Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FITOESTROGÊNICA DO EXTRATO
HIDROALCOÓLICO E DA INFUSÃO DAS FOLHAS DE Morus nigra L.
Ana Paula Nunes Bitencourt Vanoni
Porto Alegre
Novembro de 2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FITOESTROGÊNICA DO EXTRATO
HIDROALCOÓLICO E DA INFUSÃO DAS FOLHAS DE Morus nigra L.
Ana Paula Nunes Bitencourt Vanoni
Dissertação apresentada como um dos
requisitos para a obtenção do grau de
Mestre em Ciências Veterinárias na área
de Farmacologia.
Orientador: Prof. Dr. Augusto Langeloh.
Co-orientadora: Dra. Eliane Dallegrave.
Porto Alegre
Novembro de 2006
ads:
2
DEDICATÓRIA
A todos aqueles que trabalham pelo desenvolvimento da educação baseada no amor e
compreensão, buscando o sentido primordial de nossa existência.
3
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Augusto Langeloh, pela destreza em transmitir seus ensinamentos
refentes à pesquisa científica, sempre fundamentados na compreensão, amizade e
incentivo.
Á Dra. Eliane Dallegrave, pela generosidade e amor pela educação, princípios
estes essenciais para o suporte técnico e colaboração para o crescimento profissional e
espiritual de seus alunos.
Aos bolsistas de iniciação científica que participaram deste trabalho, colaborando
para a execução dos experimentos, bem como à Dra. Ângela Lopes.
Aos professores, funcionários, mestrandos, doutorandos, bolsistas e estagiários
do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Básicas da Saúde, pela
acolhida e amizade.
Aos meus colegas do Colégio Luterano da Paz, pela crença na educação de
jovens para a pesquisa avançada, especialmente, Marilda, Márcia, Carmen, Ana Silvia,
Paulo e Edílcia, exemplos de dedicação e fé.
Á minha família, alicerce da construção de meus ideais, e à quem dedico todo o
meu esforço, hoje e sempre, especialmente Eduardo e Matheus, por iluminarem meus
caminhos.
Ao meu marido Marco, por ter sido o melhor companheiro, mesmo nos
momentos mais solitários da elaboração deste trabalho.
Aos animais, modelos experimentais, aos quais dediquei o meu mais profundo
respeito.
4
EPÍGRAFE
“ Todo projeto de vida que não for feito com amor, compreensão e razão,
não deve então ser seguido”
Albert Einstein
5
RESUMO
Avaliou-se a influência do extrato hidroalcoólico e da infusão das folhas de
Morus nigra L. em diferentes ensaios biológicos (uterotrófico em ratas adultas
ovariectomizadas e em pré-púberes, e pubertal) em ratas Wistar. O objetivo dos ensaios
foi avaliar a atividade estrogênica de Morus nigra observando-se o desenvolvimento
uterino de ratas adultas ovariectomizadas e pré-púberes, e, a manifestação da abertura
do canal vaginal, regularidade do ciclo estral e desenvolvimento uterino de ratas do
desmame à puberdade. Os protocolos realizados foram embasados nos padrões
estabelecidos pela Organization for Economic Co-operation and Development (OECD)
– Programa para a validação de ensaios uterotróficos como rastreamento de possíveis
substâncias com atividades estrogênicas in vitro. O material vegetal foi coletado a
campo, na cidade de Porto Alegre, RS e utilizado ainda fresco para a preparação da
infusão e do extrato hidroalcoólico sendo o primeiro preparado por maceração mecânica
das folhas (20g de folhas frescas) em 200ml de água destilada, e o segundo por
maceração de 100g de folhas em 1000ml de solução hidroalcoólica (1:1), com posterior
concentração em rotavapor à vácuo, ambos conservados sob refrigeração durante o
período dos ensaios biológicos. O cálculo do resíduo seco para estas amostras foi
efetuado com base na evaporação em estufa de volumes conhecidos em frascos de
Becker, resultando em (média ± desvio padrão) 5,4 ± 0,32mg/ml de 7 amostras para a
infusão e 123,1 ± 0,17mg/ml de 9 amostras para o extrato hidroalcoólico. As ratas
foram tratadas diariamente, por via oral com sonda flexível ou rígida, com 0,4mg/kg de
benzoato de estradiol (controle positivo), 10ml/kg de óleo de canola (controle),
615,3mg/kg de extrato hidroalcoólico 50% ou 27,0mg/kg de infusão das folhas de
Morus nigra L.. Os ensaios uterotróficos tiveram uma duração de 7 dias, para fêmeas
ovariectomizadas e de 3 dias, para as pré-púberes, e o ensaio pubertal (subcrônico)
cerca de 35 dias. Os resultados revelaram, no ensaio com ratas adultas
ovariectomizadas, um aumento da massa corporal relativa dos grupos tratados com óleo
de canola (controle) e extrato das folhas de Morus nigra L.em relação aos demais
grupos (estradiol- controle positivo- e infusão das folhas de Morus nigra L.), bem como
o aumento da massa relativa do útero úmido e seco dos grupos tratados com estradiol e
6
infusão de Morus nigra, acompanhado de retorno ao ciclo estral somente no grupo
estradiol; em relação aos demais órgãos, houve redução significativa da massa de fígado
e rins do grupo infusão de Morus nigra em relação ao demais grupos. No ensaio
uterotrófico em ratas pré-púberes, os resultados demonstraram um aumento da massa
corporal dos animais tratados com infusão de Morus nigra e um aumento na massa
relativa do útero úmido e seco do grupo estradiol em relação aos demais. Nas fêmeas
tratadas subcronicamente no ensaio pubertal, o grupo estradiol apresentou uma
antecipação da abertura do canal vaginal, uma redução significativa da massa dos
ovários e um aumento igualmente significativo na massa relativa do fígado em relação
aos demais grupos e um aumento igualmente significativo na massa relativa do rim
direito em comparação ao grupo controle. Conclui-se que o extrato hidroalcoólico e a
infusão das folhas de Morus nigra não apresentaram atividade estrogênica (nas doses
administradas) nos protocolos avaliados.
7
ABSTRACT
The influence of Morus nigra leaves was studied by using biological assays of
uterotrofic models in Wistar rats. The present study was undertaken in order to evaluate
a oestrogenic activity of Morus nigra extract or infusion throught: the uterine
development of ovariectomized rats treated with extract or infusion of Morus nigra
leaves; the manifestation of secondary sexual characteristics such as timing of vaginal
opening and uterine development of immature rats treated with extract or infusion of
Morus nigra leaves and the manifestation of secondary sexual characteristics: estral
cycle and uterine development in rats treated with extract or infusion of Morus nigra
leaves, since the weaning until puberty. The biological assays showed in this work were
based on OECD studies (Organization for Economic Co-operation and Development -
Program to validate the uterotrophic bioassay to screen compounds for in vitro
estrogenic responses). Field collected plants (Morus nigra fresh leaves) were used for
the infusion and hydroalcoholic extract by mechanical maceration in water or
hydroalcoholic solution (1:1), respectively. Both samples were conserved in
refrigerator. Residuous material was dryed (at room temperature) and evaporated in
glasses, in order to evaluate their inicial and final weigth resulting in 5,4
±
0,32mg/ml
of 7 samples of infusion and 123,1
±
0,17mg/ml of 9 samples of hydroalcoholic extract.
The animals were treated with oestradiol (0,4mg/kg), canola oil (10ml/kg),
hydroalcoholic extract 50% (615,3mg/kg) and infusion (27mg/kg) of Morus nigra fresh
leaves by oral gavage. The rats were treated for 7,3 and approximately 35 days,
respectively, in each experiment. It has been observed in ovariectomized rats that the
body weight was reduced at the oestradiol and infusion groups, comparing to the others
(canola oil, Morus nigra extract). Furthermore, results showed a significant increase of
the body weight for the groups treated with canola oil and Morus nigra extract; results
also showed a significant increase in the uterine weight for the groups treated with
infusion and oestradiol, and an important return of the cycle phase for the animals
treated with oestradiol , at the other organs, it has been observed a significant decrease
of liver and kidneys weight for the group treated with Morus nigra infusion, comparing
to the others. Both experiments with immature rats were compared: results showed a
body weight gain of the rats treated with infusion of Morus nigra leaves, nevertheless,
the oestradiol group had anticipation of vaginal opening, and an important increase of
the uterine weight. The subchronical bioassay with immature rats showed an
anticipation of vaginal oppening, and also, a decrease in ovarian weight and an
increase of the right kidney and liver weigh .The main conclusion highlighs that
hydroalcoholic extract and infusion of Morus nigra leaves did not show an oestrogenic
activity for the protocols and doses considered.
8
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 -
Aspecto da Morus nigra L. em período de frutificação: amoras em
distintos graus de crescimento e maturação............................................
26
FIGURA 2 -
Manipulação da fêmea para coleta do lavado vaginal e marcação da
cauda para a identificação dos animais experimentais
.................................................................................................................
30
FIGURA 3 -
Microfotografia do lavado vaginal de ratas demonstrando as fases do
ciclo estral: proestro (a,b), estro (c,d), metaestro (e,f) e diestro (g,h).
Leucócitos (L), células do epitélio (E) e células ceratinizadas (C) estão
caracterizadas nas ilustrações. Ampliação de 10 X (na coluna da
esquerda) ou 40 X (na coluna da direita), sem
coloração..................................................................................................
31
FIGURA 4 -
Desenvolvimento ponderal em percentual (massa corporal em gramas
do 1º dia = 100%) das ratas ovariectomizadas durante o período de
tratamento. Os marcadores representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=7)..............................................................
39
FIGURA 5 -
Massa relativa (%) do útero úmido e seco das fêmeas adultas
ovariectomizadas tratadas com óleo de canola (controle), estradiol
(controle positivo), extrato e infusão das folhas de Morus nigra. As
colunas representam as médias e as barras os respectivos erros padrões
(n=7).........................................................................................................
40
9
FIGURA 6 -
Massa relativa do fígado (%) das fêmeas tratadas com óleo de canola
(controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão das folhas
de Morus nigra. As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=7).............................................................
41
FIGURA 7 -
Massa relativa (%) dos rins de ratas adultas ovariectomizadas
referentes aos grupos experimentais tratados com óleo de canola
(controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de Morus
nigra. As colunas representam as médias e as barras os respectivos
erros padrões (n=7).................................................................................
42
FIGURA 8 -
Massa relativa (%) das adrenais de ratas adultas ovariectomizadas
referentes aos grupos experimentais tratados com óleo de canola
(controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de Morus
nigra. As colunas representam as médias e as barras os respectivos
erros padrões (n=7).................................................................................
43
FIGURA 9 -
Desenvolvimento ponderal de ratas pré-púberes durante o período
experimental dos grupos tratados com óleo de canola (controle),
estradiol (controle positivo), infusão e extrato de M. nigra. Os
marcadores representam as médias e as barras os respectivos erros
padrões (n=8)..........................................................................................
44
FIGURA 10 -
Massa relativa uterina (%) das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo
de canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato de
M. nigra. As colunas representam as médias e as barras os respectivos
erros padrões (n=8).................................................................................
45
FIGURA 11 -
Massa relativa do fígado das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato de
Morus nigra. As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=8)..............................................................
46
10
FIGURA 12 -
Massa relativa dos rins das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato de
Morus nigra. As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=8).............................................................
47
FIGURA 13 -
Massa relativa das adrenais das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo
de canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato de
Morus nigra. As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=8)..............................................................
48
FIGURA 14 -
Desenvolvimento ponderal em percentual (massa corporal em gramas
do 1º dia = 100%) das ratas pré-púberes durante o período de
tratamento. Os marcadores representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=10).............................................................
49
FIGURA 15 -
Massa relativa do útero úmido e útero seco das fêmeas pré-púberes
tratadas com óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo),
extrato e infusão de Morus nigra. As colunas representam as médias e
as barras os respectivos erros padrões
(n=10)......................................................................................................
50
FIGURA 16 -
Massa relativa do ovário direito e ovário esquerdo das fêmeas pré-
púberes tratadas com óleo de canola (controle), estradiol (controle
positivo), extrato e infusão de Morus nigra. As colunas representam as
médias e as barras os respectivos erros padrões (n=10)..........................
51
FIGURA 17 -
Massa relativa do fígado das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de
Morus nigra. As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=10).............................................................
52
11
FIGURA 18 -
Massa relativa dos rins das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de
Morus nigra. .As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=10).............................................................
53
FIGURA 19 -
Massa relativa das adrenais das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo
de canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de
Morus nigra. As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=10).............................................................
54
FIGURA 20 -
Idade média na abertura do canal vaginal (dias) das ratas tratadas com
óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e
extrato de Morus nigra. As colunas representam a idade média (dias)
e as barras os erros padrões (n=10)........................................................
55
FIGURA 21 -
Regularidade do ciclo estral (%) das ratas tratadas com óleo de canola
(controle), estradiol, infusão e extrato de Morus nigra. As colunas
representam o percentual de fêmeas com o ciclo regular
(n=10)......................................................................................................
56
12
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABEAS -
Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior
ANOVA -
Análise de variância
ANVISA -
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
°C -
graus Celsius
COBEA -
Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
cm -
centímetro (s)
CREAL -
Centro de Reprodução e Experimentação de Animais de Laboratório
epm -
erro padrão da média
g -
grama(s)
h -
hora(s)
ICBS -
Instituto de Ciências Básicas da Saúde
kg -
quilograma (s)
l-
litro(s)
mg -
miligrama(s)
ml -
mililitro (s)
MR -
medidas repetidas
N -
número de indivíduos da população
n -
número de indivíduos presentes na amostra
NOD -
Non obese diabetic mice (Camundongos diabéticos não obesos)
OECD -
Organization for Economic Co-operation and Development (Organização
para cooperação econômica e desenvolvimento)
P -
nível de significância alcançado
PUCRS -
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
SERMS –
Selective estrogens receptor modulators (Modulador seletivo de receptor de
estrogênio)
UFRGS -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
WHI-
Women’s Health Iniciative (Iniciativa da saúde da mulher)
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................
14
2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................
17
2.1 Fitoterapia e formas farmacêuticas.................................................................
17
2.2 Terapia de reposição hormonal e fitoestrógenos............................................
19
2.3 Fitoestrógenos da isoflavona: fitoquímica e mecanismo de ação..................
22
2.4 Utilização das plantas da família Moraceae...................................................
24
2.5 Morus nigra Linnaeus.......................................................................................
26
2.6 Avaliação da atividade estrogênica.................................................................
28
3 OBJETIVO........................................................................................................
32
3.1 OBJETIVO GERAL.........................................................................................
32
3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO...............................................................................
32
4 MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................
33
4.1 Material vegetal.................................................................................................
33
4.1.1 Coleta das folhas de Morus nigra.....................................................................
33
4.1.2 Preparo do extrato hidroalcoólico...................................................................
33
4.1.3 Preparo da infusão............................................................................................
34
4.2 Resíduo seco.......................................................................................................
34
4.3 Animais Experimentais.....................................................................................
34
4.3.1 Ensaio uterotrófico em ratas adultas ovariectomizadas................................
35
4.3.2 Ensaio uterotrófico em ratas pré-púberes......................................................
36
4.3.3 Ensaio pubertal em ratas..................................................................................
36
4.4 Análise estatística..............................................................................................
38
5 RESULTADOS..................................................................................................
39
5.1 Ensaio uterotrófico em ratas adultas ovariectomizadas................................
39
5.2 Ensaio uterotrófico em ratas pré-púberes......................................................
44
5.3 Ensaio pubertal em ratas..................................................................................
49
6 DISCUSSÃO......................................................................................................
57
7 CONCLUSÃO...................................................................................................
63
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................
64
14
1. INTRODUÇÃO
A terapia de reposição hormonal em medicina humana utiliza medicamentos
alopáticos para repor hormônios que deixaram de ser produzidos pelo ovário em
conseqüência da menopausa. No entanto, a segurança deste tipo de tratamento para
mulheres ficou abalada após a publicação parcial e interrupção do estudo americano
multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado com placebo, realizado por
pesquisadores do Women’s Health Initiative (WHI). Este estudo demonstrou que os
riscos globais excediam os benefícios: houve um aumento significativo do risco de
doença arterial coronariana, de acidente vascular cerebral, de tromboembolismo venoso;
um decréscimo significativo do risco de câncer de cólon e do risco total de fraturas e,
quanto ao câncer de mama, apresentou uma relação de risco em razão do tempo de
duração da tratamento (VIGETA, 2004).
Segundo Koo Han (2002), a utilização de fitoestrogênios poderia ser justificada
por possuírem alguns dos efeitos do estrogênio, porém, não seriam carcinogênicos.
Muitos estudos têm assinalado efeitos benéficos dos fitoestrógenos na prevenção de
várias doenças crônicas como os cânceres de cólon, mama e próstata, e doenças
cardiovasculares. Nas pacientes na pós-menopausa, observou-se que os fitoestrógenos
são capazes de reduzir os sintomas e que estes, poderiam prevenir algumas doenças
crônicas que ocorrem no climatério, como a osteoporose (AGNUSDEI & BUFALINO,
1997). As propriedades estrogênicas e antiestrogênicas dos fitoestrógenos decorrem da
sua interação com receptores de estrogênio (KONDO et al, 1990), visto que os
chamados lignanos e as isoflavonas têm atividade estrogênica fraca e, às vezes,
antiestrogênica (como o tamoxifeno). Sob o aspecto químico, estes fitormônios são
compostos não-esteróides que uma parte das plantas fabrica em células não
especializadas e que apresentam, quase sempre, um anel fenólico em sua estrutura e são
capazes de aderir, em sua maioria, aos receptores estrogênicos (ou proestrogênicos)
humanos. São classificados, então, em moduladores de receptores estrogênicos (SERMS
selective estrogen receptor modulators) agindo como agonistas ou antagonistas do
estrogênio, a depender do tipo de receptores onde atuam. Os fitormônios são absorvidos
pelo trato gastrintestinal após desconjugação pela flora, resultando em fenóis
15
heterocíclicos com estrutura semelhante ao estrogênio humano, conferindo-lhes
biodisponibilidade (FRANCO, 2005).
A amoreira negra (Morus nigra L.) e a amoreira branca (Morus alba) são árvores
asiáticas da família Moraceae, que possuem alguns fitoesteróides. Estes, estão sendo
usados (mais comumente o da amoreira branca) com sucesso como a terapia de
reposição hormonal natural, embora sejam conhecidos mundialmente por suas ações
como adstringente e adjuvante para o tratamento das afecções bucais, corrimentos
vaginais e ulcerações da pele (FRANCO, 2005). Acredita-se que o chá das folhas de
amoreira negra, objetivo deste estudo, podem auxiliar na produção de estrona
(hormônio da terceira idade) que tem 40% da ação do estradiol. Hormônio este, ligado
às características sexuais secundárias da mulher, que deixa de ser produzido pelo ovário
no climatério (COSMO ON LINE, 2004). Sabe-se que os fitoestrógenos são substâncias
naturais produzidas por algumas plantas e que apresentam estrutura química diferente
dos estrógenos, mas que atuam de modo similar. Pesquisadores analisaram os fatores
distintivos das populações asiáticas (povos em cuja prática da utilização de plantas
medicinais é um forte aspecto cultural) dos povos ocidentais, visto que os primeiros
possuem baixas taxas de câncer de mama e próstata. Descobriram que a dieta asiática
inclui alto nível de fitoestrógenos (sobretudo proveniente da soja e derivados) o que
poderia influenciar na menor prevalência de doenças e na facilidade com que as
mulheres asiáticas convivem com a menopausa (NAHÁS et al., 2003). Outras
publicações sugerem que, na medicina tradicional indiana, certas plantas são utilizadas
no tratamento dos sintomas indesejáveis da menopausa. Na forma de preparações
herbais, estes fitoterápicos administrados experimentalmente em ratas pré- púberes e em
ratas ovariectomizadas, são responsáveis por um aumento significativo da massa uterina
dos animais em ambos ensaios, o que confere sua atividade uterotrófica associada à
existência de flavonóides na preparação herbal possuindo, portanto, alta atividade
estrogênica (GOPUMADHAVAN et al., 2005). No entanto, a utilização e aceitação de
produtos fitoterápicos é bastante polêmica, devido, principalmente, ao número restrito
de estudos no sentido da garantia de ação biológica (eficácia), bem como da segurança
quanto à isenção de efeitos tóxicos ou indesejáveis dos produtos utilizados pela
população (SONAGLIO, 1987).
Estudos farmacológicos de amoreiras (incluindo a M. nigra L.), publicados até o
presente momento, não referem uma possível atividade fitoestrogênica. Os relatos da
medicina popular e citações na literatura não científica (Folha de São Paulo, 2001)
16
sugerem que o chá das folhas de Morus nigra L. podem apresentar tal atividade. A
investigação científica de plantas usadas pela população para fins medicinais é
interessante a medida que muitas informações populares podem ser verificadas para
garantir-se a qualidade e inocuidade de tais produtos fitoterápicos. A atribuição popular
leva a crer que a utilização das folhas de M. nigra L. possa amenizar os efeitos da
menopausa nas mulheres que fazem uso da infusão diariamente. Este fato, impulsiona a
curiosidade em testar tais efeitos no tocante à terapia de reposição hormonal. A eventual
comparação do efeito hormonal avaliado em modelo experimental, pode contribuir com
a possibilidade de um tratamento adicional aos já existentes, possivelmente com menos
efeitos adversos e mais acessível à população em geral. Os mecanismos responsáveis
pelos efeitos dos fitoestrógenos não são claramente compreendidos, porém existem
evidências sugestivas de que os mesmos possam agir de acordo com dois mecanismos
receptores de estrógeno: dependente e independente (GINSBURG et al, 2000). Muitos
estudos têm demonstrado que os fitoestrógenos ligados aos receptores de estrogênio
mostram efeitos significativos em animais, em humanos e em cultura de células
(ADLERCREUTZ et al, 1992).
Frente ao exposto, no presente trabalho foi avaliada a possível atividade
fitoestrogênica do extrato hidroalcoólico e da infusão das folhas de Morus nigra L.
sobre o útero de ratas pré púberes e adultas ovariectomizadas, bem como a possível
antecipação da puberdade de ratas pré puberes.
17
2.REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Fitoterapia e formas farmacêuticas
A utilização de plantas medicinais e/ou seus derivados como agentes terapêuticos
naturais tem por objetivo prevenir, curar ou minimizar os sintomas das doenças, com
um custo mais acessível à população e aos serviços públicos de saúde,
comparativamente àqueles obtidos por síntese química, que são, em geral, mais caros
devido às patentes tecnológicas envolvidas (TOLEDO et al, 2003).
Os produtos naturais utilizados para fins medicinais, contudo, devem visar a
preservação da integridade química e farmacológica do vegetal, garantindo a constância
de sua ação biológica e sua segurança de utilização, além de valorizar o seu potencial
terapêutico. Para garantir estes objetivos, a produção de firoterápicos requer estudos
prévios relativos a aspectos botânicos, agronômicos, fitoquímicos, farmacológicos e
toxicológicos, para a obtenção de metodologias analíticas e tecnológicas plausíveis
(MIGUEL & MIGUEL, 1999).
A pesquisa efetiva em fitoterapia inicia-se pelo levantamento em literatura
científica e catálogos internacionais nas áreas específicas do referido conhecimento, e
possui caráter interdisciplinar, multidisciplinar e interinstitucional, uma vez que abrange
diversas áreas do conhecimento, como a botânica, a química, ecologia, farmacologia,
toxicologia, entre outras. O conhecimento da etnobotânica, o qual trata da observação
do uso popular de plantas nas diferentes culturas, também se faz relevante na coleta de
informações para o estudo da fitoterapia (CAMARGO, 1998).
A administração de fármacos, tanto em medicina humana quanto em medicina
veterinária, requer a incorporação em uma forma farmacêutica caracterizada
normalmente pelo estado físico de apresentação, constituída de componentes
farmacologicamente ativos e de adjuvantes farmacêuticos. Algumas formas
farmacêuticas de relevância para o presente estudo serão mencionadas: quanto as
formulções líquidas utilizadas experimentalmente na atualidade, destacam-se as resinas,
óleos e, principalmente, o sumo das partes frescas do vegetal, os quais são utilizados
para uma ampla variedade de preparações fitoterápicas aquosas obtidas por diversos
métodos (TOLEDO et al, 2003). As chamadas alcoolaturas são preparados que utilizam
18
plantas frescas (excepcionalmente plantas secas) por maceração em tempertaura
ambiente com etanol. Os alcoolatos são obtidos por destilação da matéria-prima fresca
em etanol. Certos estudos que avaliam a atividade estrogênica para o tratamento dos
sintomas da menopausa relatam a utilização destes preparados alcoolatos de diversas
espécies botânicas (potencialmente fitoestrogênicas), sugerindo sua utilização na
suplementação da dieta de mulheres afetadas pela sintomatologia do climatério (LIU et
al., 2001). Os extratos podem apresentar-se líquidos, moles, espessos ou secos. Destaca-
se a importância de extratos aquosos serem preparados para o uso imediato, em virtude
de sua suscetibilidade à degradação e à contaminação microbiana inerente à presença de
água como solvente (TOLEDO et al, 2003). O mesmo cuidado é sugerido para as
preparações herbais em forma de infusão, preconizando-se, ainda, a refrigeração das
amostras por um curto período de tempo para retardar o desenvolvimento de
microorganismos. Conforme normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA, 2004) entende-se por infusão o método de preparação no qual a água, em
temperatura acima de 90ºC, é vertida sobre o produto que deve permanecer em repouso,
diferente do chá, que é o produto constituído de uma ou mais partes de espécies vegetais
fragmentadas ou moídas, com ou sem fermentação. A mesma resolução da ANVISA
define os métodos de decocção (método de preparação no qual o produto é fervido em
água) e esgotamento (processo tecnológico utilizado para retirar parcial ou totalmente
a(s) substância(s) sápida(s) ou aromática(s) de uma espécie vegetal). Já as cápsulas, as
quais representam 60% das formulações comercializadas nas farmácias de manipulação,
são uma das formas farmacêuticas de maior aceitação em medicina humana. Segundo
Miguel & Miguel. (2002), estas formas são destinadas à administração oral, vaginal ou
retal. Estudos em medicina veterinária incentivam a utilização de pellets contendo
preparações herbais provenientes das folhas de Mangifera indica L e Morus nigra L.
como forrageira para coelhos de criação, por possuírem um grande valor nutritivo,
importante para o bom funcionamento do aparato digestório destes animais
(DEMETEROVÁ, 1998).
19
2.2. Terapia de reposição hormonal e fitoestrógenos
O déficit estrogênico decorrente do fim da função reprodutiva do ovário facilita a
apresentação de sintomas indesejáveis nas mulheres acometidas pela menopausa. Entre
alguns dos efeitos mais brandos, pode-se citar aqueles responsáveis pela denominação
muito utilizada em medicina humana para a caracterização da fase: síndrome do
climatério, cuja principal característica é a ruborização da face e o “abafamento” ou
“calorão”. Outros efeitos são descritos, tais como: distúrbios psíquicos, atrofia do
aparato genitourinário, osteoporose e enfermidades cardiovasculares, este último,
constitui a principal causa de morte em mulheres pós-menopáusicas que vivem nos
países desenvolvidos (DESPAIGNE, 2001).
A terapia de reposição hormonal é capaz de reverter quase todas as
conseqüências do hipoestrogenismo pós-menopáusico, porém apenas 35% a 40% das
mulheres o utilizam, e muitas que iniciam o tratamento não dão continuidade. Um dos
principais motivos da relutância em iniciar a terapia de reposição hormonal é a
percepção da prescrição médica de estrógenos como um método “não-natural”, por isso,
estudos atuais procuram investigar a ação de fitoestrógenos, fitoterápicos nos quais se
detecta hormônio estrogênico (GLAZIER et al; 2001).
Nos anos 70, a terapia de reposição hormonal foi severamente condenada pelo
sugerido aumento de riscos de câncer de mama e endométrio em mulheres expostas,
portanto, o tratamento deve ser empregado preferencialmente por curto prazo e sua
indicação limita-se ao controle dos sintomas climatéricos, mesmo assim quando o
benefício (alívio dos sintomas vasomotores e melhoria do trofismo e lubrificação da
mucosa vaginal) suplantar o risco (WANNMACHER & LUBIANCA, 2004). A terapia
de reposição hormonal era vista como um método de redução dos riscos de infarto do
miocárdio em mulheres na pós-menopausa, mas, evidências recentes parecem
contradizer os estudos observacionais (MORELLI et al; 2002).
Os estrógenos provenientes de plantas foram detectados no ano de 1926 por
Dohrn et al., e em 1930 simultaneamente por Butenandt and Jacobi e Skarzynsky. Tais
resultados, no entanto, não obtiveram um método efetivo de detecção do hormônio e,
para a época, apenas tiveram um caráter de pioneirismo nas pesquisas em fitoterapia
(JANECZKO e SKOCZOWSKI, 2005). Estudos mais elaborados foram realizados para
20
a detecção de hormônios esteróides em plantas (128 espécies de 50 famílias) com
técnicas de radioimunofluorescência em 1989 (SIMONS e GRINWICH, 1989). Por
meio dos avanços tecnológicos na área da farmacologia, atualmente sabe-se que os
fitoestrogênios com maior ação estrogênica são as isoflavonas presentes no gérmen de
soja, estes se apresentam quimicamente como compostos não-esteróides, que se ligam
fracamente aos receptores estrogênicos (menos de 1% da afinidade de ligação do
estradiol). Os referidos compostos apresentam ação seletiva, isto é, exibem atividade
estrogênica em alguns tecidos e antiestrogênica em outros (BAKER et al, 2000). Há
evidências de que a isoflavona diminui a intensidade e frequência dos sintomas
vasomotores em mulheres na menopausa (HAN et al, 2002). A maioria dessas
observações sobre o uso dos fitoestrogênios são epidemiológicas, muitas delas baseadas
em estudos realizados em regiões de alto consumo de soja (LISSIN & COOKE, 2000).
Alguns autores sugerem diferentes terapias que poderiam substituir a reposição
hormonal clássica, evitando desta forma o risco de câncer de mama que a terapia de
reposição hormonal pode causar. Uma destas terapias sugere a utilização dos chamados
moduladores seletivos do receptor estrogênico (SERMs), podendo ser naturais (como os
mencionados fitoestrógenos) ou sintéticos (COMINO, 1999), como os derivados do
trifeniletileno (tamoxifeno, idoxifeno, droloxifeno, toremifeno e clomifeno), entre
outros compostos.
Um levantamento da literatura científica inglesa citado por Glazier et al. (2001),
identificou mais de 1000 artigos publicados nos últimos 30 anos sobre fitoestrógenos.
No total, 74 foram selecionados para a inclusão em um artigo de revisão baseados na
relevância dos assuntos. Os estudos escolhidos incluíam pesquisas com fitoestrógenos
na inibição do crescimento de células cancerígenas em linhagens celulares in vitro e em
animais, o papel dos fitoestrógenos na redução dos níveis de colesterol e a utilização de
um derivado (ipriflavona) na prevenção da osteoporose.
Na medicina veterinária, a reposição estrogênica também se constitui em um
importante objeto de pesquisa para a preservação do perfil lipoprotéico em cadelas
ovariectomizadas (SCHMIDT et al, 2004), apresentando resultados compatíveis com
aqueles citados na literatura humana, em que mulheres, após a menopausa, apresentam
elevação nos níveis de colesterol total. É comprovado cientificamente que, após o início
da reposição estrogênica, os valores tendem a diminuir, permanecendo dentro da
normalidade (WOLFE & HUFF, 1995; SPEROFF et al., 1996; SULLIVAN, 1996;
GIANINI, 2001). Dalsenter (1991), abordando outro aspecto, refere a importância de se
21
estudar plantas produtoras de substâncias com atividade sobre o sistema reprodutor e
que possam ser responsabilizadas pela redução da performance reprodutiva dos
rebanhos bovinos e ovinos. Para Hughes (1996) a exposição a dieta fitoestrogênica,
principalmente através de leguminosas, pode conduzir a inúmeros distúrbios
reprodutivos. A composição química destes fitoestrógenos inclui flavonóides:
isoflavonas como a genisteína e a daidzeína, e os cumestanos, como o cumesterol. O
mecanismo de ação destes não está completamente estabelecido. Os efeitos dos
fitoestrógenos são mais variados com relação à espécie animal e principalmente, quanto
as fases da vida; durante a idade reprodutiva, reduzem a fertilidade de bovinos e ovinos,
são agentes antifertilizantes com possíveis sítios de ação nos ovários, hipófise e no
sistema nervoso central feminino (DALLEGRAVE, 1999).
No entanto, poucos estudos realizados examinaram a importância dos
fitoestrógenos na prevenção dos sintomas da menopausa na espécie humana. Por este
motivo, as evidências do uso destes fitoterápicos na substituição da terapia de reposição
hormonal tradicional são insuficientes para uma recomendação na medicina humana e
necessitam de um maior aprofundamento científico.
22
2.3 Fitoestrógenos da isoflavona: fitoquímica e mecanismo de ação
Uma das principais classes de fitoestrógenos são as isoflavonas
encontradas nas sementes de leguminosas e em grande quantidade nos derivados de soja
(THAN et al, 1998). A partir de estudos fitoquímicos realizados com os gêneros
alimentícios mencionados, pôde-se identificar dois tipos de compostos que poderiam
exercer efeitos benéficos em mulheres pós-menopáusicas, reduzindo a sintomatologia
do climatério e, até mesmo, protegendo o organismo contra certas doenças, como a
osteoporose , o câncer, e as doenças cardiovasculares: a genisteína e a daidzeína (YIN et
al, 2000). As ações em nível celular e molecular destes compostos fitoestrogênicos
podem ser influenciadas por muitos fatores, dentre os quais pode-se citar as condições
do receptor e do tipo de órgão-alvo, bem como, o nível de estrogênios endógenos. Desta
forma, quando há um nível elevado de estrogênios, as isoflavonas podem agir como
antagonistas estrogênicos, em contrapartida, em níveis mais baixos (como nas mulheres
pós-menopáusicas), as isoflavonas comportariam-se como agonistas estrogênicos
(SETCHELL, 1998).
Considerada como o tipo de isoflavona mais estudada na atualidade, a
genisteína tem sido citada em estudos científicos como um potente agente profilático e
terapêutico para o tratamento do câncer e de outras doenças crônicas, além de apresentar
resultados promissores no tratamento da menopausa em medicina humana
(POLKOVSKI & MAZUREK, 2000). Quanto ao mecanismo de ação, tanto a genisteína
quanto a daidzeína ligam-se aos receptores estrogênicos para gerar respostas
estrogênicas, porém, estes compostos apresentam uma afinidade menor do que aquela
apresentada pelo estradiol (POTTER et al, 1998). De forma interessante, a afinidade
específica aos receptores α e β (onde sabe-se que as isoflavonas agem como potentes
agonistas em receptores β e fracos agonistas em receptores α), poderia explicar as ações
específicas dos fitoestrogênios, considerando-se ainda, também como fator
preponderante, a distribuição desses receptores nos tecidos e órgãos-alvo (VINCENT &
FITZPATRICK, 2000).
23
Comparados à terapia de reposição hormonal clássica, os fitoestrógenos
revelam ser menos eficazes na redução de sintomas da menopausa, enquanto que, na
prevenção de doenças cardiovasculares e aterosclerose, os compostos que conferem
ação estrogênica às isoflavonas têm demonstrado ser tão eficientes quanto os
estrogênios exógenos, ou até mesmo superiores em alguns casos (CLARKSON et al,
2001).
24
2.4 Utilização das plantas da família Moraceae
As plantas pertencentes ao gênero Morus (Moraceae) apresentam muitas
propriedades medicinais relatadas na literatura científica. Utilizadas em larga escala na
medicina popular chinesa, as partes aéreas e radiculares da planta possuem compostos
bioativos de atividade antiinflamatória, diurética e expectorante. Estudos recentes
mostraram que estas plantas apresentariam atividades antiespasmódicas e hipotensoras
relacionadas à presença de compostos previamente isolados, do tipo diels-alder, como o
kuwanon G. chalcomoracin e kuwanon E, segundo Santos et al. (1996).
As folhas da amoreira (Moraceae), ricas em proteínas, fibras, minerais e
vitamina C, também apresentam um tipo de glicoproteína chamada moran A a qual se
atribui um efeito antidiabético (ANDALU et al., 2001). No tocante ao efeito anti-
hiperglicêmico, outros estudos referem a atividade da Morus nigra L. em preparações
herbais com outras plantas, indicando uma diminuição significativa dos níveis de
glicose e frutosamina em ratos obesos não-diabéticos (NOD) induzidos pelo aloxano e
tratados com os extratos (PETLEVSKY et a.l, 2001).
Os frutos da amoreira negra são conhecidos não apenas por suas qualidades
nutricionais e sabor característico, mas também pela sua utilização como fitoterápico.
Alguns estudos já relataram que o diabete melito do tipo II pode ser controlado através
da ingestão de uma mistura caseira dos frutos com água, na forma de xarope ou suco.
Além disso, o fruto também é utilizado popularmente para o tratamento das inflamações
da garganta, língua e boca (MARTIN et al, 2003).
Os efeitos dos compostos provenientes do córtex das raízes das plantas da
família Moraceae foram elucidados através de experimentos realizados e as aplicações
clínicas encontradas na literatura ou medicina chinesa. Estudos preliminares com
diferentes modelos experimentais (ratos, camundongos, porquinho-da-Índia e cães)
confirmaram as atividades catárticas, analgésicas, diuréticas, antitussígenas,
antiedematosas, sedativas, anticonvulsivantes e hipotensivas relatadas na medicina
chinesa. Tais efeitos resultam do tratamento dos animais com as frações hidrossolúvel e
n-butanol adicionados às partes radiculares do vegetal. Outros efeitos dos extratos das
folhas de espécimes da família Moraceae (M. alba) foram verificados através de ensaios
crônicos: em coelhos tratados por administração parenteral e subcutânea, foi
25
diagnosticado degranulação das células beta das ilhotas de Langerhans em variados
graus, quando o pâncreas dos animais experimentais foram analisados através de
microscopia eletrônica (GULUBOVA e BOIADZHIOV, 1975).
Um composto chamado morusina, do grupo dos prenilflavonóides, foi isolado a
partir das raízes de Morus nigra L. Quando administrados aos modelos experimentais
clássicos de dor (camundongos), os compostos apresentaram ação analgésica,
demonstrando uma potência similar àquela dos fármacos geralmente usados como
referência para o tratamento antinociceptivo (SOUZA et al., 2000). A ação antioxidante
de extratos dos frutos de Morus nigra L. foi verificada obtendo-se como resultado a
inibição da glicosilação da hemoglobina induzida pela glicose em diferentes graus. A
hemólise de eritrócitos humanos induzida por peróxido de hidrogênio também foi
inibida, comprovando a utilização farmacológica de diferentes partes vegetais de
exemplares da família Moraceae. Tais resultados sugerem que os frutos de M. nigra L.
apresentam uma ação protetora contra os danos oxidativos às membranas e
biomoléculas (NADERI et a.l, 2004). A atividade antioxidante não fica restrita aos
frutos: as folhas de M. nigra L. também já foram investigadas sugerindo-se uma
modificação sazonal dos compostos com tal atividade, onde verificou-se que os picos de
substâncias antioxidantes ocorreriam no mês de outubro, caindo no mês de fevereiro, no
hemisfério norte.
A litertura não-científica, refere que as folhas de Morus nigra apresentam
estrona, entre outros compostos. Este composto pode conferir atividade estrogênica
relativa a preparações fitoterápicas de suas folhas (COSMO ON LINE 2004;
EMBRAFARMA, 2006).
26
2.5. Morus nigra Linnaeus
Morus nigra L. (Figura 1), conhecida popularmente como amoreira-negra,
pertence a família Moraceae, e é composta de cerca de 61 gêneros com mais de 1000
espécies e se encontra bem representada no Brasil tanto por espécies indígenas como
por cultivadas. É freqüente de um modo geral nas regiões tropicais de todo o mundo.
Destacam-se dentre os gêneros com representantes exclusivamente cultivados a Morus,
cujas folhas servem de alimento à lagarta do bicho da seda (Bombix mori) e cujas
infrutescências, as amoras, são comestíveis e utilizadas na confecção de geléias (JOLY,
1985).
FIGURA 1 – Aspecto da Morus nigra L. em período de frutificação: amoras em
distintos graus de crescimento e maturação.
Dentre as espécies lenhosas distribuídas nos países de climas quentes, a maior
parte corresponde ao gênero Ficus, gênero ao qual pertencem as figueiras. Morus nigra,
por sua vez, é uma espécie nativa da China, e apresenta-se como árvore ornamental,
principalmente pelo efeito outonal de sua folhagem em regiões de clima ameno como
27
no sul e sudeste do Brasil. É empregada no paisagismo e na arborização urbana (JOLY,
1985).
Quanto à sua descrição morfofisiológica, a árvore é caducifolia e apresenta uma
altura que varia entre 7 e 12 metros, com tronco revestido por uma casca fina, quase
lisa, de cor acinzentada. É provida de ramos mais ou menos horizontais com as
extremidades pendentes, formando uma copa achatada, morfologicamente. As folhas
são simples, cartáceas, obovadas, variáveis e profundamente lobadas em amostras
jovens e de margens serreadas em plantas adultas, com nervação saliente e superfície
superior brilhante, que varia entre 6 e 12cm de comprimento, com pecíolo de 1 a 2cm.
Sua inflorescência é formada entre os meses de julho e agosto, com flores pequenas,
quase sempre de um só sexo, agrupadas em inflorescências. Cada flor está constituída
de 4 a 6 folhas pequenas. Os frutos são diminutos e secos ou carnosos com apenas uma
semente, porém o receptáculo que o contém apresenta aspecto carnoso e suculento
quando maduro assim como outras partes florais. Apresentam-se, portanto, como drupas
compostas de formato cilíndrico e de superfície tuberculada, inicialmente vermelhos e
pretos quando maduros, de 1 a 2cm de comprimento, de polpa carnosa e agridoce. As
moráceas produzem o látex, suco leitoso que apresenta ceras ou resinas, produzindo, por
vezes, alcalóides e glucosídeos, assim como certas essências (LORENZI et al., 2003).
Quanto à sua composição, quando maduros os frutos (amoras) contém cerca de 9% de
açúcares (glicose e frutose), ácido málico (em estado livre 1,86%), materiais
albuminóides e pectinas, gomas e materiais colorantes, com 85% de água. Na casca do
tronco e nas raízes encontra-se malato cálcico. Quanto ao uso popular das partes
vegetais, sabe-se que o xarope dos frutos se utiliza nas inflamações da garganta e da
boca. A cortiça da raiz apresenta-se como purgante nas preparações por cozimento da
mesma em água, sendo administradas no desjejum. Historicamente, certas bibliografias
apontam as amoreiras como uma árvore conhecida mundialmente pela propriedade de
relaxamento da musculatura uterina através da ingestão de seus frutos. Suas folhas
apresentam-se eficientes no combate às dores de dente quando utilizadas em bochechos
em forma de suco. (QUER,1980)
28
2.6 Avaliação da atividade estrogênica
Jun Kanno, et al (2001), referem a padronização dos protocolos de ensaios para
detecção de atividade estrogênica ou anti-estrogênica conforme estabelecido pela
OECD (Organization for Economic Co-operation and Development). Este órgão tem
como objetivo produzir um conjunto de normas e estratégias reconhecidas
internacionalmente para o rastreamento de compostos com atividade estrogênica, entre
outras, realizados em animais experimentais e/ou in vitro. Estes incluem os ensaios
uterotróficos e pubertal. Na chamada Fase 1 de planejamento, são realizados ensaios in
vivo de curta duração, onde os protocolos tem por objetivo avaliar em ratas adultas
ovariectomizadas e pré-púberes a relação dose-efeito entre a massa uterina e o estrógeno
de referência (estradiol), comparativamente com as substâncias testadas, utilizando a via
oral ou subcutânea. Na seqüência, são realizados ensaios in vivo de maior duração,
como o pubertal, de forma a rastrear a possibilidade de efeitos estrogênicos decorrentes
da ação de doses repetidas por períodos mais prolongados de estrógeno referência em
comparação com as substâncias em teste.
O primeiro protocolo, utiliza ratas pré-púberes (21 dias de vida) com
administração por via oral durante 3 dias, seguido de eutanasia, 24 horas após a última
administração; o segundo protocolo, utiliza ratas adultas ovariectomizadas tratadas por
7 dias com eutanasia 24 horas após a última administração. Em ambos a variável
utilizada como marcadora de atividade estrogênica é a massa relativa do útero úmido e
seco. Reconhecido como referência segura, o estudo da OECD teve como líder o
laboratório do Instituto Nacional de Ciências da Saúde do Japão (National Institute of
Health Sciencies of Japan), e os protocolos descritos anteriormente foram previamente
testados por 9 laboratórios de 3 países, previamente a padronização. Todos os
protocolos referidos pela OECD foram fundamentados em amostras de 6 animais por
grupo, e o volume oral administrado não excedeu a 5ml/kg. Segundo os protocolos
padronizados, a massa corporal dos animais deve ser mensurada diariamente. A massa
corporal inicial das ratas pré-púberes utilizadas para os ensaios da OECD variou entre
26 e 57g entre os diversos laboratórios e para as adultas ovariectomizadas, 142 a 327g.
29
Foram alvos de interesse a massa uterina úmida e seca, visto que o aumento da
massa uterina é a resposta fundamental da fêmea submetida à exposição suficiente à um
agonista estrogênico (estradiol – controle positivo). A resposta inicial com a interação
essencial do estrógeno com um receptor de alta afinidade no tecido uterino inicia uma
série de eventos culminando com o aumento da massa uterina, este aumento é uma
associação de embebição de água no tecido e lúmen uterinos com uma resposta
hipertrófica destes tecidos. Portanto, acredita-se que os agonistas estrogênicos podem
ser identificados por um aumento estatisticamente significativo da massa uterina nos
animais tratados em comparação com os controles.
Historicamente, a maioria dos resultados uterotróficos publicados descreveram
massas uterinas após a cuidadosa secagem do útero depois que sua parede fora
perfurada ou cortada para permitir a drenagem do conteúdo luminal. A justificativa para
mensurar a massa uterina seca (técnica também incorporada ao protocolo OECD) é,
usualmente, que as massas úmidas são mais variáveis e a variabilidade aumenta com a
possível perda de líquido do lúmen durante a dissecção e manipulação do tecido.
De acordo com os protocolos da OECD, tomaram-se precauções para especificar
a idade dos animais incluídos nos experimentos de forma que o tratamento pode iniciar
entre os 19-21 dias de idade (pré-púberes), limitando desta forma a massa corporal,
evitando a inclusão inadvertida de animais mais velhos ao estudo, pois os mesmos
poderiam alcançar a puberdade levando a um aumento na massa uterina controle,
aumentando a variabilidade dos resultados (JUN KANO et al, 2001). Um ponto
igualmente importante para o estudo da atividade estrogênica através do ensaio pubertal
é a determinação das fases do ciclo estral das ratas, pois sabe-se que, em razão da curta
duração de seu ciclo, estas espécies constituem um bom modelo para o estudo das
alterações que ocorrem durante o ciclo reprodutivo (MARCONDES et al, 2001). O
ciclo estral de ratas tem duração média de 4 ou 5 dias e é caracterizado por 4 fases, as
quais podem ser determinadas pelos tipos celulares observados a fresco no lavado
vaginal (CHAHOUD & KWASIGROCH, 1977):
a) Proestro (12h) – com grande número de células nucleadas e algumas células
proliferativas do epitélio vaginal;
b) Estro (14h) – com células cornificadas e anucleadas; a ovulação ocorre
espontaneamente na metade do ciclo escuro durante esta fase;
c) Metaestro (21h) – com inúmeros leucócitos e filamentos de muco;
30
d) Diestro (57h) – período de repouso onde a mucosa vaginal é fina, com poucas células
nucleadas, leucócitos e muco.
Consideradas fêmeas poliéstricas anuais, as ratas manifestam vários ciclos
estrais, de quatro a cinco dias, ao longo do ano (COBEA, 1996).
A Figura 2 mostra a forma correta de manipulação das ratas para o exame de
esfregaço vaginal e a marcação na cauda para a diferenciação entre os animais
utilizados experimentalmente. A Figura 3 ilustra as fases do ciclo estral detectadas por
meio do exame a fresco do lavado vaginal em microscópio óptico com aumento de 100
vezes.
FIGURA 2 - Manipulação da fêmea para coleta do
lavado vaginal e marcação da cauda para
a identificação dos animais
experimentais (MARCONDES, 2002).
31
FIGURA 3- Microfotografia do lavado vaginal de ratas demonstrando as
fases do ciclo estral: proestro (a,b), estro (c,d), metaestro
(e,f) e diestro (g,h). Leucócitos (L), células do epitélio (E) e
células ceratinizadas (C) estão caracterizadas nas
ilustrações. Ampliação de 10 X (na coluna da esquerda) ou
40 X (na coluna da direita), sem coloração.
(MARCONDES, 2002).
32
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a atividade fitoestrogênica do extrato hidroalcoólico e da infusão das
folhas de Morus nigra L. em ratas Wistar.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar o desenvolvimento uterino de ratas Wistar adultas ovariectomizadas
tratadas com extrato hidroalcoólico ou infusão das folhas de Morus nigra L.
Avaliar a manifestação das características sexuais secundárias: abertura do canal
vaginal e desenvolvimento uterino de ratas Wistar pré-púberes tratadas com
extrato hidroalcoólico ou infusão das folhas de Morus nigra L.
Avaliar a manifestação das características sexuais secundárias: abertura do canal
vaginal, ciclo estral e desenvolvimento uterino de ratas Wistar tratadas com
extrato hidroalcoólico ou infusão das folhas de Morus nigra L. do desmame à
puberdade.
33
4.MATERIAS E MÉTODOS
4.1. Material vegetal
4.1.1 Coleta das folhas de Morus nigra
Foram utilizadas folhas de Morus nigra (herborizadas no Departamento de
Botânica da UFRGS – excicata nº 144411) coletadas em junho de 2005 em Porto
Alegre, RS. O material coletado foi utilizado ainda fresco para a preparação da infusão e
do extrato hidroalcoólico.
4.1.2 Preparo do extrato hidroalcoólico
Foi obtido o extrato hidroalcoólico (1:1) por maceração de 100g de folhas em
1000ml de solução. O sobrenadante foi colhido durante 48 a 72 horas, período durante o
qual o material resultante sofria agitações ocasionais. O processo de maceração e
filtração do sobrenadante foi repetido por 3 vezes até que o filtrado de tornasse límpido.
O extrato foi então concentrado à temperatura inferior à 50ºC em rotavapor até o
volume final de 100ml. O extrato foi conservado sob refrigeração, desde o preparo até o
término do período de realização dos ensaios biológicos.
34
4.1.3 Preparo da infusão
A infusão foi obtida por maceração mecânica de 20g de folhas frescas em 200ml
de água destilada a 90ºC. A infusão foi preparada semanalmente, e conservada sob
refrigeração durante os dias de tratamento dos animais.
4.2 Resíduo seco
O cálculo para a determinação do resíduo seco das soluções extrativas e da
infusão foi efetuado com base na evaporação em estufa, de volumes conhecidos em
frascos previamente tarados. Um mililitro de cada uma das amostras foi transferido para
cada um dos três copos de Becker (5ml), com massa (g) previamente determinada. Estes
foram levados à estufa (temperatura média de 100ºC) até que a parte líquida da solução
extrativa (infusão) e do extrato hidroalcoólico tivesse evaporado totalmente. Foram
calculadas as médias das três medidas resultantes da diferença entre a massa inicial e
final de cada um dos copos de Becker (referentes a cada uma das amostras), resultando
em (média ± desvio padrão de “N” repetições) 5,4 ± 0,32mg/ml de 7 amostras para a
infusão e 123,1 ± 0,17mg/ml de 9 amostras para o extrato hidroalcoólico.
4.3 Animais experimentais
Foram utilizadas ratas fêmeas da linhagem Wistar (N=100), obtidas do CREAL
(Centro de Reprodução e Experimentação de Animais de Laboratório) e mantidas no
biotério do Departamento de Farmacologia do ICBS/UFRGS, em condições constantes
de umidade e temperatura (21ºC ± 2) e ciclo de claro e escuro de 12 horas, recebendo
35
ração comercial Nuvilab CR1 (Nuvital, Colombo/PR) e água ad libitum durante os
ensaios biológicos.
4.3.1 Ensaio uterotrófico em ratas adultas ovariectomizadas
Foram ovariectomizadas ratas de 60 dias (N=28). O procedimento foi realizado
mediante anestesia dissociativa com a associação de tiletamina e zolazepam (Zoletil®)
na dose de 20mg/kg, por via intramuscular. Na região dorsal, bilateralmente, foram
retirados por arrancamento os pêlos e posteriormente, foi procedida a anti-sepsia com
álcool iodado. Foram efetuadas duas incisões para-vertebrais ( látero-dorsais ) de
aproximadamente 1cm de extensão, pelas quais exteriorizou-se os cornos uterinos e os
ovários, as veias e artérias ovarianas foram ligadas com categute 4-0 com posterior
remoção dos ovários. Por fim, suturou-se a parede muscular com categute 4-0 e a pele
com mononylon 4-0. Ao final da cirurgia foi administrada benzilpenicilina benzatina
40.000UI/kg, por via intramuscular. O período de recuperação cirúrgica foi de 10 dias.
Após este período, foram constituídos aleatoriamente quatro grupos experimentais
(n=7/grupo). As ratas foram tratadas, diariamente, por via oral, com sonda flexível, por
um período de 7 dias, sendo que o grupo controle recebeu óleo de canola (veículo do
estradiol) na dosagem de 5ml/kg, o grupo estradiol (controle positivo) 0,4mg/kg de
benzoato de estradiol, os grupos extrato e infusão receberam, respectivamente,
615,3mg/kg do extrato hidroalcoólico ou 27,0mg/kg da infusão das folhas de Morus
nigra.
Durante o período de tratamento, verificou-se diariamente a massa corporal e a
citologia vaginal. No 8º dia, foi verificada a massa corporal das ratas e efetuada
anestesia com tiletamina e zolazepam (Zoletil®) na dose de 20mg/kg, por via
intramuscular, com posterior abertura da cavidade abdominal e eutanasia por ruptura do
diafragma. Foram retirados útero, fígado, rins e adrenais. A massa de cada órgão foi
mensurada e comparada à massa corporal de cada fêmea para cálculo da massa relativa.
O útero teve sua massa avaliada úmido (com líquido/secreções no interior) e
posteriormente, seco (perfurado /drenado e comprimido entre duas folhas de papel
filtro).
36
4.3.2 Ensaio uterotrófico em ratas pré-púberes
Foram constituídos aleatoriamente quatro grupos experimentais (N=32) de ratas
com 21 dias de vida (n=8/ grupo). As ratas foram tratadas, diariamente, por via oral,
com sonda rígida, por um período de 3 dias (desde o 21º dia até o 24º dia de vida),
sendo que o grupo controle recebeu óleo de canola (veículo do estradiol) na dosagem de
5ml/kg, o estradiol (controle positivo) 0,4mg/kg de benzoato de estradiol, os grupos
extrato e infusão receberam, respectivamente, 615,3mg/kg do extrato hidroalcoólico ou
27,0mg/kg da infusão das folhas de Morus nigra.
Durante o período de tratamento, verificou-se diariamente a massa corporal e, no 4º
e último dia de experimento, foi efetuada anestesia com tiletamina e zolazepam
(Zoletil®) na dose de 20mg/kg, por via intramuscular, com posterior abertura da
cavidade abdominal e eutanasia por ruptura do diafragma. Posteriormente, foram
retirados útero, fígado, rins e adrenais. A massa de cada órgão dos animais utilizados foi
mensurada e relacionada com a massa corporal correspondente ao 4º dia de
experimento. O útero teve sua massa avaliada úmida e posteriormente, seca entre duas
folhas de papel filtro.
4.3.3 Ensaio pubertal em ratas
Os grupos experimentais (N=40) foram constituídos por ratas de 21 dias de idade
(n=10/grupo). O grupo controle foi tratado com óleo de canola na dosagem de 5ml/kg, o
controle positivo com benzoato de estradiol na dosagem de 0,4mg/kg e 615,3mg/kg de
extrato hidroalcoólico ou 27,0mg/kg da infusão de Morus nigra .
Os tratamentos foram administrados por via oral através de sonda rígida (dos 21 aos
39 dias) e flexível (a partir dos 40 dias) até a abertura do canal vaginal. A ocorrência ou
não do evento foi observada diariamente bem como a massa corporal dos animais e, a
partir do dia de abertura do canal vaginal, a fase do ciclo estral das fêmeas foi verificada
diariamente através da citologia vaginal. O material vaginal coletado foi observado a
37
fresco em microscópio óptico com aumento de 100 vezes. A partir do terceiro estro, foi
efetuada anestesia com tiletamina e zolazepam (Zoletil®) na dose de 20mg/kg, por via
intramuscular, com posterior abertura da cavidade abdominal e eutanasia por ruptura do
diafragma. Posteriormente, foram retirados útero, fígado, rins e adrenais. A massa de
cada órgão dos animais utilizados foi verificada e comparada à massa corporal
correspondente ao último dia de experimento. O útero teve sua massa avaliada úmida e
posteriormente, seca entre duas folhas de papel filtro.
38
4.4 Análise estatística
Os dados obtidos foram expressos como frequência absoluta ou relativa
(porcentagem), média e erro padrão da média, conforme a variável proposta.
A análise estatística foi efetuada por meio de testes de análise de variância de
medidas repetidas (ANOVA de MR), análise de variância por uma via (ANOVA) e teste
qui-quadrado (ZAR, 1999).
As variáveis quantitativas (que apresentaram uma distribuição normal) referentes
à influência do extrato e da infusão das folhas de Morus nigra no desenvolvimento
ponderal das ratas foram comparadas por meio da análise de variância de medidas
repetidas, seguida do teste de Bonferroni quando indicado. A massa relativa dos órgãos
foi comparada por meio da análise de variância de uma via, seguida do teste de
Bonferroni quando indicado.
As variáveis qualitativas (que apresentaram uma distribuição normal) referentes
à influência do extrato e da infusão das folhas de Morus nigra no ciclo estral.foram
avaliadas mediante o teste qui-quadrado.
Todas as análises foram feitas prevendo um nível α de significância de 0,05. No
texto, foram citados os níveis de significância (P) alcançados em cada teste estatístico
realizado.
Os programas utilizados para efetuar a análise estatística foram o SPSS for
Windows 8.0 e o EXCEL 4.0 (LAPPONI, 1995).
39
5. Resultados
5.1 Ensaio uterotrófico em ratas adultas ovariectomizadas A Figura 4 mostra o
desenvolvimento ponderal (%) das ratas adultas ovariectomizadas tratadas durante sete
dias com óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato ou infusão de
Morus nigra.
FIGURA 4. Desenvolvimento ponderal em percentual (massa corporal em
gramas do 1º dia = 100%) das ratas ovariectomizadas durante o
período de tratamento. Os marcadores representam as médias e as
barras os respectivos erros padrões (n=7).
Verificou-se que durante o período de tratamento, houve um aumento
significativo na massa corporal relativa dos grupos controle e extrato de Morus nigra
em relação aos demais grupos (P < 0,05: ANOVA de Medidas Repetidas, Bonferroni)
estradiol (controle positivo) e infusão de Morus nigra, nos últimos dias do período
experimental (dias 7 e 8).
A Figura 5 mostra a massa relativa do útero úmido e seco das fêmeas adultas
ovariectomizadas dos grupos óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo),
* P < 0,05 ANOVA de Medidas Repetidas, Bonferroni
90
95
100
105
110
115
12345678
Período de tratamento (dias)
Massa corporal relativ
a
ao 1º dia (%)
Controle Estradiol
Extrato Morus nigra Infusão Morus nigra
*
*
40
extrato ou infusão de Morus nigra. Verificou-se uma diferença significativa (P < 0,005:
ANOVA, Bonferroni) na massa relativa do útero úmido e seco dos grupos estradiol e
infusão de Morus nigra em relação aos grupos controle (óleo de canola) e extrato de
Morus nigra.
Foi verificada ainda, diferença significativa (P < 0,005: qui-quadrado) no
percentual de dias estrogênicos, na qual o grupo estradiol apresentou retorno a atividade
estrogênica em 65,6% dos dias avaliados em relação aos grupos controle (óleo de
canola), infusão e extrato das folhas de Morus nigra, que não exibiram atividade
estrogênica no período avaliado.
FIGURA 5. Massa relativa (%) do útero úmido e seco das fêmeas adultas
ovariectomizadas tratadas com óleo de canola (controle), estradiol
(controle positivo), extrato e infusão das folhas de Morus nigra. As
colunas representam as médias e as barras os respectivos erros padrões
(n=7).
*
*
*
*
0
0,05
0,1
0,15
0,2
Controle Estradiol Extrato Morus nigra Infusão Morus nigra
Massa relativa do útero (%)
Útero úmido Útero seco
* P < 0,05 ANOVA, Bonferroni (diferença do controle e do extrato)
41
A Figura 6 mostra a massa relativa do fígado dos animais tratados com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato ou infusão de Morus nigra.
Conforme os dados, verifica-se que houve redução estatisticamente significativa (P <
0,05: ANOVA, Bonferroni) na massa relativa do fígado do grupo infusão de Morus
nigra em relação aos demais grupos experimentais (controle e extrato de Morus nigra).
FIGURA 6. Massa relativa do fígado (%) das fêmeas tratadas com óleo de canola
(controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão das folhas de
Morus nigra. As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=7).
0
1
2
3
Controle Estradiol Extrato Morus nigra Infusão Morus nigra
Massa relativa do fígado (%)
*
P
< 0,05 ANOVA, Bonferroni (diferença dos demais grupos)
*
0
1
2
3
Controle Estradiol Extrato Morus nigra Infusão Morus nigra
Massa relativa do fígado (%)
*
P
< 0,05 ANOVA, Bonferroni (diferença dos demais grupos)
*
42
A Figura 7 mostra a massa relativa dos rins das ratas adultas ovariectomizadas
tratadas com óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato ou infusão
de Morus nigra. Conforme os dados, verifica-se que houve redução estatisticamente
significativa (P < 0,05: ANOVA, Bonferroni) na massa relativa dos rins do grupo
infusão de Morus nigra em relação aos demais grupos experimentais (controle e extrato
de Morus nigra).
FIGURA 7. Massa relativa (%) dos rins de ratas adultas ovariectomizadas
referentes aos grupos experimentais tratados com óleo de canola
(controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de Morus
nigra. As colunas representam as médias e as barras os respectivos
erros padrões (n=7).
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
Rim direito Rim esquerdo
Massa relativa dos rins (%)
Controle Estradiol Extrato Morus nigra Infusão Morus nigra
* P < 0,05 ANOVA, Bonferroni (diferença dos demais grupos)
**
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
Rim direito Rim esquerdo
Massa relativa dos rins (%)
Controle Estradiol Extrato Morus nigra Infusão Morus nigra
* P < 0,05 ANOVA, Bonferroni (diferença dos demais grupos)
**
43
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
Adrenal direita Adrenal esquerda
Massa relativa das adrenais (%)
Controle Estradiol Extrato Morus nigra Infusão Morus nigra
P > 0,05 ANOVA
A Figura 8 mostra a massa relativa das adrenais das ratas adultas
ovariectomizadas tratadas com óleo de canola, estradiol, extrato e infusão de Morus
nigra. Quanto à massa relativa das adrenais, não houve diferença estatisticamente
significativa entre os grupos (P > 0,05: ANOVA).
FIGURA 8. Massa relativa (%) das adrenais de ratas adultas ovariectomizadas
referentes aos grupos experimentais tratados com óleo de canola
(controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de Morus
nigra. As colunas representam as médias e as barras os respectivos
erros padrões (n=7).
44
5.2 Ensaio uterotrófico em ratas pré-púberes
Na Figura 9 são apresentadas as massas corporais relativas ao longo do período
de tratamento, onde pode-se verificar que houve diferença significativa (P < 0,001:
ANOVA de Medidas Repetidas, Bonferroni), na qual o grupo infusão de Morus nigra
apresentou maior ganho em relação ao grupo tratado com óleo de canola (controle) e
estradiol (controle positivo), evidenciado no terceiro dia de tratamento, mas não se
diferenciou do grupo tratado com o extrato de Morus nigra.
FIGURA 9. Desenvolvimento ponderal de ratas pré-púberes durante o período
experimental dos grupos tratados com óleo de canola (controle), estradiol
(controle positivo), infusão e extrato de M. nigra. Os marcadores
representam as médias e as barras os respectivos erros padrões (n=8).
*
* P < 0,001 ANOVA de Medidas Repetidas, Bonferroni (diferença dos demais grupos)
90
100
110
120
130
140
1234
Período de tratamento (dias)
Massa corporal relativa ao 1º dia (%)
Controle Estradiol Infusão Morus nigra Extrato Morus nigra
*
90
100
110
120
130
140
1234
Período de tratamento (dias)
Massa corporal relativa ao 1º dia (%)
Controle Estradiol Infusão Morus nigra Extrato Morus nigra
*
45
Conforme os dados apresentados na Figura 10, pode-se verificar que houve
diferença significativa (P < 0,001: ANOVA, Bonferroni) na massa relativa do útero
úmido e seco, do grupo estradiol (controle positivo) em relação aos demais (óleo de
canola, infusão e extrato de Morus nigra).
FIGURA 10. Massa relativa uterina (%) das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato de M.
nigra. As colunas representam as médias e as barras os respectivos erros
padrões (n=8).
* P < 0,05 ANOVA, Bonferroni (diferença dos demais grupos)
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Controle Estradiol Infusão Morus nigra Extrato Morus nigra
Massa relativa do útero (%)
Útero úmido Útero seco
*
*
* P < 0,001 ANOVA, Bonderroni (diferença dos demais grupos)
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Controle Estradiol Infusão Morus nigra Extrato Morus nigra
Massa relativa do útero (%)
Útero úmido Útero seco
*
*
* P < 0,001 ANOVA, Bonderroni (diferença dos demais grupos)
46
A massa relativa do fígado dos animais em estudo está representada na Figura
11. Verifica-se que não houve variação estatisticamente significativa na massa relativa
deste órgão (P > 0,05: ANOVA) para os grupos avaliados (óleo de canola, estradiol,
infusão e extrato de Morus nigra).
FIGURA 11. Massa relativa do fígado das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato de Morus
nigra. As colunas representam as médias e as barras os respectivos erros
padrões (n=8).
0
2
4
6
8
10
Controle Estradiol Infusão Morus nigra Extrato Morus nigra
Massa relativa do fígado (%)
P > 0,05 ANOVA
47
A Figura 12 mostra a massa relativa dos rins das ratas pré-púberes tratadas com
óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato de Morus
nigra. Verifica-se que os órgãos mencionados não sofreram variações significativas
entre os grupos (P > 0,05: ANOVA).
FIGURA 12. Massa relativa dos rins das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato de
Morus nigra. As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=8).
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Rim direito Rim esquerdo
Massa relativadosrins(%)
Controle Estradiol Infusão Morus nigra Extrato Morus nigra
P > 0,05 ANOVA
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Rim direito Rim esquerdo
Massa relativadosrins(%)
Controle Estradiol Infusão Morus nigra Extrato Morus nigra
P > 0,05 ANOVA
48
A Figura 13 mostra a massa relativa das adrenais das ratas pré-púberes tratadas
com óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato de Morus
nigra. Verifica-se que estes órgãos não sofreram variações significativas entre os grupos
(P > 0,05: ANOVA).
FIGURA 13. Massa relativa das adrenais das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo
de canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato de
Morus nigra. As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=8).
0
0,01
0,02
0,03
0,04
Adrenal direita Adrenal esquerda
Massa relativa das adrenais (%)
Controle Estradiol Infusão Morus nigra Extrato Morus nigra
P > 0,05 ANOVA
0
0,01
0,02
0,03
0,04
Adrenal direita Adrenal esquerda
Massa relativa das adrenais (%)
Controle Estradiol Infusão Morus nigra Extrato Morus nigra
P > 0,05 ANOVA
49
5.3 Ensaio pubertal em ratas
A Figura 14 mostra a massa corporal relativa das ratas tratadas com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de Morus nigra ao
longo dos dias de tratamento. Verifica-se que não houve diferença significativa entre os
grupos.
FIGURA 14. Desenvolvimento ponderal em percentual (massa corporal em gramas do
1º dia = 100%) das ratas pré-púberes durante o período de tratamento. Os
marcadores representam as médias e as barras os respectivos erros padrões
(n=10).
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Idade (dias)
Massa corporal relativa
(1º dia = 100%)
Controle Estradiol Extrato Morus nigra Infusão Morus nigra
P > 0,05 ANOVA
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Idade (dias)
Massa corporal relativa
(1º dia = 100%)
Controle Estradiol Extrato Morus nigra Infusão Morus nigra
P > 0,05 ANOVA
50
Na Figura 15, verifica-se que não houve diferença significativa na massa
relativa do útero úmido e seco das ratas pré-púberes tratadas com óleo de canola
(controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de Morus nigra ao longo dos
dias de tratamento.
FIGURA 15. Massa relativa do útero úmido e útero seco das fêmeas pré-púberes
tratadas com óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo),
extrato e infusão de Morus nigra. As colunas representam as médias
e as barras os respectivos erros padrões (n=10).
P > ,0,05: ANOVA
0,000
0,100
0,200
0,300
0,400
Útero úmido Útero seco
Massa relativa do útero (%)
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
51
A Figura 16 mostra a massa relativa dos ovários das ratas pré-púberes tratadas
com óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de Morus
nigra .Quanto à massa dos ovários, os resultados demonstram uma redução significativa
(P < 0,05: ANOVA, Bonferroni) na massa relativa (média ± erro padrão) do grupo
Estradiol (0,038 ± 0,001%) em relação aos demais: Controle (0,047 ± 0,002%), Extrato
de Morus nigra (0,056 ± 0,001%) e Infusão de Morus nigra (0,060 ± 0,002%).
FIGURA 16. Massa relativa do ovário direito e ovário esquerdo das fêmeas pré-
púberes tratadas com óleo de canola (controle), estradiol (controle
positivo), extrato e infusão de Morus nigra. As colunas representam as
médias e as barras os respectivos erros padrões (n=10).
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
Ovário direito Ovário esquerdo
Massa relativa dos ovários (%)
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
*
*
* P < ,0,05: ANOVA, Bonferroni
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
Ovário direito Ovário esquerdo
Massa relativa dos ovários (%)
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
*
*
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
Ovário direito Ovário esquerdo
Massa relativa dos ovários (%)
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
*
*
* P < ,0,05: ANOVA, Bonferroni
52
A Figura 17 mostra a massa relativa do fígado dos animais tratados com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de Morus nigra. A
análise estatística confirma que houve aumento significativo (P < 0,05: ANOVA,
Bonferroni) na massa do órgão em fêmeas tratadas com estradiol.
FIGURA 17. Massa relativa do fígado das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de
Morus nigra. As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=10).
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
Massa relativa do fígado (%)
*
* P < ,0,05: ANOVA, Bonferroni
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
Massa relativa do fígado (%)
*
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
Massa relativa do fígado (%)
*
* P < ,0,05: ANOVA, Bonferroni
53
A Figura 18 mostra a massa relativa dos rins das ratas pré-púberes tratadas com
óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de Morus
nigra. Verifica-se que o grupo estradiol (controle positivo) apresentou um aumento
significativo na massa relativa do rim direito (P > 0,05: ANOVA, Bonferroni) em
relação ao grupo controle.
FIGURA 18. Massa relativa dos rins das fêmeas pré-púberes tratadas com óleo de
canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de
Morus nigra. .As colunas representam as médias e as barras os
respectivos erros padrões (n=10).
*
* P < ,0,05: ANOVA, Bonferroni
0,300
0,400
0,500
Rim direito Rim esquerdo
Massa relativa dos rins (%)
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
*
* P < ,0,05: ANOVA, Bonferroni
0,300
0,400
0,500
Rim direito Rim esquerdo
Massa relativa dos rins (%)
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
54
A Figura 19 mostra a massa relativa das adrenais das ratas pré-púberes tratadas
com óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e infusão de
Morus
nigra. Observou-se que não houve diferença estatisticamente significativa com relação à
estes órgãos.
FIGURA 19. Massa relativa das adrenais das fêmeas pré-púberes tratadas com
óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo), extrato e
infusão de
Morus nigra. As colunas representam as médias e as
barras os respectivos erros padrões (n=10).
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
Adrenal direita Adrenal esquerda
Massa relativa das adrenais (%)
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
P > 0,05: ANOVA, Bonferroni
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
Adrenal direita Adrenal esquerda
Massa relativa das adrenais (%)
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
P > 0,05: ANOVA, Bonferroni
55
A Figura 20 mostra a idade média na abertura do canal vaginal (em dias) das
ratas pré-púberes tratadas diariamente do 21º dia até o 3º estro após a ocorrência do
evento. A abertura do canal vaginal foi antecipada no grupo estradiol (25,1 ± 0,1 dias)
em relação aos demais grupos e, apesar do atraso manifestado pelo grupo infusão de
Morus nigra (35,7 ± 0,8 dias) em relação aos grupos: controle (33,6 ± 0,5 dias) e extrato
de
Morus nigra (32,9 ± 0,5 dias), este período é semelhante ao observado em controles
históricos do mesmo laboratório (DALLEGRAVE, 2003).
FIGURA 20. Idade média na abertura do canal vaginal (dias) das ratas tratadas com
óleo de canola (controle), estradiol (controle positivo), infusão e extrato
de Morus nigra. As colunas representam a idade média (dias) e as
barras os erros padrões (n=10).
0
10
20
30
40
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
Idade na abertura do canal vaginal (dias
)
* e ** P < 0,05 ANOVA, Bonferroni (diferença dos demais grupos)
*
**
0
10
20
30
40
Controle Estradiol Extrato de Morus nigra Infusão de Morus nigra
Idade na abertura do canal vaginal (dias
)
* e ** P < 0,05 ANOVA, Bonferroni (diferença dos demais grupos)
*
**
56
Através da análise da Figura 21, verifica-se que não houve diferença significativa
entre os grupos analisados quanto à regularidade do ciclo estral no período avaliado.
FIGURA 21. Regularidade do ciclo estral (%) das ratas tratadas com óleo de canola
(controle), estradiol, infusão e extrato de
Morus nigra. As colunas
representam o percentual de fêmeas com o ciclo regular (n=10).
0
20
40
60
80
100
Controle Estradiol Infusão de Morus
nigra
Extrato de Morus
nigra
Regularidade do ciclo estral (%)
P > 0,05 ANOVA
0
20
40
60
80
100
Controle Estradiol Infusão de Morus
nigra
Extrato de Morus
nigra
Regularidade do ciclo estral (%)
P > 0,05 ANOVA
57
6. DISCUSSÃO
O conjunto de resultados obtidos no presente trabalho sugere a ausência de
atividade fitoestrogênica do extrato hidroalcoólico e da infusão das folhas de
Morus
nigra
(quando administrados diariamente nas doses de 615,3mg/kg e 27,0mg/kg,
respectivamente) em ratas pré púberes e ratas adultas ovariectomizadas.
No ensaio referente às ratas ovariectomizadas, o aumento de massa corporal dos
grupos tratados com óleo de canola (controle) e extrato de
Morus nigra é padrão
esperado para ratas nesta fase de vida (70 dias) e também como resposta à ovariectomia.
Já o grupo tratado com estradiol, não manteve o aumento de massa corporal esperado
para a fase de vida (70 dias), provavelmente em decorrência da suplementação
hormonal pelo mesmo. Considerando que a ovariectomia é um procedimento que induz
aumento de massa corporal devido à remoção abrupta e permanente
dos hormônios
femininos, tal efeito pode ter sido alterado pela reposição do estradiol, que retoma os
níveis estrogênicos e seus efeitos. Os efeitos estrogênicos foram confirmados pelo
aumento na massa relativa do útero úmido e seco e pelos sinais de estro. As fêmeas
tratadas com a infusão de
Morus nigra, de forma semelhante ao grupo estradiol, não
tiveram um aumento de massa corporal esperado para a fase de vida e também em
resposta à ovariectomia. Entretanto o aumento da massa relativa do útero úmido e seco
igualmente evidenciado neste grupo, não foi acompanhado de sinais de estro, revelando
assim, uma resposta estrogênica parcial. Considerando a possível existência de estrona
nas folhas de
Morus nigra (COSMO ON LINE, 2004), e que esta, possui 40% da ação
do estradiol, a resposta parcial evidenciada pode ser decorrente da ação deste tipo de
fitoestrógeno. De forma similar, efeitos estrogênicos são relatados para isoflavonas,
onde afinidades específicas em relação aos receptores estrogênicos alfa e beta justificam
respostas parciais em órgãos alvo (BAKER
et al., 2000; VINCENT & FITZPATRICK,
2000; DUNCAN
et al, 1999).
Considerando que o tratamento com a infusão das folhas de
Morus nigra
manifestou também, uma redução na massa relativa de fígado e rins, pode-se sugerir
que um possível efeito diurético tenha contribuído para a redução destes órgãos, que são
altamente irrigados, e conseqüentemente, mais suscetíveis a alterações hemodinâmicas.
58
Relatos de uso tradicional apontam certas plantas da família Moraceae como diuréticas,
o que não descarta a mesma atividade para
Morus nigra (NOELLI, 1996).
O ensaio uterotrófico em fêmeas pré-púberes, revelou um aumento na massa
relativa do útero úmido e seco somente para o grupo tratado com o estradiol. Portanto,
os grupos tratados com a infusão ou com o extrato hidroalcoólico de
Morus nigra, não
manifestaram atividade estrogênica por este modelo. Houve apenas um leve aumento de
massa corporal no grupo tratado com a infusão de
Morus nigra, porém este não é
diferente daquele observado em controles históricos do mesmo laboratório
(DALLEGRAVE, 2003).
No ensaio pubertal, de maior duração que os demais, os grupos tratados com a
infusão ou com o extrato hidroalcoólico das folhas de
Morus nigra, não revelaram
alterações significativas na massa corporal e massa relativa dos órgãos, em relação ao
grupo controle. O grupo estradiol manifestou uma antecipação da abertura do canal
vaginal em relação aos demais grupos, conforme esperado para resposta estrogênica em
fêmeas pré-púberes submetidas a terapia com estradiol. Entretanto, as fêmeas tratadas
com a infusão das folhas de
Morus nigra revelaram um atraso na idade da abertura do
canal vaginal em relação aos demais grupos, porém este, não pode ser considerado
efeito anti-estrogênico, já que o período de ocorrência desta característica é semelhante
ao evidenciado em outros ensaios realizados no mesmo laboratório (DALLEGRAVE,
2003). Já a redução significativa dos ovários manifestada pelo grupo tratado com o
estradiol, reflete a retroalimentação negativa esperada pela suplementação hormonal
prolongada (GUYTON, 2002).
O aumento da massa relativa de fígado e rins, no grupo tratado com estradiol,
pode ser justificado pela ação edematogênica deste hormônio, além do aumento da
atividade metabólica dos mesmos com finalidades de eliminação (GUYTON, 2002;
SILVA,2002).
Os diferentes protocolos escolhidos para avaliar a possível atividade estrogênica
das folhas de
Morus nigra em ratas são internacionalmente aceitos. As principais
variáveis preconizadas pela OECD (JUN KANNO, 2001) para estes ensaios são: o
aumento da massa uterina, a antecipação da abertura do canal vaginal, a indução de
estro em ratas pré-púberes e adultas ovariectomizadas. Sendo assim, não foram
observadas alterações significativas relacionadas às variáveis mencionadas para animais
tratados com a infusão e o extrato das folhas de
Morus nigra, em comparação ao
ocorrido com os animais tratados com estradiol. Apenas as fêmeas tratadas com a
59
infusão das folhas de Morus nigra apresentaram um aumento na massa relativa uterina
no ensaio uterotrófico de fêmeas adultas ovariectomizadas, mas esta atividade não foi
sustentada pelo retorno a atividade cíclica, considerando que nenhuma das fêmeas
apresentou células queratinizadas em nenhum dos dias de tratamento, observados
mediante avaliação do lavado vaginal. Já para o grupo estradiol (controle positivo),
conforme o esperado para avaliação estrogênica, observou-se o aumento da massa
uterina de fêmeas pré-púberes e ovariectomizadas, a indução da presença de células
queratinizadas nos esfregaços vaginais de fêmeas ovariectomizadas (caracterizando o
retorno a atividade cíclica) e a antecipação da abertura do canal vaginal em fêmeas pré-
púberes.
Supostos efeitos das folhas de
Morus nigra provém dos relatos da terapêutica
popular em humanos, que apontam a sua eficácia para o tratamento dos sinais e
sintomas da menopausa, e inclusive utilizam-se do comércio das mesmas como
medicamento, ou mesmo preconizam sua utilização em forma de infusão
(EMBRAFARMA, FARMATTIVA 2006). O eventual sucesso de tal terapêutica deve-
se possivelmente aos fatores relacionados a seguir:
a)
Efeito placebo: Em medicina humana, sugere-se a prescrição médica de um
"placebo" em caso de pacientes com doenças imaginárias crônicas ou porque não há
tratamento apropriado para o tipo de doença diagnosticada. O "placebo" são pílulas de
açúcar ou outras preparações sem medicamento. Em muitos casos o placebo demonstra
ser eficaz na redução ou eliminação de sintomas físicos, incluindo doenças para as quais
não existe cura conhecida. Os únicos ingredientes ativos do tratamento parecem ser as
expectativas positivas que os pacientes têm: (a) de acreditar no médico, (b) e, em
conseqüência, de receber um tratamento adequado (MINAYO, 2006). A partir destes
conhecimentos, a “crença” na melhora dos sintomas físicos da menopausa a partir de
tratamentos diários com a infusão das folhas de
Morus nigra é um aspecto que deve ser
considerado. Analisando-se outros aspectos referentes ao efeito placebo, sabe-se que,
qualquer tratamento novo será considerado eficaz se seus resultados suplantarem os do
placebo (que mede a evolução natural do processo que se quer tratar) ou igualarem-se
aos do tratamento já existente (WANNAMACHER & FUCHS, 2000). Sendo os
“fogachos” uma das principais razões da procura das mulheres por terapia de reposição
hormonal, os estrogênios são a maior arma contra eles. Como podem se resolver com o
60
tempo e, também, sofrerem grande influência psicológica, placebos podem melhorá-los
(CLAPAUCH et al, 2002);
b)
Uso complementar a outros fármacos, estes sim eficazes: O tratamento dos
sintomas da menopausa utilizando-se reposição hormonal clássica com certos
compostos como o estradiol, é eficiente. Porém, a associação desta terapia à ingestão
diária de infusos de plantas popularmente conhecidas como estrogênicas, para
complementação no tratamento dos sinais e sintomas da menopausa, ainda não se
constituem como uma fonte segura de tratamento, podendo seus efeitos serem
confundidos aos do medicamento. Os benefícios clínicos da terapia de reposição
hormonal são inegáveis, enquanto que as evidências para recomendar fitormônios como
substituto desta são insuficientes (GLAZIER, 2001).
Porém, dentre os componentes ou constituintes isolados nas folhas de
Morus
nigra , mencionam-se alguns de estrutura química semelhante com os fitoestrógenos ou
estrógenos animais. Em trabalho publicado recentemente, por meio de análises
qualitativas do extrato bruto e de infusos destas folhas, utilizando-se como substrato
padrão o estradiol, detectaram-se substâncias semelhantes ao hormônio sexual feminino
nos infusos, preparações similares aos chás preconizados popularmente. Entretanto, esta
substância de interesse encontra-se ligada a alguma outra estrutura e somente após
hidrólise ela é detectada (COUTO et al; 2006). De forma semelhante, acredita-se que a
infusão das folhas de
Morus nigra possa auxiliar na produção de estrona que apresenta
40% da ação do estradiol, hormônio ligado às características sexuais secundárias na
mulher, e que deixa de ser produzido pelo ovário no climatério (COSMO ON LINE,
2004). A estrona, como hormônio estrogênico natural, é administrado combinado
geralmente com outros estrógenos naturais, como o estriol e estradiol
(EMBRAFARMA, 2006). Sabe-se que, com a menopausa, o organismo feminino
suspende a função ovariana, com declínio da secreção estrogênica. Do ponto de vista
bioquímico, a menopausa caracteriza-se por um declínio do estradiol, estrona e estriol,
hormônios mencionados anteriormente, sendo estes dois últimos, considerados
estrógenos fracos (YEUNG, 2001, CASTELLI, 1998). Por estes motivos, a ação da
estrona presente nas folhas de
Morus nigra pode ser insuficiente para a detecção da ação
fitoestrogênica nestas plantas. Dentre outros compostos, a infusão das folhas de
Morus
nigra apresentam flavonóides e alta quantidade de taninos, sendo estes últimos,
substâncias contra-indicadas por promoverem irritação das mucosas digestivas,
61
principalmente em indivíduos que apresentem gastrite e úlcera gastrointestinal
(EMBRAFARMA, 2006).
A atividade estrogênica de plantas foi primeiramente demonstrada em 1926, e
em meados da década de 70 já se tinha demonstrado que centenas de plantas exibiam
atividade estrogênica. Os fitoestrógenos assumiriam importância biológica e econômica
nos anos 40, com a diminuição da fertilidade induzida em ovelhas pela ingestão de
trevos de pastagens, na Austrália, na chamada "Doença do Trevo" (KNIGHT, 1996).
Outros trabalhos realizados com plantas que efetivamente apresentam atividade
estrogênica em ruminantes (como o
Trifolium subterraneum), determinando
interferências na gestação e fertilidade, revelaram evidentes efeitos estrogênicos em
ratas tratadas com extratos hidroalcoólicos (DALSENTER, 1991) semelhantes aos
extratos de
Morus nigra. Portanto, o método de extração utilizado neste trabalho pode
ser considerado adequado para avaliação fitoestrogênica.
Nos ensaios realizados não houve manifestação de efeito anabolizante, fator este,
provavelmente decorrente do curto tempo de tratamento, uma vez que este tipo de efeito
demoraria duas ou mais semanas para se revelar. Entre os efeitos observados, ao
contrário, houve redução da massa corpórea (o que tb está contra o efeito estrogênico
pois este, pela retenção de líquidos, determina edema e aumento agudo da massa
corpórea). Outros efeitos das folhas de
Morus nigra em animais são descritos, indicando
a utilização de extratos aquosos como eficientes para o acúmulo de glicogênio muscular
em ratos Wistar, podendo sugerir que apresentem mecanismo de ação semelhante à
insulina ou que atuem sensibilizando receptores de membrana para a glicose (SOUZA
et
al.
, 2004). O efeito diurético das folhas de Morus nigra apresenta-se descrito em
publicações não-científicas, preconizando-se sua utilização em propagandas veiculadas
on line, por farmácias de manipulação (FARMATTIVA, 2006). Os resultados deste
trabalho sugerem uma possível ação diurética da infusão das folhas de
M. Nigra, uma
vez observada a redução da massa relativa de fígado e rins das ratas adultas
ovariectomizadas. Relatos do uso tradicional referem a utilização de certas espécies
vegetais por populações indígenas e caboclas do Brasil e países vizinhos,
fundamentados nos preceitos da etnobotânica e etnofarmacologia. Estes,
apontam a
utilização das plantas da família
Moraceae (Cecropia catharinensis e Chlorophora
tinctoria) como potencialmente diuréticas e largamente utilizadas para fins medicinais
na farmacologia Guarani (NOELLI, 1996). Desta forma, futuros estudos utilizando
62
animais experimentais poderão investigar e talvez comprovar a sugerida atividade
diurética também das folhas de
Morus nigra.
Sabe-se que, através de certas “crendices populares” (como no caso a utilização
das folhas de
Morus nigra para o preparo de infusões que amenizam os efeitos da
menopausa ou mesmo, que façam a reposição hormonal), algumas evidências positivas
podem ser elucidadas para justificar a utilização da fitoterapia em diversas patologias.
Segundo, Elisabetsky (2003), como estratégia na investigação de plantas medicinais, a
abordagem etnofarmacológica consiste em combinar informações adquiridas junto a
usuários da flora medicinal (comunidades e especialistas tradicionais), com estudos
químicos e farmacológicos. O método etnofarmacológico permite a formulação de
hipóteses quanto à(s) substância(s) ativa(s) responsáveis pelas ações terapêuticas
relatadas. Sabe-se que, de cada dez compostos descobertos, quatro seguem para a fase
de desenvolvimento, enquanto existe uma taxa de 50% de desistência devido a
toxicidade/efeitos adversos, antes mesmo que uma fase clínica I completa seja
deslanchada (HARVEY, A.L.,2002). Esses números indicam o valor de relatos de uso
tradicional em relação a biodisponibilidade e segurança relativa.
Cabe notar que a etnofarmacologia, por se basear em alegações de utilidade
terapêutica e não em determinado perfil químico das espécies (o que, em tese, indicaria
a possibilidade de interação com um determinado alvo biológico), é particularmente útil
no caso de categorias de doenças cuja patofisiologia não é bem conhecida. A mesma
linha de raciocínio pode ser aplicada com relação à descoberta de produtos protótipo
(com mecanismos de ação inovadores): a abordagem mecanicista baseia-se na interação
dos compostos com alvos farmacodinâmicos predeterminados, enquanto que a
etnofarmacologia por partir de relatos de efeitos, pode levar a identificação de produtos
com mecanismos de ação sequer conhecidos. Por isso, modelos
in vivo tem papel
importante nos estudos etnofarmacológicos (ELISABETSKY, 2002).
Outros efeitos relatados para
Morus nigra ou Morus alba, como por exemplo,
efeito anti-hiperglicêmico (HOSSEINZADEH & SADEGUI, 1999)
, atividade
antinociceptiva
(DE SOUZA M.M,2000), catártica, analgésica, antitussígenas, entre
outras
, (YAMATAKE Y, 1976) não referem a atividade estrogênica em ratas. Sendo
assim, este trabalho mostra que não há, até as dosagens referidas por via oral durante o
período dos modelos propostos pela OECD, atividade hormonal característica no extrato
hidroalcoólico ou infusão das folhas de
Morus nigra.
63
7. CONCLUSÃO
O extrato hidroalcoólico 50% e a infusão de Morus nigra, administrados via oral
diariamente, nas doses referidas durante os ensaios com ratas Wistar ovariectomizadas e
pré-púberes, não interferiram significativamente no desenvolvimento ponderal e massa
relativa dos órgãos avaliados, bem como nas variáveis referentes ao ciclo estral das
fêmeas, descartando, desta forma, a atividade fitoestrogênica das folhas. Os tratamentos
não afetaram o desenvolvimento uterino das ratas adultas ovariectomizadas, e também
não influenciaram nas manifestações das características sexuais secundárias tais como:
abertura do canal vaginal e desenvolvimento uterino das ratas pré-púberes, bem como
na abertura do canal vaginal e no ciclo estral das ratas pré-púberes tratadas do desmame
à puberdade em ensaios subcrônicos. Sendo assim, sugere-se que o extrato
hidroalcoólico e a infusão das folhas de
Morus nigra não interferem diretamente no
desenvolvimento uterino de ratas Wistar ovariectomizadas e pré-púberes, variável
utilizada como refêrencia para a comprovação de atividade fitoestrogênica dos
tratamentos, não interferindo, também, nas demais variáveis observadas ao longo dos
três ensaios biológicos considerados. Dentro deste contexto torna-se evidente a
necessidade de mais estudos que busquem o perfil fitoquímico de diferentes extratos das
folhas de
Morus nigra, como também, ensaios biológicos em modelos animais visando
elucidar possíveis ações terapêuticas e/ou confirmar a ausência de potencial estrogênico
referido pela cultura popular.
64
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADLERCREUTZ H, AMALAINEN E, GRORBACH S, GOLDIN B. Dietary
phytoestrogens and the menopause in Japan
. Lancet 1992; 339:1233
AGNUSDEI D, BUFALINO L. Efficacy of ipriflavone in established osteoporosis an
d
long-term safety. Calcif Tissue Int 1997; 61 (Suppl 1): S23-7.
ANVISA – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA.
Re
g
ulamento
técnico para produtos para o preparo de infusão e decocção. Consulta pública nº 83,
de 13 de Dezembro de 2004. Disponível em www.anvisa.gov.br
Acesso em: 10 nov.
2006.
ANDALU, N CH VARDACHARYULU. Effect of Mulberry leaves on diabetes.
Int. J.
Diab. Dev. Countries 2001, vol. 21.
BAKER VL, LEITMAN D, JAFFE RB. Selective estrogen receptor modulators i
n
reproductive medicine and biology. Obstet Gynecol Surv 2000; 43: 162-83.
BALMÉ, F
. Plantas Medicinais. São Paulo:Hemus, 5 ed. , 991. 398 p.
BENIGNI, R, CAPRA, C, et al.
Medicinali Chimica, Farmacologia e Terapia.
Milano: Inverni & Della Beffa,1962, pp.644-5.
BÉZANGER-BEAUQUESNE,L; et al. Plantes Médicinales des Regions Tempérées.
Paris: Maloine, 1980, p.209.
CAMARGO, M. T. R. De A.
Contribuiciones a los estudios etnofarmacobotánicos
de espécies vegetales usados en los ritos afrobrasileiro
s. Caracas: Ed. Arte, 1998.
CASTELLI, W.P. Cardiovascular disease in women.
Am J Obstet Gynecol. 1998,
158, 1552-60.
CD-Rom de Plantas Medicinais - UFV/FUNARBE, Agromídia Software Ltda. Site:
http://www.funarbe.org.br/
.
CHAHOUD, I; KWASIGROCH, E. Controlled breeding of laboratory animals. In:
NEUBERT, D.; MERKER, J.; KWASIGROCH, T. E. Methods in prenatal toxicology.
Berlin:
Georg Thieme Publishers Stutgart, 1977. p. 78-91.
CHATERJEE, G K, BURMANTR, NAGCHAUDHURIAK, PAL SP.
Antiinflammatory and antipyretic activities of Morus indica.
Planta Med; 48 (2):116-9,
1983.
65
CLAPAUCH, Ruth et al . Fitoestrogênios: posicionamento do Departamento de
Endocrinologia Feminina da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
(SBEM).
Arq Bras Endocrinol Metab., São Paulo, v. 46, n. 6, 2002.
CLARKSON TB, ANTHONY MS, MORGAN TM. Inhibition of postmenopausal
atherosclerosis progression: a comparison of the effects of conjugated equine estrogens
and soy phytoestrogens.
J Clin Endocrinol Metab 2001; 86 (1): 41-7.
COBEA – COLÉGIO BRASILEIRO DE EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL.
Manual
para técnicos em bioterismo. 2.ed. São Paulo: H.A. Rothschild, 1996. 259p.
COMINO R. Terapia hormonal substitutive. Tibolona. SERMs y cáncer de mama.
Medicina baseada en la evidencia. En: Palacios S, Editor.
Cerebro
y
mu
j
er. Avances
en Ginecología Endocrinológica. Madrid: Health Research Consulting; 1999: 139-146.
COSMO ON LINE.
As alternativas para viver a menopausa, 2004. Disponível em:
www.cosmo.com.br
. Acesso em:23 jun.2004.
COUTO, V.S; HEINEN, T.E. et al. Identificação de compostos esteróides nas folhas de
Morus nigra. FeSBE, 2006.
DALSENTER, P.R.
Efeitos dos extratos de Trifolium riograndense Bukart sobre a
fertilidade de ratas albinas. Porto Alegre: UFRGS, 1991. 86p. Dissertação (Mestrado
em Ciências Veterinárias) Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
DALLEGRAVE, E.
Influência dos extratos hidroalcoólicos de Medi
g
o sativa
Linnaeus (1753) e Pennisetum purpureum Schumacher (1827) sobre o
desenvolvimento ponderal e fertilidade de ratas e desenvolviemnto da progênie.
Porto Alegre: UFRGS, 1999. 105p. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias)
Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
DALLEGRAVE, E.
Toxicidade reprodutiva do herbicida Glifosato-Roundup® em
ratos Wistar. Porto Alegre: UFRGS, 2003. 225p. Tese (Doutorado em Ciências
Veterinárias) Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
DEMETEROVÁ, M. An evaluation of the value of two leaves (Mango tree Mangifera
indica L. And black mulberry Morus nigra L.) for rabbits.
Folia veterinária. Vol. 42,
n º1, 1998.
DESPAIGNE, D.A.N. Moduladores selectivos del receptor estrogénico. Su utilidad en
la mujer posmenopáusica
. Rev Cubana Endocrinol, 2001; 12 (2):124-7.
DUNCAN AM, MERZ BE, XU X, ET AL. Soy isoflavones exert modest hormonal
effects in premenopausal women.
J Clin Endocrinol Metab 1999;84 (1): 192-7
ELISABETSKY,E. Etnofarmacologia. Cienc. Cult; July/Sept.2003, vol.55,p.35-36.
ELISABETSKY, E. Traditional medicines and the new paradigm of psycotropic drug
action. In:
Ethnomedicine and drug deveopment, Advances Phytomedicine, vol
66
1,2002.
EMBRAFARMA.
Morus nigra, 2006. Disponível em: http://www.embrafarma.com.br.
Acesso em: 22 de Novembro,2006.
FITOTERAPIA pode ser opção para quem teme reposição hormonal clássica.
Folha de
São Paulo, Abril, 2001.
FRANCO, L. C. L. Fitoterapia em ginecologia: quando ela é melhor que o remédio.
Notícias Academia Sul-Americana de Medicina Integrada. 1º semestre. Fevereiro,
2005.
FRATANE, Fernando
. Apostila de Plantas Medicinais - Niterói – RJ.
GINSBURG, J, PRELEVIC GM. Lack of significant hormonal effects and controlled
trials of phytoestrogens.
Lancet 2000;355:163-164.
GIANNINI, S.D.
Lipoproteínas como fatores de risco em mulheres. Rev. Soc.
Cardiol. Estado São Paulo. V.6 Disponível em: www.socesp.org.br/revistas/v6n6/htm
.
Acessado em: 15 de fev.2001.
GLAZIER, G.M., MB, BCh; MARJORIE A. BOWMAN, MD, MPA. A review of the
evidence for the use of phytoestrogens as a replacement for tradicional estrogen
replacement therapy.
Arch Intern Med. 2001; 161: 1161-1172.
GOPUMADHAVAN S., VENKATARANGANNA M. V., MOHAMED RAFIQ.
Evaluation of the estrogenic effect of Menosan using the rat models of uterotrophic
assay.
Medicine Update. 2005;13 (1); 37-41.
GULUBOVA R, BOIADEZHIEV Ts. Morphological changes in the endocrine pancreas
of the rabbit after the administration of Morus alba extract.
Eksp Med Morfol, 1975;
14(3): 166-71.
GUYTON, A. C.
Tratado de fisiologia médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002.
HAN, K.K;. SOARES, J.M.J; HAIDAR, M.A;
et al. Efeitos dos fitoestrogênicos sobre
alguns parâmetros clínicos e laboratoriais no climatério.
RBGO, 24 (8), 2002: 547-552.
HARVEY,A.L. Natural products for high- throughput screening. In:
Ethnomedicine
and drug development, Advances Phytomedicine, vol 1, 2002.
HUGHES, C.L. Dietary Phytoestrogens. In: CHAPIN, R.E; STEVENS, J. T;
HUGHES, C.L; WILLIAM, R.K; HESS, R.A. & DASTON, G. Symposium
overview: endocrine modulation of reproduction.
Fundamental and Applied
Toxicology
. Baltimore: Society of Toxicology, v. 29, p.1-17, 1996.
HOSSEINZADEH, H; A. SADEGUI. Antihyperglycemic effects of Morus nigra and
67
Morus Alba in mice. Pharmaceutical and Pharmacological Letters; 9(2): 63-65,
1999.
JANECZKO, A; SKOCZOWSKI, A. Mammalian sex hormones in plants.
Folia
Histochemica Et Cytobiologica, 43 (2), 2005: 71-79.
JOLY, A. B.
Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 7 ed. São Paulo: Nacional,
1985. 777p.
JUN KANNO; LESLEY ONYON
; et al. The OECD Program to validate the rat
uterotrophic bioassay to screen compounds for
in vivo estrogenic responses: Phase 1.
Environmental Health Perspectives; 109(8), 2001.
KNIGHT, D.C; EDEN J.A. A review of the clinical effectes of phytoestrogens.
Obstet
Gynecol
1996; 87: 897-904.
KO H.H., YU S.M., KO F.N. Bioactive constituents of Morus australis an
d
Broussonetia papyrifera. J. Nat Prod. 60 (10): 1008-11, 1997.
KO H.H.,
et al. Chemistry and biological activities of constituents of Morus australis.
Biochim Biophys Acta. 1428 (2-3): 293-9, 1999.
KONDO H, NAKAJIMA N, YAMAMOTO N, et al. BE-14384 substances, new
especific estrogen-receptor binding inhibitors. Production, isolation, structure
determination and biological properties
. J Antibiot (Tokio) 1990; 43: 1533-42.
LAPPONI, J. C.
Estatística usando o Excel. São Paulo: Lapponi treinamento, 1995.
289p.
LISSIN, LW, COOKE JP. Phytoestrogens and cardiovascular health.
J Am Coll
Cardiol
2000, 35:1403-10.
LIU J, BURDETTE JE,
et al. Evaluation of estrogenic activity of plant extract for the
potencial treatment of menopausal symptoms.
J Agric Food Chem, 2001; 49 (5): 2472-
9.
LORENZI, HARRI. SOUZA, HERMES MOREIRA,
et al. Àrvores exóticas do Brasil:
madeireiras, ornamentais e aromáticas
. Ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum,
2003.
MARCONDES, F. K; BIANCHI, F.J. and TANNO, A. P. Determination of the estrous
cycle phases of rats: some helpful considerations.
Braz. J. Biol., 62 (4A): 609-614,
2002.
MARLES, R; FARNSWOTH, NR.
Antidiabetic plants and their active constituents.
Phytomedicine; 2 (2), 137-189. ]
MARTÍN, J.D., RODRIGO, G.L.,
et al. Alcoholic beverages obteined from blac
k
mulberry.
Food Technol Biotechnol. 41 (2) 173-176, 2003..
68
MIGUEL, M. D., MIGUEL, G. O. Desenvolvimento de fitoterápicos. São Paulo:
Robe, 1999.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Saúde-doença: uma concepção popular da etiologia.
Cad. Saúde Pública., Rio de Janeiro, v. 4, n. 4, 1988.
MORELLI V., NAQUIN, C. Alternative therapies for traditional diseases states:
menopause.
American Family Physician. 66(1) 129-134, 2002
NADERI, G. A.,
et al. Antioxidant activity of three extracts of Morus nigra. Ph
y
tother
Res, 2004. . 18 (5), 365-369.
NAHÁS, E. A. P., NETO, J. N.,
et al. Efeitos da isoflavona sobre os sintomas
climatéricos e o perfil lipídico na mulher em menopausa.
RBGO. 25(5), 2003.
NEVES, B.A.
Apostila de Ervas Medicinais: Manual de Doenças e Tratamentos -
Rio de Janeiro.
NOELI, F.R. Múltiplos usos de espécies vegetais pela farmacologia Guarani através de
informações históricas.
I Simpósio de Etnobiologia e Etnoecologia Universidade
Estadual de Feira de Santana, Bahia. 1996.
NOMURA T., FUKAI T., HANO Y.,
et al. Chemistry and anti-tumor promoting
activity of Morus flavonoids.
Prog Clin Biol Res. 280:267-81, 1988.
PARIS, RR; MOYSE, M.
Précis de Matière Médicale. Tome II. Paris: Masson, 1967,
pp. 107-8.
PETLEVSKI R, HADZIJA M,
et al. Effects of ‘antidiabetis” herbal preparation on
serum glucose and frutosamine in NOD mice.
J. Ethnopharmacol; 75 (2-3):181-4,
2001.
POLKOVSKI K, MAZUZEK AP. Biological proprieties of genistein. A review of in
vitro and in vivo data.
Acta Pol Pharm 2000; 57 (2): 135-55.
POTTER SM, BAUM JA, TENG H,
et al. Soy protein and isoflavones their effects on
blood lipids and bone density in postmenopausal women.
Am J Clin Nutr 1998: 68
(suppl): 1375-79.
QUER, P. F.
Plantas medicinales: el discórides renovado. 6. ed. Barcelona: Editorial
Labor, 1980. 1023p.
SANTOS, et al. Análise do mecanismo de ação antinociceptiva do composto tipo diels-
alder
kuwanon G isolado de plantas da família Moraceae.XIV Anais do Simpósio de
Plantas Medicinais do Brasil,1996.
SCHMIDT, C., LOPES, M. D.,
et al. Perfil lipoprotéico de cadelas submetidas à ovario-
histerectomia com e sem reposição estrogênica.
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.56,
n.4, p.449-456, 2004.
69
SETCHELL KDR. Phytoestrogens: the biochemistry, physiology and implications fo
r
human health of soy isoflavones. Am J Clin Nutr 1998; 69 (suppl): 1333-46.
SILVA, Penildon
. Farmacologia. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
SIMONS RG, GRINWICH DL (1989). Immunoreactive detection of four mammalian
steroids in plants.
Can J Bot 67: 288-296.
SONAGLIO, D.
Padronização do extrato hidroalcoólico das sumidades floridas de
Achyroclines satureoides (LAM) D.C Compositae (Marcela). Porto Alegre: Curso de
Pós-Graduação em Farmácia da UFRGS, 1987. 163p. Dissertação (Mestrado).
SOUZA, L.E.R; POPIM, E.M, et al. Avaliação dos efeitos terapêuticos dos extratos de
folhas de
Morus nigra L. no tratamento de diabetes induzida em ratos. VIII Seminário
de pesquisa – PROPPE
, 2004.
SOUZA M.M, BITTAR M., CECHINEL-FILHO V,
et al. Antinociceptive properties o
f
morusin, a prenylflavonoid isolated from Morus nigra root bark.
Z. Naturforsch [c]: 55
(3-4): 256-60, 2000.
SPEROFF, L., ROWAN, J; SYMONS, J.
et al. The comparative effect on bone density,
endometrium, and lipids of continuous hormones as replacement therapy.
J. Am.
Assoc., v.6, p. 1397-1403, 1996.
SULLIVAN, J.M. Estrogen replacement therapy.
Am. J. Med., v.101, p.56S-60S, 1996.
THAM DM, GARDENER CD, HUSKELL WL. Potencial health benefits of dietary
phytostrogens: a review of the clinical epidemiological, and mechanistic evidence.
J
Clin Endocrinol Metab
1998; 83 (7) 2223-35.
TOLEDO, A.C.O, HIRATA, L.L.
et al. Fitoterápicos: uma aborda
g
em
farmacotécnica
. Revista Lecta, Bragança Paulista, 21 (1); 7-13, 2003.
VAN HELLEMONT, J.
Compendium de Phytotherapie. Bruxelles: Association
Pharmaceutique Belge, 1986, pp. 257-8.
VIGETA, S. M. G. A experiência da perimenopausa e pós-menopausa com mulheres
que fazem uso ou não da terapia de reposição hormonal.
Cad. Saúde Pública, Rio de
Janeiro, 20(6):1682-1689, 2004.
VILLAR, L; PALACÍN, JM; et al.
Plantas Medicinales del Pirineo Ara
g
onés
y
demás tierrras oscenses.
2ª. Huesca: Diputación Provincial, 1992, p. 157.
VINCENT A, FITZPATRICK LA. Soy isoflavones: are they useful in menopause?
Mayo Clin Proc 2000; 75: 1174-84.
WANNAMACHER, L. F.D. FUCHS. Conduta terapêutica embasada em evidências.
70
Rev Ass Med Brasil 2000; 46 (3):237-41.
WANNAMACHER, L., LUBIANCA, J.N. Terapia de reposição hormonal na
menopausa: evidências atuais.
Boletim Sociedade Brasileira de Vi
g
ilância de
Medicamentos. 1(6),1-6, 2004.
WOLFE, B.M; HUFF, M.W. Effects of continuous low-dosage hormonal replacement
therapy on lipoprotein metabolism in postmenopausal women.
Metabolism,
V.44,p.410-417, 1995.
YAMATAKE Y, SHIBATA M., NAGAI M. Pharmacological studies on root bark o
f
mulberry tree (Morus alba L.).Jpn J Pharmacol. 26 (4): 461-9, 1976.
YEUNG J. M; S.C. SHIRLEY; W.C. KUNG ANNIE. Hight dietary intake is associated
with higher bone mineral density in posmenopausal women.
J Clin Endocrinol
Metabol. 2001, 86, 5217-5221.
YIN DK, BARACAT EC, HAN KK,
et al. Efeitos da isoflavona na síndrome do
climatério.
Revista Brasileira de Medicina-Caderno de Ginecologia e Obstetrícia
2000; 57: 21-3.
ZAR, J.H.
Bioestatistical analysis. 4. ed. New Jersey: Prentice Hall, 1999. 123 p.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo