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empregado nas agroindústrias avícolas e demais indústrias existentes na cidade.
Isso porque, a produção das mesas não é realizada nos moldes produtivos
taylorista
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e nem fordista
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, ou seja, não foram adotados nessas indústrias os
princípios básicos de organização científica do trabalho, inexistindo a produção em
massa, o parcelamento das tarefas e especialização do trabalhador com um número
limitado de gestos repetidos constantemente durante a jornada de trabalho, a linha
de produção, dentre outros aspectos (GOUNET, 1999, p. 18-19). Tão pouco foram
adotados princípios da produção preconizados pelo sistema toyotista
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, que pode ser
caracterizado dentre outros aspectos pela organização flexível e integrada do
trabalho nas indústrias (CORIAT, 1994).
Assim, levando em consideração a forma de organização do
trabalho nas indústrias de mesas para bilhar, todo o processo produtivo das mesas
fica restrito ao marceneiro e seus auxiliares, funcionários esses que dominam todas
as etapas de produção de uma mesa desde o corte da madeira até o acabamento
final, tendo os mesmos pleno domínio dos equipamentos. Esses funcionários da
produção fabricam uma peça de cada vez (o corpo ou base da mesa, o quadro, as
tabelas, os pés e fazem todo o acabamento final em cada mesa montada). Ressalta-
se aqui que os demais funcionários que viajam nas linhas não têm acesso à
produção das mesas, mesmo nos períodos que não estão viajando. Os mesmos
somente ajudam na reforma das mesas de suas linhas, evitando assim que se
tornem futuros concorrentes. Diante disso, pode-se afirmar que essas unidades
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Conjunto de estudos desenvolvidos por Frederick Winslow Taylor (1856-1915) ), que objetivava o
aumento da produção e da produtividade nas indústrias sem ter que recorrer a inovações de base
técnica. Esse sistema de produção atua sobre o posto de trabalho individual através do planejamento
e controle do trabalhador e das suas práticas de trabalho, de modo que se possa eliminar o
desperdício do esforço físico através do estudo dos tempos e movimentos dos operários. Dentre os
princípios básicos de sistema destacam-se a decomposição das tarefas em operações simples; o
planejador no processo produtivo como um elemento crucial para o acompanhamento dos tempos e
movimentos alocados a cada operação; a eliminação do desperdício do esforço físico; o cumprimento
do tempo prescrito, etc. (RAGO, 1986).
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Sistema fordista consiste em métodos de racionalização da produção elaborados por Henry Ford
(1863-1947) logo após a primeira Guerra Mundial. Buscando minimizar os custos de produção, o
fordismo parte da decomposição do produto em seus vários elementos constitutivos, fazendo com
que estes elementos circulem pela "linha de montagem”. Dentre suas características destacamos a
imposição do tempo de trabalho pela máquina, as inovações de base técnica, a especialização da
maior parte dos trabalhadores em uma única e repetida tarefa, a produção em grandes volumes,
padronizada e necessitando de altos investimentos, etc. (GOUNET, 1999).
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Criada e implantada pelos japoneses de 1950 a 1970, na Toyota, essa forma de organizar o
trabalho baseia-se em princípios como o trabalho em grupo, com várias responsabilidades e
agrupados a um líder; operários responsáveis pela qualidade, rede ou grupo de fornecedores
agrupados por funções dos produtos; just-in-time, entre outros (CORIAT, 1994).