma arredondada lembra o ânus;
liuto (alaúde): instrumento musical de caixa ovóide, que referencia, pela forma, o ânus;
nocchia: avelã, associado ao formato do órgão;
nocciola: avelã, cuja forma remete ao ânus;
tamburo (tambor): instrumento musical de forma redonda, associado ao ânus.
2) Abertura
Esta metáfora recorda o formato arredondado do ânus, com a cavidade por onde entra
o pênis na relação sexual ou por onde se expelem os excrementos.
Para o português apresentamos:
boca de caçapa / boca de velha: “cavidade na parte inferior da face”, que remete à abertura
da cavidade do ânus;
buraco: “pequena abertura artificial, ordinariamente de forma arredondada que remete tanto
à forma quanto à abertura do ânus;
canal: “cavidade ou tubo que passagem a gases ou líquidos, assim como o ânus, cuja
abertura serve, conforme explicado anteriormente, para a penetração ou para a expulsão de
excrementos;
caneco: “qualquer objeto côncavo próprio para conter substâncias líquidas ou lidas”, que
recupera a metáfora acima;
cano: “designação genérica de toda a espécie de tubo que permita escoamento de líquidos ou
gases”, cuja abertura remete ao ânus;
forno: “construção com uma só abertura, capaz de produzir e armazenar o calor necessário a
certos processos”, cujo calor e abertura recordam o ânus;
furo: “abertura artificial”, que referencia o ânus;
122
urna: “vaso”, cuja abertura lembra a do ânus;
vaso preto / vaso traseiro: “qualquer objeto côncavo próprio para conter substâncias líquidas
ou sólidas”, que recupera a metáfora acima.
Para o italiano recolhemos:
buchetto (buraquinho): cavidade, que remete ao orifício de abertura do ânus;
bucio / buco buio / buco del sedere / buco oscuro (buraco / buraco escuro / buraco do
bumbum / buraco escuro): cavidade, que lembra o ânus;
obice (cano): arma cuja capacidade de expulsar balas é associada ao ânus por ser do qual se
expelem excrementos – os tiros da metáfora;
orifizio (orifício): abertura de uma cavidade, remete à abertura do órgão;
pozzo: poço, associado ao ânus;
secchio: balde, cuja forma cilíndrica lembra o ânus;
tombino (esgoto): canal subterrâneo, que lembra a abertura e a posição do ânus.
3) Posição
O ânus também é metaforizado, em língua portuguesa, a lugares, refletindo o lugar
onde se localiza.
entrada de serviço: “ingresso”, remete à penetração no ânus;
fim do espinhaço: “extremidade”, que remete ao lugar onde se localiza o ânus, ao final da
coluna vertebral;
fundo: “a parte mais baixa ou mais interior de um lugar”, que remete ao ânus;
lugar onde o sol não bate / lugar que não vê o sol: espaço que, como se metaforiza, não se
vê a luz do sol, ou seja, permance recoberto e escondido;
meio:posição intermediária entre dois seres ou objetos”, assim como a localização do ânus;
porta de serviço / porta dos fundos / porta errada: “meio de acesso, que remete ao ânus.
O item serviço” recorda a função de excreção do ânus, por onde se realiza a limpeza do
123
corpo. “Fundosreferencia a posição em que se localiza o órgão e “errada”, porque, no ato
sexual, é um orifício secundário para a penetração, em relação à vulva;
quiosque: “pequeno pavilhão”, em geral de formato circular, que remete ao ânus.
4) Órgão
Já explicitamos antes que há metáforas que se perderam no tempo e cujas associações
não são mais evidentes e por isso não apresentamos definições. O sema que sugerimos é
/órgão/. Relacionadas ao ânus, em língua portuguesa encontramos em nosso corpus:
berba;
besbelho;
biu biu;
boga;
brioco;
brizu;
bubu;
bugueiro;
buzeco;
cu;
culiceu;
foba;
fonoro;
fosquete;
fiofó;
fufu;
fute;
futrico;
podex;
sedal;
sundo;
tarraqueta;
toba;
tobi;
tusta;
zinquerônio.
CAMPO SEMÂNTICO: Nádegas
Para as nádegas, em língua portuguesa sugerimos as seguintes tipologias metafóricas:
1) Forma
As nádegas são associadas metaforicamente a objetos arredondados e esféricos, cujo
sema evidente é /forma/.
Para o português recolhemos:
balaio: “cesto de palha”, cuja circularidade lembra a dasdegas;
banjo: “instrumento musical de quatro, cinco ou seis cordas, com caixa de tambor”, que
remete às nádegas;
canastro: “cesta larga e pouco alta”, cuja forma remete às nádegas;
124
gomos: “divisão natural da polpa de certos frutos”, que são associados às nádegas;
hemisférios: “metade duma esfera”, cuja forma remete às nádegas;
mapa-mundi: “mapa que representa toda a superfície da terra, em dois hemisférios”, em que
a forma lembra a das nádegas;
pandeiro: “instrumento de percussão, composto de um aro circular”, cuja circularidade
remete às nádegas;
quiosque: “pequeno pavilhão de forma circular”, associado às nádegas;
relógio: “instrumentos ou mecanismos arredondados para medir intervalos de tempo, que
lembra a forma das nádegas quandoo circulares;
tambor: “designação comum aos instrumentos de percussão que constam de uma caixa
cilíndrica, associado às nádegas.
Em língua italiana apresentamos:
chiappe / chiappette / chiappona / chiappone: pedra ou rocha, que lembra a forma das
nádegas;
culate: corte feito na parte superior da coxa dos bovinos, associado à fenda presente nas
nádegas;
foro: cavidade, que remete às nádegas;
mandolino (bandolim): instrumento de corda, cuja forma arredondada recorda as nádegas;
mappamondo (mapamundi): representação gráfica da superfície terrestre dividida em dois
hemisférios, cuja forma lembra as nádegas;
nocchia (avelã): fruto da avelãzeira, associado à forma das nádegas;
pertugio (furo): pequena abertura, que remete ao recorte das nádegas;
vulcano (vulcão): relevo ou monte em forma de cone, cujo formato remete diretamente às
nádegas;
2) Posição
125
As nádegas, pela localização em que se encontram no corpo, são objetos de associação
a espaços ou localidades que ficam em posição posterior.
Eis as seguintes metáforas em língua portuguesa:
atrás: na parte posterior; na retaguarda, detrás”, remete à posição das nádegras no corpo
humano;
bagageiro: “aquele que carrega a bagagem, na parte posteiror”, assim como o corpo carrega
as nádegas;
carroceria: “nos utilitários com boléia independente, e nos caminhões, a parte traseira,
geralmente aberta, destinada à carga”, associada à localização das nádegas;
culatra: “a parte posterior do canhão”, recupera a posição das nádegas no corpo;
garupa: “parte superior do corpo das cavalgaduras que se estende do lombo aos quartos
traseiros”, posição que remete às nádegas;
popa: “parte posterior da embarcação”, recorda a localizão das nádegas;
porta-malas: porta-objetos localizado na parte traseira de automóveis, que metaforiza as
nádegas;
posterior: “situado atrás”, assim como as nádegas em relação ao corpo;
rabada / rabadela: “a parte posterior do corpo de animais”, que remete às nádegas;
rabiosque / rabioste / rabisteco / rabo: “a parte posterior ou o prolongamento de certas
coisas”, associados à localização das nádegas;
recavém: “parte traseira do leito de carro ou de carroça”, cuja posição recupera a das
nádegas;
retaguarda: a parte traseira, em relação à frente ou dianteira”, metáfora da localização das
nádegas;
sedenho: a cauda das reses”, ou seja, a parte posterior de alguns animais, assim como o do
corpo humano, referenciando as nádegas;
traseiro: “situado detrás; que fica na parte posterior”, assim como as nádegas.
Para a língua italiana destacamos:
cofano: ca, remete às nádegas pela localização;
126
colle: colina, cuja forma lembra a dasdegas;
deretano: parte traseira, assim como a posão das nádegas;
didietro: a parte posterior, que remete à posição das nádegas;
discarica: lugar onde se descartam detritos, relacionado à expulsão dos excrementos;
fogna: esgoto, metáfora que recupera a explicação acima;
fondello / fondoschiena (fundinho / fundo das costas): parte que constitui o fundo, assim
como as nádegas que ficam no final da coluna;
galleria: túnel, que remete à fenda presente nas nádegas;
dove no batte il sole: onde o sol não bate, remete à posição posterior que, ficando
recoberta, não recebe a luz do sol;
portabagagli posteriore: portabagagens, lugar onde se armazena algo, assim como o
acúmulo de gordura nas nádegas;
posteriore: aquilo que está atrás, cuja posição lembra a das nádegas;
sedere / sederone: parte posterior do corpo, que remete à metáfora explanada acima;
3) Volume
As nádegas, por serem de proporção sobressalente em relação a outras partes do corpo,
o associadas a objetos ou seres de proporções significativas, remetendo ao sema /volume/.
Porém, somente no corpus em língua portuguesa encontramos as referidas metáforas:
cardã: “sistema de suspensão em que o corpo suspenso mantém sua posão invariável,
apesar das oscilações de seu suporte”, cujo volume e possibilidade de conter impactos lembra
as nádegas;
içá: “formiga cuja parte posterior é bem desenvolvida”, remetendo às nádegas;
jaca: “fruto de grandes proporções”, que lembra o volume das nádegas;
lombo: “parte carnosa localizada aos lados da espinha dorsalque remete à parte carnosa e
volumosa das nádegas;
pneu: “aro de borracha, inflado por ar comprimido”, cuja presença de ar remete ao volume
das nádegas;
127
polpas: “carne musculosa, sem ossos nem gorduras”, assim como as nádegas;
poupança: “parte acumulada”, no caso, refere-se ao acúmulo de gordura nessa parte do
corpo;
supino: “aquilo que se encontra em alto grau; demasiado, excessivo”, que remete ao grande
volume, às vezes excessivo, de carne e gordura nas nádegas;
tanajura: “formiga cuja parte posterior é bem desenvolvida”, que remete a essa parte do
corpo, pelo seu volume;
trouxa: “grande pacote”, que referencia as nádegas;
tundá: “inchação nas costas”, que remete ao aumento do volume das nádegas.
4) Órgão
salientamos anteriormente que metáforas que foram se apagando com o passar
dos anos e suas associações não são mais evidentes e para as quais não se dispõe de definições
dicionarizadas. O sema aparente é /órgão/. Relacionadas às nádegas, somente em língua
portuguesa as encontramos. Ei-las:
bumbum / bumbunzão;
bunda / bunda de tico-tico/ bundaça/
bundão / bundeta;
lândrias;
mataco;
mucumbu;
pódice;
popo;
popô;
taioba;
tralalá.
5) Alimento
As nádegas, em língua italiana, são relacionadas também a alimentos que lembram sua
forma arredondada. Em português essa construção metafórica, de acordo com nosso corpus,
não se verifica.
albicocche: damascos, que recordam a forma e, às vezes, a textura da pele que recobre as
nádegas;
128
cocomero / cocomerone: melancias, associado às nádegas;
culatello: alimento embutido italiano, que remete às nádegas;
panettone: pão doce de forma arredondada, cuja maciez e forma recordam as nádegas;
popone: melões, que referenciam as nádegas.
CAMPO SEMÂNTICO: Testículos
Para os testículos, nosso último campo semântico, em língua portuguesa podemos
evidenciar as seguintes tipologias metafóricas:
1) Pendente
Pela posição adjacente ao pênis, muitas vezes os testículos são associados a objetos
suspensos que servem de enfeite. O sema é /pendente/.
Em língua portuguesa encontramos:
acessório: “aquilo que se junta ao objeto principal, ou é dependente dele”, cuja metáfora é
associada aos testículos;
adorno: “aquilo que serve de ornamento, enfeite ou atavio; adornamento,” assim como os
testículos adornariam o pênis;
balagandãs: “ornamento ou amuleto”, que recordam a pendência dos testículos;
bolotas: “qualquer penduricalho”, que recorda a metáfroa explanada acima;
brincos: adorno”, associados aos testículos.
Para a língua italiana destacamos:
ciondoloni: objeto de adorno pênsil, cujo pêndulo lembra os testículos;
cordoni: ornamento, associado aos testículos;
129
contrappesi (contrapesos): peso adicional que se equilibra com outro, remetendo aos
testículos;
pendagli (pingente): objeto ornamental pendente, que recorda os testículos;
pendenti (pingente): objeto ornamental pendente ou algo que pende, assim como os testículos
pendem do pênis.
2) Forma
Por seu formato arredondado, os testículos são relacionados a objetos de mesma
aparência, cujo sema em destaque é /forma/.
Em português recolhemos:
bolas: “qualquer corpo esférico”, cuja forma remete aos testículos;
guizos: “pequena esfera oca de metal”, associados aos testículos;
mochilas: “espécie de saco, onde se armazena algo, assim como os testículos guardam em si
os espermas;
pelota: “bola de metal”, cuja forma lembra a dos testículos;
saco: “receptáculo de papel, pano, couro, ou material plástico”, associado à metáfora do
armazenamento dentro dos testículos e à sua forma;
timbales: “fôrma semi-esférica”, que referencia os testículos;
trouxas: “grande pacote, assim como as metáforas mochilas e saco”, remete à forma e ao
armazenamento pelos testículos;
vasos: “qualquer objeto ncavo próprio para conter substâncias líquidas ou sólidas”,
indicando que os testículos também contêm líquidos, o plasma seminal.
Para a língua italiana selecionamos:
corbello /corbelloni: cesto de vime, cuja forma recorda os testículos;
gemelli (gêmeos): o que é idêntico, igual, assim como as duas partes dos testículos;
palla / palle: bolas, cujo formato remete aos testículos;
130
pesi: pesos, que são associados aos testículos;
picolla borsa: pequena bolsa que serve de recepculo, e que refrencia fato de os testículos,
armazenarem o sêmem;
rognoni: formação rochosa arredondada, cuja forma lembra os testículos;
scatole: caixas, que referenciam o fato de os testículos conterem o líquido seminal;
sonagli (chocalhos): pequenas esferas de metal, cuja forma remete aos testículos;
tasca: bolso, possui a função de armazenamento, da mesma forma que os testículos
armazenam o sêmem.
3) Alimento
Os testículos são metaforizados também a alimentos de formato arredondado, cujo
sema evidente é /alimento/.
Para o português destacamos:
bagos: “cada fruto do cacho”, que lembram os testículos;
cachos / cacho-de-coco / cacho-de-uva: “conjunto de flores ou frutos pedunculados e
dispostos num eixo comum”, associados aos testículos;
cocos: “ruto arredondado, que recordam os testículos;
fava: planta que contém grãos arredondados”, assim como o pênis contém os testículos os
grãos que remetem à fecundidade por serem eles os responsáveis pela inseminação na mulher;
gamboa: “ruto arredondado”, que remete à forma dos testículos;
grãos: “pequeno corpo arredondado, que lembra os testículos e remete à metáfora da
fecundidade explicitada anteriormente;
marmelos: “fruto arredondado, cujo formato lembra o dos testículos;
maxixes: “frutos, comestíveis de bagas carnosas”, associados aos testículos;
ovo: “célula resultante da fecundação de óvulo, de forma arredondada”, cujo formato remete
aos testículos;
pêras: “frutos que são uma espécie de baga múltipla”, que recordam os testículos;
131
tomates: “fruto alimentar de baga vermelha carnosa”, cuja forma e talvez a cor referenciem
os testículos;
trapiá: “fruto de baga globosa”, associado aos testículos.
Em língua italiana selecionamos:
didimo: qualquer fruto constituído por duas partes arredondadas, cuja forma remete aos
testículos;
fagioli / fagiolone: feijões, associados aos testículos;
fave: favas, cujos grãos recordam a fecundidade dos testículos, onde se armazena o líquido
seminal;
gnocchi (nhoques): tipo de massa de forma arredondada e macia, cuja forma referencia os
testículos;
granelli: grãos, que recordam os testículos;
marrone / marroni: castanhas, são associadas aos testículos;
prugne: ameixas, que lembram os testículos;
uova: ovos, remetem à metáfora da fecundidade dos testículos, quando excretam o mem
pelo pênis na genitália feminina.
Considerando as principais metáforas relativas aos campos semânticos selecionados
que acabamos de apresentar, percebemos que nossa hipótese de haver um recorte bastante
distinto entre os dois idiomas não se confirmou, pois, apesar de serem sociedades diferentes, a
metáforas revelaram-se muito próximas ou mesmo idênticas.
Como vimos, as metáforas, a sua relação com os valores e as crenças dos grupos
sociais o elaboradas histórico-culturalmente. No entanto, algumas delas são potencialmente
universais. Assim, entre culturas que têm algum tipo de contato, as diferenças podem ser
pequenas, visto que os conceitos presentes em cada metáfora podem não ter variações entre
essas comunidades, como se pode observar entre a italiana e a brasileira. Quando as
132
experiências corpóreas no mundo o universais, as metáforas primárias – às quais nos
dedicamos nesta tese referentes a vivências com o corpo podem ser adquiridas
universalmente, o que explicaria o grande número dessas mesmas metáforas em diversas
línguas (LAKOFF, 1987).
Kovecses (2005 apud CARVALHO, 2009) argumenta que o pensamento metafórico
se assenta na experiência corpórea e em atividades neurológicas no cérebro. Destarte, tendo a
metáfora conceitual seu alicerce no funcionamento do corpo humano e do cérebro, e
considerando que os seres humanos são iguais, pode-se concluir que boa parte das metáforas
conceituais é universal, assim como os semas. Por exemplo, aqueles que indicam secreção e
expulsão de líquidos dos órgãos sexuais, que constam de nosso corpus. Ou melhor, as
metáforas e os semas têm grande probabilidade de serem universais, mas a escolha lexical,
nem sempre.
Portanto, podemos inferir, a partir do exame de nosso corpus, que ainda que pouco
extenso, é representativo, que essa similaridade se deu em função da mesma origem de ambas
as línguas, provindas do latim. Além da proximidade iniciada entre as duas sociedades,
especialmente no período de imigração, ocorrido entre os anos de 1870 e 1900, quando
vieram para o Brasil cerca de um milhão e quinhentos mil italianos (BERTONHA, 2005), o
que propiciou, desde então, maior contato e trocas culturais entre os dois povos.
Ademais, hoje, pela globalização o contato pode ser mantido e intensificado.
Ressaltamos que por globalização compreendemos o processo de integração econômica,
social, cultural e política, possibilitada pela baixa nos custos dos meios de transporte e
facilidade de comunicação dos países do mundo, que teve início no final do século XX e
começo do XXI. Esse processo se refere à integração de países e à aproximação de pessoas,
possibilitando transações financeiras e, em especial, intercâmbios culturais. Esse foi também
133
um dos fatos que propiciou a similaridade entre as metáforas das línguas italiana e portuguesa
brasileira.
Além disso, o referente extralinguístico, isto é, os órgãos sexuais de que tratamos, é o
mesmo em todas as partes do mundo e assemelham-se às mesmas formas, objetos, animais,
etc.
Concernente aos semas, praticamente todos coincidiram. Vejamos esquematizados nas
próximas páginas quais foram os sememas coincidentes de cada órgão em ambas as línguas,
quantificados em gráficos (o valor que aparece na lateral esquerda de cada um deles se refere
ao número de ocorrências):
134
0
5
10
15
20
25
30
35
40
PÊNIS - língua portuguesa
Gráf. 1 – Sememas relativos ao pênis em língua portuguesa
0
2
4
6
8
10
12
14
NIS - língua italiana
Gráf. 2 – Sememas relativos ao pênis emngua italiana
135
0
5
10
15
20
25
30
35
40
VULVA - língua portuguesa
Gráf. 3 – Sememas relativos à vulva em língua portuguesa
Gráf. 4 – Sememas relativos à vulva em língua italiana
136
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
SEIOS - língua portuguesa
Gráf. 5 – Sememas relativos aos seios em língua portuguesa
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
SEIOS - língua italiana
Gráf. 6 – Sememas relativos aos seios em língua italiana
137
0
5
10
15
20
25
30
ÂNUS - língua portuguesa
Gráf. 7 – Sememas relativos ao ânus em língua portuguesa
0
1
2
3
4
5
6
7
8
ÂNUS - língua italiana
Gráf. 8 Sememas relativos ao ânus em língua italiana
138
0
2
4
6
8
10
12
14
NÁDEGAS - língua portuguesa
Gráf. 9 – Sememas relativos às nádegas em língua portuguesa
0
2
4
6
8
10
12
NÁDEGAS - língua italiana
Gráf. 10 Sememas relativos às nádegas em língua italiana
139
0
2
4
6
8
10
12
TESTÍCULOS - língua
portuguesa
Gráf. 11 Sememas relativos aos testículos em língua portuguesa
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
TESTÍCULOS - língua italiana
Gráf. 11 – Sememas relativos os testículos em língua portuguesa
140
Conforme os gráficos, salientamos que os sememas mais recorrentes entre as duas
línguas são, de acordo com nosso corpus:
pênis: /forma/, /alimento/, /dureza/ e /aquecimento/;
vulva: /abertura/, /pelagem/, /beleza/ e /alimento/;
seios: /alimento/, /forma/e /posição/;
ânus: /forma/ e /abertura/;
degas: /forma/;
testículos: /pendente/, /forma/ e /alimento/.
Sobre uma das metáforas mais recorrentes entre todos os campos, a associação dos
órgãos a alimentos, vemos que hoje o sexo é considerado popularmente uma refeição – o ato
de comer. Os órgãos envolvidos passam a ser, então, os alimentos. Assim, justifica-se o
emprego metafórico de nomes de alimentos pelos dos órgãos aqui estudados. O que se
confirma com a citação abaixo:
Ora, essas aproximações nada mais fazem do que ilustrar, em casos particulares, a analogia
profunda que, em todo o mundo, o pensamento humano parece fazer entre o ato de copular e o
de comer, a tal ponto que um grande número de línguas os denominam com a mesma palavra.
(LÉVI-STRAUSS, 1997, p. 122)
A relação sexual e a relação alimentar o pensadas em similitude, ligadas de maneira
metafórica. Dessa forma,
141
Se a equivalência mais familiar para nós e sem dúvida também a mais difundida no mundo
coloca o macho como o que come e a mulher como a que é comida, não se pode esquecer que
a rmula inversa se dá, muitas vezes, no plano mítico, no tema da vagina dentada que, de
modo significativo, é codificada’ em termos de alimentação (...). (LÉVI-STRAUSS, 1997, p.
123)
Concluímos, assim, que, frequentemente, são estabelecidas analogias entre as relações
sexuais e a alimentação.
Em relação à repressão sexual que conjeturamos, partindo do princípio de que a
elevada recorrência a itens léxicos metafóricos para designar os órgãos em exame seria seu
indício, atestamos que, a partir da análise de nosso corpus e das metáforas, nas duas
sociedades ainda persiste forte repressão sexual, visto que ainda se conservam o receio e o
pudor em empregar a terminologia oficial. Caso uma sociedade fosse menos repressiva, talvez
menos sinônimos de pênis, vulva, seios, nádegas, ânus e testículos utilizaria.
Sobreviu em nossa pesquisa, portanto, o que comenta Bréal (1992, p. 96): “As
metáforas não ficam presas à ngua que nascem. Quando são justas e surpreendentes, elas
viajam de idioma a idioma e se tornam patrimônio do gênero humano”.
142
chiappepauxoxotapottacazzopompel
merolodefumonascondigliofavepopô
vergabalagandãsnatichebustoxererec
atroiapintociuccepeitaçoburacouccell
oneculettovelabuzunfãgemellinetagli
ofognarachasalsicciacaixatroncosgna
ccheracanaltetascanecoportabagaglio
rifiziopiselloleiteriagrutacharutogeni
talibundagrãoscanomammellepombi
nhaastuccioderetanoairbagpirulitora
biosquemamõesbuchettocegobasoc
entrocroacamarteloballebucetaantro
melanciascubernardasederependenti
cabeludaculobisaccebagosfedegosofe
dorentoscrotolenhatopacadeirasforn
ochiappepauxoxotapottacazzopompe
lmerolodefumonascondigliofavepopô
xcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnm
CAPÍTULO 4:
DICIONÁRIO DAS ZONAS
EGENAS
143
4. DICIONÁRIO DAS ZONAS ERÓGENAS
Dedicamos este capítulo à apresentação do produto de nossas pesquisas: uma
amostragem do nosso dicionário das zonas erógenas em que constam os campos lexicais
relacionados ao pênis, à vulva, ao ânus, às degas, aos testículos e aos seios na direção
português-italiano.
4.1. ESTRUTURAÇÃO LEXICOGRÁFICA
Para pensarmos na confecção de um dicionário nos defrontamos com os problemas da
homonímia, da sinonímia e da polissemia. Os fenômenos mencionados contrariam o que seria
desejável na língua, isto é, que a cada significante correspondesse simplesmente um
significado, considerando que:
As ideias do autor sobre homonímia e polissemia não influenciam na estrutura da parte
definitória das entradas do dicionário, mas também na decisão de se as indicações sobre
conteúdos ou equivalentes de tradução que podem corresponder a um significante léxico
podem ocorrer em uma só entrada […] ou se é preciso fornecer outras entradas.
31
(HAENSCH
et al, 1982, p. 297-298)
Estabelecemos a homonímia como sendo a igualdade de significantes de duas ou mais
palavras, de cujo significado difere. Dentro de nossa recolha vocabular isso acontece, por
exemplo, com “bimba” e “coisa”, unidades lexicais que se referem tanto ao órgão masculino
quanto ao feminino; “airbag” (item proveniente da língua inglesa que serve para nomear a
bolsa de ar presente em certos automóveis com intuito de proteger o condutor ou o passageiro
em caso de colisão) indica as nádegas em língua italiana, assim como os seios em língua
portuguesa e também na italiana. Dois outros exemplos são “buco (buraco), do corpus
31
Las ideas del autor sobre homonimia y polisemia no sólo influyen en la estructura de la parte definitoria de
los artículos del diccionario, sino también en la decisión de si las indicaciones sobre contenidos o equivalentes
de traducción que pueden corresponder a un significante léxico se pueden dar en solo un artículo […] o si se
han de repartir en varios artículos” (HAENSCH et al, 1982, p. 297-29).
144
italiano, designador da vulva e do ânus, assim como “chocolateira”, em língua portuguesa,
que se refere concomitantemente aos mesmos órgãos citados antes. Todas essas ocorncias
serão consideradas homônimas, dado que desfrutam de um mesmo significante, porém com
diversos significados, aparecendo cada uma delas em entradas distintas, já que são unidades
lexicais diversas. Berruto (1979) confere que a homonímia é uma unidade que apresenta
significados variados, ou seja, inúmeros significados distintos correspondem a um mesmo
significante.
Para Berruto (1979) devem-se analisar dois casos acerca desse fenômeno: o primeiro é
quando se têm palavras distintas, seja em função de pertencerem a classes gramaticais
diferentes ou por diversa etimologia ou por semas diversos.
O outro caso a ser examinado é quando se tem a mesma palavra com significados
distintos, o que seria a polissemia. Sinteticamente, esta seria a reunião de vários significados
aparentados em um único significante, ou seja, está-se diante de uma única unidade lexical.
De acordo com Barbosa (1996, p. 245), “a mesma forma significante [...] ligada a vários
feixes de sema ou sememas, diversificados pelas combinações diferentes de semas” define a
polissemia.
Para Zavaglia,
A polissemia é um fenômeno que está naturalmente presente em uma língua natural; é um
fator de economia e de flexibilidade para a eficiência desse mesmo sistema linguístico. Não
importa quantos significados tenha um dado item lexical: dada a influência do contexto, não
haverá confusão entre eles se a um certo significado for dado um determinado sentido somente
numa situação precisa. (ZAVAGLIA, 2003, p. 244)
Este fato se verifica com frequência dentro de nosso dicionário, visto que para um
mesmo órgão genital se atribuem facilmente vários significantes próximos, aparentados. Basta
atentar que somente para o órgão sexual feminino, em língua portuguesa, coletamos mais de
145
três mil itens lexicais, o que só pode se justificar pela imensa variação que uma mesma
palavra pode ter, como por exemplo, “boca”, realizada também como “boca cabeluda”; “boca
da loba”; “boca da onça”; “boca da vovó”; boca de baixo”; “boca de bicho”; “boca de
cabelo”; “boca de caçapa”; “boca de camelo”; boca de capim”; “boca de encrenca”; “boca de
garrafa”; “boca de jacaré”; “boca de macaco”; “boca de mina”; “boca de mochila”; “boca de
pacu”; boca de pele”; “boca de pelo”; boca de sacola”; “boca de sapo”; “boca de vampiro;
“boca de veludo”. Lembramos que priorizamos apenas o sema principal em cada verbete, ou
seja, o mais aparente e explícito no caso acima mencionado destacamos o sema /abertura/.
Ademais, a separação por campos léxicos nos auxilia na constituição do dicionário, uma vez
que entre os órgãoso haverá os possíveis embustes que a tênue distinção entre esses
conceitos poderia causar.
Na tradução, a polissemia faz com que a uma unidade léxica de uma certa língua
correspondam duas ou mais unidades de outra língua, com diferentes significados
relacionados entre si. Dessa maneira, as unidades polissêmicas são catalogadas em uma única
entrada, cada qual examinada com zelo para evitar a simplificação indicada acima.
Dentro do dicionário aqui proposto comprovamos que
(...) normalmente o que provoca armadilhas ao tradutor é o fato de a polissemia não ocorrer
com os mesmos vocábulos e com os mesmos sentidos em diferentes nguas, de modo que
uma palavra pode abranger significados em uma língua que seu correspondente direto na outra
não possui. Em alguns casos, verificamos que um item polissêmico pode ter um sentido
quando empregado sozinho e outro quando pertence a uma locução, por exemplo.
(FRANCISCO; ZAVAGLIA, 2008, p. 117)
Resgatamos que, “no que concerne à homonímia, os significados que são expressos
por um mesmo significante são totalmente estranhos um ao outro” (ZAVAGLIA, 2003, p.
146
249). Portanto, em nossos verbetes, casos considerados homônimos aparecem em entradas
diferentes, já os polissêmicos, na mesma entrada.
No que tange à sinonímia, de acordo com Berruto (1979), é o fato de palavras distintas
dentro de uma língua terem o mesmo significado. Ela ocorre quando significantes distintos
correspondem a um único significado.
Ainda para esse autor, uma forma de se testar ou provar a sinonímia é a possibilidade
de comutação em um mesmo contexto. Haverá referido fenômeno se na substituição de uma
unidade léxica por outra na mesma situação, conservando inalterado o restante do contexto, o
significado da expressão não sofrer mudança.
Como adverte Berruto (1979), na realidade, é difícil estabelecer uma identidade de
significado entre duas unidades léxicas diversas. A troca perfeita dentro de um mesmo
contexto ocorre apenas teoricamente. Logo, a sinonímia o existe, visto que existem valores
estilísticos, emotivos e sociais que distinguem os itens de significado aparentemente
similares. Por esse motivo, o autor emprega o nome “sinonímia em sentido amplopara tais
casos.
Com efeito, a partir dessas considerações inferimos que os itens de nosso reperrio
o sinônimos quando puderem ocorrer no mesmo contexto, sem que haja nenhuma perda de
sentido.
Para a definição das unidades dentro dos verbetes recorremos aos sinônimos e, se não
houver outra possibilidade, à paráfrase, definida como a re-escritura do conteúdo de um
segmento utilizando significantes diversos. Haensch et al (1982, p. 276) atentam que, “junto à
definição por meio de paráfrases, aparece com frequência a explicão mediante
sinônimos”.
32
32
Junto a la definición mediante paráfrasis, aparece con frecuencia la explicación mediante sinónimos
(HAENSCH et al., 1982, p. 276).
147
É com esse embasamento acerca das possibilidades da polissemia, da homonímia, da
sinonímia e de tradução dos verbetes na passagem da ngua portuguesa para a italiana, que
realizamos nossa pesquisa e a elaboração parcial do dicionário.
No interior de cada verbete não consideramos profícuo dar indicações sobre a
pronúncia, mas sim apenas a classe gramatical a que pertence a unidade léxica, a acepção de
caráter erótico-obsceno que conduziu à criação metarica, exemplos de tal unidade do léxico
e o sema predominante. O verbete-modelo com tais paradigmas possui a seguinte
configuração:
DIREÇÃO PORTUGUÊS-ITALIANO:
unidade lexical erótico-obscena em português (informação morfossintática): equivalente
tradutório em italiano (informação morfossintática): contextualização em italiano (fonte) //
contextualização em português (fonte). Sinônimo da entrada
Sin.: sinônimo do equivalente tradutório
sema: definição referencial da entrada em língua portuguesa que conduz à metáfora
Como se vê, incluímos nos verbetes a unidade lexical contemplada como entrada, a
informação morfossintática indicativa da classe gramatical a que se refere, o equivalente na
outra língua, exemplos que possam contextualizar a unidade nas duas línguas e suas fontes, o
sema e a definição que levou à metáfora. O acréscimo do sema se mostra uma novidade em
meio às ainda raras pesquisas que tratam do argumento das zonas erógenas. Optamos por
apresentá-los com o escopo de levar ao conhecimento do leitor qual é o sema atualizado em
cada item sugerido para compor a entrada do verbete. Procuramos evidenciar, outrossim, com
as contextualizações apresentadas, o item lexical metaforizado associado a um dos órgãos em
estudo e sua acepção erótica.
148
As entradas escolhidas para compor os verbetes provêm dos levantamentos oriundos
de dicionários e de itens lexicais que ao longo de nossa pesquisa foram recolhidos. Vale
ressaltar que fizemos as coletas especialmente de sites da internet direcionados a contos
eróticos e de blogs juvenis. Isso equivale a dizer que, em nosso corpus, figuram unidades
lexicais provenientes da fala, da linguagem oral, visto que mesmo nos contos eróticos usa-se
uma linguagem mais coloquial e popular a preferida para o emprego de palaves.
Advertimos que a escolha dessas entradas se deu exclusivamente em função da
contextualização, ou seja, sugerimos como entrada para cada verbete a unidade lexical para a
qual encontramos um exemplo possível de contextualizá-la, sem contabilizar o número de
ocorrências de cada item xico. Sabemos que algumas das unidades correm o risco de terem
sido empregadas uma só vez e por uma só pessoa, ou seja, como idioletos e usos regionais – o
que poderia também indicar a diferença entre o número de ocorrências relativas à vulva em
língua portuguesa e italiana, pois em português podemos ter nos defrontado mais facilmente
com unidades como as acima descritas e, assim, termos obtido uma quantidade maior de
registros. Contudo, ainda assim, optamos por apresentá-las com sua frequência única as
hapax legomena que a sua contextualização nos revela seu uso real e efetivo. Por essa
razão, registramos, por vezes, entradas de baixa ocorrência que podem parecer estranhas a
falantes que empregam usualmente palavrões. Um exemplo retirado de nosso corpus usado
para nomear o órgão sexual feminino é “fedegosa”. Nesse caso, o sinônimo “bacalhau” parece
ter uso frequente; o mesmo se percebe com “pomose “melões” relativos aos seios: ambos
compartilham do mesmo sema /alimento/, mas o segundo tem uso mais assíduo que o
primeiro. O mesmo acontece com a atribuição dos equivalentes, escolhidos também
exclusivamente em função da contextualização.
Concernente aos verbetes que se referem ao órgão sexual masculino, conforme
comentado no capítulo anterior, o sema /forma/ perpassa todas as unidades que atuam como
149
sinônimos de pênis. Por isso, apresentamos outros semas, diferentes deste, que também
podem ser encontrados no interior de cada item da entrada. O mesmo ocorre com muitos dos
itens relacionados aos seios, em que o sema /forma/ é evidente, mas igualmente entre eles
podemos visualizar ainda outros semas.
Ademais, no interior dos verbetes, os itens léxicos arrolados podem sofrer varião
ortográfica, como por exemplo, (i) a alteração de ch por x, como em “chana” e “xana” que
indicam o órgão sexual feminino em língua portuguesa e (ii) a variação quanto ao gênero da
entrada como “banano” ou “banana”, os quais em italiano fazem referência ao órgão genital
masculino.
Relativo à ilustração, isto é, à apresentação de um item inserido num contexto
selecionado, ela ocorre, como explicitado, por meio de exemplos recolhidos de obras erótico-
obscenas, tais como revistas pornográficas e de sites da Internet de mesmo teor,
especialmente referentes a contos eticos.
Tomamos tais indicações como suficientes para sanar possíveis dúvidas ou
curiosidades do consultor. Como visto na configuração dos verbetes, com todas as entradas
em mãos, em português, propomos a tradução para o italiano de cada uma delas.
Observa-se, uma vez mais, que em nosso esboço de dicionário bilíngue privilegiamos
o uso de sinônimos da palavra-entrada, partindo do pressuposto que um item lexical de uma
língua pode ser definido e compreendido por um equivalente na língua de chegada.
4.2. VERBETES
Apresentamos a seguir uma amostragem dos verbetes de nosso dicionário das zonas
erógenas, cujos semas selecionados situam-se entre os mais frequentes segundo nossa
pesquisa. Elegemos a ordem alfabética para apresentá-los e, desse modo, começamos por
150
aqueles atinentes ao campo semântico do ânus (4.2.1.), na direção português-italiano; a seguir,
4.2.2. é dedicado à exposição do campo semântico relativo às nádegas; em 4.2.3., trazemos os
itens relacionados ao pênis; logo adiante, em 4.2.4., os verbetes referentes aos seios. Por fim,
os testículos e a vulva são apresentados em 4.2.5. e 4.2.6., respectivamente.
4.2.1. Campo semântico: ÂNUS
anel-de-carne (s.m.s.): anello (s.m.s.): (...) sento l’anello che mi stringe il pene e allora
spingo sempre più a fondo mantenendo il movimento: fuori dentro, fuoridentro.
(http://www.popkorn.it/racconti/index.php?news_id=26&start=4&category_id=2&parent_id=
2&arcyear=&arcmonth) // "Adoro." Ele disse encontrando o anel de carne que ele tanto
desejava. Aquele canal delicado e enlouquecedoramente prazeroso. Continuando a
movimentação na ereção de Aya, Youji começou a provocar o anus do outro com seu dedo
médio. Sua boca sufocou a de Aya numa chuva de sensações.
(http://br.geocities.com/the_dark_moonlight/amanha.htm). Anel; anelão; anel de couro
Sin.: umido anello
forma: circularidade do ânus
buraco (s.m.s.): buchetto (s.m.s.dim.): (...) chiudete la mano sull’uccello poggiandolo sul
buchetto, in modo da non farlo deviare di lato (che fa un male boia) decidete di fermarvi ad
un centimetro di penetrazione”.) (www.isd.olografix.org/faq/faq_anal.htm) // lio tirou o
dedo, encheu o meu cu de cuspe e começou a enfiar dois dedos no meu buraco. Nossa, com
um cacete na boca e dois dedos no cu eu quase fui à loucura.
(www.sexyhot.com.br/shot/0,,occ1512-4552,00.html)
Sin.: buco buio; buco del sedere; buco oscuro
abertura: orifício ânus
cu (s.m.s.): culo (s.m.s): (...) basta l’odore di sesso riempia la stanza e le narici, mentre lo
sperma riempie la mia fica vogliosa, a mio culo morbido e pronto ad aprirsi sotto i tuoi colpi
mi scuotono le viscere e il cervello. (www.diarioqualunque.blogspot.com/2005/12/tanto-
sesso.html) // Eu era bem novinha e por força do horário do meu pai, era obrigada a esperar
.... depois o que estava sendo chupado também comeu meu cu
(http://www.cido.com.br/contos.asp?id=1255). Culeiro; culiceu; culo
Sin.: culetto
órgão: nome popular de ânus
pregas (s.f.p.): pieghe (s.f.p.): (...) era un attimo e sentii puntare quel grosso cazzo tra le mie
pieghe che istintivamente contrassi le chiappe (www.clubclassic.net/racconti) // Meu pau ia e
voltava, estourando as pregas, até eu gozar (http://www.cido.com.br/contos.asp?id=1296).
Pregueado
forma: dobras da pele presentes no ânus
151
rabo (s.m.s.): sedere (s.m.s.): (...) ha scoperto quanto è bello essere penetrata nel sedere,
sentirsi lo sperma spruzzare dentro, bere lo sperma e farselo spalmare sulla pancia.
(http://forum.alfemminile.com/forum/f257/__f479_f257-sesso-con-donna-incinta.html) // Ele
enfiou o pau inteiro, com violência, meteu aquele cacete enorme de uma vez no meu rabo, e
nem sequer me deu tempo de me acostumar com aquele volume
(http://www.cido.com.br/contos.asp?id=1214). Rabada; rabicho
posição: localização ao final da coluna vertebral
4.2.2. Campo semântico: NÁDEGAS
bunda (s.f.s.): chiappe (s.f.p.): (...) la mia testa è completamente confusa le mie mani
tremano ma nonostante tutto riesco ad afferrare ancora le sue mutande, le abbasso di nuovo,
e con un respiro affannoso diedi un colpo secco da strappare le sue mutande e lasciare
scoperto le sue chiappe. (http://www.clubclassic.net/racconti/story454.html) // Adoro
enlouquecer os homens com minha bunda redondinha e meus peitinhos durinhos.
(http://www.sexyhot.com.br/shot/0,,ttr0-4549,00.html).
órgão: nome popular das nádegas
pandeiro (s.m.s.): mandolino (s.m.s.): Sexy con un culetto che e’ un mandolino
(http://pavia.bakeca.it/incontri-0) // (...) gozamos juntos, com a bichana macia rebolando o
pandeiro conspícuo em meu cacete rijo. (www.relatoseroticos.com.br/new_a/102/500).
forma: nádegas arredondadas
poupança (s.f.s.): pacco (s.m.s.): Porto jeans a vita bassa, quindi non mostro le chiappe.
Il pacco nei miei jeans passa abbastanza inosservato, mi farei schifo se avessi una visibile
protuberanza proprio lì. (http://multiplayer.it/forum/open-space/232011-jeans-
antiform.html.)// (...) dormimos, quando deu 11:hs e alguma coisa, acordei com um liquido
quente na minha poupança e fiquei na duvida se era xixi ou se era a bolsa, na duvida fomos
para o hospital, ao chegar lá eles fizeram um exame para saber se realmente era a bolsa, e era
a bolsa mesmo, fiquei no quarto deitada monitorando o bebe e as contrações. (http://www.e-
familynet.com/phpbb/chegada-da-gabrielle-vt98982.html).
volume: nádegas volumosas e grandes
posterior: s.m.s.: posteriore (s.m.s.): La donna è in piedi, in mezzo ai due uomini, piegata su
se stessa e in posizione oltremodo lasciva: offre il suo posteriore all’uno e nel contempo
pratica una fellatio all’altro.
(www.canino.info/inserti/monografie/etruschi/eros_etruschi/eros_etruschi_3.htm) // Gozamos
juntos, com a bichana macia rebolando o pandeiro conspícuo em meu cacete rijo... ai...
paizinho ...lambisca meu posterior rotundo com teu cajado...
(www.relatoseroticos.com.br/new_a/102/500).
posição: parte que se situa atrás, assim como as nádegas em relação ao corpo.
152
traseiro (s.m.s.): deretano (s.m.s.): (...) così facendo, ella mostrava il deretano sodo e
prosperoso, le gambe carnose e lunghissime, scalze, lasciate scoperte da una gonna attillata
che le arrivava soltanto a metà coscia. (http://www.ewriters.it/leggi.asp?w=27138) // (...)
ajudo ele a abrir os botões e ele arranca o jeans. i. Ele passa manteiga no meu traseiro. É
muito sexy gordurosa e oleosa e escorregadia. Isso é bom, porque estou ficando nervosa
de pensar no que vem em seguida. Ele tira o short e tenta entrar por ts.
(http://nikita.rio.vila.bol.com.br/h13.html).
posição: localização ao final da coluna vertebral
4.2.3. Campo semântico: NIS
banana (s.f.s.): banana (s.f.s.): Mi guardava sorridente e invitante mentre lo accarezzavo sui
fianchi e appoggiavo la mia banana nel
solco delle sue chiappe. (www.clubclassic.net/racconti/story353.html) // (...) mama na minha
banana vai! isso putinha, chupa! aaaahhhh... que delícia de boquinha!
(www.contoerotico.com.br/princ.htm). Mangará; manguito; pacova; penca
Sin.: banano; bananone
alimento: genilia masculina envolvida na felação.
charuto (s.m.s.): pipa (s.f.s) [cachimbo]: Capì al volo la mia eccitazione ed infilò la pipa
nella mia vagina facendola muovere su e g e con la lingua giocava sul mio orecchio
provocandomi brividi continui... (http://tamara61.blog.tiscali.it/cx1847599/cx1847599) //
Comecei a chupar aquele charuto preto com muita vontade...
(http://www.swingclubne.com/wmnews/wmview.php?artid=287). Pito
Sin.: sigaro [charuto] ; sigaro col peo [charuto com pelo]
aquecimento: pênis em estado de excitação.
espada (s.f.s.): spada (s.f.s.): (...) la figa di marta sembra nata per accogliere il suo cazzo, e il
suo bollore è sconvolgente, sì, sì, è la fodera della mia spada, pensa claudio con un guizzo di
virilità in salsa crociata. (www.spulp.com/racconti_erotici/le-blatte_kamicina.php) // (...)
segurando a grossa rola, ele pincela a racha da xaninha antes de penetrá-la vagarosamente!-
oh, deus! ele me fere agora...com sua espada!!
(www.dicasdesexo.com.br/padrao3.asp?codigo=1025). Catatau; estoque
Sin.: daga; spadone; stocco
penetração: capacidade que dispõe o órgão sexual masculino de se introduzir em outro
corpo durante a relação sexual
ganso (s.m.s.): oca (s.f.s.): Qual'è la differenza tra erotismo e perversione?erotismo è quando
porti una donna all'orgasmo usando una piuma.
perversione è quando alla piuma è ancora attaccata l’oca.
(http://www.eroxe.it/modules.php?name=news&file=article&sid=368) // (...) de pau em
riste/o anão cidão/vivia triste./além do chato de ser anão/nunca podia/meter o ganso na
tia/nem na rodela do nego. (http://dhuvi.blogspot.com/2004_09_12_dhuvi_archive.html).
153
animal: forma alongada pescoço do animal que remete à forma do órgão viril
pau (s.m.s.): legno (s.m.s.): (...) il legno sulla pelle fa uno strano effetto e i bordi della gonna
in alcuni punti non arrivano a toccare la panchina…credo che si veda tutto. provo ad
accavallare le gambe per coprirmi davanti ma mi scopro troppo di fianco…opto per tenere le
gambe più strette possibile. (www.spulp.com/racconti_erotici/un-pomeriggio-diverso.php) //
Meu pau pulsava na calça, insuportavelmente duro e me deixava...
(www.casadoscontos.com.br/texto.pl?texto=20051255). Estadulho; garrocha;
maçaranduba; madeira; madeirame; moca; pau barbado; pau barbudo; pau bordado;
pau de cabeleira; pau de cavalo; pau de fumo; pau de mijar; pau duro; pau penca; pau
seco; pauzinho do matrimônio; picota; pinho; ripa; sarrafo; tarolo; tronco
Sin.: tronchetto della felicità; tronco
dureza: órgão sexual masculino excitado e enrijecido.
4.2.4. Campo semântico: SEIOS
airbag (s.m.s.): airbag (s.m.s.): (...) ho notato sul mio centro-sinistra una leggiadra fanciulla,
che relegata in un umido e buio sottoscala cercava disperatamente di attirare la mia
attenzione abbarbicandosi con la schiena su di una colonna. Nel fare questo spingeva in
avanti i suoi due airbag anteriori in maniera leggermente vistosa.
(http://aiciciu.splinder.com/archive/2007-03) // (...) eu acho q o super airbag e a traseira não
o tudo isso, mas um rosto é o que vc mais vai querer lembrar naquela pessoa especial.
(http://www.ligamagic.com.br/index.php?view=forum/mensagem&local=3&id=1431&s=1&c
=1102124744).
maciez: saco afofado
melancias (s.f.p.): cocomeri (s.m.p.): Manila Nazzaro, ex miss italia, con due cocomeri
invece di normali tette, è sconsolata: l’hanno bocciata al provino per un film di Costanzo
“troppo belli”. È comunque contenta di mostrare i suoi cocomeri che sono senz’altro migliori
dei meloncini di Shannon Malone e di Janet Jackson attualmente due celebrities dell’osè
americano, due sex-girl che mostrano il corporeo per alimentarsi.
(http://www.alexismagazine.it/news/08-02-05.html) // Ela tem duas melancias que nem sei
como ela foi conseguir aqueles peitões se nem tinha dinheiro pra pagar um
implante de silicone. (http://www.clubedoscontos.com.br/contos/index/conto/21).
alimento: seios grandes como a fruta
montes (s.m.p.): dune (s.f.p.): Mi staccai da lei e spingendola un po’ più su, infilai la testa
tra le sue dune. La sua cavalcata da lieve si fece pintensa. Assaporavo i suoi seni e lei si
beava della mia erezione, ancora celata dai boxer. (http://dandyhot.splinder.com/tag/greta) //
(...) abocanhei gulosamente seus montes afrodisíacos, para em seguida começar a mordê-los
com força e sem piedade. (www.casadoscontos.com.br/texto.pl?texto=200506121).
forma: corpo arredondado como os seios.
154
regaço (s.m.s.): davanzale (s.m.s.): (...) uno strip in piena regola che è girato in rete per la
gioia dei suoi fan. Da allora rosy non perde occasione per sfoggiare il suo davanzale, tanto
che le colleghe sono furiose:”non c’è verso di farle mettere il reggiseno. Ha sempre le tette
fuori”, protestano... (http://freeforumzone.leonardo.it/lofi/d6630444.html) // (...) Examinou
rapidamente o isqueiro cromado. — É do quê? Sua indústria. — Frigoríficos — murmurou ele
e brecou abrupto diante do sinal vermelho. Está vendo? É o cúmulo, passou da luz verde
para a vermelha. E a amarela? Bateu a cabecinha? Ela procurou no regaço o cigarro aceso que
lhe caíra da mão. (...)Ela desceu o vidro da janela e atirou fora a ponta do cigarro. Dobrou o
corpo para frente e apertou contra o peito as mãos fechadas.
(http://www.scribd.com/doc/6873810/Lygia-Fagundes-Telles-As-Meninas-pdfrev) .
posição: lugar confortável para o recosto, como os seios
tetas (s.f.p.): tette (s.f.p.): (...) lo tirò su e le sue grandi e bianche tette sgusciarono fuori dal
reggiseno.(http://www.raccontiincestuosi.it/madre_figlio/0003_tette_tette.htm) // Comecei a
chupar aquelas tetas cheia de leite, e ela adorou, estava gemendo de prazer. (http://contos-
eroticos.marcelinha.com/?act=ler&iditem=125).
órgão: nome popular da glândula mamária
travesseiros (s.m.p.): cuscini (s.m.p.): Quelle tue tettone attirano come una calamita! Sono
una tentazione per tutti, figurati per zio tommaso! Pensa qualche volta persino a me viene la
tentazione di appoggiarmi su quei bei cuscini rispose ridendo cesira.
(http://www.iomilu.com/viewstory.php?sid=1754) // (...) respondi sem conseguir tirar os
olhos daqueles seios que eram travesseiros. (www.casadoscontos.com.br/texto/200510305).
maciez: saco afofado para o recosto
4.2.5. Campo semântico: TESTÍCULOS
balagandãs (s.m.p.): pendenti (s.m.p.): Insieme, con la rivista, ci chiudiamo nella
microscopica toilette e in un istante di riposo ci osserviamo allo specchio i testicoli grossi, i
pendenti arrossati; ci sentiamo maschi come mai prima e ci disponiamo per il momento
dell’orgasmo. (www.climaxfilm.it/blog/2006/01/index.html) // Tô tão acostumada a ver o
cara pelado, balançando os balagandãs nos filmes, que se o visse nu por ia achar
completamente normal. (http://www.interney.net/blogs/enloucrescendo/2007/03/).
Dependureza; penduricalho
pendente: corpo pênsil por carregar externamente à genilia, dentro dos escrotos, as
glândulas seminais masculinas
bolas (s.f.p.): palle (s.f.p.): Il mio cazzo sta perdendosi dentro la magnificenza di quella
vagina. Le spinte sono sempre più decise, fino a sentire le mie palle toccare il suo inguine.
(http://playstation3.forumcommunity.net/?t=25233529) // Se eu puser minha mão dentro de
suas calças e brincar com suas bolas por dez minutos, serei capaz de dizer sua idade exata.
(http://www.piadasdodia.com.br/mostrapiada.asp?id_piada=229). Bolotas; pelota
Sin.: palla
forma: esfericidade dos testículos
155
grãos (s.m.p.): granelli (s.m.p.): (...) insaziabili ingoiano i suoi granelli: è un orgasmo
(http://erreeffeelle.splinder.com/tag/repetita+iuvant) // Por favor, continuem a trepar estou
com os grãos doendo de tanto tesão (http://www.contosfemininos.com.br/contos/4711.html).
Sin.: fagioli; fagiolone
alimento: sementes arredondadas como as duas glândulas seminais, chamadas testículos
ovo (s.m.s.): uova (s.m.p.): Sentivo i peli sfregarmi sulla lingua, assaggiai la consistenza
delle sue palle pesanti e spesse, due uova dure nella mia bocca.
(http://www.clubclassic.net/racconti/story335.html) // Dentro da boca de Carmela, o ovo de
Bene leva lapadas da língua dela, ao mesmo tempo em que é chupado!
(http://www.mrmalas.com/contoseroticos/view.asp?id=129). Oveiro
alimento: orgãos arredondados e parecidos com o alimento
saco (s.m.s.): balle (s.f.p.): Sentii anche il suo membro alzarsi e diventare duro. Toccava il
mio e si introdusse fra le mie balle e la mia gamba. Era una sensazione bellissima; sembrava
mi penetrasse dalla parte sbagliata.
(http://www.annunci69.it/racconti_pagina.php?idracc=12317&voto=y) // Ao mesmo tempo
ela abocanhava meu pau, que a esta altura já estava enorme. Cada vez com mais virulência ela
acariciava meu saco com as pontas dos dedos. (http://www.cido.com.br/contos.asp?id=1831).
Trouxas
Sin.: balla; piccola borsa; tasche
forma: recipente que abriga as glândulas seminais
4.2.6. Campo semântico: VULVA
boca sem dente: s.f.s.: bocca (s.f.s.): Dopo averselo aggiustato tra le grandi labbra, e dopo
che la mia Lorena gli avesse inondata quella bocca di saliva, se lo fece sparire tutto in figa.
(http://www.spulp.com/racconti_erotici/le-avventure-di-una-coppia) // (...) e começamos uma
“luta”: ela querendo me fazer gozar, apertando a buceta como se fosse uma boca sem dente,
mas muito quente. Eu socando, metendo o máximo que podia...
(www.casadoscontos.com.br/texto.pl?texto=20031222). Boca babona; boca banguela; boca
cabeluda; boca da loba; boca da onça; boca da vovó; boca de baixo; boca de bicho; boca
de cabelo; boca de caçapa; boca de camelo; boca de capim; boca de encrenca; boca de
garrafa; boca de jacaré; boca de macaco; boca de mina; boca de mochila; boca de pacu;
boca de pele; boca de pelo; boca de sacola; boca de sapo; boca de vampiro; boca de
veludo; boca de violão; boca do bin laden; boca do corpo; boca do enéas; boca do homer;
boca do inferno; boca do ; boca do lula; boca do mato; boca do mundo; boca do povo;
boca em convulsão; boca em ; boca funda; bocal; boca-loca; boca melosa; boca mucha;
bocão; boca peluda; boca preta; boca que baba; boca quente; bocarra; boca vertical;
boqueteira desdentada; boquinha bonita; boquinha de lontra; boquinha melada;
boquinha molhada; boquinha rosada; boquinha sem dente; bocuda; lábios de fêmea;
lábios de mel; lábios que babam
abertura: cavidade por onde entra o pênis na relação sexual, aludindo à vagina.
156
cona (s.f.s.): conno (s.m.s.): Giusy venne penetrata, di schianto, per tutta la lunghezza del
duro randello, che sprofondò con estrema facilità dentro il dolcissimo, ben lubrificato, conno
della ragazza, co duramente violato, per la prima volta, da un uomo diverso dal suo
fidanzato. (www.erositalia.net/testi/015/testo3723.htm) // Senti o seu cacete crescer, bem
debaixo da minha cona. (www.4-paredes.blogspot.com/). Conaça; conana; conão; conas;
conassa; conha; conhuda; cono
Sin.: conno petulante; connu; cunno; cunnu
órgão: nome popular da genilia feminina.
frutinha (s.f.s.dim.): pesca pelosa (s.f.s.): (...) la misi a pecorina e vidi la sua pesca pelosa
grondare di piacere (www.nutilla.com/raccontierotici/raccontoerotico.asp?id=104) // (...) o
suco da frutinha madura recém descascada escorria pelo meu pau.
(www.megasex.com.br/contos/artigotemplate.php?id=646). Caju; carambola; fruita; fruta;
fruta mijona; frutilly; fruto; fruto do meu esparro; fruto especial; fruto proibido; jaca;
jaquinha; kiwi; maçã; maçã do amor; maçãzinha; manga do fiapo preto; manga rosa;
moranguinho
Sin.: albicocca; frutto; pesca; prugna; susina
alimento: órgão sexual feminino envolvido no sexo
greta (s.f.s.): bernarda (s.f.s.): “Se lecchi la mia “bernarda”, io leccherò il tuo fallo!
(http://lnx.dittaferrara.it/epress/index.php?option=com_content&task=view&id=555&lang=it
&Itemid=6) // (...) enquanto manuseava a minha greta numa siririca cadenciada, ia também
amassando coma outra mão as minhas tetinhas firmes e excitadas, cujos bicos pareciam mais
espetados do que nunca. (www.casadoscontos.com.br/texto.pl?texto=200605247). Abigail;
astrid; aletéia; bastiana; berenice; bethânia; bráulia; brigite; bruninha; caetana; carlota;
carlota joaquina; carolzinha; catarina; catiana; cicinha; cíntia; chica; chiquita;
chiquitita; cissinha; cléo; cris; crisinha; dalila do meu sansão; daniela; denise; dirce;
djana; dona anja; dona pepa; dorinha; dorotéia; douglita; duda; edéia; elenilda;
emengarda; emília; esmeralda; fernandinha; fefezinha; felizbina; fifilda; filó; filomena;
flávia; genoveva; gertrudes; gislene; godofreda; guida; guilhermita; iaiá; ir maria;
joaquina; josefa; jurema; katiuscia; laurinha; leandrinha; léia; leka; leleca; lila; lilibeth;
lilica; lilizinha; lilly; liloca; lolita; lulu; luluzinha; maria cabeluda; maria caqui; maria
eugênia; maria francisca; maria goreti; maria joaquina; mariana; mariarosca; maricota;
marieta; marilula; maristela; maroquinha; marta; matilde; mirella; miuxa; mona; nica;
nikka; nikkita; nina; ofélia; paloma; penélope charmosa; ritinha; ; rogeca; rogequinha;
rogerzita; samara; sandy; sara irmã do eliseu; sharon; sheila; sheilinha; teca; téia; teresa;
teresa batista; teresuda; thayná; thequinha; tibúrcia; tieta; tonha; totonha; vanderléia;
vandinha; vavá; verusca; virgília; virgina; virginha; virgínia; xuxa; zezinha
Sin.: berta; filiberta; filippa; filippina; lucia; mona; mona bernarda; mona lisa
antroponímia: nome afetuoso da genitália feminina
passarinha (s.f.s.dim.): passerina (s.f.s.dim.): (...) tirò la mia mano sopra la sua passerina e
qui la trovai già completamente bagnata, iniziai subito ad accarezzarla con tutta la mano e
intanto le succhiavo e leccavo i capezzoli.
(www.annunci69.it/racconti/lesbo/2275la_scrittice_di_racconti_erotici.html) // (...) assim, e
157
dominando perfeitamente todas as operões, como um verdadeiro “gigolô”, aos poucos foi
parando, para finalmente mudar de posição, colocando-se no meio das pernas da mulher,
apontando-lhe o “míssil diretamente à passarinha.
(www.megasex.com.br/contos/artigotemplate.php?id=11003). Araponga; canarinha;
ssara; pássaro; periquita; periquita devassa; periquita d’oro; periquitinha; periquito;
piriquita; piriquita azeda; piriquita de ouro; piroquita
Sin.: passera
animal: vulva possuidora de pelos
Essa amostragem de verbetes pretende ilustrar como contribuiremos para a pesquisa
lexicogfica bilíngue e, futuramente, com a apresentação do dicionário completo, como
colaboraremos para o preenchimento do hiato existente no mercado lexicográfico brasileiro,
relativo à confecção de obras bilíngues especiais na direção português-italiano,
principalmente sobre esse tema ao qual ainda se atribui pouco valor, mas que goza de uma
riqueza cultural e lexical significativas. Esperamos também que os verbetes mostrados tenham
revelado a carga metafórica presente nos itens léxicos selecionados, explicitando o que os
impulsiona a adicionar a suas acepções corriqueiras novos valores eróticos.
158
chiappepauxoxotapottacazzopompel
merolodefumonascondigliofavepopô
vergabalagandãsnatichebustoxererec
atroiapintociuccepeitaçoburacouccell
oneculettovelabuzunfãgemellinetagli
ofognarachasalsicciacaixatroncosgna
ccheracanaltetascanecoportabagaglio
rifiziopiselloleiteriagrutacharutogeni
talibundagrãoscanomammellepombi
nhaastuccioderetanoairbagpirulitora
biosquemamõesbuchettocegobasoc
entrocroacamarteloballebucetaantro
melanciascubernardasederependenti
cabeludaculobisaccebagosfedegosofe
dorentoscrotolenhatopacadeirasforn
ochiappepauxoxotapottacazzopompe
lmerolodefumonascondigliofavepopô
xcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnm
Considerações
finais
159
As razões que nos impeliram a estudar o léxico referente às zonas erógenas foram a
intensidade de uso presente na sociedade atual e a abundância de unidades lexicais existentes,
referentes a essa linguagem especial. Como foi possível observar, o trabalho mostra-se
importante pelo estudo no âmbito léxico-semântico e social. Recordemos a trajeria de
reflexão percorrida nesta tese.
O capítulo I versou sobre as duas principais ciências voltadas ao léxico, a Lexicologia
e a Lexicografia. Vimos que a primeira é direcionada ao estudo das unidades léxicas (as
palavras), abordando as relações entre seus significantes e significados. A Lexicografia, por
sua vez, ocupa-se da descrição do léxico e fornece as bases para a compilação de dicionários.
Conforme esta última, estruturamos nossa recolha lexical segundo os preceitos da
onomasiologia – o enfoque que parte do conceito e de certas matérias ou assuntos e aponta os
significantes correspondentes, dos quais selecionamos aqueles que abarcam os campos
senticos da vulva, do pênis, das nádegas, do ânus, dos seios e dos testículos. Para
embasarmos melhor nossa apresentação de equivalentes, fizemos elucubrões sobre as
teorias que regem o processo tradutório.
Foi imprescindível também refletirmos sobre o léxico, que se define como um
conjunto de unidades lexicais disponíveis na língua aos falantes, passível de sofrer expansões
decorrentes de mudanças socioculturais. Dentro dele, elegemos a linguagem especial que
pareceu merecedora de atenção dada sua alta frequência inversalmente proporcional aos
estudos que lhe foram dedicados. Nessa linguagem proibida agem os tabus linguísticos
proibições morais de se dizer certo nome ou certa palavra, sobre os quais afirmamos não
serem exclusivos de povos ignaros e atuarem ainda hoje em nossa sociedade.
O capítulo seguinte dedicamos à abordagem sociocultural desse léxico erógeno,
enfatizando que toda lexia está apta a refletir a cultura daqueles que a usam. Abordamos os
aspectos sociais, nos quais atua a Sociolingstica, assinalando os empregos e usos concretos
160
da língua. Concernente aos aspectos culturais, concebemos cultura como uma lente por meio
da qual o ser humano enxerga o mundo que o cerca. Salientando que o homem esbarra, por
vezes, em preconceitos e tabus transferidos entre gerações que limitam sua expressão. Em
nossa pesquisa pudemos observar que o tipo de item lexical com o qual trabalhamos é
estigmatizado e o falante que o emprega padece de preconceitos. Desta feita, opta-se pela
substituição, por meio de metáforas e eufemismos, dos itens lexicais obscenos.
Com base nas ponderações feitas, investigamos as mudanças lexicais, baseando-nos
numa abordagem léxico-semântica. Fundamentados na Semântica Lexical pudemos
compreender melhor os dois principais processos linguísticos empregados na composição dos
itens léxicos obscenos: os eufemismos e as metáforas. Enfatizamos que para a denominação
dos órgãos sexuais do corpo humano há uma preocupão por parte dos falantes em recusar a
terminologia anatômica oficial e recorrer a outras lexias de base metafórica e também
eufemística, que recubram a mesma área. Esse trabalho destacou que a maioria das unidades
léxicas relacionadas às zonas erógenas são formadas por meio de metáforas, analisadas sob a
luz dos princípios teóricos da metáfora conceitual, buscando servir como apoio em futuros
estudos dessa figura, analisada como recurso linguístico expressivo e natural, inerente ao
pensamento, o que equivale a dizer que nossa vida é cotidianamente influenciada pelas
metáforas de nossa cultura. Dentre os itens léxicos recolhidos no corpus verificamos também
a presença do eufemismo, que indica uma atenuação de uma lexia ou de uma ideia que possa
chocar o ouvinte. Apresentamos as ponderações sobre as metáforas e eufemismos do universo
erótico-obsceno, abordando suas motivações e salientando que as unidades léxicas em estudo
não são arbitrárias, e sim, motivadas. Ao final do capítulo oferecemos uma análise das
principais metáforas que recobrem cada campo lexical, sugerindo separações por semas, com
exemplos.
161
Concebemos em todo nosso trabalho que cada sociedade visualiza o mundo à sua
maneira (Hitese Sapir-Whorf). Por isso oferecemos a suposição de que as metáforas
relativas aos nomes dos órgãos sexuais em exame seriam diversas entre as sociedades italiana
e brasileira, ou seja, as construções metafóricas referentes às denominações da vulva, do
pênis, das nádegas, do ânus, dos testículos e dos seios se diversificariam entre as duas
sociedades em função de o modo de enxergar o mundo ser diversa. Contudo, ao analisar as
metáforas e dividi-las em sememas recorrentes, notamos que, ao contrário do que havíamos
imaginado, os processos metafóricos foram similares. Para compreender o motivo de nossa
crença ter sido dissipada, foi forçoso revisar a bibliografia selecionada e buscar outras que
pudessem justificar tal fato. Concluímos, então, que algumas metáforas universais,
especialmente referentes a vivências com o corpo. Ademais, podemos legitimar a similitude
pela mesma origem de ambas as línguas; pelo contato intenso entre os dois povos, propiciado
pela imigração dos italianos no território brasileiro; pela integração econômica e pelas trocas
culturais mantidas com o processo de globalização, e ainda pelo fato de os referentes
extralinguísticos os órgãos serem os mesmos no mundo e referirem-se às mesmas formas,
animais, objetos etc. Uma vez mais, pudemos cooperar com estudos nesse campo trazendo
elucubrações sobre a semelhança de pensamento dos italianos e dos brasileiros, à sombra das
criações metafóricas relativas aos nomes dos órgãos em estudo. Em relação à repressão sexual
que supomos, partindo do pressuposto de que a alta recorrência a itens léxicos metafóricos
para nomear as zonas erógenas em exame seria seu indício, sustentamos que, a partir da
análise de nosso corpus e das metáforas, nas duas sociedades ainda é contumaz a repressão
sexual, já que permanecem o receio e o pudor em adotar a terminologia oficial. Caso uma
sociedade fosse menos repressiva, talvez um menor número de sinônimos de pênis, vulva,
seios, nádegas, ânus e testículos empregaria.
162
Como produto final de nossa tese oferecemos um esboço de um dicionário das zonas
erógenas baseado em nosso corpus, na direção português-italiano. Nos verbetes apresentados
acrescentamos os semas que se manifestam nas metáforas de cada item da entrada modelo
de verbete inédito em pesquisas com esse tipo de unidade lexical e nossa possível
contribuição às pesquisas na área.
Esforçamo-nos para que as nossas reflexões e a amostragem do dicionário se
adequassem não a um nosso interesse particular, como também a um interesse social
coletivo, da comunidade e da academia, visando à possibilidade de preenchimento da lacuna
existente no mercado lexicográfico de obras bilíngues especiais. Acreditamos, portanto, ter
colaborado para desmistificar alguns preconceitos relacionados ao léxico erótico-obsceno, seu
uso e sua criação e estimular reflexões sobre o mesmo. Os palavrões são unidades léxicas
essenciais para a linguagem. Para Tartamella (2006, p. 335), “se o homem não fosse um
animal emotivo, provavelmente não precisaria de palavrões. (...) Aliás, graças aos palavrões o
homem pode fazer um salto evolutivo, substituindo a agressão física pela verbal”.
33
Em acréscimo, o conhecimento dos palaves de outras línguas, segundo Tartamella
(2006, p. 83), além de estimular a fantasia, saber os palavrões estrangeiros é útil: podem-se
reconhecer os insultos (para defender-se) e as palavras que não devem ser ditas em contextos
formais. E também para evitar desagradáveis equívocos (...)”.
34
Justamente por ser uma linguagem à qual ainda se dedicam poucos estudiosos,
entusiasmamo-nos com as possibilidades de trabalhos futuros. Entre eles podemos destacar a
confecção por completo do dicionário, do qual só apresentamos uma pequena parte. Poderiam
ser pesquisados ainda, por exemplo, os fraseologismos desse tipo de unidade lexical aos
33
Le parolacce sono essenziali per il linguaggio. “Se l’uomo non fosse un animale emotivo, probabilmente non
avrebbe bisogno delle parolacce. (...) Anzi, grazie alle parolacce l’uomo ha potuto fare un salto evolutivo,
sostituendo l’agressione fisica con quella verbale”. (TARTAMELLA, 2006, p. 335).
34
Oltre a stimolare la fantasia, sapere le parolacce straniere è utile: si possono riconoscere gli insulti (per
difendersi) e le parole da non dire nei contesti formali. Anche per evitare spiacevoli equivoci (...).”
(TARTAMELLA, 2006, p. 83).
163
quais não nos destinamos por exceder as propostas dessa tese. Seria igualmente interessante e
inédito o estudo comparativo das metáforas dos nomes atribuídos ao campo léxico das
relações sexuais ou a outras práticas sexuais (masturbão, felação, entre outras) ou ao campo
da prostituição, englobando as línguas italiana e portuguesa.
Em suma, pretendemos dar continuidade a esse empreendimento que nos fez adotar
uma postura ao mesmo tempo ousada e não preconceituosa para estudar algo sobre o que até
mesmo muitos linguistas se calam e, conforme sugere Bueno (2004, p. 15), para abrir “a porta
para a despudorada verve do nosso idioma”.
164
chiappepauxoxotapottacazzopompel
merolodefumonascondigliofavepopô
vergabalagandãsnatichebustoxererec
atroiapintociuccepeitaçoburacouccell
oneculettovelabuzunfãgemellinetagli
ofognarachasalsicciacaixatroncosgna
ccheracanaltetascanecoportabagaglio
rifiziopiselloleiteriagrutacharutogeni
talibundagrãoscanomammellepombi
nhaastuccioderetanoairbagpirulitora
biosquemamõesbuchettocegobasoc
entrocroacamarteloballebucetaantro
melanciascubernardasederependenti
cabeludaculobisaccebagosfedegosofe
dorentoscrotolenhatopacadeirasforn
ochiappepauxoxotapottacazzopompe
lmerolodefumonascondigliofavepopô
xcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnm
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vergabalagandãsnatichebustoxererec
atroiapintociuccepeitaçoburacouccell
oneculettovelabuzunfãgemellinetagli
ofognarachasalsicciacaixatroncosgna
ccheracanaltetascanecoportabagaglio
rifiziopiselloleiteriagrutacharutogeni
talibundagrãoscanomammellepombi
nhaastuccioderetanoairbagpirulitora
biosquemamõesbuchettocegobasoc
entrocroacamarteloballebucetaantro
melanciascubernardasederependenti
cabeludaculobisaccebagosfedegosofe
dorentoscrotolenhatopacadeirasforn
ochiappepauxoxotapottacazzopompe
lmerolodefumonascondigliofavepopô
xcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnm
ANEXOS:
175
ANEXO I
CORPUS RELATIVO AO PÊNIS EM LÍNGUA PORTUGUESA
o
alavanca de arquimedes
alegria das meninas
aparelho
aquilo
aramanho
armanho
arame
arma
armar
arouca
arraia
bacalhau
bacamarte
báculo
badalhaço
badalhoca
badalhoco
badalo
bage
bagé
bagre
lano
bambu
banana
bandeira a meio pau
barba roxa
barbarroxa
barrote
basculho
basilisco
bastelo
basto
bastão
bate estaca
belo
benga
bengala
berimbau
besugo
bibico
bibirito
bibiu
bicho
bichoca
bico de candeeiro
bico de chaleira
bico de lamparina
bicuda
bigorna
bilau
biloca
bilola
bilunga
bimba
bimbinha
bimbo
binga
birote
birro
birunga
bisarma
biscoito
bisnaga
bitoca
bizegre
blica
boa
bodelos
bola
bolso
boneca
bordo
borracha
brachola
braciola
braulho
bráulio
breba
bregueço
brisda
broxa
bucha
burel
cabeça
cabeça calva
cabeça de frade
cabeça do nis
cabeça lisa
cabeça pelada
cabo
cabeçote
cabo
cabo de relho
cabo pedrez
cabresto
caceta
cacete
cacete homem
cachaporra
cachupeleta
cacilda
caetano
caiado
caibro
cajado
calabrote
calcete
calháu
calvo
camandro
cambanga
cambange
cambanje
cambo
cambo deslonhada
cana
176
canhangulo
canivete
cano
cano de escape
canto escuro
canudo
capa de guarda-chuva
capote
carabina
caralhaz
caralho
careca
carimbo
carimbo do icó
carne
carne quente
carro
rsis
carso
carulho
catano
catatau
tis
catoco
catrino
catso
cazzo
cebola
cebola quente
cebolinha
cegonha
ceguim
ceguinho
cetro
chá de besta
chá de homem
chamboco
chapeleta
chapéu
chapoleta
chapuleta
charuto
chave de mulher
chave para o paraíso
chechoca
chibata
chicha
chico
chicote
chicote de barriga
chincha
chonga
choriça
choriço
chorumela
chouriça
chouriço
chuço
chui
chuí
chumarra
chupeta
chupica
chupiça
churumela
cilindro
cipa
cipó
cipó cabeludo
cipó cravo
circo armado
clarineta
clarinete de capa
cobra
cobra zarolha
coca-cola de dois litros
coisa
coisa feia
coisinha
coluna do meio
consolador
consolo
consolo de mulher
consolo de vva
contrapino
cordovo
corona
corpo
cravo
crescedor de barriga
crescer
curto
cúspide
cutelo
dardo
dedo sem unha
descanso de carroça
deslombada
dildo
documento
documentos
doido
doutor alisando cresce
dura
durex
dureza
eixo
elevaço
embira
emb
encomenda
encomendas
engate
enguia
entrepernas
envernizado
escobeta
escopeta
esguicho
espada
espadarte
espeto
espiga
esporo
estaca
estadulho
estardante
estopim
estoque
177
estrovenga
estufador de cu
extenso
faca
facho
falo
fálus
farfalho
farfanho
fariseu
fartura
ferragem
ferramenta
ferramentas de trabalho
ferrão
ferro
figa
flauta
flauta lisa
flautim
flautim de capa
flecha
florete
fósforo
frangalho
fruta
fumo
fumo de rolo
furabilhas
furada
furo
fuso
gaita
gam
gam
gamboa
gano
ganso
garoto
garrocha
gaspar
gato
genitália
geringonça
gogo
gogolina
golfinho
goma
gorro
grande
grego
gregório
grimpa
gro
grude
guasca
gunga
haste
histeria coletiva
homeopatia
inchar
inerme
inflamaço
ingula
inhame
injeço
insatisfatório
insignificante
insinuante
instrumento
instrumento de fazer nenêm
instrumento de trabalho
instrumento do fazer nenêm
instrumento penetrante
instrumento pontudo
instrumentos
inteireza
inteiriço
intumescência
invejável
invertebrado
irrefreável
isca
jacarandá
jacó
jamanta
jeba
jebo
jegue
jequitibá
jereba
jeribaita
jerônimo
jibóia
jiribaita
joaquim madrugada
joo
josé
judas
jurumba
kojac
lacrau
lagarto
lambaio
lampreo
lança
lança-perfume
lanceta
langanho
lango
lango-lango
lango-tango
lapa
lápis
lasco
lastimável
láteo
legume
lei
leite
lenha
linga
linguiça
líquido
loló
lombriga
lubrificar
maçaranduba
maçarico
178
maçaroca
macaxeira
macaxeira de homem
madeira
madeirame
maísso
maiúsculo
majestoso
mala
malfeitor
malho
maloto
mamadeira
mandioca
mandrio
mané bobo
ma souza
mangalho
mangará
mangerico manjerico
mango
mangolo
mangote
manguaça
mangueira
manguito
maniçoba
bagre
manivela
manjeroba
manjuba
manto
manzape
manzapo
quina de fazer menino
maracá
maranho
marreta
marsapa
marsapá
marsapo
marsapó
martelo
marzapo
mastro
mastruço
matolo
matutagem
mazarolho
mecha
medalho
medida
dio
me ingula
engula-me
melar
melindres
membro
membro desonesto
membro viril
membro zarolho
mero
mesa
mesquinharia
migu
mijão
mijo
mingela
mingula
minhoca
minhoco
minhocuçu
miniatura
ministro
miraguaia
moca
modevaca
mondrongo
morro
muçu
muçu cabeludo
muçu de cabelo
muleta
músculo
nabo
nagalho
nata
natureza
negócio
nervo
ocapi
óleo
olisbos
o que luzia ganhou na capoeira
o que luzia levou na horta
ordenanças
órgo
ouro
ovo
paco
pacova
paio
países baixos
pa
pajeú
palito de fósforo
palmo
pantaleo
papaterra
parafuso
parte
parte central
partes
partes genitais
partes pudendas
partes secretas
partes vergonhosas
passarinho
pau
pau barbado
pau barbudo
pau bordado
pau de cabeleira
pau de cavalo
pau de fumo
pau de mijar
pau-de-sebo
pau duro
paulo
179
pau penca
pau seco
pauzinho do matrimônio
pavio
peça
pechota
de mesa
peia
pela
pelada
pele de pica
pemba
penacho
penca
pendo
pendureza
penduricalho
penduricalhos
pepino
peroba
peru
petardo
petrópolis
pexota
piaba
pica
piça
picaço
pica de ouro
picadura
picha
picholeta
pichuleta
picirica
piciroca
pico
pico
picolé de homem
picolé quente
picota
piegas
pila
pilinha
pilo
pilota
pimba
pimbau
pimboca
pincel
pindoba
pinéu
pingola
pingolete
pinguelo
pinho
pino
pinta
pintassilgo
pinto
pipi
pirilau
pirnbau
piroca
pirolito
pirrola
piru
pirulito
pissa
pissirica
pistola
pistolete
pistom de capa
piston de capa
pito
pitoca
pituca
pixa
pneu
pomba
pombinha
ponte de carne
ponteira
ponteiro
porange
porongo
porra
porraz
porrete
possuído
possuídos
poste
pra ti vai
preaca
prego
prendas
papo
proaca
pua
puxador
quatro letras
quiabo
quilé
rabanete
raiz
ratinha
rédea
rédia
repuxo
reta
ripa
robalo
rola
rolinha
rolo de fumo
sabugo
salabatana
salame
salsicha
samatra
são longuinho
solonguinho
sapo
sarabaitana
sardão
sardo
sarrafo
sarsarugo
sedal
senhor caralho
180
sera
seribobéia
seringa
serpente
seta
símbolo lico
sim-sinhô
sinal
sipaóba
sipaúba
situba
soprador
subilario
substantivo
sulambra
sulapa
surdo
taça
taco
talo
tampa de mulher
tampo
tanganho
tarolo
tarugo
teca
teça
tecaliana
teléia
tenda armada
tenteadeira
terceira perna
testa
testa furada
tetéia
ticha
tiche
tico
timba
tímbales
tinebre
tinoco
tixinga
tocha
toco
tomate
tombica
tora
torcida
torneira esporradeira
torneirinha
torniquete
torno
toro
toroca
torongo
torto
tota
totinha
totó
totoca
touro
trabuco
trado
traíra
trambulheto
tranca
trangolho
transmisso
traste
travo
treboço
treboçu
treco
três quinas
trincalho
tringalha
tripa
tripé
troço
troços
troçulho
trolha
trolhô
tromba
tromba de elefante
tronco
tronzoba
trouxa
trozoba
trussui
tubi
tubiba
tubo
tuchupa
tulambe
tutano
umbigo de boi
vagem
vai e m
valverde
vara
vara da felicidade
vara de diabo
vara do diabo
vara de mijo
varo
vassouro
vela
veneziana
verga
vergalho
vergonha
vergonhas
verruma
viga
vira tripa
virote
xereca
ximbório
ximboro
xixi
xoroca
xoxota rola
zarabatana
zebedeu
zeca
cego
181
ciclope
fidélis
zeguedegue
zenóbio
tolas
varizes
zezinho
zimba
182
ANEXO II
CORPUS RELATIVO AO PÊNIS EM LÍNGUA ITALIANA
abbacchio
acello
adamo
adolf
affare
agente principale
aggeggio
ago
aguglia
aguzzapaperi
alabarda
alberello
albero della cuccagna
albero di natale
alosio
alzabandiera
amichetto
ammennicolo
anaconda
anguilla
arbitrio
archetto
archibugio
arcolaio
ariete
arma
armando
arnese
articolo per signore
asciugamano delle serve
asperge
aspersorio
asso
asso di bastoni
asta
asta di beneficenza
atlascopco
attaccapanni
atresso da pisso
attrezzo
avvoltoio
azzittamonache
babá
babbacammello
babbizzo
babblione
baccello
baccellone
bacchetta
bacchettone
bacchioloscopio
bacello
badile
badurlo
baggiuggiu
baldassarre
bajaffa
balestra
bambino
banana
banano
bananone
baobab
barafone
barbagianni
bartolo
barzellotto
barzo
barzotto
basano
bastone
bastoncino di zucchero
batacchio
batanga
battaglio
battitoio
batocco
batticarne
battocchio
bazzo
bazzotto
bazzuca
becca
becco
bega
bega passa
belin
belina
belino
bello
benben
bestia
biberon
bibi
bietolone
bietta
biff
bigatto
big bang
bighe
bighellone
bignamone
bigol
bigolo
bìgul
billo
bimbin
birello
birillino
birillo
birimbo birambo
bisato
bischero
bischerone
biscione
biscotto
biscottone
bisdiffo
bisquit
bissa
bitti
bitorcolo
blekedeker
boa
bocchettone
braccio
brando
branzino
brigghiu
brinca
brittola
brocca
brufolo
brustolone
bruzzo
bulino
busceddu
cacchio
cagnolu
calibro 38
calippo
calzone
camaci
campanile
canaletto
candela
canna
canna vuota
cannella
cannello
cannellone
cannetta
cannolo
cannuccia
capitone
capocchia
capocchione
cappella
cappellona
183
cappero
carciofo
cardellino
carnefice
carne senz’osso
carota
carruba
catenaccio
cavallo
cavicchio
caviglia
cavola
cazzaccio
cazzata
cazzo
cazzo del gallo
cazzone
cazzuola
cece
cedda
cef
alo
cefalo sguarramazzo
cella
cero
cerquatto
cetriolo
chiave
chiavello
chiavistello
chigno
chiodo
cianello
ciaramedda
ciave
ciccio
cicione
cicella
cillone
cincio
ciocca
ciola
ciolla
cippolippo
cipollone
cippa
ciriolone
c
iuccio
ciufolo
ciula
clava
coda
colombino
colonna
colonna di carne
coltello
colubrina
corda
cordone
cornetto algida da
millennove
cosino
coso
cotale
creapopolo
crescimmanu
crescinmano
cucco
daga
dardo
demone dell’amore
dente di elefante
diavolo
dumpennente
duro
egli
escavatore
esso
estensibile
faccenda
fagiano
fagiolo
fallo
fascino
fava
favaccione
favaghiaccia
favamoscia
ferro
fesso
fiammifero
fiche
fiorpennello
first
fischietto
fischio
flauto
flauto a pelle
folpo
formaggella
formaggio
fra bernardo
fratino
fravaglio
freccia
fringuello
funcia
funghetto
fungia
fungo
funi
furgia
fuso
galletto amburghese
gamba
gavicchio
germoglio
gettata
ghiacciolo
gigi
o
giglio
gingillo
gino
gioiello
gioiello di famiglia
giunco
goditore
gomma
gondone
grampia
gran creatore
grillo
grimaldello
grossoarnese
guercio
hulk il perforatore
il
il mio piccolo fratello
incannato
incaponito
inv
oltino
i ragazzi
kaiser
kojac
lampreda
lancia
lecca
-
lecca
legno
lillo
lima
liuto
lo
lombrico
luccio
lui
lumaca
lumacone
maccherone
mandorla
manfano
manganel
manganello
mangano
manico
manovella
maritozzo
marte
llo
martello pneumatico
mascatura
mastellone
mastino
matterello
mazza
mazzapicchio
mazzariello
184
mazzone
mazzugoro
melanzana
mellecone
membro
menga
mentula
merlo
merolone
mestolo
mestolone
miccia
miccialoru
micciareddu
miccio
micciu
microfono
minca
minchia
minchia morta
minchione
mincra
minella
mio
mio duro
mio fratello
mio fratello più piccolo
moccolo
mollicone
muletto
muscolo
naftalina
nano
nasturzio
navarro
negro
nenna
nerbo
nerbu
ner
chia
‘ngrì
ninno
obelisco
oca
ocarina
ordigno
organo virile
orgoglio
osel
oseo
pacco
padulo
pala
palo
pame
pan di forno
pane
pannocchia
papagno
papavero
paracarro
paradiso
passepertut
passerino
pasquale
pastorale
patacca
pate d’e’ criature
pavone scarmato
pendente
pendolino delle 9.07
pendolo
penel
penero
penna
pennarello
pennarolo
pennello
peperone
perna
pernice
pernuzza
pertega
pertica
pesce
pesciolino
pestello
pettero
pezzo di carne
pianta
pica
picca
picchio
piccione
piceu
picio
piciollu
piciu
pidicone
piede
piede di trespolo
piffero
pillona
pilloni
pillòscia
pimperlo
pinciacchio
pincio
pinga
pindolo
pinga
pingone
pinguino
p
inna
pinnazza
piolo
piombino
pipa
pipì
pipinna
pipo
pippo
pippolo
pirello
pirla
piscia
pisciolo
piscitta
pisello
pisellone
pisino
pìspolo
pistacchio
pistola
pistolino
pistone
pistulo
pitone
pitta
pitùlu
più
lo butti giù e p
ritorna su
piuolo
piva
pivellino
pivello
pivo
pizuocco
pizza
pompafica
priapo
prominenza
protuberanza
puca
pudendo
puga
punta
puntarolo
puntello
punzone
puppacarote
pupparuolo
prugnolo
querciotto
radice
ramaiolo
randa
randello
rapa
ravanello
razziatore
rilla
rocco e i suoi fratelli
romaiolo
185
roncone
salame
salsiccia
salsiccione
salsicciotto
sanguinaccio
sardeon
sasicchio
sbarra
sbarrone
sbasabaus
scaldino
scalpello
scansape
lo
scettro
scialacquanguille
sciavarra
scimitarra
sciupavedove
sdeo
sedano
sega
sei e mezzo
sei e trenta
sei quinti
serpente
serpentello
serratura
sesso
sferra
sfilatino
sfollagente
sfonda ranocche
sfondasfinteri
si
garetta
sigaro
sigaro col peo
siluro
sisco
socio
spaccafiche
spaccapassere
spaccasfinteri
spaccatutto
spada
spada de foco
spadone
spaventapassere
spiedo
spiga
stampafanciulli
stanga
stanghena
stantuffo
stecca
stendardo
stennarello
stick
stocco
stroncafica
strozzapapere
strumento
stummu cu’ n’occhiu
supercazzo
superman
svangafiche
svangapapere
svangapassere
sventrapapere
sventrapassere
tabúss
tacchino
tanganello
tarello
tega
tenca
tentacolo
terza gamba
testina
testolina
tiro
tol in gola
ton
topino
topo
torcia
torciorecchio
tordo
torre di pisa
torrone
torso
tortiglione
tortore
tortorino
toscano col ciuffo
trapano
trastullo
trave
trenó
triccheballacche
tronchetto
della felicità
tronco
’tturaccio
tubero
tubo
turacciolo
uccello
uccellone
ugello
umanità
unità
usignolo
varra
vendicatore calvo
venone
ventrapapere
ventunesimo dito
senz’unghia
ventuno dita
verga
verme
vermetto
vermicello
vermicione
vertula
vertuluna
verza
virgola
virilità
vomere
wurstel
zaffo
zampone
zeppa
zimbello
zizì
zucchero ardente
zucchina
zucchine
zufolo
186
ANEXO III
CORPUS RELATIVO À VULVA EM LÍNGUA PORTUGUESA
abacurel
aba de estrelas
aba
abaxeira
abceta
abençoada
abigail
abocanha caralho
abraçadeira
abraçando meu pinto
abre e fecha
abre-te sésamo
abridor de caralho
abrigo
abrigo do bombril
abuceta
acabada
acarajé de pelo
acari roxo
acesso ao útero
acetona
ac
acolhedora
acolhedora dos santos
aconchego
aconchego da piroca
acrobata
ucareira
adega do meu vinho
adenina
adestradora de piriquito
a dois dedos do cu
aeroporto
aeroporto clandestino
aeroporto de quibe
aeroporto de rolinha
aeroporto do caralho
aeroporto do meu bilau
aeroporto peludo
afia pinto
afilhada
afina pica
afogador
afogador de ganso
afoga ganso
afoga rola
áfrica
agasalha biscoito
agasalhadora
agasalhador de croquete
agasalha o kibe
agasalha pate
agasalho de pica
agasalho de xonga
agasalho do joystick
agasalho pra pipi
agridoce
aguardente
aguenta toco
aguilera
aiai
aki ke se mete
alameda
alçapão
alçapão da felicidade
alçapão de jibóia
alegria
alegria da gurizada
alegria de nós todos
alegria do meu pau
alegria ilimitada
além da linha vermelha
além do horizonte
aletéia
alfajor
algodão queimado
aliança
aliança de pica
alina
alinha rola
ali onde eu me acabo
alisa benga
alisadora
alisa pau
alisa pica
almofada
almofada furada
almofadinha
almofadinhas do prazer
almôndega cabeluda
alojamento
alpargata
alvo
alvo do caralho
a mais pedida
amansa cobra
amansa corno
amansadora de benga
amansadora de caralho
amansa jegue
amansa macho
amansa pica
amânsio pinto
amante de grosso
amarra macho
amazônia
amazônia genérica
ambulância
ameba cabeluda
amenteigada
amiga
amigosa
amiguinha
amolador de pica
187
amolecedora de pau duro
amolecedor de pica
amor
amortecedor de ovo
amostra grátis
anel
anel da frente
anel de couro
anfitriã
angiova
animal sangrento
anti-stress
aonde eu me acabo
apartheid
apertadinha
apertadinha pra cavalo
apito
apoio de cabeca
apontador
apontador de pinto
apontador de vibrador
aposentos privados
apresuntada
a própria
aputnani
aquecedora de lnguiça
aquecedora de rolas
aquela
aquela que matou o guarda
aquela que me endurece
aquilo que esfola a cabeça
aquilo que eu gosto
arambá
aramin
aranha
aranha fogosa
aranin
araponga
arapuca de caçar pinto
arapuca de pegar pinto
aratu
arca
arca conana
ardida
área de degustação
área d elazer
área vip
areia movediça
argola
ariranha
armadilha
armadilha de cobra
aro
arraia prera
arraia preta
arranca porra
arranca toco
arranha beiço
arreganhada
arriadora de caralho
arriba
arroba
arrochadinha
arrombada
arrombadinha
asa
asas da vulva
as de espadas
asilo de pau de ouro
asilo de porra loca
aspirador de pica
aspirador de porra
aspirador de toco
assada
assadeira de croquete
assa pinto
assa rola
assassina de palhaço
assembléia
assento
assolan
astrid
atecubanos (ler de trás para
frente)
atecubarba (ler de trás para
frente)
atel de ginecologista
até suar
atiça rola
atolada
atola tora
atoleiro
aveludada
azeda
azedinha
azeiteira
baba benga
babaca
babadeira do caralho
babadora
baba pau
baba pica
baba rola
babau
babenta
babona
bacalhau
bacalhau amigo
bacalhau assado
bacalhau mijado
bacalhoa
bacalhoada
bacalhoeta
bacalhuda
bacanal
bacia
bacorinha
bacural
bacurimba
bacurina
bacurinha
bacurix
bacurota
badalhoca
bag
bainha
bainha de homem
baitola
baixinha
bajalinho
188
baladeira
balaio de milho
balaio de rola
balseira
bananeira
banco de esperma
bandida
banguela
banguela cabeluda
banguelona
barata
baratinha
barba cerrada
barbada
barba da vó
barba do bin laden
barbado da luneta
barba negra
barbeada
barbiana
barbie
barbuceta
barbuda
barbudinha
barraca de paia
barranco do morro
barroca
barroca do amor
bartuela
bastiana
bate cartão
batedeira
bate-estaca
bate palma
batman dentro da caverna atrás
dos morcegos
baú
baubau
baú da felicidade
bebas
bebedouro
bebe-porra
bebete
beco
beco úmido
bedegueba
beicinha
beicinho
beicinho rosado
beiço
beiçola
beiçolinha
beiçuda
beiçudinha
beju taiado
bela
beleskinha
bem
bem-me-quer
benaita
bequinho
berbela
berbelha
berbigão
berceta
berço de pica
bereba
berenice
berimboga
berinjela
besouro
besteirinha
besugo
bethânia
bezerro
bezona
biba
bibelô do papai
bibica
bibil
bibirito
bibita
bib-sfirra
bicanal
bicha
bichana
bichinha
bichinho
bicho
bichochota
bicho-preto
bicho que mata o homem
bico
bicuda
biela
bife
bife à rolê
bife de bigode
bife de prega
bife mijado
bigaduda
bigaia
big apple
bigmac
bigode
bigode do hitler
bigoduda
bigorneira
bigucha
bijóia
bil
bilcites
bilela
bilica
bilila
bililica
bililinha
billcetess
bilola
bilongueira
biluca
biluguinha
bimba
bimbadeira
bimba grande
bimbinha
birda
birimbinha
biringonga
189
biringuela
bironguina
birosca
birsa
biscate
bisca véia
biscoito
biscoito da sorte
biscoito recheado
bisegre
bisteca
bisteca molhada
bitela
bitiquita
biuzi
bixana
bixiguenta
bixoxota
biziu
bizorra
black hole
black power
boca
boca babona
boca banguela
boca cabeluda
boca da loba
boca da onca
boca da vovó
boca de baixo
boca de bicho
boca de bueiro
boca de cabelo
boca de caçapa
boca de camelo
boca de capim
boca de encrenca
boca de garrafa
boca de jaca
boca de lobo
boca de macaco
boca de mina
boca de mochila
boca de pacu
boca de pele
boca de pelo
boca de sacola
boca de sapo
boca de vampiro
boca de veludo
boca de violão
boca do bin laden
boca do corpo
boca do eas
boca do homer
boca do inferno
boca do
boca do lula
boca do mato
boca do mundo
boca do povo
boca em convulsão
boca em
boca funda
bocava
bocal
boca-loca
boca melosa
boca mucha
boçanha
bocão
boca peluda
boca preta
boca que baba
boca quente
bocarra
boca sem denre
boca sem dente
boca vertical
boceta
boceta bem
bochechuda
boco de pelo
bocuda
bodoque de caralho
boga
bolacha
bolacha da nona
bolacha recheada
bolachuda
bolceta
bolsa de tacos
bolsa de valores
bolsinha
bolsinha de guardar pau
bomba atômica
bomba de encher pica
bomba de sucção
bombata
bombinha
bombril
bom demais da conta
bom queso
bo
boneca
bonitinha
bono
boqueteira desdentada
boquinha bonita
boquinha de lontra
boquinha melada
boquinha molhada
boquinha rosada
boquinha sem dente
borboceta
borboleta
borboleta molhada
borboletinha
borbulhinha
borceta
bordas
borocoto
borrachuda
borralheira
bota-charuto
bota-mangueira
botão
botãozinho
boozinho do caralho
190
botãozinho mágico
botãozinho rosa
bote
box
bozinha
bozo
b(em)profunda
brabuleta
braçadeira
braguilha
branca
brasa
brasão
braseiro
bráulia
brauna
brecha
brecheca
brechecha
bregueço
brejeira
brigite
brilhantina
brinquedinho
brioco
brisda
broaca
broca
bronha
bronheira
bruculha
brunardida
bruninha
brusqueta
bruxela
bubuça
bubuta
buça
buçanga
buçanha
buçanhola
buçara
bucéfala
buceta
buceta de nóis tudo
bucetalina
bucetanha
bucetão
bucetão nervoso
bucetas famintas
bucetation
bucetéia
bucetera
bucetilda
bucetilde
bucetin
bucetineia
bucetinha
bucetofolis rachadum
bucetóia
bucetorium
bucetosa
bucetoviski
bucetron
bucetum gozadex
buceuta
bucha
buchaca
buchana
buchechuda
buchinha
bucoca
bueiro
bueiro onde desce o careca
bueiro quente
bufante
bundinha da frente
buquê
buraca
buraco
buraco ardente
buraco babado
buraco cabeludo
buraco cego
buraco da bala
buraco da coruja
buraco da fechadura
buraco da michoca
buraco da serpente
buraco da vida
buraco de avestruz
buraco de cobra
buraco de mandioca
buraco de minhoca
buraco do amor
buraco do capeta
buraco do inferno
buraco do ozônio
buraco do sadan
buraco do siri
buraco escuro
buraco feio
buraco fundo
buraco liso
buraco macio
buraco molhado
buracona
buraco negro
buraco no meio da floresta
buraco quente
buraco sem fundo
buraco turbinhado
buraquinho de donut
buraquinho de pau
buraquinho do amor
buraquinho doce
buraquinho flamejante
buraquinho inflamado
bush
butina
buziu
cabaça
cabação
cabacinha
cabacinho
cabo
cabana
cabecote
cabeleira
191
cabelo
cabelo partido
cabeluda
cabeludinha
cabeludinha do meio
caça-bichano
cacaca
caça-conversa
caçadora
caçapa
caça-papeluda
caceta
cacete bonito
cacete de melher
cacete-sulga
cacetilda
cacetina ambrosia
cacetódromo
cachaça de cabeça
cachanga
cachimbo
cachopa
cachorro
cachote peludo
cachuleta
cacimba
cadela
caetana
cafeteira
cafofo do osama
cafofo particular
caiaia
caixa
caixa de fósforo
caixa de gordura
caixa de moleques
caixa de pandora
caixa de papelão
caixa econômica
caixa eletrônica
caixão de salsichas
caixa registradora
caixinha
caixinha de ouro
caixinha de pelo
caixinha de segredos
caixinha de surpresas
cajada
caju
calabouço
calamidade
calígola
calzone
camao
câmara secreta
cambão
cãmbio flutuante
caminho da aventura
caminho da felicidade
caminho do mal
campinho
campinho onde a galera bate a
bola
campo alagado
camurça
canal do trabalhador
canarinha
canavial
caneco
caneco de couro
caneco de ouro
canequinha
canhão
canjão
cano
canoa
canoinha
cantaroladora
cantinho do prazer
capacete de pau
capacitor de fluxo
capa do batman
capa do facão
capa do meu celular
capão
capitão caverna
capivara
capô
capô de fusca
capô de ka
caqui
cara
cara da gata
cara de sapo
cara do tadeu
caraio de asa
caraio invertido
caralho
caralholândia
caralhuda
carambola
caramujo
carancuda
caranguejeira
caranguejo
cara preta
carapuça
carcaça
cardoça
careca do giovanni
carequinha
carlota
carlota joaquina
carne
carne crua
carne de chavas
carne de rosas
carne louca
carne mijada
carne vaginosa
carnuda
carolzinha
carpete
carregada
carrinho de cachorro-quente
carteira
cartola
casa
casa da estrovenga
192
casa da porra
casa da porra-loca
casa de bonecas
casa de carnes
casa de festas
casa de pau
casa de recepção de vara
casa de rola
casa de todos os pintos
casa do artista
casa do cacete
casa do caralho
casa do careca
casa do periquito
casa do príncipe
casa do salem
casa rosada
casca de banana
cascata
cascata dourada
casco
casco de veado
casinha
casinha de cachorro
casinha de pau
casinha de pica
casinha do amor
casinha do tatu
casquinho de veado
castanha
castelo do amor
castiçal
cata-cabeça
catarina
catedral do amor
catiana
catilanga
catota
catraia
catrana
cavala
cavalona
cavanhaque de coxa
caverna
caverna da rola quente
caverna da serpente
caverna do amor
caverna do bin laden
caverna do drao
caverna escura
caverna leiteada
caverna melada
caverna misteriosa
caverna peluda
caverna profunda
caverninha do amor
cavernosa
cavidade
cavidade cavernosa
cavidade escorregal
cavidade mucosa
caxopa de marimbondo
cebola quente
cego
celeste
cem gramas
cemitério de espermatozóides
cemitério do cacete
cena
centro de gravidade
centro noturno de lazer
samo
cesta
ceta
cetão
cetinha
cetona
cetondi
cetosa
chaba
chabonga
chaca
chacachaca
chá de hortela
chaga
chalana
chamelague
chamisco
chamuscada
chana
chandanga
chanha
chaninha
chanisco
chanosa
chão de barbearia
chapelaria
chapeleta vermelha
chapoca
charanga
charola
charque
charuteira
charuto de pelo
chassi de borboleta
chatinha
chavasca
chave de ouro
chaveirinho
chaveirinho de cabelo
cheboca
checheca
chechenia
cheeseburguer
cheira-caralho
cheiro do queijo
cheirosa
cheirosinha
cherereca
chibiu
chica
chimbica
chimbinha
chimbocuda
chimbreca
chincha
chinela
chineluda
chinesa barbuda
193
chines caolho
chinoca
chip
chiquira
chiquita
chiquitita
chiranha
chiri
chiruba
chixa
chixola
choca
chocadeira do meu pinto
choca-pinto
chocha
chocho
chochota
chocolateira
chonga
choquinha
chora porra
chorona
chota
chuarana
chuchu
chuchukinha
chucrute
chuí
chula
chulapa
chuleta
chuleta salgada
chulipa
chumbeta
chupacabras
chupa-chupa
chupachups
chupa cobras
chupa pau
chupa pica
chupa pinto
chupe-chupe
chupinga
chupiranha
churanha
churrasqueira
churrasquinho
cicaralha
cicinha
ciclope
cidade dos homens
cinc à sec
cíntia
cinzeiro
cissinha
cisterna de pica
citosina
cléo
clube do bolinha
clube dos carecas
coberta do menino
cobiçada
coçadeira
coçadinha
coça pau
côco
cocodrila
cocota
cocozinho
cofre do meu pau
cofrinho de espema
cofrinho de salsicha
coi de loco
coisa
coisa boa
coisa louca
coiseta
coisica
coisinha
coitada
coito
coivara
coleguinha
coletiva
colia que dá melzinho
comadre
comedora
comedora de pica
come-pau
come-pinto
come-todos
comissão de frente
compenetrada
compenistrada
cona
conaça
conana
conão
conas
conassa
concha
conchinha
conchita
concris
condomínio privado
conduite de cacete
confusão
conha
conhecida
conhuda
cono
consolo de corno
conta no exterior
contra-filé
copão
copinho de couro
copinho de esperma
copo de fazer milkshake
copo de leite
coração
coração de mãe
coração rachado
corajosa
corça
corinho
cornitcha
corrimão
corta-charuto
corte de navalha
194
corte profundo
cortina de carne
coruja
corujinha
cosita
cotorra
cotota
courinho mijado
couro de buceta
couve-flor
cova
cova de quiabo
cova do bilau
cratera oculta
craveiro
creca
cremosa
crespa
crespo
criatura
crica
cris
crisinha
crista de galo
croca
cromosso
cromossomos espiralados
croquete
croquete cabeludo
croqueteira
crovis
cuca
cucaracha
cu da frente
cu do judas
cu fofinho
cu frontal
cuia
cuíca
cu larguinho
culpada
cumbuca de pobre
cunicha
cup noodles
cuquita
cura ressaca
cururu
custozinha
cutucada
dada
dadera
dalila do meu sansão
danada
danada de boa
daniboy
daniela
dapiroca
dedal
dedeira
dedicada
deflorador de pinto
degoladora de pinto
degustandi
delícia
delícia cremosa
delícia salgada
demais de bao
dengosa
denise
depósito
depósito de esperma
depósito de porra
deprimida
desabrochada
desbeiçada
descabaçada
descabelada
descabela-palhaço
descansa-queixo
descascador de espiga
descendo a ribanceira
desdentada
desejada
desempregada
desentupidor de pica
desgraca de macho
despenteada
destroncadora de pica
destronca-pinto
desvirginada
deusa
devoradora
devoradora de pemba
dia e noite no lambe-lambe
diamante cor de rosa
dinda
dindinha
diocese
dirce
disco
disputada
disqueteira
distinta
distribuidora de prazer
dita cuja
djana
dobrada quente
dobradiça
dobras
doca do submarino
doce
docinha
docinho
docinho da vovó
dogão
doidinha
domadora de cobra
dominadora
dona anja
dona moita
dona pepa
dona xana
dona xoxota
dora pinto
dorinha
dorotéia
douglita
doutora
drive de cd
195
duda
edéia
égua alada
eguinha pocotó
ela
elástica
elazinha
elefante
elenilda
eletrizante
elevador sujo
elvis
embalagem de cabaço
embrameira
embrulho
emengarda
emília
empadinha
empório doce
empurra vento
encantadora de serpente
encaracolada
encardida
encharcada
encrenca
endereço da pica
endiabrada
enéas
enfiadora
enfia tira e põe
enforca pau
engata meu bem
engate de pinto
engenho
engenhoca
engenho d’água
engole-cobra
engole-espada
engole-pau
engole-pica
engole-pinto
engole-quiabo
engole-quibe
engole-rola
engolidora
engolidora de espada
engolidora de taco
engorda conta
engraçadinha
enroladora de croquete
ensopadinha
entrada
entrada da perdição
entrada de careca
entrada de vara
entrada do prazer
entrada principal
entrada usb
entra e sai
entre o cu e o umbigo
entreperna
entrepernas
envelope peludo
enxuga cabecinha
epicentro
erro de projeto
ervilheira
esburacada
escalpelada
escatula
escolinha do careca
esconde bago
esconde cobra
esconde nervo
esconde o feto
esconderijo
esconderijo do bin laden
esconderijo do cabral
esconderijo dos carecas
esconde salame
esconde vara
esconde varas
escondidinha
escorredor
escorregador de rola
escorregador lubrificado
escorrega lá vai um
escova
escova chapada
escova-coco
escova da maria
escova de bambu
escraviza homens
escritório do prazer
esculachada
esfiha
esfiha aberta
esfiha de carne mijada
esfiha de pelo
esfiha de rodoviária
esfoladora da cabeça do caralho
esfola-pinto
esfrega-esfrega
esfregão
esmaga-banana
esmaga-churro
esmaga-pau
esmeralda
esmeril de rola
esmiliguida
espanta-viado
especial
esperançosa
espera-porra
esperazóide
espermatogêne
esponja de aço
esponja de carrapato
esporradeira
esposado
esquecida
esquema
esquenta cabeça
esquenta linguiça
estacionamento de caralho
esticadora de berimbau
estilicão
estojinho
estopa
196
estrada do meu picasso
estranha
estrela guia
estrelinha
estrovenga
estufa barriga
eu quero é lazer
eu tô maluco
evitada
experimenta
expremedor de pica
extinta
fábrica de fazer boneco
fábrica de fazer menino
fábrica de fazer nenêm
fábrica de goma
fábrica de iogurte
fábrica de nenêm
fábrica de pimpolho
fábrica de pomarola
fábrica de requeijão
fábrica dos prazeres
faca de dois gumes
facho
fadinha
fagulheiro
faminta
fanfão
fanico
farinheira
fatal
faz-me bem
faz-me rir
fealdade
febra
fechadura
fedegosa
federal
fedida
fedidinha
fedorenta
fefeia
fefezinha
feiosa
feiticeira
felicidade
felizbina
fenda
fendinha
ferida
ferida exposta
ferida que nunca sara
ferida que nunca se fecha
fernandinha
ferramenta de puta
fessa
festa
festão
festeira
fêvera
fica
fidel castro
fifilda
figa
figurinha
filé
filé de frango
filé de pelo
filhinha
filó
filomena
fincadeira
fincão charuto
fincous tonight
fiofó
fiofó superior
fiufiu
flambinha
flávia
flor
flor da mulher
flor de maracujá
floresta
floresta amazônica
floresta da alegria
floresta negra
floresta das cobras
floricultura ambulante
florzinha
florzinha do icq
foca
fodedoura
fode-fode
fodelhona
fode-pau
fode-pica
foderosa
fodo-te sempre
fofa
fofinha
fofíssima
fofolete
fofucha
fofurinha
fogosa
fogueira
fonte
fonte da vida
fonte de gosma
fonte de ouro
formigueiro
fornalha
fornicada
forninho
forno
forno à lenha
foro
fosquete
fossa
frajola
franga
frango
frapa
frente
frigideira
fritadeira
frita ovos
fruita
fruta
197
fruta mijona
frutilly
frutinha
fruto
fruto do meu esparro
fruto especial
fruto proibido
fubica
fuc fuc
fudedor da frente
fudelândia
fudida
fufu deu
fulana
fundilho
fundo
fundo do poço
furadinha
furaquinha
furico
furingo
furiquete
furna
furo
furo do miguelao
furquilha
furustreca
fuso vulvar
fuzilada
gaiola
gaiola do piupiu
gaita
galinhineiro
gam
gamela
ganha pão
garage a bites
garagem
garagem cheia
garagem da frente
garagem de piroca
garagem de trator
garagem do cacete
garagem do caralho
garagem do meu picasso
garagem pública
garajinha
gargalinho
garganta profunda
garotinha
gato
gaveta
gavetinha
gavetona
geladeira
geladinha
gengiva
genitália
genoveva
gereca
gerimpoca
gerlândia
gertrudes
gica
gigina
gijoka
ginásio
gislene
glosa
gloss
godofreda
gogonha
goiabada cascão
gol
golden gate
goleira
goma de laranja
gominhos calientes
gomo de mexirica
nada
gorbatchov
gorda
gordinha
gorducha
gorduchinha
gorfadora
gorgonzola
gostosa
gostosinha
goteira
goza aki
gozadinha
graças
graciosa
gramado
grampeada
grand canyon
grandes bios
grandiosa
grandona
grela
greladinha
grelhada
grelho
grelhuda
grelinho
grelo
greta
greta barbada
greta do prazer
greta garbo
greta pachacheira
greto
grilezza
grilo
grogrota
grota
grotão
grudenta
gruta
gruta babadeira
gruta da mata funda
gruta da siririca
gruta de mel
gruta do amor
gruta do prazer
gruta ensaboada
gruta escorregadia
gruta melosa
198
gruta molhada
gruta úmida
grutinha
grutinha encantada
guanina
guarda hímem
guarda leitinho
guarda pau
guarda pica
guarda pingelo
guarda porra
guarda rolas
guarda volume
guardião do pau
guelão
guenta eu
guernes
guerreira
guida
guilhermita
guilhotina de caralho
gulosa
guloseima
gulosinha
guriazinha
guta
haia
hamba
hamburguer de pelo
hamburguer dobrado
hangar do meu jato
haprazer
holanda
homem-aranha
hopi hari do vizinho
horta lá de casa
horte
house of love
hururu
iaiá
iceberg
ilha
ilha negra
ilusionista some com a linguiça
ilustrador
ímã carnal
imaculada
ímã de benga
ímã de caralho
ímã de rola
ímã do mundo
impregnada
inchada
incho
inchu
inferno
inflamada
ingrata
inhá
inhame azedo
inhanha
inmetro de pistolas
inominável
intimidade
iogurteira
ioio
irada
irmã maria
jaca
jacinto pinto aquino jornna
jaquinha
jarra de porra
jiló
joaquina
jogo rola entrando
jóia
jose
josefa
jujuba
juntas provisórias
jurema
jurubeba
jurupoca
kachanga
katiuscia
ki cheirinho
ki decia
kinder ovo
kiwi
kombosa
komi eu
labareda
lábios de fêmea
lábios de mel
lábios que babam
lacilda
lacraia
lado da frente
lagoa
laguinho
laguna
lambedeira
lambedouro
lambe-lambe
lambidestra
lambisgoia
lambusada
lâmpada
lampinho
lance
landinha
lango-lango
lanho
lar doce lar
largo do caralho
larousse
lasca
lasca de cabelo
lascadeira
lascadinha
lascado
lascão
lasca pau
lasgo
lasguinho
lasquinha
lassie
laurinha
lavanderia para caralhos
199
lavou tá nova
lazanha
lazarenta
lazinho
leandrinha
léia
leiteria de amor
leitinho das crianças
leka
leleca
lembi-pinto
lenho
lesada
letchuga
leva bronca
levanta astral
levanta defunto
libertina
libidinosa
liboro
lila
lilibeth
lilica
lilizinha
lilly
liloca
limpa canudo
limpa dedos
limpadora de dedos
limpador de cabeçote
limpa pentelho
linda
lindinha
língua de vaca
linguaruda
linha do equador
linho frio grosso
link
lipriquidiana
lixa dedo
lixa de língua
lixa pica
lizinha
loba
lobona
loca
lodo
lodo pecaminoso
logo ali
logradouro do caralho
lolita
loló
loré
lorezinha
lugar de por meu pau
lugar do
lugar vago
lugarzinho do prazer
lugarzinho pra eu gozar
lula
lulu
luluzinha
luna park
lustra pinto
luva de pica
luvinha
luz no fim do mundo
maçã
macaca
macaca banguela
macaco mico meu
maçã do amor
macaquinha
maçãzinha
machadada
machucada
madre
madrinha
e áfrica
e da vida
e de todos
e joana
e loura
mágica
magrilinda
majestade
mal agradecida
malandrinha
mal cheirosa
maleta
mal lavada
mal passado
mama áfrica
mamãe
mamãe eu quero
mamãe eu quero mamar
mamão rachado
mancu
mandona
manga do fiapo preto
manga larga
manga rosa
manguaça
manicure
manjar dos deuses
manjubinha
manko
mansa
mansinha
mantegueira
manteigueira
manu
mapa múndi
maquiavélica
quina de dinheiro
quina de esfolar pica
quina de fazer menino
maquininha
maravilha
marcineira
mardita
margarida
margosa
maria cabeluda
maria caqui
maria eugênia
maria francisca
maria goreti
maria joaquina
200
mariana
mariarosca
maricota
marieta
marilula
mariposa
mariscão da pedra
marisco
marisco de barra
marisco de forquilha
marisco lambe lambe
maristela
marmita
rmore do inferno
marmota
maroquinha
marota
marreca
marta
martelo prego
marvada
massa folhada
massageador de benga
mastigadora
mata
mata atlântica
mata fechada
matagal
mata homem
mata palhaço
mata pica
mata pinto
mata porco
mata seca
mata virgem
matilde
mato
mato grosso do sul
matraca
maxambomba
mc lanche feliz
mealheiro
meallieiro
me chupa
me mais que eu gosto
me rola
medidor de linguiça
medusa entre pernas
meia
meiga
meiguinha
meio
meio de vida
meio quilo de cada lado
mela cueca
meladinha
me lambe
mela pentelho
mela pinto
melequenta
melequinha
melhor da mulher
melzinho
mems
menina
menina super poderosa
menininha
meninona
menor galinheiro do mundo
menstruada
mentinha
menu
mercado livre
merenda
meridiano de greenwich
mesoca
metamorfose
metedeira
metedor
metelona
meti aí
metida
meu bibelô
meu nome é enéas
meu vinho meu queijo
mexilhão
michigan
michiguana
microfone cabeludo
microondas
mictório
mig
miguxa
mijada
mijadeira
mijador de feto
mijona
milagrosa
milindrosa
milinha
milionária
mimosa
mina
mina de gozo
mina de ouro
mina de porra
minha amiga
minha branquela
minha fabricadora
minha grandona
minha irmã
mini prima
minnie
mintísica
mirella
mirindanha
miria
mito da caverna
miúda
miudinha
miuxa
mixaria
mixibera
mixirica
mixuga
mixuruca
mocinha
mocóca
moçó de pelo
201
moçoila
modedora
moela
moente
moicano
moita
moleca
molhada
molhadinha
molho de vajaina
momboca
momo
momo qué faze nenê
mona
monte
monte de vênus
morada da rola
morada do pênis
morada temporária
moranguinho
morceguinho
morde pinhaba
mordequeira
moribunda de guerra
morro alegre
mortadela
mosca
motor aspirado
motor fundido
moto-serra
mrm
mudinha
mulher de colher
muqueca de pelo
muringa
musa
musculosa
mussalangra
mussaranha
musta
muxador de pica
muxiba
muxibenta
muxibinha
my precious
naja
naninha
nanizinha
o conta pra ninguém
na pica dura
naruska
nascedouro
nassa
natureza
navaginas
navalhada
navaska
naxa
negoça
negocin
negócio
negócio certo
negresco
nervosa
nêspera
nhaca
nhame nhame
nhanha
nhanhosa
nhonha
nhoque
nica
nikka
nikkita
nina
ninfo babe
ninho de amor
ninho de cobra
ninho de muriçoca
ninho de piroca
ninho de pomba
ninho de rola
ninho do pilar do dragão
celestial
niquia
nokia
nota fiscal
novagina
novalgina
noviça rebelde
nugget de peixe
nuggets
oba
objetivo de vida
objeto de hipnose
oca de adão
oca do bojja
ociosa
oco
oculta cacete
ofélia
oficina
olha
olha o rapa
olh’ eu aki
olho cego
olho d’água
olho de thundera
olho grande
olho mocho de camões
olhuda
onde o sol não bate
opa
oposto do cu
o que japonês mas não
alcança
o que nós queremos
ordenhadeira de piroca
ordinária
oreiuda
orifício úmido
origem da vida
orradia
osama
ostra
ostra barbuda
ostra mijada
ostrinha
o trem querendo
202
ouriço
ovelha dolly
paca
pachacha
pachacho
pachada
pachade
pachancha
pachancho
pachequita
pachocho
pachoucho
pachucha
poquinha
pacotão
pacote
pacote de sorte
pacotera
pacotinho
pacu
padaria de pau
padecida
paga conta
países baixos
palhaça
palhacinho
palha de aço
paloma
pamonha
pamonha de sal
panasca
panocha
panqueca
pantuá carnudo
pantufa
pantufa de elefante
pantufinha
o
pão com mortadela
pão crioulo
pão de cachorro-quente
pão de queijo
pão de queijo com cabelo
pão de trigo
ozinho
papa angu
papa benga
papa caralho
papa duro
papa ovo
papa pau
papa pica
papa pinto
papa rola
paparrucha
papa tudo
pica
pinto
papoula
papuda
paquetão
paquita
paquita erótica
pabola
parada obrigatória
paradinha
parafuseta
paraíso
para isso
paranho
pardala
pardeja
parede
parmesão
parque
parque de diversões
parrachita
parrameiro
parratcha
parreca
parrudinha
parte
parte central
partes
partes genitais
partes pudendas
partes secretas
partes vergonhosas
pasmadinha
passa anel
passa cartão
passada
passa gonorréia
pássara
passarinha
pássaro
passatempo
passinha
passiva
pasta para partilhar
pastel
pastel babento
pastel com pentelho
pastel de carne
pastel de carne mijada
pastel de foca
pastel de pelo
pastel de ricota
pastelícia
pastel pelado
pastel quatro queijos
pata de lagosta
pataca
patameco
patareca
patchoca
patchoquinha
patinha
tria amada
patricinha metidinha
patroa
patrona
patuno
pau do avesso
paula
pau lá dentro
pau latejando
pavor de bicha
paxaxa
203
paxona
paxoxo
paxuxa
paz do passarinho
pazuzu
pecado
pecaminosa
pechereca
pecinha
ponhenta
da barriga lascada
de barriga
de boi
pé de buceteiro
de gueba
pef pef
pega pau
pega pica
pega rapaz
peito de pomba
peixaria
pelada
peladinha
peladinho
pelancuda
péla o doidão
péla saco
pelego furado
peleiuda
pelera
pelestróika
peloza
pelozinha
pelúcia
pelucinha
peluda
peluda do pai
peludinha
peludo
peludona
pembeca
pencha
peneira de um buraco só
penélope charmosa
nis home sweet home
penislândia
penis pool
penteadeira
pentelheira
pentelho
pentium iv
penxa
pepeca
pepeco
pepequinha
pepequita
pepeta
pepeu
pepexa
pepita
pequenininha
pequi
pera
perdicao
perdida
perdigueira
peregrina
perequeca
perequeta
perereca
pererecão
perereca suntuosa
pererinha
perestróika
perfurada
pericletes
perigosa
perigozar
periquita
periquita devassa
periquita d’oro
periquitinha
periquito
pérola rosa
peronha
perrexil
persega
perseguerola
perseguida
perseguidora
peruca de pinto
peruca de rola
peruca do careca
peru no ponto
perva
perversa
pesseguinha
petcheca
peteca
petecão
petecuda
petequinha
petitica
petrina
petúnia
pexeca
pexereca
pexingueta
pib
picadeiro
picanha
pica pau
picu
pichila
pichirica
pichita
pichoca
pichuleta
picirica
pico
picoca
picoca peluda
pida
piiquita
pilão
pililiu
pimba
pimenta do reino
pimpa
204
pimpinha
pimpolha
pimpolhuda
pindamonhangaba
pinguelitas
pinguelo
pinguinhonha
pinta
pintassilgo
pintinha
pintódromo
pinto invertido
pintolândia
pintópolis
pintora
pipa
pipi
pipia
pipila
pipinha
pipita
pipiu
pipiuzinha
pipoca
pirica
piriclética
piricota
pirilampa
pirimpola
piriquita
piriquita azeda
piriquita de ouro
piririca
piroquita
piscina
piscinão de ramos
piscinão do povo
piscuila
pisda
pisirica
pissota
pista de via dupla
pistoleira
pita
pitchorra
pitchulinha
pitéu
pitica
pitinha d’ouro
pitio
pitirica
pito
pitota
pitrica
pit stop
pit stop de caralho
pituxinha
piunca
piupiu
pixana
pixel
pixeu
pixilanga
pixiquita
pixirica
pixoca
pixoroca
pixorra
pixota
pixuguinha
pixula
pixuluca
pixureta
pixuruca
pizza de cabelo
placa mãe
planta carnívora
playcenter peludo
playground
playground de esperma
playground de tarado
pleura
ploncha
plug
poção
poça roxa
pochete
pochola
pocilga
pocinho de gala
poço
poço da alegria
poço de esperma
poço de gozo
poço de porra
poço do fedor eterno
poço do meu elevador
poço dos desejos
poço felpudo
poço raso
poço sem fundo
poderosa
põe porra
põe pra dentro
pofpof
point dos carecas
poita
pokebola
polaca
polala
polenta
polidora de pênis
pomba
pomba lesa
pombanha
pombão
pomba rola
pombinha
pomboca
pombosa
pompom
ponta aguda
ponto de partida
popica
popoadora
popoca
popola
popota
popotinha
205
poqrita
poo
porca do parafuso
pornbinha
porontchesca
pororoca
porquita
porta
porta bambu
porta bandeira
porta broca
porta caralho
porta charutos
porta da esperança
porta da fábrica
porta da frente
porta da vida
porta de entrada
porta do bebê
porta do mundo
porta esperma
porta incenso
porta jeba
porta lápis de itu
portal pro céu
porta luva
porta mandorova
porta níqueis
portão de jade
portão do inferno
porta pau
porta pica
porta pico
porta porra
porta pra vida
porta que nunca fecha
porta salsicha
porta taco
porta trecos
porta tromba
porta usb
porteira
porteira da felicidade
porteira do caralho
porteira do inferno
porteira do mundo
porteira do prazer
por trás da moita
possdos
potichonga
potinho fedido
potranca
potrancuda
pousada de caralho
pousada do bilau
poxanga
prazerosa
precheca
precheca cabeluda
prechereca
preciosa
predadora
preferência nacinal
preguicosa
prejereba
preluda
prenda
prendas
prendedor de língua
prendedor de pau
prendinha
preola
preparada
presunto
preta
pretinha
preto
preula
prexana
prexeca
prexela
prexerela
prexeta
prexexa
prexilda
prexoca
prexureca
primavera
princesa
princesinha
priquileta
priquitita
priquito
prissiguida
prochaca
procurada
profana
professora de língua
professora do meu caralho
proibida
proibido
pronta pra meter
protetora de pinto
provadora de salame
provador de camisinha
pudim de pelo
punheta automática
purupupuca
pururuquinha
puxuroca
quadradinha
quadro
qualhada
qualhadeira
quarteirão com queijo
quase
quebra pinto
queca
queijinho
queijo parmesão
que lambe
quem me quer
quentinha
querida
queridinha
queridinha da mamãe
queridinha do papai
quero mais
que vara
206
quibane
quicas
quilha
quinta
quiquina
quiquinha
quiquiriquinha
quiquita
quirica
quita
quitanda
quitinha
rabecão
rabico
rabuda
ração
racha
rachadinha
racha do papai
rachadura
rachadura peluda
rachazon
racho
rádio toca siririca
ragadinha
ragatanga
rainha da escuridão
rainha dos membros
raja
raladora do meu pinto
rala pau
rala pica
ralinha
rambóia
ranca toco
ranides
ranifrange
rapadura
rapariga
rapariga de bigode
rasgada
rasgadeira
rasgo da faca
raspadinha
raspa nis
rastafári
rata
ratinha
ratona
raul seixas
rebimboca
rebimboca da parafuseta
rebucetéia
recanto
recanto da chibata
receptáculo de esperma
receptora
receptora de amor
recheio de sonho
recheio do sonho
reciclador de humanos
reco-reco
recreio
redonda
reganhada do golias
rego
rego de mijar
repartição pública
repartida
repolho
requeijuda
reservatório
reservatório de esperma
retífica de caralho
riteca
ritinha
rivinha
rocadora
rocambole
rocinha
rodete
rogeca
rogequinha
rogerzita
rola
rolândia
rolinha
rolódromo
roma
romaria
rombo
ronaldinha
ronhonho
rorocão
roroquinha
rosa
rosa escondida
rosal vagina
rosinha
rosquinha
rua sem saída
rueleira
rulinha
ruptura
saboreandi
saca rola
sacha
saco de dormir
saco de pão
sadia
safada
saída de filho da puta
saída de incêndio
saída pela frente
sala
sala de comer
sala de estar
sala de visitas
sala do puto
salamandra
salário míinimo
salgadinha
salmonella
samambaia
samara
samaritana
sandona da orgia
sanduíche
207
sanduíche de macho
sanduíche de mortadela
sanduíche de pão árabe
sandy
sanguessuga
sanguinária
santinha
sapão
sapeca
sapinha encantada
sapo
sapólio
sapo verde
sara irmã do eliseu
sarara crioulo
sararu cú de pau
saroca
sashimi mijado
sassá mutema
savana
scargot
schumole
seção lazer
seção privê
seção umectada
secreta
segredo
segundab oca
segunda língua
segura peão
self service
selva
sem ela eu não vivo
sem ela não precisaríamos de
mulher
sem lacre
sem vergonha
senaita
senisga
senta o pau
serra pelada
serraria
seta do prazer
setenta cavalos
setor de embarque
seu fe
sgt dorotéa
shangrilá
sharon
shawasca
sheila
sheilinha
shibiu
shiranha
shnozer
shoyu do meu yakisoba
sineta
sininho
sinistra
sino de igreja
siri
sirica
siriema
sirigaita
sisterna de porra
slot
smile
smurfete
snaita
sobrinha
soca côco
socaí
socapimcanela
soca pinto
soca rola
soca rolha
soca saco
soco do gugu
sofrida
sombrancelha dupla
some vara
sonho de travesti
sonho meu
sonho recheado
sopa de rola
só para os baixinhos
sopinha
soquete cavalar
sorca
sorriso vertical
sorvete quente
sossega rola
sovaco da perna
spazolla
spazollona
strudel
suada
suadinha
suculenta
sugadora
sugadora de pinto
suga pau
suga rola
sundo
super poderosa
super xana
supimpa
supla
suporte de caralho
suporte para pênis
suprema
surinapa
sururu
sushi
suvaco de coxa
suvaco do sul
tabaca
tabacão
tabaco
tabaqueiro
tabaquinha
tabaquira
tabernáculo das rolas
tacebu
tacha
tacho
taco de presunto
taião
taioba
208
taio feio
taiuda
talha leite
talhão
talho
taliba
tamancada na cachorra
tamancada na cadela
tamand
tamatia
tam
tambarere
tamberere
tamharere
tampão
tanara
tandera
tangerina
tangerina do nordeste
tapioca
tapioca de pica
taquara rachada
tarântula
tarântula negra
tareco
tarolis
taroque
tarrachopau
tarraqueta
tarrota
tartaruga
tatinha
tatu
taturana
taz
tchaca
tchakinha
tchan
tchanaraina
tchanga
tchê
tcheca
tchecoslováquia
tchola
tchonga
tchurranas
tchutchuca
tchutchuquinha
tchutchura
teca
tefe
tega
téia
tela
telescópio de feto
temeroso
temperada
tempera pepino
tempero de bigode
tempra todos
tentação
tentação do caralho
tentação do diabo
teresa
teresa batista
teresuda
terracha
terraço das jóias
terreno suado
tesoura
tesouro
tesouro de pirata
tesouro de pobre
tesouros
testa
testa alta
testa cabeluda
testa de peba
testador de batina
testa larga
testão
testão envergado
test drive de pau
testinha cabeluda
testuda
tetê
teteco
tetéia
thay
thelastline
thequinha
thirda
tia
tia beth
tiazona
tibúrcia
ticha
tiche
tichim
tieta
tigela
tigela com pelos
tijela com pelos
tika
tilanga
tilidinha
timbo
timida
tintim
tipa
tira leite
tirana
tira prosa
tira prova
tira prova de homem
titanic
titi
titia beiçuda
titita
tititinha
tito
tobinha
tobogã de espermatozóide
toca
toca da benga
toca da coruja
toca da manjuba
toca da moita
toca de cobra
209
toca de gnomo
toca de serpente
toca do caralho
toca do coelho
toca do coiote
toca do diabo
toca do palhaco
toca dos gatos
toca dos pintos
toca do tatu
toca do thyrso
toca doze
toca encantada
tocha cubana
toco de amarrar bode
toco de amarrar pica
toioba
tomada
tomba macho
tonha
topa
topetuda
torneadora de pinguelo
torta
toshibinha
toskerao
totó
totoca
totoin
totonha
totosa
toucinho de segunda
trapos
tratorzão
trave
travesseirinho
travesseiro
trem da alegria
trem partido
trem que pula
trem rachado
trenzin mais delicadin
trepadeira
trepanzeira
trevo
triângulo
triângulo das bermudas
triângulo do prazer
triângulo escaleno
triângulos sem bermudas
trica
trinca
trincada
trinca ferro
trinca pau
tripa gaitera
triturador de rola
troca óleo
trocinha
troféuzinho
trololó
truta
tubaina fudida
tubaina funada
tubi
tubo
tubo de conexão
tubo de ensaio
tudo de bom
tufinho
tuíte
túnel
túnel do afogamento
túnel do amor
túnel do jegão
túnel do prazer
túnel do rossio
túnel do tempo
ubirajara
ub
uhterere
uiui
under beiço
urinosa
urna
ursa
ursa maior
ursinho de pelúcia
usada
usb frontal
usurpadora
uva passa
vadjaina
vagabunda
vagenina
vagilene
vagina
vaginacéa
vaginalda
vaginaldo
vaginéia
vagineuda
vaginilda
vagininha
vaginona
vai que dá
vajoca
vale da aguinha
vale do eco
vale encantado
vale sagrado
valeta
valeta de corrimão
valetinha
valgina
valiosa
vanderléia
vandinha
vantajosa
vão
vão pro caralho
varejeira
vargina
vasilhame
vaso
vaso dianteiro
va
veado
vectra
210
veiudazinha
velcro
veludo
vem cá
vem pro papai
vem que eu to querendo
venta
nus
vera cabeluda
vergonha
vergonhas
vermelhinha
verusca
vesúvio
viadinha
vias de feto
viciada
vicilda
videoin
viela funda
vira casaca
virgem se o caralho for fresco
virgília
virgina
virginha
virgínia
vitaminada
vitrine
vva negra
viva
vizinha do cu
vombarda
vomita pra dentro
voracenta
vulva
xana
xandanga
xarifa
xarife
xavasca
xavasquinha
xerea
xereba
xereca
xerelaine
xerequinha
xerereca
xexeca
xexeu
xiba
xibilica
xibiu
xinim
xinxa
xinxim
xiranha
xiri
xirica
xiruba
xixi
xixim
xixita
xixitu
xoleira
xota
xoxota
xuxa
da véstia
zezinha
211
ANEXO IV
CORPUS RELATIVO À VULVA EM LÍNGUA ITALIANA
acquasantiera
afflosciapertiche
albicocca
america
amichetta
anello
anitra
anonima sequestri
antro tetro
armadio
astuccio
azzittapreti
baffa
bafiona
bagascia
bagasciona
bagerda
bagiana
baia dei porci
balusa
baratro
barattolo
barbana
barbiciola
barbisa
barca
baretta
bartana
bartòca
barza
barzigola
basagna
becchina
belàn
bernarda
berta
bestia
bicchiere
bigioia
bignè
bisaccia
bistecca col pelo
boatta
bocca
bocciolo
bomboniera
borsa
boschetto
boschiva
bottega
braciola
bresaola
bresaolona
bregna
bricia
brigna
brioche
brisca
brodo
brodosa
brugna
buco
buchino santo
buco
buco nero
budello
bug d’la piscia
burrino
camino
campana
canappa
cancello di giada
cappello russo
carne
casa
casa delle delizie
castagna
catinella
caverna
cavicchia
cavità
cazza
cecca
cella
centrillo
centro delluniverso
cespuglio
cesto
cestunia
cetra
chiavica
chitarra
chitarrina
ciabatta
ciaccara
ciambella
cianno
cicala
ciccia
cicciabaffa
cicedda
ciceta
cicito
cilla
cillina
cimosa
ciola
cionna
ciorcila
ciorciola
ciorgna
ciospa
ciotola
ciprea
212
ciscia
ciuccia
ciuètta
ciufeca
ciuffola
ciunna
cocca
cocchia
concheddu
conchiglia
conno
conno petulante
connu
conto in banca
cornucopia
cosa
cosa piccola
cosa pelosa
cosettina
cosina
cotalina
coteca co lo pilo
cozza
cozzapesca
crepaccia
crosara
cudda
culina
culla
cunna
cunicolo
cunno
cunnu
curcio
delta di venere
dogana
dove che te pissi
effetto serra
el garage del me piciu
faccenda
faddacca
fagiana
fagiolina
falla
farda
farfalla
farfallina
farsora
fasulara
favo di miele
fecca
ferita
fessa
fessura
fia
fica
ficaccia
fica dentata
fiche fameliche
fichetta
ficona
ficussècca
fidec
figa
figa smaneda
fighetto
figona
figone
filettina
filiberta
filippa
filippina
finestra
finestrella
finocchio
fiocca
fiora
fiore
fiore purpureo
fiorellino
fiorellinu
firillacchera
fisarmonica
fischiarola
fissa
foca
focolare
fodero
fogna
folpa
fontana
fonte
foresta
formaggiera
fornello
forno
fortuna
fosso
fracoscio
fragolina
fregna
fregno
fresca
frice
fritella
frittola
frize
fru fru
frutto
fufina
fuinera
fungia
gabbia
gabbia del pipino
galleria
gattaiuola
gata mora
gattina
gatto
giardino
giggia
gioia
gioiello
gnacchera
gnagna
gnocca
gnocco
gola profonda
gonza
213
gnasse
gneise
grannaio
grattugia
grotta
guersa
il davanti
il dinanzi
immortale
ingresso principale
intacca
intimità
iummenta
la
l’amica che gira in pelliccia
anche in pieno agosto
la fammela vedere
la parte bassa
la parte dalla quale nasciamo
lei
lettera
le ragazze
lira
loscia
lucia
luccio passetto
lumachella
lurba
macchina
machineta
madre di tutte le battaglie
mafalda
marianna la va in campagna
matrice
mela cotogna
meringa alla fragola
micia
‘mboffa
‘ mmoffa
molle caverna
mona
mona bernarda
mona lisa
monazza
monna
morfea
mortaio
mozza
musina
mussa
muzza
naftalina
narda
nascondiglio
natura
nicchia
nicchio
n’doddi
nido
ninfa
ninferno
nocca
noce
occhio che più piange quanto
più è felice
orchestra
orchidea
organetto
orticello
orto d’amore
ovale
ovato
pacca
pacchiarello
pacchio
paciana
pacianca
paciocca
pacioccio
padonza
paffia
pane
panaro
pantaschella
paradiso
parpaglia
parpagna
parpagnacca
parrocchia
parrucca
passera
passerina
patacca
pataffiola
patagnacca
patagnocca
patana
patanona
pataracia
patasgionfa
patata
patatina
patonza
patonzina
patonzola
pattàle
pecchia
pecora
pelliccia
pelliccione
pelo
pelosa
pelotta
peluche
pennica
pentola
pepella
pertuso
pèrzeca
perzechèlla
pertescia
pertugio
pesca
pesca pelosa
pesce
scia
pesecchia
petera
pettine
214
pettinicchia
picchia
picciacca
piccica
picciola
piccione
piciuffa
pillittu
pilu
pilusera
pinca
pipa
pisciacchia
pisciatoio
pisciòccla
pisciotto
pisella
pissa
pitaci
pitaffio
piva
poscia
porta
porta d’anteo
pota
potta
pozza
pozzo
prica
primo canale
proso
prugna
ptocca
pucchiacca
pucchiacchiera
pucciacca
pudenda
purtusu
puscio
pussi
putela
putturina
quella che guarda in terra
quella che non vede mai il sole
quella cosa
quella cosa là
ragna
rocca
rosa
sabongia
sacco a pelo
salata
salatina
salvadanaio
sancta sanctorum
sarchiapona
sartacena
sbarzifula
sbrinzia
sbrodéinna
scarafaggina
scarpa
scatola
scatola nera
scavurla
scedduattla
schiocca
scodella
scolapasta
seccacetrioli
secchio
sei
selega
selva
selva nera
sépa
sepolìna
sepoltura
seppia con pelo
serratura
sfessa
sforna creaturi
sgàrzola
sgnacca
sgnacchera
sgnaula
sisca
sniacchera
solco
sorba
sorca
sorcona
sorriso verticale
sorgente
spacca
spaccazza
spacchiu
spacco
spaccozza
sporta
spremi cappella
sterea
sticchio
sticchiu
straccapipoli
strada
susina
tabacchèra
tabacchiera
tabernacolo
tacca
tacchina
tagliola
taglio
tamburella
tana
taratofola
tasca
tavola imbandita
tazza
tegame
tegia
terreno
tesoro
terzo occhio
testuggine
tipa
tondo
topa
215
topina
topola
topona
topone
toppa
tragica ferita
trappola
tre centesimi
trifola
troia
tunnel
udda
umido anello
urinale
uscio
vagia
vagina
valigia
valle delle rose
valpelosa
vallo
vaschetta
vaso
vello
venessia
vergogna
verza
vescicone
viola
vongola
zampiffera
zinette
zinne
zoccola
zucchero
zunno
216
ANEXO V
CORPUS RELATIVO ÀS NÁDEGAS EM LÍNGUA PORTUGUESA
ás-de-copas
assento
atrás
bagageiro
balaio
banjo
bateria
beiju
bife
brioco
bufarinheiro
bumbum
bumbunzão
bunda
bunda de tico-tico
bundaça
bundão
bundeta
cadeiras
canastro
caneco
cardã
carroceria
chambica
chandanga
chicote
chocolateira
cola
cozinha-puxada-fora
culatra
cuzumbu
face-dos-quartos
fevereiro
fiango
fim-do-espinhaço
flaite
fricandó
fuleiro
fuzil
garupa
gomos
guardapa
hemisférios
holanda
içá
jabá
jaca
jato
lândrias
loló
lombo
lordo
mapa-múndi
marmota
mataco
mucumbu
nalgas
onde as costas perdem o nome
oriol
padaria
panaro
pandeiro
pebas
pé-de-rabo
plataforma
pneu
pódice
polpas
poltronas
popa
popo
po
porta-malas
posterior
poupança
quijiba
quijila
quiosque
rabada
rabadela
rabichola
rabiosque
rabioste
rabiote
rabisteco
rabisteque
rabo
rebembelas
recavem
relógio
retaguarda
sedém
sedenho
sentante
sesso
sobressalente
supino
taioba
tambor
tanajura
tralalá
traseiro
trouxa
tundá
tutu
vazios
xandangas
217
ANEXO VI
CORPUS RELATIVO ÀS NÁDEGAS EM LÍNGUA ITALIANA
airbag
airbag passeggero
airbag posteriore
albicocche
ano
anone
antro
appennini
battipanni
baugigi
baule
bavarìn
belvedere
buso
chiappe
chiappette
chiappona
chiappone
chiccherone
cocomero
cocomerone
cofano
coffa
colle
colle in fiore
cuate
culate
culatello
culetto
culigno
culo
daddo
deretano
didietro
discarica
figa del 2000
fischietto
fischio
fodero per cazzo
fodero per lingua
fogna
fognatura
fondello
fondoschiena
foro
fortuna
gaetano
galleria
glutei
là-dove-non-batte-il-sole
lancia fumogeni
lanciamerda
mandolino
mappamondo
mazzo
natiche
nocchia
obice
occhio cieco
occhiomarrone
occhio vento
oceano
pacco
panettone
pertugio
popò
popone
portabagagli posteriore
portaerei
portamerda
portasigari
portassiàbola
posteriore
retro
scarico
seconda figa
secondo buco
secondo canale
sedere
sederone
terzo buco
terzo canale
trono
ulo
urso
venticello
vulcano
zero
218
ANEXO VII
CORPUS RELATIVO AO ÂNUS EM LÍNGUA PORTUGUESA
alvado
ananás
anel
anelão
anel-de-carne
anel-de-couro
apertante
apito
apolônio
arcabuz
argola
aro
asculhos
ás-de-copas
assobieiro
bateria
berba
besbelho
bichinho que faz fuuu
bile
biu-biu
boca-de-caçapa
boca-de-velha
bocal
boca-murcha
boga
bomba
boréu
botão
botico
bozó
brioco
brioso
brizu
broa
broca
brote
bubu
bufante
bugueiro
buraco
buzeco
buzico
buzunfã
cabo
caçapa
caixa
canal
caneco
cano-de-escape
canto escuro
carimbo-do-icó
cego
centro-do-oiti
chambica
chicote
cibazol
cifra
cola
couve
croaca
cu
culeiro
culiceu
culo
cuzumbu
dentrol
derna
disco
distinto
entrada de serviço
farinheiro
fedegoso
federal
fedorento
feijoeiro
felipe
fevereiro
fiandeiro
fiango
fiantã
ficha
figo
figueiredo
fim do espinhaço
fió
fiofó
fioto
flandre
flash-light
flor roxa
foba
fon-fon
fonoro
fopa
formigueiro
formiróide
forno
fosquete
franzido
frapa
freguesia-do-icó
frinfa
fufu
fundo
funil
furico
furo
fute
futrico
fuzil
ganha-pão
girassol
goiaba
gregório
heliodoro
holofote
ico
idi
jato
lata
loló
lugar onde o sol não bate
lugar que não vê o sol
mealheiro
meio
mosca
mosquito
mucumbuco
ó
oiti
oito
olho-cego
olho-de-goiaba
olho-de-porco
olho-do-cu
olhota
219
oropa
panela
patrona
pé-de-boga
pelado
pevide
piscante
podex
pódice
popa
porta de serviço
porta dos fundos
porta errada
porvarino
pregas
pregueado
pretinho
puíto
quijila
quincas
quiosque
rabada
rabicho
rabo
radô
redondo
rigoleto
roda
rodinha
rosa
rosca
roscofe
roseta
rosquete
rosquinha
roxinho
sedal
sedém
sesso
severino
sim-sinhô
soprador
subilatório
substantivo
sundo
tainho
talo
tareco
tarraqueta
tintureiro
toba
tobi
toínho
tostão
tripa-gaiteira
tubi
tusta
urna
vaso preto
vaso traseiro
verso
versúvio
vintém
-da-véstia
zeferino
zenóbio
zero
zinquerônio
zorobó
220
ANEXO VIII
CORPUS RELATIVO AO ÂNUS EM LÍNGUA ITALIANA
anello
bacillo
bavèl
bavarìn
bicchiere
bisinìssi
bombè
boro
braso
brèn
brunàl
buchetto
bucio de l’allegria
buco buio
buco del sedere
buco oscuro
budriè
cacapane
canàfio
canàppia
caramàl del duca
caretto
chicherone
cifunéra
coffa
culetto
culo
daddo
dào
daòto
dàu
fabbrica d’i cicculàtti
fabria
fabrian
fabriano
fischio
fiùra i cincu
fóff
forneletto
furnacella
gabàss
gnàbel
gnaò
gnanfer
ghìcc
giacca
gnaf
gregorio
liuto
martin
mazzo
nasa
nocchia
nocciola frutto sferico
obice
orifizio
orto
orto botanico
përtus de j’erbëtte
pernice
pesco
pi
eg
he
pitriano
pituano
porta i sagristia
portassiàbola
posteriore
pozzo
proso
quel paese
retto
rucca
secchio
sedere
sesìn
sior fabriàn
stirasìcchio
sordo
stirasìcchio
tacco
taff
taìtu
tamburo
tapéo
taràl
tártera
tombino
tondín
tortór
tortorìn
trono
umido anello
zezza
221
ANEXO IX
CORPUS RELATIVO AOS TESTÍCULOS EM LÍNGUA PORTUGUESA
acessório
adorno
andujos
atributos
badameco
bagaço
bagos
balagandãs
boiotas
bolas
bolas de queixa
bolotas
brincos
cacho-de-coco
cacho-de-uva
cachos
cocos
colarinhos
colhão
coletes
cunhão
dependureza
fava
gamboa
gandolas
gorogojó
grãos
guizos
manicos
maniplo
manípulos
maracujá-de-cambada
marmelos
matutagem
maxixes
mermons
mochilas
mormões
oveiro
ovo
pacova
pelota
peras
quiba
quilebres
quimbas
quitos
saco
timbales
tomates
tomates do padre inácio
trap
trouxas
vasos
222
ANEXO X
CORPUS RELATIVO AOS TESTÍCULOS EM LÍNGUA ITALIANA
ámoli
badée
ban tiraa in pee
balauster
ball
balla
balle
ballottol
baravàj
barlafus
barolè
bartolamee
bicciolàn
boccette
bricòccalo
brugne
campée
carnali
ciondoloni
coglioni
collaterali
colossei
contrappesi
cood’aj
coràj
corbello corbelloni
cordoni
cugini
cuggini
didimo
facioli
fagioli
fagiolone
fasorìtt
fave
fin verones
fratelli
fritto
frittur
fritùra
gândoll
gemmelli
genitali
gh’ban ditt sonaj oeuv senza
guss
giucarelli
ghiandolaseminale
ghiandolaspermatica
gnocchi
gonadi
granéj
granelli
guallera
janne
mànnole
marobèi
marrone
marroni
menùs
minchioni
mi stivali
nespole
ova
palla
palle
pendagli
pendenti
penolini
per nominà i cojon
pes
pesi
piccola borsa
piggionanti
prugne
quanti parentell
quattorde sold
rognoni
ròse
scatole
scroto
segond nadar
signori di citta
sold
sonagli
sonaji
tasche
tartàcole
testicol
tòdaru
toder
tòtani
tripé
uova
veronés
zabbedei
zanétt
zanón
zarelli
zéder
zeri
223
ANEXO XI
CORPUS RELATIVO AOS SEIOS EM LÍNGUA PORTUGUESA
abóboras
air-bag
bico
bitela
biteta
botão-rosa
busto
buzinas
colchão
cuscuz
dois vinténs numa meia
jeroma
leiteria
limões
lolôs
maçã
malacas
mamões
mamilos
marmelos
melancias
mochilas
montes
muxibas
odrezinhos
pães-de-açúcar
pára-quedas
peitaço
peitaria
peito
peito de pomba
pimpolhos
poma(s)
pomos
prateleiras
pudim
recheios
tetas
tetês
tetinhas
travesseiros
úbere
224
ANEXO XII
CORPUS RELATIVO AOS SEIOS EM LÍNGUA ITALIANA
aerostati
airbag
allattapopoli
alpi
ande
appennini
biberon
bicilindrica
bisacce
bisboccia
boa
bobine
bocce
bocciofila
bocie
boge
bombarde
bombe
bombole
borchie
borracce
borse sacca
bortelli
boschi
bottiglie
brande
bricòccalo
brioche
brocche
bubboni superiori
budino
bufale
burale
caciotte
camere d'aria
capetielle
centrale del latte
ciucce
ciuce
clacson
cocomere
cocomeri
collinette
concetta
coni
coppe di champagne
cose
crème caramel
cristalliere
cuscini
davanzale
dirigibili
dune
fiaschi
gemelle
gemelline
ghiande
ghiandole
giberne
globi
gomitoli
latteria
latterie riunite
lecca lecca
macchine da latte
mameli
mammelle
melanzane
meloni
menn
menne
minna
minnazze
minne
mongolfiere
mozzarelle
mozzarelline
noci di cocco
occhi
padelle
palle da bowling
paraurti
pere
petti
piccioni
pigna
piticchi
pizzoccheri
pocce
pompelme
popi popi
poponi
poppe
poppine
poppole
promontori
provole
provole di bufala
provoloni
puntacapezzoli
puntellone
pupe
puppe
roberte
roberti
rotoloni regina
sfere
sgarba
siliconi
sode
sorchianti
sorelle bandiera
sorelle mongolfier
spagnole
spagnolone
spianate
susine
tazze
tette
tettine
tettone
tuberi
valvole
vertole
vette
via lattea
vulcani
zampillone
zampogne
zezze
zie gemelle
zinne
zinnelle
zizza
zizze
zizzirinelle
zucche
Autorizo a reprodução xerográfica deste trabalho.
São José do Rio Preto, 13 de novembro de 2009.
Vivian Orsi
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