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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARA
PAULO DE SOUZA FONSECA GUIMARÃES
HÁ VANTAGEM NA ASSOCIAÇÃO DA RAMICOTOMIA
AO BLOQUEIO SIMPÁTICO POR CLIPAGEM NO
TRATAMENTO DA HIPERIDROSE AXILAR?
CURITIBA
2010
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PAULO DE SOUZA FONSECA GUIMARÃES
HÁ VANTAGEM NA ASSOCIAÇÃO DA RAMICOTOMIA
AO BLOQUEIO SIMPÁTICO POR CLIPAGEM NO
TRATAMENTO DA HIPERIDROSE AXILAR?
Tese apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Cirurgia, linha de pesquisa:
Novas Tecnologias e Terapêuticas em
Doenças Tóraco-cardiovasculares, da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, como
requisito para a obtenção do título de Mestre
em Cirurgia.
Orientador: Prof. Dr. Marlos de Souza Coelho.
CURITIBA
2010
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Aos meus pais Archimedes Fonseca Guimarães Jr e Romilda de Souza
Fonseca Guimarães, com todo o meu carinho.
À Fernanda Simões Fortes, minha eterna companheira, por toda sua
dedicação, amor e incentivo, fundamentais na concretização desta importante
etapa da minha vida científica.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Marlos de Souza Coelho, chefe do Serviço de Cirurgia Torácica e
Endoscopia Respiratória do Hospital Universitário Cajuru e da Santa Casa de
Misericórdia de Curitiba, orientador deste trabalho, pelo esforço e dedicação
incansáveis no estudo da hiperidrose.
Ao médico Dr. Rafael Garbelotto Mendes, ex-residente do Serviço de Cirurgia
Torácica e Endoscopia Respiratória do Hospital Universitário Cajuru, pela sua
competência, aplicação e dedicação, fundamentais para a realização deste
trabalho.
Aos médicos Dr. Ruy Fernando Kuenzer Caetano Silva e Dr. Lucas Matos
Fernandes ex-residentes do Serviço de Cirurgia Torácica e Endoscopia
Respiratória do Hospital Universitário Cajuru, pela sua dedicação.
À Srta. Tânia S. Weigang, instrumentadora cirúrgica, pela sua competência,
dedicação e paciência na realização dos procedimentos cirúrgicos.
À Fabíola F. Santos, secretária do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, pela sua disposição e competência.
A todos os meus amigos, que direta ou indiretamente, tiveram participação na
realização deste trabalho.
"Não conheço nenhuma fórmula infalível para obter o sucesso, mas conheço
uma forma infalível de fracassar: tentar agradar a todos"
John F. Kennedy
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................... x
SUMMARY ........................................................................................................ xi
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
1.1. OBJETIVO .................................................................................................. 2
2. LITERATURA ................................................................................................
3
2.1. EPIDEMIOLOGIA ....................................................................................... 3
2.2. DIAGNÓSTICO ...........................................................................................
3
2.3. TRATAMENTO DA HIPERIDROSE AXILAR ............................................. 5
2.3.1. Tratamento Cirúrgico Local ..................................................................... 6
2.3.1.1.Excisão do tecido axilar ......................................................................... 6
2.3.1.2. Curetagem subcutânea da axila ........................................................... 7
2.3.1.3. Lipoaspiração axilar ..............................................................................
7
2.3.2. Tratamento Cirúrgico Videotoracoscópico ...............................................
8
2.3.2.1. Simpatectomia e simpaticotomia .......................................................... 9
2.3.2.2. Bloqueio simpático por clipagem .......................................................... 12
2.3.2.3.Ramicotomia ..........................................................................................
18
3. MÉTODOS .....................................................................................................
21
3.1. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA ......................................................................
21
3.2. DESCRIÇÃO DOS GRUPOS ..................................................................... 21
3.3. MATERIAIS ................................................................................................ 22
3.4. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS .....................................................
23
3.5. DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS ..................................................................
28
3.5. ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................ 29
4. RESULTADOS .............................................................................................. 30
4.1. EPIDEMIOLOGIA DA AMOSTRA .............................................................. 30
4.2. RESULTADOS CIRÚRGICOS ................................................................... 33
5. DISCUSSÃO ................................................................................................. 42
6. CONCLUSÕES ............................................................................................. 48
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 49
NORMAS ADOTADAS ..................................................................................... 55
BASES DE DADOS CONSULTADAS ..............................................................
56
ANEXOS ............................................................................................................
57
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Taxa de sudorese
..........................................................................
5
TABELA 2 - Classificação de Lin-Telaranta 18
.....................................................
TABELA 3 - Avaliação das hiperidroses em relação à
idade............................
30
TABELA 4 - Avaliação das hiperidroses em relação ao
sexo...........................
30
TABELA 5 - Idade de início da doença
.............................................................
31
TABELA 6 - Formas de apresentação clínica da hiperidrose
...........................
32
TABELA 7 - História familiar de hiperidrose
......................................................
32
TABELA 8 - Fatores de piora da hiperidrose
....................................................
33
TABELA 9 - Complicões nos grupos do estudo
..............................................
33
TABELA 10 - Sudorese compensatória
............................................................
34
TABELA 11 - Grau de sudorese compensatória
...............................................
34
TABELA 12 - Número de locais acometidos pela sudorese compensatória
.....
35
TABELA 13 - Locais acometidos pela sudorese compensatória
......................
36
TABELA 14 - Grau de satisfação com a cirurgia
................................................
37
TABELA 15 - Avaliação do resultado imediato da cirurgia
...............................
38
TABELA 16 - Avaliação do resultado após 6 meses da cirurgia
.......................
39
TABELA 17 - Avaliação do resultado após um anos da cirurgia
......................
39
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Teste iodo-
amido............................................................................
5
FIGURA 2 - Clipador endoscópico
...................................................................
14
FIGURA 3 - Trajeto das fibras do sistema simpático
.......................................
19
FIGURA 4 - Axônios pré-ganglionares e pós-ganglionares
..............................
19
FIGURA 5 - Classificação dos grupos do estudo
..............................................
22
FIGURA 6 - Sonda de duplo lúmen
...................................................................
23
FIGURA 7 - Posição cirúrgica ......................
...................................
....................
23
FIGURA 8 - Visão toracoscópica da cadeia simpática superior esquerda
........
24
FIGURA 9 - Nível do Bloqueio Simpático por
Clipagem...................................
25
FIGURA 10 - Grupo I
.
.......................................................................................
25
FIGURA 11 - Grupo II
.
......................................................................................
26
FIGURA 12 - Grupo III
.......................................................................................
27
FIGURA 13 - Idade de início da doença
.
...........................................................
31
FIGURA 14 - Grau da sudorese compensaria
.................................................
35
FIGURA 15 - Locais acometidos pela sudorese compensatória
..
.
....................
36
FIGURA 16 - Grau de satisfação com a cirurgia
.................................................
37
FIGURA 17 - Resultado da hiperidrose palmar
.................................................
40
FIGURA 18 - Resultado da hiperidrose plantar
................................................
40
FIGURA 19 - Resultado da hiperidrose axilar
41
..................................................
LISTA DE ABREVIATURAS
HA - hiperidrose axilar
BSC - bloqueio simpático por clipagem
T2 - segundo gânglio simpático torácico
T3 - terceiro gânglio simpático torácico
T4 - quarto gânglio simpático torácico
T5 - quinto gânglio simpático torácico
SC - sudorese compensatória
RESUMO
Introdução: O uso do bloqueio simpático por clipagem (BSC) para o
tratamento da hiperidrose axilar tem sido cada vez mais freqüente nos últimos
anos. Em comparação ao BSC apenas do quarto gânglio simpático torácico
(T4), o bloqueio simpático por clipagem do terceiro e do quarto gânglios
simpáticos torácicos (T3 eT4) pode ser considerado mais efetivo, apesar de
apresentar maior incidência de sudorese compensatória. No intuito de reduzir-
se a sudorese compensatória, com melhora do grau de satisfação e sucesso
terapêutico do BSC, neste trabalho, foi realizada uma associação da
ramicotomia do terceiro gânglio simpático torácico (T3), com o BSC do T4.
Objetivo: Avaliar a sudorese compensatória ou reflexa, o sucesso terapêutico
e a satisfação dos pacientes portadores de HA submetidos a três diferentes
tipos de tratamento: o BSC do T3 e T4, o BSC do T4 e o BSC do T4 associado
à ramicotomia do T3. Métodos: Estudo prospectivo, com avaliações periódicas
em 7 dias, 30 dias, 6 meses e um ano, no qual noventa indivíduos portadores
de HA foram randomizados em três grupos: Grupo I (30 paciente submetidos a
BSC do T3 e T4), Grupo II (30 pacientes submetidos a BSC do T4) e Grupo III
(30 pacientes submetidos a BSC do T4 associado à ramicotomia do T3).
Resultados: A SC foi observada em 72 pacientes (80%), sendo leve em 63
(70%); moderada em 7 (7,8%); e severa em 2 (2,2%), sem diferea significativa
entre os grupos. Com maior proporção de resultados com remissão dos sintomas
e de sucesso terautico para o Grupo II, observada em 100,0% (p=0,008).
Quarenta e sete pacientes (52,2%) ficaram muito satisfeitos; 41 (43,3%),
satisfeitos e apenas 2 (2,2%), insatisfeitos. Conclusões: Neste estudo, o BSC
de T4 foi mais eficiente do que o BSC de T3 e T4 e o BSC de T4 associado à
ramicotomia de T3. Em relação ao grau de satisfação, assim como a presença
e grau da SC, não houve diferença significativa entre as três técnicas, no
entanto, no Grupo III, a SC foi mais intensa na coxa, enquanto no Grupo I, nas
pernas.
DESCRITORES: hiperidrose, hiperidrose axilar, sudorese compensatória,
bloqueio simpático, clipagem, ramicotomia.
SUMMARY
Introduction: The endoscopic sympathetic blockade (ESB) to the treatment of
axillary hyperhydrosis (AH) has been more and more usual in the past years.
The ESB of the T3 and T4 ganglion is more effective, although it encompasses
a higher incidence of compensatory sweating (CS) when compared to the ESB
of the T4 ganglion alone. In order to reduce CS and improve the level of
satisfaction and therapeutic success of the ESB, we performed an association
of the T3 ganglion ramicotomy along with the T4 ganglion ESB. Objective: To
evaluate compensatory sweating, therapeutic success and degree of
satisfaction to the patients with AH underwent ESB of the T3 and T4 ganglion,
ESB of the T4 ganglion, and ramicotomy of the T3 ganglion associated with
ESB of the T4 ganglion in the AH treatment's. Methods
:
Prospective study with
periodic evaluated after 7 days, 30 days, 6 months and 1 year from procedure
that ninety patients with AH were randomized into three groups: group I (30
patients underwent T3 and T4 ESB), group II (30 patients underwent T4 ESB),
and group III (30 patients underwent T4 ESB associated to the T3 ramicotomy).
Results: CS was observed in 72 patients (80%), classified as minor in 63
patients (70%), moderate in 7 patients (7.8%), and severe in 2 patients (2.2%),
with no significant difference. We observed a higher proportion of symptoms
remission and therapeutic success in group II (100%, p = 0.008). Forty seven
patients (52.2%) considered themselves very satisfied, 41 patients (43.3%)
were satisfied and only 2 (2.2%) were unsatisfied with the treatment.
Conclusions: In this study, ESB of T4 ganglion was more effective when
compared to the ESB of the T3 and T4 ganglion and the ESB of T4 ganglion
along with the T3 ramicotomy. Regarding satisfaction rates and the occurrence
and degree of CS, it was found no significant difference among the three
techniques; however, in group III CS was more intense in the thigh while in
group I it was more intense in the legs.
KEY WORDS: hyperhidrosis, axillary hyperhidrosis, compensatory sweating,
simpathetic blocking, clipping, ramicotomy.
1. INTRODUÇÃO:
A hiperidrose é uma doença em que a sudorese ocorre além das
necessidades fisiológicas normais do organismo para manter a termo-regulação
1,2
.
A hiperidrose é classificada em primária e secundária. A hiperidrose
primária, também conhecida como idiopática, essencial ou focal, ocorre em pessoas
saudáveis, com uma distribuição simétrica e bilateral, numa área limitada da
superfície corporal, sendo a axila um local comumente afetado
3,4
. A hiperidrose
secundária ou generalizada envolve toda a superfície corporal e é conseqüência de
uma comorbidade, a qual deve ser controlada ou removida para o seu
tratamento
3,4
. vários estados ou doenças relacionadas com o surgimento da
hiperidrose, tais como estresse emocional; exercícios; obesidade; menopausa;
processo de aclimatização; febre; doenças endócrinas (hipoglicemia,
hipertireoidismo, diabetes melitus); neoplasias (linfoma de Hodgkin, tumor
carcinóide, feocromocitoma); distúrbios neurológicos (seringomielia, lesões focais
do sistema nervoso central); gota; embolia pulmonar; calor; infecção (malária,
mononucleose); uso de drogas (antidepressivos e antieméticos) e síndrome de
abstinência a certas drogas
1,2
.
A hiperidrose axilar (HA) interfere de forma determinante na qualidade de
vida, com comprometimento no relacionamento social e íntimo, na autoconfiança e
nas atividades ocupacionais e de recreação ativa
4
. Até 75% dos pacientes têm baixa
auto-estima; um terço dos portadores relata sua sudorese ser mal tolerada ou
intolerável, afetando na atividade diária; 35% relatam redução no tempo de lazer
devido ao suor excessivo; e até 50% mudam suas atividades de lazer e são
descontentes ou deprimidos devido a sua condição
1,4
. Nos pacientes portadores de
HA severa, esta patologia pode ser tão incapacitante quanto à doença renal
terminal, artrite reumatóide e esclerose múltipla
5
. Mas ainda assim, apenas um
terço dos portadores procuram algum auxílio médico
1,4
.
O tratamento da HA pode ser conservador, para os casos em que se
manifestem de uma forma leve; ou cirúrgico, para os casos em que
sintomas que interfiram de forma determinante na qualidade de vida do
paciente ou que sejam refratários ao tratamento clínico. Porém, com o advento
da cirurgia minimamente invasiva e com o aprimoramento e modernização de
suas técnicas, o tratamento cirúrgico videotoracoscópico passou a ser muitas
vezes realizado como primeira opção.
As opiniões existentes na literatura quanto ao tratamento
videotoracoscópico da HA são conflitantes e não apresentam consenso no que
diz respeito tanto a técnica cirúrgica empregada (simpatectomia,
simpaticotomia, bloqueio simpático por clipagem ou ramicotomia); como ao
nível do procedimento na cadeia simpática
6
. Publicações recentes
demonstraram que o bloqueio simpático por clipagem (BSC) tem a mesma
eficácia que a simpatectomia no tratamento da HA, com os níveis mais
adequados da cadeia simpática no terceiro (T3) e no quarto (T4) gânglios
simpáticos torácicos e em apenas T4
7
. A ramicotomia isolada tem sido utilizada
no tratamento da hiperidrose facial e palmar, com menor incidência de
sudorese compensatória, porém com maior recidiva ou persistência dos
sintomas
8,9
. No intuito de diminuir a sudorese compensatória do BSC de T3 e
T4 e aumentar a eficácia do BSC de T4, neste trabalho foi proposta, de forma
inédita, uma associação entre as duas técnicas, realizando-se a ramicotomia
de T3 e o BSC de T4.
1.1. OBJETIVO:
Avaliar a sudorese compensatória ou reflexa, o sucesso terapêutico e a satisfação
dos pacientes portadores de hiperidrose axilar submetidos a três diferentes tipos de
tratamento: o BSC dos nervos simpáticos dos gânglios T3 e T4, o BSC do nervo
simpático do gânglio T4 e o BSC do nervo simpático do gânglio T4 associado à
ramicotomia do gânglio T3.
2. LITERATURA
2.1. EPIDEMIOLOGIA:
A hiperidrose primária está presente em até 2,9% da população geral, com
a região axilar afetada em 51% dos pacientes
4,10
. A HA afeta homens e mulheres
nas mesmas proporções, no entanto, pelo possível fato das mulheres serem mais
susceptíveis aos impactos psicológicos e, mais freqüentemente procurarem um
tratamento, impressão de que a prevalência seja maior em mulheres
11
. O início
dos sintomas ocorre entre 13 e 19 anos, com tendência a redução da severidade dos
sintomas após os 50 anos
4
. Cerca de 20% dos casos ocorrem desde o nascimento,
com incidência discretamente aumentada em judeus e asiáticos, e história familiar
evidente em 12,5 a 56,5% dos casos
12,13
. A HA geralmente se manifesta na
adolescência, quando as glândulas sexuais se tornam ativas
11
. Dos pacientes
submetidos a tratamento cirúrgico para hiperidrose, a HA está presente em 23%
dos casos
14
.
2.2. DIAGNÓSTICO
A anamnese permite facilmente diferenciar a hiperidrose primária da
hiperidrose secundária e deve ser focada na localização da sudorese
excessiva, duração dos sintomas, história familiar, idade do início e ausência
de qualquer outra causa aparente do suor excessivo. Aproximadamente 81%
dos pacientes portadores de hiperidrose apresentam algum grau de ansiedade
devido a sua condição, o que pode ser prejudicial ao convívio social e
profissional
4,10,15
. Dentre as queixas mais freqüentes destacam-se embaraço
severo devido às roupas molhadas e/ou mãos úmidas; necessidade de
mudanças de roupas duas ou mais vezes ao dia; frustração com atividades de
vida diária; deterioração na produtividade e desempenho no trabalho; mudança
no tipo de atividades de lazer preferido; perda de encontros sociais com amigos
ou familiares; depressão e perda de confiança; maceração constante da pele
pela umidade que pode levar a infecção bacteriana ou fúngica; e dificuldade em
relacionamentos íntimos
4
. A associação da HA com a bromidrose, odor
desagradável conseqüente da decomposição bacteriana do suor na superfície
corporal, agrava ainda mais os sintomas e as dificuldades de convívio do
paciente
16,17
.
Os critérios diagnósticos da HA são: sudorese excessiva, localizada e
visível por pelo menos seis meses de duração, sem causa aparente; e pelo
menos duas das seguintes características: sudorese relativamente simétrica e
bilateral; freqüência de pelo menos um episódio por semana; prejudicial às
atividades diárias; idade de início inferior a 25 anos; história familiar positiva; e
cessação da sudorese durante o sono
1,4
.
A sudorese pode ser aferida por métodos gravimétricos, higrometria e
calorimetria, visando dados objetivos no diagnóstico da hiperidrose
3,15,18
.
Embora não haja uma definição, a secreção menor que 1ml/m
2
de suor pelas
glândulas écrinas em repouso e em temperatura ambiente é empiricamente
considerada normal (tabela 1)
15
. Na prática clínica, qualquer quantidade de
suor que interfira nas atividades diárias é considerada anormal, podendo o
teste gravimétrico ser utilizado como critério de exclusão para a HA quando
menor que 50mg de suor por minuto
4,18
. O Teste Minor ou teste de iodo-amido
pode ser usado para demarcar a área de sudorese excessiva e estabelecer a
exata dimensão das áreas da pele afetadas, onde uma solução de iodo a 1 a
5% é aplicada na superfície completamente seca da pele e, após alguns
segundos, é polvilhado o de amido sobre esta área. O amido e o iodo
interagem na presença de suor, levando a uma sedimentação de coloração
púrpura, onde se identificam os ductos das glândulas sudoparas,
determinando a localização e limites das glândulas sudoríparas hiperativas da
pele (figura 1)
1,4
. Este teste permite a identificação qualitativa das áreas de
sudorese em excesso, que são reportadas em figuras antes e após o
tratamento, mas falha na sua quantificação
1,4
.
Tabela 1 - Taxa de sudorese
15
Região anatômica Normais em ensaios clínicos Critérios para a hiperidrose
diagnóstica em ensaios clínicos
Axilar
Homens A média de 14,4 mg/min > 20mg/min
Mulheres A média de 9,4mg/min > 10mg/min
Palmar <20mg/min > 30-40mg/min
Figura 1 – Teste iodo-amido
4
2.3. TRATAMENTO DA HIPERIDROSE AXILAR
O objetivo do tratamento é reduzir o volume de sudorese a um nível
aceitável pelo paciente
2
. Como a hiperidrose primária, por definição, não está
associada à outra comorbidade, é imperativo, como primeiro passo no tratamento,
descartar-se qualquer outra patologia que leve a hiperidrose como um efeito
secundário
1
. Em seguida, as opções terapêuticas da HA incluem procedimentos
não invasivos ou conservadores (terapia tópica, medicamentos sistêmicos,
iontoforese, psicoterapia e terapia comportamental); procedimentos
moderadamente invasivos (toxina botulínica, simpatectomia química e
simpaticolise percutânea); e procedimentos invasivos, reservados às formas de
tratamento cirúrgico. No anexo I, pode-se observar as formas de tratamento não
cirúrgicas da HA.
2.3.1. Tratamento Cirúrgico Local:
São descritas várias técnicas cirúrgicas envolvendo as axilas para o
tratamento da HA, como a excisão do tecido axilar, curetagem subcutânea da axila
e lipoaspiração axilar. Por serem formas de tratamento invasivo e com caráter
permanente, devem ser consideradas para casos bem justificados, como casos
refratários a outros tipos de tratamentos ou a pacientes que apresentam riscos
associados que contra-indiquem outras técnicas cirúrgicas
4,10
. E, além disso, após
as técnicas de tratamento cirúrgico local, do total de sucesso terapêutico, uma
queda para apenas 40% de satisfação após seis meses de seguimento
19,20
.
2.3.1.1. Excisão do tecido axilar:
Na excisão de tecido axilar, as glândulas sudoríparas axilares são
localizadas pelo teste de iodo-amido e podem ser removidas pela excisão exclusiva
do tecido subcutâneo; remoção da pele com o tecido subcutâneo em bloco; ou
remoção da pele com o tecido subcutâneo abaixo e adjacente
2,3
. Com redução da
sudorese em 79 a 92% dos pacientes após este tratamento
2
. Skoog e Thyresson, em
1962, foram os primeiros a descrever a ressecção de glândulas sudoríparas
axilares. Em 1963, Hurley e Shelley descreveram a técnica de ressecção em fuso da
pele e tecido subcutâneo até uma profundidade de 0,5cm na fossa axilar, com
fechamento primário do defeito, mas com resultados estéticos ruins e problemas de
mobilidade. Recentemente esta técnica foi modificada, com o uso de coloração
amido-iodo, na qual se marca a área afetada, realizando-se uma menor remoção
da pele e tecido subcutâneo em bloco da área afetada e retirada apenas do tecido
subcutâneo adjacente, com posterior reconstrução com retalhos em “S” ou
zetaplastia
6
. As complicações da excisão de tecido axilar podem incluir formação de
hematoma, abscesso, infecção de ferida operatória, necrose das bordas da ferida,
retardo da cicatrização, deiscência de sutura, formação de quelóide, hidradenite,
perda de pêlos axilares e limitação de movimento de abdução do ombro
2,3
. Como a
cicatrização pode levar a redução da mobilidade do ombro, as incisões e formas de
fechamento da pele devem ser cuidadosamente planejadas
2
.
2.3.1.2. Curetagem subcutânea da axila:
Na curetagem subcutânea da axila para o tratamento da HA, utiliza-se uma
cureta para remover toda a gordura subcutânea da área demarcada, seguida de sutura das
incisões. Mas os resultados são desapontadores com baixa satisfação dos pacientes e
falência de cicatrização, preferindo-se a técnica de excisão do tecido axilar
3
.
2.3.1.3. Lipoaspiração axilar:
A lipoaspiração axilar pode remover toda a porção subdérmica com
conseqüente interrupção do suprimento nervoso às glândulas sudoríparas e
remoção ou destruição das glândulas apócrinas presentes em grande quantidade
nas axilas, sem comprometer a pele e com formação mínima de cicatriz, sendo
preferível em relação às técnicas de excisão de tecido axilar e de curetagem
2,3
. É
uma técnica ainda não amplamente difundida e com eficácia ainda não
completamente comprovada
2
. O benefício desta terapia está na possibilidade de
redução dos sintomas por um período prolongado evitando-se o risco de sudorese
compensatória, que ocorre na simpatectomia. Com desvantagens de ser feita de um
lado de cada vez; poder causar dor pós-operatória com limitação de movimento do
braço; e possibilidade de ocorrer algumas complicações locais, das quais as mais
freqüentes são hematoma (55 a 57%), erosão superficial da pele (14 a 18%),
retração do subcutâneo (27 a 29%), alopécia parcial da axila (21 a 27%)
21
.
Raramente, cistos de inclusão epidérmica podem ser complicação deste
procedimento, resultante da proliferação das células epidérmicas dentro de um
espaço circunscrito, causado pela excessiva curetagem das camadas mais
profundas da derme com dano das unidades pilosebáceas e subseqüente oclusão
dos ductos excretórios
21
. Por isso alguns autores preconizam que primeiramente
deva-se realizar tratamento tópico de antitranspirantes, seguido de iontoforese
e/ou toxina botulínica e, se não houver sucesso, deve-se realizar a lipoaspiração
3,22
.
A lipossucção ultrassônica, em que a energia do ultrassom promove erosão e
liquefação da gordura dentro dos adipócitos, é realizada através de um pequeno
corte, com o auxílio de uma ótica de 2,7mm de 30
o
, para confirmar a remoção dos
tecidos glandulares e a gordura subcutânea, demonstrou ser uma forma de
tratamento cirúrgico menos agressivo e com menor incidência de efeitos colaterais.
Esta energia é mais efetiva para liquefazer os tecidos gordurosos porque é menos
denso que os outros tecidos
17,21
.
2.3.2. Tratamento Cirúrgico Videotoracoscópico:
Embora vários métodos cirúrgicos tenham sido propostos, os procedimentos
videotoracoscópicos são os mais populares e aceitáveis devido a sua simplicidade,
segurança, eficácia, praticidade e fácil aprendizado, o que tornou a cirurgia aberta
obsoleta
23,24
. Este tratamento baseia-se na interrupção da transmissão dos impulsos dos
gânglios simpáticos para as glândulas sudoríparas écrinas, e é considerado quando as
opções de tratamento conservador falham e quando a HA reduz a qualidade de vida ou
interfere com as atividades de vida diária
10,25,26
.
A toracoscopia foi primeiramente realizada em 1910. Em 1920, Kotzareff,
foi o primeiro a observar o efeito anidrótico após ablação simpática
27
. Em 1942,
Hughes descreveu um método de simpatectomia utilizando a toracoscopia. Em
1954, Kux relatou sua técnica de simpatectomia endoscópica e, em 1977, descreveu
o acesso minimamente invasivo que, em comparação com o aberto, observou
melhor resultado costico; boa exposição da cadeia simpática; menor dor pós-
operatória; recuperação mais rápida; sendo tecnicamente mais fácil, rápido,
barato e eficiente
23
. Com o reconhecimento da simpatectomia videotoracoscópica
como forma de tratamento da HA, notou-se uma intensa evolução da técnica
cirúrgica. No início, realizava-se a eletrocauterização do tronco simpático seguida
de eletro-ressecção ganglionar e, posteriormente, passou a ser realizada a
simpaticotomia, com cauterização e corte apenas do nervo simpático onde ele
passa pela cabeça da costela, região livre de vasos sanguíneos, com redução do
risco de sangramentos e dos efeitos colaterais pós-operatórios. Além disso, o
aprimoramento da anestesia, com o uso de técnicas de intubação seletiva e,
eventualmente, de apnéia contrabalanceada, mostrou melhora significativa dos
resultados terapêuticos e redução da morbidade nas cirurgias
videotoracoscópicas
3,13
. Após uma melhor compreensão da anatomia e
fisiopatologia da HA, observados nos Anexos II e III, com o objetivo de redução
dos efeitos colaterais pós-operatórios e por sua potencial reversibilidade, instituiu-
se o BSC do tronco simpático
23,27
. Além disto, para minimizar a lesão da cadeia
simpática, com conseqüente redução da sudorese compensatória, iniciaram-se
estudos com técnicas de preservação do tronco simpático, como a ramicotomia
8
.
2.3.2.1. Simpatectomia e simpaticotomia:
Devido à similaridade dos resultados, na prática, a simpatectomia e a
simpaticotomia são tidas muitas vezes como sinônimas
25,28
. O termo simpatectomia
se refere à extirpação ou destruição do gânglio com remoção das cadeias
simpáticas, responsáveis pela transmissão dos sinais dos centros do sistema
nervoso para a superestimulação das fibras nervosas colinérgicas adjacentes às
glândulas sudoríparas, com eliminação dos agentes estimuladores das conexões
nervosas, o que pode apresentar cura absoluta e duradoura da hiperidrose, com
taxas de sucesso terapêutico de até 97%
10,13
. A simpaticotomia trata-se apenas da
secção do tronco simpático, o que torna esta cnica mais rápida, fácil, menos
traumática e com menores riscos, devido à secção limitada ao nível da cabeça da
costela, evitando-se o espaço intercostal com suas estruturas neurovasculares
10,24,28
.
A simpatectomia, devido às suas possíveis complicações, está indicada em
casos de HA severa que interfira na qualidade de vida, afetando as atividades de
vida diária do indivíduo, preferencialmente quando houve falha das outras opções
terapêuticas não cirúrgicas
10,22
. Também pode ser indicada na presença de
bromidrose, ou seja, hiperidrose axilar associada à osmidrose, pois nestes
pacientes, apesar da simpatectomia não participar diretamente na secreção
glandular apócrina, promove redução da sudorese causada pela função excessiva
das glândulas écrinas conseqüente da estimulação simpática. Com a ausência ou
diminuição da sudorese axilar, haveria condições menos propícias para a
proliferação de fungos e bactérias implicados na gênese da bromidrose, queda na
decomposição bacteriana local com conseqüente melhora do odor, além de facilitar
a higiene e aplicação do desodorante
16,17,29
.
A média de idade dos pacientes submetidos à simpatectomia para HA é de
25 anos, com prevalência de 55,8% para o sexo feminino
23
. É efetiva no tratamento
da HA, palmar e facial em 68 a 100% dos casos, mas para o tratamento da
hiperidrose axilar, os resultados são menos expressivos, em comparação à
hiperidrose palmar, sendo inicialmente bons em apenas 68 a 89% dos casos, com
recorrência entre 15 a 65%
3,14
. Com a evolução da técnica, ressecando-se os
gânglios mais inferiores, como T3 e T4, os resultados tornaram-se melhores,
alcançando-se taxas de sucesso de até 94%
14
. A simpaticotomia de T3 e T4, para o
tratamento da HA associada à bromidrose é realizada dissecando-se a cadeia
simpática ao nível das articulações costovertebrais da terceira e quarta costelas
com secção com eletro cautério da mesma neste nível
27
. A simpatectomia do T4 é
realizada na margem superior da quarta costela e na margem inferior da quinta
costela, com eletrocauterização da cadeia simpática entre estes dois pontos, tendo o
cuidado na manipulação da margem da quinta costela do lado esquerdo porque o
ducto torácico cruza a aorta posteriormente neste nível
14
. Para T3 e T4, a sudorese
compensatória moderada a severa ocorre em 34,4% enquanto para T4 ocorre em
apenas 6,7% de moderada e nenhum caso de severa, levando a acreditar que a
termo-ablação de T3 é desnecessária. melhora da qualidade de vida em todos
os casos, sendo a ressecção de T4 preferível em relação a T3 e T4 devido à menor
incidência de sudorese compensatória
14
.
As complicações são descritas e divididas como imediatas (febre, síndrome
de Horner, sangramento, pneumotórax, infecção, dor na incisão, fístula linfática,
quilotórax, lesão arterial e lesão do plexo braquial por hiper-extensão dos
membros superiores no posicionamento cirúrgico) e tardias (síndrome de Horner
permanente, neuralgia, cicatriz, sudorese compensatória, sudorese gustatória e
sudorese fantasma)
23
. O bloqueio permanente das glândulas écrinas pode levar a
hiperceratose, descamação e fissuras na pele, principalmente quando estão
envolvidos T2 e/ou T3
2
. A dor pós-operatória, assim como as parestesias ou
sensações de amortecimento tendem a desaparecer nos dois primeiros meses na
maioria dos casos
19
. O pneumotórax residual, que ocorre em 5% dos casos e,
quando pequeno, não afeta o quadro álgico no pós-operatório
30
. A síndrome de
Horner, causada por lesão do gânglio estrelado, presente numa incidência de até
2,4%, é uma tríade constituída de miose, ptose e anidrose facial resultante da
interrupção da inervação simpática do olho
1
. Mas com o advento da
videotoracoscopia e níveis mais inferiores da simpatectomia no tronco simpático,
esta complicação tornou-se rara
20
.
O mais comum e indesejável efeito colateral é a sudorese compensatória
(SC) ou reflexa, que é a produção de suor em áreas que não apresentavam
sudorese anormal no p-operatório e em quantidades maiores que a necessária
para a termorregulação
24,31
. Pode ser definida como a sudorese que ocorre quando,
durante as atividades diárias habituais, necessidade de mais de duas vezes a
troca de roupas, nos primeiros doze meses após a cirurgia
25
. Com freqüência é
tolerável e não afeta a qualidade de vida tanto profissional quanto social,
considerada pela maioria dos pacientes menos desagradável que a hiperidrose
palmar ou axilar, mas mesmo assim, é necessário alertar os pacientes da sua
existência devido à irreversibilidade do todo
14,32
. Sua intensidade pode ser
graduada em três níveis: leve, moderada e severa ou intensa, sendo importante sua
definição correta para que não ocorram disparidades nas incidências entre os
estudos
20
. Ocorre numa incidência de 37 a 86%, sendo considerada a principal
complicação em 26,3% dos casos
4,33
. Observada principalmente em áreas não
desnervadas, como tronco e coxas, independente da temperatura do meio
15,33
e com
possível relação à extensão da ressecção
10,20,23
. Enquanto alguns estudos indicam
que a SC tende a reduzir sua intensidade com o tempo, outros demonstram que
continua presente em um período maior que 12 meses da cirurgia, não
apresentando melhora com o tempo
33,34
.
O nível da simpatectomia é sempre decidido de acordo com a localização da
hiperidrose primária e a freqüência da SC freqüentemente reflete a extensão da
desnervação
32
. A incidência da SC é maior quanto mais alto é o nível da
simpatectomia no tronco simpático, devido à interrupção de um maior número de
fibras aferentes responsáveis pela inibição da sudorese
11,25,35
. Na ressecção de T2,
T3 e T4 a SC ocorre em 89% dos casos, com a forma severa em 35% e, com a
ressecção de níveis mais baixos, notou-se incidência de 87,5 a 90,7% para T3 e T4 e
de 43,3 a 68,3% somente para T4
14,20
, sendo que esta relação com a extensão da
ressecção não foi observada por alguns autores
36
. Portanto, a chave do tratamento
da HA está em T3 e T4
11,25,35
, já que a preservação de T2 reduz a incidência da SC,
sem afetar o resultado terapêutico da cirurgia, e a simpatectomia de T2 reservada
para os casos de hiperidrose e rubor faciais
6,35,37
.
A recorrência da hiperidrose é observada em até 2,5% para a
simpatectomia de T3 e T4 e ausente para a simpatectomia de T4. Ambas as
técnicas são efetivas para o tratamento da HA, mas a ablação apenas de T4 é
preferível devido à menor incidência de SC e melhor taxa de satisfação, sendo a
ressecção do T4 a possível chave para os bons resultados no tratamento da HA
15
. A
ressecção incompleta ou a presença de alguma variação anatômica pode predispor
a regeneração axonal do tronco simpático, contribuindo com a recorrência dos
sintomas e fracasso terapêutico, o que também pode ocorrer na presença de
conexões simpáticas residuais. Para a completa operação ao nível de T4
necessidade de inclusão da totalidade do gânglio entre as bordas superior da
quarta e inferior da quinta costelas, porque o procedimento somente é completo
quando as terminações superiores e inferiores do gânglio são bloqueadas ou
destruídas
20
. A reoperação precoce é indicada principalmente para os casos de
falha terapêutica imediata, que pode ocorrer na presença de variação anatômica
da cadeia simpática; falha da técnica cirúrgica; adesões pleurais intensas; vasos
acima do tronco simpático ou arcadas venosas aberrantes; tecido adiposo em
excesso; e possibilidade de reinervação
13
. A cirurgia inadequada é a principal
causa de falha terapêutica, pode estar relacionada com o erro na identificação do
nível adequado, ablação incompleta ou vias nervosas acessórias que conectam T2,
T3 e T4, notadas em 34,9% à direita e 51,2% à esquerda. Estas fibras
comunicantes, quando presentes, ocorrem numa distância entre 2,3 a 15,7mm
(média de 7,33mm) lateralmente à cadeia simpática e, por isso, é aconselhável uma
dissecção lateral rotineira em até 3cm da cadeia simpática
25
.
2.3.2.2. Bloqueio simpático por clipagem:
Uma das principais desvantagens da simpatectomia ou simpaticotomia é a
sua irreversibilidade. As tentativas de redução da SC, como reconstrução do
tronco simpático com nervo sural
38
; injeção de toxina botulínica A bilateralmente
de T4 a T6 (100UmL), diretamente na cadeia simpática abaixo da simpatectomia
21
;
e aplicação tópica de solução aquosa a 2% de glicopirrolato
39
não apresentaram
resultados efetivos. Por isso, estudos foram realizados no sentido de instituir-se um
tratamento menos agressivo, no intuído de reduzirem-se os efeitos adversos
definitivos como a SC severa persistente
40
. O termo BSC foi primeiramente
descrito por Lin, em 1996, sendo clinicamente significante devido a sua
reversibilidade com os clipes podendo ser reposicionados ou removidos,
vislumbrando-se a possibilidade de regeneração nervosa para os casos que
desenvolvam SC severa, com melhores resultados e menos efeitos adversos
31,42,43,44
.
Denny-Brown e Brenner demonstraram, num estudo experimental com
animais, que a condução nervosa pode ser interrompida sem a secção do tronco
nervoso, mas com uma simples força de compressão maior que 44g que, num
período maior que duas semanas, causa interrupção da condução do estímulo
nervoso com rios graus de perda da bainha de mielina. Como os clipes
endoscópicos exercem uma pressão de aproximadamente 150g, concluiu-se que
esta pressão é suficientemente forte para se bloquear a condução dos impulsos
nervosos. a hipótese de que os nervos simpáticos são compostos por fibras
eferentes (motoras) e aferentes (sensitivas), sendo que ambas formam as fibras dos
nervos periféricos. As fibras eferentes, consideradas como fibras motoras dos
nervos periféricos, controlam a sudorese e são mais vulneráveis à lesão por
compressão do que as fibras aferentes. Além disso, o processo pode ser revertido,
com o paciente retornando à sua condição prévia no caso de desenvolvimento de
SC severa e intolerável, o que ocorre em 1,5% dos casos que a desenvolvem, com a
remoção dos clipes devendo ser realizada dentro de duas semanas. Outra
vantagem do BSC é a possibilidade de reversão da Síndrome de Horner com a
retirada do clipe e a menor incidência de arritmias induzidas pela estimulação
elétrica do cautério
38
. Como a SC é mais proeminente no verão, aconselha-se a
realização do BSC neste período para que, na sua ocorrência, os clipes possam ser
prontamente removidos
38
.
A clipagem é realizada com a colocação de pequenos e removíveis clipes de
titânio na cadeia simpática torácica que interrompe fisicamente a transmissão
nervosa causando um bloqueio efetivo dos impulsos nervosos (figura 2)
41
. Com
base neste princípio, o BSC começou a ser utilizado para a HA levando a
resultados tão bons quanto ou até melhores que os da simpatectomia
38
. Como os
clipes são de titânio e radiopacos podem ser demonstrados no exame radiográfico,
considerado, por alguns, o melhor método de avaliação pós-operatória, pois
permite determinar o correto nível da clipagem, principalmente quando o
resultado não é o esperado
43
. O BSC é considerado por muitos cirurgiões o
procedimento de escolha para o tratamento da hiperidrose severa, por ser seguro;
apresentar sucesso em até 98% dos casos, com apenas 1 a 2% de taxa de
recorrência dos sintomas; e, apesar de todos os pacientes apresentarem algum
grau de SC, apenas em 3 a 5% ela é severa ou intolerável, dos quais em apenas
1,4% a SC interfere na atividade diária
42
.
Figura 2 - Clipador endoscópico. Demonstração da deformidade no clipe metálico (modelo B 2180-
1/SLS-CLIP
TM
) após compressão exercida pelo clipador endoscópico de 5mm
(EDLO
TM
).
Inicialmente utilizado no tratamento da hiperidrose palmar, o BSC de T3,
em comparação com a simpatectomia, não demonstrou redução da incidência da
SC, mas sim na sua severidade
8
. Após comprovada sua eficácia, com taxa de
sucesso terapêutico de 95,9 a 100% e menor incidência de SC moderada a severa, o
BSC de T3 e T4 passou a ser preferido, por alguns autores, para o tratamento da
HA associada ou não à hiperidrose palmar
30,41,42,46
. Assim como na simpatectomia,
o BSC apresenta uma taxa de sucesso inferior para a HA, em comparação à
palmar, o que pode ser explicado porque nas axilas também glândulas
sudoríparas apócrinas que, como não são ativadas pelo sistema nervoso simpático,
as quais não respondem a este tipo de tratamento
47
. Há algum efeito na sudorese
plantar, de forma que um terço dos pacientes relatam algum grau de melhora,
sendo que em 4,5% a 6,7% dos casos as plantas dos pés ficam completamente
secas
47
. Idealmente, para o BSC de T3 e T4, a pleura parietal deve ser aberta ao
longo do tronco simpático, ligeiramente à frente das articulações costovertebrais,
da borda superior da terceira costela até a borda inferior da quinta costela,
quando os clipes são colocados nas margens superiores das costelas, pois é
importante a confirmação da posição do gânglio através da completa dissecção da
cadeia simpática acima e abaixo das margens costais
34
. Apesar da incidência de SC
ser elevada, o mais importante é a incidência da forma severa, que no BSC varia
de 2,8 a 3,2%, cerca de 50% menos freqüente do que na simpatectomia
convencional de T2 a T4
46
. Por isso, os pacientes tratados por BSC tendem a
apresentar melhor grau de satisfação
46
.
Acredita-se que as fibras nervosas simpáticas inervam o corpo humano
cruzando sobre a costela superior correspondente e unindo-se com o nervo
periférico superior para realizar uma distribuição similar ao seu dermátomo
48
. A
porção anterior do hipotálamo recebe informação térmica aferente dos
termorreceptores centrais e periféricos e libera um sinal eferente termorregulador
para as glândulas sudoríparas
48
. A principal inervação simpática da porção
superior do corpo é proveniente dos seis primeiros gânglios torácicos, enquanto a
porção inferior é influenciada pelos seis gânglios inferiores. Como as fibras
provenientes de T4 passam por T2 e T3 e se juntam ao plexo braquial antes de
inervarem as mãos, o BSC de T4 pode curar a hiperidrose palmar
48
. É realizado
clipando-se as bordas superiores da quarta e quinta costelas, pois o bloqueio é
completo apenas quando o gânglio simpático é bloqueado nas suas terminações
superiores e inferiores. Como o bloqueio simpático neste nível preserva as fibras
simpáticas cefálicas, há pouca ou nenhuma SC, que ocorre apenas em climas
quentes, implicando numa resposta fisiológica normal às temperaturas do meio,
podendo-se recomendar este tipo de tratamento como terapia de escolha para a
hiperidrose palmar e axilar
43
. Na necessidade de remoção dos clipes, o mesmo
procedimento é realizado, com o uso de uma pinça de preensão
24
. A HA associada
ou não à hiperidrose palmar também é tratada com o BSC de T4
24
. Portanto, o
BSC limitado a T4, devido a sua excelente taxa de sucesso, pode ser considerado
uma das formas de tratamento para a hiperidrose dos membros superiores
47
.
Na simpatectomia convencional, os ramos comunicantes brancos e os
axônios das células da coluna intermédio-lateral são permanentemente
danificados. Como conseqüência, corpos celulares da medula espinhal podem
morrer ou se reorganizar resultando numa remodelação neural que pode levar a
um aumento do estímulo simpático em outras áreas. No BSC, a dissecção é
mínima, reduzindo o risco de danificação das delicadas estruturas próximas ao
tronco simpático, o que pode também explicar a menor incidência de SC com esta
técnica
42
. Após a simpatectomia ou BSC, uma redução da atividade simpática
dos gânglios inferiores para as posições mais cefálicas, o que pode aumentar a
sudorese em outras partes do corpo que mantém o mecanismo de termorregulação
íntegro, por isso, quando se abaixa o nível, como de T2-T3 para T3-T4, uma
redução da SC
42
. Atualmente é evidente que a utilização da clipagem, em
comparação com a simpatectomia, causa significativa redução da SC, devido à
conservação de rotas simpáticas de retorno suficientes para sua inibição
7
. E o BSC
de T4 pode tratar a hiperidrose palmar e axilar sem interromper o tônus simpático
facial
43
. Outra teoria seria que o fenômeno de sudorese após procedimentos
simpáticos torácicos é um ciclo reflexo mediado pelo hipotálamo, não sendo
propriamente um fenômeno compensatório, mas sim um reflexo do procedimento,
por isso, alguns preferem denominar a SC de sudorese reflexa. E o ciclo reflexo
intacto entre o tônus simpático e o hipotálamo é fundamental para se evitar a
sudorese reflexa, sendo a sudorese facial um indicador que demonstra a
preservação deste ciclo entre o sistema simpático e o hipotálamo
43
.
A SC é usualmente observada entre o primeiro e quinto dia de pós-
operatório, mas apenas num pequeno número de pacientes é pior que a hiperidrose
inicial
41
. Alguns pacientes podem responder com medicamentos anticolinérgicos,
como o glicopirrolato (Robinul
), mas os benefícios normalmente ocorrem por um
curto período
49
. A SC pode ser revertida com a remoção do clipe e conseqüente
restauração da transmissão simpática, pois a clipagem da fibra nervosa parece não
destruir permanentemente as fibras nervosas simpáticas como ocorre na
simpatectomia convencional
41
. Não consenso sobre o tempo para remoção dos
clipes. Lin preconiza a remoção em até 2 semanas após a cirurgia, antes que ocorra
degeneração do tronco simpático; enquanto outros os removem em tempos
superiores, como Reisfeld, que o faz dentro de seis meses. Sabe-se que a remoção
dos clipes em até 4 semanas após o procedimento não garante a completa
recuperação da SC, assim como removê-los em até 8 semanas pode diminuir a
possibilidade de melhora da SC. Portanto, a melhor conduta seria a detecção
rápida da SC severa, indicando-se a remoção precoce do clipe. A força de
aplicação do clipe pode estar relacionada com a recuperação da SC após sua
remoção pois, teoricamente, a clipagem realizada com muita força é a possível
explicação do desbloqueio precoce ser ineficiente e, para melhores resultados, o
clipe deve ser gradualmente fechado até que uma quantidade de força adequada
seja aplicada sobre o nervo, o que requer experiência no procedimento. Por outro
lado, a falência terapêutica, que ocorre em até 2,5% dos casos pode ocorrer por
força insuficiente da clipagem, ou realização sob um nível inadequado
44
. O
procedimento de remoção dos clipes, como no BSC, exige uma dissecção mínima,
pois dificilmente ocorrem aderências nas suas proximidades, sendo facilmente
acessado por uma nova videotoracoscopia. A duração do tempo necessária para
melhora dos sintomas após a remoção dos clipes é desconhecida, mas estima-se que
possa levar vários meses para que ocorra regeneração nervosa
45
.
Com o objetivo de melhor tratar a hiperidrose e minimizar ou prevenir a
SC, levando-se em conta a distribuição segmentar da inervação simpática, as
doenças simpáticas foram classificadas em grupos por Lin e Telaranta (tabela
2)
24,48
. Pois quando somente o gânglio determinante é bloqueado, melhora do
resultado com mínimos efeitos colaterais, sendo T4 e T5, os gânglios determinantes
na hiperidrose palmar e axilar; T2 e T3, os gânglios determinantes para
hiperidrose facial; T4 para palmar e T5 para a axilar pura
24
.
Tabela 2 - Classificação de Lin-Telaranta
24,48
Patologia Procedimento
Grupo 1
*
Rubor facial Bloqueio simpático de T2
Grupo 2
**
Hiperidrose facial com ou sem rubor facial Bloqueio simpático de T3
Grupo 3 Hiperidrose palmar com ou sem hiperidrose axilar Bloqueio simpático de T4
Grupo 4 Hiperidrose axilar pura (bromidrose) Bloqueio simpático de T5
* Esta técnica também pode ser considerada em casos de rinite, desordens psíquicas, angina
pectoris, hipertensão, tremores, parkinsonismo, enxaqueca, doenças do sono, certos vícios, etc.
** Esta técnica também pode ser considerada em casos de hiperidrose palmar e/ou axilar associada
à hiperidrose facial, rosácea, angina pectoris, hipertensão, tremores, parkinsonismo, enxaqueca, etc.
2.3.2.3. Ramicotomia:
O tratamento cirúrgico tem sido continuamente aprimorado para minimizar a
lesão da cadeia simpática, visando à redução da SC. A maioria dos estudos propõe que a
SC é mais severa quanto mais gânglios são removidos e, com a preservação do tronco
simpático e dissecção limitada, há possibilidade de redução de sua severidade
50
. A
ramicotomia ou simpatectomia seletiva, com a preservação do tronco simpático devido
à secção seletiva apenas dos ramos comunicantes do gânglio simpático torácico, foi
proposta para a redução da secura excessiva (anidrose) das áreas enervadas e a SC
severa
8,51
.
As células ganglionares simpáticas são ativadas principalmente por
estímulos recebidos através dos neurônios pré-ganglionares aferentes na medula
espinhal. O estímulo simpático segue da medula para o gânglio simpático através
do nervo intercostal e ramos comunicantes seqüenciais e, conforme descrito no
anexo II (figuras 3 e 4) de um único gânglio pode emergir mais de um ramo
comunicante. Segundo dados reportados de estudos em animais e humanos, supõe-
se que todas as fibras pré-ganglionares para a extremidade superior atravessam os
gânglios simpáticos abaixo do nível de T2
51
. As fibras p-ganglionares dos
membros superiores originam-se principalmente do terceiro ao sexto segmentos
espinhais dos quais o terceiro e quarto são considerados os principais
33
, enquanto
as fibras pós-ganglionares originam-se de T2 e em menor quantidade de T3
9
.
Figura 3 - Trajeto das fibras do sistema simpático (linhas contínuas: fibras pré-ganglionares e
linhas interrompidas: fibras pós-ganglionares)
52
Figura 4 - Axônios pré-ganglionares e pós-ganglionares
53
Notou-se, no tratamento da hiperidrose craniofacial, que a preservação da
inervação simpática abaixo de T3 é necessária para se diminuir a incidência de
secura excessiva (anidrose) das mãos e a preservação do tronco simpático, através
da ramicotomia de T2, diminuiu a incidência de SC
23
. A secção das fibras pré-
ganglionares (ramos comunicantes) reduz a extensão da desnervação do nervo
simpático, quando comparado a secção das fibras pós-ganglionares do tronco
simpático realizada na simpatectomia e, por isso, a preservação de T2 no
tratamento da hiperidrose palmar é necessária para se evitar a anidrose facial
9
. No
tratamento da hiperidrose palmar, houve redução da incidência da SC com a
ramicotomia de T3, mas com elevado índice de sudorese persistente, o que pode ser
devido à limitada taxa de desnervação simpática para o membro superior, pois
aparentemente também há vias simpáticas de T2 e T4 para as mãos, que não
foram bloqueadas; e também devido à presença de fibras do nervo de Kuntz e/ou
ramos comunicantes anormais que ultrapassam o campo da ramicotomia
8
. A taxa
de SC na ramicotomia de T3 foi de 49,4%, que foi significativamente menor que a
simpatectomia de T2 (73,4%) e as causas de insatisfação nos pacientes com
simpatectomia foram decorrentes da SC, enquanto no grupo da ramicotomia, a
persistência da hiperidrose palmar
9
. Na HA, com a ramicotomia de T3 e T4, a dor
pós-operatória ocorreu em 44,8% e parestesias em 10,3%, com taxa de recorrência
maior que a da simpatectomia convencional, mas menor taxa de SC severa
51
.
A ramicotomia é uma técnica mais seletiva e fisiológica que a simpatectomia
e o BSC, com menor incidência de SC severa e anidrose
51
. Porém, todos os ramos
comunicantes e o tecido frouxo ao redor do gânglio simpático devem ser ressecados
possibilitando a mobilização da cadeia simpática, causando um maior tempo
operatório, maior risco de lesão de vasos intercostais e maior taxa de recorrência
51
.
A incidência de falência cirúrgica após ramicotomia é maior que no BSC, o que
pode ser explicado por variações anatômicas entre o gânglio e seus comunicantes e
uma taxa de bloqueio simpático limitada
18,51
. E, para melhorar o resultado da
ramicotomia de T3, deve-se realizar uma adicional ramicotomia ao nível de T4,
assim como uma secção dos ramos comunicantes aberrantes
9,54
. Porém, devido aos
maus resultados terapêuticos decorrentes da elevada taxa de recorrência e/ou
persistência dos sintomas, esta técnica tem sido abandonada
33
.
3. MÉTODOS
3.1. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA
Trata-se de um estudo prospectivo, no qual foram analisados, após
liberação pelo Núcleo de Bioética / Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (Anexo IV), 90 pacientes oriundos do
Ambulatório de Hiperidrose do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital
Universitário Cajuru e da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba; portadores de
hiperidrose axilar isolada ou associada à hiperidrose palmar e/ou plantar.
Critérios de inclusão: pacientes previamente hígidos, ou seja, com
classificação de risco anestésico pré-operatório ASA I (paciente sadio normal);
com idade acima de 18 anos e abaixo de 50 anos; sem história prévia de
qualquer outro tratamento cirúrgico para hiperidrose; após terem assinado o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo V). Critérios de exclusão:
pacientes que, por algum motivo, não realizassem os controles s-
operatórios.
3.2. DESCRIÇÃO DOS GRUPOS
Os pacientes, após obtenção do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, foram separados por meio de sorteio em três grupos de 30
indivíduos, da seguinte forma: Grupo I, constituído de 30 paciente submetidos
ao bloqueio simpático por clipagem dos nervos simpáticos dos gânglios T3 e
T4; Grupo II, 30 pacientes submetidos ao bloqueio simpático por clipagem do
nervo simpático do gânglio T4; e Grupo III, 30 pacientes submetidos ao
bloqueio simpático por clipagem do nervo simpático do gânglio T4 associado à
ramicotomia de T3 (figura 5).
Figura 5 - Classificação dos grupos do estudo. Grupo I (A); Grupo II (B); e Grupo III (C).
3.3. MATERIAIS
Os materiais permanentes utilizados nos procedimentos cirúrgicos foram
os mesmos utilizados rotineiramente pelo Serviço de Cirurgia Torácica e
Endoscopia Respiratória do Hospital Universitário Cajuru e da Santa Casa de
Misericórdia de Curitiba.
As cirurgias foram realizadas com o sistema de videotoracoscopia STORZ
TM
,
constituído de micro câmera STORZ
TM
DX CAM, acoplada ao telescópio STORZ
TM
HOPKINS II
®
rígido de 0 grau e com 5 mm de diâmetro; fonte de luz de xenônio
STORZ
TM
modelo 615 com seu respectivo cabo de fibra óptica; e monitor de vídeo
SONY 1441-b.
Os instrumentos cirúrgicos utilizados foram da marca EDLO
TM
, incluindo
trocateres e cânulas para toracoscopia; pinças; microtesouras; gancho de
dissecção de 5mm; clipador de 5mm e clipes de 5mm de titânio, modelo B
2180-1 médio, da marca SLS-CLIP
TM
.
O sistema de eletrocirurgia empregado foi o bisturi eletrônico
microprocessado WEM
TM
SS-501 MC.
3.4. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS
As cirurgias foram realizadas sob anestesia geral, utilizando-se intubação
oro-traqueal com sonda de duplo lúmen de Carlens (figura 6) para permitir a
ventilação de cada pulmão isoladamente e promover o colapso pulmonar no lado
operado isoladamente.
Figura 6 - Sonda de duplo lúmen (Sonda de Carlens).
O paciente foi colocado em decúbito dorsal e o tronco elevado em 45 graus,
semi-sentado, em posição de semi-Fowler para permitir que a gravidade ajude na
retirada dos lobos pulmonares superiores do campo operatório (figura 7).
Figura 7 - Posição cirúrgica. Detalhe em visão lateral (A); e vio anterior (B).
Após colapso pulmonar homolateral, foi realizada uma incisão de 5 mm ao
nível do quarto espaço intercostal na linha axilar média, adequando-se esta posição
de acordo com a forma, dimensão, posição da mama e presença de implante prévio
de prótese de silicone, com introdução de um trocáter ou portal de passagem para
a ótica rígida de 5mm. Um segundo trocáter ou portal foi colocado através de
incisão de 5 mm, sob visão videotoracoscópica, na altura do espaço intercostal,
na linha axilar média, para introdução do instrumental cirúrgico. A cadeia
torácica simpática foi então visibilizada em sua posição sub-pleural, lateralmente
às articulações costovertebrais. Como a primeira costela, sobre cuja articulação
costovertebral encontra-se a porção superior do gânglio estrelado, não é
visibilizada à toracoscopia (figura 8), utilizou-se como referência a segunda costela.
Então, após identificação das costelas e dos respectivos gânglios simpáticos,
realizou-se a abertura da pleura parietal e dissecção do tronco simpático com um
cautério em forma de gancho (hook), procurando não afetar o periósteo, o que
evita dor e desconforto no pós-operatório.
Figura 8 - Visão toracoscópica da cadeia simpática superior esquerda. Em B, imagem ampliada
demonstrando o tronco simpático ao nível das articulações costovertebrais
56
.
Nos pacientes do Grupo I, a dissecção foi realizada com a abertura da
pleura parietal ao nível das articulações costovertebrais da terceira, quarta e
quinta costelas, com a clipagem do nervo simpático com dois clipes de titânio
de 5mm na margem inferior da terceira costela e na margem superior da quarta
costela, isolando-se o gânglio T3 e na margem inferior da quinta costela,
isolando-se o gânglio T4 (figura 9 e 10).
Figura 9 - Nível do BSC. O bloqueio simpático de T3 e T4 é realizado com a inserção de clipes
ao nível das articulações costovertebrais da terceira, quarta e quinta costelas
40
.
Figura 10 - Grupo I. Em A, nível de clipagem dos pacientes do Grupo I
20
. Em B, visão
toracoscópica dos locais dissecados da cadeia simpática para realização da
clipagem.
Nos pacientes do Grupo II foi realizada dissecção pleural ao nível das
articulações costovertebrais da quarta e quinta costelas, com a clipagem com
dois clipes de titânio de 5mm do nervo simpático na margem inferior da quarta
costela e da margem superior da quinta costela, isolando-se o gânglio T4
(figura 11).
Figura 11 - Grupo II. Em A, nível de clipagem dos pacientes do Grupo II
20
. Em B, visão
toracoscópica dos locais dissecados da cadeia simpática para realização da
clipagem.
Nos pacientes do Grupo III foi realizada uma dissecção mais ampla ao
nível das articulações costovertebrais da quarta e quinta costelas, incluindo o
espaço intercostal, para se identificar ramos comunicantes entre os gânglios T4
e T3 com o terceiro nervo intercostal, para a partir daí, realizar-se a clipagem
com dois clipes de titânio de 5mm do nervo simpático na margem inferior da
quarta costela e da margem superior da quinta costela, isolando-se o gânglio
T4 (figura 12), e secção com eletrocautério dos ramos comunicantes do gânglio
T3.
Figura 12 - Grupo III. Em A, nível de clipagem dos pacientes do Grupo III, demonstrando o local
da ramicotomia ao nível de T3
20
. Em B, detalhe demonstrando a completa liberação
de T3 dos seus ramos comunicantes e, em C, a visão toracoscópica da clipagem de
T4 associada à ramicotomia de T3.
Após o término do procedimento cirúrgico, introduziu-se, através do
trocáter axilar, uma sonda nasogástrica nº 14 com a extremidade externa
submersa em selo d’água, numa cuba cirúrgica estéril, com a finalidade de
drenagem do pneumotórax causado pela cirurgia. O trocáter axilar era então
removido com cuidado para não deslocar a sonda, retirando-se a ótica com seu
respectivo trocáter após a expansão pulmonar. O anestesiologista mantinha as
manobras de insuflação manual do pulmão do lado operado até que não
houvesse saída de ar pelo dreno torácico, significando completa re-expansão
pulmonar, após a qual o dreno torácico era retirado. Ambos os lados foram
realizados no mesmo ato anestésico. A síntese do tecido celular subcutâneo foi
realizada com fio monofilamentar de poligalactina 3.0 e a pele suturada com fio
de mononailon 5.0 com pontos intradérmicos.
O paciente permanecia na sala de recuperação anestésica até a sua
completa recuperação. Então, era encaminhado para a enfermaria, mantido
com analgésicos e liberado dieta seis a oito horas após a cirurgia, conforme
aceitação. Os pacientes recebiam alta hospitalar no dia seguinte, com
recomendação de cerca de três dias de repouso relativo, após os quais
poderiam retornar as suas atividades. Recomendava-se ainda que esforço
físico intenso deveria ser evitado por cerca de quinze dias.
No pós-operatório, os pacientes foram reavaliados após sete dias, 30
dias, 6 meses e um ano no Ambulatório de Hiperidrose do Serviço de Cirurgia
Torácica do Hospital Universitário Cajuru e da Santa Casa de Misericórdia de
Curitiba, por um médico cirurgião torácico do Serviço de Cirurgia Torácica do
Hospital Universitário Cajuru e da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba
(Anexo VI).
3.5. DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS
As variáveis analisadas tinham como base o sexo, a idade do paciente e
de início da doença, às formas de apresentação clínica da hiperidrose axilar, a
presença de história familiar, a presença de fatores de melhora e/ou piora dos
sintomas, a sudorese compensatória ocorrida após o procedimento, o sucesso
terapêutico e a “satisfação do paciente com o tratamento, determinados através
de protocolo pré-estabelecido (Anexo VI) em sete dias, 30 dias e 06 meses
após a intervenção cirúrgica.
Definiu-se “satisfação” como a resposta subjetiva do paciente à
intervenção terapêutica graduando-se ainda em “muito satisfeito”, “satisfeitoe
“insatisfeito”, através da própria resposta subjetiva do paciente a esta questão;
associado a gradiente de escore de nota de zero a 10 fornecido
voluntariamente pelo paciente. Definiu-se “sucesso terapêutico” como a
resposta do paciente sobre o suor excessivo no local que o levara à
intervenção. Graduou-se o sucesso terapêutico em “remissão”, significando
ausência de sudorese na região afetada; “melhora” significando melhora parcial
da sudorese e “mau”, sem melhora alguma. A “Sudorese compensatória” foi
definida como sudorese reflexa pós-cirúrgica, encontrada em locais diversos
dos da condição inicial, sendo graduada como “leve” quando ocorreu pouca
sudorese frente à alta temperatura, elevado grau de umidade ou de atividade
física; “moderada” quando ocorreu de forma intensa frente a altas
temperaturas, elevado grau de umidade ou de atividade física e “acentuada”,
quando sudorese abundante mesmo em temperaturas amenas, grau de
umidade habitual ou ausência de atividade física, causando incômodo ao
paciente, tipicamente molhando as suas roupas necessitando de várias mudas
de roupa ao dia.
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram anotados em protocolo específico (Anexos V) e depois
transportados para uma planilha do programa Microsoft Excel
R
para análise
descritiva dos dados através de tabelas e gráficos. Para a comprovação do
objetivo desta pesquisa, utilizaram-se os testes não paramétricos de Mann-
Whitney; a comparação entre duas proporções e análise de Variância (ANOVA
One Way), através do software “Primer of Biostatiscs” versão 4.0; o teste não
paramétrico Qui-quadrado e o Exato de Fisher, pelo Epi-Info; sendo o nível de
significância (probabilidade de significância) a ser adotado menor que 5%
(p<0,05).
4. RESULTADOS:
4.1. EPIDEMIOLOGIA DA AMOSTRA
A média de idade dos pacientes foi de 24,0 ± 8,3 anos (mediana de 23,0
anos), variando de 18,0 a 40,0 anos (tabela 3). Em relação ao sexo, 20 pacientes
(22,2%) eram homens e 70 (77,8%) eram mulheres, sem diferea significativa,
na comparação entre os grupos (tabela 4). No Grupo I, 9 pacientes (30%) eram
do sexo masculino e 21 (70%) do sexo feminino; no Grupo II, 6 (20%) eram do
sexo masculino e 24 (80%), do sexo feminino; e no Grupo III, 5 (16,7%) eram
do sexo masculino e 25 (83,3%), do sexo feminino.
Tabela 3 - Avaliação das hiperidroses em relação à idade
Grupo I
(n = 30)
Grupo II
(n = 30)
Grupo III
(n = 30)
TOTAL
(n = 90)
DADOS
% % % %
VALOR
DE p
IDADE (anos)
0,722
(*)
* Média ± desvio
padrão
23,8
± 7,9
25,0
± 8,7
23,3
± 8,5
24,0
± 8,3
* Mínimo e máximo 18,0
e 45,0
18,0
e 41,0
18,0
e 43,0
18,0
e 45,0
* Mediana 23,0 24,5 24,5 23,0
(*) Anova
Tabela 4 - Avaliação das hiperidroses em relação ao sexo
Grupo I
(n = 30)
Grupo II
(n = 30)
Grupo III
(n = 30)
TOTAL
(n = 90)
DADOS
% % % %
VALOR
DE p
SEXO
0,434
(*)
Masculino
09
30,0
06
20,0
05
16,7
20
22,2
Feminino
21
70,0
24
80,0
25
83,3
70
77,8
(*) Qui-Quadrado
Os sintomas iniciaram-se dos 11 a 20 anos em 45 pacientes (50%); de 1
a 10 anos em 35 (38,9%); de 21 a 30 anos em 5 (5,6%); e de 31 a 40 anos em
3 (3,3%). A idade de início da doea ocorreu mais freqüentemente na faixa dos
11 e 20 anos (tabela 5 e figura 13), o que foi mais predominante nos pacientes
do Grupo I, notada em 19 pacientes (63,3%), com p=0,108, não apresentando
diferença significativa nas demais faixas etárias.
Tabela 5 - Idade de início da doença
Grupo I Grupo II Grupo III TOTAL
IDADE DE INÍCIO
% % % %
< 1 - - 01 3,3 01 3,3 02 2,2
1 a 10 11 36,7 12 40,0 12 40,0 35 38,9
11 a 20 19 63,3 14 46,7 12 40,0 45 50,0
21 a 30 - - 02 6,7 03 10,0 05 5,6
31 a 40 - - 01 3,3 02 6,7 03 3,3
TOTAL 30 100,0 30 100,0 30 100,0 90 100,0
p = 0,108 (Qui-Quadrado)
Até 10 anos x Mais de 10 anos p = 0,832 (Qui-Quadrado)
Figura 13 - Idade de início da doença
A forma de apresentação clínica mais freqüente foi a hiperidrose axilar
associada à hiperidrose plantar e palmar (tabela 6), presente em 49 pacientes
(54,5%), seguido da hiperidrose axilar pura, presente em 28 (31,1%), da
hiperidrose axilar associada à hiperidrose palmar, em 11 (12,2%) e da
hiperidrose axilar associada à hiperidrose plantar, em 2 (2,2%). Na comparação
do número de hiperidroses entre os grupos, foi observada maior proporção de
três hiperidroses (hiperidrose axilar associada à hiperidrose plantar e palmar)
para o Grupo III, presente em 22 pacientes (73,3%), com p=0,004.
Tabela 6 – Formas de apresentação clínica da hiperidrose
HIPERIDROSE
Grupo I
(n = 30)
Grupo II
(n = 30)
Grupo III
(n = 30)
TOTAL
(n = 90)
% % % %
VALOR
DE p
(1)
0,004
Axilar
16
53,3
06
20,0
06
20,0
28
31,1
Palmar + Axilar
02
6,7
07
23,3
02
6,7
11
12,2
Plantar + Axilar
01
3,3
01
3,3
-
-
02
2,2
Palmar + Plantar + Axilar
11
36,7
16
53,4
22
73,3
49
54,5
(1) Qui-Quadrado
A história familiar de hiperidrose esteve presente em 50 pacientes (55,6%).
A proporção de indiduos com hisria familiar de hiperidrose foi praticamente a
mesma nos grupos estudados (tabela 7). O relato de história familiar positiva em
irmãos ocorreu em 19 pacientes (38%), nos pais em 16 (32%), nos primos em
13 (26%), e nos tios em 5 (10%). No Grupo I a presença de história familiar
positiva foi em 15 pacientes (50%); no Grupo II, em 18 (60%); e no Grupo III,
em 17 (56,7%).
Tabela 7 - História familiar de hiperidrose
Grupo I Grupo II Grupo III TOTAL
HISTÓRIA FAMILIAR
% % % %
Não 15
50,0
12
40,0
13
43,3
40
44,4
Sim 15
50,0
18
60,0
17
56,7
50
55,6
Pais
06
40,0
06
33,3
04
23,5
16
32,0
Irmãos
06
40,0
07
38,9
06
35,3
19
38,0
Tios
02
13,3
02
11,1
01
5,9
05
10,0
Primos
05
33,3
04
22,2
04
23,5
13
26,0
Outros
(1)
-
-
03
16,7
05
29,4
08
16,0
TOTAL 30
100,0
30
100,0
30
100,0
90
100,0
(1) Outros familiares incluem filhos e sobrinhos
Não x Sim p = 0,512 (Qui-Quadrado)
Algum fator de piora dos sintomas foi encontrado em 82 pacientes
(91,1%). Os principais fatores de piora dos sintomas relatados foram o
estresse, presente em 76 pacientes (92,7%); o calor, em 47 (57,3%); e o frio,
em 7 (8,5%). Na comparação entre os grupos, em relação aos pacientes que
apresentaram fator de piora, foi observada maior proporção nos pacientes do
Grupo III (p=0,003), mas em relação ao tipo de fator apresentado, não foi
observado diferença significativa, demonstrando a mesma entre os grupos
(tabela 8).
4.2. RESULTADOS CIRÚRGICOS
A maioria dos pacientes não apresentou complicações (92,2%) e na
comparação entre os grupos, não foi observado diferença significativa (tabela
9). As complicações apresentadas foram de dor torácica em locais de incisão
cirúrgica, leve, sem diferença significativa entre os grupos.
Tabela 9 - Complicações nos grupos do estudo
Grupo I Grupo II Grupo III TOTAL
COMPLICAÇÕES
% % % %
Não 27
90,0
27
90,0
29
96,7
83
92,2
Sim 03
10,0
03
10,0
01
3,3
07
7,8
TOTAL 30
100,0
30
100,0
30
100,0
90
100,0
p = 0,538 (Qui-Quadrado)
A presença de sudorese compensaria (tabela 10) foi observada em 73
pacientes (81,1%),o havendo diferença significativa entre os grupos, ocorrendo
em 25 (83,3%) no Grupo II e no Grupo III; e em 23 (76,7%) no Grupo I. Em
relão ao grau de apresentão da SC, foi leve em 64 (71,1%); moderado em 7
Tabela 8 - Fatores de piora da hiperidrose
Grupo I Grupo II Grupo III TOTAL
FATOR DE PIORA
% % % %
VALOR
DE p
(1)
Não 07
23,3
01
3,3
-
-
08
8,9
Sim 23
76,7
29
96,7
30
100,0
82
91,1
0,003
Calor
14
60,9
17
58,6
16
53,3
47
57,3
0,846
Estresse
22
95,7
26
89,7
28
93,3
76
92,7
0,701
Frio
-
-
03
10,3
04
13,3
07
8,5
-
TOTAL 30
100,0
30
100,0
30
100,0
90
100,0
(1) Qui-Quadrado
(7,8%); e severo em 2 (2,2%), sem diferenças significativas entre os grupos
(tabela 11 e figura 14), apesar da sudorese compensaria severa ter sido
observada apenas em 2 pacientes (6,7%) do Grupo I.
Tabela 10 - Sudorese compensatória
Grupo I
(n = 30)
Grupo II
(n = 30)
Grupo III
(n = 30)
TOTAL
(n = 90)
SUDORESE
COMPENSATÓRIA
% % % %
VALOR
DE p
(1)
0,748
* Não 07
23,3
05
16,7
05
16,7
17
18,9
* Sim 23
76,7
25
83,3
25
83,3
73
81,1
(1) Qui-Quadrado
Tabela 11 - Grau de sudorese compensatória
Grupo I
(n = 30)
Grupo II
(n = 30)
Grupo III
(n = 30)
TOTAL
(n = 90)
SUDORESE
COMPENSATÓRIA
% % % %
VALOR
DE p
(1)
* Não 07
23,3
05
16,7
05
16,7
17
18,9
0,166
* Leve 18
60,0
24
80,0
22
73,3
64
71,1
* Moderado 03
10,0
01
3,3
03
10,0
07
7,8
* Severo 02
6,7
-
-
-
-
02
2,2
(1) Qui-Quadrado
Figura 14 - Grau da sudorese compensatória
Nos pacientes que desenvolveram a sudorese compensatória, sua
manifestação ocorreu numa propoão de dois locais acometidos por paciente
(tabela 12), sendo localizada, principalmente, no rax, observada em 50
pacientes (68,5%); seguido do abdome, em 35 (47,9%); s, em 23 (31,5%);
coxas, em 17 (23,3%); virília, em 7 (9,6%); face, em 2 (2,7%); e outros locais, em
15 (20,5%).
Tabela 12 - Número de locais acometidos pela sudorese compensatória
Grupo I
(n = 30)
Grupo II
(n = 30)
Grupo III
(n = 30)
TOTAL
(n = 90)
SUDORESE
COMPENSATÓRIA
% % % %
VALOR
DE p
(1)
NÚMERO 42
1,8/pac
47
1,9/pac
60
2,4/pac
149
2,0/pac
-
* Uma 11
47,8
11
44,0
08
32,0
30
41,1
* Duas 06
26,1
08
32,0
07
28,0
21
28,8
* Três 05
21,7
04
16,0
05
20,0
14
19,2
* Quatro 01
4,4
02
8,0
03
12,0
06
8,3
* Cinco -
-
-
-
01
4,0
01
1,3
* Seis -
-
-
-
01
4,0
01
1,3
* Até duas 17
73,9
19
76,0
15
60,0
51
69,9
* > duas 06
26,1
06
24,0
10
40,0
22
30,1
0,410
(1) Qui-Quadrado
Na comparão entre os grupos foi observada diferença significativa para a
sudorese localizada na coxa, com maior proporção para o Grupo III, encontrada
em 11 pacientes (44%), com p=0,010; e em outros locais, com maior proporção
para o Grupo I, encontrada em 9 pacientes (39,1%), com p=0,011 (tabela 13).
Ressalta-se que a sudorese nos pés foi mais predominante no Grupo II,
encontrada em 11 pacientes (44%), com p=0,059, indicando uma probabilidade
limítrofe que indica tendência (figura 16).
Tabela 13 - Locais acometidos pela sudorese compensatória
Grupo I
(n = 30)
Grupo II
(n = 30)
Grupo III
(n = 30)
TOTAL
(n = 90)
SUDORESE
COMPENSATÓRIA
% % % %
VALOR
DE p
(1)
* Tórax 14
60,9
17
68,0
19
76,0
50
68,5
0,529
* Abdômen 11
47,8
11
44,0
13
52,0
35
47,9
0,852
* Face -
-
-
-
02
8,0
02
2,7
-
* Coxa 03
13,0
03
12,0
11
44,0
17
23,3
0,010
* Virilha 02
8,7
04
16,0
01
4,0
07
9,6
-
* Pés 03
13,0
11
44,0
09
36,0
23
31,5
0,059
* Outros 09
39,1
01
4,0
05
20,0
15
20,5
0,011
(1) Qui-Quadrado
Figura 15 - Locais acometidos pela sudorese compensatória
Quanto ao grau de satisfação, 49 pacientes (54,5%) ficaram muito
satisfeitos; 39 (43,3%) ficaram satisfeitos e apenas 2 (2,2%) ficaram
insatisfeitos (tabela 14), sem diferença significativa entre os grupos (figura 16).
No Grupo I, 17 pacientes (56,7%), ficaram muito satisfeitos; 11 (36,7),
satisfeitos; e 2 (6,6%), insatisfeitos; no Grupo II 17 (56,7%), ficaram muito
satisfeitos; e 13 (43,3%), satisfeitos; no Grupo III 15 (50%), ficaram muito
satisfeitos; e 15 (50%), satisfeitos. Nenhum paciente tanto do Grupo II quanto
do Grupo III ficou insatisfeito com o resultado da cirurgia.
Tabela 14 - Grau de satisfação com a cirurgia
Grupo I Grupo II Grupo III TOTAL
SATISFAÇÃO
% % % %
Muito Satisfeito 17
56,7
17
56,7
15
50,0
49
54,5
Satisfeito 11
36,7
13
43,3
15
50,0
39
43,3
Insatisfeito 02
6,6
-
-
-
-
02
2,2
TOTAL 30
100,0
30
100,0
30
100,0
90
100,0
p = 0,311 (Qui-Quadrado)
Figura 16 - Grau de satisfação com a cirurgia
Em relação ao resultado da cirurgia, definindo-se como sucesso
terapêutico os casos de remissão dos sintomas, com excelente ou bom
resultados; melhora terapêutica, os casos com resultados considerados
regulares; e falha terapêutica os casos com maus resultados, na comparação
entre os grupos, na avalião imediata, ocorrida em 7 e 30 dias (tabela 15 e
figuras 17, 18 e 19), foi observada na hiperidrose plantar, no Grupo I, maior
propoão de resultados com remiso, observada em 80,0%, com p=0,030. Na
comparação entre os grupos, na avaliação de 6 meses (tabela 16 e figuras 17,
18 e 19), não foi observada diferença significativa em nenhuma das avaliações,
demonstrando que os grupos se comportaram igualmente. E, após um ano de
pós-operatório, na comparação entre os grupos, foi observada, no Grupo II, maior
propoão de resultados com remissão para a hiperidrose axilar, observada em
100,0%, com p=0,008. Também, no mesmo grupo, foi observado maior propoão
de resultados com remiso na hiperidrose plantar, em 36,9% e p=0,098, uma
probabilidade litrofe que indica tenncia (tabela 17 e figuras 17, 18 e 19).
Tabela 15 - Avaliação do resultado imediato da cirurgia
Grupo I
(n = 30)
Grupo II
(n = 30)
Grupo III
(n = 30)
TOTAL
(n = 90) RESULTADO
% % % %
VALOR DE p
(1)
PALMAR 13
43,3
24
80,0
24
80,0
61
67,8
* Remissão
12
92,3
24
100,0
24
100,0
60
98,4
-
* Melhora 01
7,7
-
-
-
-
01
1,6
-
PLANTAR 10
33,3
19
63,3
22
73,3
51
56,7
* Remissão
08
80,0
07
36,8
07
31,8
22
43,2
0,030
* Melhora 01
10,0
06
31,6
05
22,7
12
23,5
0,425
* Mau 01
10,0
06
31,6
10
45,5
17
33,3
0,145
AXILAR 30
100,0
30
100,0
30
100,0
90
100,0
* Remissão
30
100,0
30
100,0
30
100,0
90
100,0
-
(1) Qui-Quadrado
Tabela 16 - Avaliação do resultado após 6 meses da cirurgia
Grupo I
(n = 30)
Grupo II
(n = 30)
Grupo III
(n = 30)
TOTAL
(n = 90) RESULTADO
% % % %
VALOR DE p
(1)
PALMAR 13
43,3
23
76,7
24
80,0
60
66,7
* Remissão
13
100,0
23
100,0
24
100,0
60
100,0
-
PLANTAR 10
33,3
17
56,7
22
73,3
49
54,4
* Remissão
06
60,0
04
23,5
07
31,8
17
34,7
0,146
* Melhora 02
20,0
05
29,4
05
22,7
12
24,5
0,832
* Mau 02
20,0
08
47,1
10
45,5
20
40,8
0,322
AXILAR 30
100,0
30
100,0
30
100,0
90
100,0
* Remissão
30
100,0
30
100,0
30
100,0
90
100,0
-
(1) Qui-Quadrado.
Tabela 17 - Avaliação do resultado após um ano da cirurgia
RESULTADO
Grupo I
(n = 30)
Grupo II
(n = 30)
Grupo III
(n = 30)
TOTAL
(n = 90)
VALOR
DE p
(1)
% % % %
PALMAR 13
43,3
24
80,0
24
80,0
61
67,8
* Remissão 13
100,0
23
95,8
24
100,0
60
98,4
-
* Mau -
-
01
4,2
-
-
01
1,6
-
PLANTAR 10
33,3
19
63,3
22
73,3
51
56,7
* Remissão
03
30,0
07
36,9
02
9,0
12
23,5
0,098
* Melhora 03
30,0
02
10,5
06
27,3
11
21,6
0,331
* Mau 04
40,0
10
52,6
14
63,7
28
54,9
0,446
AXILAR 30
100,0
30
100,0
30
100,0
90
100,0
* Remissão
29
96,7
30
100,0
24
80,0
83
92,2
0,008
* Melhora -
-
-
-
02
6,7
02
2,2
-
* Mau 01
3,3
-
-
04
13,3
05
5,6
-
(1) Qui-Quadrado.
92,3
7,7
0,0
100,0
0,0
100,0
0,0
100,0
0,0
100,0
0,0
100,0
0,0
100,0
0,0
95,8
0,0
4,2
100,0
0,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
PERCENTUAL (%)
T3T4 T4 T4R T3T4 T4 T4R T3T4 T4 T4R
Remissão Melhora Mau
Imediato 6 meses
Palmar
1 ano
Fonte: Tabela 15 , 16 e 17
Figura 17 - Resultado da hiperidrose palmar
80,0
10,0
36,8
31,6
31,8
22,7
45,5
60,0
20,0
31,6
26,3
42,1
27,3
45,5
30,0
40,0
36,9
10,5
52,6
9,0
27,3
63,7
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
PERCENTUAL (%)
T3T4 T4 T4R T3T4 T4 T4R T3T4 T4 T4R
Remissão Melhora Mau
Imediato
Plantar
6 meses 1 ano
Fonte: Tabela 15, 16 e 17
Figura 18 - Resultado da hiperidrose plantar
100,0
0,0
100,0
0,0
100,0
0,0
100,0
0,0
100,0
0,0
100,0
0,0
96,7
0,0
3,3
100,0
0,0
80,0
6,7
13,3
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
PERCENTUAL (%)
T3T4 T4 T4R T3T4 T4 T4R T3T4 T4 T4R
Remissão Melhora Mau
Imediato 6 meses
Axilar
1 ano
Fonte: Tabela 15, 16 e 17
Figura 19 - Resultado da hiperidrose axilar
5. DISCUSSÃO
O BSC é uma técnica cirúrgica utilizada de forma rotineira para o
tratamento da HA em vários serviços. Por ser considerada uma técnica efetiva
no tratamento da HA
7
, é o tratamento preconizado no serviço de Cirurgia
Torácica e Endoscopia Respiratória do Hospital Universitário Cajuru e Santa
Casa de Misericórdia de Curitiba. Atualmente considerada uma das técnicas
menos traumáticas de ablação simpática, é menos destrutiva à cadeia
simpática que a simpatectomia ou simpaticotomia, oferece possibilidade de
reversão cirúrgica com a simples remoção do clipe metálico e apresenta menor
incidência de SC moderada e severa
14,31,36
. Porém, não consenso na
literatura quanto ao nível adequado da clipagem no tronco simpático, pois tanto
o BSC dos gânglios simpáticos T3 e T4 quanto o BSC do gânglio simpático T4
são utilizados no tratamento da HA. Alguns autores preferem o BSC de T3 e
T4, devido a uma menor incidência de SC moderada a severa, com grande
melhora dos sintomas e taxa de sucesso terapêutico de 95,9 a 100%
29,30,31
.
Enquanto outros preferem o BSC apenas de T4, no qual maior preservação
das fibras simpáticas cefálicas, com redução da SC e da anidrose palmar, além
de menor tempo cirúrgico
32
.
A ramicotomia surgiu com o intuito de minimizar a lesão permanente da cadeia
simpática e conseqüente redução dos efeitos colaterais, como a SC e a anidrose. Na
ramicotomia há preservação do tronco simpático, com a secção seletiva apenas dos
ramos comunicantes do gânglio simpático torácico. Inicialmente utilizada para o
tratamento da hiperidrose palmar, observou-se que os pacientes submetidos a esta
técnica mantinham algum grau de umidade nos sítios desnervados e a SC era mais
amena em comparação à simpatectomia
50
. Mas, mesmo quando realizada no nível
simpático desejado, ocorria freqüente falha em alcançar os resultados cirúrgicos
aceitáveis devido às elevadas taxas de recorrência e/ou persistência dos sintomas. Uma
explicação para seus maus resultados seria pela provável não interrupção de todas as
vias de condução simpáticas inconstantes que atravessam o tronco simpático
12,19
. Em
comparação ao BSC, também houve maior incidência de falência cirúrgica após a
ramicotomia, o que pode ser explicado por variações anatômicas entre o gânglio e seus
comunicantes e uma taxa de bloqueio simpático limitada
19,38
. Por isso, na tentativa de
melhorar o resultado da ramicotomia de T3, passou a ser realizada uma adicional
ramicotomia ao nível de T4, assim como uma secção dos ramos comunicantes
aberrantes
12,46
. Porém, devido aos maus resultados terapêuticos decorrentes da elevada
taxa de recorrência e/ou persistência dos sintomas, esta técnica, na sua forma isolada,
passou a ser abandonada
27
.
Neste trabalho foram estudadas três variações da técnica de BSC para o
tratamento da HA. O BSC foi utilizado no Grupo I, no qual foi realizado o BSC de T3 e
T4; e no Grupo II, no qual foi realizado o BSC de T4. No Grupo III, além do BSC de
T4, realizou-se a ramicotomia de T3, ou seja, foram seccionados os ramos comunicantes
da cadeia simpática para T3, sem o bloqueio do mesmo, com o objetivo de uma maior
preservação do tronco simpático, em comparação ao BSC de T3 e T4, visando à redução
dos efeitos colaterais pós-operatórios, com menor incidência de SC e maior taxa de
sucesso terapêutico
11
.
A idade de início dos sintomas observada para a HA pode variar dos 13 aos 19 anos,
com pico de maior incidência na adolescência, momento em que as glândulas sexuais
tornam-se ativas, num ambiente orgânico de maior estímulo hormonal
11
. A média de
idade para que os pacientes procurem tratamento cirgico é em torno dos 25 anos
4
. No
estudo, a idade dos pacientes que procuraram tratamento foi de 24,0 ± 8,3 anos, com
mediana de 23,0 anos, com idade de início dos sintomas mais prevalente na faixa dos 11 a
20 anos.
A HA o possui predileção pelo sexo, mas sabe-se que uma maior procura pelas
mulheres pelo tratamento cirúrgico
13
, o que poderia justificar a maior prevancia das
mulheres no estudo, representadas por 70 pacientes (77,8%).
A presença de história familiar positiva para hiperidrose priria ocorre em
12,5 a 56,5% dos casos, demonstrando a exisncia de um fator hereditário
12,13
.
No estudo, foi observada história familiar de hiperidrose primária em 50 pacientes
(55,6%), relacionada principalmente com parentes pximos de convívio diário
como irmãos, presente em 19 pacientes (38%) e pais, em 16 (32%).
A maioria (81%) dos pacientes portadores de HA apresentam algum
grau de ansiedade associado a sua condição, o que pode ser prejudicial ao
convívio social e profissional, afetando diretamente a qualidade de vida, e
representando um fator de piora dos sintomas
4,13,15
. No estudo, os principais
fatores de piora dos sintomas foram o estresse, presente em 76 pacientes
(92,7%), e o calor, presente em 47 pacientes (57,3%).
As regiões mais afetadas pela hiperidrose coincidem com os locais de
maior concentração das glândulas écrinas, dispostas principalmente nas
regiões distais e ventrais das extremidades (plantas dos pés e palma das
mãos), assim como nas axilas e face
1
. O que justifica a forma de apresentão
clínica mais freqüente no estudo como sendo a HA associada à hiperidrose
plantar e palmar, presente em 49 pacientes (54,5%), seguido da HA pura,
presente em 28 pacientes (31,1%).
As complicações pós-operatórias podem ser classificadas como
imediatas (febre, hematoma, síndrome de Horner transitória, sangramento,
pneumotórax, infecção, dor na incisão, fístula linfática, quilotórax, lesão arterial
e lesão do plexo braquial) e tardias (síndrome de Horner permanente,
neuralgia, cicatriz deficiente, hiperidrose compensatória, sudorese gustatória e
sudorese fantasma)
23
. Dos pacientes tratados neste estudo as complicação
observadas foram dor torácica, leve, em apenas sete pacientes (7,8%), sem
diferença significativa na comparação entre os grupos do estudo.
A SC ocorre numa incidência de 37 a 86%, sendo considerada a principal
complicação em 26,3% dos casos
4,32
. Observada em áreas não desnervadas, como
tronco e coxas, tendendo a reduzir-se e estabilizar-se após o sexto mês de s-
operatório, como também pode ser irreversível
15,33
. A SC é principalmente
estimulada pelo calor, exercícios e estresse mental, com relação à localização
geográfica, clima, variações sazonais, fatores ocupacionais, estado psicológico do
paciente, e estímulos específicos que podem desencadear os sintomas
25,46,55
.
Especula-se que a SC seja conseqüente a um mecanismo termorregulador mediado
pelo ramo eferente às glândulas que ainda possuem inervação simpática, que
compense a perda de tecido secretor, e por esta razão relaciona-se tanto com o
procedimento cirúrgico quanto à extensão das áreas anidróticas da pele
8,23,25,36
.
Segundo Lin, o hipotálamo recebe informações térmicas aferentes de receptores e
libera sinais eferentes para as glândulas sudoríparas e após a cirurgia, o feedback
negativo ao hipotálamo é bloqueado, causando uma amplificação dos sinais
eferentes, o que induz sudorese excessiva, com exceção da área da desnervação
simpática
40,42
. Seu surgimento também pode ser explicado a um fator genético
inerente de vulnerabilidade que pode fazer estes pacientes propensos a
desequilíbrio da atividade das glândulas sudoríparas
23
. Ocorre uma possível
relação da SC com a extensão e nível da ressecção, pois na ressecção de T2, T3 e T4
ocorre em 89% dos casos, com a forma severa em 35% e, com a ressecção de níveis
mais baixos, notou-se incidência de 87,5 a 90,7% para T3 e T4 e de 43,3 a 68,3%
somente para T4
14,20
.
O BSC é a técnica mais indicada para o tratamento da hiperidrose
primária, por ser uma técnica menos destrutiva à cadeia simpática que a
simpatectomia ou simpaticotomia e, apesar do efeito colateral mais comum ainda
ser a SC, esta técnica é preferível por oferecer uma possibilidade de reversão com
a simples remoção do clipe metálico, o que é mais simples que as outras técnicas de
reconstrução simpática descritas, como o enxerto nervoso ou desvio de nervo
intercostal
44
. O BSC de T3 e T4, devido a sua menor incidência de sudorese
compensatória e maior taxa de sucesso pós-operatório, passou a ser preferido, por
alguns autores, para o tratamento da HA, com taxa de sucesso terapêutico de 95,9
a 100%
40,41,42,46
. O BSC de T4 apresenta uma taxa de sucesso inferior para a HA,
em comparação à palmar, o que também é observado na simpatectomia. Uma
possível explicação seria porque nas axilas também glândulas sudoríparas
apócrinas que, como não são ativadas pelo sistema nervoso simpático, não
respondem a este tipo de tratamento
47
.
Apesar da incidência da SC ser semelhante em comparação com outras
técnicas, na ramicotomia, com a preservação do tronco simpático, é possível
reduzir sua severidade, assim como a secura excessiva (anidrose) das áreas
enervadas
51
. Contudo, na ramicotomia há uma maior taxa de recorrência dos
sintomas
51
. Elevadas taxas de recorrência dos sintomas após a ramicotomia
ocorrem provavelmente por que nem todas as vias de condução simpáticas
inconstantes que atravessam o tronco simpático são interrompidas
19
. Portanto,
devido aos maus resultados e elevada taxa de recorrência dos sintomas, esta
técnica passou a ser menos utilizada
34
. No estudo, a ramicotomia foi realizada no
Grupo 3 com o intuito de reduzir-se o dano permanente à cadeia simpática
ocorrido no Grupo 1, assim como aprimorar o BSC ocorrido no Grupo 2, com o
isolamento e secção dos ramos comunicantes com T3. Mas não houve diferença na
comparação entre os grupos em relação à presença e grau de SC.
No estudo, a SC foi observada em 73 pacientes (81,1%), dos quais 64
(71,1%) eram de grau leve, com local mais freqüentemente acometido o tórax,
observado em 50 pacientes (68,5%). Apesar de não haver diferença significativa
entre os grupos, a SC severa foi observada apenas em dois pacientes (6,7%) do
Grupo I. Na comparação entre os grupos foi observada diferença significativa para
a sudorese localizada na coxa, com maior propoão para o Grupo III, encontrada
em 11 pacientes (44%), com p=0,010; e em outros locais, com maior proporção
para o Grupo I, encontrada em 9 (39,1%), com p = 0,011. Ressalta-se que a
sudorese nos pés foi mais predominante no Grupo II, encontrada em 11 pacientes
(44%), com p=0,059. Apesar da incidência de SC ser elevada, o mais
importante é a incidência da forma severa, que no BSC varia de 2,8 a 3,2%,
cerca de 50% menos freqüente do que na simpatectomia convencional de T2 a
T4
47
. Por isso, os pacientes tratados por BSC tendem a apresentar melhor grau
de satisfação
46
.
Em relação ao resultado da cirurgia, definindo-se como sucesso
terapêutico os casos de remissão dos sintomas, com excelente ou bom
resultados; melhora terapêutica, os casos com resultados considerados
regulares; e falha terapêutica os casos com maus resultados, na comparação
entre os grupos, na avaliação imediata, foi observada na hiperidrose plantar, no
Grupo I, maior proporção de resultados com remissão (80,0% ; p=0,030). Após
seis meses, não foi observada diferença significativa em nenhuma das
avaliações, demonstrando que os grupos se comportam igualmente. E, com um
ano de pós-operatório, o Grupo II apresentou maior proporção de resultados com
remissão para a hiperidrose axilar, observada em 100,0%, com p=0,008. A
maioria dos pacientes (54,5%) ficou muito satisfeita com o resultado da
cirurgia, sem diferença significativa na comparação entre os grupos.
Apesar da cirurgia poder acarretar algum grau de queixas álgicas e SC, isto
costuma ser sobrepujado devido à melhora dos sintomas, das funções mentais,
sociais e da qualidade de vida. Porém, como o fator que mais influencia a
qualidade de vida dos pacientes é a presença da SC, todos os pacientes precisam
ser alertados sobre a possibilidade de sua ocorrência. A escolha da melhor cnica
terapêutica entre simpatectomia, simpaticotomia, ramicotomia ou BSC ainda é
foco de discussão; mas uma preferência para as técnicas menos agressivas ao
tronco simpático, sobretudo o BSC, abrangendo um número cada vez menor de
gânglios simpáticos torácicos, em níveis mais caudais da cadeia simpática.
6. CONCLUSÕES
Analisando-se os resultados pode-se concluir que:
- Ao final de um ano, o BSC de T4 foi mais eficiente que o BSC de T3 e T4 e
o BSC de T4 associado à ramicotomia;
- Não houve diferença significativa entre os grupos em relação à presença e
grau de SC;
- A SC foi mais intensa na coxa no grupo do BSC de T4 associado à
ramicotomia;
- Não houve diferença significativa entre os grupos em relação ao grau de
satisfação dos pacientes;
- A associação da ramicotomia de T3 ao BSC de T4 não demonstrou
vantagem no tratamento da HA.
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http://homepage.esoterica.pt/~nx2fmd/Normas.html.
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Oxford University Press, 2005.
ANEXO I
TRATAMENTO CONSERVADOR DA HIPERIDROSE AXILAR
Pacientes com sintomas leves podem obter alívio dos sintomas de forma
adequada através de tratamentos dicos conservadores nos quais os efeitos
adversos são raramente graves e/ou permanentes
1
.
TERAPIA TÓPICA
O cloreto de alumínio, muitas vezes, sob a forma de derivados, como o
cloridrato de alumínio - Al
2
Cl(OH)
5
, é um polímero inorgânico de difícil caracterização
estrutural, comumente usado em baixas concentrações nos desodorantes
antitranspirantes, mas para seu uso no tratamento da hiperidrose é necessário uma
concentração muito mais elevada
1
. Na axila utiliza-se uma concentração de 10 a 25%
enquanto para as mãos e pés são necessárias concentrações acima de 30%
2
. Trata-se de
um dos agentes tópicos mais efetivos, relacionado à obstrução mecânica dos poros das
glândulas sudoríparas écrinas conseqüente a interação dos sais de alumínio com os
mucopolissacarídeos, ou à atrofia das células secretoras
1,3
. Como antitranspirante tópico
é considerado o mais eficiente agente tópico para a hiperidrose axilar leve a moderada,
podendo ser efetivo em até 98% dos casos
1,3
. Com o uso polongado pode provocar
atrofia glandular, o que significa que o tratamento pode ser realizado em menor
freqüência com o tempo
4
. É aplicado na axila seca, preferencialmente no período
noturno e antes de dormir, para minimizar a umidade, por um período de seis a oito
horas, recobrindo-se a região com uma película plástica de cloreto de polivinilidênio,
com baixa permeabilidade a vapores de água e lavado ao amanhecer, antes que a
transpiração diária comece, e repetindo o processo a cada 24 a 48 horas por uma semana
e uma vez a cada uma ou duas semanas como terapia de rotina
1,4
. Devido a sua baixa
dosagem, o risco de toxicidade pela absorção transcutânea do alumínio não é
substancial, mas pacientes com insuficiência renal ou que usam outros produtos com
fornecimento adicional de alumínio como certos medicamentos possuem algum risco
5
.
Como a maior limitação do seu uso é a queimação, ardência ou irritação local,
aconselha-se usar um creme de hidrocortisona a 1% na manhã seguinte
6
. Não há casos
descritos de dermatite de contado
7
. A oclusão temporária das glândulas sudoríparas
pode durar vários dias até que a regeneração da pele provoca uma esfoliação fisiológica
e, para manter o controle da sudorese, os pacientes precisam manter este tratamento a
cada sete a 21 dias
1,2
. Por ser seguro, conveniente e acessível, é uma opção de primeira
linha no tratamento de muitos pacientes
4,5
. Mas este tratamento é eficaz em apenas 20 a
40% dos casos severos
1
.
O glutaraldeído a 10% é mais efetivo para a hiperidrose plantar, atuando como
um adstringente nas glândulas e no epitélio, mas pode corar a pele e causar
sensibilização alérgica. O formaldeído 15 a 20% pode reduzir a hiperidrose axilar e
atualmente não é mais utilizado, pois tem risco de causar uma grave sensibilizão
alérgica de contato após seu uso prolongado
1,4
. Uma opção é a metenamina (hexamina),
que é convertida em formaldeído na pele e causa menor sensibilização. Já o ácido tânico
(chá forte) é menos efetivo que o glutaraldeído e cora a pele
1
. Os anticolinérgicos
tópicos como escopolamina e propantelina possuem risco de absorção sistêmica, devido
à elevada concentração destas drogas necessária para ter efeito na inervação das
glândulas écrinas
5
.
TERAPIA SISTÊMICA
O efeito das drogas anticolinérgicas na hiperidrose foi primeiramente
descrito ao se notar que pacientes utilizando brometo de metantelina (Banthine
)
para tratamento de certas dispepsias apresentavam secura nas mãos e, como as
glândulas sudoríparas são inervadas por nervos simpáticos de natureza colinérgica
e estas drogas inibem a acetilcolina interferindo na sinalização neuroglandular,
concluiu-se que a terapia anticolinérgica sistêmica poderia ajudar a aliviar os
sintomas da hiperidrose
1,3
. Outro anticolinérgico utilizado atualmente para a
redução do desconforto associado à sudorese conseqüente à lesão de medula
espinhal, é o brometo de propantelina (Pró-banthine
), que é inicialmente utilizado
em baixa dose, a qual é aumentada quando bem tolerada, o que também pode ser
observado com o brometo de glicopirrônio (glicopirrolato 0,5 a 1mg) que em doses
iniciais de 1mg a cada 12 horas pode melhorar os sintomas da hiperidrose
1,3
. Mas
as doses necessárias para reduzir a sudorese podem causar sintomas adversos
intoleráveis, como boca seca, visão turva, constipação, retenção urinária e
taquicardia. Por isso, as drogas do tipo atropina, que tem sido usadas para
bloquear os efeitos da acetilcolina, não são justificáveis no tratamento hiperidrose.
O glicopirrolato é um agente anticolinérgico que pode ser usado no tratamento de
diferentes tipos de hiperidrose pois, como os outros anticolinérgicos, atua
prevenindo a estimulação estimulada pela acetilcolina dos receptores das glândulas
sudoríparas, com a vantagem de não cruzar a barreira hematoencefálica com
conseqüentes menores efeitos colaterais
8
. O também pode ser aplicado
topicamente, como uma solução de glicopirrolato a 2% aplicada topicamente, com
1ml da solução (20 gotas), duas vezes ao dia, sobre a área afetada, e massageada
por 30 segundos por cerca de 6 semanas. Pode ser usada na forma de creme ou
com a iontoforese e, devido a pele mais fina da região axilar, em comparação as
regiões plantares ou palmares, pode ocorrer maior absorsão da droga gerando
alguns efeitos colaterais como retenção urinária, midríase ou falha terapêutica
8
.
Outras drogas sistêmicas têm sido relatadas, como a amitriptilina, clonazepam,
beta-bloqueadores (propranolol), bloqueadores do canal de cálcio, gabapentina e
indometacina, as quais são mais freqüentemente usadas em casos de hiperidrose
generalizada
3
. Também, os ansiolíticos, sedativos ou tranqüilizantes, podem ser usados
em casos de fator emocional significante, sendo a amitriptilina, com sua ação
anticolinérgica, a medicação mais útil, associada ou não ao clonazepam, droga
ansiolítica, mas são usados de maneira prolongada para não ocorrer dependência
1,6
. Os
antagonistas dos canais de cálcio, como o diltiazem, ou antagonistas alfa-
adrenoreceptor, como a fenoxibenzamida atuam no fluxo de cálcio nas secreções
écrinas, estando os últimos associados relacionados à hipotensão ortostática
3
. A
clonidina pode reduzir a incidência e a freqüência de sudorese gustatória, mas causa
sonolência, fraqueza capilar e sudorese compensatória. Pode ser usada em associação a
solução tópica de cloreto de alumínio 20%
1
.
IONTOFORESE
A iontoforese é definida como a introdução, por meio de corrente elétrica, de
íons de sais solúveis dentro de tecidos do corpo com fins terapêuticos, com significativa
redução dos efeitos adversos das drogas enquanto uma alta concentração das mesmas é
administrada localmente
1
. Seu modo de ação não está claro, mas postula-se que
partículas carregadas obstruem temporariamente os ductos sudoríferos na camada
córnea ou a mudança elétrica afeta a secreção das glândulas écrinas pela ruptura
reversível do canal iônico no glomérulo secretório
3,6
. Uma corrente de 15 a 30mA
proveniente de um gerador é aplicada à área do corpo afetada através de um eletrodo
6
.
Especula-se que a interação entre a corrente elétrica, pH, e meio iônico encontrado na
água corrente cria uma interrupção prolongada da função da glândula sudorípara e da
sua estimulação
5
. Para melhores resultados, drogas anticolinérgicas (metilsulfato de
poldina, brometo de glicopirrônio, brometo de hexopirrônio, etc.) podem ser
adicionadas à água corrente, mas podem apresentar efeitos colaterais
4
.
É um método simples, efetivo, sem efeitos adversos a longo tempo, e sem
sudorese compensatória associada. Com as desvantagens de necessidade de um longo
período para realização da terapia, cerca de 30 a 40 minutos; com várias sessões
semanais, pelo menos quatro por semana; e recorrência dos sintomas em semanas após a
descontinuidade do tratamento; sendo contra-indicada na gestação, usuários de
marcapasso, portadores de arritmia, marcapassos, assim como qualquer outro
dispositivo que possa causar qualquer distúrbio elétrico temporário, como implantes
ortopédicos metálicos. Seus efeitos adversos podem incluir a sensação de agulhada ou
ferroada; irritação da pele com a formação vesículas, pápulas, descamação e secura
excessiva
4
.
Primeiramente utilizada nas mãos e pés por serem facilmente submergíveis na
água e apresentando melhores resultados, com normalização da sudorese em dois a 14
meses, o seu uso na hiperidrose axilar não é muito efetivo
1,3
. Atualmente dispõe-se de
dispositivos portáteis (Drionic
) que os pacientes podem utilizar em casa (figura 20). O
regime terapêutico inclui duas sessões de 30 minutos com intervalo de 30 minutos por
cinco dias na semana, dentro de 20 dias. Todos os portadores de hiperidrose palmar
apresentam algum grau de melhora, caindo para 78% de melhora nos poradores de
hiperidrose plantar e 75%, nos portadores de hiperidrose axilar e, após um mês de
término do tratamento, a diferença no suor permanece apenas na hiperidrose palmar
5
. A
taxa de resposta para a hiperidrose palmar e plantar é de 90%, com melhora dos
sintomas ocorrendo após cinco a dez sessões, com uma ou duas sessões semanais
necessárias para se manter o estado normal
21
. Esta técnica terapêutica é considerada
uma terapia de segunda linha na hiperidrose primária, pois somente 37,5% respondem
dentro de 14 dias de tratamento, utilizando a unidade portátil
3
.
Figura 20 - Dispositivo portátil para iontoforese (Drionic
)
3
.
TOXINA BOTULÍNICA A
É uma neurotoxina endoprotease dependente de zinco produzida pela
bactéria anaeróbica Clostridium botulinium. sete sorotipos diferentes (A ao G),
dos quais o tipo A é o mais potente. Ela inibe irreversivelmente a liberação do
neurotransmissor acetilcolina do terminal pré-sináptico na junção neuromuscular
da musculatura esquelética, através da clivagem do aparelho celular responsável
pela sua exocitose, levando a fraqueza e paralisia muscular, num período de um a
14 dias e a cada três a quatro meses, novas junções neuromusculares são formadas
e a função muscular lentamente retorna ao normal
1,6
. A formação de anticorpos
contra a toxina pode resultar na redução de sua efetividade
6
. Como as glândulas
écrinas são inervadas por fibras simpáticas colinérgicas, a toxina pode também
causar perda da sudorese na área tratada pela inibição da liberação da acetilcolina
dos nervos simpáticos que as inervam, o que funciona como uma desnervação
química da glândula
1,9
.
O primeiro uso da toxina botulínica como proposta terapêutica foi em 1973,
usado para demonstrar a paralisia ocular reversível em macacos. Em 1980, foi injetado
em humanos como terapia de estrabismo. Bushara e Parks foram os primeiros a utilizar
a toxina no tratamento da hiperidrose facial, quando notaram áreas de anidrose ao longo
dos locais de injeção; e em 1996, utilizaram na hiperidrose axilar com injeções
subcutâneas nas axilas, causando desnervação química das glândulas sudoríparas e
redução da produção do suor
1,6
.
Há dois tipos desta droga comercializados: Botox
e Dysport
, sendo que 1mU
de Botox
corresponde a 3 a 5mU de Dysport
4
. A aplicação da toxina envolve
múltiplas injeções na área hiperidrótica, que pode ser previamente identificada com o
teste de iodo-amido
6
. O uso da toxina botulínica para o tratamento da hiperidrose
iniciou com o uso de 50 a 250mU de toxina botulínica tipo A, sendo os maiores
períodos livres de doença relacionados em casuísticas utilizando as maiores dosagens
terapêuticas
10
. Nas mãos sua aplicação somente é possível após bloqueio anestésico do
carpo, onde pode causar fraqueza dos pequenos músculos da mão persistentes por cerca
de oito semanas
11
. Na axila, as injeções são separadas por um a 2,5cm, numa dosagem
de aproximadamente 50mU de Botox
e 200mU de Dysport
com quantitativa redução
da sudorese em 70 a 80%, dentro de três a oito meses
4,6
. Os efeitos adversos relatados
são considerados leves a moderados, destacando-se a dor na aplicação das injeções,
podendo ser necessário bloqueio anestésico nos locais de aplicação; fraqueza temporária
dos pequenos músculos das mãos que pode durar três a quatro semanas, quando no
tratamento da hiperidrose palmar; cefaléia; hipotrofia muscular; mialgia; hematomas
nos locais da injeção; e custo elevado
1
. Devido a possibilidade de sudorese
compensatória, a toxina botulínica, mesmo que temporária, é considerada a terapia de
escolha para o tratamento da hiperidrose axilar por muitos autores
8
.
Esta terapia é contra-indicada em pacientes com distúrbios neuromusculares
como a miastenia gravis; gestantes e lactantes; hiperidrose secundária; portadores de
coagulopatias; e usuários medicações que podem interferir com a transmissão
neuromuscular como aminoglicosídeos e macrolídeos
3,4
. Na hiperidrose axilar apresenta
boa aprovação em até 95% dos casos, com efeitos durando em média sete meses
3
.
Portanto, devido aos seus efeitos adversos mínimos e elevada tolerabilidade, mostrou-se
uma escolha terapêutica favorável para os casos não responsivos ao tratamento tópico
ou outras medidas conservadoras
9
.
SIMPATECTOMIA QUÍMICA
Na simpatectomia química é realizado um bloqueio do gânglio simpático
com uma solução neurolítica aplicada por uma técnica de punção percutânea por
agulha. Pode ser uma forma efetiva, embora temporária, de tratamento para casos
de hiperidrose severa. O bloqueio do gânglio simpático é realizado com etanol
100%, injetado bilateralmente em L2 e L3, para hiperidrose plantar e em T2 e T3,
para hiperidrose palmar, axilar e facial. As complicações associadas a esta técnica
são neuralgia por bloqueio de nervo somático, sudorese compensatória,
pneumotórax, e possibilidade de injeção intravascular ou intradural. Este método
pode ser útil para os casos severos refratários ao tratamento tópico
1
.
SIMPATICOLISE PERCUTÂNEA
Trata-se de outra forma de tratamento não cirúrgica descrita, realizada por
radiofreqüência percutânea ou estereotática. Pode-se realizar uma simpaticolise guiada
por tomografia computadorizada, realizada sob anestesia local, injetando-se fenóis a
6%. A simpaticolise torácica percutânea é realizada com a injeção de pequenos volumes
de até 0,8ml de fenol 75 a 90% em múltiplos sítios e bilateralmente aos gânglios
simpáticos de T2 a T4
5
. As complicações relatadas são pneumotórax, neuralgia
intercostal, dor pós-operatória, síndrome de Horner temporária e sudorese
compensatória.
PSICOTERAPIA
Como a hiperidrose crônica pode resultar de estímulo emocional e ansiedade, os
pacientes podem reduzir a sudorese aprendendo certas técnicas comportamentais de
biofeedback
1
. E também pode ser útil como forma de terapia alternativa, técnicas de
hipnose e de relaxamento
3
.
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ANEXO II
ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO
O sistema nervoso é composto pelo sistema nervoso central (encéfalo e medula
espinhal) e pelo sistema nervoso periférico (nervos e gânglios), o qual é subdividido em
sistema somático e sistema visceral
1
. O sistema nervoso visceral, assim como o sistema
nervoso somático, possui uma parte aferente e outra eferente. O componente aferente
conduz os impulsos nervosos originados dos víscero-receptores às áreas específicas do
sistema nervoso central e o eferente traz impulsos de certos centros nervosos às
estruturas viscerais, tais como glândulas, músculos lisos ou músculo cardíaco, sendo um
sistema involuntário. O sistema nervoso autônomo (SNA), o qual tradicionalmente é
dividido em sistema nervoso simpático (SNS) e sistema nervoso parassimpático
(SNPS), refere-se ao componente eferente do sistema nervoso visceral, sendo, portanto,
um sistema exclusivamente eferente ou motor integrado apenas por fibras eferentes
viscerais gerais (figura 21)
2,3
. É ativado por centros localizados na medula espinhal, no
tronco cerebral e no hipotálamo, opera geralmente através de reflexos viscerais e retorna
como respostas reflexas subconscientes. São sinais autônomos eferentes que constituem
o SNS e o SNPS
4
. A distinção além da organização anatômica e da natureza de seus
neurotransmissores sinápticos, também é funcional, pois tanto o SNS quanto o SNPS
estão presentes em cada órgão, com funções antagônicas
3
.
No SNA dois neurônios que conectam o sistema nervoso central ao
órgão efetuador, dos quais um deles tem o corpo no sistema nervoso central,
neurônio pré-ganglionar; e o outro, em gânglios no sistema nervoso periférico,
neurônio s-ganglionar (figura 22)
2,4,5
. Os corpos dos neurônios pré-
ganglionares localizam-se na medula e no tronco encefálico. Na medula eles
ocorrem do primeiro ao décimo segundo segmentos torácicos (T1 até T12), nos
dois primeiros segmentos lombares (L1 e L2) e nos segmentos S2, S3 e S4 da
medula sacral. Os neunios motores autônomos, ou neurônios pós-
ganglionares são ativados por axônios do sistema nervoso central (neurônios
pré-ganglionares) cujos corpos celulares estão localizados na medula espinhal
ou tronco cerebral. Assim, no sistema nervoso visceral, uma sinapse no gânglio
autônomo é interposta entre um neurônio eferente do SNC e o alvo periférico,
onde as terminações nervosas possuem múltiplas ramificações contendo
substâncias transmissoras acumuladas em vesículas
5
.
Figura 21 - Diferenças entre o sistema simpático e parassimpático. Fibras adrenérgicas (vermelho)
e colinérgicas (verde)
2
Figura 22 - Organização anatômica do Sistema Nervoso Autônomo
5
O axônio do neurônio pré-ganglionar envolvido pela bainha de mielina e
bainha de neurilema constitui a fibra pré-ganglionar é localizada antes de um
gânglio e termina fazendo sinapse com o neurônio pós-ganglionar, sendo que
no sistema nervoso simpático, esta fibra faz sinapse com um grande número
de neurônios pós-ganglionares. O axônio do neurônio pós-ganglionar envolvido
apenas pela bainha de neurilema constitui a fibra pós-ganglionar, que se
diferencia histologicamente da pré-ganglionar por ser amielínica com neurilema
(fibra de Remak) e terminam nas sceras em contato com as glândulas,
músculo liso ou cardíaco. Alguns impulsos nervosos do hipotálamo e do
sistema límbico são levados por fibras especiais que terminam fazendo sinapse
com os neurônios pré-ganglionares do tronco encefálico e da medula. Estas
conexões entre as áreas cerebrais relacionadas com o comportamento
emocional e os neurônios pré-ganglionares do SNA ajudam a entender as
alterações do funcionamento visceral, que freqüentemente acompanham os
graves distúrbios emocionais
2
.
Unindo o tronco simpático aos nervos espinhais existem filetes nervosos
denominados ramos comunicantes, que são de dois tipos: ramos comunicantes brancos
e ramos comunicantes cinzentos. Os ramos comunicantes brancos ligam a medula ao
tronco simpático e são constituídos de fibras pré-ganglionares e fibras viscerais
aferentes; enquanto os cinzentos são constituídos de fibras pós-ganglionares
amielínicas, que lhes dão uma coloração mais escura e, como o número de gânglios
simpáticos é ligeiramente menor que o número de nervos espinhais, de um gânglio pode
emergir mais de um ramo comunicante cinzento (figura 23 e 24)
5,6
. Os neurônios pré-
ganglionares só existem nos segmentos medulares de T1 a L2, portanto, as fibras pré-
ganglionares emergem somente destes níveis, o que explica a existência de ramos
comunicantes brancos apenas nas regiões torácica e lombar alta; enquanto os ramos
comunicantes cinzentos unem o tronco a todos os nervos espinhais
6
. Cada gânglio une-
se à raiz correspondente através de dois ramos comunicantes: o ramo comunicante dos
nervos espinhais, branco, que é póstero-medial, circundado por uma bainha de mielina e
somente é encontrado de T2 a L2; e o ramo comunicante dos nervos autônomos,
cinzento, que é póstero-lateral e formado por fibras nervosas amielínicas
3
. Cada gânglio
constitui um centro nervoso autônomo periférico cujas conexões são as seguintes: com
o nervo espinhal, através dos dois ramos comunicantes; com os gânglios adjacentes,
através do tronco simpático; com a periferia, através dos nervos simpáticos, que são
amielínicos e constituídos de fibras cinzentas (figura 25 e 26)
3
.
Figura 23 - Esquema do trajeto das fibras no sistema simpático (linhas contínuas: fibras pré-
ganglionares e linhas interrompidas: fibras pós-ganglionares)
6
Figura 24 - Organização anatômica dos axônios pré-ganglionares e pós-ganglionares
5
Figura 25 - Vias eferentes do sistema simpático. Em vermelho: fibras somáticas. Em verde: fibras
viscerais. 1. Zona viscero-motora da substância cinzenta; 2. Ramo comunicante dos
nervos espinhais (branco); 3. Ramo comunicante dos nervos autônomos (cinzento); 4.
Tronco simpático; 5. Gânglio do tronco simpático; 6. Gânglio periférico
3
Figura 26 - Vias aferentes do sistema simpático. 1. Centro medular periependimário; 2. Gânglio
espinhal; 3. Ramo comunicante dos nervos espinhais (branco); 4. Ramo comunicante
dos nervos autônomos (cinzento); 5. Nervo espinhal; 6. Nervo vascular; 7. Tronco
simpático; 8. Víscera; 9. Gânglio periférico
3
Cada tronco simpático estende-se, de cada lado, da base do crânio até o cóccix,
onde termina unindo-se com o do lado oposto e divide-se em segmento cervical,
torácico, lombar e sacral (figura 27)
3,6
. De cada lado da coluna vertebral estão os
gânglios do tronco simpático (gânglios paravertebrais). Na porção cervical há três
gânglios chamados cervical superior (C1 a C4); médio (C5 a C6), que é inconstante; e
inferior (C7 e C8), o qual está geralmente fundido ao primeiro gânglio torácico (T1),
formando o gânglio cérvico-torácico ou estrelado, devido aos ramos a que dá origem,
que lhe conferem forma de estrela
3,6
. Na porção torácica do tronco simpático o número
de gânglios é usualmente menor que a dos nervos espinhais torácicos, pois pode haver
fusão entre os gânglios vizinhos, ocorrendo dez a doze gânglios
6
. O tronco simpático
torácico é látero-vertebral, situado ligeiramente à frente das articulações costovertebrais,
em contato direto com o esqueleto através da pleura parietal e ligado posteriormente aos
nervos intercostais pelos ramos comunicantes que emergem da parte lateral dos gânglios
(figura 28 e 29)
3,7
. Lembrando-se que o nervo intercostal recebe seus ramos
comunicantes do tronco situado abaixo dele. Este tronco dirige-se de baixo para cima e
de medial para lateral, podendo receber um ramo do segmento suprajacente, sendo que
os ramos viscerais e vasculares vão para o pulmão, esôfago e aorta
3
. Os ramos
abdominais (nervos esplâncnicos torácicos) são divididos em: nervo esplâncnico
torácico maior (T7, T8 e T9), que depois de emitir numerosos ramos diretos para a
glândula supra-renal (tanto à direita quanto à esquerda), chega ao gânglio celíaco para o
qual envia seu contingente simpático; nervo esplâncnico torácico menor (T10 e T11),
que termina no plexo celíaco; nervo esplâncnico torácico imo (T12), que termina na
origem da artéria renal e no gânglio aórtico-renal
3
. Estes nervos são ramos
comunicantes dos nervos espinhais (bancos), de modo que atravessam os gânglios
simpáticos torácicos sem fazer sinapse; trata-se de fibras pré-ganglionares e a sinapse é
realizada no plexo celíaco
3
. Apesar de originarem-se de gânglios paravertebrais, os
nervos esplâncnicos são constituídos por fibras pré-ganglionares e de um número
considerável de fibras viscerais aferentes
6
.
Figura 27 - Principais formações anatômicas do sistema simpático em vista anterior
6
Figura 28 - Vasos e nervos do mediastino posterior. A pleura, a aorta e o esôfago foram removidos
para expor o ducto torácico, a veia ázigo e os ligamentos nos espaços intercostais. Vista
anterior
7
Figura 29 - Esôfago, aorta e parte autônoma torácica do sistema nervoso da cavidade torácica.
Estômago. Somente as partes posteriores do diafragma foram mantidas. A pleura foi
removida para expor o tronco simpático e as ligações com os nervos intercostais. Vista
anterior
7
No sistema nervoso simpático (SNS) os neurônios pré-ganglionares localizam-se
no corno intermedio-lateral da medula torácica e lombar entre T1 e L2, sendo, portanto
um sistema tóraco-lombar
2
. As fibras simpáticas pré-ganglionares passam através de
uma raiz anterior da medula para o nervo espinhal correspondente e imediatamente após
o nervo espinhal deixar o canal espinhal, as fibras deixam-no e passam através do ramo
comunicante branco para um dos gânglios da cadeia simpática (figura 30 e 31)
14
. Estas
fibras terminam fazendo sinapse com os neurônios pós-ganglionares, que podem estar
localizados em três posições: num gânglio paravertebral situado num mesmo nível; num
gânglio paravertebral situado acima ou abaixo deste nível; ou pode percorrer distâncias
variáveis através da cadeia e, então, através de um dos nervos simpáticos, dirigir-se para
fora da cadeia e fazer sinapse com um gânglio periférico
3,6
. No sistema nervoso
parassimpático (SNPS) localizam-se no tronco encefálico (dentro do crânio) e na
medula sacral (S2, S3 e S4), sendo, portanto, um sistema crânio-sacral. No SNS, os
neurônios pós-ganglionares localizam-se em gânglios longe das vísceras e próximos da
coluna vertebral, enquanto no SNPS, os neurônios pós-ganglionares localizam-se
próximo ou dentro das vísceras, como o plexo submucoso de Meissner e o plexo
mioentérico de Auerbach. Portanto, no SNS a fibra pré-ganglionar é curta e a pós-
ganglionar, longa; enquanto no SNPS a fibra pré-ganglionar é longa e a pós-ganglionar,
curta
2,5
.
Figura 30 - Conexões nervosas entre a medula espinhal, nervos espinhais, cadeia simpática e nervos
simpáticos periféricos
4
Figura 31 - Esquema de um nervo espinhal. 1. Raiz dorsal; 2. Gânglio espinhal; 3. Nervo espinhal
com: 4. Seu ramo dorsal; 5. Ramo comunicante dos nervos espinhais (branco); 6.
Ramo comunicante dos nervos autônomos (cinzento); 7. Ramo anterior do nervo
espinhal; 8. Gânglio simpático; 9 e 10. Raízes simtica e proximal, respectivamente,
de: 11. Ramo meníngeo do nervo espinhal; 12. Raiz ventral; 13. Corno ventral
3
No SNS, os neurônios pós-ganglionares estão nos gânglios para e pré-vertebrais,
de onde saem fibras pós-ganglionares, cujo destino é sempre uma glândula, músculo
liso ou cardíaco. As fibras pós-ganglionares, para chegar a este destino, podem seguir
por três trajetos: por intermédio de um nervo espinhal, em que as fibras voltam ao nervo
espinhal por meio do ramo comunicante cinzento distribuem-se no seu território de
inervação e inervam os músculos eretores dos pêlos, as glândulas sudoríparas e os vasos
cutâneos; por intermédio de um nervo independente, quando o nervo liga diretamente o
gânglio à víscera; ou por intermédio de uma artéria as quais acompanham em seu
território de vascularização
6
. Algumas destas fibras voltam da cadeia simpática para os
nervos espinhais através dos ramos comunicantes cinzentos em todos os níveis da
medula, sendo fibras que se estendem para todas as partes do corpo por meio dos nervos
esqueléticos, controlando os vasos sanguíneos, glândulas sudoríparas e músculos
eretores dos pêlos
4
. As vias simpáticas originadas em diferentes segmentos da medula
espinhal não são necessariamente distribuídas para as mesmas partes do corpo, como as
fibras somáticas dos mesmos segmentos. Ao contrário, as fibras simpáticas do segmento
T1 geralmente projetam-se superiormente na cadeia simpática para terminar na cabeça;
de T2 para o pescoço; de T3, T4, T5 e T6 para o tórax; de T7 a T11 para o abdome e de
T12, L1 e L2, para as pernas
4
. As vias simpáticas, eferentes ou motoras, são vias de dois
neurônios e destinam-se aos músculos lisos e aos sistemas glandulares periféricos. O
primeiro é mielinizado, encontrado nos centros autônomos simpáticos da medula
espinhal, coluna intermédia lateral ou autônoma, com um axônio que atravessa o corno
anterior, passa para a raiz ventral e depois segue para o nervo espinhal, indo, finalmente,
para o ramo comunicante branco que o leva ao gânglio espinhal. Enquanto o segundo
neurônio não é mielinizado e difere no destino de sua fibra, que pode ser somático
(motricidade do pêlo, secreção sudorípara, vasomotricidade periférica) ou visceral
3
.
As fibras somáticas têm conexão no gânglio do tronco simpático que não é,
necessariamente, o mais próximo. A partir deste, a fibra eferente encontra o nervo
espinhal através do ramo comunicante cinzento dos nervos autônomos, transportando
para este nervo seu contingente de fibras autônomas, as quais saem do nervo em
diferentes níveis, segundo seu destino: proximal, para o plexo simpático ou perivascular
e distal, para os nervos autônomos da pele. As fibras viscerais atravessam o gânglio do
tronco simpático sem se deterem, acompanham um nervo simpático periférico e chegam
a um gânglio periférico, onde se encontra o segundo neurônio. As conexões dos
diferentes gânglios dos diversos níveis do tronco simpático explicam a extrema difusão
do influxo nervoso simpático
3
.
Pelos ramos comunicantes intercostais, o tronco simpático torácico é
responsável por funções vasomotoras, pilomotoras e sudoríparas de topografia
metamérica
3
. Pelos ramos vasculares, na parte superior, emite fibras que sobem e
pertencem à via iridomotora e outras destinadas aos membros superiores que passam
pelo gânglio estrelado
3
. Pelos ramos viscerais emite ramos para o plexo celíaco e para a
medula supra-renal
3
. As fibras pré-ganglionares relacionadas com a inervação da pupila
originam-se de neurônios situados na coluna lateral da medula torácica alta (T1 e T2).
Estas fibras saem pelas raízes ventrais, ganham os nervos espinhais correspondentes e
passam ao tronco simpático pelos respectivos ramos comunicantes brancos, sobem no
tronco simpático e terminam estabelecendo sinapses com os neurônios pós-ganglionares
do gânglio cervical superior (figura 32). As fibras pós-ganglionares sobem no nervo e
plexo carotídeo interno que, em conjunto com artéria carótida interna, penetram no
crânio e fazem sinapse com o gânglio ciliar, pertencente ao SNPS e, através dos nervos
ciliares curtos, terminam fazendo o plexo dilatador da pupila. Por isso a pupila do lado
da lesão simpática ficará contraída (miose), em conseqüência da ação parassimpática
não contrabalanceada pelo simpático, observado na síndrome de Horner, descrita como
miose, ptose palpebral e vasodilatação cutânea com anidrose facial
6
. A ptose palpebral
ocorre por paralisia do músculo tarsal (de Muller), que auxilia o músculo elevador da
pálpebra na sua função
1
.
Figura 32 - Esquema de inervação simpática (vermelho) e parassimpática (verde) da pupila. As
setas indicam o trajeto do impulso nervoso no reflexo fotomotor
6
A ação da fibra nervosa sobre o efetuador (músculo ou glândula) se faz por
liberação de um neurotransmissor, dos quais os mais importantes são a acetilcolina
(fibras colinérgicas) e a noradrenalina (fibras adrenérgicas). No sistema nervoso
periférico, as vesículas granulares pequenas contêm noradrenalina, e são encontradas
nas fibras pós-ganglionares simpáticas; e a maioria das vesículas agranulares que
contém acetilcolina, predominam nas fibras pós-ganglionares do SNPS. As fibras pré-
ganglionares, tanto simpáticas como parassimpáticas, e as fibras pós-ganglionares
parassimpáticas são colinérgicas. Contudo, a grande maioria das fibras pós-ganglionares
do SNS é adrenérgica. Excetuando-se as fibras que inervam as glândulas sudoríparas e
os vasos dos músculos estriados esqueléticos que, apesar de simpáticas, são
colinérgicas. Na maioria dos órgãos a inervação autônoma é mista, simpática e
parassimpática. Entretanto, alguns órgãos têm inervação puramente simpática, como as
glândulas sudoríparas, os músculos eretores do pêlo e o corpo pineal de vários animais
2
.
Uma das diferenças fisiológicas entre o simpático e o parassimpático é que este
tem ações sempre localizadas a um órgão ou setor do organismo, enquanto as ações do
simpático, embora possam ser também localizadas, tendem a ser difusas, atingindo
vários órgãos. A base anatômica desta diferença reside no fato de que os gânglios do
parassimpático, próximo às vísceras, fazem com que o território de distribuição das
fibras pós-ganglionares seja necessariamente restrito. Além disso, no SNPS, uma fibra
pré-ganglionar faz sinapse com um número relativamente pequeno de fibras pós-
ganglionares. Já no SNS os gânglios estão longe das vísceras e uma fibra pré-ganglionar
faz sinapse com um grande número de fibras pós-ganglionares que se distribuem a
territórios consideravelmente maiores, o que explica a reação de alarme (síndrome de
emergência de Cannon), em que o indivíduo fica preparado para lutar ou fugir. Nos
órgãos genitais o SNS é responsável pelo fenômeno da ejaculação e o SNPS pela
ereção
2
.
As vias do tronco simpático são classificadas, de acordo com sua relação
anatômica com a cabeça da costela, em três tipos: medial, quando ela corre na porção
medial da cabeça da costela; cranial, quando ele passa sobre a cabeça da costela e
lateral, quando está lateralmente a cabeça da costela, sendo que o tronco simpático
torna-se mais medial à medida que desce na cadeia simpática, principalmente do lado
direito (figura 33). O gânglio simpático é classificado, de acordo com a posição, em três
tipos: tipo I, quando é localizado na porção média no espaço intercostal; tipo II, quando
se localiza na porção inferior do espaço intercostal, sobre a margem superior da costela
inferior; e tipo III, quando se localiza sobre a costela inferior (figura 34). Sendo o T3 do
tipo I em 59,1%; do tipo II em 36,4% e do tipo III em 4,5%; enquanto o T4 é do tipo I
em 18,2%; do tipo II em 44,3% e do tipo III em 37,5%, o que mostra uma posição mais
inferior dos gânglios à medida que a cadeia desce. Os ramos comunicantes são
classificados, de acordo com sua relação anatômica entre o nervo intercostal e seu
respectivo gânglio simpático, em três tipos: ramo comunicante ascendente, quando
parte do nervo intercostal para um gânglio superior na cadeia simpática, sendo vistos em
66,7% dos casos ao nível de T2, em 48,9% ao nível de T3 e em 45,5% ao nível de T4;
ramo comunicante mediano, transverso ou normal, quando corre para o gânglio do
mesmo nível, observados em todos os pacientes, indiferentemente da existência ou não
de variações anatômicas; e ramo comunicante descendente, quando corre para um
gânglio inferior, vistos em 8% dos T3 e 6,8% dos T4 (figura 35)
8,9
. Tanto ramos
comunicantes ascendentes quanto descendentes são encontrados em 33,3% dos T2; em
32,1% dos T3 e em 13,1% dos T4, demonstrando uma maior taxa de variação anatômica
para em relação a T3 e T4
9
.
Figura 33 - Classificação do tronco simpático de acordo com sua relação com a cabeça da costela
9
Figura 34 - Classificação do gânglio simpático de acordo com sua posição no espaço intercostal
9
Figura 35 - Classificação dos ramos comunicantes de acordo com sua relação anatômica entre o nervo
intercostal e seu respectivo gânglio simpático
9
A posição de T2 ocorre no segundo espaço intercostal em 50% dos casos, na
borda superior da terceira costela em 19,7%, fundido com T1 em 9,1%, na borda
inferior da segunda costela em 7,6% e acima da terceira costela em 6%. A via
alternativa mais amplamente citada é, sem dúvida, o nervo de Kuntz, presente em
38 a 75% das casuísticas. Albert Kuntz, em 1927, descreveu um ramo intratorácico
variável entre T2 e o ramo ventral de T1, proximal ao ponto onde o mesmo se unia
ao plexo braquial. O epônimo nervo de Kuntz deve ser restrito às descrições de
ramos intratorácicos referentes apenas ao primeiro espaço intercostal, enquanto
outras variações entre as cadeias simpáticas e nervos somáticos em outros espaços
devem ser denominados de conexões simpáticas adicionais ou ramos comunicantes
adicionais. O nervo intratorácico de Kuntz foi descrito como um ramo inconstante
que conecta T1 e T2, envolvendo fibras simpáticas que chegam ao plexo braquial
sem passar através do tronco simpático. Após estudo em cadáveres, verificou-se
sua presença em 68,2% dos casos e bilateralidade em 48,1%. Possui quatro
variações anatômicas: tipo A (47%), que conecta T2 a T1; tipo B (12,1%), que
conecta T2 ao primeiro nervo intercostal; tipo C (7,6%), que conecta T2 ao ramo
comunicante de T1 para o primeiro nervo intercostal; e tipo D (1,5%), que conecta
T2 ao primeiro nervo intercostal e T1. Sua distância do tronco simpático
apresentou uma variação de 1,25 ±
±±
± 0,55mm, com média de 7,3mm. Como em
19,5% dos casos, localiza-se entre 10 a 15 mm do tronco simpático, necessidade
de dissecção pleural por pelo menos 1,5cm lateralmente do tronco simpático, para
se garantir que estas fibras sejam seccionadas. Conexões simpáticas adicionais,
presentes em 14% dos casos, foram notadas entre gânglios, segmentos
intergânglios e nervos intercostais como ramos comunicantes adicionais entre os
segundos e quintos espaços intercostais. A falência da melhora dos sintomas pode
ser decorrente a uma simpatectomia torácica incompleta causada por este nervo
que conecta diretamente T2 e T3 ao plexo braquial
10
.
Até 5% dos pacientes exibem insatisfação conseqüente a falência cirúrgica
com recidiva pós-operatória, principalmente devido à variação anatômica do
sistema nervoso simpático o que pode ser explicada pela posição do tronco
simpático, localização do gânglio, e vias acessórias do nervo simpático.
Atualmente, as cirurgias têm sido realizadas em níveis mais baixos na cadeia
simpática, descendo do segundo para o terceiro ou quarto gânglios, na tentativa de
redução da SC, mas poucos estudos que avaliam as variações anatômicas que
podem ocorrer nesta posição da cadeia simpática
9,11
. As fibras pós-ganglionares do
membro superior deixam a cadeia simpática e junto com as raízes espinhais
entram no plexo braquial onde alcançam as glândulas sudoríparas. Todos os
nervos torácicos espinhais são conectados ao tronco simpáticos por ramos
cinzentos e brancos. As variações anatômicas podem estar relacionadas à
hiperidrose palmar essencial como o nervo de Kuntz (59,5%), ramos descendentes
do T2 para o T3 (46,4%) e do T3 para o T4 (26,2%), e ramos ascendentes do T3
para o T2 (5,9%) e do T4 para o T3 (4,8%). A falência na interrupção dessas vias
de condução aberrantes, que não atravessam o tronco simpático, resulta na
recorrência dos sintomas ou resultados cirúrgicos diferentes em lados diferentes
num mesmo indivíduo, pois a cirurgia simpática confinada apenas ao gânglio
simpático pode não bloquear completamente o estímulo devido à existência de
muitas vias acessórias
7
. Para melhorar o resultado cirúrgico da hiperidrose, seria
útil a secção dos ramos aberrantes (nervo de Kuntz e ramos comunicantes
ascendente e descendente) ao nível da segunda, terceira e quarta costelas
8,11
. Por
isso procedimentos adicionais podem ser necessários, como a extensão lateral da
dissecção da borda superior da costela por pelo menos 20 mm, pois vias acessórias
podem ocorrer em a15 mm distantes do gânglio; dissecção superior e inferior
das margens costais para se localizar ramos ascendentes e descendentes e impor
uma completa interceptação do estímulo nervoso simpático
9,11
. Portanto, cirurgiões
envolvidos neste tipo de terapia devem estar familiarizados com as conexões
simpáticas adicionais que possam existir como causa de insucesso terapêutico.
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the T2 nerve root (including the nerve of Kuntz) and their implications for
sympathectomy. J Thorac Cardiovasc Surg 2002; 123(3):498-501.
ANEXO III
FISIOPATOLOGIA DA HIPERIDROSE AXILAR
As glândulas sudoríparas são classificadas em apócrinas e écrinas, mas
algumas formam uma categoria mista chamada apoécrina. O corpo humano
possui mais de quatro milhões de glândulas sudoríparas, das quais cerca de
três milhões são glândulas sudoríparas écrinas, e o restante, apócrinas e
mistas
1
. Apenas cerca de 5% das glândulas sudoríparas são ativadas ao
mesmo tempo, indicando o enorme potencial da produção de suor
2
. o
distribuídas em quase toda a superfície corporal, exceto as margens labiais,
leitos ungueais, superfície interna do prepúcio, lábios menores, glande e
clitóris. o mais numerosas nas plantas dos pés (620 ± 20/cm
2
), na testa e
axilas (360 ± 60/cm
2
), nas palmas das mãos e bochechas (300 ± 80/cm
2
); e
menos numerosas no tronco (65 ± 20/cm
2
) e extremidades (120 ± 30/cm
2
)
2
.
As glândulas écrinas são inervadas por fibras colinérgicas provenientes
do sistema nervoso simpático, e sua função primária é a secreção de suor, que
participa na regulação da temperatura corporal e também pode ser estimulado
por fatores emocionais e gustatórios
1,3
. O suor é um fluido inodoro, claro e
hipotônico em relação ao plasma, composto por uma solução eletrolítica diluída
que contém principalmente cloreto de sódio, potássio e bicarbonato, e
compostos inorgânicos como lactato, uréia, amônia e enzimas proteolíticas
1,3
.
Sob calor severo estas glândulas o capazes de produzir mais de 10 litros de
suor, mas a secreção normal é de 0,5 a 1 ml/min
2
.
As glândulas sudoríparas apócrinas são glândulas aromáticas distribuídas
principalmente nas regiões axilar e ano-genital, mas também são encontradas no
ouvido externo (glândulas ceruminosas), pálpebras (glândulas de Moll) e na aréola
mamária; secretam um fluido lipídico, opaco, rico em esteróides e outros
hormônios, mais viscoso que o das glândulas écrinas, com odor ligeiramente
desagradável quando alcança a superfície da pele. Estas glândulas não estão
envolvidas na hiperidrose primária, pois são ativadas por estimulação adrenérgica
e, na puberdade, tem sua função regulada por processos hormonais atuando como
fenormônios
1,3,4
. Achados histológicos sugerem que as glândulas écrinas são
dominantes na derme enquanto as apócrinas são localizadas no tecido celular
subcutâneo
5
. A osmidrose é caracterizada pelo odor excessivo originado das
glândulas apócrinas, enquanto a bromidrose é a combinação de osmidrose com
hiperidrose originada principalmente pelas glândulas écrinas
5,6,
. O odor
desagradável do suor axilar surge da decomposição bacteriana do suor na
superfície corporal; produtos das glândulas apócrinas como lipídeos, colesterol e
esteróides; e também por uma uma possível relação familiar, identificada em
alguns estudos como uma relação autossômica dominane
2,5
. Estas glândulas
produzem uma secreção estéril e inodora quando atinge a pele, e a osmidrose
ocorre quando esta secreção é complicada com interações com os microorganismos
axilares
6
. poucos tipos de microorganismos que residem na flora axilar, como
os Micrococcaceae, Aerobic diphtheroids e Propionibacteria, dos quais apenas os
difteróides geram o odor característico. As bacterias axilares degradam a secreção
apócrina em ácidos graxos de cadeia curta, como o ácido 3-metil-2-hexenóico, e
amônia com o desenvolvimento de odor em poucas horas
5,6
. Em portadores de
bromidrose, a pele possui glândulas apócrinas maiores e em maior número, com as
células hiperplásicas e hipertróficas, com maior capacidade de secreção, por isso o
bom higiene local e o uso regular de desodorantes, assim como medicações tópicas
e sistêmicas, não são sempre efetivos e podem apenas temporariamente aliviar o
odor
5,6
.
As glândulas mistas apoécrinas são primariamente encontradas nas axilas e
região perineal, cuja função na hiperidrose focal é desconhecida, embora em
alguns pacientes constituam mais de 45% das glândulas encontradas na região
axilar
3
. As glândulas apoécrinas tornam-se aparentes a partir dos 8 aos 14 anos,
desenvolvidas durante a puberdade a partir de um precursor semelhante à
glândula écrina. Possuem este nome por apresentar características morfológicas
semelhantes das glândulas écrinas e apócrinas. São funcionalmente e
fisiologicamente distindas das glândulas apócrinas e contribuem pesadamente para
a sudorese axilar em adultos, com capacidade de secreção de suor sete vezes maior
que a glândula écrina
5
.
A atividade simpática geralmente reduz a secreção glandular por causa
da vasoconstrição, enquanto a estimulação parassimpática aumenta o fluxo
sangüíneo promovendo a secreção. As glândulas sudoríparas, porém, são
exceções, pois a estimulação simpática promove a sudorese, com a maioria
das fibras simpáticas colinérgicas, ao invés de adrenérgicas, estando, em
humanos, estas fibras para as glândulas sudoríparas, sob efeito do controle
adrenérgico
7
.
Como as fibras simpáticas para a maioria das glândulas sudoríparas são
colinérgicas, com exceção de algumas fibras adrenérgicas nas palmas das mãos e solas
dos pés, elas secretam grandes quantidades de suor quando os nervos simpáticos são
estimulados, e nenhum efeito é ocasionado pela estimulação parassimpática. Por outro
lado as glândulas sudoríparas são estimuladas principalmente por centros hipotalâmicos
os quais são considerados parassimpáticos, podendo a sudorese ser considerada uma
função parassimpática, ainda que controlada por fibras nervosas que anatomicamente
são distribuídas pelo sistema nervoso simpático
8
. As glândulas apócrinas das axilas
secretam uma secreção espessa, odorífera, como um lubrificante, que permite uma
movimentação deslizante fácil das superfícies embaixo da articulação o ombro. São
ativadas por fibras colinérgicas, e também são controladas pelos centros simpáticos do
sistema nervoso central, ao invés dos centros parassimpáticos
8
. A quantidade de suor
normal é aproximadamente 100 ml/dia, mas em climas quentes ou durante exercícios
físicos pesados, pode chegar a 1 a 2 l/hora. O sistema de controle da temperatura utiliza
três importantes mecanismos para reduzir o calor do corpo quando a temperatura
corporal é muito elevada: vasodilatação dos vasos sangüíneos cutâneos; sudorese e
diminuição da produção de calor. Quando a temperatura central do corpo se eleva acima
de 37
o
C, há uma elevação súbita na taxa de perda de calor evaporativo resultante da
sudorese
8
.
A função primária da sudorese é a regulação térmica do organismo, mas também
possui funções assessórias, como a manutenção da saúde e textura da pele
9
. Quando
uma elevação da temperatura é sentida pelo centro termorregulador na área pré-óptica
do hipotálamo anterior, várias respostas do organismo são desencadeadas para reduzir-
se a temperatura corporal, incluindo vasodilatação cutânea e estimulação simpática
colinérgica das glândulas écrinas, fazendo com que as mesmas secretem suor através
dos poros da epiderme provocando a sudorese
1
. Perda de calor por condução ocorre pelo
desvio de sangue para os vasos superficiais, enquanto um aumento da secreção das
glândulas écrinas leva a perda de calor pela superfície da pele através da evaporação da
solução hipotônica
9
. Portanto, o suor protege a superfície corporal do superaquecimento
ao perder calor pela evaporação
10
.
REFERÊNCIAS
1. Ram R, Lowe NJ, Yamauchi OS. Current and emerging therapeutic modalities
for hyperidrosis, part 1: conservative and noninvasive treatments. Cutis 2007;
79:211-17.
2. Kreyden OP, Scheidegger EP. Anatomy of the sweat glands, pharmacology of
botulinum toxin, and distintive syndromes associated with hyperidrosis. Clin
Dermatol 2004; 22:40-44.
3. Haider A, Solish N. Focal hyperidrosis: diagnosis and management. CMAJ
2005; 175(01):69-75.
4. Togel B, Greve B, Raulin C. Current terapeutic strategies for hyperhidrosis: a
review. Eur J Dermatol 2002; 12(3):219-23.
5. Mao GY, Yang SL, Zheng JH. Etiology and management of axillary
bromidrosis: a brief review. Inter J Dermatol 2008; 47:1063-8.
6. Lee HC, Chen CC, Lee WY, Chuang HU, Kao MC. Axillary hyperidrosis and
osmidrosis treated by ultrasonic surgical aspiration compared with transthoracic
endoscopic sympathectomy. Surg Neurol 2008; 70(S1):64-8.
7. Iversen S, Iversen L, Saper CB. The Autonomic Nervous System and the
Hypothalamus. In: Kandel ER, Schwartz JH, Jessell TM. Principles of Neural
Science. 4
th
ed. New York: McGraw-Hill, 2000.p.961-82.
8. Guyton AC, Hall JE. O sistema nervoso autônomo e a medula adrenal. In: _____ .
Tratado de Fisiologia Médica. 11
th
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p. 748-60.
9. Atkins JL, Butler PEM. Hyperhidrosis: a review of current management. Plast
Reconstr Surg 2001; 110:222-28.
10. Baumgartner F, Konecny J. Compensatory hyperidrosis after sympathectomy:
level of resection versus location of hyperidrosis (letter). Ann Thorac Surg 2007;
84:1422.
ANEXO IV
ANEXO V
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da Pesquisa: BLOQUEIO SIMPÁTICO POR CLIPAGEM PARA TRATAMENTO
DA HIPER-HIDROSE AXILAR: ANÁLISE DE TRÊS TÉCNICAS”
Pesquisador: Dr. Paulo de Souza Fonseca Guimarães
Orientador: Prof. Dr. Marlos de Souza Coelho
1. O sr. (a) está sendo convidado (a) a participar desta pesquisa, que tem como
finalidade avaliar as três técnicas de bloqueio simpático por clipagem para o tratamento
da hiper-hidrose axilar, quanto aos resultados referentes à “sudorese compensatória ou
reflexa” (suor em outro local que não aquele inicial), ao “sucesso terapêutico” e à
“satisfação”.
2. Esta pesquisa é direcionada a pacientes oriundos do Ambulatório de Hiper-hidrose
do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Cajuru e da Santa Casa de
Misericórdia de Curitiba; portadores de hiper-hidrose (suor em excesso) axilar,
previamente hígidos, com idade acima de 18 anos e abaixo de 40 anos e que não se
submeteram previamente a qualquer outro tratamento cirúrgico para hiper-hidrose.
3. Ao participar deste estudo o sr. (a) permitirá que o pesquisador realize, após
sorteio, uma das três técnicas descritas na literatura para o Bloqueio Simpático por
Clipagem para Tratamento da Hiper-hidrose Axilar: clipagem isolada do nervo simpático
do gânglio T4, clipagem associada dos gânglios T3 e T4, e clipagem do gânglio T4
juntamente com seu ramo comunicante (ramicotomia). A qualquer momento, o sr. (a) tem
a liberdade de desistir de participar e retirar seu consentimento, sendo que sua recusa não
lhe trará nenhum prejuízo em relação com o pesquisador ou com a instituição.
4. O sr. (a) deverá responder a um questionário de pesquisa no Ambulatório de
Cirurgia Torácica, pessoalmente, durante os retornos pós-operatórios agendados em 7
dias, 30 dias, 6 meses e 1 ano após a cirurgia, com um médico Cirurgião de Tórax do
Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Cajuru e da Santa Casa de
Misericórdia de Curitiba e com um profissional do Serviço de Psicologia.
5. A participação nesta pesquisa não traz complicações legais, sendo os riscos e/ou
desconfortos a que o sr. (a) estará exposto (a) referentes a qualquer procedimento
cirúrgico realizado sob anestesia geral em paciente sadio normal, com índice de
complicação inferior a 1%, principalmente devido a dor em local de incisão cirúrgica,
tosse e cicatriz deficiente. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos
Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução n
o
. 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde e nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua
dignidade.
6. Todas as informações coletadas neste estudo o estritamente confidenciais e
somente o pesquisador e o orientador terão conhecimento dos dados. E sempre que quiser
poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através do telefone do pesquisador.
7. Ao participar desta pesquisa o sr. (a) não terá nenhum benefício direto.
Entretanto, seu tratamento será realizado conforme as tendências atuais mundiais, e
esperamos que este estudo traga informações importantes sobre as técnicas de Bloqueio
Simpático por Clipagem para Tratamento da Hiperidrose Axilar, de forma que o
conhecimento que será construído a partir desta pesquisa possa indicar a melhor forma de
tratamento cirúrgico para portadores de hiper-hidrose axilar, onde pesquisador se
compromete a divulgar os resultados obtidos.
8. O sr. (a) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem
como nada será pago por sua participação.
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para
participar desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem:
Eu, _____________________________________________________________,
portador de RG nº ______________________, tendo em vista os itens acima
apresentados, manifesto aqui o meu consentimento de forma livre e esclarecida, em
participar da pesquisa “BLOQUEIO SIMPÁTICO POR CLIPAGEM PARA
TRATAMENTO DA HIPER-HIDROSE AXILAR: ANÁLISE DE TRÊS TÉCNICAS”.
Curitiba, _____ de ______________ de 2007.
Paciente:__________________________________________________________
____________________________________________________
Assinatura do paciente.
Responsável: ______________________________________________________
____________________________________________________
Assinatura do responsável.
____________________________________________________
Dr. Paulo de Souza Fonseca Guimarães / f: (41) 96817317
____________________________________________________
Prof. Dr. Marlos de Souza Coelho / f: (41) 99740600
Telefones para contato: (41) 3022 2900 ou (41) 3271 3000 R: 2782
Pós-Graduação em Medicina do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho, Curitiba, Paraná, CEP: 80215-901 (41) 3271 2108.
ANEXO VI
PROTOCOLO
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
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