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a biônica, o acrílico, o tá legal, o “apartheid”, o som “pop”, a arte “op”, as
estruturas e a infra-estrutura.
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, a
descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o “mass
media”, o Ibope, a renda “per capita”, a mixagem.
De passagem, anote a reunião de cúpula, a minicopa, a conjuntura, o
Porcão, a Reflexologia, a ioga, o iogurte, os alucinógenos, o morfema, o
semantema, o estocástico, o ergódigo e o markoviano.
Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servomecanismo,
as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, a homeostatia, a Adecif, a
Transamazônica, a Sudene, o Incra, a Unesco, o ISOP, a OEA e a ONU.
Estão reclamando porque não citei a conotação, o conglomerado, a
diagramação, o ideologema, o idioleto; o ICM, a IBM, o falou, as operações
triangulares, o “zoom” e a guitarra elétrica.
Mas por sua vez se esqueceram de lembrar chuchu-beleza,
ecumenismo, tremendo barato, monema, parâmetro, gerontologia, genocídio,
cronograma, PIB, política habitacional, gol de letra, mercado fracionário de
balcão.
Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, vela
de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, parafernália, filhotes de
bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, “carnet” da girafa, poluição.
Mas há de haver espaço para setorial, tônica, mafagafe (José Cândido
de Carvalho descobriu um ninho deles, e diverte-nos com a descoberta, em
delicioso livro), complexo de castração, inseminação artificial, “napalm”,
ovos de codorna, teste de Cooper, sesquicentenário, didascália, passarela,
gelo-baiano.
E o vestibular para milhões? O cursinho e o cursilho? O mestrado?
Ah, faltava a análise-sinótica do mapa meteorológico. A custódia de títulos
nominativos. O transplante, variadíssimo e nem sempre letal. A implantação
e os implementos industriais. O audiovisual e seus flanelógrafos, para uso
de aloglotas. A macrobiótica, pois não. E o “offset”.
Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos fiscais.
“Know-how”. Barbeador elétrico de 90 microrranhuras. Fenolite. Baquelite.
LP e compacto. Alimentos supergelados. Viagens pelo crediário. Circuito
fechado de TV na Rodoviária. “Argh!” “Pow!” “Click!”
Não havia nada disso no jornal do tempo de Venceslau Brás, ou mesmo
de Washington Luís. Algumas dessas coisas começam a aparecer sob Getúlio
Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral. A enumeração
caótica não é invenção crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os