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expressão nos dá condições de discernir e expandir o conhecimento e a
consciência crítica sobre a qualidade, a funcionalidade e a estética dos
ambientes que nos abrigam, dos artefatos que nos servem e das mensagens
com que nos comunicamos (GOMES, 1996, p.13).
Desse modo, o desenho se estabelece na cultura dos materiais, intervindo na cultura
das idéias e na cultura comportamental. Essa tríade confirma a importância e a influência do
desenho no contexto social, político, econômico e cultural, no qual o desenhador
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exerce as
funções de receptor, codificador, reciclador e decodificador. Ao deixar marcas nas superfícies
através do desenho, seja riscando, pintando, entalhando ou moldando, o ser humano o faz
seguindo alguns propósitos a exemplo da necessidade de armazenamento de informações e
transmissão de idéias de cunho educacional, comercial, administrativo, político e social, bem
como o registro de imagens do ambiente natural e artificial que o cerca, destacando-se os
elementos que constituem a sua cultura material (GOMES, 1998).
Para Kopke (2001, p.4), “o desenho se constitui uma linguagem universal capaz de
expressar não apenas padrões (descrição técnica de objetos manufaturados e edificações), mas
idéias e sentimentos”. Através do desenho, o ser humano potencializa o aprendizado, estimula
a criatividade, aumenta o raciocínio espacial e emocionalmente desenvolve a autocrítica e a
auto-estima necessárias ao seu crescimento. Além disso, consegue manifestar e perpetuar de
geração a geração suas idéias e concepções. Ainda em relação ao desenho, Ferreira coloca
que:
É preciso separar concepção de representação. Enquanto concepção ele
nasce antes de qualquer materialização física, isto é, nasce necessariamente
da imaginação de qualquer pessoa. É possível afirmar que a materialização
deste desenho pode se dar a partir de qualquer suporte físico que projete
visualmente a idéia imaginada ocorrendo, a partir deste ponto, a
transformação em representação. Esta maneira de visualizá-lo poderá
identificar os avanços técnicos da produção e influenciar na dimensão
estilística que marcou cada fase, neste caso, o suporte usado para produzi-lo
poderá atuar como meio determinante do modo de expressão (FERREIRA,
2007, p. 8).
Ao longo do tempo, a prancheta foi um dos instrumentos mais utilizados para a
confecção de desenhos, ou seja, o suporte usado como meio determinante do modo de
expressão no âmbito profissional, assim como os instrumentos tradicionais de desenho, sendo
o desenho, neste suporte, um trabalho lento. Atualmente, o desenvolvimento de hardware e
software para computadores vem causando mudança fundamental na maneira de criar, ensinar
e aprender desenho. “Dominar a computação torna-se imperativo para os projetistas”
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O termo desenhador refere-se àquele ser que, além de conceber idéias para produtos industriais, sabe planejar
o desenvolvimento do projeto, assim como expressar, compreender e comunicar o seu produto graficamente
(GOMES, 2001, p.6).