O corpo humano seria uma miniatura do universo, e seria constituído dos
mesmos materiais desse universo. A doença deveria ser vista mais como uma
desarmonia entre o homem e o seu meio ambiente. A medicina tradicional chinesa
não faz diferença entre doença física e doença mental, sendo a doença mental
conseqüência da perda de harmonia entre o corpo e o espírito.
Aos cinco elementos corresponderiam não só órgãos, como também planetas.
Assim, o coração, o fígado, o baço, os pulmões e os rins estariam associados,
respectivamente, aos processos elementares simbolizados pelo fogo, madeira, terra,
metal e água, assim como aos planetas Marte, Júpiter, Saturno, Vênus e Mercúrio.
Como outros povos da Antigüidade, os chineses eram, porém, fracos em
anatomia, devido à proibição da dissecação de cadáveres. Acreditavam que, se o
corpo não se mantivesse íntegro, o defunto não poderia ser recebido no reino dos
mortos.
A medicina chinesa busca também o equilíbrio entre o yin (princípio feminino,
passivo, negativo, correspondente à lua, à terra, à escuridão, à delicadeza, ao
úmido, ao frio e ao lado direito) e o yang (princípio masculino, ativo, positivo,
correspondente ao sol, ao céu, à luz, ao poder, ao seco, ao quente e ao lado
esquerdo). Há ainda uma terapia yin, como os tratamentos com plantas medicinais, e
uma terapia yang, como a acupuntura e a moxibustão.
Segundo a lenda taoísta, o deus que formou o universo obteve êxito após
dividir o caos em seus dois elementos opostos, o yang e o yin.
Por meio da busca do equilíbrio entre os dois princípios opostos, mantinha-se
a saúde e curava-se a doença. De certa forma, o yang e o yin poderiam representar
o antagonismo existente entre os dois componentes do sistema nervoso autônomo, o
simpático e o parassimpático. Esta é a parte do sistema nervoso que independe da
nossa vontade, e que é responsável pelo controle dos nossos órgãos internos.
A interação dialética dos opostos constitui um dos elementos mais importantes
para o entendimento da natureza da criação e do desenvolvimento das civilizações.
Não só os chineses perceberam a importância deste fenômeno mas, depois deles,
também os indianos e, em seguida, os gregos, sob a forma de amor e ódio, até
chegarmos a Hegel, com a sua teoria da tese e antítese.
Os médicos chineses se concentravam no exame do pulso e na inspeção da
língua de seus pacientes para fazer seus diagnósticos, prognósticos e tratamentos. O
valor do exame do pulso seria equivalente ao de um instrumento de corda musical.
Nele, acreditavam, podiam reconhecer harmonias e desarmonias. O exame do pulso
era feito em onze diferentes partes do corpo.
Outra interessante contribuição da medicina chinesa foi uma técnica primitiva
de tentar imunizar contra a varíola, que consistia em fazer os jovens inalarem as
crostas de lesões de doentes, na esperança de que desta forma viessem a
desenvolver algum tipo de resistência contra a varíola. Os meninos aspiravam as
lesões com a narina esquerda e as meninas com a narina direita, respeitando os
princípios de yang e yin.
Duas outras importantes contribuições da medicina chinesa, até hoje
utilizadas, são a técnica da acupuntura e a moxibustão. A técnica da acupuntura,
com longas agulhas, é baseada na idéia de que o corpo é cheio de tubos
semelhantes a canais, uma idéia natural para os chineses, cuja agricultura era
baseada na irrigação por canais.