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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E
SUSTENTABILIDADE
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM TRÊS
LAGOS DA DEPRESSÃO DO MÉDIO RIO DOCE – MG
ISAURA CABACINHA LOPES
CARATINGA
Minas Gerais - Brasil
1
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Maio de 2007
2
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E
SUSTENTABILIDADE
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM TRÊS
LAGOS DA DEPRESSÃO DO MÉDIO RIO DOCE – MG
ISAURA CABACINHA LOPES
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
CARATINGA
Minas Gerais - Brasil
1
Maio de 2007
2
ISAURA CABACINHA LOPES
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM TRÊS
LAGOS DA DEPRESSÃO DO MÉDIO RIO DOCE – MG
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
APROVADA: 25 de maio de 2007
________________________________ _______________________________
Prof. Meubles Borges Júnior Prof. Felipe Nogueira Bello Simas
(Orientador) (Examinador)
________________________________ _________________________________
Prof. Marcos Alves de Magalhães Prof. Raphael Bragança Alves Fernandes
(Examinador) (Examinador)
3
A Terra pode oferecer o suficiente
para satisfazer as necessidades de
todos os homens, mas não a
ganância de todos os homens.
Mahatma Gandhi
1
Para minha filha Tatiana,
que nos deixou tão antes da hora!
Para minha mãe Beatriz,
guerreira e protetora
e meu pai Itamar,
alma de Rei Leão,
toda saudade!
Para meus filhos, Amanda e Felipe,
meus netos Henrique e Lucas,
que me fazem seguir adiante.
Para meus irmãos e irmãs,
guardiões fiéis de nossas raízes.
Para Ranulfo, que de tio se fez irmão
cada vez mais presente em nossa família.
Para Eli, companheiro carinhoso e paciente,
que sempre acreditou em mim.
1
AGRADECIMENTOS
À Unileste-MG, pelo apoio financeiro.
Ao professor Meubles Borges Júnior, pela orientação, gentileza e competência.
Ao professor Maurício Petrucio, pelo apoio e colaboração no empréstimo dos
instrumentos de coleta.
Aos professores Jackson Claiton, Leopoldo Carmelo, Stela Maris, pelas
sugestões, amizade e confiança.
Aos professores Daniel Martins Júnior, Charles Murta, Ricardo, Sandra Murta,
Lana Kátia, Luciene Sales e Dorotéo Emerson, pela paciência, carinho e atenção.
Este trabalho também não teria sido possível sem a Cenibra Nipo-Celulose e as
seguintes pessoas: José Rivelli Magalhães, Dionísio Laurindo Pimenta, Alexandre
Brandão Landim, Humberto Lopes. Waldo Dickson, José Inácio e aos demais
funcionários, pela concessão dos laboratórios e execução das análises de água e solo.
Muito obrigada por investirem seu tempo precioso neste trabalho e em mim.
Às ex-alunas Adriana (licenciada em Geografia) e Lurdemar (bióloga) pela
imprescindível assessoria nas coletas.
À ex-aluna Soraya (licenciada em Geografia) na digitação e formatação deste
trabalho.
Sebastião Farias, meu cunhado, zeloso colaborador, no transporte das amostras.
Ao meu irmão Christian, pela supervisão estatística dos dados.
1
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS .......................................................................................... ix
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... xi
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................. xiii
RESUMO ............................................................................................................... xiv
ABSTRACT ........................................................................................................... xvi
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
2. REVISAO DE LITERATURA ........................................................................ 4
2.1. Médio Vale do Rio Doce ............................................................................. 4
2.1.1. A formação do sistema de lago do Médio Vale do Rio Doce ................. 6
2.1.2. Aspectos fisiográficos do Médio Vale do Rio Doce .............................. 8
2.2. Dinâmica de lagos ........................................................................................ 10
2.2.1. Estratificação em regiões tropicais ........................................................ 12
2.3. Eutrofização ................................................................................................. 12
2.3.1. Nutriente limitante .................................................................................. 14
2.4. Propriedades físico-químicos ..................................................................... 14
2.4.1. Temperatura ............................................................................................ 14
2.4.2. Ph ............................................................................................................ 15
2.4.3. Condutividade elétrica ............................................................................ 16
2.4.4. Sólidos ..................................................................................................... 16
2.4.5. Alcalinidade ............................................................................................ 17
2.4.6.Oxigênio dissolvido ............................................................................... . 18
2.4.7. Demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
) ............................................. 19
2.4.8. Nitrogênio ............................................................................................... 19
2.4.9. Fósforo .................................................................................................... 20
2.4.10. Cálcio, magnésio e potássio .................................................................. 21
2.4.11. Ferro e manganês ................................................................................. 22
2.4.12. Zinco e cobre ......................................................................................... 23
3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 25
3.1. Caracterização da área de estudo .............................................................. 25
3.2. Critério de seleção da área de estudo ........................................................ 27
3.3. Período de estudo e de amostragem .......................................................... 27
3.4. Análises físico-químicas das águas ............................................................ 29
3.4.1. Temperatura ............................................................................................ 29
3.4.2. Potencial hidrogeniônico (pH) ............................................................... 30
3.4.3. Condutividade elétrica ............................................................................ 30
3.4.4. Determinação da alcalinidade total ....................................................... 30
3.4.5. Determinação de oxigênio total .............................................................. 30
3.4.6. Determinação de nitrogênio total, nitrogênio total (Kjeldahl),
nitrogênio amoniacal, nitrato, nitrito ..................................................... 31
3.4.7. Determinação de metais (Ca, Mg, K, Fé, Mn, Zn e Cu) ......................... 31
3.4.8. Determinação de fósfato ......................................................................... 32
3.4.9. Determinação de fósforo total ................................................................ 33
3.4.10. Determinação de sólidos suspensos totais ............................................ 33
3.4.11. Determinação de sólidos dissolvidos totais .......................................... 33
3.5. Análise estatística dos dados ...................................................................... 34
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................................... 35
1
4.1. Avaliação das propriedades físico-químicos da água .............................. 35
4.1.1. Temperatura ............................................................................................ 36
4.1.2. Potencial hidrogeniônico (pH) ............................................................... 37
4.1.3. Condutividade elétrica ............................................................................ 38
4.1.4. Alcalinidade ............................................................................................ 39
4.1.5. Sólidos dissolvidos totais ........................................................................ 39
4.1.6. Sólidos suspensos totais .......................................................................... 40
4.1.7. Oxigênio dissolvido inicial (ODI) ........................................................... 41
4.1.8. Oxigênio dissolvido final (ODF) ............................................................ 41
4.1.9. Demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
) ............................................. 42
4.1.10. Nitrogênio total (NT) ............................................................................ 43
4.1.11. Nitrogênio total Kjeldahl ...................................................................... 43
4.1.12. Nitrogênio amoniacal ........................................................................... 44
4.1.13. Nitrato ................................................................................................... 45
4.1.14. Nitrito .................................................................................................... 45
4.1.15. Fósforo total (PT) ................................................................................. 46
4.1.16. Fosfato total (PO
4
T) .............................................................................. 47
4.1.17. Cálcio .................................................................................................... 47
4.1.18. Magnésio ............................................................................................... 48
4.1.19. Potássio ................................................................................................. 49
4.1.20. Ferro total ............................................................................................. 49
4.1.21. Manganês total ...................................................................................... 50
4.1.22. Zinco total ........... ................................................................................. 51
4.1.23. Cobre total ............................................................................................ 51
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................... ........................................... 53
5.1. Avaliação das propriedades físico-químicas da água .............................. 53
5.1.1. Temperatura ............................................................................................ 55
5.1.2. Potencial hidrogeniônico (pH) ............................................................... 56
5.1.3. Condutividade elétrica ............................................................................ 57
5.1.4. Alcalinidade ............................................................................................ 59
5.1.5. Sólidos dissolvidos totais ........................................................................ 60
5.1.6. Sólidos suspensos totais .......................................................................... 61
5.1.7. Oxigênio dissolvido inicial (ODI) ........................................................... 62
5.1.8. Oxigênio dissolvido final (ODF) ............................................................ 64
5.1.9. Demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
) ............................................. 65
5.1.10. Nitrogênio total (NT) ............................................................................ 66
5.1.11. Nitrogênio total Kjeldahl ...................................................................... 68
5.1.12. Nitrogênio amoniacal ........................................................................... 69
5.1.13. Nitrato ................................................................................................... 70
5.1.14. Nitrito .................................................................................................... 72
5.1.15. Fosfato total (PO
4
T) .............................................................................. 72
5.1.16. Fósforo total (PT) ................................................................................. 74
5.1.17. Cálcio e magnésio ................................................................................. 75
5.1.18. Potássio ................................................................................................. 77
5.1.19. Ferro e manganês total ......................................................................... 77
5.1.20. Zinco e cobre total ................................................................................ 79
5.1.21. Razão N/P ............................................................................................. 81
6. CONCLUSÕES ................................................................................................. 84
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 85
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 86
2
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Resultados máximos, mínimos e médios dos parâmetros físico-
químicos da água analisados da estação Ipaba, Hortêncio e
Jacaré ............................................................................................. 36
TABELA 2: Valores médios da temperatura das águas dos lagos Ipaga,
Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade ............................. 37
TABELA 3: Valores médios do pH das águas dos lagos Ipaga, Hortêncio e
Jacaré em função da sazonalidade ................................................. 38
TABELA 4: Valores médios da condutividade elétrica das águas dos lagos
Ipaga, Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade .................. 38
TABELA 5: Valores médios da alcalinidade das águas dos lagos Ipaga,
Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade ............................. 39
TABELA 6: Valores médios dos sólidos dissolvidos totais das águas dos
lagos Ipaga, Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade ......... 40
TABELA 7: Valores médios dos sólidos suspensos totais das águas dos lagos
Ipaga, Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade .................. 40
TABELA 8: Valores médios do oxigênio dissolvido inicial das águas dos
lagos Ipaga, Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade ......... 41
TABELA 9: Valores médios do oxigênio dissolvido final das águas dos lagos
Ipaga, Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade .................. 42
TABELA 10: Valores médios de DBO
5
das águas dos lagos Ipaga, Hortêncio e
Jacaré em função da sazonalidade ................................................. 42
TABELA 11: Valores médios do nitrogênio total das águas dos lagos Ipaga,
Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade ............................. 43
TABELA 12: Valores médios do nitrogênio total Kjeldahl das águas dos lagos
Ipaga, Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade .................. 44
TABELA 13: Valores médios do nitrogênio amoniacal das águas dos lagos
Ipaga, Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade .................. 44
TABELA 14: Valores médios do nitrato das águas dos lagos Ipaga, Hortêncio
e Jacaré em função da sazonalidade .............................................. 45
TABELA 15: Valores médios do nitrito das águas dos lagos Ipaga, Hortêncio e
Jacaré em função da sazonalidade ................................................. 46
TABELA 16: Valores médios do fosfato total das águas dos lagos Ipaga,
Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade ............................. 46
TABELA 17: Valores médios do fósforo total das águas dos lagos Ipaga,
Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade ............................. 47
TABELA 18: Valores médios de cálcio e magnésio das águas s dos lagos
Ipaga, Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade .................. 48
TABELA 19: Valores médios de potássio das águas dos lagos Ipaga, Hortêncio
e Jacaré em função da sazonalidade .............................................. 48
TABELA 20: Valores médios de ferro e manganês das águas dos lagos Ipaga,
Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade ............................. 49
TABELA 21: Valores médios zinco das águas dos lagos Ipaga, Hortêncio e
Jacaré em função da sazonalidade ................................................. 50
TABELA 22: Valores do manganês das águas dos lagos Ipaga, Hortêncio e
Jacaré em função da sazonalidade ................................................. 50
TABELA 23: Dados de zinco total ...................................................................... 51
1
TABELA 24: Dados de cobre total ...................................................................... 52
TABELA 25: Razão N/P das médias dos lagos ................................................... 82
TABELA 26: Classificação dos lagos em relação à produtividade ..................... 82
TABELA 27: Estado trófico dos lagos em função dos valores de fósforo total .. 83
1
LISTA DE FIGURAS
FIGURAS
1. Perfis de um lago em condições de estratificação e de inversão térmica........... 11
2. Evolução do processo de eutrofização em um lago ou represa.......................... 13
3. Localização dos lagos Ipaba, Hortêncio e Jacaré no entorno do PERD............. 26
4. Vista geral do lago Ipaba com uso e ocupação do solo urbano. ........................ 28
5. Vista geral do lago Jacaré - plantio de eucalipto e recreação. ........................... 28
6. Vista geral do lago Hortêncio - considerado como referencial padrão. ............. 28
7. Garrafa de “Van-Door” – instrumento utilizado para a coleta das amostras de
água em profundidade. ....................................................................................... 29
8. Temperatura, por lago, em época de chuva ....................................................... 56
9. Temperatura, por lago, em época de seca .......................................................... 56
10. pH, por lago, em época de chuva ....................................................................... 57
11. pH, por lago, em época de seca ......................................................................... 57
12. Condutividade elétrica, por lago, em época de chuva ....................................... 58
13. Condutividade elétrica, por lago, em época de seca .......................................... 58
14. Alcalinidade, por lago, em época de chuva ....................................................... 60
15. Alcalinidade, por lago, em época de seca .......................................................... 60
16. SDT, por lago, em época de chuva .................................................................... 61
17. SDT, por lago, em época de seca ....................................................................... 61
18. SST, por lago, em época de chuva ..................................................................... 62
19. SST, por lago, em época de seca ....................................................................... 62
20. OID, por lago, em época de chuva .................................................................... 63
21. OID, por lago, em época de seca ....................................................................... 63
22. ODF, por lago, em época de chuva .................................................................... 65
23. ODF, por lago, em época de seca ...................................................................... 65
24. DBO
5
, por lago, em época de chuva .................................................................. 66
25. DBO
5
, por lago, em época de seca .................................................................... 66
26. Valores de NT, por lago, em época de chuva .................................................... 67
27. Valores de NT, por lago, em época de seca ....................................................... 67
28. Valores de NTK, por lago, em época de chuva ................................................. 69
29. Valores de NTK, por lago, em época de seca .................................................... 69
30. Valores de NA, por lago, em época de chuva .................................................... 70
31. Valores de NA, por lago, em época de seca ...................................................... 70
32. Valores de nitrato, por lago, em época de chuva ............................................... 71
33. Valores de nitrato, por lago, em época de seca .................................................. 71
34. Valores de nitrito, por lago, em época de chuva ................................................ 72
35. Valores de nitrito, por lago, em época de seca .................................................. 72
36. Valores de fosfato total, por lago, em época de chuva ...................................... 74
37. Valores de fosfato total, por lago, em época de seca ......................................... 74
38. Valores de fósforo total, por lago, em época de chuva ...................................... 74
39. Valores de fósforo total, por lago, em época de seca ........................................ 74
40. Valores de cálcio, por lago, em época de chuva ................................................ 76
41. Valores de cálcio, por lago, em época de seca .................................................. 76
42. Valores de magnésio, por lago, em época de chuva .......................................... 76
43. Valores de magnésio, por lago, em época de seca ............................................. 76
1
44. Valores de potássio, por lago, em época de chuva ............................................ 77
45. Valores de potássio, por lago, em época de seca ............................................... 77
46. Valores de ferro, por lago, em época de chuva .................................................. 79
47. Valores de ferro, por lago, em época de seca .................................................... 79
48. Valores de manganês, por lago, em época de chuva ......................................... 79
49. Valores de manganês, por lago, em época de seca ............................................ 79
50. Valores de zinco, por lago, em época de chuva ................................................. 81
51. Valores de zinco, por lago, em época de seca ................................................... 81
52. Valores de cobre, por lago, em época de chuva ................................................ 81
53. Valores de cobre, por lago, em época de seca .................................................. 81
1
LISTA DE ABREVIATURAS
ACESITA Aços Especiais Itabira S.A
APHA American Public Health Organization
CENIBRA Celulose Nipo-Brasileira S.A
CETEC Centro Tecnológico de Minas Gerais
Conama Conselho Nacional do Meio Ambiente
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
EAA Espectrofotometria de absorção atômica
FC Fotometria de Chama
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICB Instituto de Ciências Biológicas
IEF Instituto Estadual de Floresta
IGA-MG Instituto de Geociências Aplicadas de Minas Gerais
OD Oxigênio Dissolvido
PERD Parque Estadual do Rio Doce
ST Sólidos Totais
SDT Sólidos Dissolvidos Totais
SST Sólidos Suspensos Totais
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
USIMINAS Usina siderúrgica de Minas Gerais
1
RESUMO
LOPES, Isaura Cabacinha.Centro Universitário de Caratinga, maio de 2007. Avaliação
da qualidade da água em três lagos da depressão do Médio Rio Doce – MG.
Orientador: Professor D.Sc. Meubles Borges Júnior.
A importância do estudo no sistema lacustre do Médio Vale do Rio Doce está na
preservação deste ambiente, levando em conta as atividades humanas. Neste sentido
este trabalho avaliou a qualidade da água de três lagos do entorno do Parque Estadual
do Rio Doce (PERD), com uso e ocupação diferenciados, de acordo com os parâmetros
estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05. Ainda para efeito de qualificação das
águas foram realizadas as razões N/P (nitrogênio em relação à ciclagem do fósforo na
dinâmica da produção dos lagos) buscando verificar o elemento limitante no processo
de produtividade dos lagos e o possível grau de eutrofização dos mesmos. Para tal
avaliação foram comparados três (3) lagos. O lago Ipaba com uso e ocupação urbana, o
lago Hortêncio com uso e ocupação por plantio de Eucaliptus spp, e o lago Jacaré com
uso e ocupação de Eucaliptus spp e recreativo. Por se tratar de lagos que possuem a
mesma origem e localizados sobre área de clima tropical em meio a material alóctone
semelhante. Coletaram-se as amostras de água nos ambientes acima durante duas (2)
estações, seca e chuvosa, em três (3) profundidades (superfície, meio e fundo) para a
determinação das seguintes variáveis limnológicas básicas: temperatura, pH,
condutividade elétrica, alcalinidade, sólidos dissolvidos totais (SDT) sólidos suspensos
totais (SST), oxigênio dissolvido inicial (ODI), oxigênio dissolvido final (ODF),
demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
), nitrogênio total, nitrogênio total kjeldhal,
nitrogênio amoniacal, nitrato, nitrito, fósforo total, fosfato total, cálcio, magnésio,
potássio, ferro total, manganês total, zinco total e cobre total para a qualificação da
água. Segundo os parâmetros estabelecidos, as águas analisadas se enquadram na classe
IV (destinadas á navegação, a harmonia paisagística, aos usos menos exigentes). O tipo
de uso e ocupação do solo é responsável pela má qualidade da água. O lago Ipaba
apresentou condições ambientais inferiores em relação aos demais lagos.
1
ABSTRACT
LOPES, Isaura Cabacinha. Centro Universitário de Caratinga, may 2007. Evaluation of
the quality of the water in the three lakes of the depression of the Mid Rio Doce-
MG. Thesis Advisor: Professor D.Sc. Meubles Borges Júnior.
The importance of the lacustrine system of the Mid-Vale do Rio Doce, M.G Brazil lies
on the fact that to be protected and preserved, but the human activies must be taken into
account. This paper evaluated the quality of the water in three lakes in the Rio Doce
State Park (PERD), which have different occupation and usage. It was done according
to the parameters established by brazilian legislation Conama 357/05. As for the
qualification of the water, the N/P (nitrogen in relation to the phosphorus in the
dynamics of the lakes production) reasons were done. In order to verify the limiting
element in the productivity process of the lakes and the possible level of eutrofization of
the lakes and, also, because these lakes have the same origin are located in a tropical
area amidst similar alocton material. In order to do the evaluation, three lakes were
compared: Ipaba’s lake, which has an urban occupation and usage, Hortêncio’s lake,
which is used for SSP eucalyptus plantation, and Jacaré’s lake which is also used for
SSP eucalyptus plantation, as well as, for recreational use. Sample waters were lakes,
during two seasons (dry and rainy), in three depths (surface, mid-depth and bottom) for
determinatie of limnological variables: temperature, pH, alkalinity, conductivity, total
dissolved solids (SDT), total suspended solids (SST), initial dissolved oxygen (ODI),
final dissolved oxygen (ODF), biochemical demand of oxygen (DBO
5
), total nitrogen,
total nitrogen kejeldhal, nitrogen ammoniac, nitrate, nitrite, total phosphorus, total
phosphate, calcium, magnesium, potassium, total iron. Total manganese, total zinc and
total copper, in order. In conclusion, according to the parameters established, the
analyzed samples of water fit in class IV (used for navigation, landscape’s harmony,
and to other less demanding usages). The king of use and occupation of the soli is
responsible for the bad quality of the water others, for the qualification of the water.
Ipabas’s lake presented the worst environmental conditions as for resolution among the
three lakes.
1
1. INTRODUÇÃO
A dinâmica da natureza e o desequilíbrio ecológico devem ser analisados em sua
totalidade e não através das partes que os compõem. Compreender essa dinâmica
significa que todos os elementos devem ser analisados como parte de um todo integrado
e interagente, porque o espaço geográfico é resultado das relações que se estabelecem
na sociedade ao longo do processo histórico. Nesse sentido, o estudo deve contemplar a
compreensão da dinâmica da sociedade humana e a da natureza. Devemos nos
preocupar em analisar as ações humanas sobre a natureza, e a partir daí construir
conceitos de equilíbrio e desequilíbrio ecológico, bem como as relações homem/
natureza, medidas pelo trabalho, que dependem da forma como a sociedade se organiza
e produz, se apropriando da própria natureza (Ruas et al., s/d).
O sistema lacustre do Médio Vale do Rio Doce é uma área de grande aglomerados
urbanos e industriais e a dependência do homem moderno dos ecossistemas aquáticos, é
ainda mais evidente nessa região, porque grande parte dos efluentes domésticos e
industriais e lamas dos corpos d’água reduzem a possibilidade de utilização dos
recursos hídricos. A importância do seu estudo está no sentido de preservar esse
ambiente paisagisticamente, levando em conta as atividades humanas, os diversos usos
do solo, suas características geológicas e melhorar a qualidade de vida da população do
seu entorno.
Para Karr (1997), as atividades antrópicas provocam alterações em cinco
categorias nos cursos d’água agrupados em: qualidade de água, estrutura do hábitat,
regime de fluxo, fonte de energia e interações biológicas. Mudanças em quaisquer
dessas categorias irão interferir nas demais.
A crescente degradação dos recursos hídricos no sistema lacustre do Médio Vale
do Rio Doce, resultado da ação antrópica, pode tornar a água imprópria para usos
diversos. A poluição das águas pode ocorrer através do derramamento de substâncias
químicas, em concentração acima do normal, causando efeitos adversos em um
organismo qualquer, sendo um importante fator que afeta o ciclo geoquímico quanto à
qualidade ambiental (Kabata – Pendias & Pendias, 2001). Por outro lado, o estudo sobre
a poluição de solos e sedimentos tem merecido atenção especial, pois se apresenta não
apenas como um tampão natural que controla o transporte de elementos químicos e
1
outras substâncias para a atmosfera, hidrosfera e biota, mas também como dreno para
contaminantes, podendo representar sérios ricos à saúde e à qualidade do meio ambiente
(Guilherme, 1999; Kabata – Pendias & Pendias, 2001). Portanto estudos em áreas que
concentram inúmeras atividades humanas envolvendo a qualidade da água e a
caracterização dos sedimentos, representam um grande avanço no que diz respeito à
caracterização e minimização de possíveis impactos negativos.
A comparação entre ecossistemas com comportamento semelhante é importante e
útil porque pode detectar mudanças ambientais entres os mesmos, quando comparados e
relacionados com a ação do homem no espaço geográfico e os processos naturais que os
envolvem. Nesse sentido os ambientes aquáticos selecionados para o estudo estão
submetidos às várias perturbações tais como: prática da monocultura do Eucalyptus spp,
escoamento de produtos tóxicos usados nessa monocultura, despejo de esgoto
doméstico e lixo, erosão de solo, uso de máquinas, construção de aterros etc., podendo,
através dessas práticas, alterar o ambiente. A diversidade das atividades humanas pode
modificar os ciclos geoquímicos naturais dos elementos presentes no ambiente, fazendo
com que sua acumulação nas várias geoesferas (litosfera, biosfera, hidrosfera, etc.) seja
de grande preocupação para a sociedade.
O presente trabalho avaliou a qualidade físico-química das águas de três lagoas
localizados no entorno do Parque Estadual do Rio Doce (PERD), considerando o uso e
ocupação de cada lagoa pelas atividades humanas.
Especificamente, objetivou-se:
I – Avaliar a qualidade das águas com base no monitoramento hidroquímico
sazonal de parâmetros físico-químicos (temperatura, pH, ODI e ODF, condutividade
elétrica, alcalinidade total, DBO, nitrogênio total, nitrogênio total (Kjeldahl), nitrogênio
amoniacal, nitrato, nitrito, amônia, fosfato total, fósforo total, SST e STD) comparando-
os aos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05.
II – Avaliar a qualidade das águas de parâmetros físico-químicos (temperatura,
pH, ODI e ODF, condutividade elétrica, alcalinidade total, DBO, nitrogênio total,
nitrogênio total (Kjeldahl), nitrogênio amoniacal, nitrato, nitrito, amônia, fosfato total,
fósforo total, SST e SDT) com base no uso e ocupação do solo da área do entorno das
lagoas e no monitoramento hidroquímico sazonal.
III – Avaliar, geoquimicamente, a distribuição de alguns elementos químicos (Ca,
Mg, K, Fe, Mn, Zn e Cu) nas amostras de águas com base no uso e ocupação do solo da
área da área das lagoas e no monitoramento hidroquímico sazonal.
2
V – Identificar o elemento limitante da produtividade das lagoas;
VI – Classificar as lagoas quanto à produtividade e ao estado trófico.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Médio Vale do Rio Doce
A região lacustre do Médio Vale do Rio Doce faz parte da Província Estrutural
Mantiqueira, definida por Almeida et al. (1997), localizando-se na Zona Ocidental do
setor Setentrional dessa Província, como definido por Almeida & Litwinski (1984).
Segundo Hasui (1982), os processos e eventos geológicos ocorridos na Província
Estrutural Mantiqueira durante a sua estrutura Pré-cambriana, atestam que os ciclos
Jequié, Transamazônico, Uruaçuano e Brasiliano afetaram a província de forma
heterogênea, sendo o evento Jequié (2700 ± 200 Ma) responsável por uma estruturação
da província, resultando o bloco estrutural de terrenos arqueanos a partir da
descontinuidade Jequié.
Para Almeida & Litwinski (1984), a Zona Ocidental é definida a Oeste da
descontinuidade Jequié que se desenvolveu, em sua maior parte, sobre um bloco crustal
arqueano, cuja evolução durante o Proterozóico foi caracterizada por metamorfismo
menos intenso que aquele que afeta a parte Oriental, sendo excepcional a presença de
fácies granulito em seu embasamento. A Zona Ocidental é constituída, sobretudo, por
um conjunto complexo de gnaisses, migmatitos, granitos, granodioritos e restos de
greenstone belts de idade arqueana, sujeitas, posteriormente, a processos sedimentares,
tectônicos e metamórficos na fácies Xisto-Verde e anfibolito. Almeida (1978, apud
Almeida & Litwinski, 1984), ainda afirma que esta porção teria sofrido um período de
relativa estabilidade tectônica até o evento Transamazônico.
Essa área caracteriza-se por apresentar um cinturão de rochas granulíticas
provavelmente arqueanas. Segundo Almeida & Litwinski (1984), no decorrer do
Proterozóico, essas rochas foram afetadas por processos policíclicos de metamorfismo,
migmatização e deformação, nos ciclos Transamazônico e Brasiliano.
Estas unidades litológicas (gnaisses, migmatitos, granitos, granodioritos e restos
de greenstone belts de idade arqueana) apresentam-se, normalmente, com foliação
NNE-SSW, paralela aos contatos entre as unidades ocidental e oriental. Para Silva et. al.
(1991), os contatos se fazem por meio de uma forte transposição de baixo ângulo de
caráter regional.
4
Para os autores acima, as transposições processam-se por zonas de cisalhamento
compressionais de natureza dúctil, com vigência rumo ao cráton de São Francisco.
A área em estudo, localizada no Parque Estadual do Vale do Rio Doce, está
situada na depressão interplanáltica do Vale do Rio Doce, que compreende uma
depressão alongada, com cerca de 200 km de comprimento e 50 km de largura. É
fortemente controlada pelas principais estruturas do embasamento Pré-cambriano, com
sua formação ligada a mecanismos tectônicos rúpteis, de idade Cenozóica (IGA-MG
1977).
O Médio Rio Doce pode ser caracterizado como uma região ampla, de baixas
altitudes e coberto, em sua maior parte, por aluviões. Nos processos de evolução de
sucessivas superfícies de desnudação e agradação, reconhece-se o ciclo Velhas, e o ciclo
Paraguaçu ao período Terciário Tardio e Pleistoceno, bem desenvolvidos, acarretando
na preservação de pequenas áreas relacionadas à superfície Sul Americana (Terciário
inicial), o Médio Vale do Rio Doce poderia ter a sua origem associada a movimentos
Tectônicos do Terciário médio a tardio (King, 1956).
O relevo é caracterizado por colinas com topos nivelados e altitudes variando
entre 200 e 500 m, limitadas por serras que alcançam altitudes acima de 1000 m.
A depressão interplanáltica do Vale do Rio Doce compreende uma faixa com
cerca de 20 km de largura e 80 km de comprimento caracterizada por vales entulhados
de sedimentos onde estão situados as lagoas que formam o sistema de lagoas barrados
do Médio Vale do Rio Doce. As lagoas que compreendem o sistema apresentam
dimensões variadas, alcançando comprimentos máximos próximos a 5 km e áreas de até
4 km
2
(Meis & Tundisi, 1986). Suas formas comprovam a sua origem ligada a antigas
drenagens afogadas.
Segundo Pflug (1969), o sistema de lagoas individualiza as seguintes feições
geomorfológicas:
Superfícies de colinas niveladas a 50 e 70 m acima do nível do rio, recobertas
por solos espessos, de coloração avermelhada, antigas superfícies de aplainamento
dessecadas pela rede de drenagem;
Terraços de acumulação 20 m acima do nível do rio, constituídos por areios
valores médios a grossa, apresentando traços de paleocanais em superfícies;
Lagoas barrados pelo terraço de acumulação;
5
Terraços de erosão, situados 5 a 12 m acima do nível do rio. Para Meis &
Monteiro, 1979, destacam feições de rampas de colúvio e terraços fluviais
característicos dos vales fluviais da região, associados às formas de cabeceiras de
drenagem em anfiteatro entulhados e aos vales com fundos entulhados.
2.1.1. A formação do sistema de lagoa do Médio Vale do Rio Doce
As lagoas não são elementos permanentes das paisagens da Terra. Têm curta
durabilidade na escala geológica, surgindo e desaparecendo no decorrer do tempo. Seu
próprio metabolismo é um dos fenômenos mais importante para seu desaparecimento.
Segundo Esteves (1998), a grande maioria das lagoas da Terra é de pequena
profundidade e, no Brasil, ao contrário dos outros países, ocorre a predominância
numérica de sistemas fluviais e a atividade geológica da rede é responsável pela maior
formação das lagoas nos país.
Através da análise de fotografias aéreas, Pflug (1969) propôs que a formação dos
sistemas das lagoas do Médio Vale do Rio Doce estivesse relacionada à barragem de
vales tributários do Rio Doce, em suas desembocaduras, pelo acúmulo de clastos
grossos, associados à evolução a uma fase de clima semi-árido que correspondesse ao
último período glacial do hemisFerio norte. Ele concluiu que os vales tributários foram
formados em uma fase anterior, pela dissecação de uma antiga superfície de
aplainamento, com condições climáticas semi-úmidas. Condições atuais teriam,
posteriormente, sido responsáveis pelo preenchimento dos vales represados com lagoas
permanentes, quase até o nível do terraço de acumulação, atribuindo a evolução
morfogenética do Médio Vale do Rio Doce a um desenvolvimento policíclico em
conseqüência de mudanças climáticas durante o Quaternário.
Para Pflug (1969, a e b), a formação das lagoas em diferentes vales fluviais teria
se dado em etapas. O Rio Doce teria ocupado o vale e as altas taxas de sedimentação
teriam provocado o preenchimento e a elevação do leito até o ponto que o curso seria
capaz de migrar através de divisores rebaixados para um vale adjacente, no qual o
processo teria se repetido. As posições ocupadas estariam representadas pelos traços de
paleocanais registrados na superfície de terraços de acumulação.
Fundamentada em análises estratigráfica, ainda subordinada a análise das formas
do relevo, alguns autores (Meis, 1977; Meis & Machado 1978; Meis & Monteiro, 1979)
elaboraram uma cronologia de eventos para o Pleistoceno Médio Tardio e o Holoceno,
6
pautada na identificação de níveis de acumulação de depósitos fluviais e de encosta
(Terraços e Rampas) para explicar a formação do sistema lacustre atual.
Estudos palinológicos realizados (Overloop, 1981), baseado na reconstrução de
alterações na cobertura vegetal pela identificação e contagem de grãos de pólem e
esporos preservados nos sedimentos esclarece a existência das lagoas já no limite do
Pleistoceno-Holoceno. Esses estudos foram conduzidos pelos levantamentos
estratigráficos e sedimentológicos realizados por Meis & Monteiro (1979), através de
sondagem na lagoa Jacaré destacando-se a verificação de uma a camada turfosa datada
por esses autores em 9.840 ± 220 anos A.P.
Ybert et al. (1993, 1995), em estudos realizados a partir de testemunhos de
sondagem coletados na lagoa Dom Helvécio, fornecem outros indícios a respeito da
evolução lacustre durante o Holoceno. Os autores reconhecem duas unidades
sedimentares submersas sedimentológicas, caracterizadas por conteúdos palinológicos
diferentes, com idade entre 9.500 e 9.000 anos A.P.
Turcq et al. (1994), com base nos dados palinológicos associados aos dados
levantados por Servanite et al. (1989), admitiram que a formação das lagoas pudesse ter
sido induzida também por uma subsidência tectônica regional.
Barbosa & Kohler (1981) e Suguio & Kohler (1992), com base em estudos
geomorfológicos, apresentam evidências de uma possível atuação de mecanismos
tectônicos na formação das lagoas.
Estudos atuais realizados por Mello (1997), atribuem maior importância aos
condicionantes neotectônicos na formação das lagoas considerados pelos trabalhos
prévios e em um novo quadro estratigráficos estabelecidos, fundamentados quase que
exclusivamente em indicadores geomorfológicos e dados sedimentológicos descritos,
ancorados em datações. Porém, o quadro estratigráfico estabelecido é mais preciso e de
maior abrangência espacial para os depósitos cenozóicos em uma análise estratigráfica
regional da depressão interplanáltica do Rio Doce e no levantamento sistemático de
dados estruturais que possam subsidiar uma análise neotectônica, além da observação de
indicadores na natureza geomorfológica para analisar a origem das lagoas.
2.1.2. Aspectos fisiográficos do Médio Vale do Rio Doce
- Hidrografia
7
O Rio Doce situa-se na Região Sudeste do Brasil, nos estados de Minas Gerais e
Espírito Santo. Sua área de drenagem abrange 83.400 km
2
, dos quais 86 % pertencem a
Minas Gerais e 14% ao Espírito Santo. Nasce numa altitude superior a 1.000 m em
Minas Gerais, no Morro Queimado, município de Ressaquinha, nas serras do complexo
Espinhaço e Mantiqueira, percorrendo 853 km desde o Rio Piranga até o distrito de
Regência, em Linhares, no Espírito Santo, onde deságua no Oceano Atlântico. Seu
regime é considerado como subequatorial, com vazões máximas em janeiro e fevereiro
e mínimas em setembro (fim da estação invernal). Em sua cabeceira, seus principais
afluentes são os rios Piracicaba, que nasce em Ouro Preto, na região do Parque do
Caraça e deságua no rio Doce nos limites entre os municípios de Ipatinga e Timóteo, e o
rio Santo Antônio afluente importante, que nasce em Conceição do Mato Dentro na
confluência do rio Peixe e rio Guanhães.
Os rios que formam o rio Doce são o Piranga, Xopotó e Ribeirão do Carmo. Seus
principais afluentes, pela margem direita, são os rios Casca, Matipó, Caratinga,
Manhuaçu e Guandu e, pela margem esquerda, os rios Piracicaba, Santo Antônio,
Suaçuí Grande e Pancas.
Na região interplanática do Médio Vale do Rio Doce, distribuídas nas sub-bacias
dos rios Santa Bárbara, Piracicaba, Peixe, Severo, Ipanema e Doce está situado o Parque
Estadual do Rio Doce. Esta área é ocupada pelo maior sistema lacustre do estado de
Minas Gerais, que se constituiu após longo período de Peneplanação condicionado por
processos tectônicos.
- Relevo
O relevo está caracterizado pela presença de colinas com topos nivelados
(Domínios de Mares de Morros) e altitudes variando entre 200 m e 500 m, limitadas por
conjunto de serras que alcançam altitudes acima de 1.000 m.
Destacando terraços de acumulação, superfícies de colinas e os terraços de erosão
como feições importantes do relevo da área.
O Parque Estadual do Rio Doce está limitado do lado oeste-noroeste pela Serra de
Timóteo e Serra de Marliéria, com cota máxima de 1.045 m. Na parte Sul, existe o
morro de Galvão com 581 m e, pelo lado oeste, a Serra de Bom Jesus do Galho. Dentro
do parque as altitudes variam entre 230 m e 515 m. (Gilhuis 1986).
8
A área do PERD possui 21,1% de relevo plano, 15% de ondulado, 33.5% de
ondulado a fortemente ondulado e 34.1% de fortemente ondulado a montanhoso e o
restante de 98 % preenchido pelo sistema lacustre. (Cetec, 1981).
- Vegetação
Caracterizada pela mata tropical úmida, que abrange todo o Médio Vale do Rio
Doce (Mello 1997), sua distribuição dentro do parque pode ser diferenciada, a priori em
três tipos:
Mata de interflúvios e vertentes íngremes, instaladas sobre os solos
movimentados (eluviões).
Matas instaladas sobre rampas de colúvio, responsáveis pelo barramento dos
canais fluviais atualmente ocupados pelas lagoas.
Matas que crescem sobre os aluviões do paleocanal do Rio Doce.
Segundo Rizzini (1979), as matas pertencem à formação Florestal Pluvial
Atlântica Baixo Montana, com características de semi-decidual a decidual (estação seca
de quatro a cinco meses), solo profundo, situando-se entre 300 m a 800 m de altitude.
A idade geológica da vegetação do parque é calculada em torno de 14.160 anos,
tendo origem na época da implantação das grandes florestas no Pleistoceno.
O entorno da Mata Tropical está coberto por uma vegetação introduzida pela ação
humana como forma de sobrevivência e abastecimento da população e indústrias locais.
- Clima
Segundo Strahler (1952), o sistema hídrico da área está associado ao clima local,
tipo Aw-tropical quente semi-úmido. O valor médio do mês mais frio igual ou superior
a 18 ºC (inverno seco). A precipitação média é de 1.500 m com a máxima ocorrendo em
dezembro e, a mínima, em junho, que alimenta as lagoas.
- Solo
Os solos do Parque Estadual do Rio Doce e adjacências do Médio Vale do Rio
Doce são constituídos de sete tipos: PVA-Argiloso vermelho-amarelo (Tipo 2),
9
Podzólico vermelho-amarelo álico, de relevo forte ondulado e montanhoso, solo de
terraços antigos (Latósolos) solo hidromórficos e aluviais recentes e solos
hidromórficos Glei Húmicos e orgânicos.
2.2. Dinâmica de lagoas
O perfil vertical de temperatura em lagoas e reservatórios varia com as estações
do ano. Essa variação de temperatura afeta a densidade da água e, em decorrência, a
capacidade de mistura e estratificação do corpo d’água. (Thomann e Mueller, 1987).
Durante o verão e nos meses mais quentes do ano, a temperatura da camada
superficial é bem mais elevada que a temperatura do fundo, devido à radiação solar. Por
isso, a densidade da água superficial torna-se inferior à densidade da camada do fundo,
fazendo com que haja camadas distintas no corpo d’água, a saber:
a) epilímnio: camada superior, mais quente, menos densa, com maior
circulação;
b) termoclina: camada de transição;
c) hipolímnio: camada inferior, mais fria, mais densa, com maior estagnação.
A diferença de densidades pode ser tal que cause a completa estratificação no
corpo d’água, com as três camadas não se misturando entre si. Essa estratificação tem
uma grande influência na qualidade da água. Dependendo do grau de trofia do corpo
d’água, poderá haver uma ausência completa de oxigênio dissolvido no hipolímnio. Em
decorrência disto, nesta camada têm-se a predominância de compostos reduzidos de
ferro, manganês e outros (Thomann e Mueller, 1987).
Com a chegada do período frio há um resfriamento da camada superficial da
lagoa, causando certa homogeneização na temperatura ao longo de toda a profundidade.
Com a homogeneização da temperatura, tem-se também uma maior similaridade entre
as densidades. A camada superior, subitamente resfriada, tende a ir para o fundo da
lagoa, deslocando a camada inferior e causando um completo revolvimento da lagoa. A
este fenômeno dá-se o nome de inversão térmica. Em lagoas que apresentam uma maior
concentração de compostos reduzidos no hipolímnio, a reintrodução destes na massa
d’água de todo a lagoa pode causar uma grande deterioração na qualidade da água. A
redução da concentração de oxigênio dissolvido, devido à demanda introduzida pelos
compostos orgânicos e inorgânicos reduzidos, bem como à ressuspensão da camada
anaeróbia do fundo pode causar a mortandade de peixes. (Thomann e Mueller, 1987).
10
A FIGURA 1 apresenta um perfil típico de temperatura e OD nas condições de
estratificação e de inversão térmica.
FIGURA 1: Perfis de um lago em condições de estratificação e de inversão térmica.
Fonte: Thomann e Mueller (1987).
2.2.1. Estratificação em regiões tropicais
Em lagoas tropicais, o mais comum é a ocorrência de estratificação e
desestratificação diária, ou mesmo a estratificação durante a primavera, verão e outono,
com desestratificação no inverno.
Segundo Esteves (1998), a estratificação e desestratificação diária da coluna
d’água ocorrem pela estratificação que se desenvolve durante o período do dia,
culminando com o máximo de estabilidade térmica por volta das 16 horas às 17 horas,
facilitada pela pequena diferença de temperatura entre o epilímnio e o hipolímnio.
O autor ainda considera que, no período de verão em regiões tropicais, a
estratificação é duradoura, resultado da pequena variação diária de temperatura do ar
11
que, para ecossistemas aquáticos, implica em reduzidas perdas de calor para a atmosfera
mesmo pela madrugada. Outro fator também considerado é a maior profundidade da
coluna d’água em função da pluviosidade.
Na região do Baixo Médio Vale do Rio Doce, em geral, as lagoas permanecem
estratificados na maior parte do ano, desestratificando-se no inverno, já que nessa época
ocorre o resfriamento do epilímnio, depois do metalímnio e depois de toda a coluna
d’água (Rugani, 1980).
2.3. Eutrofização
A eutrofização é o crescimento excessivo das plantas aquáticas, tanto planctônicas
quanto aderidas, a níveis tais que sejam considerados como causadores de interferências
com os usos desejáveis do corpo d’água (Thomann e Mueller, 1987). Sendo o principal
fator de estímulo um nível excessivo de nutrientes no corpo d’água, principalmente
nitrogênio e fósforo.
Para efeito da discussão sobre eutrofização, enfocam-se, como corpo d’água,
principalmente lagoas e represas. O processo de eutrofização pode ocorrer também em
rios, embora seja menos freqüente, devido às condições ambientais serem mais
desfavoráveis para o crescimento de algas e outras plantas, como turbidez e velocidades
elevadas.
A descrição a seguir ilustra a possível seqüência da evolução do processo de
eutrofização em um corpo d’água, como um lago ou represa (FIGURA 2). O nível de
eutrofização está usualmente associado ao uso e ocupação do solo predominante na
bacia hidrográfica.
12
FIGURA 2: Evolução do processo de eutrofização em um lago ou represa.
Fonte: Thomann e Mueller (1987).
2.3.1. Nutriente limitante
Nutriente limitante é aquele que, sendo essencial para uma determinada
população, limita seu crescimento. Em baixas concentrações do nutriente limitante, o
crescimento populacional é reduzido. Com a elevação da concentração do nutriente
limitante, o crescimento populacional também aumenta. Essa situação persiste até o
13
ponto em que a concentração desse nutriente passa a ser tão elevada no meio, que um
outro nutriente passa a ser o fator limitante, por não se apresentar em concentrações
suficientes para suprir os elevados requisitos da grande população. Esse novo nutriente
passa a ser o novo nutriente limitante, pois não adianta aumentar a concentração do
primeiro nutriente, uma vez que a população não crescerá, pois estará limitada pela
insuficiência do novo nutriente limitante. (Thomann e Mueller 1987)
Thomann e Mueller (1987) sugerem o seguinte critério, com base na relação entre
as concentrações de nitrogênio e fósforo (N/P), para se estimar preliminarmente se o
crescimento de algas em um lagoa está sendo controlado pelo fósforo ou nitrogênio:
a) Grandes lagoas, com predominância de fontes não pontuais: N/P >> 10:
limitação por fósforo.
b) Pequenas lagoas, com predominância de fontes pontuais: N/P << 10: limitação
por nitrogênio.
De acordo com Salas e Martino (1991), a maioria das lagoas tropicais da América
Latina é limitada por fósforo. Um outro aspecto é o de que, mesmo que se controle o
aporte externo de nitrogênio, há algas com capacidade de fixar o nitrogênio
atmosFerico, que não teriam a sua concentração reduzida com a diminuição da carga
afluente de nitrogênio. Por essas razões, prefere-se dar uma maior prioridade ao controle
das fontes de fósforo quando se pretende controlar a eutrofização em um corpo d’água.
2.4 Propriedades físico-químicas
2.4.1. Temperatura
Medida de intensidade de calor, a temperatura influi em processos biológicos,
reações químicas e bioquímicas e afeta propriedades como, densidade, viscosidade,
tensão superficial, pressão do vapor.
Segundo Mccuteheon et al. (1993), a temperatura é diretamente proporcional à
solubilidade dos gases e inversamente proporcional à solubilidade dos sais minerais.
A existência do fenômeno da estratificação térmica em lagoas, faz com que se
reconheçam nas lagoas camadas diferentes físicas e mesmo químicas, durante certos
períodos do ano. Para Branco (1986), esse fenômeno varia tanto em freqüência quanto
em intensidade de um lagoa para outro ou de uma região para outra do globo terrestre,
14
de acordo com as características morfológicas da lagoa, ou com as variações do clima
local.
Em lagoas tropicais, a temperatura das águas superficiais se apresenta elevada,
situada entre os 20 ºC e 30 ºC
com pequenas variações anuais e pequeno gradiente
térmico a qualquer profundidade, embora o gradiente de densidade possa ser suficiente
para condicionar uma estabilidade de estratificação perfeita. A circulação, em geral,
somente se verifica nas épocas mais frias do ano e é irregular (Branco, 1986).
2.4.2. pH
Para Mccutcheon et al. (1993), o pH é definido como o logaritmo negativo da
concentração de íons H
+
, sendo uma medida adimensional que representa o equilíbrio
entre os íons H
+
e OH
-
, expresso em termos de íons de H
+
. O pH apresenta variação
entre 0 e 14, sendo neutro em valor igual ou próximo de 7.
O pH determina a capacidade agressora da água para solubilizar precipitados
(minerais) lixiviando seus constituintes ou precipitar sais que se depositam nos
sedimentos. Em baixos valores de pH ocorre a solubilização de metais, podendo causar
a toxidez das águas e em altos valores ocorre a precipitação dos mesmos e dependendo
das condições oxi-redutoras ocorre a autodepuração das águas (Mestrinho, 1999).
O pH controla também a especiação de várias substâncias, influencia na
dissolução e precipitação e determina se a água poderá suportar a vida aquática, sendo
por isso um determinante crítico na qualidade da água e como tal, a resolução
CONAMA 357/05 estabelece que as águas Classes I, II, III devem apresentar pH
entre 6 e 9.
2.4.3. Condutividade Elétrica
A condutividade elétrica representa a capacidade de a água conduzir corrente
elétrica, apresentando relação proporcional à concentração de sólidos totais dissolvidos
(Santos, 1997). É determinada pela presença de substâncias dissolvidas que se
dissociam em cátions e ânions, sendo portanto relacionada com atividade iônica de uma
15
solução. Quanto maior a atividade iônica de uma solução maior será a condutividade
elétrica, sendo fortemente dependente da temperatura, aumentando cerca de 2% a cada
grau centígrado (Macedo, 2004).
Os valores de condutividade elétrica e dos sólidos totais dissolvidos sugerem o
tipo de material com o qual a água está em contato e à medida que mais sólidos
dissolvidos são adicionados, a condutividade aumenta.
O pH também pode ter grande influência sobre os valores de condutividade
elétrica em águas pobres em sais solúveis. Em baixos valores de pH (< 5), os íons H
+
tornam-se os responsáveis pelos valores de condutividade elétrica. Em águas muito
alcalinas (pH > 9) os valores de condutividade elétrica são devido à elevada
concentração de poucos íons em solução (Esteves, 1998). Altos valores de
condutividade elétrica podem indicar características corrosivas da água.
A condutividade elétrica constitui uma das variáveis mais importantes em
limnologia, visto que pode fornecer importantes informações tanto sobre o metabolismo
aquático, como sobre fenômenos importantes que ocorram na bacia de drenagem, tais
como a magnitude da concentração de alguns íons (chamados macronutrientes), a
produção primária e decomposição e fontes poluidoras, dentre outros. (Esteves, 1998).
Nas regiões tropicais, segundo Barbosa (1981), os valores da condutividade
elétrica estão relacionados com o padrão de estratificação térmica da coluna d’água,
com a duração deste período, com as características geoquímicas da região e com as
condições climáticas. Este parâmetro pode fornecer importantes informações que
possibilitem identificar as várias províncias geológicas, evidenciando a interação entre o
sistema aquático e terrestre.
2.4.4. Sólidos
Segundo Macedo (2004), todas as impurezas da água, com exceção dos gases
dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos presentes nos recursos hídricos. De
acordo com seu tamanho e características químicas, os sólidos totais podem ser
classificados em: sólidos dissolvidos voláteis, sólidos dissolvidos fixos, sólidos
dissolvidos totais, sólidos em suspensão voláteis, sólidos em suspensão fixos, sólidos
em suspensão totais.
Os valores de sólidos dissolvidos sugerem o tipo de material com o qual a água
está em contato, sendo mais elevados nas águas associadas à calcário e basalto que em
16
granitos e quartzitos (Mestrinho, 1999). Em ecossistemas naturais, o lançamento de
esgoto doméstico, despejos industriais e de mineração provocam grandes variações nos
teores de sólidos totais.
A concentração de sólidos totais altera profundamente tanto a qualidade quanto a
intensidade espectral da radiação no meio aquático (Esteves, 1998). Os sólidos em
suspensão têm enorme significado em estudos de produtividade das lagoas, uma vez que
deles dependem a quantidade disponível de luz em uma massa de água para a realização
de fotossíntese, portanto a quantidade de plânctons vegetal que pode ser encontrado
nessa água, ou em uma dada profundidade.
A intensidade luminosa pode ser calculada em função da concentração de
partículas em suspensão e da distância a ser vencida no meio líquido pela lei de Beer
Lambert (Esteves, 1998).
2.4.5. Alcalinidade
A alcalinidade é a capacidade tampão de um corpo d’água em alterar o pH do
meio, ou a medida da capacidade da água agir como base pela reação com prótons. Para
Baird (1999), é o número de moles de H
+
necessário para titular um litro de água até o
final do pH usado.
Segundo Fenz (1998), a alcalinidade é causada pela presença de carbonatos
(CO
3
=
), bicarbonatos (HCO
3
-
) e hidroxila (OH
-
), além de metais alcalinos e alcalinos
terrosos (Na, K, Ca, Mg, etc.), sendo uma indicação da concentração destes íons. Baird
(1999), afirma ainda que a alcalinidade possa ser causada pela presença de amônia
dissolvida (NH
3
) e ânions de ácido fosfórico (HPO
4
=
), de boro (BO
4
=
) e silício (SiO
4
=
).
Entretanto, segundo Macedo (2004), a alcalinidade é normalmente encontrada em águas
naturais sob a forma de carbonato e bicarbonato.
A alcalinidade está diretamente relacionada ao pH, à temperatura, ao substrato
rochoso e à força iônica. A ação de microorganismos presentes nos processos biológicos
de sistemas de tratamento de água pode ser inibida pelo excesso de alcalinidade e em
locais com influência antrópica a alcalinidade tamm pode ser influenciada por
efluentes industriais.
2.4.6. Oxigênio dissolvido
17
O oxigênio é um dos gases mais importantes na dinâmica dos ecossistemas
aquáticos. O oxigênio dissolvido provém do ar e das atividades fotossintética das algas
e de outros vegetais aquáticos. Quanto maior for a agitação da água, maior quantidade
de oxigênio será absorvida do ar. Em ambientes de água parada é importante a
transparência do líquido para a maior penetração de luz solar, possibilitando ao
ambiente maior produção fotossintética de oxigênio. A sobrevivência dos organismos
aeróbicos depende da presença de oxigênio dissolvido.
Baird (1999), afirma que o oxigênio dissolvido é um importante parâmetro de
qualidade de água devido aos seus efeitos na flora e fauna aquática e, especialmente, na
capacidade de um corpo d’água degradar resíduos orgânicos. A redução na
concentração de oxigênio dissolvido é normalmente decorrente da oxidação da matéria
orgânica, principalmente, de esgotos.
Santos (1997), afirma ainda que o oxigênio é um fator significante na corrosão de
tubulações de ferro, aço, latão e na deposição de materiais incrustantes. Também afirma
que sua solubilidade em água é baixíssima e depende da temperatura, pressão parcial de
oxigênio e de sais dissolvidos, sendo diretamente proporcional à pressão atmosférica e
inversamente proporcional à temperatura e ao conteúdo de sais.
Em lagoas eutróficos, pouco profundos, ricos em matéria orgânica putrescível e
em plâncton, a quantidade de oxigênio decresce sensivelmente, podendo atingir valores
nulos nas regiões mais fundas. Assim a produtividade de um lago pode ser obtida
através da curva de oxigênio, considerando que a quantidade de substância oxidável
presente em um lagoa constitui a fonte de energia utilizável pelos organismos animais e
a causa a depressão do oxigênio nas regiões onde se acumula em maiores quantidades
(Esteves, 1998).
2.4.7. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO
5
)
A demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
) é a quantidade de oxigênio necessária
para a oxidação da matéria orgânica por ação de bactérias aeróbicas. A DBO é
determinada em laboratórios observando-se o oxigênio consumido em amostras de água
durante cinco (5) dias, à temperatura de 20
o
C.
18
Como parâmetro de avaliação da qualidade da água costuma-se utilizar a
expressão “oxigênio dissolvido final (ODF)” em contraste com o “oxigênio dissolvido
inicial (ODI)”. O ODI é o oxigênio dissolvido presente na água que é determinado
diretamente na amostra coletada, já o ODF é a diferença entre o ODI e a DBO. Portanto
o ODF representa a quantidade de oxigênio saturado de um ambiente aquático depois do
que foi consumido nas regiões profundas, na oxidação de substâncias orgânicas que se
precipitam e na respiração de animais e bactérias aeróbicas que ali vivem.
2.4.8. Nitrogênio
O nitrogênio pode estar presente na água sob várias formas (molecular, orgânico,
amônio, nitrito e nitrato), sendo o nitrato e amônio as formas mais importantes no
metabolismo de ecossistemas aquáticos. O nitrito representa uma forma intermediária
entre o amônio, forma reduzida, e o nitrato, forma mais oxidada. O nitrogênio
amoniacal e orgânico são importantes para avaliar o nitrogênio disponível para as
atividades biológicas (Esteves, 1998).
As principais fontes antrópicas de nitrogênio na água são o esgoto doméstico,
efluentes industriais, fertilizantes e excrementos de animais. Já as fontes naturais são a
água da chuva, material orgânico e inorgânico de origem alóctone e a fixação de
nitrogênio molecular no próprio ambiente aquático. Segundo Branco (1986), as águas
naturais, em geral, contêm nitratos em solução, sendo que a própria água da chuva traz
em solução pequenas quantidades de amônia ou de ácido nítrico provenientes de
descargas elétricas e, ao atravessar o solo, a água da chuva prolifera bactérias
nitrificantes que transformam amônia em nitrito e nitrato. A conseqüência do ponto de
vista ambiental é a de que seu incremento, em qualquer água traz como conseqüência, o
aumento da proliferação de microorganismos.
Outro aspecto a ser considerado é o fato dos nitratos serem altamente solúveis e
são constantemente retirados do solo pelas águas e depositados como sedimentos.
A amônia, formada em ambientes aquáticos, é resultante da decomposição tanto
aeróbica como anaeróbica da parte nitrogenada da matéria orgânica por organismos
heterotróficos. O sedimento é o principal sítio de realização deste processo.
2.4.9. Fósforo
19
O fósforo é o nutriente que existe em menor quantidade sobre a superfície
terrestre. Na maioria das águas continentais é o principal fator limitante de sua
produtividade. Entretanto, despejos orgânicos, especialmente de esgoto doméstico e
alguns tipos de despejos industriais podem enriquecer as águas com esse elemento,
sendo apontado como responsável pela eutrofização de corpos d’água (Branco, 1986).
O fósforo, presente nas águas naturais, encontra-se na forma de fosfato, seja
complexado ou na forma iônica. Segundo Stumm e Morgan (1981), os fosfatos
presentes nas águas continentais podem ser classificados em fosfatos solúveis e
insolúveis.
Segundo Esteves (1998), tem sido utilizada uma classificação mais didática que
agrupa o fósforo em cinco formas: fosfato particulado; fosfato orgânico dissolvido;
fosfato inorgânico dissolvido, ortofosfato ou fosfato reativo; fosfato total dissolvido e
fosfato total. Para a Limnologia todas as formas de fosfato são importantes, porém o
ortofosfato (P-orto) assume maior relevância por ser a principal forma de fosfato
assimilada pelos vegetais aquáticos.
Segundo Ohle (1937), em ambientes aquáticos o circuito do fósforo se dá com a
liberação de grande parte do fosfato dos detritos de organismos aquáticos após sua
morte ainda no epilímnio, antes de serem sedimentos. O fosfato orgânico dissolvido é
decomposto e reassimilado pela comunidade fitoplanctônica. Dependendo das
condições físico-químicas da coluna d’água, a fração do fosfato dos detritos será retida
no sedimento ou liberada para coluna d’água, após a decomposição.
Para Ruttner (1931), a distribuição das diferentes frações de fósforo na coluna
d’água parece não estar relacionada com o estado trófico das lagoas tropicais. Segundo
Tundisi et al (1977), nesses ecossistemas, durante o período de estratificação térmica,
observa-se acentuado aumento da concentração das diferentes frações com a
profundidade, independente do nível de produção fitoplanctônica. Por isso Schmidt
(1973b) afirma que a distribuição de fósforo ao longo da coluna d’água em lagoas
tropicais está mais relacionada com a concentração de oxigênio e o regime de
estratificação do que com a produtividade da lagoa.
Os ortofosfatos são biodisponíveis. Uma vez assimilados são convertidos em
fosfato orgânico e em fosfatos condensados. Após a morte dos organismos, os fosfatos
condensados são liberados na água. Entretanto eles não estão disponíveis para absorção
biológica até que sejam hidrolisados por bactérias.
20
Dos íons que interagem na precipitação do fosfato, os íons Ferricos são os que
têm maior importância. Nesta ciclagem o fosfato depende do estado de oxidação dos
íons Ferricos, que por sua vez dependem da concentração de oxigênio e do pH do meio.
O manganês também apresenta comportamento semelhante ao ferro (Uhlmann, 1975).
Outro aspecto a ser considerado é a grande capacidade de absorção do fosfato que as
argilas minerais possuem.
Para a avaliação desse parâmetro em sedimentos aquáticos ainda há que se
considerar as condições aeróbicas e anaeróbicas, porque verifica-se alteração no
comportamento do ciclo do fosfato em que o predomínio das concentrações de oxigênio
é o fator limitante, sobretudo em anaerobiose.
As principais fontes de fósforo são a dissolução de compostos do solo, a
decomposição da matéria orgânica, os esgotos domésticos e industriais, fertilizantes,
detergentes e excrementos animais.
A principal fonte natural de fósforo tem origem nas rochas de drenagem dos
ecossistemas, o que significa que a quantidade de fósforo de fonte natural, no sistema
aquático, depende diretamente do conteúdo do fósforo presente nos minerais das rochas
da bacia de drenagem. Dentre os minerais o mais importante é a apatita. O aporte de
fósforo pode ser apontado também através de material particulado e o fósforo resultante
da decomposição de organismos de origem alóctone.
2.4.10. Cálcio, magnésio e potássio
Diferentemente das águas marinhas, as águas continentais apresentam uma grande
variação em seus principais cátions, devido, principalmente, às característica geológicas
da bacia de drenagem e às condições climáticas a que estão submetidas. Ao contrário
dos ambientes costeiros, os ambientes localizados no interior do continente refletem
mais as condições geológicas da região, apresentando a concentração dos cátions,
principalmente, em função do intemperismo de rochas e solos (Esteves, 1998).
Em sistemas aquáticos, o cálcio é de grande importância para o crescimento de
algas macrófitas e muitos animais e em especial nos moluscos. Em termos celulares, a
principal função do cálcio é a manutenção da estrutura da membrana celular. Já a
principal importância do magnésio se deve à participação na formação de molécula de
clorofila, além de tomar parte de inúmeros processos metabólicos na célula como, no
metabolismo do nitrogênio. Em geral, a quantidade de magnésio no meio é superior às
21
normalmente requeridas pelos vegetais aquáticos. No caso do potássio, uma das
principais funções está na troca e transporte de outros íons para os meios intra e extra
celular. Estes elementos dificilmente atuam como fatores limitantes no meio aquático
(Esteves, 1998).
A presença de Ca e Mg na água pode ser prejudicial ao uso doméstico e industrial,
pois originam a chamada “dureza”. Esses cátions podem levar à incrustações em
tubulações, que podem ocasionar explosões. Em caldeiras, reduzem a transferência de
calor e aceleram a corrosão (Macedo, 2004).
2.4.11. Ferro e manganês
O ferro e o manganês fazem partem da composição da maioria dos sedimentos
limnicos, por serem elementos muito freqüentes na superfície da Terra e,
conseqüentemente, são encontrados nos corpos d’água mesmo em pequenas
concentrações. Dependendo principalmente do potencial de oxi-redução, do pH e da
temperatura, podem encontrar-se sob as formas reduzidas ou oxidadas. São importantes
na ciclagem de outros elementos como o fósforo, além de ter relevância no metabolismo
de certas bactérias na redução energética do CO
2
(Esteves, 1998)
.
Em águas com o pH abaixo de 7,5, baixa concentração de oxigênio e baixo
potencial redox, ferro e manganês são totalmente reduzidos (de Fe
3+
para Fe
2+
e de Mn
4+
para Mn
2+
) sendo a forma reduzida solúvel sob a forma de bicarbonato ou como íons
Fe
2+
e Mn
2+
, porém precipitados na forma de carbonato hidróxido e sulfeto (Esteves,
1998).
A presença de grandes concentrações de ferro em sedimentos de ambientes
aquáticos, associada às bactérias ferruginosas, pode elevar as frações de fosfato retidas
nos sedimentos, correspondendo ao fosfato precipitado pelos íons Ferrico. As difíceis
circulações das frações de fosfato podem provocar a sua exclusão definitiva ou
temporária de circulação, comprometendo o metabolismo de todo o ecossistema
aquático, reduzindo sua produtividade (Gessner, 1959).
A presença de ferro e manganês em quantidade excessiva é indesejável em
mananciais de abastecimento público devido aos seus efeitos no sabor, tingimento de
instalações sanitárias, aparecimento de manchas nas roupas lavadas e acúmulo de
depósitos em sistema de distribuição (Macedo, 2004).
22
2.4.12. Zinco e Cobre
Por serem esses elementos encontrados na natureza em pequenas concentrações,
da ordem de parte por milhão ou parte por bilhão, zinco e cobre são denominados
elementos-traços. Também, em função da concentração muito pequena e por serem
nutrientes essenciais aos seres vivos são denominados micronutrientes, tendo
importante papel no metabolismo dos organismos aquáticos. As características
geológicas e ecológicas das bacias de drenagens, assim como o tipo e da intensidade da
atividade humana, são responsáveis pela carga total dos elementos-traços. Dentro de
sistemas lacustres observa-se que o sedimento, seguido pelo plâncton são os principais
reservatórios desses elementos (Esteves, 1998).
Em águas superficiais, as concentrações de zinco estão na faixa de < 0,001 a
0,010 mg/l
-1
. O zinco é largamente utilizado na indústria e pode entrar no meio
ambiente através de processos naturais e antropogênicos, entre os quais se destacam a
produção de zinco primário, combustão de madeira, incineração de resíduos, produção
de ferro e aço. Efluentes domésticos com alta concentração de zinco têm uma aparência
leitosa e produzem um sabor metálico ou adstringente quando aquecidos. O zinco, por
ser um elemento essencial para o ser humano, só se torna prejudicial à saúde quando
ingerido em concentrações muito altas, o que é extremamente raro. É essencial aos seres
vivos e tem importante papel no metabolismo dos organismos aquáticos, uma vez que
participa de processos fisiológicos (Esteves, 1998).
As concentrações de cobre em águas superficiais são normalmente bem menores
que 0,020 mg/l
-1
. As fontes de cobre para o meio ambiente incluem corrosão de
tubulações de latão por águas ácidas, efluentes de estações de tratamento de esgotos,
escoamento superficial e contaminação por fungicida e pesticida no tratamento de solos
e efluentes e por precipitação atmosférica de fontes industriais. As principais fontes
industriais incluem indústrias de mineração, fundição e refinação. No homem, a
ingestão de doses excessivamente altas pode acarretar irritação e corrosão da mucosa,
danos capilares generalizados, problemas hepáticos e renais e irritação do sistema
nervoso central seguido de depressão. Entretanto, a intoxicação por cobre é muito rara
(Esteves, 1998).
A concentração e a circulação de zinco e cobre são melhores controlados pelos
processos de adsorção em minerais de argila, óxidos de ferro e matéria orgânica e pela
solubilidade de sulfetos, fosfatos, hidróxidos e carbonatos (Wedepohl, 1978).
23
24
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Caracterização da área de estudo
Situado no Leste de Minas Gerais, o Parque Estadual do Rio Doce (PERD) possui
uma área equivalente a 35.973 ha limitando-se a Leste com o Rio Doce e a Norte com o
rio Piracicaba. O Parque foi criado pelo Decreto Lei nº. 1119, de 14 de julho de 1944,
pelo governador Benedito Valadares Ribeiro. A área do parque faz parte do patrimônio
mundial, reconhecido pela UNESCO, em 3 de novembro de 1993. É mantido pelo
Instituto Estadual de Floresta (IEF), constituindo-se em um valioso centro de formação
e educação ambiental.
A área estudada insere-se na denominada “Depressão Interplanáltica do Vale do
Rio Doce” (IGA – MG 1977), que ocupa extensa porção do Médio Vale desta
importante bacia de drenagem, no Estado de Minas Gerais. (Figura 3)
O nome do rio Doce, na língua botucada, é “UATU-YUPÚ”, que significa Rio
Mãe. Nasce em Minas Gerais, no Morro Queimado, município de Ressaquinha,
próximo à serra de Mantiqueira. O rio Piracicaba, principal afluente em sua cabeceira,
em língua botucada é “UATU-BRUKÚKE”, que significa Rio Vermelho, nasce em
Ouro Preto na região do Parque do Caraça.
Grande parte da área estudada (porção Centro-Oeste) dentro da divisão político-
econômica do Estado de Minas Gerais situa-se na denominada Zona Metalúrgica,
estando presentes, nesta região, importantes usinas siderúrgicas, como a Usina
Siderúrgica de Minas Gerais (USIMINAS), a Aços Especiais Itabira S.A (ACESITA), a
Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira e a Celulose Nipo-Brasileira S.A (CENIBRA).
25
Lagoa
Ipaba
Lagoa
Hortêncio
Lagoa
Jacaré
FIGURA 3: Localização das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré no entorno do PERD.
Fonte: Imagem do Parque Estadual do Rio Doce a partir do satélite Landsat 5.(2002)
Uma pequena parcela da área, ao sul, pertence à chamada Zona da Mata Mineira.
As lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré, selecionados para este estudo, estão situados no
Baixo Médio Vale do Rio Doce e estão incluídos na chamada Zona Geográfica do Rio
26
Doce. Podem ser destacadas como de importância estratégica para os estudos
realizados, as cidades de Ipatinga, Ipaba, Pingo D’água, Timóteo, Coronel Fabriciano,
todas situadas no entorno das lagoas selecionados, além das demais cidades situadas na
Zona Geográfica do Rio Doce, como as cidades de Rio Casca, Raul Soares e São José
do Goiabal, na porção sul, Dionísio na porção centro-oeste e Caratinga na porção leste.
3.2. Critério de seleção das áreas de estudo
A seleção das lagoas baseou-se em dois critérios: a) dois lagoas que apresentaram
o maior processo de degradação dentro do conjunto das lagoas que constituem o entorno
do parque, b) um lagoa que apresentou melhores condições de preservação, para efeito
de comparação.
Além dos critérios já mencionados foram observados também:
- O sistema lêntico do parque e do seu entorno que apresentou uma área não muito
extensa e nem muito distante entre si, para a não ocorrência de diferenças ambientais
naturais significativas.
- A distância entre os locais de coleta e o laboratório que permitissem o retorno
das amostras no mesmo dia das coletas.
- Que as lagoas possuíssem as seguintes características: dois com uso e ocupação
do solo e outro preservado. Para tais considerações realizou-se um estudo de mapas em
escala de 1:100.000 e de 1:1.000.000 da região selecionada, disponibilizado pelo IBGE,
onde foi delimitada as áreas que preencheram os critérios estipulados.
- O custo da coleta e da análise das amostras na definição da quantidade e na
seleção das áreas a serem pesquisadas.
3.3. Período de estudo e de amostragem
A pesquisa foi realizada entre setembro de 2005 e janeiro de 2006. A abordagem
utilizada para a amostragem de água combinou as duas formas seguintes:
a) Amostragem realizada em três lagoas, com uso e ocupação do solo
diferenciado: Lagoa Ipaba com uso e ocupação do solo urbano; Lagoa Jacaré plantio de
Eucaliptus ssp e recreação; Lagoa Hortêncio considerado como referencial padrão.
(Figuras 4, 5 e 6)
27
b) As amostras de águas foram obtidas em 3 profundidades diferentes: superfície,
meio e fundo de cada lagoa, respeitando sempre a mesma distância entre as
profundidades.
FIGURA 4: Vista geral da lagoa Ipaba com FIGURA 5: Vista geral da lagoa Jacaré com
uso e ocupação do solo urbano. plantio de Eucaliptus ssp e recreação.
Margem 1
Centro
Margem 2
FIGURA 6: Vista geral da lagoa Hortêncio,
considerado como referencial padrão.
As amostras de água foram obtidas com o amostrador ou garrafa de “Van-Door”
(Figura 7), composto de um cilindro de PVC com capacidade de 7 litros e o princípio de
28
funcionamento é semelhante ao da garrafa de Kemmer. O amostrador é mergulhado
aberto em ambas as extremidades e após atingir a profundidade desejada deixa-se cair o
mensageiro que fecha hermeticamente a garrafa.
FIGURA 7: garrafa de Van-Door – instrumento
utilizado para a coleta das amostras de água em
profundidade.
3.4. Análises físico-químicas das águas
Os parâmetros liminológicos básicos analisados para água foram: temperatura,
pH, condutividade, alcalinidade, oxigênio dissolvido inicial (OD inicial), oxigênio
dissolvido final (OD final), demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
), nitrogênio total,
nitrogênio total Kjeldahl, nitrogênio amoniacal, nitrato, nitrito, fosfato total, fósforo
total, sólidos suspensos totais, sólidos dissolvidos totais, cálcio, magnésio, potássio,
ferro, manganês, zinco e cobre.
3.4.1. Temperatura
As medidas da temperatura da água foram realizadas mergulhando-se o
termômetro na água e fazendo-se a leitura após ter atingido o equilíbrio térmico. A
leitura foi feita com o bulbo de mercúrio dentro da amostra de água coletada em cada
29
profundidade. Em todas as profundidades as medidas foram realizadas imediatamente
após a coleta das amostras pela garrafa de “Van-Door”.
3.4.2. pH
A medida do pH foi realizada com aparelho portátil de marca Digimed, modelo
DM 20. Após a calibração do aparelho, procedeu-se a determinação do pH
introduzindo-se o eletrodo na amostra e obtendo-se o valor diretamente no leitor digital.
Em todas as profundidades, as medidas foram realizadas imediatamente após a coleta
das amostras pela garrafa de “Van-Door”.
3.4.3. Condutividade elétrica
A medida da condutividade elétrica foi realizada com aparelho de marca Mettler
Toledo, modelo NT 226. Após a calibração do aparelho, procedeu-se a determinação da
condutividade introduzindo-se o eletrodo na amostra e obtendo-se o valor diretamente
no leitor digital. Em todas as profundidades, as medidas foram realizadas imediatamente
após a coleta das amostras pela garrafa de “Van-Door”.
3.4.4. Determinação da alcalinidade total
Para a determinação da alcalinidade total, utilizou-se a metodologia descrita em
Goltermam & Climo (1978) modificada. Uma amostra de 100 ml foi titulada com
H
2
SO
4
0,01 ml
-1
até que o pH atingisse o valor de 4,35. A medida da variação de pH foi
realizada com aparelho portátil de marca ORION, equipado com sonda de baixa
manutenção e corpo em epóxi.
3.4.5. Determinação de oxigênio dissolvido
Para a determinação do oxigênio dissolvido inicial foi utilizado o método de
Winkler, modificado pela azida sódica, de acordo com Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater – 20ª edição (1999).
30
O oxigênio dissolvido final foi obtido pela incubação da amostra por 5 dias, a
20 ºC, depois pelo método de Winkler modificado pela azida sódica, de acordo com
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater – 20ª edição (1999).
A demanda bioquímica de oxigênio foi determinada pela diferença entre o ODI e
o ODF.
3.4.6. Determinação de nitrogênio total, nitrogênio total (Kjeldahl),
nitrogênio amoniacal, nitrato, nitrito
O método Kjeldahl é empregado para a determinação do nitrogênio orgânico,
juntamente com o nitrogênio amoniacal. Após alcalinizar a amostra para pH > 11,00,
determinou-se a concentração de amônia com eletrodo seletivo de amônia após a
calibração do aparelho com uma curva padrão, de acordo com Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater – 20ª edição (1999).
Para a determinação do nitrato, utilizou-se uma solução tampão pH 8
determinando-se a concentração com eletrodo seletivo de nitrato após calibrar o
aparelho com uma curva padrão, de acordo com Standard Methods for the Examination
of Water and Wastewater – 20ª edição (1999).
Para o nitrito, utilizou-se o método espectrofotométrico da sulfanilamida
diazotizada com (N-1-naftil) em etilenodiamina hidrocloreto. Após a reação com o
nitrito forma-se um composto de cor púrpura avermelhado, que absorve no
comprimento de onda de 543 m, de acordo com Standard Methods for the Examination
of Water and Wastewater – 20ª edição (1999). O espectrofotômetro utilizado foi um
HACH, modelo Odyssey.
O nitrogênio total foi calculado pela soma das formas de nitrogênio quantificadas,
a saber: nitrogênio Kjeldahl (que inclui nitrogênio orgânico e amônia), nitrito e nitrato,
uma vez que todos eles são calculados como N.
3.4.7. Determinação de metais (Ca, Mg, K, Fe, Mn, Zn e Cu)
Toda a vidraria empregada nas análises dos metais foi lavada com mistura
sulfocrômica e enxaguadas com água destilada, em seguida com solução de ácido
nítrico (pa) 1:1 e, posteriormente, com água desmineralizada.
31
As amostras foram previamente acidificadas, durante a coleta, até pH < 2, para
minimizar a adsorção de íons metálicos nas paredes do frasco de coleta.
Digestão da amostra:
A metodologia adotada na preparação das amostras para análise por
Espectrofotometria de Absorção Atômica (EAA) e Fotometria de Chama (FC), foi
proposta pela American Public Health Organization – APHA (1995), com algumas
modificações.
Em uma alíquota de 250 ml da amostra de água disposta em erlenmeyer de 500 ml
foi adicionado 5 ml de HNO
3
(PA.) concentrado, levando-se à chapa quente até que o
volume reduzisse para cerca de 25 ml. Então a amostra foi retirada da chapa quente e
deixada esfriar, sendo portanto transferida para um balão volumétrico de 50 ml e no
qual foram efetuadas as leituras para cada metal correspondente.
No mesmo extrato foi determinado o potássio em um fotômetro de chama
(Fotômetro de Chama - Micronal B462). Os demais metais foram determinados por
espectrofotometria ou limite de detecção da análise de absorção atômica, em um Varian,
modelo Spectr AA200. A sensibilidade da análise por fotometria de chama para o
potássio foi de 0,01 mg/l.
3.4.8. Determinação do fosfato
Digestão da amostra para determinação de fosfato total
Utilizou-se uma alíquota de 50 ml da amostra colocando-a em erlenmeyer de 250
ml, onde acrescentou-se 1 ml de H
2
SO
4
concentrado e 5 ml de HNO
3
concentrado.
Aqueceu-se até ebulição e se deixou reduzir o volume até completar a liberação de
fumos brancos. Após resfriamento da amostra, adicionou-se 20 ml de água destilada, 1
gota de fenolftaleína e gotas de NaOH 6 mol L
-1
até o aparecimento de uma fraca
coloração rosa, seguido de neutralização com H
2
SO
4
a 20%, segundo Standard Methods
for the Examination of Water and Wastewater – 20ª edição (1999).
Transferiu-se a amostra para um balão volumétrico de 100 ml e completou-se o
volume com água destilada. Fez-se uma prova em branco usando água destilada, para a
verificação de contaminação das amostras pelos reagentes.
32
A amostra digerida foi tratada com uma solução ácida de molibdato de amônio e
tartarato duplo de antimônio e potássio, formando um complexo fosfomolibdico incolor
que, após sua redução com ácido ascórbico, apresenta cor azul. Após 30 minutos para o
desenvolvimento da cor procedeu-se a determinação da concentração em um
espectrofotômetro HACH, modelo Odyssey a 880 nm, usando a prova em branco como
referência.
3.4.9. Determinação do fósforo total (P)
Para determinação de fósforo total converteu-se o fosfato total (PO
4
) para fósforo
total (P).
Fósforo (P) = Fosfato (PO
4
) x 0,3263
3.4.10. Determinação de sólidos suspensos totais
Para a determinação de sólidos suspensos totais filtrou-se um volume de amostra
natural conhecido, em filtro de fibra de vidro de 0,8 a 1,2 micrômetros e levou-se o
filtro para secagem em uma estufa a 105 ºC por 1 hora. Após isto decantou-se no filtro
por 1 hora até peso constante. Utilizou-se, na análise, uma balança analítica de marca
SARTORIUS modelo CP224S e uma estufa de marca FANEM modelo 315 SE.
3.4.11. Determinação de sólidos dissolvidos totais
Para a determinação de sólidos dissolvidos totais filtrou-se um volume de amostra
conhecido em filtro de fibra de vidro de 0,45 micrômetros, transferindo o filtrado para
uma cápsula de porcelana previamente tarada para evaporação em banho-maria. Após
isto, levou-se a amostra para secagem a 180 ºC por 1 hora. Depois dessecou-se no
cadinho por 1 hora, até peso constante. Utilizou-se na análise um banho-maria de marca
Nova Ética, uma balança analítica de marca SARTORIUS modelo CP224S e uma estufa
de marca FANEM modelo 315 SE.
33
3.5. Análise estatística dos dados
A análise estatística dos dados foi elaborada com o objetivo de estabelecer se
existem diferenças entre os valores médios das amostras dos parâmetros, por
sazonalidade (época de chuva e seca); por lagoa (Ipaba, Hortêncio e Jacaré) e por
profundidade (superfície, meio e fundo). Foi então avaliado o tipo de teste estatístico
mais indicado para cada caso.
Para definir sobre a utilização entre testes paramétricos ou não-paramétricos,
inicialmente foi feito o teste de normalidade dos dados. Segundo Vieira (2004), para se
usar testes paramétricos (como, por exemplo, o teste t e a análise de variância) há
necessidade, entre outras exigências, que a variável seja numérica e que tenha
distribuição normal ou, pelo menos, simétrica. O teste utilizado foi o Kolmogorov-
Smirnov. Por esse teste, ao nível de significância de 5%, somente foram rejeitados os
parâmetros alcalinidade e manganês total para as amostras referentes à água.
34
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1. Avaliação das propriedades físico-químicas da água
Os resultados dos parâmetros físico-químicos (temperatura, pH, condutividade
elétrica, sólidos totais dissolvidos e alcalinidade) serão a seguir discutidos em função do
uso e ocupação do solo, da sazonalidade (época seca e chuvosa) e da profundidade de
coleta das amostras nas lagoas.
O monitoramento das lagoas restringiu-se aos seguintes parâmetros de qualidade:
temperatura, pH, condutividade elétrica, alcalinidade, oxigênio dissolvido inicial,
oxigênio dissolvido final, DBO
5
, nitrogênio total, nitrogênio total (Kjedalh), nitrogênio
amonical, nitrato, anitrito, fósforo, fósforo total, sólidos suspensos totais, sólidos
diluídos totais, cálcio, magnésio, potássio, ferro total, manganês total, zinco total, cobre
total, coliformes totais, coliformes fecais.
O monitoramento baseou-se na interpretação dos resultados das análises físico-
químicas realizadas em 44 amostras de água.
Os resultados máximos e mínimos, médias e desvios padrão dos referidos
parâmetros físico-químicos, analisados nas amostras, em cada estação e em cada
profundidade nas lagoas pesquisados, encontram-se na TABELA 1. Consta, na mesma
tabela, os limites permissíveis de alguns parâmetros considerados pela resolução
CONAMA 357/05 estabelecidos para águas de Classes I, II, III.
35
TABELA 1: Resultados máximos, mínimos e médios dos parâmetros físico-químicos de
água, analisados da Estação Ipaba, Hortência e Jacaré
Parâmetros
Físico-químicos
Unid.
Max.
Min.
Méd.
Max.
Min.
Méd.
Resolução CONAMA 357/ 05
Classes
Chuva Seca I II III
Temperatura
0
C
31,0
27,0
29,2
27,0
24,0
25,1
-
-
-
pH -
8,8
6,4
7,30
7,1
6,2 6,64
6 a 9 6 a 9 6 a 9
Condut. Elétrica µS/cm
213,0
30
89,00
190,0
26
83,11
- - -
Alcalinidade mg/l 26,0 2,6
13,47
87,0 10,0
37,56
- - -
Oxig. Dissol. Inic mg/l 8,30 0,12
4,22
8,17 0,56
3,98
6 5 4
Oxig. Dissol. Fin. mg/l 6,19 2,26
0,00
6,47 0,00
2,92
6 5 4
DBO
5
mg/l 2,11 0,10
1,44
7,89 0,20
2,83
3 5 10
Nitrog. Total mg/l 6,86 0,28
1,97
6,13 0,58
2,30
- - -
Nitrog. T. (Kjejdahl) mg/l 2,23 0,05
1,00
4,11 0,33
1,55
3,7 3,7 13,3
Nitr. amoniacal mg/l 3,12 0,01
0,74
1,67 0,01
0,41
3,7 3,7 13,3
Nitrato mg/l 0,34 0,10
0,22
0,40 0,24
0,34
<10 <10 <10
Nitrito mg/l
0,00
0,00
1,0 1,0 1,0
Fosf. Total mg/l 0,105 0,025
0,05
0,070 0,00
0,02
0,025 0,025 0,075
Fósforo Total mg/l
0,034 0,008
0,02
0,023 0,00
0,01
0,025 0,025 0,025
Sól. Susp.Tot. mg/l 41,0 1,50
12,83
21,0 2,0
7,89
- - -
Sól. Diss. Tot. mg/l
500 500 500
Cálcio mg/l 0,65 0,03
0,21
4,96 0,66
2,25
- - -
Magnésio mg/l 4,30 1,20
2,18
1,77 0,87
1,19
- - -
Potássio mg/l 5,57 1,88
3,32
5,27 1,48
3,05
- - -
Ferro total mg/l 17,70 0,06
3,20
3,52 0,19
2,13
Fe Solúvel
0,3
Fe solúvel
0,3
Fe solúvel
0,5
Mang. Total mg/l 0,770 0,010
0,25
0,392 0,018
0,11
0,1 0,1 0,5
Zinco total mg/l 0,026 0,008
0,02
0,025 0,006
0,01
0,18 0,18 0,5
Cobre total mg/l 0,004 0,001
0,0027
0,0000 0,000
0,0000
0,2 0,2 0,5
4.1.1. Temperatura
Os valores médios de temperatura das lagoas foram sensivelmente diferentes por
época, sendo maior no período de chuva (29,2°C) do que na seca (25,1°C). Isso se
36
justifica pelo fato de que o período de chuva se confunde com o verão e a seca
(setembro) com o início da primavera.
Quanto às lagoas (I- 27,2 °C; H- 26,7 °C; J- 27,7 °C) a diferença de suos valores
médios de temperatura não é relevante ao nível de significância de 5%. Também não é
possível afirmar que exista diferença das temperaturas, nas diversas profundidades (S-
28,2 °C; I- 27,2 °C e F- 26,2 °C). (TABELA 2)
TABELA 2: Valores médios de temperatura das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e
Jacaré em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 31,0 29,0 27,0 29,00
Hortêncio 30,0 29,0 28,0 29,00
Chuva
Jacaré 31,0 30,0 28,0 29,67
29,22
Ipaba 27,0 25,0 24,0 25,33
Hortêncio 24,0 24,0 25,0 24,33
Temperatura
(ºC)
Seca
Jacaré 26,0 26,0 25,0 25,67
25,11
4.1.2. Potencial hidrogeniônico (pH)
O valor médio do pH da lagoa Ipaba (7,44) foi sensivelmente superior à da lagoa
Hortêncio (6,65), porém não se caracterizou uma diferença destas para a lagoa Jacaré
(6,84).
Quanto às épocas (C- 7,30; S-6,64) a diferença dos valores médios de pH não é
relevante ao nível de significância de 5%. Também não é possível afirmar que exista
diferença do pH, nas diversas profundidades (S- 7,15; I- 7,05 e F- 6,72). (TABELA 3)
37
TABELA 3: Valores médios de pH das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré em
função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 8,8 7,8 7,1 7,90
Hortêncio 7,2 7,2 6,4 6,93
Chuva
Jacaré 7,3 7,3 6,6 7,07
7,30
Ipaba 7,0 6,8 7,1 6,97
Hortêncio 6,2 6,3 6,6 6,37
pH
Seca
Jacaré 6,4 6,9 6,5 6,60
6,64
4.1.3. Condutividade elétrica
O valor médio dos valores de condutividade elétrica da lagoa Ipaba (182,3 µS/cm)
foi superior às lagoas Hortêncio (35,0 µS/cm) e Jacaré (40,8 µS/cm), porém não se
caracterizou uma diferença entre estas.
Quanto às épocas (C- 89,0 µS/cm; S-83,1 µS/cm) a diferença dos valores médios
de condutividade elétrica não é relevante ao nível de significância de 5%. Também não
é possível afirmar que exista diferença da condutividade elétrica, nas diversas
profundidades (S- 75,0 µS/cm; I- 81,7 µS/cm e F- 101,5 µS/cm). (TABELA 4)
TABELA 4: Valores médios da condutividade elétrica das águas das lagoas Ipaba,
Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 154,0 177,0 213,0 181,33
Hortêncio 30,0 31,0 58,0 39,67
Chuva
Jacaré 35,0 36,0 67,0 46,00
89,00
Ipaba 174,0 186,0 190,0 183,33
Hortêncio 26,0 28,0 37,0 30,33
Condutividade
elétrica
(µS/cm)
Seca
Jacaré 31,0 32,0 44,0 35,67
83,11
38
4.1.4. Alcalinidade
Os valores médios de alcalinidade da lagoa Ipaba (51,17 mg/l) foi sensivelmente
superior a da lagoa Jacaré (17,67 mg/l) e a desta, superior à da Hortêncio (7,7 mg/l),
porém não se caracterizou uma diferença entre estas.
Quanto às épocas (C-13,47 mg/l l; S-37,56 mg/l) a diferença dos valores médios de
alcalinidade não é relevante ao nível de significância de 5%. Tamm não é possível
afirmar que exista diferença da alcalinidade nas diversas profundidades (S-22,47 mg/l;
I-24,93
mg/l e F-29,13 mg/l). (TABELA 5)
TABELA 5: Valores médios da alcalinidade das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e
Jacaré em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 16,0 19,0 23,0 19,33
Hortêncio 2,8 2,6 5,8 3,73
Chuva
Jacaré 12,0 14,0 26,0 17,33
13,47
Ipaba 78,0 87,0 84,0 83,00
Hortêncio 10,0 11,0 14,0 11,67
Alcalinidade
(mgCaCO
3
/l)
Seca
Jacaré 16,0 16,0 22,0 18,00
37,56
4.1.5. Sólidos dissolvidos totais (SDT)
A concentração média de SDT da lagoa Ipaba (106,5 mg/l) foi superior à das
lagoas Hortêncio (38,0 mg/l) e Jacaré (33,9 mg/l), porém não se caracterizou uma
diferença entre estas últimas.
Quanto às épocas (C- 69,56 mg/l; S-49,33 mg/l), a diferença dos valores médios
de SDT não é relevante ao nível de significância de 5%. Também não é possível afirmar
que exista diferença dos SDT, nas diversas profundidades (S- 57,5 mg/l; I- 60,3 mg/l e
F- 60,3 mg/l). (TABELA 6)
39
TABELA 6: Valores médios de SDT das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré em
função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 99,00 122,00 118,00 113,00
Hortêncio 49,00 47,00 56,00 50,67
Chuva
Jacaré 40,00 40,00 55,00 45,00
69,56
Ipaba 112,00 102,00 86,00 100,00
Hortêncio 28,00 25,00 23,00 25,33
Sólidos
Dissolvidos
Totais
(mg/l)
Seca
Jacaré 17,00 26,00 25,00 22,67
49,33
4.1.6. Sólidos suspensos totais (SST)
Não se caracterizou uma diferença entre os valores médios de SST das épocas (C-
12,83 mg/l; S-7,89 mg/l), nem entre os valores médios de SST das lagoas (I-15,67 mg/l;
H-3,50 mg/l; J-11,92 mg/l).
Quanto às diversas profundidades, O valor médio dos SST do fundo (1,43 mg/l) é
maior que a do intermediário (0,262 mg/l), e que o da superfície (0,033 mg/l), porém
não se configura uma diferença entre estes dois últimos. (TABELA 7)
TABELA 7
: Valores médios de SST das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré em
função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 3,00 2,00 41,00 15,33
Hortêncio 2,00 1,50 10,00 4,50
Chuva
Jacaré 9,00 9,00 38,00 18,67
12,83
Ipaba 19,00 8,00 21,00 16,00
Hortêncio 2,00 2,00 3,50 2,50
Sólidos
Suspensos
Totais
(mg/l)
Seca
Jacaré 2,50 4,00 9,00 5,17
7,89
40
4.1.7. Oxigênio dissolvido inicial (ODI)
Não se caracterizou uma diferença entre os valores médios de ODI das épocas (C-
4,22 mg/l; S-3,98 mg/l), nem entre os valores médios de ODI das lagoas (I-4,04mg/l;
H-3,98mg/l e J-4,27 mg/l ).
Quanto às diversas profundidades, o ODI da superfície (7,07 mgO
2
/l) é maior que
o intermediário (4,43 mgO
2
/l), que é superior ao do fundo (0,78 mgO
2
/l). (TABELA 8)
TABELA 8: Valores médios de ODI das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré em
função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 8,30 4,27 1,17 4,58
Hortêncio 6,07 5,27 0,12 3,82
Chuva
Jacaré 6,46 5,78 0,50 4,25
4,22
Ipaba 8,17 1,29 1,04 3,50
Hortêncio 6,49 4,64 1,29 4,14
O.D. Inicial
(mgO
2
/l)
Seca
Jacaré 6,95 5,35 0,56 4,29
3,98
4.1.8. Oxigênio dissolvido final (ODF)
Como no ODI, o ODF não se caracterizou uma diferença entre os valores médios
das épocas (C-3,33 mg/l; S-2,92 mg/l), nem entre os valores médios das lagoas (I-2,37
mg/l; H-3,38 mg/l e J-3,63 mg/l ), sendo significativamente diferentes quanto às
diversas profundidades: o ODF da superfície (5,97 mg/l) é maior que o
intermediário (3,41 mg/l), que é superior ao do fundo (0,00 mg/l). (TABELA 9)
41
TABELA 9: Valores médios de ODF das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré em
função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 6,19 2,26 0,00 2,82
Hortêncio 5,35 5,17 0,00 3,51
Chuva
Jacaré 5,80 5,21 0,00 3,67
3,33
Ipaba 5,77 0,00 0,00 1,92
Hortêncio 6,47 3,29 0,00 3,25
O.D. Final
(mg/l)
Seca
Jacaré 6,23 4,50 0,00 3,58
2,92
4.1.9. Demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
)
Os valores médios de DBO
5
da lagoa Ipaba (4,16 mg/l) foi sensivelmente superior
às das lagoas Hortêncio (1,12 mg/l) e Jacaré (1,14 mg/l), porém não se caracterizou uma
diferença entre estas.
Quanto às épocas (C- 1,44 mg/l; S-2,83 mg/l) a diferença dos valores médios de
DBO
5
não é relevante ao nível de significância de 5%. Também não é possível afirmar
que exista diferença do DBO
5
, nas diversas profundidades (S-1,14 mg/l; I-2,01 mg/l e
F- 3,28 mg/l). (TABELA 10)
TABELA 10: Valores médios de DBO
5
das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré
em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 2,11 2,26 3,40 2,59
Hortêncio 0,72 0,10 1,31 0,71
Chuva
Jacaré 0,66 0,57 1,86 1,03
1,44
Ipaba 2,40 6,90 7,89 5,73
Hortêncio 0,20 1,35 3,05 1,53
DBO
5
(mg/l)
Seca
Jacaré 0,72 0,85 2,15 1,24
2,83
42
4.1.10. Nitrogênio total (NT)
Não se caracterizou uma diferença entre os valores médios de NT das épocas (C-
1,97 mg/l; S-2,30 mg/l), nem entre os valores médios de NT das lagoas (I-3,58 mg/l; H-
1,15 mg/l e J-1,68 mg/l ).
Quanto às diversas profundidades, o Nitrogênio total do fundo (4,10 mg/l) é maior
que o intermediário (1,41 mg/l), e que o da superfície (0,89 mg/l), porém não se
configura uma diferença entre os dois últimos. (TABELA 11)
TABELA 11: Valores médios de nitrogênio total das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio
e Jacaré em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,56 1,96 6,86 3,13
Hortêncio 0,28 0,49 2,05 0,94
Chuva
Jacaré 0,50 0,54 4,46 1,83
1,97
Ipaba 2,32 3,63 6,13 4,03
Hortêncio 0,58 0,78 2,73 1,36
Nitrogênio
Total
(mgN/L)
Seca
Jacaré 1,12 1,06 2,39 1,52
2,30
4.1.11. Nitrogênio total (Kjeldahl)
No Nitrogênio Total (Kjeldahl) não se caracterizou uma diferença entre os valores
médios das épocas (C-1,00 mg/l; S-1,55 mg/l). Quanto às médias das lagoas, Ipaba (2,20
mg/l) é maior que Hortêncio (0,70 mg/l) e que Jacaré (0,94 mg/l), não se configurando
uma diferença entre essas.
É também significativamente diferente quanto às diversas profundidades: o
nitrogênio total (Kjeldahl) do fundo (2,37 mg/l) é maior que o intermediário
(0,87 mg/l), e que o da superfície (0,60 mg/l), porém não se configura uma diferença
entre os dois últimos. (TABELA 12)
43
TABELA 12: Valores médios do nitrogênio total (Kjeldahl) das águas das lagoas Ipaba,
Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,24 1,28 3,40 1,64
Hortêncio 0,05 0,22 0,92 0,40
Chuva
Jacaré 0,24 0,34 2,23 0,97
1,00
Ipaba 1,92 2,22 4,11 2,75
Hortêncio 0,33 0,49 2,19 1,00
Nitrogênio
Total Kjeldahl
(mg/l)
Seca
Jacaré 0,71 0,65 1,38 0,91
1,55
4.1.12. Nitrogênio amoniacal
Como no Nitrogênio Total, no Nitrogênio Amoniacal não se caracterizou uma
diferença entre os valores médios das épocas (C-0,74 mg/l; S-0,41 mg/l), nem entre os
valores médios das lagoas (I-1,05; H-0,19 e J-0,49), sendo significativamente diferentes
quanto às diversas profundidades: o Nitrogênio Amoniacal do fundo (1,43 mg/l) é maior
que o intermediário (0,26 mg/l), e que o da superfície (0,03 mg/l), porém não se
configura uma diferença entre os dois últimos. (TABELA 13)
TABELA 13: Valores médios do nitrogênio amoniacal das águas das lagoas Ipaba,
Hortêncio e Jacaré em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,03 0,37 3,12 1,17
Hortêncio 0,01 0,02 0,86 0,30
Chuva
Jacaré 0,06 0,06 2,11 0,74
0,74
Ipaba 0,03 1,05 1,67 0,92
Hortêncio 0,01 0,01 0,20 0,08
Nitrogênio
Amoniacal
(mg/l)
Seca
Jacaré 0,06 0,05 0,62 0,24
0,41
44
4.1.13. Nitrato
Os valores médios de nitrato foram sensivelmente diferentes por época, sendo
maior na seca (0,34 mg/l) do que no período de chuva (0,22 mg/l).
Quanto às lagoas (I- 0,34 mg/l; H- 0,26 mg/l e J- 0,25 mg/l) a diferença de suos
valores médios de nitrato não é relevante ao nível de significância de 5%. Também não
é possível afirmar que exista diferença dos nitratos, nas diversas profundidades (S-
0,26 mg/l, I- 0,28 mg/l e F- 0,31 mg/l). (TABELA 14)
TABELA 14: Valores médios do nitrato das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré
em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,28 0,31 0,34 0,31
Hortêncio 0,22 0,24 0,27 0,24
Chuva
Jacaré 0,10 0,15 0,12 0,12
0,22
Ipaba 0,38 0,36 0,38 0,37
Hortêncio 0,24 0,28 0,34 0,28
Nitrato
(mgN/l)
Seca
Jacaré 0,35 0,36 0,40 0,37
0,34
4.1.14. Nitrito
O comportamento das lagoas é semelhante entre as épocas, entre as lagoas e as
profundidades.
Conforme pode ser verificado na TABELA 15, os valores medidos de nitrito foram
praticamente nulos, não se configurando diferenças significativas quanto às épocas, nem
quanto às lagoas e às profundidades.
45
TABELA 15: Valores médios do nitrito das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré
em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,001 0,000 0,001 0,00
Hortêncio 0,000 0,001 0,002 0,00
Chuva
Jacaré 0,001 0,001 0,003 0,00
0,00
Ipaba 0,000 0,000 0,000 0,00
Hortêncio 0,002 0,001 0,000 0,00
Nitrito
(mg/l)
Seca
Jacaré 0,005 0,000 0,000 0,00
0,00
4.1.15. Fósforo total (PT)
O valor médio de fósforo total da lagoa Ipaba (0,019 mg/l) foi sensivelmente
superior à lagoa Hortêncio (0,006 mg/l), não se configurando diferença dessas para a
lagoa Jacaré (0,013 mg/l).
Os valores médios foram sensivelmente diferentes também por época, sendo
maior no período de chuva (0,017 mg/l) do que na seca (0,007 mg/l). Não é possível
afirmar que exista diferença do fosfato total, nas diversas profundidades (S- 0,029
mg/l, I- 0,030 mg/l e F- 0,055 mg/l). (TABELA 16)
TABELA 16: Valores do fósforo total das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré
em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,023 0,021 0,021 0,02
Hortêncio 0,008 0,011 0,011 0,01
Chuva
Jacaré 0,011 0,013 0,034 0,02
0,02
Ipaba 0,012 0,010 0,023 0,02
Hortêncio 0,000 0,000 0,002 0,00
Fósforo Total
(mg/l)
Seca
Jacaré 0,001 0,002 0,015 0,01
0,01
46
4.1.16. Fosfato total (PO
4
T)
O valor médio de PO
4
T da lagoa Ipaba (0,057 mg/l) foi sensivelmente superior à
lagoa Hortêncio (0,017 mg/l), não se configurando diferença destas para a lagoa Jacaré
(0,040 mg/l).
Os valores médios foram sensivelmente diferentes também por época, sendo
maior no período de chuva (0,053 mg/l) do que na seca (0,022 mg/l). Não é possível
afirmar que exista diferença do fosfato total, nas diversas profundidades (S- 0,029
mg/l, I- 0,030 mg/l, F- 0,055 mg/l). (TABELA 17)
TABELA 17: Valores de fosfato total das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré
em função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,070 0,065 0,065 0,07
Hortêncio 0,025 0,035 0,035 0,03
Chuva
Jacaré 0,035 0,040 0,105 0,06
0,05
Ipaba 0,038 0,030 0,070 0,05
Hortêncio 0,000 0,000 0,006 0,00
Fosfato Total
(mg/l)
Seca
Jacaré 0,003 0,007 0,047 0,02
0,02
4.1.17. Cálcio
O valor médio de cálcio da lagoa Ipaba (2,639 mg/l) foi sensivelmente superior à
lagoa Hortêncio (0,457 mg/l) e à lagoa Jacaré (0,595 mg/l), não se configurando
diferença entre estas.
Os valores médios foram sensivelmente diferentes também por época, sendo
maior na seca (2,25 mg/l) do que no período de chuva (0,21 mg/l).
Não é possível afirmar que exista diferença do cálcio, nas diversas profundidades
(S- 1,203 mg/l; I- 1,160 mg/l e F- 1,310 mg/l). (TABELA 18)
47
TABELA 18: Valores de cálcio das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré em
função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,280 0,650 0,440 0,46
Hortêncio 0,120 0,030 0,070 0,07
Chuva
Jacaré 0,080 0,090 0,100 0,09
0,21
Ipaba 4,960 4,760 4,740 4,82
Hortêncio 0,700 0,660 1,160 0,84
Cálcio
(mg/l)
Seca
Jacaré 1,080 0,860 1,350 1,10
2,25
4.1.18. Magnésio
Os valores médios de magnésio foram sensivelmente diferentes por época, sendo
maior no período de chuva (2,18 mg/l) do que na seca (1,19 mg/l).
Quanto às lagoas (I- 2,13 mg/l; H- 1,13 mg/l; J- 1,80 mg/l) a diferença de seus
valores médios de magnésio não é relevante ao nível de significância de 5%. Também
não é possível afirmar que exista diferença do magnésio, nas diversas
profundidades (S- 1,27 mg/l; I- 1,82 mg/l e F- 1,97 mg/l). (TABELA 19)
TABELA 19: Valores do magnésio das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré em
função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,80 4,30 4,10 3,07
Hortêncio 1,30 1,20 1,40 1,30
Chuva
Jacaré 2,10 2,10 2,30 2,17
2,18
Ipaba 1,24 1,16 1,14 1,18
Hortêncio 0,93 0,87 1,08 0,96
Magnésio
(mg/l)
Seca
Jacaré 1,22 1,30 1,77 1,43
1,19
48
4.1.19. Potássio
O valor médio de potássio da lagoa Ipaba (5,25 mg/l) foi sensivelmente superior à
da lagoa Hortêncio (2,59 mg/l), que foi sensivelmente superior à da lagoa Jacaré (1,72
mg/l).
Quanto às épocas (C- 3,32 mg/l; S-3,05 mg/l) a diferença dos valores médios de
Potássio não é relevante ao nível de significância de 5%. Também não é possível
afirmar que exista diferença de potássio, nas diversas profundidades (S- 2,96 mg/l; I-
3,23 mg/l e F- 3,33 mg/l). (TABELA 20)
TABELA 20: Valores do potássio das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré em
função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 3,98 5,57 6,12 5,22
Hortêncio 2,77 2,77 2,77 2,77
Chuva
Jacaré 1,88 1,88 2,10 1,95
3,32
Ipaba 5,27 5,27 5,27 5,27
Hortêncio 2,40 2,40 2,40 2,40
Potássio
(mg/l)
Seca
Jacaré 1,48 1,48 1,48 1,48
3,05
4.1.20. Ferro total
Não se caracterizou uma diferença entre os valores médios de ferro total das
épocas (C-3,20 mg/l; S-2,13 mg/l), nem entre os valores médios de ferro total das lagoas
(I-3,96 mg/l; H-1,44 mg/l e J-2,61 mg/l).
Quanto às diversas profundidades, O valor médio do ferro total do fundo (7,307
mg/l) é maior que a do intermediário (0,177 mg/l) e que a da superfície (0,198 mg/l),
porém, não se configura uma diferença entre estas duas últimas. (TABELA 21).
49
TABELA 21: Valores de ferro total das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré em
função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,25 0,20 17,70 6,05
Hortêncio 0,21 0,13 5,08 1,81
Chuva
Jacaré 0,07 0,06 5,13 1,75
3,20
Ipaba 0,15 1,95 3,52 1,87
Hortêncio 0,26 0,19 2,76 1,07
Ferro Total
(mg/l)
Seca
Jacaré 0,25 0,48 9,65 3,46
2,13
4.1.21. Manganês total
Não se caracterizou uma diferença entre os valores médios de manganês total das
épocas (C-0,25 mg/l; S-0,11 mg/l), nem entre os valores médios de manganês total das
lagoas (I-0,26 mg/l; H-0,13 mg/l; J-0,17 mg/l) e nem entre as profundidades (S- 0,043
mg/l; I- 0,130 mg/l e F- 0,365 mg/l). (TABELA 22)
TABELA 22: Valores do manganês das águas das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré em
função da sazonalidade
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,010 0,220 0,440 0,22
Hortêncio 0,080 0,030 0,600 0,24
Chuva
Jacaré 0,050 0,060 0,770 0,29
0,25
Ipaba 0,044 0,392 0,331 0,26
Hortêncio 0,024 0,025 0,018 0,02
Manganês
Total
(mg/l)
Seca
Jacaré 0,052 0,052 0,028 0,04
0,11
50
4.1.22. Zinco total
Não se caracterizou uma diferença entre os valores médios de zinco total das
épocas (C-0,02 mg/l; S-0,01 mg/l), nem entre os valores médios de zinco total das
lagoas (I-0,02 mg/l; H-0,02 mg/l e J-0,02 mg/l ) e nem entre as profundidades(S- 0,012
mg/l; I- 0,020 mg/l e F- 0,18 mg/l). (TABELA 23)
TABELA 23:
Dados de zinco total
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,008 0,026 0,014 0,02
Hortêncio 0,014 0,022 0,026 0,02
Chuva
Jacaré 0,020 0,018 0,022 0,02
0,02
Ipaba 0,006 0,025 0,017 0,02
Hortêncio 0,007 0,018 0,021 0,02
Zinco Total
(mg/l)
Seca
Jacaré 0,014 0,008 0,006 0,01
0,01
4.1.23. Cobre total
Os valores médios de cobre total foram sensivelmente diferentes por época,
sendo maior no período de chuva (0,0027 mg/l) do que na seca (0,0000 mg/l).
Quanto às lagoas (I- 0,0012 mg/l; H- 0,0015 mg/l e J- 0,0013 mg/l) a diferença de
seus valores médios de cobre total não é relevante ao nível de significância de 5%.
Também não é possível afirmar que exista diferença do cobre total, nas diversas
profundidades (S- 0,0015 mg/l; I- 0,0017 mg/l e F- 0,0008 mg/l). (TABELA 24)
51
TABELA 24: Dados de cobre total
Parâmetro Época Lagoa Superfície Intermediário Fundo
Média
Lagoa
Média
Época
Ipaba 0,001 0,004 0,002 0,002
Hortêncio 0,004 0,003 0,002 0,003
Chuva
Jacaré 0,004 0,003 0,001 0,003
0,0027
Ipaba 0,000 0,000 0,000 0,000
Hortêncio 0,000 0,000 0,000 0,000
Cobre Total
(mg/l)
Seca
Jacaré 0,000 0,000 0,000 0,000
0,0000
52
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.1. Avaliação das propriedades físico-químicas da água
Os resultados dos parâmetros físico-químicos (temperatura, pH, condutividade
elétrica, sólidos totais dissolvidos e alcalinidade), serão a seguir, discutidos em função
do uso e ocupação do solo, da sazonalidade (época seca e chuvosa) e da profundidade
de coleta das amostras nas lagoas e comparadas à resolução CONAMA nº 357/05.
No Brasil, a legislação de controle de qualidade da água baseia-se em usos da
água e seus correspondentes limites de poluição e/ou contaminação. Atualmente, está
em vigor a Resolução nº 357/05 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA
357/05), que divide as águas em doces, salobras e salinas, além de designar seus usos
preponderantes, classificando-as em nove classes, a saber:
a) Águas Doces, águas com salinidade igual ou inferior a 0,5%.
Classe especial são águas destinadas:
- ao abastecimento doméstico, sem prévia ou com simples desinfecção;
- à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
Classe 1 são águas destinadas:
- ao abastecimento doméstico, após tratamento simplificado;
- a recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);
- à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rente ao solo e que sejam ingeridas cruas, sem remoção de película;
53
- à criação natural e ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.
Classe 2 são águas destinadas:
- ao abastecimento doméstico após tratamento convencional;
- à proteção das comunidades aquáticas;
- à recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);
- à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;
- à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.
Classe 3 são águas destinadas:
- ao abastecimento doméstico após tratamento convencional;
-à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
- à dessedentação de animais.
Classe 4 são águas destinadas:
- à navegação;
- à harmonia paisagística;
- aos usos menos exigentes.
b) Águas Salinas, águas com salinidade variando entre 0,5% e 30%.
Classe 5 são águas destinadas:
- à recreação de contato primário;
- à proteção das comunidades aquáticas;
- à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.
Classe 6 são águas destinadas:
- à navegação comercial;
- à harmonia paisagística;
- à recreação de contato secundário;
54
c) Águas Salobras, águas com salinidade igual ou superior a 30%.
Classe 7 são águas destinadas:
- à recreação de contato primário;
- à proteção das comunidades aquáticas;
Classe 8 são águas destinadas
- à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.:
- à navegação comercial;
- à harmonia paisagística;
- à recreação de contato secundário;
São considerados, nesta resolução, setenta (70) parâmetros químicos, físico-
químicos, biológicos e radiológicos. Porém, nesta resolução, foram analisados vinte
três (23), como mostra a Tabela 1, pág. 36, considerando a infra-estrutura disponível
e o custo destas análises.
5.1.1. Temperatura
Os valores de temperatura das lagoas obedeceram a seguinte ordem decrescente:
Jacaré, Ipaba e Hortêncio, porém não houve diferença estatística entre elas ao nível de
5% de probabilidade. Isso se justifica em função da não existência de descarte de
efluentes líquidos antropicamente alterados com respeito à temperatura, refletindo assim
apenas as variações climáticas locais. Nessas áreas não há uso de aquecimento de água
como em caldeiras, ou algum sistema industrial de refrigeração que ocasione uma
alteração significativa do volume de água considerado com relação à temperatura.
Em relação à época do ano houve diferença entre os valores de temperatura para
os três lagoas, ao nível de 5% de probabilidade, sendo maior no período de chuva que
no período da seca. Isso se justifica pelo fato de que o período de chuva compreende ao
verão e de seca com o final do inverno. Outro aspecto importante a ser considerado é o
material em suspensão característico no período de chuva, capaz de absorver maior
radiação, colaborando assim com o aumento da temperatura.
55
Apesar de se observar uma variação na temperatura em função da profundidade
(FIGURAS 8 e 9), isso não foi significativo ao nível de 5% de probabilidade. Esse
comportamento pode ser explicado porque em lagoas tropicais a temperatura das águas
superficiais se apresenta elevada, situada entre os 20
o
C e 30
o
C
com pequenas variações
anuais e pequeno gradiente térmico a qualquer profundidade (Branco, 1970).
FIGURA 8: Temperatura, por lagoa, em FIGURA 9: Temperatura, por lagoa, em
época de chuva. em época de seca.
Para o parâmetro temperatura não existe limites estabelecidos pela Resolução
CONAMA 357/05.
5.1.2. Potencial hidrogeniônico (pH)
Os valores de pH para as lagoas obedeceram a seguinte ordem decrescente: Ipaba,
Jacaré e Hortêncio, porém houve diferença estatística ao nível de 5% de significância
apenas entre a lagoa Ipaba e os demais. Essa diferença deve-se, provavelmente, ao uso e
ocupação do solo da área do entorno ser urbana. Os efluentes líquidos urbanos contêm
uma grande quantidade de detergentes com faixa de pH neutro a alcalino. Por outro
lado, as lagoas com uso e ocupação do solo das áreas do entorno com Eucaliptus ssp e a
área padrão recebem apenas efluentes líquidos de drenagem dos solos que se
apresentam na faixa de pH ácido a neutro.
Temperatura (ºC)
31,0
30,0
31,0
29,0 29,0
30,0
27,0
28,0 28,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
Temperatura (ºC)
35,0
30,0
27,0
26,0 26,0
25,0 25,0 25,0
24,0 24,0 24,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
56
Em relação à época do ano houve diferença entre os valores de temperatura
apenas para a lagoa Ipaba, ao nível de 5% de probabilidade, sendo maior no período de
chuva que no período da seca.
Apesar de se observar uma variação no pH em função da profundidade
(FIGURAS 10 e 11), essa variação não foi significativa ao nível de 5% de
probabilidade.
FIGURA 10: pH, por lagoa, em FIGURA 11: pH, por nível, em
época de chuva. época de seca.
A Resolução CONAMA 357/05, estabelece que as águas Classes I, II, III, devem
apresentar pH entre 6 e 9, portanto, de acordo com os valores de pH encontrados para as
lagoas do presente estudo, as águas analisadas podem ser enquadradas nessas classes.
5.1.3. Condutividade elétrica
Os valores de condutividade elétrica para a lagoa Ipaba foram sensivelmente
superiores às das lagoas Hortêncio e Jacaré. Porém não se caracterizou uma diferença
entre as lagoas Hortêncio e Jacaré. Essa diferença significativa de condutividade elétrica
entre a lagoa Ipaba e os demais se deve ao uso e ocupação. A lagoa Ipaba encontra-se
8,8
7,2
7,3
7,8
7,2
7,3
7,1
6,4
6,6
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
Ipaba Hortêncio
Lagoas
Jacaré
pH
Superfície Intermediário Fundo
10,0
9,0
6,9
6,6
8,0
6,4
6,3
7,1
7,0
6,8
6,5
7,0
6,2
6,0
pH
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
Ipaba Hortêncio
Lagoas
Jacaré
Intermediário Fundo Superfície
57
localizado numa área urbana onde são despejados esgotos doméstico, lixo urbano e
material transportado por erosão.
Quanto à época a diferença dos valores médios de condutividade elétrica não é
relevante estatisticamente.
Apesar de se observar uma variação da condutividade elétrica em função da
profundidade (FIGURAS 12 e 13), esta variação não foi significativa ao nível de 5% de
probabilidade.
FIGURA 12: Condutividade elétrica, FIGURA 13: Condutividade elétrica,
por lagoa,em época de chuva. por lagoa, em época de seca.
Exceção feita para a lagoa Ipaba, que apresentou comportamento diferenciado
apresentando valores de condutividade elétrica na época chuvosa inferiores à época seca
nas profundidades de superfície e intermediária.
Também não é possível afirmar que exista diferença da condutividade elétrica,
entre as profundidades intermediárias e da superfície, em cada lagoa. Porém há uma
diferença significativa entre os valores de condutividade elétrica do fundo da lagoa em
relação às demais profundidades, apenas na época de chuva. O fundo das lagoas
apresenta todo o material depositado por sedimentação e conseqüentemente os íons
solúveis contido nesse material altera a condutividade das águas do fundo das lagoas.
Outro fator a ser considerado é que na época chuvosa existe o transporte de material
alóctone.
A resolução CONAMA 357/05 não estabelece limites para a condutividade
elétrica.
Condutividade (mS/cm)
154,0
30,0
35,0
177,0
31,0
36,0
213,0
58,0
67,0
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
Ipaba Hortênci o
Lagoas
Jacaré
Superfície Intermediário Fundo
Condutividade (mS/cm)
250,0
190,0
186,0
200,0
174,0
150,0
100,0
37,0
31,0
32,0
28,0
44,0
50,0
26,0
0,0
Hortênci
Jacaré
Ipaba o
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
58
5.1.4. Alcalinidade
Os valores de alcalinidade para as lagoas obedeceram a seguinte ordem
decrescente: Ipaba, Jacaré e Hortêncio apresentando diferença estatística ao nível de 5%
de probabilidade. Observa-se que a lagoa Ipaba, que possui uso e ocupação do solo
urbano, apresentou os maiores valores de alcalinidade, indicando possivelmente a
descarga de detergentes geradas pelo esgoto doméstico.
Quanto às épocas, a diferença dos valores médios de alcalinidade é relevante ao
nível de significância de 5% de probabilidade para as lagoas Hortêncio e Ipaba. A
alcalinidade e o pH estão intimamente correlacionados, pois ambos determinam a
relação existente entre o meio e a concentração de íons hidrônio e hidroxila. Assim
sendo, observa-se que no período de seca esses parâmetros apresentam comportamento
semelhante aos valores aumentando em profundidade. Entretanto o mesmo não é
observado no período de chuva, enquanto o pH diminui com a profundidade e a
alcalinidade aumenta. Nesse caso, acredita-se que o equilíbrio de H
2
CO
3,
em suas
diversas formas (HCO
3
-
e CO
3
=
) sejam responsáveis pela dinâmica oposta entre a
alcalinidade e o pH. À medida que o pH aumenta, os carbonatos, antes precipitados no
fundo das lagoas, são dissolvidos, aumentando assim o teor de bicarbonato das águas e,
conseqüentemente, aumentando o teor da alcalinidade.
Em relação à profundidade, não existe diferença estatística, ao nível de 5%, para a
lagoa Hortêncio nas diversas profundidades (FIGURAS 14 e 15). Entretanto para as
lagoas Ipaba e Jacaré houve diferença estatística entre os valores registrados no fundo
das lagoas em relação às demais profundidades, provavelmente causado pelo tipo de uso
e ocupação.
A resolução CONAMA 357/05 não estabelece limites para esse parâmetro.
59
5.1.5. Sólidos dissolvidos totais
Os valores da concentração de SDT para a lagoa Ipaba foram superiores aos das
lagoas Hortêncio e Jacaré, porém não se caracterizou uma diferença entre esses últimos.
Observa-se que o padrão de comportamento dos SDT é semelhante ao comportamento
da condutividade. Esse resultado era esperado, uma vez que a condutividade elétrica é
dependente da quantidade de sólidos totais dissolvidos na água. Esses altos valores de
sólidos totais dissolvidos encontrados na lagoa Ipaba em relação aos demais se
justificam pelo uso e ocupação do solo.
Quanto à época seca, houve redução na concentração de SDT apenas para as
lagoas Hortêncio e Jacaré, significativo ao nível de 5% de probabilidade. Essa redução
na concentração de SDT pode estar relacionada com o uso e ocupação do solo da área
do entorno das lagoas para as lagoas Hortêncio (plantio de Eucaliptus ssp) e Jacaré
(plantio de Eucaliptus ssp e recreação) que favorecem, na época da chuva, o
carreamento de íons solúveis dos solos agricultáveis.
Com relação à profundidade não houve diferença na concentração de SDT para
todas as lagoas, ao nível de 5% de probabilidade. (FIGURAS 16 e 17)
A resolução CONAMA 357/05 estabelece para este parâmetro, o limite máximo
de 500 mg/l nas águas de Classes I, II, III. Portanto, de acordo com os valores de SDT
encontrados para as lagoas do presente estudo, as águas analisadas podem ser
enquadradas nessas classes.
78,0
10,0
16,0
87,0
11,0
16,0
84,0
14,0
22,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Alcalinidade (mgCaCO3/L)
Superfície Intermediário Fundo
Alcalinidade (mgCaCO)
100,0
16,0
2,8
12,0
19,0
2,6
14,0
23,0
5,8
26,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
3
/L)
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
FIGURA 14: Alcalinidade, por lagoa, FIGURA 15: Alcalinidade, por lagoa,
em época de chuva. em época de seca.
60
5.1.6. Sólidos suspensos totais
Os valores de SST para as lagoas obedeceram a seguinte ordem decrescente:
Ipaba, Jacaré e Hortêncio. Porém houve diferença estatística ao nível de 5% de
probabilidade apenas entre a lagoa Hortêncio e os demais. Esse resultado deve-se ao
fato de a lagoa Hortêncio apresentar uso e ocupação do solo do entorno com plantio de
Eucaliptus ssp, possuindo uma área tampão de mata nativa de 100 metros entre a lagoa
e a plantação de Eucaliptus ssp. Por outro lado, a lagoa Ipaba recebe a descarga de
efluentes líquidos e sólidos de esgoto e lixo do entorno, uma vez que possui uso e
ocupação do solo urbano. Já a lagoa Jacaré, possui uso e ocupação do solo com
Eucaliptus ssp e recreação e tem topografia acidentada que favorece a chegada de
material por erosão na época chuvosa.
Quanto à época, houve redução na concentração de SST no período de seca
apenas para as lagoas Hortêncio e Jacaré, significativo ao nível de 5% de probabilidade.
Essa redução na concentração de SST, no período de seca, para as lagoas Hortêncio e
Jacaré, pode ser justificada devido à redução de arraste de material pelas águas da
chuva.
Nas FIGURAS 18 e 19 pode-se observar uma variação na concentração de SST,
principalmente no fundo das lagoas em relação às demais profundidades. Essa diferença
foi significativa ao nível de 5% de probabilidade, apenas para as lagoas Ipaba e Jacaré.
Esse resultado é apenas uma conseqüência das observações já feitas quanto ao uso e
Sólidos Dissolvidos Totais (mg/L)
99,00
49,00
47,00
40,00
122,00
118,00
40,00
56,00
55,00
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
Sólidos Dissovildos Totais (mg/L)
140,00
112,00
120,00
102,00
100,00
86,00
80,00
60,00
40,00
28,00
17,00
26,00
25,00 25,00
23,00
20,00
0,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
FIGURA 16: SDT, por lagoa, em época FIGURA 17: Alcalinidade, por lagoa
de chuva. em época de seca.
61
ocupação do solo das áreas do entorno das lagoas. Os sólidos suspensos depositados nas
lagoas Ipaba e Jacaré, com o passar do tempo, tendem a ir para o fundo, aumentando
assim a concentração nas camadas mais profundas. A resolução CONAMA 357/05 não
estabelece limite para esse parâmetro.
5.1.7. Oxigênio dissolvido inicial (ODI)
Os valores de ODI para as lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré não apresentaram
significância ao nível de 5% de probabilidade. Observa-se, também, que a época do ano
não influenciou nas concentrações de ODI.
Em relação à profundidade, ocorreu uma queda acentuada nas concentrações de
ODI significativo ao nível de 5% de probabilidade. (FIGURAS 20 e 21)
Sólidos Suspensos Totais (mg/L)
3,00
2,00
9,00
2,00
1,50
9,00
41,00
10,00
38,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
Sólidos Suspensos Totais (mg/L)
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
21,00
19,00
20,00
15,00
9,00
8,00
10,00
4,00
3,50
2,50
5,00 2,00 2,00
0,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
FIGURA 18: SST, por lagoa, em época de FIGURA 19: SST, por lagoa, em época de seca.
Chuva.
62
FIGURA 20: ODI, por lagoa, em época FIGURA 21: ODI, por lagoa, em época
de chuva. de seca.
De modo geral, a redução da concentração de ODI com o aumento da
profundidade se justifica, uma vez que a solubilidade do oxigênio em água é baixíssima
e depende da temperatura, pressão parcial de oxigênio e de sais dissolvidos, sendo
diretamente proporcional à pressão atmosFerica e inversamente proporcional a
temperatura e ao conteúdo de sais (Santos 1997).
Essa redução deve-se ao aumento da pressão atmosFerica e à queda de
temperatura no período seco. Principalmente na lagoa Ipaba, onde há maior relação
entre a quantidade de resíduos orgânicos (disponibilizados pela população do entorno e
despejado na lagoa) e a precipitação pluviométrica.
Tomando a resolução CONAMA 357/05 como parâmetro, os valores das
concentrações de ODI das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré revelam-se de acordo com o
estabelecido para a Classe III (abastecimento doméstico com tratamento convencional;
irrigação de culturas arbóreas e dessedentação de animal), que estabelece valor 4,0
mg/l. Entretanto considerando-se as Classes I (abastecimento doméstico com tratamento
simplificado; recreação de contato primário, irrigação de hortaliças, etc.) e II
(abastecimento doméstico com tratamento convencional; proteção das comunidades
aquáticas; recreação de contato primário, etc.), essa concentração encontra-se inferior ao
indicado ( 6,0 mg/l e 5,0 mg/l, respectivamente).
8,30
6,07
6,46
4,27
5,27
5,78
1,17
0,12
0,50
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
O.D. Inicial (mg0
Ipaba Hortênci o
Lagoas
Jacaré
2
/L)
Superfície Intermediário Fundo
9,00
O.D. Inicial (mg0
8,17
6,95
8,00
6,49
7,00
/L)
5,35
2
6,00
4,64
5,00
4,00
3,00
1,29
2,00
1,29
1,04
0,56
1,00
0,00
Ipaba Hortêncio
Lagoas
Jacaré
Intermediário Superfície Fundo
63
5.1.8. Oxigênio dissolvido final (ODF)
Os valores de ODF para as lagoas obedeceram a seguinte ordem decrescente:
Jacaré, Hortêncio e Ipaba. Apesar de não haver diferença estatística, ao nível de 5%,
entre os valores médios de concentração de ODF da lagoa Hortêncio e Jacaré, houve
diferença entre esses e a da lagoa Ipaba. O ODF reflete a necessidade de oxigênio
dissolvido para suprir a DBO
5
, portanto observa-se que esse parâmetro diferencia de
forma mais adequada o uso e ocupação, pois reúne, em um único parâmetro, a
capacidade de solubilidade de oxigênio dissolvido nas águas de um dado ambiente e ao
mesmo tempo a demanda necessária do oxigênio nesse mesmo ambiente. Comparando-
se os resultados obtidos para ODI e ODF (FIGURAS 22, 23 e 24, 25) e considerando
apenas o uso e ocupação do solo, nota-se que fica muito mais evidente a influência do
uso e ocupação do solo urbano na área da lagoa Ipaba em relação aos demais lagoas em
estudo.
Observa-se ainda, que apesar da época do ano não influenciar nos valores médios
das concentrações de ODF para as lagoas Hortêncio e Jacaré, no caso da lagoa Ipaba
houve diferença estatística, ao nível de 5%, demonstrando novamente que esse
parâmetro é mais sensível para avaliar a influência do uso e ocupação do solo.
Em relação à profundidade, ocorreu uma queda acentuada nas concentrações de
ODF, significativo ao nível de 5% (FIGURAS 22 e 23) em todas as lagoas, chegando
até mesmo a ter déficit de ODF no fundo das lagoas em relação à DBO
5
. Para esse
parâmetro, as diferenças registradas quanto à profundidade, foram significativas,
principalmente, em relação aa lagoa Ipaba, podendo este comportamento ser explicado
pelo consumo de oxigênio na oxidação da matéria orgânica (detritos e esgotos), que se
precipita e na respiração de animais e bactérias. Contudo a lagoa Ipaba apresentou ODF
apenas na superfície e nenhum ODF nas demais profundidades. O primeiro caso
justifica-se através do acesso a luz e oxigênio produzido pela fotossíntese dos vegetais
e, no segundo caso, pelo uso e ocupação do solo na área da lagoa, quando é preciso
maior utilização de oxigênio dissolvido na decomposição do material depositado
(esgoto e lixo).
64
FIGURA 22: ODF, por lagoa, em época FIGURA 23: ODF, por lagoa, em época
de chuva. de seca.
A resolução CONAMA 357/05 estabelece como limites para este parâmetro os
valores 6, 5, 4, para as Classes I, II e III, respectivamente. Desse modo, as águas
das lagoas estudados, não podem ser enquadradas em nenhuma das classes estabelecida
pela resolução.
5.1.9. Demanda bioquímica de oxigênio (DBO
5
)
Os valores de DBO
5
para as lagoas obedeceram a seguinte ordem decrescente:
Ipaba, Jacaré e Hortêncio. Apesar de não haver diferença estatística, ao nível de 5%,
entre os valores de DBO
5
das lagoas Hortêncio e Jacaré, houve diferença entre esses
valores e a da lagoa Ipaba. Esse comportamento pode ser justificado pelo uso e
ocupação urbana do solo no entorno da lagoa Ipaba, onde os despejos de origem
predominantemente orgânica provocam maior demanda de oxigênio no processo de
decomposição.
Em relação à época do ano, houve diferença estatística ao nível de 5% de
probabilidade apenas para as lagoas Ipaba e Hortêncio. No caso da lagoa Ipaba os
valores de DBO
5
se elevam no período seco, em função da redução da precipitação
pluviométrica sendo que nesse mesmo período não ocorre a diminuição dos despejos
orgânicos, o que aumenta a concentração da carga poluidora. Já no caso da lagoa
Hortêncio, acredita-se que na época de chuva ocorra arraste de material vegetal do
entorno (área de plantio de Eucaliptus ssp) que com o passar do tempo, entra em
6,19
5,35
5,80
2,26
5,17
5,21
0,00
0,00 0,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
/L)
7,00
O.D. Final (mg0
Ipaba Hortênci o
Lagoas
Jacaré
2
Superfície Intermediário Fundo
O.D. Final (mg0
6,23
7,00
6,47
5,77
6,00
4,50
/L)
5,00
2
3,29
4,00
3,00
2,00
0,00
1,00
0,00 0,00 0,00
0,00
Hortênci
Jacaré
Ipaba o
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
65
decomposição, ocasionando no período de seca, uma maior demanda bioquímica de
oxigênio. Enquanto a lagoa Jacaré apresenta grande ocorrência de algas na superfície
das águas capazes de produzir maior quantidade de oxigênio.
O aumento da DBO
5
com a profundidade afetam as lagoas indistintamente ao tipo
de uso e ocupação do solo (FIGURAS 24 e 25), sendo significativo ao nível de 5% de
probabilidade. Justifica-se em função da decantação natural do material orgânico no
fundo das lagoas.
FIGURA 24: DBO
5,
por lagoa,
em época FIGURA 25: DBO
5,
por lagoa,
em época
de chuva. de seca.
Tomando a resolução CONAMA 357/05 como parâmetro, a concentração de
DBO
5
da lagoa Ipaba revelou-se adequada para a Classe II (abastecimento doméstico
com tratamento convencional; proteção das comunidades aquáticas; recreação de
contato primário, etc.), que estabelece valor < 5 mg/l. Já as lagoas Hortêncio e Jacaré
revelaram valores de acordo ao estabelecido para a Classe I (abastecimento doméstico
com tratamento simplificado; recreação de contato primário, irrigação de hortaliças,
etc.) que estabelece valor < 3 mg/l.
5.1.10. Nitrogênio total (NT)
As concentrações de NT para as lagoas obedeceram a seguinte ordem decrescente:
Ipaba, Jacaré e Hortêncio. Apesar de não haver diferença estatística, ao nível de 5%,
2,11
0,72
0,66
2,26
0,10
0,57
3,40
1,31
1,86
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
/L)
8,00
9,00
DBO5 (mg0)
Ipaba Hortênci o
Lagoas
Jacaré
2
Superfície Intermediário Fundo
DBO5 (mg0)
9,00
7,89
8,00
6,90
7,00
/L)
6,00
2
5,00
3,05
4,00
2,15
2,40
3,00
0,85
0,72
2,00
1,35
1,00
0,20
0,00
Jacaré
Ipaba Hortêncio
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
66
entre os valores médios de concentração de NT da lagoa Hortêncio e Jacaré, houve
diferença entre esses valores médios e a da lagoa Ipaba. Esses resultados se encontram
de acordo com as principais fontes de nitrogênio na água (esgotos doméstico e
industriais, fertilizantes e excrementos de animais) e o uso e ocupação do solo na área
do entorno das lagoas: Ipaba (ocupação urbana), Jacaré (plantio de Eucaliptus ssp e
recreação) e Hortêncio (plantio de Eucaliptus ssp).
Não se verificou uma diferença entre os valores médios das épocas seca e chuvosa
para todas as lagoas, ao nível de 5% de probabilidade.
O aumento da concentração de NT com a profundidade afetam as lagoas
indistintamente ao tipo de uso e ocupação do solo, sendo significativo ao nível de 5% de
probabilidade com o aumento da profundidade para a lagoa Ipaba, enquanto para a
lagoa Hortêncio e Jacaré houve diferença significativa apenas entre os valores médios
da concentração do fundo em relação às demais (superfície e meio).
A existência de maior concentração de nitrogênio total no fundo das lagoas deve-
se à decomposição da matéria orgânica depositada que, ao se decompor libera
nitrogênio principalmente na forma amoniacal. Isso pode ser constatado comparando-se
a concentração de nitrogênio em suas várias formas (amoniacal, nitrato e nitrito),
observa-se que no fundo das lagoas a concentração de nitrogênio amoniacal é muito
superior em relação aos teores de nitrato e nitrito (FIGURAS 26 e 27).
A Resolução CONAMA 357/05 não estabelece limite para este parâmetro.
.
0,56
0,28
0,50
1,96
0,49
0,54
6,86
2,05
4,46
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
Ipaba Hortênci o
Lagoas
Jacaré
Nitrogênio Total (mgN/L)
Superfície Intermediário Fundo
Nitrogênio Total (mgN/L)
8,00
7,00
6,13
6,00
5,00
3,63
4,00
2,73
3,00
2,39
2,32
1,12
1,06
2,00
0,78
0,58
1,00
0,00
Jacaré
Ipaba Hortêncio
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
FIGURA 26: Valores de NT, por lagoa, FIGURA 27: Valores de NT, por lagoa,
em época de chuva. em época de seca.
67
5.1.11. Nitrogênio total Kjeldahl (NTK)
Os valores das concentrações de NTK para as lagoas obedeceram a seguinte
ordem decrescente: Ipaba, Jacaré e Hortêncio. Apesar de não haver diferença estatística,
ao nível de 5%, entre a concentração de NTK da lagoa Hortêncio e Jacaré, houve
diferença entre esses valores médios e a da lagoa Ipaba, ao nível de 5% de significância.
Os resultados encontram-se de acordo com as principais fontes de nitrogênio na água
(esgotos domésticos e industriais, fertilizantes e excrementos de animais) e o uso e
ocupação do solo na área do entorno das lagoas Ipaba (ocupação urbana), Jacaré
(plantio de Eucaliptus ssp e recreação) e Hortêncio (plantio de Eucaliptus ssp)
Não se verificou diferença entre valores nas épocas seca e chuvosa para a lagoa
Jacaré, porém para a lagoa Ipaba e Hortêncio houve diferença significativa, ao nível de
5% de probabilidade. Este resultado deve-se ao fato da redução do índice pluviométrico
na época da estação seca, mantendo-se a descarga de esgoto na lagoa Ipaba e
conseqüentemente aumentando a concentração de NTK neste reservatório, e na lagoa
Hortêncio a decomposição da matéria orgânica transportada para o fundo da lagoa no
período chuvoso.
Os valores das concentrações de NTK são significativos ao nível de 5% de
probabilidade nas três profundidades apenas para a lagoa Ipaba, enquanto para a lagoa
Hortêncio e Jacaré houve diferença significativa apenas entre os valores da
concentração do fundo em relação às demais (superfície e meio). A existência de maior
concentração de NTK no fundo das lagoas deve-se à decomposição da matéria orgânica
depositada, que, ao se decompor, libera nitrogênio principalmente na forma amoniacal,
sendo que pela própria definição o nitrogênio Kjeldahl é a soma dos nitrogênios
orgânico e amoniacal. Ambas as formas estão presentes em detritos de nitrogênio
orgânico oriundos de atividades biológicas.
Tomando a resolução CONAMA 357/05 como parâmetro, O valor médio da
concentração de NTK das lagoas Ipaba (2,20 mg/l), Hortêncio (0,70 mg/l) e Jacaré (0,94
mg/l) revelam valores de acordo com o estabelecido para a Classe III (abastecimento
doméstico com tratamento simplificado; recreação de contato primário, irrigação de
hortaliças, etc.) que estabelece valor 13,3 mg/l para pH a 7,5. (FIGURAS 28 e 29).
68
FIGURA 28: Valores de NTK, por lagoa, FIGURA 29: Valores de NTK, por lagoa,
em época de chuva. em época de seca.
5.1.12. Nitrogênio amoniacal (NA)
Os valores de NA, para a lagoa Ipaba, foi superior ao nível de 5% de significância
em relação aas lagoas Hortêncio e Jacaré, entretanto não variaram entre si
estatisticamente. Os resultados encontram-se de acordo com as principais fontes de
nitrogênio na água (esgotos domésticos e industriais, fertilizantes e excrementos de
animais) e o uso e ocupação do solo na área das lagoas.
Não se verificou uma diferença entre as épocas seca e chuvosa para todas as
lagoas, ao nível de 5% de probabilidade. Este resultado em contraste com os resultados
de NTK (FIGURAS 28 e 29), em que houve um aumento nas concentrações na época
de seca, evidencia que o aumento deve-se provavelmente à contribuição de nitrogênio
em formas orgânicas e não amoniacais.
Quanto à profundidade, a lagoa Ipaba apresentou uma diferença significativa no
período seco, ao nível de 5% de probabilidade, para as três profundidades (FIGURAS
30 e 31). Para as lagoas Hortêncio e Jacaré houve apenas diferença entre os valores das
concentrações do fundo das lagoas e as demais profundidades. Da mesma forma que
para o NTK, a existência de maior concentração de NA no fundo das lagoas deve-se à
decomposição da matéria orgânica depositada, que ao se decompor libera nitrogênio
principalmente na forma amoniacal.
Nitrogênio Total Kjeldahl (mgN/L)
0,24
0,05
0,34
1,28
0,22
0,34
3,40
0,92
2,23
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
Nitrogênio Total Kjeldahl (mgN/L)
4,50
4,11
4,00
3,50
3,00
2,22
2,50
2,19
1,92
2,00
1,38
1,50
0,71
1,00
0,65
0,49
0,33
0,50
0,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
69
Tomando a resolução CONAMA 357/05 como parâmetro, a concentração de
nitrogênio amoniacal das lagoas Hortêncio e Jacaré revela valores de acordo com o
estabelecido para a Classe III (abastecimento doméstico com tratamento convencional;
irrigação de culturas arbóreas e dessedentação de animal) e IV (à navegação; à
harmonia paisagística e aos usos menos exigentes) que estabelece valor < 1,0 mg/l. Já
para a lagoa Ipaba o valor encontrado não se enquadra em nenhuma das classes
existentes de águas doces, com salinidade igual ou inferior a 0,5%. No caso das Classes
I e II, que não devem apresentar NA (0,00 mg/l).
FIGURA 30: Valores de NA, por lagoa, FIGURA 31: Valores de NA, por lagoa, em
em época de chuva. época de seca.
5.1.13. Nitrato
Os valores de Nitrato para as lagoas obedeceram a seguinte ordem decrescente:
Ipaba, Hortêncio e Jacaré, porém não houve diferença estatística ao nível de 5% de
probabilidade. Os baixos valores de nitrato se encontram de acordo com o uso e
ocupação do solo, que no caso da lagoa Ipaba, a principal fonte de contaminação é o
esgoto e, portanto, o nitrogênio amoniacal e orgânico. No caso das lagoas Hortêncio e
Jacaré, apesar da plantação de Eucaliptus ssp, apresentam vegetação nativa num raio de
100 metros entre o Eucaliptus ssp e a borda da lagoa, servindo de tampão para as
possíveis drenagens dos resíduos da atividade agrícola, além disso o uso de adubos
0,03
0,01
0,06
0,37
0,02
0,06
3,12
0,86
2,11
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Nitrogênio Amoniacal (mgN/L)
Superfície Intermediário Fundo
Nitrogênio Amoniacal (mgN/L)
3,50
3,00
2,50
2,00
1,67
1,50
1,05
1,00
0,62
0,50
0,20
0,06 0,05
0,03 0,01 0,01
0,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
70
nitrogenados (nitrato) para o plantio de Eucaliptus ssp não é tão intenso quanto em
outras culturas.
Apesar de ser observado um aumento na concentração de nitrato na época seca em
relação à época chuvosa, esse aumento não se caracterizou numa diferença estatística,
ao nível de 5% de probabilidade. Acredita-se que apesar da época chuvosa diluir a
concentração dos nutrientes solúveis, o nitrato, por ser mais solúvel, é carreado pelas
águas da chuva compensando o processo de diluição. Por outro lado, na época seca o
pequeno aumento na concentração do nitrato não é reflexo da diluição da época chuvosa
e sim pelo fato da razão entre a evaporação/precipitação ser maior nessa época.
(FIGURAS 32 e 33)
Quanto à profundidade, a concentração de nitrato não apresentou diferença
significativa, ao nível de 5% de probabilidade, para os três lagoas nas três
profundidades. O resultado está de acordo com a alta solubilidade do nitrato que torna o
corpo d’água mais homogêneo.
Tomando a resolução CONAMA 357/05 como parâmetro, O valor médio da
concentração de NA das lagoas Ipaba (0,34 mg/l), Hortêncio (0,26 mg/l) e Jacaré (0,25
mg/l) revela valores de acordo com o estabelecido para a Classe I (abastecimento
doméstico com tratamento simplificado; recreação de contato primário, irrigação de
hortaliças, etc.) que estabelece valor < 5,0 mg/l.
FIGURA 32: Valores de nitrato, por lagoa, FIGURA 33: Valores de nitrato, por lagoa,
em época de chuva. em época de seca.
0,28
0,22
0,10
0,31
0,24
0,15
0,34
0,27
0,12
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
Nitrato (mgN/L)
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
Nitrato no Período de Seca, por Nível
0,45
Nitrato (mgN/L)
0,40
0,38
0,38
0,40
0,36 0,36
0,35
0,34
0,35
0,28
0,30
0,24
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
71
5.1.14. Nitrito
No caso do nitrito, os resultados obtidos estão abaixo do limite de detecção do
método espectrofotométrico da sulfanilamida diazotizada com (N-1-naftil) em
etilenodiamina hidrocloreto, portanto não detectado.
Assim sendo, este parâmetro encontra-se dentro dos limites estabelecidos pela
resolução CONAMA 357/05 para as Classes I (abastecimento doméstico com
tratamento simplificado; recreação de contato primário, irrigação de hortaliças, etc.)
onde o valor máximo permitido é de 1,0 mg/l.(FIGURAS 34 e 35).
Nitrito (mg)
FIGURA 34: Valores de Nitrito, por lagoa, FIGURA 35: Valores de Nitrito, por lagoa,
em época de chuva. em época de seca.
5.1.15. Fosfato total (PO
4
T)
Os valores de concentração de PO
4
T , para a lagoa Hortêncio, foram inferiores ao
nível de 5% de significância em relação as lagoas Ipaba e Jacaré (FIGURAS 36 e 37),
entretanto, os valores entre as lagoas Ipaba e Jacaré não variaram entre si
estatisticamente. Uma vez que o fosfato é determinado com a amostra filtrada, pode-se
afirmar que essa é a forma solúvel contida nas lagoas. Uma das fontes antrópicas de
fosfato são os esgotos domésticos, enquanto o fosfato natural pode resultar
principalmente da liberação do fosfato da rocha e da decomposição de material vegetal,
0,001
0,000
0,001
0,000
0,001
0,001
0,001
0,002
0,003
0,000
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
Ipaba Hortêncio
Lagoas
Jacaré
Superfície Intermediário Fundo
Nitrito (mgN/L)
0,006
0,005
0,005
0,004
0,003
0,002
0,002
0,001
0,001
0,0000,0000,000 0,000 0,0000,000
0,000
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
72
catalisados por enzimas denominadas fosfatases. Deve-se considerar que todas as lagoas
podem estar recebendo contribuição de fosfato da liberação das rochas (apatita –
[Ca
10
(OH)
2
(PO
4
)
6
]) que drenam o entorno das lagoas.
Não se caracterizou uma diferença entre os valores médios da concentração de
PO
4
T das épocas seca e chuvosa para a lagoa Ipaba, ao nível de 5% de probabilidade. Já
para as lagoas Hortêncio e Jacaré houve diferença significativa, ao nível de 5% de
probabilidade. Ao contrário de outros parâmetros, no caso do PO
4
T a concentração na
época da seca diminui em relação à época chuvosa, isso pode ser devido à redução da
contribuição do material rochoso que drena no entorno das lagoas e ao fosfato restante
que é facilmente imobilizado pelos sedimentos e colóides inorgânicos e orgânicos.
Quanto à profundidade, não houve diferença significativa, ao nível de 5% de
probabilidade, para as lagoas Ipaba e Hortêncio nas três profundidades. Para a lagoa
Jacaré houve apenas diferença entre as concentrações do fundo da lagoa e as demais
profundidades.
Tomando a resolução CONAMA 357/05 como parâmetro, O valor médio da
concentração de PO
4
T das lagoas Ipaba (0,06 mg/l) e Jacaré (0,04 mg/l) revelam valores
de acordo com o estabelecido para a Classe III (abastecimento doméstico com
tratamento convencional; irrigação de culturas arbóreas e dessedentação de animal) que
estabelece valor < 0,075 mg/l. Já a lagoa Hortêncio (0,02 mg/l) revela valor de acordo
com o estabelecido para a Classe I (abastecimento doméstico com tratamento
simplificado; recreação de contato primário, irrigação de hortaliças, etc.) quando o valor
máximo permitido é 0,025 mg/l.
73
Fosfato (mgPO
FIGURA 36: Valores de fosfato total, FIGURA 37: Valores de fosfato total
por lagoa, época de chuva. por, lagoa em época de seca.
.
5.1.16. Fósforo total (PT)
Não se caracterizou uma diferença entre as concentrações de PT em função do uso
e ocupação do solo da área do entorno das lagoas, ao nível de 5% de significância de
probabilidade. Também não houve diferença entre os valores da concentração de PT em
relação à época do ano para todas as lagoas. (FIGURAS 38 e 39).
Quanto à profundidade, não houve diferença significativa, ao nível de 5% de
probabilidade, para as lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré nas três profundidades.
A resolução CONAMA 357/05 não estabelece valores máximos permitidos para
esse parâmetro.
0,070
0,025
0,035
0,065
0,035
0,040
0,065
0,035
0,105
0,000
0,020
0,040
0,060
0,080
0,100
0,120
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
2
/L)
Superfície Intermediário Fundo
Fosfato (mgPO
0,120
0,100
0,038
0,000
0,003
0,030
0,000
0,007
0,070
0,006
0,047
0,000
0,020
0,040
0,060
0,080
2
/L)
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
Fósforo Total (mgP/L)
0,023
0,008
0,011
0,021
0,011
0,013
0,021
0,011
0,034
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
0,030
0,035
0,040
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
Fósforo Total (mgP/L)
0,040
0,035
0,030
0,023
0,025
0,020
0,015
0,015
0,012
0,010
0,010
0,005
0,000
0,001
0,000
0,002 0,002
0,000
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
FIGURA 38: Valores de fósforo total, por FIGURA 39: Valores de fósforo total, por
74
lagoa, em época de chuva . lagoa, em época de seca.
5.1.17. Cálcio e Magnésio (Ca e Mg)
Os valores de Ca e Mg para a lagoa Ipaba foram superiores, ao nível de 5% de
probabilidade, em relação às concentrações das lagoas Hortêncio e Jacaré, entretanto
não variaram entre si estatisticamente (FIGURAS 40, 41, 42 e 43). Esse comportamento
pode ser justificado pelo uso e ocupação urbana do solo no entorno da lagoa Ipaba, onde
as águas residuais advindas do uso doméstico contêm cálcio e magnésio proveniente de
detergentes e sabões, sendo esses íons muito solúveis. Segundo Andrade e Martyn
(1993), os íons Ca e Mg podem ser provenientes de águas de lavagem, enxágüe e
sanificação. Os detergentes em pó apresentam em sua composição os builders, que
possuem a função de facilitar a retirada da sujeira seqüestrando íons Ca e Mg.
Já no caso das lagoas Hortêncio e Jacaré a origem desses elementos é,
provavelmente, das águas de drenagem em função da alta solubilidade desses íons,
proveniente da solubilização das rochas (apatita – [Ca
10
(OH)
2
(PO
4
)
6
], que drenam o
entorno das lagoas). No caso específico da lagoa Jacaré a excessiva quantidade de algas
pode também, quando de sua senescência e decomposição, contribui para a presença dos
íons.
Quanto às épocas, houve uma resposta diferente para Ca e Mg. Para o Ca, a
diferença das concentrações é relevante, ao nível de significância de 5%, para todas as
lagoas. Essa diferença, que chega a ser maior que dez vezes na época seca, em relação à
época de chuva, é plenamente justificada uma vez que o cálcio, conforme visto
anteriormente, é um íon extremamente solúvel, concentrando-se, portanto, com a
redução do volume de água. No caso do Mg, a diferença das concentrações é relevante,
ao nível de 5% de significância, apenas para a lagoa Ipaba. Diferentemente do
comportamento do Ca, a concentração do Mg diminui na época de seca, mesmo as
lagoas Hortêncio e Jacaré que não apresentam diferença estatística.
Quanto à profundidade, de modo geral, os valores médios da concentração de Ca
e Mg não apresentaram diferença significativa, ao nível de 5% de probabilidade. A alta
solubilidade desses íons favorece a desestratificação nas lagoas, ou seja, sua
homogeneização no ambiente.
Contudo, a lagoa Ipaba apresentou diferença significativa, ao nível de 5%, entre
os valores da concentração da parte superficial e as demais profundidades, para o Mg.
Observa-se porém, que essa diferença ocorre na época chuvosa, influenciando O valor
médio geral dessa profundidade, apresentando pH igual a 8,8. Assim sendo, acredita-se
75
que o elevado valor de pH interfira no equilíbrio do Mg precipitado. (FIGURAS 10 e
11).
Nesses parâmetros, a resolução CONAMA 357/05 não estabelece limite.
A presença de Ca e Mg não tem significância sanitária, porém pode ser prejudicial
aos usos domésticos e industriais, pois dá origem à chamada dureza da água, podendo
levar as incrustações de tubulações provocando entupimentos que podem causar
explosões, reduzirem a transferência de calor e acelerar a corrosão em caldeiras.
Cálcio (mg/L)
FIGURA 40: Valores de cálcio, por lagoa, FIGURA 41: Valores de cálcio, por lagoa,
em época chuva. em época de seca.
FIGURA 42: Valores de magnésio, por FIGURA 43: Valores de magnésio, por
lagoa, em época de chuva. lagoa, em época de seca.
0,280
0,120
0,080
0,650
0,030
0,090
0,440
0,070
0,100
0,000
1,000
2,000
3,000
4,000
5,000
6,000
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
Cálcio (mg/L)
6,000
4,960
4,760
4,740
5,000
4,000
3,000
2,000
1,350
1,160
1,080
0,860
0,700
0,660
1,000
0,000
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
0,80
1,30
2,10
4,30
1,20
2,10
4,10
1,40
2,30
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Magnésio (mg/L)
Superfície Intermediário Fundo
Magnésio (mg/L)
5,00
4,00
3,00
1,77
2,00
1,30
1,24
1,22
1,16
1,14
1,08
0,93
0,87
1,00
0,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
76
5.1.18. Potássio (K)
Os valores de potássio para as lagoas obedeceram a seguinte ordem decrescente:
Ipaba, Hortêncio e Jacaré, diferentes, estatisticamente, ao nível de 5% de probabilidade.
O K, por sua alta solubilidade e baixa capacidade em realizar ligações iônicas com
colóides orgânicos e inorgânicos do solo (Capacidade de Troca Catiônica – CTC),
apresenta uma alta capacidade tampão da concentração em função da manutenção desse
equilíbrio.
Não se caracterizou uma diferença entre os valores das concentrações de potássio
nas épocas seca e chuvosa para todas as lagoas, ao nível de 5% de probabilidade
(FIGURAS 44 e 45).
Quanto à profundidade, de modo geral, os valores das concentrações de potássio
não apresentaram diferença significativa, ao nível de 5% de probabilidade.
O CONAMA 357/05 não estabelece limite para esse parâmetro.
FIGURA 44: Valores de potássio, por FIGURA 45: Valores de potássio por,
lagoa, em época de chuva. lagoa, em época de seca.
5.1.19. Ferro e manganês total (Fe e Mn)
Os valores de Fe e Mn para as lagoas obedeceram a seguinte ordem decrescente:
Ipaba, Jacaré e Hortêncio. Apesar de a diferença numérica entre os valores médios de Fe
3,98
2,77
1,88
5,57
2,77
1,88
6,12
2,77
2,10
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Potássio (mg/L)
Superfície Intermediário Fundo
Potássio (mg/L)
7,00
6,00
5,27 5,27 5,27
5,00
4,00
3,00
2,40 2,40 2,40
2,00
1,48 1,48 1,48
1,00
0,00
Ipaba Hortêncio
Lagoas
Jacaré
Superfície Intermediário Fundo
77
e Mn entre as lagoas, não houve diferença estatística ao nível de 5% de significância
(FIGURAS 46, 47, 48 e 49). Esses resultados podem ser explicados em função dos
ecossistemas aquáticos continentais apresentarem os sedimentos como compartimento
que funciona como principal reservatório desses elementos, para os demais
compartimentos (Esteves, 1950). A dinâmica desses elementos acumulados nos
sedimentos é função de fatores biológicos e físico-químicos.
Quanto às épocas, apesar de haver diferença numérica, tanto para Fe quanto para
o Mn, não houve diferença estatística, em função do alto coeficiente de variação.
Quanto à profundidade, de modo geral, o Fe e o Mn apresentaram diferença
significativa, ao nível de 5% de probabilidade, para as lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré
na concentração do fundo em relação às demais profundidades (superfície e meio). O
aumento da concentração do ferro e do manganês, no fundo das lagoas, onde o ambiente
redutor libera Fe no fundo das lagoas, devido a interface sedimento-água ser a região
dos ecossistemas aquáticos onde se observam, de forma mais intensa, os processos de
oxidação e redução, que por sua vez, são fortemente influenciados pelas concentrações
de oxigênio da coluna d’água. A variação da concentração de oxigênio influencia, entre
outros parâmetros, principalmente o potencial de oxi-redução que, por sua vez, atua
diretamente em fatores ambientais como a solubilidade do ferro (Esteves, 1950). As
regiões superficiais e intermediárias das lagoas apresentaram os maiores teores de
oxigênio dissolvido e valores de potencial de oxi-redução mais elevados, em relação ao
fundo das lagoas, é portanto, um ambiente fortemente redutor, estabelecendo condições
físico-químicas favoráveis à precipitação dos íons ferro, especialmente na forma de
óxidos. Por outro lado, no fundo das lagoas, os teores de oxigênio dissolvido e os
valores do potencial de oxi-redução são menores.
Ferro e manganês encontram-se geralmente associados, conferindo à água um
sabor amargo adstringente e coloração amarelada e turva. Porém o principal problema
deve-se ao manganês, que quando absorvido em excesso, impede a atuação do ferro na
produção da hemoglobina e em altas doses podem causar apatia, irritabilidade, dores de
cabeça e distúrbios psicológicos podendo ocasionar doença similar ao Mal de Parkinson
(Springway, 2004).
Tomando a resolução CONAMA 357/05 como parâmetro, a concentração de Fe e
Mn das lagoas Ipaba, Hortêncio e Jacaré revelam valores de acordo com o estabelecido
para a Classe III (abastecimento doméstico com tratamento convencional; irrigação de
78
culturas arbóreas e dessedentação de animal) quando o valor máximo permitido para Fe
é 5,0 mg/l e para Mn é 0,3 mg/l.
Ferro (mg/L)
FIGURA 46: Valores de ferro, por lagoa, FIGURA 47: Valores de ferro, por lagoa,
em época de chuva. em época de seca. .
FIGURA 48: Valores de manganês, por FIGURA 49: Valores de manganês, por
lagoa, em época de chuva. lagoa, em época de seca.
5.1.20. Zinco e cobre total (Zn e Cu)
Não se caracterizou uma diferença entre os valores das concentrações de Zn e Cu
em função do uso e ocupação do solo da área do entorno das lagoas, ao nível de 5% de
0,25 0,21
0,07
0,20
0,13 0,06
17,70
5,08 5,13
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
Ferro (mg/L)
Ferro no Período de Seca, por Nível
20,00
18,00
16,00
14,00
12,00
9,65
10,00
8,00
6,00
3,52
2,76
4,00
1,95
2,00
0,48
0,26 0,19 0,25
0,15
0,00
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
0,010
0,080
0,050
0,220
0,030
0,060
0,440
0,600
0,770
0,000
0,100
0,200
0,300
0,400
0,500
0,600
0,700
0,800
0,900
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Manganês Total (mg/L)
Superfície Intermediário Fundo
Manganês Total (mg/L)
0,900
0,800
0,700
0,600
0,500
0,392
0,400
0,331
0,300
0,200
0,0520,052
0,044
0,100
0,028
0,0240,025
0,018
0,000
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Superfície Intermediário Fundo
79
probabilidade (FIGURAS 50, 51, 52 e 53). Os baixos valores encontrados para Zn
(Ipaba, Hortêncio e Jacaré = 0,02 mg/l) e Cu (Ipaba = 0,001 mg/l, Hortêncio e Jacaré =
0,002 mg/l) se justificam por serem esses elementos encontrados na natureza em
pequenas concentrações, da ordem de parte por milhão ou parte por bilhão. Tamm,
em função da concentração muito pequena e por serem nutrientes essenciais aos seres
vivos, são denominados micronutrientes, tendo importante papel no metabolismo dos
organismos aquáticos. Apesar de que os vários elementos para uso doméstico e agrícola
(Zn, Cu, Cd, Pb, etc.), usados em larga escala, principalmente no cultivo do Eucaliptus
spp, provocarem sérios problemas ambientais, observa-se que o uso e ocupação do solo
não influenciaram a concentração de Zn e Cu nos vários ambientes estudados. As
características geológicas e ecológicas das bacias de drenagens, assim como o tipo e a
intensidade da atividade humana, que são responsáveis pela carga total dos elementos
traços (Esteves, 1950), também não influenciaram o resultado.
Para o Zn também não houve diferença entre os valores médios da concentração
em relação à época do ano para todas as lagoas, porém para Cu houve diferença
significativa, ao nível de 5% de probabilidade. Uma observação importante é que na
época de seca a presença de cobre não foi detectada. O resultado pode ser justificado
pelo fato do cobre ser altamente complexado pela matéria orgânica e facilmente
adsorvida pelas argilas.
Quanto à profundidade, de modo geral, os valores da concentração de Zn e Cu não
apresentaram diferença significativa, ao nível de 5% de probabilidade.
Tomando a resolução CONAMA 357/05 como parâmetro, o valor médio da
concentração de Zn e Cu das lagoas Ipaba (0,02 mg/l de Zn e), Hortêncio (0,02 mg/l) e
Jacaré (0,02 mg/l) revelam valores bem abaixo do estabelecido para a Classe I
(abastecimento doméstico com tratamento simplificado; recreação de contato primário,
irrigação de hortaliças, etc.) quando o valor máximo permitido para Zn é 0,18 mg/l e
Cu 0,18 mg/l.
80
FIGURA 50: Valores de zinco, por lagoa, FIGURA 51: Valores de zinco, por lagoa,
em época de chuva. em época de seca.
FIGURA 52: Valores de cobre, por lagoa, FIGURA 53: Valores de cobre por lagoa
em época de chuva. em época de seca.
5.1.21 Razão N/P
Para a razão N/P entre os valores médios por lagoa, verificou-se que o elemento
limitante da produtividade das lagoas pesquisados é o fósforo (Tabela 25).
0,008
0,014
0,020
0,026
0,022
0,018
0,014
0,026
0,022
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
0,030
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Zinco Total (mg/L)
Superfície Intermediário Fundo
Zinco Total (mg/L)
0,030
0,025
0,025
0,021
0,020 0,018
0,017
0,014
0,015
0,008
0,010
0,007
0,006 0,006
0,005
0,000
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
0,001
0,004 0,0040,004
0,003 0,003
0,002 0,002
0,001
0,000
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
0,007
0,008
0,009
0,010
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Cobre Total (mg/L)
Superfície Intermediário Fundo
Cobre Total (mg/L)
0,010
0,009
0,008
0,007
0,006
0,005
0,004
0,003
0,002
0,001
0,000 0,000 0,000 0,000 0,0000,000 0,000 0,000 0,000
0,000
Ipaba Hortêncio Jacaré
Lagoas
Intermediário Superfície Fundo
81
TABELA 25: Razão N/P dos valores médios das lagoas
Lagoa Razão N/P Elemento limitante
Ipaba 179 P
Hortêncio 115 P
Jacaré 84 P
* Segundo Thomann e Mueller (1987), N/P > 10, a limitação é por fósforo.
Quanto à produtividade, as lagoas Ipaba e Jacaré estão classificadas como
moderadamente baixa, já que a produtividade está intimamente relacionada ao estado
trófico das lagoas. Já a lagoa Hortêncio, por apresentar menor quantidade de fósforo,
encontra-se no estado oligotrófico-mesotrófico, portanto com produtividade muito baixa
(TABELA 26).
TABELA 26: Classificação das lagoas em relação à produtividade
Lagoa Nitrato (mg/l) Fosfato (mg/l) Produtividade
Ipaba 0,34 0,06 Moderadamente baixa
Hortêncio 0,26 0,02 Muito baixa
Jacaré 0,25 0,04 Moderadamente baixa
* Segundo PORTO et al. 1991, nitrato de 0,2-0,4 e fósforo 0,005-0,010, a produtividade é
moderadamente baixa.
A lagoa Ipaba apresentou maior grau de eutrofização classificando-se como
mesotrófica. A lagoa Hortêncio, apesar da razão N/P ser maior que a da lagoa Jacaré,
classifica-se como oligotrófica-mesotrófica devido ao valor do fósforo encontrado ser
menor do que na lagoa Jacaré. (TABELA 27)
82
TABELA 27: Estado trófico das lagoas em função dos valores de fósforo total
Lagoa P (mg/l) Classe de Trofia
Ipaba 0,02 Mesotrófico
Hortêncio 0,01 Oligotrófico-mesotrófico
Jacaré 0,02 Mesotrófico
* Classificação segundo ABES (1988), onde valores de P de 0,008-0,011 são
oligotrófico-mesotrófico e valores entre 0,012-0,027 são mesotróficos.
O resultado da razão N/P, seguramente, está associado ao tipo de uso e ocupação
do solo, onde o desenvolvimento da cidade de Ipaba, no caso da lagoa Ipaba, e a falta de
informação da população do entorno, propiciam o lançamento de esgoto doméstico e
resíduos orgânicos nas águas da lagoa. Por outro lado, a lagoa Hortêncio e Jacaré,
podem estar sendo influenciados pela prática da monocultura do Eucaliptus ssp e do
escoamento do material alóctone, sem precisão das fontes pontuais desse material.
Os parâmetros acima foram considerados em função de estarem associados à
avaliação da qualidade da água no ecossistema em questão, porque o estado de trofia, a
produtividade e o elemento limitante constituem-se em fatores que influenciam a
qualidade da água. (TABELA 25)
83
6. CONCLUSÕES
A partir da realização desse trabalho pôde-se concluir que a sazonalidade, a
profundidade, a razão N/P e o grau de trofia das lagoas têm influência do tipo de uso e
ocupação do solo e são importantes para a análise da qualidade da água, devido ao
aporte de material alóctone. Verificou-se que a dinâmica da estratificação das lagoas
oligotróficas e eutróficas é a principal responsável pela variação dos valores e médias
das variáveis ao longo da coluna d’água.
Os dados hidroquímicos obtidos nas análises dos parâmetros físico-químicos,
apresentaram pequenas variações entre as estações e as profundidades.
De acordo com os parâmetros estabelecidos pela resolução CONAMA 357/05,
as águas das lagoas podem ser enquadradas na Classe IV (destinada à navegação, à
harmonia paisagística e aos usos menos exigentes) se comparadas ao conjunto dos
parâmetros.
A lagoa Hortêncio confirmou-se escolhida como padrão apresentando realmente
as melhores condições ambientais. Já a lagoa Ipaba, que possui uso e ocupação do solo
urbano na área do entorno, apresentou condições ambientais precárias em relação à
lagoa Jacaré (uso e ocupação do solo com Eucaliptus ssp e recreação), confirmando que
o esgoto e o lixo implicam mais na perda da qualidade da água do que as lagoas de uso
e ocupação agrícola.
Das lagoas pesquisados, a lagoa Ipaba apresenta os piores parâmetros
hidroquímicos, seguida da lagoa Jacaré.
84
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscando melhorar a qualidade da água e as condições ambientais da lagoa Ipaba,
seriam importantes as seguintes medidas:
1- a implementação de um Programa de Educação Ambiental para a população
local e um Programa de Gestão Urbana, basicamente tratar esgotos, regulamentar o uso
e ocupação do solo, elaborar programas de conservação do solo;
2- desenvolver e estimular pesquisas na área de sedimentos, como testemunho da
eutrofização artificial de ambientes aquáticos e caracterização do estado trófico das
lagoas que compõem o Médio Vale do Rio Doce;
3- monitoramento em séries anuais com medidas regulares (amostragem mensais)
na área do Médio Vale do Rio Doce, buscando avaliar melhor o efeito do uso e
ocupação do solo do entorno das lagoas, pontuando e quantificando os pontos de aporte
do material alóctone e assim contribuindo na participação do teor nutricional das lagoas.
As propostas acima já foram apresentadas, através de projetos de pesquisa e
extensão, às empresas responsáveis pela prática da monocultura do Eucaliptus ssp e à
prefeitura do município de Ipaba.
85
8. REFERÊNCIAS
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